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Relações intersemióticas em artigos audiovisuais de protocolo de pesquisa de biologia

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE ARTES E LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS. Victor Gomes Milani. RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS EM ARTIGOS AUDIOVISUAIS DE PROTOCOLO DE PESQUISA DE BIOLOGIA. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. Santa Maria, RS 2017.

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(3) Victor Gomes Milani. RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS EM ARTIGOS AUDIOVISUAIS DE PROTOCOLO DE PESQUISA DE BIOLOGIA. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Letras, Área de Concentração em Estudos Linguísticos, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Letras.. Orientadora: Profª. Dra. Graciela Rabuske Hendges. Santa Maria, RS 2017.

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(7) AGRADECIMENTOS “Não há no mundo exagero mais belo que a gratidão.” (Jean de la Bruyère) Tentarei mencionar tod@s que de alguma forma contribuíram para que eu chegasse até aqui. Agradeço a Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. À Universidade Federal de Santa Maria, minha segunda casa nesta cidade desde 2010, instituição que me formou professor e pesquisador. Ao apoio e torcida de minha família, especialmente de minha mãe Cleonir Gomes, de meu padrinho Jorge Alberto Messa Menezes Júnior e de minha madrinha Fátima Menezes, professora de linguagem, assim como eu. À Professora Graciela Rabuske Hendges, minha orientadora, pelo carinho, amizade, ética e profissionalismo com que vem me conduzindo desde a graduação. Professora, eu agradeço imensamente pela sabedoria e leveza que tu exerceste ao permitir que eu construísse meu próprio caminho para me tornar Mestre em Letras sob o teu olhar. Às professoras Sara Regina Scotta Cabral, minha patronesse na graduação, e Najara Ferrari Pinheiro pelas contribuições e sugestões primorosas dadas no exame de qualificação e pelo aceite em fazer parte da banca examinadora da defesa. À professora Patrícia Marcuzzo pelo aceite em fazer parte de minha banca de qualificação e defesa como membro suplente. Às colegas e amigas Cristiane Salete Florek e Daiane Aline Kummer pelo compartilhamento de experiências e conhecimento nessa trajetória. À colega de mestrado Kátia Simonetti dos Santos pelo compartilhamento das vivências nos 24 meses de curso de pós-graduação. Aos colegas Thales Cardoso e Mauren Souza por terem iniciado os estudos com o JoVE e, consequentemente, pavimentado o caminho da minha pesquisa. Aos demais colegas do grupo de pesquisa da professora Graciela Rabuske Hendges pela amizade e convivência..

(8) Aos amigos maravilhosos que vida acadêmica e pessoal me trouxe, vocês são extremamente importantes em minha vida, Laura Bagnara, Xênia Amaral, Ívens Matozo, Vanessa Bandeira, Luísa Somavilla, Daniela Pozzobon e Letícia Lauzer. À amiga Fabíola Xavier pela ajuda técnica nas transcrições e contagem das MSVVs que são analisadas nesta dissertação. À amiga Cleci Denarde pela prontidão e ótima prestação de serviços em impressões e fotocópias, que são a materialização desta dissertação. Aos colegas professores e gestores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Lívia Menna Barreto, meu local de trabalho, pelo exemplo de competência, companheirismo e coleguismo. Ao longo desses dois anos, vocês foram extremamente compreensíveis comigo fazendo o possível para me auxiliarem com os horários da escola em função de aulas e outros compromissos do mestrado. Teria sido muito mais difícil sem o apoio de vocês. Às demais pessoas que tornaram meus últimos dias de escrita mais doces e suaves, especialmente ao meu namorado Carlos Eduardo Schmitt. Finalmente, agradeço com todo meu coração e também dedico o texto que se segue à memória de meu pai Volmir Milani. Sei que estás orgulhoso de mim e muito feliz aí nesse outro plano..

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(10) RESUMO RELAÇÕES INTERSEMIÓTICAS EM ARTIGOS AUDIOVISUAIS DE PROTOCOLO DE PESQUISA DE BIOLOGIA AUTOR: Victor Gomes Milani ORIENTADORA: Profª. Dra. Graciela Rabuske Hendges Nesta dissertação, apresentamos a pesquisa em andamento intitulada Análise Crítica de Gênero em Artigos Audiovisuais de Protocolo de Pesquisa de Biologia: Transcrição Multimodal e Relações Intersemióticas, inicializada em 2016, sob orientação da Profª. Dra. Graciela Rabuske Hendges e vinculada ao projeto guarda-chuva Análise Crítica da Multimodalidade: ciência da linguagem para os multiletramentos (HENDGES, 2017). O ponto de partida foi a definição do objeto de análise: o Artigo Audiovisual de Protocolo de Pesquisa (AAVPP), publicado no Journal of Visualized Experiments (JoVE), dando continuidade e aprofundamento ao estudo prévio com o mesmo gênero discursivo realizado em 2014 durante a graduação (MILANI, 2014). Foram selecionados seis Artigos Audiovisuais de Protocolo de Pesquisa (AAVPPs) pertencentes à área de Biologia para a composição do corpus da pesquisa. Em termos de procedimentos teórico-metodológicos, a intenção desta pesquisa é realizar uma Análise Crítica de Gênero (ACG) (MOTTA-ROTH, 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE; 2015) agregando a Análise do Discurso Multimodal (ADM) (O’HALLORAN, 2004), visto que a análise leva em conta os modos semióticos verbal e visual, focalizando na maneira pela qual tais modos constroem suas relações intersemióticas, e como elas funcionam na organização retórica desse gênero discursivo. Esta pesquisa também considera os estudos prévios de Silva (2015a) e Souza (2015a) sobre as dimensões interpessoal e ideacional, respectivamente, nos AAVPPs. Para a realização desta pesquisa, foi necessário o estudo da transcrição multimodal para a identificação de uma unidade mínima de análise que não privilegie um modo semiótico sobre o outro. Para isso, definimos a Mise-èn-Scene Verbo-Visual (MSVV) como unidade mínima a ser analisada nos AAVPPs. Os resultados sobre a análise das relações intersemióticas nos exemplares mostram que as relações intersemióticas são construídas diferentemente dentro das três dimensões de significado propostas pela Linguística Sistêmico-Funcional e se assemelham aos princípios das relações lógico-semânticas. (HALLIDAY; HASAN, 1989; HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004). Seus padrões corroboram e ampliam a organização retórica dos AAVPPs mapeada em estudos prévios (SILVA, 2015a; SOUZA, 2015a). Palavras-chave: Multimodalidade. Artigos Audiovisuais de Protocolo de Pesquisa. Relações Intersemióticas..

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(12) ABSTRACT INTERSEMIOTIC RELATIONS IN BIOLOGY RESEACH PROTOCOL AUDIOVISUAL ARTICLES AUTHOR: Victor Gomes Milani ADVISOR: Profª. Dra. Graciela Rabuske Hendges In this master thesis text, we present the research entitled Intersemiotic Relations in Biology Research Protocol Audiovisual Articles, started in 2016, under the supervision of Professor. Graciela Rabuske Hendges and linked to the umbrella project Critical Analysis of Multimodality: language science for multiliteracies (HENDGES, 2017). The point of departure was the definition of the object of analysis: the Research Protocol Audiovisual Articles (RPAA), published in the Journal of Visualized Experiments (JoVE) in order to continue and deepen the previous study on the same genre carried out during undergraduation (MILANI, 2014). Six Biology Audiovisual Research Articles (ARAs) to compose the corpus were selected. Concerning theory and methodology, this research intends to carry out Critical Genre Analysis (CGA) (MOTTA-ROTH, 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE; 2015) along with Multimodal Discourse Analysis (MDA) (O’HALLORAN, 2004) because the analysis took into account verbal and visual semiotic modes, focusing on the way such modes engineer their semiotic relation and how they function in the rhetorical organization of this genre. This research also considered previous studies by Silva (2015a) and Souza (2015a) on the interpersonal and ideational dimensions of the RPAAs, respectively. We defined the Verbal-Visual Mise-èn-Scene (VVMS) as minimal units to be analyzed in the ARAs. Results on intersemiotic relations analysis of the corpus showed that intersemiotic relations are constructed differently within the three meaning dimensions proposed by Systemic-Functional Linguistics (SFL) and are similar to logicsemantic relations principles (HALLIDAY; HASAN, 1989; HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004). Their patterns corroborate and amplify the rhetorical organization of the ARAs mapped in previous studies (SILVA, 2015a; SOUZA, 2015a). Keywords: Multimodality. Research Protocol Audiovisual Articles. Intersemiotic Relations..

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(14) LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Exemplo de configuração de AAVPP em sua página de publicação. ......................................... 28 Figura 2 – Tipos de Processos e seus possíveis significados....................................................................... 39 Figura 3 – Estruturas narrativas, seus tipos e subtipos ................................................................................ 50 Figura 4 – Estruturas conceituais, seus tipos e subtipos .............................................................................. 51 Figura 5 - Exemplo de estrutura narrativa ................................................................................................... 52 Figura 6 – Exemplo de estrutura narrativa (2) ............................................................................................. 52 Figura 7 – Exemplo de estrutura conceitual ................................................................................................ 53 Figura 8 – Exemplo de estrutura conceitual (2)........................................................................................... 53 Figura 9 – Exemplo Circunstância de local ................................................................................................. 54 Figura 10 – Exemplo Circunstância de meio............................................................................................... 54 Figura 11 – Exemplo Circunstância de acompanhamento .......................................................................... 55 Figura 12 – Significados interativos e seus sistemas ................................................................................... 56 Figura 13 – Sistema de Contato: exemplo de Demanda .............................................................................. 57 Figura 14 – Sistema de Contato: exemplo de Oferta ................................................................................... 58 Figura 15 – Distância em Grau Próximo ..................................................................................................... 58 Figura 16– Distância em Grau Médio ......................................................................................................... 59 Figura 17– Distância em Grau Longo ......................................................................................................... 59 Figura 18 – Significados composicionais e seus sistemas ........................................................................... 60 Figura 19 – Sistema de Valor da Informação: exemplo de configuração Dado/Novo. ............................... 61 Figura 20 – Sistema de Valor da Informação: exemplo de configuração Ideal/Real. ................................. 62 Figura 21 – Sistema de Valor da Informação: exemplo de configuração Centro/Margem. ........................ 62 Figura 22– Sistema de Valor da Informação: exemplo de configuração tríptica. ....................................... 62 Figura 23 – Localidades da rede de cobertura do JoVE .............................................................................. 88 Figura 24 – Possibilidades de Concorrência e Complementaridade intersemiótica conforme Chan (2011) ..................................................................................................................................................................... 95.

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(16) LISTA DE TABELAS Tabela 1- Número de artigos por área (conforme abril de 2017) ................................................................ 80 Tabela 2 – Número de Mise-en-Scènes verbo-visuais (MSVVs) apresentadas pelo corpus ....................... 83 Tabela 3 – Número de MSVVs em cada movimento retórico do corpus .................................................... 98.

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(18) LISTA DE QUADROS Quadro 1– Os componentes do Sistema de Transitividade e seus conceitos............................................... 38 Quadro 2 – Processos e seus Participantes .................................................................................................. 44 Quadro 3 – Tipos de Circunstâncias e seus subtipos ................................................................................... 45 Quadro 4 – Funções da Fala e exemplos ..................................................................................................... 47 Quadro 5 – Segmentação de imagens em movimento a partir de Iedema (2001) ....................................... 67 Quadro 6 – Modelo e Segmentação para a análise de imagens em movimento a partir de O’Halloran (2004) .......................................................................................................................................................... 68 Quadro 7– Três propostas de segmentação para imagens em movimento .................................................. 69 Quadro 8 - Planos Cinematográficos ........................................................................................................... 71 Quadro 9 – Informações sobre o corpus do estudo...................................................................................... 81 Quadro 10 – Documentos e seções utilizados na análise contextual ........................................................... 84 Quadro 11 – Informações principais sobre as políticas editoriais do JOVE ............................................... 89 Quadro 12 – Orientações linguísticas dadas pelo JoVE para a elaboração dos manuscritos ...................... 91 Quadro 13 – As relações lógico-semânticas ................................................................................................ 94 Quadro 14 – Os movimentos retóricos dos AAVPPs conforme Silva (2015a) e Souza (2015a) ................ 96 Quadro 15 – Duração dos movimentos retóricos no corpus ........................................................................ 97 Quadro 16 – Exemplo de quadro de análise das MSVVs ............................................................................ 99 Quadro 17 - Exemplo de quadro de análise das MSVVs 2 ....................................................................... 101 Quadro 18 – Exemplo de relação intersemiótica ideacional no Protocolo ................................................ 105 Quadro 19 - Exemplo de relação intersemiótica ideacional no Protocolo 2 .............................................. 106 Quadro 20 – Exemplo de relação intersemiótica ideacional no Protocolo 3 ............................................. 107 Quadro 21 – Resumo das relações intersemióticas ideacionais nos Protocolos ........................................ 108 Quadro 22– Exemplo de relação intersemiótica interpessoal do Protocolo .............................................. 110 Quadro 23 – Exemplo de relação intersemiótica interpessoal do Protocolo 2 .......................................... 111 Quadro 24– Exemplo de relação intersemiótica interpessoal do Protocolo 3 ........................................... 112 Quadro 25 - Resumo das relações intersemióticas interpessoais nos Protocolos ...................................... 113 Quadro 26 – Exemplo de relação intersemiótica textual do Protocolo...................................................... 115 Quadro 27– Exemplo de relação intersemiótica textual do Protocolo 2.................................................... 116 Quadro 28 – Exemplo de relação intersemiótica textual do Protocolo 3................................................... 117 Quadro 29 – Resumo das relações intersemióticas textuais nos Protocolos.............................................. 118 Quadro 30 – Exemplo de relação intersemiótica ideacional nos Resultados Representativos .................. 120 Quadro 31 - Exemplo de relação intersemiótica ideacional nos Resultados Representativos 2. ............... 121 Quadro 32 - Resumo das relações intersemióticas ideacionais nos Resultados Representativos .............. 122 Quadro 33 – Exemplo de relação intersemiótica interpessoal nos Resultados Representativos ............... 124 Quadro 34 - Exemplo de relação intersemiótica interpessoal nos Resultados Representativos 2 ............. 125 Quadro 35 - Exemplo de relação intersemiótica textual nos Resultados Representativos ........................ 128 Quadro 36 – Exemplo de relação intersemiótica textual nos Resultados Representativos 2..................... 129 Quadro 37 - Resumo das relações intersemióticas textuais nos Resultados Representativos ................... 131 Quadro 38 - Exemplo de relação intersemiótica ideacional na Justificativa ............................................. 133 Quadro 39 - Exemplo de relação intersemiótica ideacional na Conclusão................................................ 134.

(19) Quadro 40 - Exemplo de relação intersemiótica interpessoal na Justificativa ...........................................137 Quadro 41 - Exemplo de relação intersemiótica interpessoal na Conclusão..............................................138 Quadro 42 – Exemplo de relação intersemiótica textual na Justificativa ...................................................139 Quadro 43 - Exemplo de relação intersemiótica textual na Conclusão ......................................................140 Quadro 44 – As relações intersemióticas identificadas no corpus separadas por metafunção/significados ....................................................................................................................................................................141 Quadro 45 – Movimentos retóricos dos AAVPPs e suas funções por Silva (2015a) e Souza (2015a) contrapostos às propostas desta pesquisa ...................................................................................................142.

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(21) LISTA DE SIGLAS AAVPP. Artigo Audiovisual de Protocolo de Pesquisa. AAVPPs Artigos Audiovisuais de Protocolo de Pesquisa ACD. Análise Crítica do Discurso. ACG. Análise Crítica de Gênero. ADM. Análise do Discurso Multimodal. AG. Análise de Gênero. GSF. Gramática Sistêmico-Funcional. GVD. Gramática do Design Visual. JOVE. Journal of Visualized Experiments. LSF. Linguística Sistêmico-Funcional. MSVV. Mise-en-Scène Verbo-Visual. MSVVs. Mise-en-Scènes Verbo-Visuais.

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(23) SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................25 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................................25. CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................32 2.1 ANÁLISE CRÍTICA DE GÊNERO ..................................................................................................32 2.2 ANÁLISE DO DISCURSO MULTIMODAL ...................................................................................35 2.2.1 A Gramática Sistêmico-Funcional ..............................................................................................36 2.2.1.1 A Metafunção Ideacional .....................................................................................................37 2.2.1.2 A Metafunção Interpessoal...................................................................................................46 2.2.1.3 A Metafunção Textual ..........................................................................................................48 2.2.2 A Gramática do Design Visual....................................................................................................49 2.2.2.1 Os Significados Representacionais ......................................................................................50 2.2.2.2 Os Significados Interativos ..................................................................................................55 2.2.2.3 Os Significados Composicionais ..........................................................................................60 2.2.3 As Relações Intersemióticas........................................................................................................63 2.2.4 Análise de Imagens em Movimento a partir da Linguística ........................................................66 2.2.5 Análise de Imagens em Movimento a partir do Cinema .............................................................70 2.3 ESTUDOS PRÉVIOS SOBRE OS ARTIGOS AUDIOVISUAIS DE PROTOCOLO DE PESQUISA ...............................................................................................................................................73 2.4 MULTILETRAMENTOS ..................................................................................................................77. CAPÍTULO 3 – METODOLOGIA ............................................................................................79 3.1 SELEÇÃO DO CORPUS ...................................................................................................................79 3.2 PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS .............................................................................................83 3.2.1 Análise Contextual ......................................................................................................................83 3.2.2 Análise Textual ...........................................................................................................................84. CAPÍTULO 4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................87 4.1. ANÁLISE CONTEXTUAL ..............................................................................................................87 4.1.1 Sobre (About) ..............................................................................................................................87 4.1.2 Processo de publicação (Publishing process) ..............................................................................88 4.1.3 Políticas Editoriais (Editorial policies)........................................................................................89 4.1.4 Recomendar a bibliotecário (Recommend to librarian) ..............................................................90 4.1.5 Instruções para autores (Instructions for authors) .......................................................................90.

(24) 4.1.6 Considerações acerca da descrição do universo contextual do JoVE ......................................... 91 4.2 ANÁLISE TEXTUAL....................................................................................................................... 93 4.2.1 Considerações iniciais, configuração geral do corpus e sua organização para análise............... 93 4.2.2 Relações intersemióticas identificadas nos AAVPPs ............................................................... 102 4.2.3.1 Relações intersemióticas identificadas no Protocolo ......................................................... 102 4.2.3.2 Relações intersemióticas identificadas nos Resultados Representativos ........................... 119 4.2.3.3 As relações intersemióticas na Justificativa e na Conclusão ............................................. 131 4.3 O POTENCIAL PEDAGÓGICO DOS ARTIGOS AUDOVISUAIS DE PESQUISA .................. 143. CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E REFLEXÕES ........................................... 145 5.1 CONSIDERAÇÕES ........................................................................................................................ 145 5.2 LIMITAÇÕES ................................................................................................................................. 146. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 148.

(25) 25. CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O estudo que compõe a presente dissertação faz parte da Linha de pesquisa Linguagem no Contexto Social, uma das linhas constituintes da concentração em Estudos Linguísticos do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Santa Maria. Como o próprio nome já sugere, uma das preocupações dessa linha de pesquisa é a análise do uso social e cultural da linguagem, ou seja, a análise da linguagem enquanto gêneros discursivos, com ênfase nos efeitos que diferentes contextos podem gerar nas formas linguísticas pelas quais esses gêneros se manifestam. Dentre as pesquisas que integram a Linha supracitada estão os projetos guarda-chuva Análise crítica de gêneros e implicações para os multiletramentos (HENDGES, 2012), com vigência de 2012-2016, e Análise Crítica da Multimodalidade: ciência da linguagem para os multiletramentos (HENDGES, 2017), com vigência de 2017-2020, coordenados pela professora Graciela Rabuske Hendges, orientadora do presente estudo. O objetivo geral desses projetos é a investigação de diferentes contextos (acadêmico, pedagógico, midiático) de uso da linguagem sob uma perspectiva crítica e multimodal, com implicações para a pedagogia dos multiletramentos (THE NEW LONDON GROUP, 1996; COPE; KALANTZIS, 2000; 2009). A perspectiva crítica é desenvolvida sob o viés da Análise Crítica de Gênero (doravante ACG) (MOTTA-ROTH, 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE; 2015), onde “delimitação, análise e interpretação da linguagem” (MOTTA-ROTH, 2008, p. 341) consideram “as condições de produção, distribuição e consumo do texto” (MOTTA-ROTH, 2008, p. 362). A perspectiva multimodal parte do pressuposto de que o papel dos modos semióticos não verbais (tais como gesto, imagem, som, espaço) é cada vez maior nas interações contemporâneas e, portanto, devem ser investigados em conjunto com a linguagem verbal (escrita ou oral). Dessa forma, os resultados produzidos nessas pesquisas poderão gerar subsídios para o ensino da linguagem com vistas à formação de sujeitos capazes de lidar com a multiculturalidade urbana contemporânea e a multiplicidade semiótica dos textos pelos quais a sociedade multicultural se comunica (ROJO, 2012), ou seja, sujeitos multiletrados (NEW LONDON GROUP, 1996). Assim, as investigações desenvolvidas dentro de ambos os projetos guarda-chuva exploram o uso de recursos verbais e visuais de gêneros discursivos pertencentes às esferas didática (CATTO, 2014; MACHADO JUNIOR, 2014; KUMMER, 2012; 2015), midiática.

(26) 26. (MARQUES, 2013; HENDGES; NASCIMENTO; MARQUES, 2013; CATTO 2013) e, principalmente, acadêmica (SILVA, 2013, 2015a; 2015b; 2015c; SOUZA, 2013; 2015a; 2015b; SOUZA; SILVA; MILANI, 2014; HENDGES; SANTOS; COMARETTO, 2013; FLOREK; HENDGES, 2013; FLOREK, 2015; 2016; MOZZAQUATRO, 2014; MILANI, 2014; 2017). Tais pesquisas consideram a Gramática Sistêmico-Funcional (doravante GSF) (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) como ferramenta analítica para os modos semióticos verbais, pois essa gramática, ao contrário das de cunho normativo, procura descrever a linguagem em seu uso, bem como investigar razões que motivam as escolhas linguísticas dos usuários em cada situação. Sendo assim, a GSF constrói meios para descrever uma linguagem humana considerando os contextos dos usuários. Nessa perspectiva, para análise dos modos semióticos não verbais, utiliza-se a Gramática do Design Visual (doravante GVD) (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006), a qual propõe categorias descritivas a partir do estudo de imagens estáticas, embora sejam generalizáveis para demais os modos semióticos não verbais (por exemplo, gesto, som, imagem em movimento). Outra razão para a utilização dessa ferramenta é a proximidade do olhar que Kress e Van Leeuwen (2006) mantêm com Halliday e Matthiessen (2004; 2014) ao considerar a linguagem como sociossemiótica, isto é, um artefato que significa de maneira extremamente atrelada ao contexto social no qual é produzido, possuindo três vias principais de significado - ideacional, interpessoal e textual - os quais serão abordados detalhadamente no capítulo 2. Ao levar em conta o modo semiótico visual, as pesquisas do grupo se vinculam à área denominada Análise do Discurso Multimodal (doravante ADM) (O’HALLORAN, 2004a). Para O’Halloran (2004a, p.1), a ADM preocupa-se com a teoria e a prática da análise do discurso em locais “que fazem uso de recursos semióticos múltiplos1”. O presente estudo, o qual adota as perspectivas teórico-metodológicas apresentadas até agora, investiga o contexto acadêmico, mais precisamente o Artigo Audiovisual de Protocolo de Pesquisa (doravante AAVPP). Contemplando primeiramente apenas a área de Biologia, esse recente gênero discursivo surgiu no ano de 2006 no periódico JoVE – Journal of Visualized Experiments (Periódico de Experimentos Visualizados), o qual se autointitula o primeiro. 1. Todas as citações originalmente em língua inglesa foram traduzidas pelo autor desta pesquisa. Quando a fonte de tradução não for o próprio autor, esta será sinalizada em nota de rodapé..

(27) 27. periódico do mundo em formato de vídeo na ciência e justifica seu surgimento a partir do fato de que “hoje apenas 10 a 30 por cento dos artigos científicos publicados podem ser reproduzidos com sucesso” (JOVE, 2017a). Seus fundadores argumentam que pesquisadores do mundo inteiro desperdiçam muito tempo e investem esforços e verbas apenas em tentativas de replicação de procedimentos de outros laboratórios descritos apenas verbalmente, ao invés de estarem utilizando esse tempo desperdiçado para novas descobertas após replicarem com sucesso técnicas e protocolos já desenvolvidos por outros pesquisadores (JOVE, 2017a). Em outras palavras, um pesquisador X deseja avançar sua pesquisa a partir da técnica desenvolvida por um pesquisador Y, porém X consome tempo demais tentando implementar os passos detalhados por Y em um artigo acadêmico verbal escrito, devido às limitações desse modo semiótico. Para complementar a linguagem verbal escrita, o JoVE introduz a solução de filmar e publicar experimentos em formato audiovisual a fim de torná-los “plenamente visíveis para qualquer pessoa ver e replicar” em tempo bastante reduzido comparado ao tempo gasto para a réplica de procedimentos não visualizados (JOVE, 2017a). Após essa ideia, o Jornal of Visualized Experiments foi fundado em menos de um ano (JOVE, 2017a). O AAVPP é uma publicação de um protocolo de uma pesquisa científica no sítio eletrônico do Journal of Visualized Experients (SILVA, 2015a; SOUZA, 2015a). Ao longo dos seus 10 anos de existência, a configuração da página de JoVE foi alterada inúmeras vezes, mas atualmente cada AAVPP publicado (Figura 1) contém as seguintes características e hiperlinks: 1 - área e nome da pesquisa; 2 – nome e filiação dos autores; 3 – aba de acesso a outros componentes do artigo (resumo, introdução, protocolo, agradecimentos, materiais utilizados na pesquisa, etc., esses outros componentes são realizados predominantemente pela linguagem verbal, apresentando eventualmente algumas imagens estáticas); 4 - aba de download (artigo em formato pdf, lista de materiais em formato pdf, etc.); 5 – aba de acesso a comentários do AAVPP; 6 – aba de acesso ao número de visualizações do AAVPP; 7 – o AAVPP (vídeo artigo) propriamente dito e 8 – área de acesso a AAVPPs relacionados. Neste estudo, enfatizamos o componente mais saliente e inovador do AAVPP, aquele que combina essencialmente linguagem verbal oral e linguagem visual dinâmica em sua composição: o “vídeo artigo”, denominação que o próprio periódico dá ao que neste estudo nomeamos Artigo Audiovisual de Protocolo de Pesquisa ..

(28) 28. Figura 1 - Exemplo de configuração de AAVPP em sua página de publicação.. Fonte: JoVE, 2017.. Apresentamos uma justificativa relacionada ao nome dado a esse gênero textual. A escolha da nomenclatura para o gênero abordado neste estudo foi escolhida em virtude de duas grandes características apresentadas pelo próprio gênero: (1) caracteriza-se como um artigo de pesquisa (SWALES, 1990), pois é publicado em um periódico, estando relacionado ao meio acadêmico; (2) também possui traços audiovisuais, pois é acessado tanto visual (através da visão) como auditivamente (através da audição) e (3) apresenta principalmente uma técnica de pesquisa, chamada “protocolo” no periódico (JOVE, 2017a). Nesse sentido, optou-se pela nomenclatura Artigo Audiovisual de Protocolo de Pesquisa. Esse gênero discursivo já vem sendo objeto de estudo de pesquisadores atuantes nos projetos guarda-chuva citados no início desse capítulo há pelo menos seis anos. Tais pesquisas originaram cinco textos principais – três Trabalhos Finais de Graduação e duas Dissertações (SILVA, 2015a; SOUZA, 2015a), os quais serão descritos detalhadamente na seção 2.3 do capítulo 2 e diversos textos secundários tais como publicações de resumos em anais de eventos e artigos científicos em periódicos (SILVA, 2013, 2015b; 2015c; SOUZA, 2013; 2015b; SOUZA; SILVA; MILANI, 2014;). Em razão dessa trajetória, pode-se afirmar que os estudos sobre o AAVPP vêm avançando dentro desse grupo de pesquisa; ainda assim, há espaço para ampliação desses estudos devido à densidade semiótica (imagem em movimento, som, linguagem verbal.

(29) 29. oral, animação digital, linguagem verbal escrita) do AAVPP, ao caráter inovador do gênero e ao estágio iniciante da análise do discurso multimodal de gêneros audiovisuais. Além disso, o JoVE caracteriza-se como um periódico digno de atenção científica por vários motivos. Um deles é o crescimento exponencial do número de publicações. Em 2007, um ano após sua fundação, o JoVE publicava AAVPP de número cem. Em 2010 o número de AAVPPs chegou a quinhentos, passando a contabilizar mil em 2011. Em 2012, JoVE chegou à marca de dois mil AAVPPs publicados, não demorando para atingir dois mil e quinhentos em 2013, três mil em 2014 e cinco mil AAVPPs publicados em 2016 (JOVE, 2017a). Outro fator relevante para o estudo do JoVE se dá pela sua crescente abrangência de áreas. No ano de seu surgimento em 2006, o periódico contemplava apenas a área de Biologia (o que indica que a necessidade de demonstração visual de procedimentos proveio dessa área). A prevalência da Biologia durou até agosto de 2009, quando o periódico adicionou a área de Imunologia e Infecção ao seu escopo. A partir de então, esse número só cresceu. Em janeiro de 2010, Neurociência e Medicina foram inseridas, seguidas por Bioengenharia em dezembro do mesmo ano. Em julho de 2012, a área de Engenharia foi incorporada ao periódico, seguida por Química em fevereiro de 2013 e Comportamento e Meio-Ambiente respectivamente em junho e outubro do mesmo ano. Em janeiro de 2015, surgiu a área de Biologia do Desenvolvimento, seguida por Genética, Bioquímica e Pesquisa em Câncer em setembro de 2016. Atualmente, o JoVE contabiliza treze áreas ao seu escopo (JOVE, 2017a). Além dos fatores de crescimento exponencial de publicações e ampliação do escopo, a atenção de linguistas aplicados ao JoVE também se justifica pela característica de os AAVPPs serem publicados apenas em língua inglesa. Assim, há um grande número de usuários não nativos de inglês publicando no periódico. Tal acontecimento fomenta o ensino de inglês para fins acadêmicos (SWALES; FEAK, 2004) nas modalidades oral (uma vez que os pesquisadores falam em inglês nos vídeos) e escrita (uma vez que os pesquisadores submetem manuscritos em inglês para o aceite de seus estudos) e levanta questões ligadas ao uso do inglês como língua internacional, inglês como língua franca da ciência, envolvendo assuntos como hegemonia, poder e acesso, os quais não fazem parte do intento deste estudo. Além disso, a utilização da linguagem visual pelo JoVE reflete a cultura visual vivenciada pela sociedade contemporânea, onde as imagens ganham cada vez mais espaço em relação às palavras, especialmente no que tange à esfera publicitária (CHEONG, 2004). Dessa forma, é necessário haver um entendimento do.

(30) 30. funcionamento desse gênero discursivo, a fim de pensar em como ensiná-lo para possíveis interessados em publicar no JoVE. Essa dissertação busca avançar nos estudos sobre os AAVPPs, considerando aspectos ainda não investigados partindo do que já se sabe sobre esse gênero discursivo. O fio condutor desta pesquisa são as ainda não investigadas no grupo relações intersemióticas, isto é, relações entre modos semióticos, a maneira como eles se combinam e se concatenam para construir significados em textos multimodais. Até o presente momento, linguagens verbal e visual foram estudadas separadamente nos AAVPPs2. Entretanto, uma análise das relações entre os modos semióticos deve tornar mais evidente as funções de cada um deles dentro do AAVPPs, colocando em discussão as viabilidades e limitações semióticas verbal e visual (BEZEMER; KRESS, 2008). Dessarte, o objetivo principal desta pesquisa é identificar de que forma os Artigos Audiovisuais de Protocolo de Pesquisa se organizam em termos de relações intersemióticas, evidenciando o papel das semioses verbal e visual no gênero, tomando a GSF (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014), a GVD (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006) e a organização retórica desse gênero discursivo proposta pelas pesquisas prévias já mencionadas (SILVA, 2015a; SOUZA, 2015a) como pontos de partida. Em vista desse objetivo principal, o estabelecimento de alguns objetivos específicos é necessário: i.. Identificar uma unidade mínima de análise nos AAVPPs que contemple linguagens verbal oral e visual dinâmica;. ii.. Identificar padrões léxico-gramaticais e semânticos na linguagem verbal oral;. iii.. Identificar padrões léxico-gramaticais e semânticos na linguagem visual dinâmica;. iv.. Cruzar os padrões em encontrados nas linguagens verbal e visual a fim de observar as relações intersemióticas;. v.. Criar e/ou propor nomenclaturas para as relações intersemióticas encontradas nos AAVPPs, baseando-se nas funções de cada movimento retórico, no resultado do cruzamento de padrões das linguagens e em literatura prévia sobre o assunto (UNSWORTH; CHAN, 2008; 2011; DALY; UNSWORTH,. 2. A descrição dos estudos prévios nos AAVPPs será detalhada no capítulo 2, seção 2.3..

(31) 31. 2011; MARTINEC; SALWAY, 2005; ROYCE, 1998; 2002; 2007; 2015; UNSWORTH; CLÉIRIGH, 2009) O capítulo 2 trará o referencial teórico que subjaz o presente estudo. Inicia-se com a apresentação dos conceitos fundamentais de Análise Crítica de Gênero (ACG) e Análise do Discurso Multimodal (ADM). Em seguida, apresentam-se ferramentas e procedimentos de análise para se chegar à ADM: Gramática Sistêmico-Funcional (GSF), abordando questões pontuais de cada metafunção que são utilizadas nesta pesquisa; Gramática do Design Visual (GVD), abarcando partes específicas da teoria que servem a este estudo; Relações Intersemióticas, apresentando teorias que discorrem sobre tais relações, as quais são o fio condutor principal deste estudo e a Análise de Imagens em Movimento, expondo critérios de parcelamento de imagens para análise. O Capítulo 2 encerra, trazendo os estudos prévios sobre os Artigos Audiovisuais de Protocolo de Pesquisa (AAVPPs) e o conceito de Multiletramentos. Dando sequência à Revisão da Literatura, o capítulo 3 abordará questões relativas à seleção do corpus e aos procedimentos de análise. Em seguida, o capítulo 4 discorrerá sobre os resultados, discutindo a análise apresentada neste texto. Finalmente, o capítulo 5 trará as considerações finais da análise do corpus e apontará as contribuições e limitações da pesquisa..

(32) 32. CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA Este capítulo apresenta o aporte teórico que subjaz a atual pesquisa. Ao longo do capítulo, procura-se estabelecer relações entre a pesquisa em desenvolvimento e as teorias. Primeiramente, a Análise Crítica de Gênero (ACG) é apresentada, seguida pela Análise do Discurso Multimodal (ADM), a qual engloba a Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) e a Gramática do Design Visual (GVD). Na sequência, detemo-nos em subseções dedicadas às relações intersemióticas, à análise de imagens em movimento, aos estudos prévios sobre os Artigos Audiovisuais de Protocolo de Pesquisa (AAVPPs) e, finalmente, aos Multiletramentos.. 2.1 ANÁLISE CRÍTICA DE GÊNERO A Análise Crítica de Gênero (ACG) (MOTTA-ROTH, 2006; 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE, 2015) constitui-se como uma ferramenta teórico-metodológica para a análise de gêneros discursivos e seu papel dentro do contexto em que estão. A ACG caracteriza-se como um aparato analítico misto, pois envolve preceitos de três outras teorias: Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 1992; 2003), Análise de Gênero (SWALES, 1990; ASKEHAVE; SWALES, 2001) e Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; HASAN, 1989; HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). A ACG (MOTTA-ROTH, 2006; 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE, 2015) (re)pensou e (re)organizou os preceitos de suas três teorias basilares de modo que elas servissem conjuntamente para formar um mecanismo de análise da linguagem em contextos de uso. Realizações na linguagem são feitas através de atos discursivos (MOTTA-ROTH, 2008) e tais realizações conjecturam valores e ideologias concebidos socialmente. Esse pensamento da ACG reflete a perspectiva da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 1992; 2003) de linguagem como prática social, compreendendo o discurso como uma maneira de representar e agir no mundo. Dessa mesma forma, a ACG faz alusão à “relação dialética entre discurso e estrutura social” (FAIRCLOUGH, 1992, p. 64); em outras palavras, a estrutura social é condicionada pelo discurso e é consequência dele e, simultaneamente, o discurso é delineado e delimitado pela própria estrutura social. Nesse sentido, a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 1992; 2003) dá à ACG uma visão crítica de dois elementos principais: texto e contexto, de modo que o.

(33) 33. pesquisador apure o texto que manifesta a linguagem com um olhar permanente para seu contexto (MOTTA-ROTH, 2008). Tal viés da ACG é crucial no presente estudo, pois ele orienta a pesquisa para um lado social, ou seja, não permitindo que o pesquisador “esqueça” que a linguagem ocorre dentro de um espaço-tempo envolvido por uma estrutura social detentora de uma ideologia3 que é produtora de seu discurso e (re)construída por ele mesmo. Assim, a compreensão da estrutura social da qual o JoVE faz parte é fundamental para o entendimento dos dados da análise, pois ela deve estar refletida de alguma maneira na composição dos AAVPPs. A investigação do contexto do presente estudo é feita através de uma análise documental, isto é, uma análise de textos encontrados no próprio sítio eletrônico do periódico que descrevem seu funcionamento4. A Análise de Gênero (SWALES, 1990; ASKEHAVE; SWALES, 2001), outra orientação basilar da ACG, concebe gênero como algo novo e de forma inovadora que compreende uma classe de eventos comunicativos nos quais a linguagem possui papel significante e indispensável5. Dessa forma, pode-se dizer que a necessidade de comunicar algo concebe um gênero, e o surgimento deste acontece a partir de uma necessidade social a qual é realizada na forma de um texto (que pode ser multimodal) a fim de efetivar uma nova função/um novo propósito. Analisar um gênero demanda reconhecimento de padrões entre exemplares do mesmo tipo (SWALES, 1990; ASKEHAVE; SWALES, 2001), investigando como eles são constituídos e descrevendo sua organização retórica. De acordo com Hendges (2008, p. 103), organização retórica é “o padrão organizacional das informações em um texto”. Hendges detalha a definição de padrão organizacional (...) Esse padrão organizacional é formado por um conjunto de componentes funcionais interligados, mas, ao mesmo tempo, autossuficientes, ordenados com maior ou menor rigor, os quais sistematizam as informações de um gênero em um todo coerente. Quando somados, tais componentes materializam a forma e função (propósito comunicativo) do gênero (HENDGES, 2008, p. 103). 3. Entende-se por ideologia as interpretações/significações/ construções da realidade e hegemonias (soberanias sobre as sociedades) propagadas via discurso (FAIRCLOUGH, 1992). 4 A análise documental será detalhada no capítulo 3. 5 Tal conceito de gênero da ACG é o mesmo utilizado neste trabalho..

(34) 34. Nesse sentido, a Análise de gênero concede à ACG aspectos textuais, ou pistas linguísticas, que devem auxiliar na identificação de uma organização retórica, a qual realiza um propósito comunicativo. Esse direcionamento da ACG é de extrema relevância no presente trabalho uma vez que ele auxilia na compreensão de recorrências no texto, neste caso de relações intersemióticas, que configuram a organização retórica dos AAVPPs, além de fomentar a investigação da comunidade discursiva em que o gênero circula (ASKEHAVE; SWALES, 2001). A. Linguística. Sistêmico-Funcional. (LSF). (HALLIDAY;. HASAN,. 1989;. HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), outro suporte da ACG, consiste em uma ferramenta de análise que considera a linguagem como prática social que reflete seu contexto de produção e possui três linhas de significados (metafunções): ideacional, interpessoal e textual6 (HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004). Dessa forma, a LSF possui um olhar descritivo e não normativo para com a linguagem. Assim, a LSF alinha-se à ACG, dado que esta deixa clara a necessidade de uma análise textual inseparável da análise contextual. Por conseguinte, a LSF torna-se uma coerente ferramenta analítica dentro da ACG, já que ela por si só é capaz de revelar pistas sobre o contexto de produção de textos. Então, o que é fazer uma Análise Crítica de Gênero? Em síntese, a ACG (MOTTAROTH, 2006; 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE, 2015) reuniu três teorias que fundamentaram alguns princípios norteadores para esse aparato teórico-metodológico misto: a. Usando a Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 1989; 1992; 2003), os pesquisadores devem estender a análise ao nível mais abstrato da linguagem, a ideologia, revelando relações de poder e aspectos sociais e políticos ‘por trás’ dos textos; b. Usando a Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; HASAN, 1989; HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), os pesquisadores devem analisar textos de modo que encontrem neles padrões léxico-gramaticais e semânticos a partir de uma ferramenta sistêmica: a Gramática Sistêmico-Funcional; c. Usando a Análise de Gênero (SWALES, 1990; ASKEHAVE; SWALES, 2001), os pesquisadores devem investigar a recorrência de padrões retóricos em blocos linguísticos. 6. A teoria Sistêmico-Funcional será explicada mais detalhadamente na seção 2.2.1.

(35) 35. funcionais em vários exemplares do gênero abordado, bem como o contexto onde tais gêneros circulam. Reunindo esses princípios norteadores, podemos dizer que fazer Análise Crítica de Gênero é fazer Análise Crítica do Discurso em vários exemplares de um mesmo gênero utilizando categorias descritivas sistêmico-Funcionais e investigando o contexto de produção, consumo e distribuição desses gêneros a partir de metodologia de cunho etnográfico. Como mencionado anteriormente, nesta mesma seção, utilizamos o conceito de gênero proposto por Swales (1990) para esta pesquisa. No entanto, agregamos a esse conceito considerações feitas por Van Leeuwen (2005), que trata o gênero discursivo como essencialmente multimodal. Multimodal significa uma produção a partir da associação de “escolhas variadas disponíveis historicamente entre os diferentes modos de significado7” (THE NEW LONDON GROUP, 2000, p. 29). Os textos multimodais contêm “uma interação complexa de texto escrito, imagens e outros elementos gráficos ou sonoros, organizados em entidades coerentes a partir do layout8” (KRESS; VAN LEEUWEN, 2006, p. 17). No âmbito deste trabalho, tais considerações tornam-se indispensáveis, visto que lidamos com um gênero substancialmente multimodal. Por isso, o ponto de vista teórico da Análise do Discurso Multimodal (ADM) é aliado à ACG para a composição dessa pesquisa e deve ser aliado a outras pesquisas em ACG que vão para além do recurso semiótico verbal em textos. A ADM vincula-se à teoria SistêmicoFuncional por também ser de cunho descritivo e não normativo. Além disso, a ADM instiga a análise da multiplicidade dos recursos semióticos do discurso usados na comunicação entre pessoas (O’HALLORAN, 2004a). As fundamentações da ADM serão apontadas na próxima seção.. 2.2 ANÁLISE DO DISCURSO MULTIMODAL A Análise do Discurso Multimodal (ADM) constitui-se de uma perspectiva que leva em consideração o desenvolvimento de abordagens teóricas e práticas para a análise de textos escritos, impressos e eletrônicos, sites tridimensionais e outras esferas de atividade onde os recursos semióticos (tais como, linguagem falada e escrita, imagens, simbolismo matemático, escultura, arquitetura, 7 8. Traduzido por Kummer (2015, p. 37). Traduzido por Kummer (2015, p. 37)..

(36) 36. gesto e outros modos fisiológicos) se combinam para produzir sentido (O’HALLORAN, 2004a, p. 444).. Além dessa definição, outro fundamento da ADM é apontado por Jewitt (2011), ao afirmar que uma análise linguística fundamentada na multimodalidade não favorece tampouco prioriza um recurso semiótico sobre o outro. Ao invés disso, espera-se que o pesquisador seja capaz de perceber a função da multissemiose (multiplicidade semiótica) na estruturação do gênero discursivo, tendo em mente a contribuição igualitária dos modos diferentes semióticos para os significados representados nos textos. Sobre essa afirmação, Kummer (2015, p. 38) ressalta que “considerar que diferentes recursos semióticos são incorporados/empregados em uma dada situação discursiva é reconhecer a necessidade de uma perspectiva de análise que dê conta desse caráter multimodal dos textos. ” Assim, é mister que a ADM recrute ferramentas analíticas que contemplem os diferentes recursos semióticos que integram os textos. No presente estudo, utilizam-se os princípios da Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) e da Gramática do Design Visual (GVD), as quais serão exploradas nas seguintes subseções, focalizando as categorias que foram observadas nesta pesquisa. 2.2.1 A Gramática Sistêmico-Funcional Sendo utilizada como uma ferramenta analítica para a linguagem verbal neste estudo, com vistas à ADM e à ACG, a Gramática Sistêmico-Funcional (GSF) (HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) merece destaque. Conceitualmente, a GSF considera a gramática como um sistema de escolhas potenciais não arbitrariamente motivadas e procura explicar as implicações comunicativas de uma seleção dentro desse sistema a fim de analisar as motivações que promovem escolhas lexicogramaticais particulares. Para tal, a GSF (HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) compreende a língua como tendo três metafunções: a) Ideacional: concentra-se nas representações das experiências dos indivíduos; b) Interpessoal: concentra-se na interação dos indivíduos e c) Textual: concentra-se na organização da mensagem dos indivíduos (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 1994; 2004; 2014). As próximas três subseções desta dissertação descrevem as três metafunções da GSF, focalizando, dentro de cada uma, nos aspectos utilizados neste estudo por questões de tempo e espaço..

(37) 37. 2.2.1.1 A Metafunção Ideacional A metafunção ideacional, a qual se concentra em representações de experiências, pode ser mapeada através do Sistema de Transitividade (HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). Sobre a metafunção ideacional, Fuzer e Cabral9 (2014, p. 39) afirmam que quando o indivíduo expressa a sua experiência do mundo material ou de seu mundo interior ( o de sua própria consciência), está usando o componente experiencial da metafunção ideacional da linguagem [...] A forma prototípica da experiência exterior corresponde a ações ou eventos, ou seja, coisas que acontecem , e atores fazem coisas ou levam-nas a acontecer. Já a experiência [interior] se constitui de lembranças, reações, reflexões e estados de espírito que se verificam no nível da consciência. Adicionalmente a esses dois âmbitos da experiência, o ser humano é capaz de fazer relações entre um e outro fragmento de sua experiência, seja através de identificação ou de caracterização.. O. Sistema. de. Transitividade. (HALLIDAY,. 1985;. 1994;. HALLIDAY;. MATTHIESSEN, 2004; 2014) consiste de Participantes, Processos e Circunstâncias, os quais são os componentes das orações. Há diferenças sobre o que se considera transitividade na gramática tradicional e na GSF. Na primeira, “transitividade refere-se à relação dos verbos com os seus complementos” (FUZER; CABRAL, 2014, p. 40), por sua vez a segunda considera transitividade a “descrição de toda a oração, a qual se compõe de processos, participantes e eventuais circunstâncias” (FUZER; CABRAL, 2014, p. 40). Os Participantes são as pessoas ou coisas representadas na língua e envolvidas ou afetadas por um Processo. Os Processos podem ser de seis tipos: Material, Comportamental, Mental, Verbal, Relacional e Existencial. As Circunstâncias servem para realçar e especificar os Processos em termos de localização, modo, contingência, ângulo, razão e assim por diante (HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). O Quadro 1 a seguir sistematiza os componentes do Sistema de Transitividade:. 9. As informações contidas na obra de Fuzer e Cabral (2014) são baseadas na extensa literatura prévia escrita por Halliday (1985; 1994) e HALLIDAY; MATTHIESSEN (2004; 2014) e em pesquisas próprias cuja base está na mesma literatura..

(38) 38. Quadro 1– Os componentes do Sistema de Transitividade e seus conceitos Categoria gramatical realizadora típica São os elementos centrais da Grupos verbais Processos configuração, indicando a experiência e se desdobrando através do tempo. São as entidades envolvidas Grupos nominais Participantes – pessoas ou coisas, seres animados ou inanimados -, as quais levam à ocorrência do processo ou são afetadas por ele. Indicam, opcionalmente, o Grupos adverbiais Circunstâncias modo, o tempo, o lugar, a causa, o âmbito em que o processo se desdobra. Fonte: Adaptado de Fuzer e Cabral (2014, p. 41). Componentes. Definição. Os Processos são o centro da oração de acordo com uma perspectiva ideacional, pois “a oração é, em primeira instância, sobre o evento ou estado em que os Participantes estão envolvidos” (THOMPSON, 2004). Uma prova para isso é o fato de que se nomeiam os Participantes de uma oração a partir da identificação do Processo. Sem a identificação do Processo, não é possível classificar os Participantes de maneira apropriada. A Figura 2 a seguir demonstra os seis tipos de Processos identificados pela GSF (HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). As palavras que aparecem fora do círculo são as que se referem à nomenclatura dos tipos de Processos:.

(39) 39. Figura 2 – Tipos de Processos e seus possíveis significados. Fonte: SOUZA; MENDES, 2012, p. 541 (adaptado de HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004, p. 172). As seis variedades de Processos juntamente com seus Participantes mais representativos são exploradas a seguir. Tipos de Processos originam tipos de orações. Assim, uma oração que contém um Processo material pode ser chamada de oração material GSF (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). As orações materiais podem ser definidas como as orações de “fazer e acontecer” (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). Os Processos materiais que se desenrolam nessas orações são um dos tipos mais salientes de Processos e constituem uma das categorias mais diversas dentro do Sistema de Transitividade (THOMPSON, 2004). Tais Processos referem-se a ações físicas: “correr, atirar, arranhar, cozinhar, sentar-se, e assim por diante” (THOMPSON, 2004, p. 90). O Participante que provoca um Processo material recebe o nome de Ator. A oração material pode conter apenas esse Participante, ou apresentar uma Meta – Participante afetado ou criado pelo Processo Material (THOMPSON, 2004). Exemplo 1 Michelangelo. Pintou. a Divina Comédia.. Ator. Processo Material. Meta. Fonte: Fuzer e Cabral (2014, p. 47)..

(40) 40. Exemplo 2 Surgiram. mercados alternativos.. Processo Material. Ator. Fonte: Fuzer e Cabral (2014, p. 47). Exemplo 3 He. had been shaving.10. Ator. Processo Material. Fonte: Thompson (2004, p. 90). Os Processos mentais são processos de sentir, desejar, pensar e perceber, não sendo tipos de ação (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). As orações mentais são aquelas que “se referem à experiência do mundo de nossa consciência” (FUZER, CABRAL, 2014, p. 54). Os Processos que as constituem sempre envolvem pelo menos um Participante humano ou humanizado, o qual vivencia o Processo (HALLIDAY & MATTHESSEN, 2014). Tais Participantes são denominados Experienciadores, já os Participantes que constituem o complemento desses Processos, denominam-se Fenômenos. Processos mentais indicam “afeição, cognição e desejo” (FUZER; CABRAL, 2014, p. 54). Exemplo 4 Em determinado (eu) tive que decidir e nas pessoas com momento, confiar quem trabalho. Circunstância Experienciador Processos mentais Fenômeno (elíptico) Fonte: http://www.superpride.com.br/2017/05/max-riemelt-do-sense8-fala-como-e-fazer-cenasde-nu-frontal.html Exemplo 5 She could hear Experienciador Processo mental Fonte: Thompson (2004, p. 92). 10. his voice. Fenômeno. É importante a apresentação de exemplos em língua inglesa, a qual é a língua em que o corpus dessa pesquisa se encontra..

(41) 41. Orações relacionais estabelecem entre seres/entidades, por isso possuem pelo menos dois Participantes (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). Tais orações dividem-se em dois tipos principais: atributiva e identificativa. A primeira tem como Participantes o Portador/Possuidor e o Atributo/Posse e denota a atribuição/posse de uma característica/algo a alguém/alguma coisa; por sua vez, a segunda possui o Identificado e o Identificador como seus Participantes e designa/determina identidade. (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014; FUZER; CABRAL, 2014; THOMPSON, 2004). Exemplo 6 A Netflix ainda não se a série “13 terá continuação. revelou Reasons Why” Oração projetante do Portador/Possuidor Processo relacional Atributo/Posse tipo verbal atributivo Fonte: http://www.superpride.com.br/2017/05/a-historia-de-hannah-ainda-nao-acabou-dizroterista-de-13-reasons-why.html Exemplo 7 (...) ela Identificado. ainda Circunstância. é o centro disso tudo. Processo relacional Identificador identificativo Fonte: http://www.superpride.com.br/2017/05/a-historia-de-hannah-ainda-nao-acabou-dizroterista-de-13-reasons-why.html Exemplo 8 His immediate objective Identificador. was Processo relacional identificativo Fonte: Thompson (2004, p. 99). the church. Identificado. Orações verbais são compostas pelos chamados processos do dizer (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014; THOMPSON, 2004). Tendo tal característica, esses Processos são capazes de atribuir discursos e informações a fontes exteriores, como é o caso do texto jornalístico (FUZER; CABRAL, 2014). Os Participantes mais recorrentes nesses tipos de orações são os Dizentes, quem fala, e a Verbiagem, o que é dito. Também podem aparecer Participantes como o Receptor, a quem é Verbiagem é dirigida, e o Alvo, entidade atingida pelo Processo verbal. Além desses Participantes, Processos verbais são capazes de projetar outras orações, que funcionam como Participantes e recebem os nomes de Citação ou Relato. Citação é a oração.

(42) 42. projetada geralmente introduzida pelo recurso das aspas, enquanto o Relato é a oração projetada pelo Processo diretamente sem tal recurso (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). Em língua portuguesa, o Relato é introduzido pelas conjunções que ou se (FUZER; CABRAL, 2014). Exemplo 9 Conforme a Polícia Militar (PM),. a avó da vítima. Circunstância. Dizente. contou. que o homem se aproveitou de que ela havia tomado remédio para dormir e abusou sexualmente da criança, que é neta dela. Oração projetada: Relato. Processo verbal Fonte: http://g1.globo.com/ro/ariquemes-e-vale-do-jamari/noticia/mulher-atira-tres-vezes-nomarido-ao-descobrir-que-ele-estuprou-neta-dela-de-9-anos-em-ro.ghtml Exemplo 10 “Claro que é algo que me preocupa porque não sei em que outro contexto esse material vai ser usado por aí. (...)” Dizente Processo verbal Oração projetada: Citação Fonte: http://www.superpride.com.br/2017/05/max-riemelt-do-sense8-fala-como-e-fazer-cenasde-nu-frontal.html Ele. afirmou:. Exemplo 11 I explained Dizente Processo verbal Fonte: Thompson (2004, p. 102) (adaptado). to her Receptor. the meaning. Verbiagem. Processos Comportamentais estabelecem-se entre os Processos Materiais e Mentais, apresentando traços de ambos (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014). As orações comportamentais (Ex. 12 e 13) referem-se “especificamente a processos humanos fisiológicos” (THOMPSON, 2004, p. 103). Tais orações costumam ter apenas um Participante, o qual é humano, o Comportante (THOMPSON, 2004). Às vezes, o Processo comportamental apresenta o Comportamento (Ex. 14), que funciona como um complemento do Processo (FUZER; CABRAL, 2014; THOMPSON, 2004). Exemplo 12 (Eu). Chorava. toda noite. (...).

(43) 43. Dizente (elíptico) Processo comportamental Circunstância Fonte: http://www.superpride.com.br/2017/05/ex-pastor-evangelico-conta-como-saiu-doarmario-apos-tentar-curar-gays.html Exemplo 13 He Stared Dizente (elíptico) Processo comportamental Fonte: Thompson (2004, p. 104). in amazement. Circunstância. Exemplo 14 Ele Deu um abraço. Dizente (elíptico) Processo comportamental Comportamento Fonte: sugestão da Professora Dra. Sara Regina Scotta Cabral após a defesa da dissertação. As orações existenciais representam algo que existe ou acontece (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014). Essas orações têm menor recorrência nos discursos se comparadas a outras; seu Participante típico é o Existente (FUZER; CABRAL, 2014), o que se pode observar nos exemplos 15 e 16. Exemplo 15 Não. Mas já. Há. caminhos pra voltar.. Elemento Processo Existencial Existente Interpessoal Fonte: Bem que se quis, Marisa Monte (https://www.letras.mus.br/marisa-monte/26825/) Elemento Textual. Exemplo 16 I know. There. ‘s. Something. in the wake of your smile. Circunstância. Oração mental Processo Existente projetante Existencial Fonte: Listen to your heart, Roxette (https://www.letras.mus.br/roxette/34460/). O Quadro 2 a seguir apresenta um resumo dos Processos e seus principais Participantes..

(44) 44. Quadro 2 – Processos e seus Participantes Tipo de Processo. Participantes. Material. Ator, Meta, Escopo, Atributo e Beneficiário. Mental. Experienciador e Fenômeno. Relacional. Portador/Possuidor e Atributo/Posse ou Identificador e Identificado. Verbal. Dizente, Verbiagem, Receptor e Alvo. Comportamental. Comportante e Comportamento. Existencial. Existente. Fonte: Autor. Com base em HALLIDAY; MATTHIESSEN (2014), Fuzer e Cabral (2014) e Thompson (2004). Outro elemento do Sistema de Transitividade (HALLIDAY, 1985; 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004; 2014) são as Circunstâncias. Para Fuzer e Cabral, “As Circunstâncias adicionam significados à oração pela adição do contexto em que o processo se realiza. São usualmente realizadas por grupos adverbiais ou por grupos preposicionais e podem ocorrer livremente em todos os tipos de processos” (2014, p. 53). Thompson afirma que “Circunstâncias [...] essencialmente codificam o pano de fundo no qual o Processo se desenrola” (2004, p. 109). Dessarte, podemos afirmar que as Circunstâncias são capazes de englobar a oração inteira. Imaginemos a oração como uma esfera com três camadas: a primeira é representada pelos Processos, o centro; a segunda camada envolve a primeira, é representada pelos Participantes engajados nos Processos, já a terceira camada, a mais externa, envolve a segunda e, consequentemente, a primeira, sendo representada pelas Circunstâncias onde Processos e Participantes se encontram. O Quadro 3 a seguir apresenta tipos e subtipos de Circunstâncias. Logo em seguida, alguns exemplos em orações são mostrados..

(45) 45. Quadro 3 – Tipos de Circunstâncias e seus subtipos Tipos 1. Extensão. 2. Localização. 3. Modo. 4. Papel. 5. Acompanhamento. Subtipos a. Distância. Dois metros, três centímetros. b. Duração. Meia hora, um minuto. c. Frequência. Duas/três/quatro vezes. a. Espaço. Na casa, no Brasil. b. Tempo. Antes, depois. a. Meio b. Qualidade. Por meio de , com [um martelo] Rápido, juntos. c. Comparação. Como, diferentemente. d. Grau. Muito, completamente. a. Guisa. Como, na forma de. b. Produto. Em [um problema]. a. Comitativo. Com [o professor], sem [o professor] Além de, bem como. b. Aditivo 6. Causa. c. Benefício. Por causa de, como resultado de Para [conseguir dinheiro], com o propósito de Por [mim], pelo bem de. a. Condição. No caso de, no evento de. b. Concessão. Apesar de, mesmo que. c. Falta. Na falta de, sem. a. Razão b. Propósito. 7. Contingência. 8. Assunto. Exemplos. Não apresenta subtipo. Sobre, em relação a. De acordo com, nas palavras de No ponto de vista de, para b. Ponto de vista [Halliday] Fonte: Adaptado de Souza (2015a, p. 39. Adaptado de HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004, p. 262). 9. Ângulo. a. Fonte.

Referências

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