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The new age Concepts of Energy: the case of the Brazillian Naturology

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Academic year: 2021

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Resumo: objetivou-se explorar como o termo “energia”, emprestado da área científica, é

articulado no meios novaeristas, estudando o caso da naturologia. Analisamos artigos, projetos pedagógicos e uma dissertação sobre os cursos de naturologia brasileiros. A energia foi entendida como aquilo que mantém coeso o processo terapêutico. Identificamos também que alguns naturólogos alegam que essa no-ção de energia os fragiliza academicamente.

Palavras-chave: Naturologia. Nova Era. Curas energéticas. Religião e saúde.

A

palavra “energia” tem sido utilizada largamente no universo da Nova Era, em especial nas terapêuticas que lidam com saúde e bem-estar. Trata-se de um ter-mo êmico ressignificado pelos adeptos da Nova Era de um conceito tomado por empréstimo da área científica. Embora haja algumas analogias possíveis entre as concepções científicas e novaeristas de energia, o conceito de energia também recebe na Nova Era outros significados, servindo à legitimação de suas práticas principalmente no que tange à sua necessidade de afirmação como um discurso cientificamente comprovado. A naturologia constitui-se como uma área da saú-de profundamente marcada pelos pensamentos da Nova Era (STERN, 2015) e, consequentemente, a noção de energia é utilizada como elemento central em seu sistema médico. O presente artigo procura refletir sobre a ideia de energia no

Silas Guerriero**, Fábio L. Stern***

CONCEPÇÕES DE ENERGIA

NA NOVA ERA: O CASO DA

NATUROLOGIA BRASILEIRA

*

–––––––––––––––––

* Recebido em: 30.12.2016. Aprovado em: 25.03.2017.

** Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciência da Religião da PUC-SP. E-mail: silasg@pucsp.br .

*** Doutorando em Ciência da Religião na PUC-SP. Bolsista da Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: caoihim@gmail.com

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campo da Nova Era e como esse termo tem sido utilizado na naturologia brasilei-ra. Utiliza-se, para tanto, o arsenal teórico da ciência da religião e de áreas afins. O recorte sobre o campo da naturologia se justifica na medida em que se trata de uma área relativamente recente no Brasil, que ganha um número cada vez maior de adeptos e, principalmente, que luta para alcançar um reconhecimento acadêmico no campo das ciências da saúde e uma legitimação social no âmbito das práticas terapêuticas de cura.

Em um primeiro momento serão tratados nesse artigo os aspectos mais gerais da cons-tituição do termo energia, oriundo do campo científico, ressignificado pela Nova Era e pelos sistemas médicos dela decorrentes. Em seguida as caracte-rísticas gerais da naturologia no Brasil e sua percepção do termo energia serão abordadas. No terceiro item serão apresentadas as estratégias que a naturologia utiliza para a aferição da energia. Na sequência, procurou-se elencar pontos de uma discussão dessa utilização entre os naturólogos brasileiros, encerrando com algumas considerações finais acerca da temática trabalhada.

A ENERGIA DA NOVA ERA

O significado da palavra “energia” pode ser procurado etimologicamente em suas ori-gens gregas1, compreendendo algo relacionado ao trabalho entre dois entes ou sistemas, resultando na realização de alguma ação. Mas é no seio da ciência moderna que o conceito de energia ganhou sua forma mais usual nos dias atuais. Trata-se de um dos conceitos essenciais da física e, por extensão, também é aplicado a outros campos, como a química e a biologia.

O mais importante aos propósitos desse artigo é a ideia de que energia está relacio-nada, em termos científicos, à noção de causa e consequência na medida em que algo provoca uma ação a outrem devido ao seu potencial energético. Em outras palavras, diz respeito à capacidade de por em movimento ou interferir em algo. Assim, todos os corpos teriam, em potencial, energia capaz de provo-car mudanças nos sistemas em que estão inseridos. Essa capacidade, seja em potencial ou em ação, é possível de ser mensurada em termos experimentais. Ou seja, de ser comprovada cientificamente.

Sem quer entrar em detalhamentos do conceito em toda sua complexidade científica, o importante é perceber como tal conceito tem sido empregado no senso comum e, por conseguinte, ressignificado em algumas concepções religiosas, como no caso da Nova Era. Por vivemos em uma sociedade dominada por um discurso científico que apregoa a noção de verdade, o termo energia passou a ser tão utilizado ao ponto de ter sido, inclusive, vulgarizado. Para muitos, inclusive crentes de diferentes religiões não novaeristas, se algo que acreditam ainda não possui comprovação científica, não se trata de uma deficiência da crença

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religiosa, mas de uma incapacidade momentânea da ciência, que um dia ainda comprovará aquilo que as verdades religiosas apregoam. “Trata-se de uma questão de tempo”, como dizem. Essa interferência no campo dos saberes acaba, ao término de tudo, por delegar à ciência a verdade última na sociedade moderna secular.

Não foram poucas as transposições realizadas por correntes religiosas e esotéricas que buscaram apoio em leituras particulares dos conhecimentos científicos de cada momento histórico. Alguns exemplos são o magnetismo animal defendido por Mesmer (1734-1815), baseado nos princípios físicos das atrações magnéticas, as proposições de Alan Kardec (1804-1869) sobre a teoria do éter, até então uma teoria da física, como base de explicação para o fluído cósmico por onde atuariam os espíritos, e também as utilizações atuais da física quântica para explicar uma série de fenômenos anômalos no campo dos esoterismos e das religiões.

Esse movimento de busca por legitimação dos discursos religiosos e esotéricos através de embasamento científico pode ser compreendido a partir do que Hanegraaff (1999) denomina como “religião secular”. O que Hanegraaff (1999, p. 148-9, 153-5) aponta como importante é o fato de que diferente de outras correntes esotéricas, as denominadas espiritualidades seculares só são possíveis após a secularização empreendida pela sociedade moderna. As espiritualidades mís-ticas surgiam em um meio religioso tradicional, mas essas que buscam apoio na ciência moderna constroem seus sistemas simbólicos a partir de conteúdos seculares (HANEGRAAFF, 1998, p. 67-9). Um exemplo típico disso é a Nova Era (GUERRIERO, 2014, p. 921-3, 927-8).

Hammer (2006, p. 856) afirma que para a Nova Era o cosmo vai muito além da matéria, e é composto por uma substância geralmente identificada como uma espécie de energia ou consciência que forma todo o universo. Os humanos contêm uma centelha dessa energia cósmica, capaz de ser utilizada para mudar nossa própria realidade. Mas o conceito de energia é utilizado também em outros âmbitos, passando a ser uma espécie de coringa que serve para explicar dife-rentes situações. Hammer (2006, p. 857) afirma que a canalização

(channe-ling) – processo que permite a um especialista servir de canal para o que é de-nominado como “realidade cósmica” atuar – só pode acontecer quando há um equilíbrio da energia universal. Aos adeptos não interessa muito a explicação da racionalidade, da composição e do funcionamento dessa energia, visto que a racionalização em si é desvalorizada em detrimento das sensibilidades emo-cionais. Assim, um discurso que apele para o elemento “energia” é acatado como significativo e plausível, visto que a energia é como se fosse o princípio de tudo e o todo universal responsável pela ordem do cosmos; uma espécie de divindade secular.

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As práticas terapêuticas da Nova Era, segundo Hammer (2006, p. 861) afastam-se ra-dicalmente de qualquer modelo biomédico. Semelhante ao mesmerismo ou mesmo à cura reikiana, tais práticas compreendem um campo de energia do ser humano que se estende para além dos limites do corpo físico. Convém res-saltar que a Nova Era não criou essas concepções a partir do nada, mas retirou muitos de seus elementos de tradições religiosas antigas e tradicionais, mesmo que reformuladas. Fuller (2005, p. 3850) lembra que a quiropraxia é um belo exemplo de uma prática de cura anterior à Nova Era que foi por ela apropriada. Daniel Palmer (1845-1913), seu fundador, estudou o espiritismo e o mesme-rismo e concluiu que há uma energia vital no universo que é a fonte última de saúde e de vitalidade do corpo. Para ele essa energia é um segmento da divindade ou inteligência universal que preenche todo o universo (FULLER, 2005, p. 3850).

Uma prática terapêutica oriunda do Japão muito difundida na Nova Era é o reiki, uma forma de cura pela imposição das mãos. Criado em princípios do século XX pelo monge budista Mikao Usui (1865-1926), foi transplantado às Américas pela nipo-americana Hawayo Takata (1900-1980) através do Havaí, entre as décadas de 1930 e 1940. A partir dos anos 1970, foi sendo incorporado às prá-ticas terapêuprá-ticas novaeristas e hoje é muito popular no meio, possuindo mais de 30 vertentes distintas. Os princípios do reiki dizem respeito ao processo de canalização do ki, versão japonesa do qì da China Antiga. Na medicina chinesa o qì é responsável pela saúde e bem-estar geral, e é o mesmo princípio mane-jado na acupuntura e outras práticas, como a moxabustão e a massagem tuī ná. Esse qì (ou ki) foi logo traduzido como “energia universal” na Europa e nas Américas. No entanto, não há qualquer evidência de sua existência através dos instrumentos científicos atuais.

Essa tradução para “energia” – sem possuir, no entanto, ligação direta com o conceito científico de energia – possibilitou a compreensão desse princípio metafísico do leste asiático pelos praticantes ocidentais, além de corroborar na plausibi-lidade do processo. Ademais, é também notada uma correlação no que diz respeito ao princípio de causalidade. Enquanto na física moderna a energia é responsável pelo movimento ou modificação do estado da matéria, o qì seria responsável pela transformação e modificação das coisas. E aqui é im-portante ressaltar que não se trata apenas da dimensão material. Essa energia cósmica seria capaz, como num processo de causa e efeito, de provocar modi-ficações no corpo e no espírito das pessoas.

Nesse sentido, a tradução do termo qì não é apenas literal, mas também semântica. Como consequência, o que se tem é um conceito retirado do campo científico ressignificado em um campo espiritual e religioso. Embora não se reconheça dessa forma, sua plausibilidade está justamente na passibilidade da explicação

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causal, garantindo sua legitimidade de uso pelos meios novaeristas. Todavia, uma observação é importante de ser registrada. No discurso da Nova Era tanto quanto no dos praticantes da naturologia há uma rejeição à noção de causa e efeito, tidos como representantes de uma ciência materialista e mecanicista. Deverá surgir uma nova ciência, ou “nova aliança” (PRIGOGINE; STEN-GERS, 1997), unindo ciência e espiritualidade, cujas causalidades são múlti-plas e circulares, e não lineares como na física newtoniana. No entanto, que a concepção novaerista de energia assume um caráter causal, apesar das críticas à causalidade de seus adeptos, não é discutido ou aprofundado no próprio meio da Nova Era.

Ao longo do processo de formação das noções básicas da Nova Era, o conceito de energia ganha variações conforme suas aplicações e, principalmente, suas fontes sur-gem. Leila Amaral chama a atenção para algumas dessas variações quando re-trata a “cura harmônica” e a “cura xamânica”. A cura harmônica se daria pela difusão e apropriação da teoria do fluído invisível de Mesmer e da doutrina da correspondência de Swedenborg (1688-1772), que preconiza a ressonância entre as esferas terrenas e celestiais (AMARAL, 2000, p. 62). A cura (neo)xamânica, por sua vez, utiliza a energia primal, aquela que estaria no mínimo indivisível e seria comum a tudo o que existe no universo (AMARAL, 2000, p. 65).

Embora, como foi visto, trate-se de algo metafísico, o elemento “energia” também é algo físico, responsável pela transformação radical que o sujeito da Nova Era está procurando. A ideia de uma força xamânica, do axé africano e outras classificações entram no mesmo modelo de reforçar a crença nessa energia pri-mordial. Se há movimento e transformação no universo, é porque, acreditam, deve haver uma energia controlando ou provocando tudo isso.

D’Andrea (2000, p. 74) define a energia da Nova Era como sua crença basilar e estru-turante. Energia é a categoria que interliga o corpo, o espírito, a natureza e o cosmos. Embora abstrato, os adeptos da Nova Era creem que se trata de algo concreto, que pode ser manipulado e utilizado em benefício próprio. Para o autor, a energia pode adquirir diferentes formas e densidades, de acordo com a dimensão, ambiente ou vibração mental (D’ANDREA, 2000, p. 74). A energia imanente no universo pode ser manipulada e transformada em bioenergia, ou até mesmo em força do pensamento.

Em síntese, o conceito de energia foi uma tradução e ressignificação de elementos ou-tros oriundos de universos religiosos e metafísicos muito distintos. Ao serem traduzidos como “energia”, um conceito científico, ganharam uma conotação secular, corroborando com a ideia defendida pelos novaeristas de que esses elementos preconizados pela Nova Era não são religiosos, mas científicos. E se a ciência ainda não consegue medir essa energia é porque ela ainda não alcançou o patamar holístico de junção da matéria e do espírito.

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Todos esses acadêmicos estudiosos da Nova Era acabam por afirmar o lugar central da categoria “energia”. Convém, agora, olhar mais especificamente para sua aplicabilidade no campo da saúde, utilizando o caso da naturologia e como ela lida com esse conceito de energia.

A NATUROLOGIA E SUA CONCEPÇÃO DE ENERGIA

Segundo Hellmann (2009, p. 76), “a naturologia é uma graduação da área da saúde que propõe o cuidado integral ao ser humano”2. Pautada em uma abordagem vitalista (TEIXEIRA, 2013, p. 50), seu objetivo é a formação de terapeutas para trabalhar com práticas integrativas e complementares (SILVA, 2012, p. 19), também conhecidas vulgarmente como “terapias alternativas” ou “tera-pias naturais”. Atualmente cursos de naturologia são ofertados por duas uni-versidades brasileiras com reconhecimento pelo MEC: a UNISUL, na Grande Florianópolis, e a UAM, na cidade de São Paulo.

Os cursos de naturologia sempre reconheceram uma dimensão energética ao processo de “interagência”, termo oficializado em 2001 por Denise Régio Gomes para um projeto de extensão do curso da UNISUL que se tornou o eixo central do ensino da naturologia no Brasil (CARMO; COBO, HELLMANN, 2012, p. 37; TEIXEIRA, 2013, cap. 2). Segundo Barros e Leite-Mor (2011), a interagência é a própria forma de atendimento terapêutico praticado na naturologia, pauta-da em uma proposta de relação horizontalizapauta-da, denominando quem procura o naturólogo como “interagente”, em oposição a termos como “paciente” (que denota postura passiva) e “cliente” (que possui viés comercial).

No entanto, embora a interagência observe modesto desenvolvimento epistemológico na última década3, as concepções de energia e sua articulação com a intera-gência se mantêm pouco exploradas pelos estudiosos da área, sendo usual-mente relegadas ao segundo plano nas pesquisas sobre naturologia. Conforme declara Teixeira (2013, p. 52), “existe certa dificuldade dos interlocutores em racionalizar e verbalizar a noção de energia. De acordo com eles, isto se deve ao fato dessa energia ser menos acessível à razão que à sensibilidade”.

Pelo entendimento de que a ciência das religiões possibilita instrumental para estudar como se articular essa dimensão metaempírica, extramaterial, a naturologia foi selecionada como estudo de caso. Entretanto, sob a égide do agnosticismo metodológico, não esteve em foco a eficácia das práticas naturológicas – isso é irrelevante ao propósito do estudo. O objetivo desse trabalho foi identificar as formas como a dimensão energética da terapia naturológica foi abordada, através da bibliografia produzida pela própria área da naturologia no Brasil. Utilizou-se, para tanto, textos publicados nos cinco livros editados oficialmen-te4 pela naturologia que contivessem a palavra “naturologia” no título, os

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arti-gos presentes nas duas edições temáticas sobre naturologia da revista

Cader-nos Acadêmicos, e os artigos das cinco edições dos Cadernos de Naturologia

e Terapias Complementares disponibilizadas on-line até o fechamento desse artigo. Além disso, foram utilizados os projeto pedagógico das graduações de naturologia reconhecidas pelo MEC, além de alguns TCC selecionados por conveniência. A dissertação de Teixeira (2013), a pesquisa que mais se debru-çou sobre o tema até o momento, também foi utilizada.

O ensino formal de naturologia existe no Brasil desde 1994, fundado na Faculdade Espírita de Curitiba como um curso sequencial, tornando-se em 1998 um ba-charelado em Santa Catarina pela UNISUL (SILVA, 2012, p. 39). Usualmente não são explorados os muitos movimentos e tendências que emergiram e eva-nesceram no campo da naturologia desde seu surgimento. Apesar do primeiro curso ter sido fundado há mais de duas décadas, ainda domina a tendência, entre os pesquisadores da história da naturologia, de não abordar os aconte-cimentos posteriores à abertura dos cursos5. Entretanto, um esboço para um modelo dessas etapas pelas quais a naturologia passou historicamente no Bra-sil é apresentado no editorial do livro Naturologia: Diálogos e Perspectivas:

A primeira fase estaria bastante identificada com o contexto próprio da con-cepção inicial do curso, fortemente marcado pela perspectiva cultural da Nova Era e com viés voltado para a educação. A segunda fase aproximou e reforçou a relação da naturologia com as ciências biológicas e com o modelo biomédico. Diríamos que a naturologia está em sua terceira fase, bem mais madura que a das [sic.] fases iniciais (RODRIGUES et al., 2012, p. 13).

Atenta-se que, como um esboço, esse modelo não goza do status de oficialidade, ao ponto de nunca ter sido plenamente desenvolvido posteriormente por seus autores. Porém, ele é utilizado nessa pesquisa pela inexistência de outro no campo da naturologia. É importante apontar alguns pontos no que diz respeito a essa divisão. Primeiramente, essas fases não estão cristalizadas cronologi-camente, e as fronteiras de onde começam e terminam não são absolutas. Em segundo lugar, o modelo é mais bem aplicado se entendermos que cada fase representa o discurso dominante do período (ou, apropriadamente, o discurso das lideranças de cada época). Sendo assim, as fases dizem respeito à tendên-cia mais observada, não isentando o campo de ideias divergentes. É possível encontrar produções e profissionais mais inclinados aos valores da segunda fase durante o período que, usualmente, é considerado que dominou o pensa-mento novaerista e vice-versa.

Será possível perceber que as noções de energia presentes na produção dos naturólo-gos, apresentadas a seguir, refletem uma pluralidade de tendências pelas quais

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a naturologia passou em sua história no Brasil, embora sua principal orienta-ção se mantenha alinhada aos valores novaeristas sobre energia, abordados na seção anterior desse artigo.

Segundo Fuller (2005, p. 3850), a popularização de abordagens vitalistas promoveu uma profusão de terapias baseadas na crença da existência de energias sutis e sua eficácia de cura. Dentre os sistemas citados pelo autor, notam-se práticas como mesmerismo, quiropraxia, acupuntura, toque terapêutico, āyurveda, cakrás, cristaloterapia, iridologia e (neo)xamanismo – esses cinco últimos atestados nas matrizes curriculares e projetos pedagógicos dos cursos de naturologia6. Considerando as origens novaeristas da naturologia brasileira, não é surpresa que

Tei-xeira (2013, p. 33) considere que um de seus pilares seja a dimensão energéti-ca. A naturologia reconhece uma dimensão metaempírica nas terapias vitalis-tas, ou seja, haveria uma força vital sem a qual a vida não poderia existir. Por consequência, a doença é entendida como resultado de deficiências dessa força vital. Diferentemente de outras correntes religiosas, nas quais essa força pode ser entendida simplesmente como “Deus”, na Nova Era ela é corriqueiramente identificada como “energia vital”. Entretanto, apenas uma minoria dos textos produzidos nas duas décadas de existência de cursos superiores de naturologia no Brasil explica o que significa energia na concepção dos naturólogos.

Teixeira (2013, p. 51) , o pesquisador que melhor se debruçou sobre o tema até agora, comenta que “a noção que os naturólogos apresentam acerca de energia está muito mais voltada às reflexões filosóficas geradas pelo advento da física tica”; noção idêntica ao que Pessoa Júnior (2011) chama de “misticismo quân-tico” e que é identificado na Nova Era por Hanegraaff (1999). O que gira ao redor disso é a imagem de uma partícula que é ao mesmo tempo onda, dando o aporte simbólico para concluir, então, que a mente/alma e o corpo também são a mesma coisa. Isso, conforme explica Hanegraaff (1999, p. 148), provoca a impressão de ser possível fazer ciência integrando o metaempírico, descon-siderado na ciência cartesiana.

Segundo Pessoa Júnior (2011, p. 281-282), no âmbito da física, a mecânica quântica é um assunto altamente técnico, envolvendo problemas complexos em nível micros-cópico que não se aplicam estritamente à realidade macroscópica cotidiana. Mas a imagem da partícula subatômica que paradoxalmente é uma onda possui um apelo imaginário tão grande que foi apropriada e se popularizou pelo senso comum. Como sua construção simbólica se deu por elementos científicos, gera-se a falsa impressão de que esse pressuposto interpretativo também é científico, e quem o invoca acredita estar fazendo uma crítica fundamentada a uma visão mecanicista e ultrapassada de mundo (HANEGRAAFF, 1999, p. 148).

Essa exaltação do paradigma quântico, muito cara à Nova Era (HANEGRAAFF, 1998, cap. 3; HANEGRAAFF, 1999, p. 147-9), transparece na produção da

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naturo-logia brasileira ao abordar a questão da energia. Um exemplo de como essas interpretações se dão entre os naturólogos pode ser observado em um dos dois únicos artigos publicados até o momento sobre a medicina (neo)xamânica en-sinada no curso de naturologia da UNISUL:

[...] a compreensão das leis da física que regem o antagonismo de energia são de vital importância para que se inicie o processo de empoderamento do indivíduo, pois, é a partir da interação e do entendimento dessa intensa rede de movimentos que se faz possível respeitar o espectro inteiro da consciência, não apenas na es-fera do eu, mas também nas eses-feras cultural, comportamental e social, unificando todas as manifestações do homem, enfatizadas por uma visão íntegra, verdadeira e ampliada das suas experiências de vida (SILVA; MARIMON, 2011, p. 79). A declaração de Paschuino (2014, p. 77) de que “se a consciência de uma pessoa se

desequilibra, o fato se torna visível e palpável na forma de sintomas corporais” reflete o pressuposto naturológico de que o corpo pode manifestar coisas que vão além da dimensão física, sendo ele um reflexo da condição energética e psicológica. Sobre isso, Teixeira explica que os naturólogos declaram que

[...] é possível sentir e perceber como está energeticamente uma pessoa obser-vando pequenos gestos, como a forma com que a pessoa entra no consultório, como caminha, seu tom de voz, sua postura, a forma como se acomoda na ca-deira ou na maca, entre outros (TEIXEIRA, 2013, p. 52).

Para os naturólogos, podem existir padrões energéticos profundos por trás de nódulos musculares, dores, tremores, expressões faciais, do pulso, e até mesmo da tex-tura e coloração da pele, da língua ou da íris de uma pessoa. Com base na ideia de que a doença é reflexo de uma desconexão com a totalidade, “é a energia que mantém esta totalidade coerente, que liga todas as coisas, que permeia todo ser e todo ambiente: é a expressão do movimento desta totalidade” (TEI-XEIRA, 2013, p. 52).

Da mesma forma que na Nova Era o determinante do sucesso de uma terapia não é a prática utilizada, mas a possibilidade de expansão/transformação da cons-ciência e o aprofundamento do autoconhecimento (AMARAL, 2000, p. 61, 67; FULLER, 2005, p. 3851-2), uma noção próxima a isso aparece no artigo de Esteves (2013), quem declara que são os insights do interagente, ao longo da interagência, que permitem em terapia novas configurações e movimentos energéticos. Os naturólogos consideram que esses insights podem ser promo-vidos independente da prática terapêutica escolhida, desde que seja aplicada a abordagem correta – ou seja, desde que aconteça a interagência de fato.

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Teixeira (2013, p. 53) explica também que alguns naturólogos consideram que “uma prática energética auxilia a desfazer um padrão energético negativo, mas, sem uma mudança de hábitos, este padrão negativo volta a se repetir”. Essa con-cepção se aproxima da crença novaerista de que é necessário desvendar os significados ocultos por trás das doenças (HANEGRAAFF, 1998, p. 54). Sem esse aprendizado, o processo de cura não estaria completo, abrindo margem para que novas doenças se manifestem.

Como é percebido, boa parte do que foi escrito sobre energia na naturologia se apro-xima bastante da forma como a Nova Era entende energia. Possivelmente isso se dá porque após o segundo período na história da naturologia, a fase biolo-gicista, as coordenações adotaram uma postura de silenciar abordagens no-vaeristas. Assim, mesmo textos que criticam as abordagens energéticas são raramente observados após esse período. Teixeira menciona que essa resistên-cia se deu “sob a alegação de que deveríamos [os naturólogos] evitar questio-namentos quanto à cientificidade da naturologia” (TEIXEIRA, 2013, p. 28). Nesse sentido, produzir algo para questionar as abordagens energéticas seria o mesmo que reconhecer sua existência no campo. Isso abriria margens para possíveis críticas da legitimidade da naturologia, um risco que as lideranças não estavam dispostas a correr. Aparentemente esse resguardo ecoa até hoje. Produções atuais com ênfase na dimensão energética da naturologia ainda são praticamente inexistentes.

AS FORMAS DE AFERIÇÃO DE ENERGIA

Mesmo com o desincentivo em pesquisar sobre energia no segundo período histórico da naturologia brasileira, os naturólogos sempre utilizaram terapias vibracio-nais ou energéticas em sua práxis. Apesar das reformulações que sofreram ao longo desses vinte anos, as grades curriculares dos cursos da UNISUL e UAM de todas as épocas possuem unidades de aprendizagem sobre florais de Bach, iridologia, cromoterapia, medicina chinesa e medicina antroposófica (STERN, 2015, p. 213-30). Todavia, assim como os poucos textos de naturólogos que fala sobre energia, as produções que descrevem formas de aferir energia na naturologia derivam ou possuem características fortes de sua fase novaerista. Segundo a etnografia de Teixeira (2013, p. 52), a maioria dos naturólogos utiliza

so-mente sua própria sensibilidade para verificar o estado energético de seus inte-ragentes. Outros, conforme observado no material analisado, recorrem a uma miríade de métodos que também são encontrados em contextos novaeristas: fisiognomonia, reflexologia, iridologia, bioeletrografia, pêndulos, ryīdīraku, BDORT, radiestesia, cinesiologia etc. – alguns desses mais ou menos popula-res de acordo com a fase que se observa.

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Por exemplo, Oliver (2008, p. 72) descreve, em seu relato de experiência, a avalia-ção através do pulso, da fisiognomonia (avaliaavalia-ção facial), da glossognomonia (avaliação da língua), e por um pêndulo de cristal para aferir o quadro energé-tico de seu interagente.

Para verificar o coeficiente de energia de seus interagentes antes e/ou depois dos aten-dimentos, tanto Rohde (2008, p. 88) quanto Gemelli e Marimon (2011, p. 82) adotaram o ryīdīraku, aparelho japonês que mede o fluxo de corrente elétrica em determinados pontos eletropermeáveis da pele (HYāDā, 1975). Usualmente as leituras de eletrobioimpedância resultantes do ryīdīraku costumam ser in-terpretadas como relacionadas aos meridianos da medicina chinesa. E surgem, então, concepções de que o próprio fluxo de qì foi aferido pelo aparelho. Bell (2008, p. 53) recorreu aos cakrás. Conforme descreve em seu relato de experiência,

os cakrás foram avaliados por um processo duplo. A primeira etapa envolvia a identificação de características psicológicas associadas ao estado energético de cada cakrá e uma medição radiestésica, utilizando um pêndulo de metal. Posteriormente os bloqueios energéticos encontrados na primeira etapa eram confirmados com a reflexologia. Bell (2008, p. 57) relatou que ao identificar pontos doloridos nos pés, que seriam referentes às glândulas relacionadas aos

cakrás bloqueados, ele ratificou seu diagnóstico energético.

Um método bem peculiar de verificação do quadro energético foi retratado no relato de experiência de Sanches (2008, passim), que utilizou um conto de fadas como ferramenta de avaliação. Para ratificar a validade desse método, essa naturó-loga declarou utilizar o mesmo método de avaliação no caso do parágrafo anterior: ela identificou aspectos psicológicos que são comumente associadas ao estado energético dos cakrás (SANCHES, 2008, p. 33).

Método similar, porém utilizando mitologia, é encontrado em diversos trabalhos, tanto entre egressos da UNISUL (STERN, 2008; LEITE; WEDEKIN, 2015; MAR-TINS, 2016) quanto em monografias produzidas na UAM (CORREA, 2013; GUEDES, 2005).

A bioeletrografia, também conhecida como fotografia Kirlian, é atestada por duas pes-quisas de iniciação científica produzidas na UNISUL entre 2006 e 2007, cujos pôsteres foram publicados no site brasileiro da União Internacional de Medicina e Bioeletrografia Aplicada. O primeiro estudo objetivou verificar a validade da bioeletrografia como método de análise energética para distúrbios de coração, com um grupo controle (FRIEDBERG; DELLAGIUSTINA; HELLMANN, 2007). A segunda pesquisa partiu do pressuposto de que a bioeletrografia é um método de avaliação válido, e a utilizou como forma de verificar a eficácia tera-pêutica da cromopuntura (AGUIAR; MARIMON; HELLMANN, 2007).

Observável contemporaneamente com maior frequência, outra ferramenta diz respeito à utilização de arte para aferir o quadro energético do interagente. Noções de

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que a produção artística mobiliza energias psíquicas, auxiliando no acesso aos significados simbólicos inconsciente das enfermidades, aparecem desde o primeiro livro publicado pela naturologia no Brasil. Segundo Wedekin (2008, p. 126), na arteterapia “halos, flechas, hachurados; vazios e preenchimentos podem indicar ênfases a serem investigadas [pelo naturólogo]. As cores utili-zadas para representar determinadas partes do corpo também são relevantes”. Sobre a mesma temática, Esteves (2013, p. 10) declarou que se o interagente começar a preencher o desenho de seu corpo pela cabeça, “pode significar maior quantidade de energia/atenção nesta parte do corpo”.

A análise da íris, através do método Rayid, também é utilizada, ensinada junto da iri-dologia tanto na UAM quanto na UNISUL7. O método presume que os seres humanos são formados por uma energia referida simplesmente como “luz”. Os olhos seriam hologramas ou faróis dessa luz, permitindo ao terapeuta iden-tificar por eles traços de personalidade, níveis de introversão e extroversão e ainda relações de ancestralidade, a forma como o sujeito se relaciona com seus pais e os padrões energéticos herdados de seus familiares (JOHNSON, 1992). Um último método identificado é chamado de teste olfativo, que foi abordado no artigo

de Faustino (2015) e elaborado pelas naturólogas Julie Duarte e Karin Kateka-ru. Esse recurso parte do pressuposto de que toda planta possui um aspecto sutil, ou seja, uma assinatura energética. Ao entrar em contato com seu aroma, os seres humanos seriam influenciados pelo aspecto sutil da planta, que lhes permitiria acessar diferentes níveis de consciência. O teste olfativo consiste na exposição aos óleos essenciais, e a resistência a determinado aroma indicaria que o interagente não possui suporte para trabalhar as questões psicoemo-cionais que essa planta energeticamente desperta (DUARTE; KATEKARU; PELOUŠEK, 2013, p. 51-5).

DISCUSSÕES

Evidentemente que esses exemplos não esgotam as possibilidades de diagnósticos ener-géticos com as quais os naturólogos brasileiros operam. Contudo, demonstram a natureza esquiva desse domínio. A pluralidade notável de formas de se aferir energia se dá porque, tratando-se do metaempírico, daquilo que não pode ser objetivamente mensurável, nenhum dos métodos descritos é totalmente aceito. De modo geral, todos são taxados, em maior ou menor grau, como paracientí-ficos ou metacientíparacientí-ficos.

Há muita controvérsia acadêmica a respeito da bioeletrografia. Watkins e Bickel (1991, p. 211-9) demonstram, através de pesquisas aplicadas, que os experimentos científicos não conseguem replicar em laboratório os mesmos resultados e pro-priedades alegados às fotografias Kirlian. Os autores questionam, em especial,

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a suposta capacidade da bioeletrografia de detectar “desequilíbrios energéti-cos”. Ademais a definição do que são esses desequilíbrios ser difusa e impre-cisa, Watkins e Bickel (1991, p. 219-20) criticam a própria precisão da bioe-letrografia como ferramenta diagnóstica, listando 22 fatores que explicariam objetivamente, através das leis da física, as variações obtidas nas fotografias. Sobre as análises energéticas pela íris, ao descrever o método Rayid o instituto Rayid

International (2014) ressalta que ele não é baseado em nenhuma escola espe-cífica de iridologia, senão em seu próprio criador, Denny Johnson. O Rayid International também demonstra incômodo na tendência de se resumir o mé-todo Rayid simplesmente a uma escola de iridologia, posto que importantes questões de ancestralidade, centrais ao método, não são observadas na íris. Por isso, correlações entre os sinais da iridologia alemã ou da escola clássica não são previstas pelo método Rayid, que pouco se importa com a condição orgânica dos sujeitos observados. Mas essas correlações acontecem com certa naturalidade na prática dos naturólogos (HERTWIG, 2009, passim; RIBEIRO; BENUZZI, 2013, p. 18). As leituras iridológicas feitas pela naturologia fazem uma ampliação simbólica, eivada de sentido energético atrelado ao corporal, que não é observada nem na prática iridológica externa à naturologia, nem no método Rayid original.

No caso das avaliações dos cakrás, a questão é ainda mais intrigante. Na primeira fase da naturologia, conforme é possível se perceber em O livro das

interagên-cias (HELLMANN; WEDEKIN, 2008, passim), era comum o uso de pêndu-los sobre as regiões que usualmente são associadas à localização dos centros energéticos para sua aferição. O que definia se o cakrás estava sobreativo, infra-ativo ou bloqueado era exclusivamente a subjetividade do naturólogo. Em outras palavras, a convenção mental pré-estabelecia com o instrumento (o pêndulo) é o que dava a tônica do significado de seu movimento durante a avaliação. Durante a segunda fase da naturologia esse método foi repensado. Um artigo produzido por naturólogos especificamente para verificar a validade da aferição pendular concluiu que seus resultados ocorrem ao acaso (SOUZA; HELLMANN, 2011, p. 63-6). Porém, os pesquisadores declararam em suas considerações finais que “não há dúvidas sobre a existência dos Chakras [sic]”8 (SOUZA; HELLMANN, 2011, p. 69), demonstrando que a naturologia possui grandes ressalvas em questionar a existência da dimensão energética por si. A refutação do pêndulo apenas abriu espaço para que outras práticas substi-tuíssem o lugar outrora ocupado pelo pêndulo. Hoje, parte dos naturólogos considera o ryīdīraku um método válido para quantificar a energia dos cakrás9. Aqui, novamente, há outro ponto que deve ser problematizado. No discurso êmico, é

comum novaeristas considerarem que as diferentes formas de energias com as quais trabalham – qì, prīīa, quantum etc. – digam respeito à mesma coisa.

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No caso da naturologia, Teixeira (2013, p. 53) ressalta que “diferentes no-ções, provenientes de diferentes contextos, são tratadas por alguns naturólogos como uma mesma energia”, e destaca a tendência de homogeneização dessas noções pela categoria. Mas em uma análise objetiva, a eletricidade aferida pelo ryīdīraku não é o qì do qual os clássicos daoístas falam. Sequer havia energia elétrica na época que eles foram escritos.

Na cultura chinesa, o qì é o princípio que forma tudo o que é vivo. Usualmente tra-duzido como “energia vital” em línguas neolatinas, seu significado literal em chinês é “sopro”. De acordo com Kohn (2009), essa energia, que é uma mani-festação viva do dào – a fonte de tudo, na doutrina daoísta e na cultura chinesa em geral –, age como uma espécie de “combustível da vida”. Quando o qì de um ser se extingue, esse organismo morre. Na gravidez, considera-se que o

ancestral dos pais é transmitido para a criança. Consequentemente, a cada filho gestado os pais se aproximam mais da própria morte.

O prīīa, em contrapartida, tem origem nas culturas da região que hoje se encontra a Índia, e significa literalmente “força vital”. É entendido como uma energia cósmica que vem através dos raios solares para ordenar todos os elementos do universo, reconectando-os. Segundo Fuller (2005, p. 3850), dentro do con-texto de prīīa, é crucial à saúde estarmos receptivos ao influxo dessa energia, pois o bloqueio de seu fluxo livre origina as doenças. Doar seu prīīa para outra pessoa, em um quadro terapêutico, não é algo nocivo. Pelo contrário, é extre-mamente auspicioso do ponto de vista espiritual.

Por essas breves definições, é possível se perceber que o qì é visto como algo finito, en-quanto que o prīīa é renovado constantemente pela exposição ao sol. Os dois conceitos não são idênticos, portanto não podem ser igualados sem que haja perda de suas ideias originais. Conforme explica Usarski (2014, p. 16-17), esses termos e concepções foram gerados dentro de sistemas de sentido cultural espe-cíficos, e só expressam seu significado integral dentro desses sistemas. Se retira-do retira-do contexto que lhes é próprio, perdem muito da sua semântica e simbolismo. Porém, noções de que práticas tipicamente direcionadas ao qì (p. ex. a moxabustão e

a acupuntura) gerariam alterações nos cakrás são corriqueiras na naturologia, ao ponto que é possível se encontrar, com muita naturalidade, todo tipo de hibridismo ao se tratar das dimensões energéticas do processo de interagência. O fato do meio novaerista ter a noção de energia como algo universal pode ser base de entendimento dessa instrumentalização desses termos. Ou seja, tais noções foram retiradas do contexto original, mas inseridas dentro do sistema de significado da Nova Era, que os igualou como dentro do paradigma da energia universal.

Mas não é qualquer concepção energética de saúde que é amalgamada pela naturolo-gia. O termo axé, muito popular no Brasil para se referir a energia e central às

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medicinas populares de matriz africana, nunca aparece em textos publicados pela área. Seria porque esse termo está muito diretamente ligado a uma reli-gião específica, o que tende a fugir da característica desinstitucional típica da Nova Era? Ou seria porque as comunidades novaeristas brasileiras – de perfil majoritariamente branco e mais rico – priorizam os sistemas asiáticos, euro-peus pré-cristãos e dos índios norte-americanos, deixando em segundo plano o contexto afro-brasileiro e do folclore indígena nacional?

Com o advento da terceira fase da naturologia, cada vez mais naturólogos começaram a perceber o problema dessa postura. Não apenas isso, a dificuldade de quanti-ficar essa dimensão energética faz com que muitos a evitem, sob o pretexto de falta de cientificidade. Teixeira explica como essa dinâmica se dá hoje:

[...] alguns naturólogos negam a necessidade de cientificidade na abordagem energética, outros se queixam desta abordagem justamente por não ser passível de comprovação científica. Os que defendem a não cientificidade dizem que, no contexto onde muitas destas práticas energéticas emergiram, o conhecimento é construído de forma muito distinta da forma como a ciência ocidental foi constru-ída. Este abismo epistemológico, segundo eles, resulta no fato da ciência ocidental não estar apta a abranger com eficiência estes conhecimentos. Os que defendem uma abordagem cientificista argumentam que a falta de cientificidade é um obstá-culo na legitimação dos saberes naturológicos (TEIXEIRA, 2013, p. 51).

Essa divisão, entre um grupo que nega a necessidade de pesquisas científicaspara a abordagem energética e outro que não quer discuti-la porque considera que o metaempírico prejudica a legitimação da área, pode ser um eco proveniente das políticas institucionais implantadas durante o segundo período da história dos cursos da naturologia. Ambos os grupos, conforme se pode perceber, per-petuam ações de silenciamento à produção acadêmica sobre as concepções de energia, e continuam a realizar as agendas biologicistas – inconscientemente ou não – mesmo após o fim da segunda fase e o florescimento do terceiro pe-ríodo, mais aberto ao diálogo entre os múltiplos saberes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se a partir da terceira fase da história da naturologia se pode observar um aumento de publicações acadêmicas a respeito das suas diversas práticas, até hoje, no que diz respeito à questão da dimensão energética da relação de interagência, nota-se uma carência generalizada de produções que tratem especificamente do assunto. As poucas produções continuam alinhavadas aos paradigmas no-vaeristas, dominantes durante a fase inicial da história da naturologia.

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No momento, os docentes dos cursos de naturologia que mais se envolvem com tera-pias energéticas são, justamente, os que menos produzem textos acadêmicos. Um caso a parte talvez seja Portella, naturólogo que é o atual coordenador do curso da UAM, que desde o III Fórum Conceitual de Naturologia vem defen-dendo que a naturologia adote o modelo de homem quântico de Amit Goswa-mi. No entanto, apesar de expor isso em um paper do III Fórum Conceitual de Naturologia (PORTELLA, 2012) e ter publicado um artigo nos Cadernos

de Naturologia e Terapias Complementares onde cita o modelo (PORTELLA, 2014), essa linha de raciocínio parece ainda algo inaudito à área, visto que ne-nhuma outra produção indica que há outros naturólogos pensando pelo mesmo viés. Do mesmo modo, recorrer a Goswami, autor tipicamente novaerista, o coloca no grupo dos naturólogos mais inclinados aos valores da primeira fase do que da fase atual.

A respeito da carência de pesquisas para a área da naturologia, duas sugestões de pes-quisas podem ser feitas. A primeira diz respeito à própria questão epistemo-lógica, que foi esboçada nesse estudo preliminar mas que necessita de maior aprofundamento. O que é energia pelo ponto de vista da naturologia? E o que as ciências humanas podem contribuir para a compreensão desse objeto? A segun-da proposta diz respeito a diálogos com as ciências sociais (ressaltamos em es-pecial a ciência das religiões e a antropologia) atrelados a pesquisas de campo que coletem as concepções dos naturólogos e dos interagentes sobre energia. Todavia, uma proposta depende da outra, visto que se o pesquisador não ti-ver um conceito sobre energia na naturologia suficientemente delimitado, não conseguirá instrumentalizá-lo para a coleta de campo. Do mesmo modo, para que a discussão epistemológica sobre o que os naturólogos compreendem por energia se aprofunde, mais pesquisas de campo são necessárias.

Por fim, apontamos a dois focos que poderiam auxiliar futuras pesquisas sobre as terapias energéticas na naturologia. O primeiro é o conceito de eficácia simbólica de Lé-vi-Strauss, que foi aplicado a diferentes contextos da área da saúde no livro Para

além da eficácia simbólica, organizado por Tavares e Bassi (2013). O próprio antropólogo utilizou a eficácia simbólica para explicar o funcionamento da psi-canálise (LÉVI-STRAUSS, 1975, p. 228-323), ressaltando que essa comparação não tinha como objetivo, em momento algum, desmerecer a área da psicologia (LÉVI-STRAUSS, 1975, p. 229). Nesse sentido, talvez ajudasse a naturologia a aprofundar discussões sobre a dimensão energética de sua prática terapêutica, de forma mais madura, a utilização desse referencial antropológico.

O segundo diz respeito aos estudos da ciência das religiões sobre a Nova Era – e em especial sobre as “ciências” da Nova Era –, imprescindíveis para que os na-turólogos possam identificar o que são as paraciências novaeristas e, assim, não recorram a métodos de pesquisa que, em sua própria assunção, são

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in-compatíveis com as regras acadêmicas atuais, de como a ciência é praticada e entendida na Academia. O desconhecimento dos naturólogos sobre o que é a Nova Era, como e até que ponto ela influenciou (e ainda influencia) a naturolo-gia, e a resistência à temática por conta da herança recebida da segunda fase da naturologia se demonstra como um obstáculo importante, porém comumente negligenciado, ao campo atualmente.

THE NEW AGE CONCEPTS OF ENERGY: THE CASE OF THE BRAZILIAN NATUROLOGY

Abstract: this study aims to explore how the term “energy”, borrowed from science, is

articulated among newagers, by studying the case of naturology. We analyze papers, pedagogical projects and a master thesis regarding Brazilian natu-rology courses. Energy was understood as that which holds the therapeutic process together. We also identify that some naturologists claim this notion of energy weakens them academically.

Keywords: Naturology. New Age. Energy healing. Religion and health.

Notas

1 Do grego antigo enérgeia (operação, atividade), de energós (ativo, trabalhador), formada por en (em) + érgon (trabalho, ação).

2 Uma miríade de definições sobre naturologia é encontrada no Brasil, ao ponto da resposta à pergunta “o que é naturologia?” variar muito conforme o interlocutor. Dentre os concei-tos existentes, há autores que definem naturologia como uma ciência (PASCHUINO, 2014, p. 72), como uma profissão (CHRISTOFOLETTI, 2011, p. 29), como um campo de estudo (PORTELLA, 2012, p. 37), uma formação (GARCIA, 2008, p. 101), um saber (LEITE-MOR; WEDEKIN, 2011, p. 5), uma filosofia de vida (SOUZA, 2012), como herdeira do movimento da Nova Era (TEIXEIRA, 2013, p. 107), como um campo aplicado de práticas pautadas pelo “misticismo quântico” (PESSOA JÚNIOR, 2011, p. 293), como o estudo dos recur-sos naturais (SANTOS, 2013, p. 159), e até como um monstro ontológico-epistemológico (LEITE-MOR, 2014, p. 31); isso tudo (quase) sempre aplicado, de algum modo, à área da saúde. Discutir essa pluralidade conceitual demandaria um artigo próprio. Como grande parte dos discursos “oficiais” sobre naturologia passa pelas universidades que ofertam o curso, e a graduação é vista usualmente como o constitutivo da naturologia enquanto prática diferenciada (TEIXEIRA, 2013, p. 15; STERN, 2015, p. 90), foi escolhida a definição de Hellmann, reconhecendo que ela não representa a totalidade da área.

3 Até o fechamento desse trabalho, havia 4 artigos publicados em periódicos indexados da área, 4 livros lançados no Brasil, 3 trabalhos publicados na íntegra em anais de congressos, 3 dissertações e 1 tese de doutorado que abordaram a interagência com maior atenção. Destacam-se o capítulo 4 da tese de Silva (2012), o capítulo 2 da dissertação de Teixeira (2013), o artigo de Barros e Leite-Mor (2011), o artigo de Carmo, Cobo e Hellmann (2012),

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e O livro das interagências, organizado por Hellmann e Wedekin (2008).

4 Embora haja cerca de 1.200 naturólogos formados no Brasil (PASSOS, 2015, p. 6), a “na-turologia oficial” é um campo pequeno e bastante fechado. Gira hoje em torno das duas universidades que ofertam o bacharelado no Brasil e quatro associações que não possuem mais do que 100 membros pagantes: a Associação Brasileira de Naturologia (ABRANA), a Associação Paulista de Naturologia (APANAT), a Sociedade Brasileira de Naturologia (SBNAT) e o Conselho Federal de Naturologia (ainda em processo de fundação).

5 Uma exceção é a dissertação de Teixeira (2013), que aborda os contextos de cada matriz curricular já existente no curso da UNISUL. Para o quadro da UAM, ainda não há trabalhos que tenham se aprofundado na história de seu curso.

6 A cristaloterapia/cristalografia é atestada no ensino de naturologia por Teixeira (2013, p. 58, 62) e Stern (2015, p. 218, 220), nomeada durante a segunda matriz curricular do curso da UNI-SUL como “mineralogia aplicada”. A utilização dos cakrás é atestada pelo projeto pedagógico vigente do curso da UNISUL (2014, p. 48) como conteúdo programático da certificação de āyurveda. Unidades de aprendizagem sobre āyurveda e iridologia são atestadas em ambos os cursos do Brasil (STERN, 2015, p. 214, 216, 218, 220-222). Por fim, a importância da āyurveda e do xamanismo é central para a naturologia brasileira, atestada por muitos autores que consideram que a naturologia esteja pautada em um tripé formado pela medicina chinesa, āyurveda e xamanismo (cf. BARROS; LEITE-MOR, 2011, p. 8; PORTELLA, 2012, p. 37; RODRIGUES et al. 2012, p. 14; HELLMANN; WEDEKIN, 2008, contracapa).

7 O método Rayid não aparece oficialmente no atual projeto pedagógico do curso da UNISUL (2014), mas até o fechamento desse artigo os estagiários da clínica-escola dessa instituição utilizavam esse método de avaliação. Isso é atestado tanto pela ficha de avaliação de de-sempenho dos alunos na prática de iridologia (UNISUL, 2016a) quanto no próprio registro de interagência/ficha de anamnese utilizado por eles (UNISUL, 2016b).

8 Eles não dizem o porquê de não haver dúvidas.

9 Esboços para aproximações entre ryīdīraku e cakrás já eram tecidos desde antes do artigo supracitado. Carvalho (2008), por exemplo, utilizou em conjunto tanto o pêndulo quanto o

ryīdīraku. Porém, é na edição dos Cadernos Acadêmicos que apresenta a pesquisa de Souza e Hellmann que, pela primeira vez, foi publicada a declaração de que “[...] também [se] observa[...], através do sistema Ryodoraku de avaliação, a variação do padrão energético apresentado pelos chakras [sic]” (GEMELLI; MARIMON, 2011, p. 82, grifo dos autores). Referências

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Referências

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