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Radiol Bras vol.41 número5

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Academic year: 2018

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Radiol Bras. 2008 Set/Out;41(5):VI VI

Carlos Alberto Buchpiguel*

Controvérsias da técnica de detecção do linfonodo sentinela

com manipulação cirúrgica prévia do tecido mamário

Controversies about the technique for detection of sentinel lymph node after surgical manipulation of breast tissue

Editorial

O tema do trabalho publicado nesta edição da Radiologia Brasileira, cujo título é “Linfonodo sentinela após mamoplas-tia de aumento pela via transaxilar: estudo prospectivo con-trolado por meio de linfocintilografia em 43 pacientes”, é ex-tremamente atual e interessante. O assunto tem importância, pois a técnica de detecção do linfonodo sentinela já está inse-rida na propedêutica obrigatória de investigação pré-operató-ria em pacientes com carcinoma de mama em estádio precoce. Este procedimento tem evitado esvaziamentos axilares desne-cessários quando a análise histológica minuciosa do linfonodo sentinela mostra ausência de infiltração neoplásica. Existe su-ficiente evidência na literatura confirmando o elevado valor de predição negativo da técnica para envolvimento da axila ipsilateral à mama comprometida pelo tumor. No entanto, exis-tem ainda controvérsias quanto ao seu uso em situações es-pecíficas, tais como após manipulações cirúrgicas prévias da mama acometida pela neoplasia. O assunto é ainda mais rele-vante quando se manipula previamente a axila, e não exclusi-vamente o parênquima mamário, como é o caso do artigo pu-blicado. Questiona-se, nestas situações, se a ruptura da inte-gridade anatômica do parênquima mamário com a cirurgia po-deria comprometer a rede usual de drenagem linfática da mama e, por esse motivo, comprometer a validade do conceito de dre-nagem para um linfonodo sentinela.

Muitos autores aceitam a teoria da drenagem linfática dos diferentes quadrantes para a aréola e desta para a axila. Por-tanto, postula-se que, ao se retirar parte do tecido mamário, a rede de linfáticos se refaz a ponto de manter a drenagem para a aréola e desta para a axila. Por isso que, atualmente, não se considera contra-indicado o procedimento de detecção do lin-fonodo sentinela pós-mamotomia ou procedimentos minima-mente invasivos da mama. Contudo, é importante referir que a maioria dos dados de seguimento clínico a longo prazo de pacientes submetidos à técnica de localização do linfonodo sentinela, com o objetivo de demonstrar que não há impacto prognóstico negativo com o emprego deste tipo de estraté-gia, baseia-se em casos clássicos, ou seja, sem manipulação cirúrgica prévia das mamas.

Porém, mais indefinido ainda é o impacto na localização do linfonodo sentinela quando a axila é também manipulada

* Professor Associado do Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brasil. E-mail: buch@usp.br

0100-3984 © Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem

previamente, como o que ocorre com a mamoplastia de aumento por via transaxilar. Isto é mais relevante se considerarmos o aumento significativo no número de mamoplastias realizadas com objetivo estético nos últimos anos, e principalmente por via transaxilar, que possibilita ocultar cicatrizes na própria mama manipulada. Existe, porém, uma escassez de trabalhos publicados na literatura avaliando esta situação em particular. O primeiro trabalho publicado na literatura foi realizado pelo nosso grupo na Universidade de São Paulo, que analisou os resultados da linfocintilografia em 26 pacientes antes e 10 dias após a mamoplastia de aumento por via transaxilar. Apenas 2/26 pacientes (7,6%) não mostraram drenagem para o linfo-nodo sentinela no período pós-operatório, sugerindo que a técnica pode ser passível de ser realizada com finalidade de localização do linfonodo sentinela na maioria dos pacientes submetidos a este tipo de cirurgia estética da mama (Ann Plast Surg. 2007;58:141–9). Um segundo trabalho foi publicado por um grupo também nacional, de Curitiba, PR, em que os auto-res analisaram 20 pacientes, realizando linfocintilografia antes, 30 dias após mamoplastia e 6 meses após. O mérito desse tra-balho foi incluir prazos mais tardios, quando as alterações in-flamatórias já regrediram, diminuindo as chances destas inter-ferirem com o padrão de drenagem. Os autores desse trabalho mostraram sucesso de drenagem em 100% dos pacientes, sem qualquer diferença na taxa de detecção do linfonodo sentinela (Aesthetic Plast Surg. 2008; Jul 26).

No trabalho publicado nesta edição da RB os autores op-taram por um desenho um pouco distinto, comparando as pa-cientes no período pós-operatório com um grupo controle. Em-bora possam existir questionamentos quanto ao desenho me-todológico adotado, pois são grupos de pacientes distintos, os autores mostraram que a drenagem ocorreu em 100% dos pacientes do grupo operado. Deve-se, contudo, mencionar que incertezas ainda existem quanto à exeqüibilidade desta técnica com finalidade de predição do status nodal axilar. Não existem

dados que confirmam que o linfonodo detectado no período pré-operatório é o mesmo identificado no período pós-opera-tório. Mais importante, ainda não existem estudos longitudi-nais de curto ou longo prazo que permitem confirmar o elevado valor de predição negativo do status nodal axilar aplicando a

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