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CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA LITERATURA

6. Obra como um todo Em termos dos níveis inferiores, o trabalho pode ser mais ou menos classificável como

3.2 PROCEDIMENTOS ANALÍTICOS 1 Análise Contextual

A análise contextual, um dos pilares da ACG (MOTTA-ROTH, 2008; MOTTA- ROTH; HEBERLE; 2015), constitui a investigação do contexto no qual os textos circulam. Para uma melhor compreensão da função social de textos, é necessário que o pesquisador de alguma forma esteja imerso no contexto de produção, distribuição e consumo de tais textos.

Seguindo parte da metodologia utilizada por estudos prévios com AAVPPs (SILVA, 2015a; SOUZA, 2015a), a análise contextual deste estudo foi realizada com ênfase no contexto de produção, a partir de documentos e seções autoexplicativas encontradas no próprio sítio eletrônico do periódico JoVE. As informações coletadas através da análise contextual são utilizadas para a uma interpretação mais precisa dos dados textuais.

Resumidamente, os passos seguidos para análise contextual foram:

a) levantamento de textos/documentos publicados no sítio de periódico JoVE que façam referência às características do periódico bem como suas políticas de publicação;

b) leitura desses textos/documentos para a obtenção de informações relevantes sobre o periódico e

c) interpretação dessas informações juntamente à análise textual.

O Quadro 10 a seguir apresenta os documentos e seções observados para a análise contextual.

Quadro 10 – Documentos e seções utilizados na análise contextual

Documentos/Seções Link Referência

Sobre (About) https://www.jove.com/about JOVE, 2017ª

Processo de publicação (Publishing process)

https://www.jove.com/publish/ JOVE, 2017b

Políticas Editoriais (Editorial policies) https://www.jove.com/author/editorial -policies JOVE, 2017c Recomendar a bibliotecário (Recommend to librarian) https://www.jove.com/subscribe/reco mmend-to-librarian JOVE, 2017d Instruções para autores

(Instructions for authors)

https://www.jove.com/files/Instruction s_for_Authors.pdf

JOVE, 2017e Fonte: Elaborado pelo autor.

3.2.2 Análise Textual

A análise textual desta dissertação preocupa-se com a interação entre os grandes modos semióticos que compõem os AAVPPs – verbal e visual. Para se chegar a essa análise, os passos adotados foram: a) transcrição da linguagem verbal oral; b) parcelamento da linguagem visual; c) obtenção da unidade mínima de análise através do agrupamento das linguagens; d) descrição léxico-gramatical verbal (via GSF); e) descrição léxico-gramatical imagética (via GDV e planos cinematográficos); f) identificação e classificação de relações intersemióticas a partir das descrições léxico-gramatical verbal e léxico-gramatical imagética; g) contagem e tabulação dos tipos de relações intersemióticas encontradas e h) interpretação dos dados considerando a análise contextual e os estudos prévios sobre os AAVPPs (SOUZA, 2015a; SILVA, 2015a).

O primeiro passo – transcrição da linguagem verbal – é de extrema importância, pois ela transforma a língua oral em língua escrita, possibilitando sua visualização para uma posterior análise. O segundo passo – parcelamento da linguagem visual – consistiu na segmentação do texto imagético dinâmico (em movimento), a fim de encontrar uma unidade mínima de análise da imagem ainda em movimento para executar o terceiro passo. A unidade mínima escolhida para a análise foi a Tomada ou Mise-en-Scène, conforme explicado na subseção 2.2.4 (IEDEMA, 2001; O’HALLORAN, 2004b) uma vez que ela abrange a última instância de uma imagem em movimento dentro de um espaço-tempo sem cortes de câmera e, portanto, sem perda de conteúdo para o funcionamento das metafunções e significados. Claramente, a representação das Mise-en- Scènes nesta dissertação se dá através de quadros – imagens estáticas – devido à impossibilidade de representar imagens em movimento em um texto impresso.

O terceiro passo - obtenção da unidade de análise através do agrupamento das linguagens – se deu através do agrupamento do texto verbal oral com o espaço-tempo das MSVVs. Dessa forma, obteve-se o que denominamos Mise-en-Scène verbo-visual (MSVV): uma Mise-en-Scène acompanhada de um texto verbal oral. Seguindo esse critério de agrupamento, nas MSVVs pode haver mais de uma oração para ser analisada. As MSVVs foram tomadas como ponto de partida não porque o visual é mais importante que o verbal, mas porque elas são mais abrangentes, englobando o verbal em uma ou mais orações (unidades mínimas de análise na GSF). Se o olhar dado por esta pesquisa fosse logocêntrico, teríamos privilegiado a oração, mas com isso precisaríamos tracionar as MSVVs e o paralelismo analítico que buscamos se perderia.

O quarto passo - descrição léxico-gramatical (via GSF) – aconteceu dentro das MSVVs. A linguagem verbal (já transcrita) foi classificada de acordo com Sistema de Transitividade da metafunção ideacional, buscando a identificação de Participantes, Processos e Circunstâncias (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014). Além disso, a linguagem verbal também foi classificada de acordo com o Modo Oracional da metafunção interpessoal e com a Estrutura Temática da metafunção textual, buscando a identificação dos Temas Tópicos (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014).

O quinto passo - descrição léxico-gramatical imagética (via GDV) – também foi realizado dentro das MSVVs (sem congelamento de imagem). A linguagem visual foi classificada de acordo com os Significados Representacionais da GVD, buscando a identificação de Estruturas Narrativas e Conceituais (KRESS & VAN LEEUWEN, 2006). Ademais, a linguagem visual também foi classificada de acordo com a categoria de Contato, pertencente aos Significados Interativos e a categoria de Valor da Informação, pertencente aos Significados Composicionais da GDV (KRESS & VAN LEEUWEN, 2006).

A partir do sexto passo - reconhecimento e identificação de relações intersemióticas – começamos a verificar se ambas as linguagens eram capazes de se articularem, a fim de atingirem um propósito comunicativo comum. Nesse sentido, critérios para a construção de relações intersemióticas (que serão discutidos no Capítulo 4) foram pensados e identificados. Em seguida, as relações intersemióticas foram descritas, contadas e tabuladas (sétimo passo) - para verificar a função de cada uma delas no AAVPP analisado, considerando o conceito de especialização funcional (KRESS, 1997). Finalmente as relações intersemióticas foram interpretadas (oitavo

passo) considerando a análise contextual e estudos prévios com os AAVPPs (SOUZA, 2015a; SILVA, 2015a) com vistas à ACG (MOTTA-ROTH, 2008; MOTTA-ROTH; HEBERLE; 2015).