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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO E AO PARLAMENTO EUROPEU

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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

Bruxelas, 27.3.2001 COM(2001)162 final VOLUME I

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO E AO PARLAMENTO EUROPEU

Planos de acção em matéria de biodiversidade

nos domínios da conservação dos recursos naturais, da agricultura, das pescas e da cooperação económica e para o desenvolvimento

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1. ENFRENTAR AS NOSSAS RESPONSABILIDADES

1.1. A ameaça

1. Nas últimas décadas, verificou-se uma aceleração dramática na redução e perda de biodiversidade na Europa e no mundo e as medidas existente revelaram-se insuficientes para inverter as actuais tendências1. Estas tendências incluem uma redução e perda em termos de espécies e seus habitats, ecossistemas e genes. A título de exemplo:

• 64 plantas endémicas da Europa desaparecem da natureza e 45% das borboletas, 38% das espécies de aves, 24% das espécies e subespécies de determinados grupos de plantas e cerca de 5% das espécies de moluscos já são consideradas ameaçadas.

Em alguns países europeus, mais de dois terços dos tipos de habitat existentes são considerados em perigo.

• Nas últimas décadas, verificou-se uma redução de 60% da área das zonas húmidas na Europa devido à intensificação da agricultura. A floresta natural ribeirinha costumava cobrir uma área de 2 000 km² ao longo do Reno. Actualmente esta área encontra-se altamente fragmentada e cobre apenas uma superfície total de 150 km².

• 97 raças de animais domésticos desapareceram recentemente da Europa Ocidental. Entre estas contam-se 9 raças de bovinos, 4 de caprinos, 54 de suínos e 30 de ovinos. Perto de 30% das raças sobreviventes encontram-se actualmente em risco. Em alguns Estados-Membros, a situação é ainda mais grave e, segundo a FAO, encontram-se ameaçadas perto de 43% das raças de animais domésticos. • A nível mundial, um total de 11 046 espécies de plantas e animais correm um

elevado risco de extinção num futuro próximo, em quase todos os casos em consequência da actividade humana. Tal representa uma em cada 4 espécies de mamíferos e uma em cada 8 espécies de aves. Segundo a FAO, a nível mundial 37% dos animais domésticos encontram-se em perigo. O comércio internacional de animais selvagens é reconhecido como a causa da ameaça global para 30 000 espécies.

• Só na região da Amazónia, a área total desflorestada por ano aumentou de 30 000 km² em 1975 para, no mínimo, 600 000 km² actualmente, enquanto uma área com o dobro da dimensão se encontra afectada do ponto de vista biológico. 2. Temos a responsabilidade ética de conservar a biodiversidade pelo seu próprio valor

intrínseco. Esta proporciona também os alimentos, fibras e bebidas de que a nossa sociedade necessita. É essencial para a manutenção da viabilidade a longo prazo da agricultura e pescas e constitui a base de muitos processos industriais e da produção de novos medicamentos. Constitui parte do capital natural mundial do qual

1

Environment in the European Union at the turn of the century, Environmental assessment report No.2., Agência Europeia do Ambiente, Copenhaga, 1999.

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dependem muitas comunidades locais e a sociedade na sua globalidade. Uma perda de biodiversidade representa uma perda de oportunidade económica.

3. A conservação da biodiversidade não exige apenas acções para implementação de políticas tradicionais de conservação da natureza. São essenciais medidas de protecção específicas para espécies e habitats essenciais, mas estas, por si só, não são uma resposta satisfatória ao problema da perda de biodiversidade. A conservação exige acções que ultrapassam os 10-20% de território mundial que poderia eventualmente ser designado como áreas protegidas. É também importante tratar de questões emergentes como a propagação de substâncias químicas orgânicas persistentes e de desreguladores endócrinos e a proliferação de espécies alóctones invasivas, bem como a avaliação e acompanhamento dos efeitos relevantes da introdução de OGM específicos. Além disso, as principais causas subjacentes à perda de biodiversidade resultam da concepção e implementação de uma série de políticas sectoriais e horizontais que afectam a biosfera do globo. É, por conseguinte, de importância fundamental integrar as necessidades de biodiversidade no desenvolvimento e execução das políticas sectoriais relevantes. Não se trata apenas de um problema ambiental, mas também de uma questão de sustentabilidade, dado que a perda de biodiversidade reduz o capital de recursos naturais em que se baseia o desenvolvimento social e económico.

1.2. A resposta: A Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de

Diversidade Biológica e os presentes planos de acção

4. Em contraposição a esta ameaça para o bem-estar da actual e das futuras gerações, a Comissão adoptou, em Fevereiro de 1998, uma comunicação ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa a uma Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de Diversidade Biológica2 destinada a "antecipar, prevenir e atacar na fonte as

causas da grande redução ou perda da biodiversidade. Contribuirá assim para inverter a actual tendência de redução ou perda da diversidade e para conservar satisfatoriamente as espécies e os ecossistemas, o que inclui os agro-ecossistemas, dentro e fora do território da União Europeia".

5. O Conselho aprovou a referida estratégia em Junho3, o mesmo acontecendo com o Parlamento Europeu em Outubro4desse ano.

6. A Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de Diversidade Biológica define um quadro preciso de acção, fixando quatro temas principais5 e especificando objectivos sectoriais e horizontais a atingir. A estratégia incide especificamente na integração das questões de biodiversidade nas políticas de sectores relevantes, em especial: conservação dos recursos naturais, agricultura, pescas, políticas regionais e ordenamento do território, florestas, energia e transportes, turismo, cooperação económica e para o desenvolvimento.

2

Comunicação da Comissão ao Conselho e ao Parlamento Europeu relativa a uma estratégia da Comunidade Europeia em matéria de biodiversidade biológica (COM (1998) 42).

3

Conclusões do Conselho de 21 de Junho de 1998. 4

Parlamento Europeu. Resolução não legislativa A4-0347/98. 5

A estratégia desenvolve-se em torno de quatro temas: 1) Conservação e utilização sustentável da diversidade biológica; 2) Partilha dos benefícios resultantes da utilização de recursos genéticos; 3) Investigação, identificação, acompanhamento e intercâmbio de informações; 4) Educação, formação e sensibilização.

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7. Com a adopção da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica, a Comissão deu o primeiro passo no sentido da implementação da sua obrigação mais importante como parte da Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB)6. O segundo passo, previsto na estratégia, é o desenvolvimento e execução dos planos de acção e de outras medidas que afectem as políticas nos domínios em causa. O planos de acção sectoriais definem acções e medidas concretas destinadas a satisfazer os objectivos definidos na estratégia e fixam metas mensuráveis. A presente comunicação estabelece o modo de identificação de indicadores adequados para acompanhamento e avaliação do desempenho na execução das acções e medidas previstas e da respectiva eficácia.

8. A presente comunicação apresenta quatro planos de acção "sectoriais" em matéria de biodiversidade sobre:

• Conservação dos recursos naturais, • Agricultura,

• Pescas

• Cooperação económica e para o desenvolvimento

9. Conforme anunciado na estratégia, o desenvolvimento de planos de acção tem sido liderado pelos serviços da Comissão responsáveis pela política nestes domínios. Estes serviços trabalharam em estreita coordenação entre si e com os responsáveis pela supervisão da política em matéria de biodiversidade, bem como com a Agência Europeia do Ambiente e os peritos dos Estados-Membros. No espírito da Convenção de Aarhus7, as OGN e outros interessados têm participado no processo de redacção desde a fase inicial.

10. Os planos de acção foram desenvolvidos em função dos instrumentos e procedimentos específicos aplicáveis a estas políticas sectoriais. Em consequência, a estrutura dos planos de acção não é idêntica, mas reflecte o quadro específico da política em cada sector.

11. Verifica-se inevitavelmente uma sobreposição entre os planos de acção, dado que os domínios das diferentes políticas a que se dirigem se interpenetram. Por conseguinte, será crucial uma implementação coerente e coordenada.

2. CONTEXTO POLÍTICO MAIS VASTO

12. O desenvolvimento e a execução da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica e dos seus planos de acção (PAB) devem ser vistos no contexto mais vasto do compromisso assumido pela União Europeia de atingir um desenvolvimento sustentável e de integrar as preocupações ambientais noutros sectores e políticas, nos termos previstos nos artigos 2º, 3º e 6º do Tratado CE. Os PAB serão também

6

Decisão do Conselho de 25 de Outubro de 1993 relativa à celebração da Convenção sobre a Diversidade Biológica, JO L 309 de 13.12.1993.

7

Convenção da Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas (CEE/NU) sobre o acesso à informação, à participação do público e o acesso à justiça no domínio do ambiente.

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importantes para promover o processo de reforma de políticas iniciado com a AGENDA 2000.

13. O Conselho Europeu deve elaborar uma estratégia em matéria de desenvolvimento sustentável, para ser apresentada em 2001 na Cimeira de Götheborg. Por seu lado, esta influenciará a posição da União Europeia na importante reunião internacional a realizar em 2002 para marcar os dez anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro. A estratégia da União Europeia em matéria de desenvolvimento sustentável incidirá nos aspectos económicos, sociais e ambientais da sustentabilidade que, conforme já atrás defendido, têm todos ligações com a biodiversidade.

14. A Estratégia em matéria de Diversidade Biológica e os seus planos de acção incidem na integração das preocupações nesta matéria em diferentes políticas sectoriais. Estes apoiam, por conseguinte, o processo de integração de políticas iniciado no Conselho Europeu de Cardiff, identificando as acções e instrumentos específicos necessários para inverter a actual tendência descendente.

15. O próximo 6º Programa de Acção em matéria de Ambiente indicará a natureza e a biodiversidade como um tema prioritário para acção futura. Este programa terá como base e promoverá a Estratégia em matéria de Diversidade Biológica e os planos de acção.

16. A Europa Central e Oriental é rica em biodiversidade, preservada em muitos casos por práticas tradicionais de utilização dos solos e ameaçada noutros casos por um desenvolvimento económico inadequado. A preservação da biodiversidade exige cooperação regional e, por conseguinte, o desenvolvimento de uma Estratégia Pan-Europeia para a Diversidade Biológica e Paisagística deveria proporcionar um fórum para promover a coordenação regional na execução das decisões relevantes da Conferência das Partes à Conferência sobre Diversidade Biológica.

17. Com a adesão de novos países, a União Europeia aumentará o seu património em matéria de biodiversidade. A execução da estratégia e dos planos de acção em matéria de diversidade biológica e a complementaridade das estratégias nacionais nesta matéria nestes países contribuirão para preservar a sua riqueza em termos de biodiversidade, garantindo uma integração adequada de políticas.

3. ÂMBITO DOSPLANOS DEACÇÃO

18. O Plano de acção para a biodiversidade, tendo em vista a conservação dos recursos naturais destina-se a garantir que a legislação e instrumentos existentes e previstos em matéria de ambiente sejam plenamente utilizados, a fim de atingir os objectivos relevantes da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica.

19. A preservação de algumas espécies e habitats é motivo de especial preocupação. Esta exige medidas específicas, como a protecção legal da flora e da fauna e/ou dos locais onde ocorrem. Em consequência, o plano de acção destina-se a dotar os habitats e espécies de interesse comunitário de um estatuto satisfatório em termos de conservação, através de uma aplicação plena das Directivas "Aves" e "Habitats" e através de um apoio financeiro e técnico adequado para a conservação e utilização sustentável das áreas designadas nessa legislação.

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20. Dado que a preservação da biodiversidade exige acções que não se limitam apenas às áreas designadas e às espécies protegidas, o plano de acção define também prioridades políticas que contribuam para a preservação da biodiversidade em todo o território. Desta forma, o plano de acção define meios de abordar as preocupações relativas à biodiversidade utilizando instrumentos não especificamente deste domínio, como a directiva-quadro sobre recursos hídricos, a estratégia para uma gestão integrada da zona costeira, a avaliação do impacto ambiental, a responsabilidade ambiental, a rotulagem ecológica, a auditoria ecológica e outros instrumentos económicos. As espécies alóctones invasivas e determinados OGM podem também afectar a biodiversidade no meio ambiente mais vasto e, por conseguinte, estas questões são também tratadas no plano de acção. Dado que a conservação ex-situ pode desempenhar um papel valioso no quadro de esquemas de reintrodução coordenada ou de conservação integrada, o plano de acção identifica prioridades relativamente a jardins zoológicos e jardins botânicos.

21. No entanto, todas estas iniciativas, embora importantes, não serão por si só suficientes para preservar a biodiversidade em todo o território. Alterações nas práticas de utilização dos solos são um dos principais motivos de perda de biodiversidade e as suas causas subjacentes têm origem na forma como determinadas políticas sectoriais são desenvolvidas e executadas. É, por conseguinte, essencial complementar as iniciativas específicas mencionadas nos anteriores pontos com a integração da biodiversidade nas principais políticas sobre a utilização dos solos e dos mares (por exemplo, agricultura, pescas, aquicultura e silvicultura). Em consequência, o plano de acção indica iniciativas ambientais específicas para acompanhamento e avaliação dos efeitos globais na biodiversidade decorrentes dos esforços de integração nestes sectores.

22. Finalmente, o PAB tendo em vista a conservação dos recursos naturais concentra-se na promoção das oportunidades e sinergias com acordos e processos internacionais relevantes, em especial as Convenções CITES, sobre Alterações Climáticas e Desertificação, de Barcelona e OSPAR, os Protocolos de Cartagena e Montreal, OMC/TRIPS, FAO e o processo internacional no domínio das florestas. É necessária coerência no seu desenvolvimento e execução, a fim de evitar ameaças potenciais e de maximizar os benefícios para a biodiversidade.

23. O plano de acção em matéria de biodiversidade para o sector da agricultura começa com uma análise das relações entre agricultura e diversidade biológica, incidindo tanto nos benefícios recíprocos como nos efeitos negativos para a biodiversidade decorrentes das actividades agrícolas. Desta análise resultaram sete prioridades de acção: a) garantir uma intensificação justificável das práticas agrícolas, b) manter uma actividade agrícola economicamente viável e socialmente aceitável, em especial nas regiões em que a biodiversidade é abundante e essa actividade tenha ficado enfraquecida, c) utilizar as potencialidades das medidas agro-ambientais para a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade, d) garantir a existência de uma infra-estrutura ecológica a nível de todo o território, e) apoiar acções destinadas à promoção da diversidade genética na agricultura e à manutenção de variedades e raças locais e tradicionais, f) incentivar a comercialização de cultivares e variedades naturalmente adaptadas às condições locais e regionais e g) prevenir a abundância e alastramento de espécies alóctones.

24. Com base na experiência adquirida com medidas agro-ambientais, são identificados cinco princípios orientadores essenciais para a elaboração do plano de acção: a) os

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métodos de produção podem afectar a conservação da biodiversidade, b) embora devam ser desenvolvidas acções em todo o território, os métodos ou ferramentas de intervenção deveriam ser adaptados a condições locais específicas, c) deveria ser promovida uma abordagem descentralizada, em que os Estados-Membros sejam responsáveis pela escolha e execução de medidas adequadas, d) deveria ser dada prioridade a uma abordagem sistemática e coordenada, baseada na complementaridade de instrumentos nacionais e comunitários, bem como de instrumentos de política ambiental e agrícola e e) a coordenação deveria ser garantida através das várias fontes comunitárias de financiamento.

25. Neste quadro conceptual de prioridades e princípios, são propostos instrumentos nucleares relevantes para a concretização dos objectivos, quer sectoriais quer horizontais, identificados na Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de Diversidade Biológica: 1) o chamado regulamento "horizontal" e, em especial, o seu artigo 3º ("exigências em matéria de protecção do ambiente"), 2) as medidas agro-ambientais no âmbito do regulamento relativo ao desenvolvimento rural , 3) as outras medidas previstas no regulamento relativo ao desenvolvimento rural, 4) as componentes ambientais das organizações comuns de mercado, 5) o regulamento relativo aos recursos genéticos na agricultura e, finalmente 6) as componentes ambientais dos instrumentos relativos ao mercado, no que diz respeito à política de qualidade. Deverá também ser dada atenção a outros instrumentos, como a legislação sobre produtos fitofarmacêuticos e o instrumento SAPARD. Finalmente, o plano de acção indica metas específicas e um calendário para a concretização das prioridades identificadas. A eficácia do plano de acção depende de uma aplicação adequada de todos estes instrumentos por parte dos Estados-Membros. Uma tarefa prioritária para o acompanhamento e avaliação das diferentes componentes de integração é o desenvolvimento de indicadores agro-ambientais operacionais que permitam uma melhor compreensão das relações complexas entre a agricultura e o ambiente.

26. O plano de acção em matéria de biodiversidade para o sector das pescas identifica medidas coerentes destinadas à preservação ou reabilitação da biodiversidade quando esta se encontra ameaçada devido às actividades da pesca e da aquicultura.

27. As medidas deste plano de acção de curto a médio prazo foram identificadas a três níveis: conservar e utilizar, de forma sustentável, as unidades populacionais de peixes, proteger espécies, habitats e ecossistemas não alvo das actividades de pesca e impedir que a aquicultura tenha um impacto em ecossistemas diferentes. No que diz respeito ao primeiros dois níveis, as medidas necessárias incluem a redução da actividade de pesca e a aplicação de medidas técnicas, bem como a intensificação da investigação e do acompanhamento. Relativamente à aquicultura, as medidas procurarão reduzir o impacto ambiental da aquicultura, limitar a introdução de espécies alóctones invasivas, garantir a saúde dos animais e intensificar a investigação com vista a promover os conhecimentos neste domínio. A investigação e o acompanhamento contínuos serão factores cruciais para o sucesso das medidas estabelecidas no plano de acção.

28. A Política Comum de Pesca (PCP), que se baseia em pareceres científicos, começou a ter em conta a dimensão ambiental. A revisão da PCP de 2002 proporciona uma excelente oportunidade para introduzir novas medidas ou reforçar as existentes e as acções propostas no âmbito deste plano de acção contribuirão para esse processo.

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29. O plano de acção para a biodiversidade tendo em vista a cooperação económica e para o desenvolvimento deveria ser visto no contexto dos objectivos internacionais de desenvolvimento acordados para 2015. Entre estes, a redução da pobreza e a inversão das tendências em termos de degradação ambiental e de perda de recursos naturais são aspectos estreitamente ligados à biodiversidade. Além disso, os instrumentos de cooperação para o desenvolvimento são particularmente relevantes para a concretização dos objectivos da CDB no que diz respeito a uma partilha equitativa dos benefícios decorrentes da utilização de recursos genéticos.

30. O plano de acção indica a necessidade de uma melhor ligação entre os Estados-Membros da UE, as agências internacionais de cooperação para o desenvolvimento e os programas e instituições nos Estados-Membros e a nível internacional (por exemplo, o Banco Mundial e o Fundo Mundial para a Protecção do Ambiente (GEF)). Considera também a necessidade de criar capacidades para gerir as questões de desenvolvimento e ambiente dentro da Comissão.

31. O plano de acção enumera "princípios orientadores" que devem ser seguidos (incluindo a abordagem por ecossistemas, a participação dos interessados e a integração em quadros mais vastos de políticas) e define as acções a empreender em 3 contextos interligados:

a) sistemas de produção intensiva (agricultura, pecuária, aquicultura, silvicultura, etc.) com atenção às suas funções e serviços de apoio à vida, manutenção da biodiversidade genética e especial cuidado relativamente a espécies alóctones invasivas e organismos vivos modificados;

b) sistemas de produção que envolvam espécies não domesticadas (silvicultura, fauna e flora selvagens, pescas, etc.) em que se deveria incidir na manutenção de uma série de ecossistemas e habitats em paisagens produtivas;

c) áreas protegidas em que são necessárias ligações mais fortes entre a acção de conservação e as estratégias de desenvolvimento sustentável.

32. O plano realça a importância de uma melhor utilização das avaliações ambientais estratégicas e das avaliações do impacto ambiental e centra a atenção no apoio à criação de capacidades neste domínio.

4. NO SENTIDO DE UM ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO TRANSPARENTES E COM OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

33. A execução dos planos de acção deve abranger algumas questões inter-sectoriais a fim de permitir a aferição dos efeitos no terreno. Tal incluirá métodos para interligação entre o acompanhamento da execução dos planos de acção e a aferição do seu sucesso, através da identificação de um conjunto de indicadores destinados a avaliar o seu desempenho. É igualmente importante reunir a informação relevante, utilizando-a como base para a elaboração de relatórios e pondo-a à disposição do público. Finalmente, será necessária investigação para implementação de algumas actividades e esta será desenvolvida através dos programas comunitários relevantes.

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4.1. Indicadores

34. A Estratégia em matéria de Diversidade Biológica define que "cada plano de acção deve estabelecer em geral tarefas, objectivos e mecanismos claros para avaliar o progresso na aplicação da estratégia. A Comissão identificará, em cooperação com os organismos competentes, indicadores que permitam uma avaliação prévia e a posteriori da implementação dos planos de acção. As espécies e os ecossistemas susceptíveis de serem afectados pelos diversos domínios políticos referidos na secção III, e para os quais são necessárias acções para assegurar a sua conservação e utilização sustentável, constituirão a base para o estabelecimento dos indicadores. Serão também tomados em consideração indicadores económicos".

35. O desenvolvimento de indicadores para avaliação do desempenho da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica e dos planos de acção exige uma abordagem a dois níveis:

a) Indicadores para instrumentos e iniciativas de políticas específicas. É necessário identificar indicadores para estabelecer a ligação entre as tendências na situação das espécies e ecossistemas e as acções individuais da Comunidade e sua implementação a nível dos Estados-Membros.

b) Indicadores-chave. Há também necessidade de indicadores para avaliar a eficácia global da Estratégia da Comunidade Europeia em matéria de Diversidade Biológica e dos seus planos de acção.

36. Durante os últimos dois anos, a Comissão, a Agência Europeia do Ambiente, os Estados-Membros e as organizações internacionais relevantes dedicaram uma atenção considerável a estes dois domínios. No entanto, o actual nível de conhecimentos não permite ainda elaborar um conjunto exacto de indicadores expressivos da biodiversidade no que diz respeito a muitos dos elementos considerados nos planos de acção. O relatório da Comissão para a Cimeira de Helsínquia fornece informações pormenorizadas sobre o estado da arte e as actividades em curso relativamente aos indicadores.

37. As dificuldades na fixação de parâmetros de referência para o acompanhamento e a avaliação resultam principalmente do facto de as características de biodiversidade e dos efeitos da políticas serem diferentes no interior da Comunidade. Em consequência, os indicadores adequados deveriam basear-se numa abordagem biogeográfica. Tal exige a identificação de indicadores a nível local, mas as informações que estes fornecem devem, no entanto, ser passíveis de comparação. A fim de identificar os indicadores que satisfazem este requisito rigoroso, a Comissão pensa:

• desenvolver um quadro analítico para identificação dos indicadores;

• identificar, em colaboração com os Estados-Membros, um conjunto de critérios para a selecção de indicadores prioritários;

• convidar os Estados-Membros a apresentar propostas, consentâneas com os critérios e quadro analítico, para indicadores de biodiversidade destinados a avaliar o desempenho de cada acção dos planos de acção e a aferir outros instrumentos de políticas relevantes face à sua biodiversidade local;

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• estabelecer um sistema integrado de informação para a Estratégia em matéria de Diversidade Biológica e seus planos de acção em função dos pareceres científicos e das propostas apresentadas pelos Estados-Membros.

38. O desenvolvimento de indicadores para as florestas tomará em consideração os trabalhos desenvolvidos no âmbito do Grupo de Trabalho sobre "Diversidade Biológica, Áreas Protegidas e Questões Conexas" da Conferência Ministerial sobre a Protecção das Florestas na Europa e o seu trabalho de identificação de indicadores para avaliação da biodiversidade dos ecossistemas florestais.

39. No caso do plano de acção tendo em vista a cooperação económica e para o desenvolvimento, deveria ser seguida uma abordagem similar, sendo os países parceiros convidados a fornecer as informações necessárias.

40. A Comissão definirá um conjunto de indicadores de biodiversidade logo que a informação necessária esteja disponível. Em seguida, a Agência Europeia do Ambiente ou, quando adequado, outras instituições relevantes definirão os mecanismos necessários para o acompanhamento desses indicadores. O segundo relatório ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a aplicação da estratégia da Comunidade Europeia em matéria de diversidade biológica, previsto para 2003, incidirá no estabelecimento e acompanhamento desses indicadores.

4.2. Intercâmbio de informações.

41. A Comunidade Europeia está empenhada em facilitar o acesso público à informação relevante sobre biodiversidade. Tal inclui informação sobre os instrumentos e políticas sectoriais considerados nos planos de acção. O mecanismo de recolha e transmissão de informações da Comunidade Europeia (Clearing House Mechanism)8, no âmbito da Convenção sobre a Diversidade Biológica (EC-CHM), cuja fase-piloto foi lançada em 8 de Junho de 2000, constitui um balcão único para essa informação. Este oferece, em especial, informações sobre políticas, legislação, oportunidades de financiamento, bases de dados, fontes especializadas e outras informações na posse de instituições da Comunidade Europeia e tem ligações com outras instituições e organizações (governamentais, privadas e ONG). Estabelece também a ligação para sítios web de organizações mundiais, como o Secretariado da CDB. É uma ferramenta importante para promover e facilitar a cooperação científica e tecnológica não apenas na Europa, mas também com países em todo o mundo, especialmente com países em desenvolvimento.

42. É importante consolidar e desenvolver este mecanismo e verifica-se, em especial, a necessidade de incentivar a consolidação dos métodos de recolha de informações e de proporcionar maiores interacções entre utilizadores e mecanismos de recolha geográfica. É também importante que a Comunidade utilize a sua posição única para incentivar um fórum de coordenação europeia para mecanismos de recolha e transmissão de informações sobre biodiversidade e para promover a cooperação entre o EC-CHM e outros CHM estabelecidos na Europa.

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4.3. Investigação

43. Os objectivos da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica define um quadro geral de política para promoção da investigação comunitária no domínio da biodiversidade. Este foi subsequentemente integrado no quinto programa-quadro de investigação e desenvolvimento. Como os objectivos gerais em diferentes sectores da estratégia estão agora a ser traduzidos em acções mais específicas, as iniciativas de investigação deveriam responder através de uma afinação da sua incidência. A Comissão procede neste momento à identificação das necessidades de investigação emergentes dos diferentes planos de acção e de outras iniciativas decorrentes da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica. Tal permitirá um tratamento adequado das questões de biodiversidade no sexto programa-quadro de investigação e desenvolvimento previsto para breve.

5. SEGUIMENTO

44. O primeiro relatório à CDB sobre a aplicação da Convenção sobre a Diversidade Biológica pela Comunidade Europeia9 apresenta um descrição das políticas, legislação e outros instrumentos da Comunidade Europeia em vigor quando a Estratégia em matéria de Diversidade Biológica foi adoptada. Desde então procedeu-se ao desenvolvimento de um número substancial de novas iniciativas comunitárias relevantes para a concretização dos objectivos da estratégia. No primeiro relatório ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a aplicação da estratégia da Comunidade Europeia em matéria de diversidade biológica será apresentada uma panorâmica actualizada.

45. A aplicação da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica e, em especial, dos seus planos de acção exige uma coordenação estreita entre os serviços da Comissão directamente responsáveis pelas políticas nos domínios em causa ou em domínios relevantes. Esta coordenação é assegurada por um Grupo sobre Diversidade Biológica. Na execução dos planos de acção, todos os fundos necessários serão proporcionados pelos programas existentes.

46. Por último, uma boa execução da Estratégia em matéria de Diversidade Biológica e dos seus planos de acção depende, em grande medida, dos efeitos das medidas relevantes a nível dos Estados-Membros. É portanto essencial realçar a complementaridade entre as estratégias e planos de acção da Comunidade e dos seus Estados-Membros. A Comissão pensa em consequência criar um Comité de Peritos

em Diversidade Biológica com um mandato para a partilha de informações e para a

promoção da complementaridade das acções empreendidas a nível da Comunidade e dos Estados-Membros. Tendo em conta o papel importante das ONG, indústria, associações de produtores e outros intervenientes da sociedade civil neste domínio, a Comissão pensa convidar representantes destes grupos para participar em reuniões deste Comité de Peritos, na qualidade de observadores.

47. Até 2002, a Comissão elaborará um estudo sobre a complementaridade na aplicação da Convenção sobre Diversidade Biológica por parte da Comunidade e dos seus Estados-Membros.

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COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS

Bruxelas, 27.3.2001 COM(2001)162 final VOLUME II

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO E AO PARLAMENTO EUROPEU

PLANO DE ACÇÃO PARA A BIODIVERSIDADE,

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Plano de acção para a biodiversidade,

tendo em vista a

conservação dos recursos naturais

ÍNDICE

1. Introdução ... 4

2. Manter e restabelecer, num estado de conservação favorável, os habitats naturais e as populações das diferentes espécies de fauna e flora selvagens que apresentem interesse comunitário ... 5

2.1. Aplicar plenamente a directiva "habitats", bem como a directiva "aves" ... 6

2.2. Apoiar a criação de redes de áreas denominadas, nomeadamente a rede NATURA 2000 da UE, e fornecer apoio financeiro e técnico adequado para a sua conservação e utilização sustentável... 8

2.3. Desenvolver planos de acção a favor de espécies ameaçadas seleccionadas e de espécies objecto de caça ... 10

3. inverter as tendências actuais de redução da diversidade biológica relacionadas com gestão da água, do solo, da floresta e das zonas húmidas... 12

3.1. Utilizar a directiva-quadro no domínio da água como instrumento para a conservação e utilização sustentável da biodiversidade e, neste contexto, desenvolver análises de quantidade e qualidade da água, tendo em conta a procura de cada bacia hidrográfica, nomeadamente as necessidades de água para fins de irrigação agrícola, produção de energia, utilizações industriais, consumo de água potável e para fins ecológicos... 12

3.2. Reforçar a função ecológica da ocupação do solo, incluindo vegetação ribeirinha e aluvial, para combater a erosão e manter o ciclo hidrológico que sustenta os ecossistemas e habitats importantes para a biodiversidade ... 14

3.3. Proteger as zonas húmidas na Comunidade e restabelecer o carácter ecológico das zonas húmidas degradadas... 17

4. Inverter a tendência actual da redução da diversidade biológica em todo o território18 4.1. Integrar a diversidade biológica nas principais políticas de ordenamento ... 18

4.1.1. Agricultura ... 18

4.1.2. Pesca e aquicultura ... 19

4.1.3. Fundos estruturais... 21

4.1.4. Meio urbano ... 21

4.2. Apoiar a diversidade biológica graças a políticas ambientais horizontais ... 23

4.2.1. Princípio da precaução... 23

4.2.2. Mecanismos de responsabilidade ... 23

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4.2.4. Avaliação ambiental estratégica... 25

4.2.5. Apoio à participação do público em procedimentos de avaliação ambiental ... 26

4.2.6. Acesso à informação, participação do público no processo de tomada de decisões e acesso à justiça no domínio do ambiente (Convenção de Aarhus) ... 26

4.2.7. Rotulagem ecológica ... 27

4.2.8. Outros instrumentos económicos, incluindo o sistema comunitário de ecogestão e auditoria ... 28

4.2.9. Produtos químicos ... 30

4.3. Apoiar a diversidade biológica graças a políticas vocacionadas para os recursos genéticos ... 31

4.3.1. Espécies alóctones invasivas... 31

4.3.2. Manipulação da biotecnologia ... 32

4.3.3. Conservação ex situ... 33

4.3.3.1. Jardins zoológicos ... 33

4.3.3.2. Jardins botânicos ... 34

5. Contribuir para preservar a diversidade biológica a nível mundial... 35

5.1. Implementar o novo regulamento CE CITES e adaptá-lo de modo a reflectir futuras decisões da Conferência das Partes na CITES... 35

5.2. Promover uma melhor coordenação entre as diferentes iniciativas a nível internacional no domínio das alterações climáticas, da destruição da camada de ozono e da desertificação a fim de evitar a duplicação de esforços, em particular no tocante aos procedimentos de notificação ... 38

5.2.1. Alterações climáticas... 38

5.2.2. Destruição da camada de ozono... 39

5.2.3. Desertificação... 39

5.3. Identificar interacções entre a CDB e as actividades ao abrigo de outros acordos internacionais em vigor de forma a optimizar as possibilidades de sinergia... 40

5.3.1. Apresentação de relatórios... 40

5.3.2. Protocolo sobre a segurança biológica ... 40

5.3.3. Instrumentos internacionais em matéria florestal... 41

5.3.4. Convenções regionais ... 42

(15)

1. INTRODUÇÃO

1. Nos últimos anos a Comunidade Europeia desenvolveu a sua política ambiental graças a um grande número de iniciativas destinadas a melhorar as condições no território da União Europeia. O plano de acção para a biodiversidade, tendo em vista a conservação dos recursos naturais, centra-se na flora e na fauna selvagens e nos ecossistemas e habitats que as comportam. Prossegue e completa os instrumentos e as iniciativas comunitárias existentes e previstas. O plano de acção visa assegurar que tais instrumentos são plenamente explorados para atingir os objectivos da estratégia em matéria de diversidade biológica lançada pela Comunidade em 1998, traduzindo-os em acções concretas.

2. A directiva de 1979 relativa à conservação das aves selvagens (directiva "aves") e a directiva de 1992 relativa à preservação dos habitats naturais (directiva "habitats") são dois instrumentos essenciais para a conservação das espécies selvagens e respectivos habitats na Comunidade Europeia. Combinadas, estas duas directivas comunitárias prevêem a criação de áreas protegidas e de áreas onde são tomadas medidas especiais de conservação, a protecção de certas espécies ameaçadas e a proibição de formas de exploração de determinadas plantas e animais. A directiva "habitats" fornece um quadro para a criação de uma rede ecológica europeia, "Natura 2000", que incluirá uma série de habitats importantes ameaçados, incluindo zonas já protegidas ao abrigo da directiva "aves". Assim, as acções tendentes a aplicar as duas directivas e a fornecer apoio financeiro e técnico adequado à conservação e utilização sustentável das áreas protegidas desempenham um papel relevante na preservação da biodiversidade na Comunidade.

3. Na medida em que a preservação da biodiversidade requer acções não só nas áreas protegidas mas também em todo o território, o plano de acção centra-se igualmente nas iniciativas ambientais relacionadas com a afectação do solo, nos instrumentos ambientais horizontais e na integração da biodiversidade noutras áreas de acção. 4. A legislação e as iniciativas ambientais relacionadas com a afectação do solo, tais

como a directiva-quadro no domínio da água ou a estratégia de gestão integrada da zona costeira, promovem e apoiam a conservação das características dos ecossistemas dentro e fora das áreas protegidas. Além disso, a comunicação "Desenvolvimento urbano sustentável na União Europeia: Um quadro de acção"1tem por objectivo promover a biodiversidade nas zonas urbanas. As abordagens integradas ao nível da gestão urbana e do planeamento que incluem a conservação da biodiversidade deverão desempenhar igualmente um papel de relevo na realização dos objectivos da estratégia em matéria de diversidade biológica.

5. Muitas iniciativas horizontais promovem igualmente a utilização sustentável dos recursos naturais. Estas incluem o ulterior desenvolvimento das acções de avaliação ambiental, nomeadamente avaliação do impacto ambiental e avaliação ambiental estratégica, bem como os instrumentos voluntários, nomeadamente a rotulagem ecológica e o sistema de ecogestão e auditoria. A proposta relativa a um regime de

1

(16)

responsabilidade ambiental, que visa reparar os danos causados à biodiversidade, deverá constituir mais um importante passo em frente. Os instrumentos abrangidos pela legislação relativa aos OGM e às substâncias químicas também contribuem significativamente para a realização dos objectivos da estratégia.

6. Os planos de acção apresentados na presente comunicação são instrumentos para a ntegração das preocupações em matéria de biodiversidade na formulação das políticas e das actividades nas várias áreas. As actividades no domínio da agricultura e pesca que se relacionam com os objectivos da estratégia da Comunidade em matéria de biodiversidade são enunciadas em planos de acção separados. São feitas referências cruzadas entre os planos de acção, sempre que pertinente. As medidas adoptadas na Comunidade no âmbito da política regional e ordenamento do território, da energia e transportes e do turismo que contribuem para a conservação e a utilização sustentável dos recursos não são especificamente abordadas neste plano de acção. Serão, em contrapartida, documentadas no primeiro relatório ao Conselho e ao Parlamento Europeu sobre a aplicação da estratégia da Comunidade Europeia em matéria de diversidade biológica.

7. Os ecossistemas florestais, que cobrem cerca de 1/3 da superfície terrestre da Europa, são um recurso natural essencial que comporta uma parte importante da biodiversidade europeia. Se bem preservados e geridos de um modo sustentável, dão uma contribuição importante para a biodiversidade. As florestas são objecto de um capítulo específico da estratégia em matéria de diversidade biológica. A estratégia florestal da UE é actualmente o instrumento principal para aplicar os objectivos aí definidos. Além disso, muitos elementos deste plano de acção, tais como a criação da rede Natura 2000 ou o desenvolvimento de instrumentos voluntários, designadamente a certificação florestal, contribuirão para a consecução das metas da biodiversidade nas florestas.

8. Por fim, o presente plano de acção centra-se em medidas para promover uma melhor coordenação entre diferentes iniciativas nas instâncias internacionais a fim de optimizar as possibilidades de sinergia e coerência.

9. As seguintes secções 2 a 5 do plano de acção estabelecem metas gerais de qualidade ambiental, recordam os objectivos de conservação dos recursos naturais da estratégia em matéria de diversidade biológica e esboçam as acções específicas para realizar cada um desses objectivos.

2. MANTER E RESTABELECER, NUM ESTADO DE CONSERVAÇÃO FAVORÁVEL, OS HABITATS NATURAIS E AS POPULAÇÕES DAS DIFERENTES ESPÉCIES DE FAUNA E FLORA SELVAGENS QUE APRESENTEM INTERESSE COMUNITÁRIO

10. Alcançar esta meta de qualidade ambiental requer acções para abordar os objectivos seguintes definidos na estratégia da Comunidade Europeia em matéria de diversidade biológica:

Aplicar plenamente a directiva "habitats", bem como a directiva "aves";

Apoiar a criação de redes de áreas denominadas, nomeadamente a rede Natura

2000 da UE, e fornecer apoio financeiro e técnico adequado para a sua conservação e utilização sustentável;

(17)

Desenvolver planos de acção a favor de espécies ameaçadas seleccionadas e de espécies objecto de caça.

2.1.Aplicar plenamente a directiva "habitats", bem como a directiva "aves"

11. A directiva "aves" (79/409/CEE) diz respeito à conservação de todas as espécies de

aves que vivem naturalmente no estado selvagem. Tem por objectivo a protecção, a gestão e o controlo dessas espécies e regulamenta a sua exploração, nomeadamente a caça.

12. A protecção dos habitats é um elemento central desta directiva. Os Estados-Membros devem tomar todas as medidas necessárias para preservar, manter ou restabelecer uma diversidade e uma extensão suficientes de habitats para todas as espécies de aves. O anexo I da directiva enumera as espécies ameaçadas de extinção e as espécies vulneráveis que carecem de medidas de protecção especial. Os territórios mais apropriados, em número e em extensão, têm de ser classificados como zonas de protecção especial (ZPE) para estas espécies, bem como para as espécies migradoras cuja ocorrência seja regular. Para tanto, os Estados-Membros devem atribuir uma atenção especial à protecção das zonas húmidas e, particularmente, às de importância internacional. As espécies que podem ser objecto de caça são enumeradas no anexo II. Algumas dessas espécies, que podem ser comercializadas, são igualmente referidas no anexo III. O anexo IV indica os métodos de captura ou de abate e os meios de transporte da caça que são proibidos. Os Estados-Membros deverão dar especial atenção aos temas indicados no anexo V nas suas investigações e estudos. 13. A directiva "habitats" (92/43/CEE) tem por objectivo contribuir para assegurar a

biodiversidade através da conservação dos habitats naturais e seminaturais e da fauna e da flora selvagens que não as aves selvagens. Está actualmente a ser criada uma rede ecológica coerente de zonas especiais de conservação (ZEC) denominada Natura 2000, que incluirá as ZPE denominadas ao abrigo da directiva "aves" (ver acima).

14. A rede será formada por sítios que alojam tipos de habitats naturais constantes no anexo I e habitats das espécies animais e vegetais constantes no anexo II da directiva. Os critérios científicos para identificar os sítios a incluir na rede são indicados no anexo III. As espécies animais e vegetais de interesse comunitário que exigem uma protecção rigorosa fora da rede Natura 2000 são indicadas no anexo IV. À semelhança da directiva "aves", a directiva "habitats" regula a exploração das espécies: o anexo V enumera as espécies de interesse comunitário cuja captura ou colheita na natureza e exploração podem ser objecto de medidas de gestão. O anexo VI enumera os meios e métodos de captura e abate e os meios de transporte proibidos.

15. Vários Estados-Membros ainda não aplicaram estas directivas, apesar de a tal requeridos até 2001. Não designaram 'os territórios mais apropriados, em número e extensão' no âmbito da directiva "aves", apesar de o prazo legal ser 1981, e/ou não apresentaram as listas nacionais completas de sítios de interesse comunitário no âmbito da directiva "habitats". Além disso, a prática da caça em alguns Estados--Membros não respeita a directiva "aves".

16. A fim de assegurar a aplicação correcta das directivas, a Comissão examina as queixas recebidas e aprecia as medidas de transposição e aplicação adoptadas pelos

(18)

Estados-Membros no que respeita aos aspectos técnicos e jurídicos. Quando necessário, a Comissão interpõe processos por infracção perante o Tribunal de Justiça Europeu. A Comissão ambiciona prosseguir os contactos com as ONG, que podem ser uma valiosa fonte de informação neste sector. A Comissão analisa os relatórios obrigatórios dos Estados-Membros previstos nas directivas, para assegurar que está a ser devidamente aplicada.

17. A Comissão e os Estados-Membros cooperam nos comités consultivos e nos grupos de trabalho científicos dos chamados comités 'Habitats' e 'Ornis', encarregados de fiscalizar a aplicação das duas directivas. A Comissão mantém o público informado por intermédio de publicações e do seu sítio na Internet.2

ACÇÃO: Fiscalizar a transposição das directivas pelos Estados-Membros,

incluindo, se necessário, a interposição de acções judiciais a fim de assegurar a correcta incorporação das directivas na legislação nacional.

Meta a atingir:

Transpor totalmente as duas directivas nos 15 Estados-Membros até 2002.

18. Uma informação atempada e de boa qualidade sobre a aplicação das duas directivas é essencial para manter a confiança na sua capacidade de salvaguardar a natureza europeia. Será criado um sistema de monitorização e informação integrado, que forneça orientações claras aos Estados-Membros e seja compatível com o "Clearing House Mechanism" (bolsa de informações) da CE.

ACÇÃO: Estabelecer as necessidades de informação no âmbito das directivas a fim

de realizar um sistema de informação comunitária claro e integrado. Desenvolver a orientação sobre monitorização dos tipos de habitats e de espécies, especialmente nos sítios da rede Natura 2000.

Meta a atingir:

Adoptar um formato normalizado para a informação na UE até 2001.

19. O exercício de análise das políticas ambientais dos países candidatos à Comunidade, proporcionou à Comissão uma panorâmica rigorosa dos valores naturais, cuja conservação se reveste de interesse europeu. Os anexos das duas directivas terão de ser revistos à luz do alargamento, a fim de incorporar novos tipos de habitats e espécies desses países. Os países candidatos terão de comprometer-se a proteger estes valores naturais durante o período que precede a adesão.

ACÇÃO: Alargar a abordagem das directivas "aves" e "habitats" aos países

candidatos para que os valores essenciais cuja conservação se reveste de interesse a

nível europeu e contribui para a biodiversidade sejam adequadamente

salvaguardados. Meta a atingir:

Preparar um acordo sobre as adaptações técnicas dos anexos das duas directivas até 2002.

2

(19)

2.2.Apoiar a criação de redes de áreas denominadas, nomeadamente a rede NATURA 2000 da UE, e fornecer apoio financeiro e técnico adequado para a sua conservação e utilização sustentável

20. A rede Natura 2000 criada pela directiva "habitats" será um instrumento comunitário essencial com incidência directa nas actividades de utilização do solo associadas aos sítios nos Estados-Membros. Calcula-se que a rede Natura 2000 incluirá mais de 12% do território da Comunidade, com variações nacionais em função da diversidade biológica dos tipos de espécies e habitats presentes em cada região biogeográfica dos Estados-Membros e da extensão em que tenham sido incluídas zonas-tampão.

21. Estão a ser organizados seminários biogeográficos para avaliar as listas nacionais propostas pelos Estados-Membros. Participam nestes seminários representantes da Comissão e do Estado-Membro interessado, peritos independentes e ONG do sector da conservação sob a direcção científica do Centro Temático Europeu sobre Conservação da Natureza (ETC/NC) da Agência Europeia do Ambiente.

ACÇÃO: Estabelecer a lista dos sítios comunitários para a rede Natura 2000 nas

seis regiões biogeográficas. Meta a atingir:

Aprovar as listas de sítios comunitários em todas as regiões biogeográficas até ao fim de 2002, incluindo sítios marinhos, quando pertinente.

22. As florestas são importantes recursos naturais renováveis. Cobrem 35% da superfície terrestre da UE. O anexo I da directiva "habitats" apresenta cinquenta e nove tipos de habitats florestais, agrupados em seis categorias, cuja conservação se reveste de interesse a nível europeu, por serem raros ou residuais e/ou alojarem espécies de interesse comunitário. A directiva "habitats" requer aos Estados-Membros que proponham sítios da rede Natura 2000 para estes habitats nas seis regiões biogeográficas.

ACÇÃO: Assegurar que a rede Natura 2000 inclua um grupo coerente de zonas

florestais. Meta a atingir:

Reconhecer todos os tipos de floresta indicados no anexo I da directiva "habitats" como "suficientemente representados" até 2002.

23. Alguns sítios da rede Natura 2000 podem ser reservas naturais integrais, mas a maioria estará situada em zonas onde sempre existiram actividades humanas significativas que contribuíram para criar ou manter habitats. Por este motivo, a designação dos sítios da rede Natura 2000 não tem em vista impedir a actividade económica na zona afectada e em torno dela. Pelo contrário, a tónica é posta na promoção de um nível de actividade económica que seja sustentável e compatível com as exigências de conservação dos habitats e das espécies presentes nos sítios designados. O objectivo em causa será atingido de preferência por planos de acção, cujo sucesso depende não raro do total envolvimento e apoio dos proprietários e dos utilizadores das terras.

(20)

24. No início de 2000, no âmbito dos avultados fundos estruturais disponibilizados pela Comunidade para ajudar as regiões menos desenvolvidas da UE, a Comissão enviou cartas a todos os Estados-Membros sobre a interdependência entre o financiamento e a legislação ambiental da Comunidade. As cartas afirmavam que "No interesse de uma programação adequada das despesas estruturais e, posteriormente, de uma correcta aplicação dos programas, os Estados-Membros devem ter cumprido as suas obrigações no âmbito das políticas e dos projectos comunitários a fim de proteger e melhorar o ambiente, em particular a rede Natura 2000. Se ainda não o fizeram, a Comissão lembra que os Estados-Membros deverão apresentar as listas de sítios a proteger ao abrigo da rede Natura 2000, juntamente com a necessária informação científica, o mais rapidamente possível. Os documentos de programação destes países devem conter compromissos claros e irrevogáveis no sentido de garantir a coerência dos seus programas com a protecção dos sítios prevista pela rede Natura 2000".

25. O fundo para o ambiente (LIFE/Natureza) é um instrumento estratégico para os projectos de demonstração nos sítios da rede Natura 2000, nomeadamente os tendentes a aferir as medidas de gestão. Entre 1992-1999, foram afectados 350 milhões de euros a cerca de 500 projectos LIFE/Natureza nos Estados-Membros3. Foi adoptado um novo regulamento LIFE III, que abrange os anos 2000-2004. A Comissão está, pois, habilitada a atribuir uma contribuição financeira de 300 milhões de euros a projectos LIFE durante o próximo quinquénio nos 15 Estados-Membros, para além dos fundos adicionais destinados aos países candidatos que decidiram aderir ao LIFE. A Comissão promove igualmente a colaboração entre projectos e vaticina um papel activo na divulgação dos resultados (a exemplo da semana LIFE em 1999, em Bruxelas).

ACÇÃO: Financiar a rede Natura 2000 utilizando os projectos Life-Natureza para

promover estas actividades. Meta a atingir:

Afectar verbas à gestão positiva dos sítios da rede Natura 2000 nos Estados--Membros.

26. Os novos regulamentos no domínio do desenvolvimento rural e regional melhoram as possibilidades de apoiar o reforço da biodiversidade nos Estados-Membros e, em particular, na rede Natura 2000. As medidas no domínio do desenvolvimento rural são abrangidas pelo plano de acção para a biodiversidade, tendo em vista a agricultura.

ACÇÃO: No âmbito dos sistemas de avaliação ambiental existentes ao abrigo dos

regulamentos pertinentes, avaliar o impacto na biodiversidade dos programas dos fundos estruturais e dos planos de desenvolvimento rural para 2000-2006, bem como de outros instrumentos financeiros comunitários e acompanhar a execução destes planos nos Estados-Membros.

Meta a atingir:

Após aprovação em 2000, avaliar o acompanhamento até 2003. Em função dos resultados da avaliação, estudar a necessidade de rever os sistemas ambientais

3

(21)

existentes ao abrigo dos regulamentos pertinentes.

ACÇÃO: Promover a integração de medidas de apoio à biodiversidade nos

documentos de programação a título do fundo de desenvolvimento rural, fundos estruturais e fundo de coesão e outros programas relevantes para os países terceiros.

Meta a atingir:

Incluir compromissos claros para proteger a biodiversidade nos programas co--financiados pela CE, em particular nos actuais e futuros sítios da rede Natura 2000.

27. Nos termos da directiva "habitats", qualquer plano ou projecto susceptível de afectar um sítio deve ser objecto de uma avaliação adequada das suas incidências no que se refere aos objectivos de conservação. Assim, a Comissão preparou um documento ('Artigo 6º da directiva "habitats": Guia de interpretação') destinado a ajudar os Estados-Membros. Haverá um número crescente de planos susceptíveis de afectar a rede Natura 2000 nos Estados-Membros, que terá de ser avaliado. Este guia é considerado um instrumento comum útil a incorporar nos procedimentos e manuais nacionais de avaliação.

ACÇÃO: Formular orientações para a gestão dos sítios da rede Natura 2000 com

vista a assegurar uma aplicação coerente do regime de protecção dos sítios. Metas a atingir:

- Dispor do documento de interpretação do artigo 6º em todas as línguas da UE no fim de 2000;

- Dispor de orientação específica sobre a execução das avaliações, em conformidade com os nºs 3 e 4 do artigo 6º até meados de 2001.

28. Os Estados-Membros estão a preparar a lista dos sítios para a rede Natura 2000. Em conformidade com o objectivo da directiva de criar uma rede ecológica coerente, a Comissão e os Estados-Membros examinarão, com base nos critérios específicos adoptado pelo Comité "Habitats", as necessidades actuais e futuras da afinidade ecológica entre os sítios da rede Natura 2000 e o modo de a concretizar.

ACÇÃO: Reforçar a coerência entre os sítios da rede Natura 2000 para assegurar

uma total afinidade ecológica nos Estados-Membros da UE e entre eles, mediante o exame das necessárias articulações ecológicas e das relações com as demais afectações do solo.

Meta a atingir:

Considerar a coerência entre os sítios como um critério essencial quando da apreciação dos sítios propostos para as espécies migradoras ou vágeis durante os seminários biogeográficos.

2.3.Desenvolver planos de acção a favor de espécies ameaçadas seleccionadas e de espécies objecto de caça

29. As directivas "habitats" e "aves" incluem disposições sobre a protecção das espécies que envolvem medidas cinegéticas e métodos de controlo de outras ameaças. Nos termos da directiva "habitats", os Estados-Membros devem tomar as medidas

(22)

necessárias para instituir um sistema de protecção rigorosa das espécies ameaçadas dentro da sua área de repartição natural, proibindo todas as formas de captura ou abate intencionais e a deterioração ou destruição dos locais de reprodução. As últimas informações recebidas de alguns Estados-Membros indicam que, apesar das várias medidas de conservação, o número de espécies ameaçadas está a aumentar e várias aves e outras espécies animais e vegetais estão em acentuado declínio.

30. A Comissão apoia a preparação de planos de acção para as espécies de aves ameaçadas, que visam assegurar medidas de conservação adequadas e a sua aplicação por diferentes agentes. Encontram-se disponíveis informações sobre os planos já aprovados4.

31. Foram elaborados planos de acção para a recuperação das espécies mais ameaçadas, que não as aves, no contexto de vários acordos internacionais, por exemplo o plano de acção para os grandes carnívoros no âmbito da Convenção de Berna e os planos de acção para as tartarugas marinhas do Mediterrâneo no âmbito da Convenção de Barcelona.

ACÇÃO: Completar os planos de acção para as espécies de aves mais ameaçadas

na UE. Colaborar com as convenções internacionais (Berna, Bona, etc.) para preparar planos de acção para as espécies ameaçadas de extinção que não as aves. Meta a atingir:

Aprovar e aprontar para aplicação pelos Estados-Membros planos de acção para as 48 mais importantes espécies de aves até 2001.

32. Estão a ser preparados, com a ajuda do Comité 'Ornis', planos de gestão para as espécies de aves objecto de caça que não estão num estado de conservação favorável. Têm por objectivo assegurar o restabelecimento das espécies num estado de conservação favorável.

ACÇÃO: Finalizar os planos de gestão para as espécies de aves objecto de caça,

que serão então postos em execução pelos Estados-Membros. Meta a atingir:

Aprovar até 2003 os planos de acção para as 22 espécies objecto de caça cujo estado de conservação seja desfavorável nos termos da directiva "aves".

33. As directivas não permitem a captura ou a caça de animais com métodos que prejudiquem o seu estado de conservação favorável, mas admitem derrogações desde que sejam cumpridos os critérios nelas definidos. Além disso, os Estados-Membros devem estabelecer sistemas para monitorizar a captura e o abate acidentais das espécies animais que carecem de protecção rigorosa.

ACÇÃO: Examinar os relatórios dos Estados-Membros sobre as derrogações,

incluindo as justificações apresentadas. Meta a atingir:

4

(23)

Justificar cabalmente todas as derrogações com argumentos científicos e em conformidade com os requisitos das directivas.

3. INVERTER AS TENDÊNCIAS ACTUAIS DE REDUÇÃO DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA RELACIONADAS COM GESTÃO DA ÁGUA,DO SOLO,DA FLORESTA E DAS ZONAS HÚMIDAS 34. Atingir esta meta de qualidade ambiental impõe uma acção destinada a abordar os

seguintes objectivos definidos na estratégia da Comunidade Europeia em matéria de diversidade biológica:

Utilizar a directiva-quadro no domínio da água como instrumento para a

conservação e utilização sustentável da biodiversidade e, neste contexto, desenvolver análises da quantidade e qualidade da água, tendo em conta a procura de cada bacia hidrográfica, nomeadamente as necessidades de água para fins de irrigação agrícola, produção de energia, utilizações industriais, consumo de água potável e para fins ecológicos.

Reforçar a função ecológica da ocupação do solo, incluindo vegetação

ribeirinha e aluvial, para combater a erosão e manter o ciclo hidrológico que sustenta os ecossistemas e habitats importantes para a biodiversidade.

Proteger as zonas húmidas na Comunidade e restabelecer o carácter ecológico

das zonas húmidas degradadas.

3.1.Utilizar a directiva-quadro no domínio da água como instrumento para a conservação e utilização sustentável da biodiversidade e, neste contexto, desenvolver análises de quantidade e qualidade da água, tendo em conta a procura de cada bacia hidrográfica, nomeadamente as necessidades de água para fins de irrigação agrícola, produção de energia, utilizações industriais, consumo de água potável e para fins ecológicos

35. O objectivo da directiva-quadro no domínio da água5 é evitar a continuação da deterioração da qualidade e quantidade dos ecossistemas aquáticos e das águas subterrâneas. Estabelece uma abordagem comum, objectivos, medidas básicas e definições comuns do estado ecológico dos ecossistemas aquáticos para uma política da água baseada na hidroecologia e na região hidrográfica.

36. A directiva ilustra a forma de aplicar uma "abordagem por ecossistema" como preconiza a decisão V/6 da Conferência das Partes na CDB. Centra-se na água no seu fluir natural por bacias fluviais até ao mar, tendo em conta a interacção natural da água superficial e subterrânea na quantidade e qualidade em toda a região hidrográfica, incluindo estuários, águas de transição e costeiras. Baseia-se numa abordagem combinada do controlo da poluição através do controlo na fonte e do estabelecimento de normas de qualidade ambiental. Inclui um mecanismo para a supressão gradual ou total de descargas, emissões e perdas de poluentes específicos. 37. A directiva-quadro no domínio da água não visa, enquanto tal, a protecção de

determinadas espécies, comunidades, biótopos ou habitats. A directiva não designa uma espécie particular em termos das suas necessidades de conservação ou

5

(24)

protecção. A biodiversidade é, não obstante, o indicador central utilizado pela directiva para definir o que constitui um estado ecológico bom ou excelente. O objectivo de assegurar um bom estado das águas e evitar a deterioração do estado das águas, incluindo um estado excelente, a partir da data de entrada em vigor, significa que a directiva terá forçosamente de fomentar a protecção da biodiversidade aquática.

38. Os parâmetros funcionais utilizados como indicadores do estado do ecossistema aquático incluem condições relativas aos nutrientes e ao seu volume de produção e utilização. No entanto, os parâmetros estruturais predominam como indicadores, sobretudo em termos de categorias de organismos, que são indicativos da pirâmide alimentar e da diversidade do ecossistema aquático. Identificam-se quatro níveis tróficos: fitoplâncton, macroalgas e angiospérmicas, invertebrados bentónicos e fauna piscícola.

39. Utilizam-se componentes ecológicos para definir o estado ecológico excelente (próximo do natural) num determinado local de um ecossistema aquático específico como o seu ponto de referência. O que constitui um bom estado ecológico é medido em comparação com o estado ecológico excelente (natural) de uma massa de água específica num determinado local. A título de exemplo, a ecologia em áreas com um nível de pluviosidade baixo e uma grande variação sazonal em disponibilidade de água adapta-se naturalmente a essas condições. Os organismos pertencentes a esses ecossistemas reflectirão esta "secura", bem como a variação nos seus ciclos biológicos, estratégias de sobrevivência e demais características ecológicas, funcionais e estruturais. Assim, o estado excelente (com a sua ecologia, incluindo a biodiversidade, e os componentes físicos e químicos) torna-se o índice fundamental em relação ao qual é definido o bom estado. Além disso, cabe notar que a recuperação das zonas húmidas, quando pertinente, poderia ser um instrumento importante para garantir o bom estado da água.

40. A directiva-quadro no domínio da água contribuirá para a protecção da biodiversidade aquática e, sobretudo, para a conservação da biodiversidade dependente do ciclo hidrológico a nível da captação da água, graças às medidas e objectivos seguintes:

ACÇÃO: Assegurar que os planos de gestão da bacia hidrográfica, abrangendo a

totalidade da bacia hidrográfica, reflictam as preocupações em matéria de biodiversidade para

produzir uma imagem clara do estado da biodiversidade aquática,

nomeadamente, graças a uma avaliação regular da situação ecológica da água (de 6 em 6 anos). A caracterização dos ecossistemas aquáticos fornecerá informações completas a utilizar como condições de referência para avaliar as alterações da situação ecológica da água, nomeadamente a composição e abundância das espécies, variações no espaço e no tempo, organismos representativos e funções indicativas. Obter-se-á um melhor conhecimento da interacção hidrológica e ecológica entre zonas húmidas, a zona ribeirinha e o ecossistema aquático numa bacia hidrográfica;

(25)

estabelecer uma cadeia de ecossistemas aquáticos com função e estrutura restauradas ou melhoradas, susceptíveis de funcionar como corredor ecológico aquático;

garantir um bom estado das águas subterrâneas, no que se refere a qualidade e quantidade, o que, em termos gerais, contribui para a protecção dos ecossistemas terrestres e da sua biodiversidade;

promover uma utilização sustentável da água com base numa protecção a longo

prazo da água disponível. A água não pode ser extraída ou desviada em grandes quantidades sem um exame exaustivo do possível impacto sobre os ecossistemas aquáticos;

estabelecer uma base sólida para a recolha e análise de informações sobre a

biodiversidade aquática e as pressões a que está sujeita, o que fornecerá a necessária informação de base para que as autoridades competentes nos Estados--Membros formulem políticas sustentáveis e sensíveis e, em especial, os planos de gestão das bacias hidrográficas em conformidade com o anexo VII da directiva-quadro no domínio da água;

atingir a transparência mediante publicação e divulgação de informação e

consulta pública sobre projectos de planos de gestão das bacias hidrográficas, incluindo as partes directamente interessadas, mas não se limitando a elas. Este processo de participação aberto deverá assegurar melhor qualidade no estabelecimento e na aplicação dos planos de gestão das bacias hidrográficas. Meta a atingir:

Aplicar o plano de acção em vigor a partir de 2009 e revê-lo, posteriormente, de 6 em 6 anos.

ACÇÃO: Promover estudos experimentais sobre a integração dos preceitos de

biodiversidade na execução dos planos de gestão das bacias hidrográficas.

3.2.Reforçar a função ecológica da ocupação do solo, incluindo vegetação ribeirinha e aluvial, para combater a erosão e manter o ciclo hidrológico que sustenta os ecossistemas e habitats importantes para a biodiversidade

41. Quase toda a actividade humana tem incidência na afectação e na cobertura dos solos. As iniciativas respeitantes, por exemplo, a recursos hídricos e respectiva qualidade, alterações atmosféricas e climáticas, protecção da natureza, agricultura, silvicultura, urbanização, gestão e eliminação de substâncias químicas e resíduos repercutem-se frequentemente não só na protecção dos solos, mas também na sua afectação e cobertura, que, em última instância, afectam a biodiversidade.

42. Para reforçar a função ecológica da cobertura do solo, os Estados-Membros podem adoptar uma vasta gama de medidas adaptadas à natureza específica da região em causa. No que toca às zonas agrícolas, estas medidas estão previstas ou são compatíveis com as normas gerais comuns para os regimes de apoio directo referidos no artigo 3º do Regulamento (CE) nº 1259/1999. (Ver plano de acção para a biodiversidade, tendo em vista a agricultura).

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