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Algebras de Aplica¸
c˜
oes Lorch Anal´ıticas
Alex Farah Pereira
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, Instituto de Matem´atica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos ne-cess´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Matem´atica.
Orientadora: Luiza Am´alia de Moraes
Rio de Janeiro
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Algebras de Aplica¸
c˜
oes Lorch Anal´ıticas
Alex Farah Pereira
Orientadora: Luiza Am´alia de Moraes
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, Insti-tuto de Matem´atica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos neces´arios `a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Doutor em Matem´atica.
Aprovada por:
Presidente, Profa. Luiza Am´alia de Moraes - IM/UFRJ
Prof. Antˆonio Roberto da Silva - IM/UFRJ
Prof. Jorge T´ulio Mujica Ascui - IMMEC/UNICAMP
Prof. Geraldo M´arcio de Azevedo Botelho - FAMAT/UFU
Aos meus av´os. Aos meus pais, Celio e Angela. ` A minha irm˜a, Monica. ` A minha namorada, Camila.
Agradecimentos
A Deus, por mais uma conquista em minha vida. `
A minha orientadora, Professora Luiza Am´alia de Moraes, por todo seu apoio e dedica¸c˜ao n˜ao s´o na realiza¸c˜ao deste trabalho mas em minha forma¸c˜ao matem´atica nesses 10 anos de estudo com quem aprendi muito.
Aos meus pais e minha irm˜a por serem as pessoas que sempre estar˜ao ao meu lado em todos os momentos da minha vida.
`
A minha namorada Camila por sempre acreditar que sou capaz de alcan¸car meus obje-tivos.
Ficha Catalogr´
afica
Pereira, Alex Farah. ´
Algebras de Aplica¸c˜oes Lorch Anal´ıticas/ Alex Farah Pereira. - Rio de Janeiro: UFRJ/ IM, 2010.
viii, 86f; 1cm.
Orientadora: Luiza Am´alia de Moraes
Tese (doutorado) - UFRJ/ Instituto de Matem´atica/ Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica, 2010.
Referˆencias Bibliogr´aficas: f.83-86.
1. Aplica¸c˜oes (L)-Holomorfas. 2. ´Algebras de Banach. 3. Espectros. 4. Homomorfismos. I. Moraes, Luiza
Am´alia de. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Matem´atica, Programa de P´os-gradua¸c˜ao em Matem´atica. III. T´ıtulo.
´
Algebras de Aplica¸c˜
oes Lorch Anal´ıticas
Alex Farah Pereira
Orientadora: Luiza Am´alia de Moraes
Sejam E uma ´algebra de Banach complexa comutativa com unidade e BE a bola
unit´aria aberta de E. Denotamos por HL(U ; E) o espa¸co das aplica¸c˜oes definidas em um
subconjunto aberto conexo U de E em E que s˜ao anal´ıticas no sentido de Lorch. Para U = E e U = BE mostramos que HL(U ; E) ´e uma sub´algebra fechada de Hb(U ; E), apresentamos
uma descri¸c˜ao de seu espectro e, como aplica¸c˜ao, provamos que E ´e semi-simples se, e somente se, HL(U ; E) ´e semi-simples. Estudamos tamb´em o espectro de outras ´algebras de aplica¸c˜oes
anal´ıticas no sentido de Lorch. Em particular, descrevemos o espectro da ´algebra de Banach AL(BE) das aplica¸c˜oes de BE em E anal´ıticas no sentido de Lorch que s˜ao uniformemente
cont´ınuas em BE e da ´algebra de Banach H∞L(BE) das aplica¸c˜oes limitadas de BE em E
que s˜ao anal´ıticas no sentido de Lorch (ambas com a norma do sup). No ´ultimo cap´ıtulo, munimos o espa¸co HL(E; E) do produto de Hadamard e caracterizamos o espectro da ´algebra
Algebras of Lorch Analytic Mappings
Alex Farah Pereira
Supervisor: Luiza Am´alia de Moraes
Let E be a commutative complex Banach algebra with unit and let BE be the open
unit ball of E. Let HL(U ; E) be the space of the mappings from a connected open subset U
of E into E that are analytic in the sense of Lorch. For U = E and U = BE we show that
HL(U ; E) is a closed subalgebra of Hb(U ; E), we give a description of its spectrum and, as an
application, we show that E is semi-simple if and only if HL(U ; E) is semi-simple. We also
study the spectra of other algebras of analytic mappings in the sense of Lorch. In particular we give a description of the spectra of the Banach algebras AL(BE) of the mappings from
BE into E that are analytic in the sense of Lorch and uniformly continuous on BE and
H∞
L(BE) of the bounded mappings from BE into E that are analytic in the sense of Lorch
(both endowed with the sup norm). In the last chapter we endow the space HL(E; E) with
Sum´
ario
1 Resultados Preliminares 6
1.1 Aplica¸c˜oes Holomorfas . . . 6 1.2 Algebras de Fr´´ echet . . . 18
2 As Aplica¸c˜oes Lorch Anal´ıticas 29
2.1 Espa¸cos de Aplica¸c˜oes (L)-Anal´ıticas . . . 30 2.2 O Espa¸co Γ(E) de Sequˆencias . . . 46 2.3 Dualidade de Espa¸cos de Aplica¸c˜oes (L)-Anal´ıticas . . . 53
3 Algebras de Aplica¸´ c˜oes Lorch Anal´ıticas 59
3.1 A ´Algebra HL(E) . . . 59
3.2 A ´Algebra AL(BE) . . . 64
3.3 A ´Algebra H∞L(BE) . . . 69
Introdu¸
c˜
ao
O principal objetivo desta tese ´e estudar o espectro de ´algebras de aplica¸c˜oes anal´ıticas no sentido de Lorch. Se A ´e uma ´algebra complexa topol´ogica comutativa, denotamos por M(A) o espectro de A, isto ´e, o conjunto dos homomorfismos cont´ınuos n˜ao-nulos definidos em A.
Em 1957, durante uma conferˆencia no Institute for Advanced Study em Princeton, um grupo de matem´aticos estudou o espectro M(H∞(∆)) da ´algebra H∞(∆) das fun¸c˜oes com-plexas anal´ıticas e limitadas no disco aberto unit´ario ∆ = {λ ∈ C ; |λ| < 1}. Os resultados obtidos foram publicados sob o pseudˆonimo de I. J. Schark (ver [36]).
Aron, Cole e Gamelin consideraram em [2] a ´algebra de Banach H∞(B) das fun¸c˜oes com-plexas holomorfas e limitadas na bola unit´aria aberta B de um espa¸co de Banach complexo E de dimens˜ao infinita. Com o objetivo de obter informa¸c˜oes sobre M(H∞(B)) eles estuda-ram o espectro M(Hb(E)) onde Hb(E) denota a ´algebra de Fr´echet das fun¸c˜oes complexas
inteiras em E que s˜ao limitadas nos limitados de E. Eles mostraram em [3] que se E0 tem a propriedade da aproxima¸c˜ao, ent˜ao M(Hb(E)) coincide com E00 como conjunto se, e somente
se, o espa¸co Pf(E) dos polinˆomios fracamente cont´ınuos em E ´e denso em Hb(E).
Posteriormente, Garcia, Louren¸co, Moraes e Paques em [18] e Burlandy e Moraes em [7] estenderam este resultado `a ´algebra de Fr´echet Hb(U ; F ) das aplica¸c˜oes holomorfas de um
subconjunto U de um espa¸co de Banach E em uma ´algebra de Banach F que s˜ao limitadas nos U -limitados de E (ver Defini¸c˜ao 1.9) quando U ´e o espa¸co E e quando U ´e um aberto absolutamente convexo, respectivamente. Mais explicitamente, no caso em que E0 tem a propriedade da aproxima¸c˜ao e F ´e uma ´algebra de Banach isometricamente isomorfa a ˆF sob a transformada de Gelfand, a densidade do espa¸co Pf(E; F ) dos polinˆomios fracamente
cont´ınuos de E em F em Hb(E; F ) ´e equivalente `a existˆencia de uma determinada bije¸c˜ao
equiva-lente `a existˆencia de uma determinada bije¸c˜ao entre M(Hb(U ; F )) e int U w∗
× M(F ) onde int Uw
∗
denota o interior do fecho de U na topologia fraca estrela (cf [7]). Caracteriza¸c˜oes semelhantes s˜ao obtidas tamb´em em [18] para outras ´algebras de aplica¸c˜oes holomorfas no contexto de espa¸cos de Banach e em [1] para Hb(U ; F ) no caso em que E ´e um espa¸co (DF)
tonelado.
Em geral, as solu¸c˜oes publicadas nos ´ultimos vinte anos para o problema de determinar o espectro de uma sub´algebra A de Hb(U ; F ) sup˜oem que o dual de E tenha a propriedade da
aproxima¸c˜ao e que Pf(E; F ) seja denso em A. As ´algebras que consideramos neste trabalho
s˜ao ´algebras de aplica¸c˜oes holomorfas de um aberto conexo U contido numa ´algebra de Banach arbitr´aria com unidade E e com valores em E. Estas ´algebras cont´em a aplica¸c˜ao identidade de E e, como a densidade de Pf(E; E) em A implicaria em todo elemento de
A ser uma aplica¸c˜ao compacta, ´e claro que as ´algebras A que vamos estudar n˜ao podem estar contidas no fecho de Pf(E; E) quando E tem dimens˜ao infinita (que ´e o caso que nos
interessa).
Nos trabalhos acima citados, a densidade de Pf(E; F ) em A possibilitou o uso da extens˜ao
de Aron-Berner para obter a descri¸c˜ao do espectro da ´algebra A e, especialmente, possibilitou definir um elemento de M(A) a partir de um elemento de E00. J´a o fato de E0ter a propriedade da aproxima¸c˜ao foi importante na prova de que a caracteriza¸c˜ao obtida para A implica na densidade de Pf(E; F ) em A.
No nosso caso, a metodologia utilizada para caracterizar os espectros ´e completamente diferente uma vez que n˜ao contamos com a densidade de Pf(E; E) em nenhuma das ´algebras
por n´os consideradas. Mais explicitamente, consideramos uma ´algebra de Banach E comuta-tiva com unidade e tal que kek = 1 e um aberto conexo n˜ao vazio U de E e estudamos o espa¸co HL(U ; E) das aplica¸c˜oes f : U −→ E que s˜ao anal´ıticas no sentido de Lorch (ver Defini¸c˜ao
2.2). A defini¸c˜ao de aplica¸c˜ao Lorch anal´ıtica apareceu pela primeira vez em [28] e estende `
de um modo muito natural. Embora esta defini¸c˜ao seja mais restritiva do que a defini¸c˜ao de aplica¸c˜ao holomorfa em dimens˜ao infinita como uma aplica¸c˜ao Fr´echet diferenci´avel, a teoria criada por Lorch ´e em muitos sentidos mais rica do que a teoria conhecida como Holomorfia pois inclui o estudo de expans˜oes de Laurent, aplica¸c˜oes racionais e singularidades feito por Blum em [5]. Al´em disso, uma generaliza¸c˜ao do Teorema de Mittag-Leffler foi obtida por Glickfeld neste contexto em [19]. Observamos que toda aplica¸c˜ao anal´ıtica no sentido de Lorch ´e holomorfa mas nem toda aplica¸c˜ao holomorfa ´e anal´ıtica no sentido de Lorch.
Consideramos aqui o espa¸co HL(E) das aplica¸c˜oes f : E −→ E que s˜ao Lorch anal´ıticas
em E, o espa¸co HL(BE) das aplica¸c˜oes f : BE −→ E que s˜ao Lorch anal´ıticas em BE (onde
BE denota a bola aberta unit´aria de E), o espa¸co AL(BE) das aplica¸c˜oes f : BE −→ E
que s˜ao Lorch anal´ıticas em BE e uniformemente cont´ınuas em BE e o espa¸co H∞L(BE) das
aplica¸c˜oes f : BE −→ E que s˜ao Lorch anal´ıticas e limitadas em BE. Mostramos que HL(E)
´
e um subespa¸co fechado de Hb(E; E) e que HL(BE) ´e um subespa¸co fechado de Hb(BE; E),
de modo que (HL(E) , τb) e (HL(BE) , τb) s˜ao espa¸cos de Fr´echet. Com o produto pontual,
(HL(E) , τb) ´e uma ´algebra de Fr´echet comutativa com unidade. Mostramos que M(HL(E))
´
e homeomorfo a M(E) × C. Com a norma do sup e o produto pontual, AL(BE) e H∞L(BE)
s˜ao ´algebras de Banach com unidade e estudamos tamb´em seus espectros. No estudo do espectro de AL(BE) obtemos que M(AL(BE)) ´e homeomorfo a M(E) × ∆. J´a no caso
da ´algebra H∞L(BE), o estudo do espectro apresenta problemas an´alogos aos apresentados
no caso da ´algebra H∞(∆) e, assim como no caso cl´assico, conseguimos apenas resultados parciais. Finalmente, considerando em HL(E) o produto de Hadamard mostramos que, com
este produto, HL(E) se torna uma ´algebra de Fr´echet comutativa sem unidade. Neste caso,
mostramos que o espectro M(HL(E)) ´e homeomorfo a M(E) × N0 (onde N0 = N ∪ {0}).
Mostramos ainda que a ´algebra HL(E) com o produto de Hadamard ´e uma ´algebra de
Fr´echet comutativa sem unidade tal que todo ideal maximal fechado ´e o n´ucleo de um homomorfismo cont´ınuo em HL(E). Sabemos que, em geral, isto n˜ao vale para ´algebras de
Nosso estudo de ´algebras de Banach de aplica¸c˜oes anal´ıticas no sentido de Lorch implicou num estudo preliminar dos espa¸cos considerados. Neste est´agio de nossa pesquisa diversos problemas que n˜ao s˜ao diretamente vinculados com o objetivo principal de nosso trabalho foram estudados e os resultados obtidos foram inclu´ıdos nesta tese. A existˆencia de um isomorfismo isom´etrico entre E e o espa¸co dos polinˆomios n-homogˆeneos que s˜ao Lorch anal´ıticos possibilitou mostrar que muitas propriedades topol´ogicas s˜ao compartilhadas por E e HL(E). Al´em disso, considerando E00 com o produto de Arens, mostramos que se E ´e
reflexivo, ent˜ao HL(E00) e HL(E)00 s˜ao isomorfos.
As aplica¸c˜oes anal´ıticas no sentido de Lorch foram estudadas por Waldir Quandt em [35], mas ele dirigiu seus estudos numa dire¸c˜ao completamente diferente da nossa.
Este trabalho est´a dividido da seguinte maneira:
No Cap´ıtulo 1, enunciamos sem demonstra¸c˜ao alguns teoremas de Aplica¸c˜oes Holomorfas e ´Algebras de Fr´echet que ser˜ao ´uteis nos cap´ıtulos posteriores.
No Cap´ıtulo 2, come¸camos estudando os polinˆomios n-homogˆeneos que s˜ao anal´ıticos no sentido de Lorch e estudamos alguns espa¸cos de aplica¸c˜oes Lorch anal´ıticas. Em particular mostramos que (HL(E) , τb) e (HL(BE) , τb) s˜ao espa¸cos de Fr´echet. Provamos que E ´e
separ´avel se, e somente se, (HL(E) , τb) ´e separ´avel, e que a mesma equivalˆencia ocorre
subs-tituindo separ´avel por reflexivo ou por ter a propriedade de Schur. Neste cap´ıtulo consideramos o espa¸co de sequˆencias Γ(E) = {(an)n ⊂ E ; lim
n→∞kank
1
n = 0} e definimos uma
m´etrica d em Γ(E) tal que (Γ(E) , d ) ´e isomorfo a (HL(E) , τb). Este fato ´e utilizado muitas
vezes no decorrer desta tese.
No Cap´ıtulo 3, munimos os espa¸cos definidos no Cap´ıtulo 2 de uma estrutura de ´algebra definindo neles o produto pontual e estudamos os espectros das ´algebras assim obtidas. Mostramos que M(HL(E)) ´e homeomorfo a M(E) × C e, como aplica¸c˜ao, mostramos que E
´
´
e homeomorfo a M(E) × ∆ e que E ´e semi-simples se, e somente se, AL(BE) ´e semi-simples.
O estudo do espectro da ´algebra de Banach H∞L(BE) apresenta problemas an´alogos aos
do caso da ´algebra H∞(∆) e, como no caso cl´assico, obtemos apenas resultados parciais relacionados `a caracteriza¸c˜ao do espectro. Os resultados que comp˜oem o Cap´ıtulo 3 deram origem a [30].
No Cap´ıtulo 4, consideramos o espa¸co HL(E) munido do produto de Hadamard e
mostra-mos que, com este produto, HL(E) ´e uma ´algebra de Fr´echet sem unidade. Mostramos que o
espectro M(HL(E)) ´e homeomorfo a M(E)×N0 e, como aplica¸c˜ao, mostramos que HL(E) ´e
semi-simples sempre que E ´e semi-simples. Considerando o produto pontual em Γ(E), temos que Γ(E) ´e uma ´algebra de Fr´echet sem unidade cujo espectro M(Γ(E)) ´e homeomorfo a M(E) × N0 e, consequentemente, Γ(E) ´e semi-simples sempre que E ´e semi-simples. Mais
ainda, provamos que todo ideal maximal fechado de HL(E) com o produto de Hadamard ´e
Cap´ıtulo 1
Resultados Preliminares
Neste cap´ıtulo, reunimos resultados sobre aplica¸c˜oes holomorfas e ´algebras de Fr´echet que ser˜ao utilizados nesta tese. Durante todo este texto, denotamos o conjunto dos n´umeros naturais por N e N∪{0} por N0. Todos os espa¸cos vetoriais considerados s˜ao espa¸cos vetoriais
complexos. Se E ´e um espa¸co vetorial topol´ogico, E0 denota o dual de E com a topologia forte. Para resultados sobre espa¸cos vetoriais topol´ogicos e espa¸cos localmente convexos damos como referˆencia [33].
1.1
Aplica¸
c˜
oes Holomorfas
Nesta se¸c˜ao, E e F s˜ao espa¸cos de Banach, n ∈ N0e U ´e um subconjunto aberto n˜ao vazio
de E. Fixados r > 0 e a ∈ E, denotamos por Br(a) a bola aberta {x ∈ E ; kx − ak < r} e
por Br(a) o fecho de Br(a). Em particular, escrevemos BE = B1(0). As demonstra¸c˜oes dos
resultados desta se¸c˜ao bem como maiores detalhes sobre as teorias das aplica¸c˜oes holomorfas podem ser encontradas em [4], [14], [15] ou [32]. Daremos referˆencias precisas apenas das demonstra¸c˜oes dos resultados que n˜ao s˜ao, em geral, apresentados num curso introdut´orio
de aplica¸c˜oes holomorfas.
Para todo n ∈ N, o espa¸co das aplica¸c˜oes lineares sim´etricas cont´ınuas A : En −→ F ´e
denotado por Ls(nE; F ). Se n = 0, Ls(0E; F ) ´e o espa¸co das aplica¸c˜oes constantes de E em
F e identificamos Ls(0E; F ) com o espa¸co de Banach F . ´E claro que L(E; F ) = Ls(1E; F ).
Defini¸c˜ao 1.1. Uma aplica¸c˜ao P : E −→ F ´e dita um polinˆomio n-homogˆeneo cont´ınuo se existe A ∈ Ls(nE; F ) tal que P (x) = Axn= A(x, . . . , x) para todo x ∈ E.
Esta defini¸c˜ao possibilita estabelecer um isomorfismo entre Ls(nE; F ) e o conjunto dos
polinˆomios n-homogˆeneos cont´ınuos de E em F . Escrevemos muitas vezes P = bA para explicitar que A ´e o (´unico) elemento de Ls(nE; F ) tal que P (x) = A(x, . . . , x).
Denotamos por P(nE; F ) o espa¸co dos polinˆomios n-homogˆeneos cont´ınuos de E em F
munido da norma kP k = sup
kxk≤1
kP (x)k para todo P ∈ P(nE; F ). Salvo indica¸c˜ao contr´aria,
P(nE; F ) estar´a sempre munido desta norma.
Proposi¸c˜ao 1.1. P(nE; F ) ´e um espa¸co de Banach.
Observa¸c˜ao 1.1. Se E = C, ent˜ao todo polinˆomio n-homogˆeneo de C em F ´e da forma p(λ) = bλn para todo λ ∈ C, onde b ´e um elemento de F .
Observa¸c˜ao 1.2. Sejam X um espa¸co vetorial e {Xn}n∈N0 uma sequˆencia de subespa¸cos
de X. Denotamos por P
n∈N0Xn o conjunto das somas finitas formados por elementos
escolhidos dos subespa¸cos Xn, isto ´e, x ∈
P
n∈N0Xn se, e somente se, existem n´umeros
n0, . . . , nk em N0 e elementos xnj ∈ Xnj para todo j = 0, . . . , k tais que x = xn0+ . . . + xnk.
Deste modo, P
n∈N0Xn ´e um subespa¸co de X chamado de soma alg´ebrica dos subespa¸cos
Xn. Esta soma alg´ebrica ´e dita uma soma alg´ebrica direta se xn0 + . . . + xnk = 0 implica
xnj = 0 para todo j = 0, . . . , k. Neste caso, denotamos esta soma alg´ebrica direta por ⊕
n∈N0
Xn
e dizemos que a sequˆencia de subespa¸cos {Xn}n∈N0de X ´e linearmente independente.
Denotamos por F (E; F ) o espa¸co de todas as aplica¸c˜oes de E em F com as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ao por escalar definidas pontualmente.
Proposi¸c˜ao 1.2. A sequˆencia de subespa¸cos {P(nE; F )}n∈N0 de F (E; F ) ´e linearmente
in-dependente.
Defini¸c˜ao 1.2. O espa¸co ⊕
n∈N0
P(nE; F ) ´e o espa¸co dos polinˆomios cont´ınuos de E em F ,
denotado por P(E; F ).
Observa¸c˜ao 1.3. A proposi¸c˜ao anterior nos diz que se P ∈ P(E; F ) ´e n˜ao-nulo, ent˜ao P pode ser escrito unicamente na forma P = Pn
j=0Pj, onde Pj ∈ P(
jE; F ) para todo
j = 0, . . . , n e Pn 6= 0. No caso particular em que E = C, ent˜ao P (λ) =
Pn
j=0bjλj para todo
λ ∈ C, onde bj ∈ F para todo j = 0, . . . , n com bn6= 0.
Defini¸c˜ao 1.3. Uma s´erie de potˆencias de E em F em torno de a ∈ E ´e uma s´erie da forma P∞
n=0Pn(x − a), onde Pn ∈ P(
nE; F ).
Proposi¸c˜ao 1.3. Sejam a ∈ E, r > 0 e Pn ∈ P(nE; F ) tais que P ∞
n=0Pn(x − a) = 0 para
todo x ∈ Br(a). Ent˜ao Pn= 0 para todo n ∈ N0.
Defini¸c˜ao 1.4. O raio de convergˆencia da s´erie de potˆencias P∞
n=0Pn(x − a) ´e o supremo
dos ρ ≥ 0 tais que a s´erie converge uniformemente em Br(a) para todo 0 ≤ r < ρ.
Proposi¸c˜ao 1.4. (F´ormula de Cauchy-Hadamard) Seja R o raio de convergˆencia da s´erie de potˆencias P∞ n=0Pn(x − a). Ent˜ao 1 R = lim supn→∞ kPnk 1 n.
Defini¸c˜ao 1.5. Uma aplica¸c˜ao f : U −→ F ´e dita holomorfa em U se para cada a ∈ U , existem r > 0 tal que Br(a) ⊂ U e uma sequˆencia de polinˆomios Pn∈ P(nE; F ) tais que
f (x) = ∞ X n=0 Pn(x − a) uniformemente em Br(a).
Denotamos por H(U ; F ) o espa¸co das aplica¸c˜oes holomorfas de U em F considerando as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao e multiplica¸c˜ao por escalar definidas pontualmente. No caso de F = C,
escrevemos H(U ) no lugar de H(U ; C). Quando U = E, dizemos que H(E; F ) ´e o espa¸co das aplica¸c˜oes inteiras.
Como consequˆencia da Proposi¸c˜ao 1.3, se f ∈ H(U ; F ), a sequˆencia {Pn}n∈N0 da Defini¸c˜ao
1.5 ´e ´unica. A s´erie de potˆencias P∞
n=0Pn(x − a) ´e chamada a s´erie de Taylor de f em torno
de a ∈ U .
Defini¸c˜ao 1.6. Sejam f ∈ H(U ; F ), a ∈ U e P∞
n=0Pn(x − a) a s´erie de Taylor de f em
torno de a. Ent˜ao bdnf (a) := n!P
n ∈ P(nE; F ) ´e dita a diferencial de ordem n de f em a.
Quando n = 1, escrevemos bdf (a) ao inv´es de bd1f (a). Usando esta nota¸c˜ao, podemos escrever a s´erie de Taylor de f ∈ H(U ; F ) em torno de a ∈ U na forma
f (x) = ∞ X n=0 1 n!db nf (a)(x − a).
Defini¸c˜ao 1.7. Seja f ∈ H(U ; F ). A diferencial de f de ordem n, denotada por bdnf , ´e a
aplica¸c˜ao dada por
b
dnf : a ∈ U 7−→ bdnf (a) ∈ P(nE; F ).
O operador diferencial de ordem n, denotado por bdn, ´e a aplica¸c˜ao dada por b
dn: f ∈ H(U ; F ) 7−→ bdnf ∈ F (U ; P(nE; F )).
Observa¸c˜ao 1.4. Resultados como F´ormulas Integrais de Cauchy e o Teorema de Liouville tˆem seus an´alogos v´alidos para as aplica¸c˜oes holomorfas.
Proposi¸c˜ao 1.5. P(E; F ) ´e um subconjunto de H(E; F ).
Lembramos que se f ∈ H(U ; F ) e B ´e um subconjunto de U , ent˜ao kf kB = sup x∈B
kf (x)k. Proposi¸c˜ao 1.6. (Desigualdades de Cauchy) Sejam f ∈ H(U ; F ) e a ∈ U . Se B ´e um subconjunto equilibrado de E tal que a + B ⊂ U , ent˜ao para todo n ∈ N0 temos
1 n!db n f (a) B ≤ kf ka+B.
Em particular, se r > 0 ´e tal que Br(a) ⊂ U , ent˜ao para todo n ∈ N0 temos 1 n!db nf (a) Br(0) ≤ 1 rnkf kBr(a).
Denotamos por C(U ; F ) o espa¸co das aplica¸c˜oes cont´ınuas de U em F munido da topologia compacto-aberta, denotada por τ0, isto ´e, a topologia localmente convexa gerada pela fam´ılia
de seminormas
pK(f ) = sup w∈K
kf (w)k
para toda f ∈ C(U ; F ), onde K percorre a fam´ılia dos subconjuntos compactos de U . Sabemos que C(U ; F ) ´e τ0-completo.
Proposi¸c˜ao 1.7. H(U ; F ) ´e um subespa¸co fechado de C(U ; F ). Em particular, (H(U ; F ) , τ0)
´
e completo.
Seja X um espa¸co localmente convexo. Lembramos que Y ´e um subespa¸co complemen-tado de X se existe uma aplica¸c˜ao linear cont´ınua T : X −→ X tal que T (X) = Y e T (y) = y para todo y ∈ Y .
Proposi¸c˜ao 1.8. (P(nE; F ) , τ0) ´e um subespa¸co complementado de (H(U ; F ) , τ0).
Dizemos que uma seminorma p sobre H(U ; F ) ´e portada por um subconjunto compacto K ⊂ U se para todo subconjunto aberto V , K ⊂ V ⊂ U , existe c > 0 (que depende de V ) tal que
p(f ) ≤ ckf kV
para toda f ∈ H(U ; F ). Denotamos por τω a topologia localmente convexa gerada pela
fam´ılia de seminormas sobre H(U ; F ) portadas por subconjuntos compactos de U . Proposi¸c˜ao 1.9. Se U ´e equilibrado, ent˜ao (H(U ; F ), τω) ´e completo.
Proposi¸c˜ao 1.10. (P(nE; F ) , τ
Lembramos que uma aplica¸c˜ao f : U −→ F ´e localmente limitada em U se f ´e limitada numa vizinhan¸ca de todo ponto de U , isto ´e, para todo a ∈ U , existe uma vizinhan¸ca V ⊂ U de a tal que f ´e limitada em V .
Defini¸c˜ao 1.8. Seja f : U −→ F localmente limitada em a ∈ U . O raio de limita¸c˜ao de f em a, denotado por rbf (a), ´e o supremo dos ρ > 0 tais que Br(a) ⊂ U e f ´e limitada em
Br(a) para todo 0 < r < ρ.
Lembramos que se A e B s˜ao subconjuntos n˜ao vazios de um espa¸co m´etrico (X, d) ent˜ao a distˆancia entre A e B ´e definida por
dist(A, B) = inf{d(a, b) ; a ∈ A , b ∈ B}.
Denotamos por ∂U a fronteira de U . Fixado a ∈ E, escrevemos dU(a) = dist(a, ∂U ). Quando
U = E, escrevemos dU(a) = ∞. Se f ∈ H(U ; F ) e a ∈ U , denotamos por rcf (a) o raio de
convergˆencia da s´erie de Taylor de f em a.
Proposi¸c˜ao 1.11. Sejam f ∈ H(U ; F ) e a ∈ U . Ent˜ao rbf (a) = min{rcf (a) , dU(a)}.
Quando E tem dimens˜ao finita, dados a ∈ U e r > 0 tais que 0 < r < dU(a), temos que
Br(a) ´e compacta, de modo que se f ∈ H(U ; F ), ent˜ao f ´e limitada em Br(a). Da defini¸c˜ao
de rbf (a), junto com a Proposi¸c˜ao 1.11, segue que rbf (a) = dU(a) ≤ rcf (a). J´a no caso de
E ter dimens˜ao infinita, ´e poss´ıvel termos rbf (a) = rcf (a) < dU(a) como nos mostram os
seguintes exemplos.
Exemplo 1.1. Seja c00 o espa¸co das sequˆencias complexas (xn)n que s˜ao eventualmente zero,
isto ´e, existe n0 ∈ N tal que xn = 0 para todo n ≥ n0. Definimos neste espa¸co a norma
kxk∞= sup n∈N
para todo x = (xn)n∈ c00. Definindo f (x) = ∞ X n=1 x1. . . xn
para todo x = (xn)n∈ c00, temos que f ∈ H(c00) e rbf (0) = rcf (0) = 1.
Exemplo 1.2. Seja c0 o espa¸co das sequˆencias complexas (xn)nque convergem a zero munido
da norma
kxk∞= sup n∈N
|xn|
para todo x = (xn)n∈ c0. Definindo
f (x) =
∞
X
n=1
(xn)n
para todo x = (xn)n∈ c0, temos que f ∈ H(c0) e rbf (0) = rcf (0) = 1.
Exemplo 1.3. Para p > 1, seja `p o espa¸co das sequˆencias complexas (xn)n tais que
P∞ n=0|xn| p < ∞ munido da norma kxkp = ∞ X n=0 |xn|p !p1
para todo x = (xn)n∈ `p. Definindo
f (x) =
∞
X
n=0
(xn)n
para todo x = (xn)n∈ `p, temos que f ∈ H(`p) e rbf (0) = rcf (0) = 1.
Todos os exemplos anteriores s˜ao ainda exemplos de aplica¸c˜oes que n˜ao s˜ao limitadas nos limitados do seu dom´ınio. Na verdade temos o seguinte resultado que mostra que a situa¸c˜ao no caso de dimens˜ao infinita ´e completamente diferente da situa¸c˜ao no caso de dimens˜ao finita.
Teorema 1.1. Se E tem dimens˜ao infinita, ent˜ao existe f ∈ H(E) que n˜ao ´e limitada nos limitados de E.
Este resultado justifica a introdu¸c˜ao do espa¸co das aplica¸c˜oes holomorfas de tipo limitado, que faremos a seguir.
Defini¸c˜ao 1.9. Um subconjunto n˜ao vazio B de E ´e dito U -limitado se B ⊂ U , B ´e limitado e dist(B, ∂U ) > 0.
Defini¸c˜ao 1.10. Dizemos que f ∈ H(U ; F ) ´e de tipo limitado se f ´e limitada em todo subconjunto U -limitado de U .
Denotamos por Hb(U ; F ) o espa¸co das aplica¸c˜oes holomorfas de U em F de tipo limitado.
Em particular, quando U = E, temos que Hb(E; F ) ´e o espa¸co das aplica¸c˜oes holomorfas de
E em F que s˜ao limitadas nos limitados de E.
A topologia natural de Hb(U ; F ), denotada por τb, ´e a topologia localmente convexa
gerada pela fam´ılia de seminormas
pX(f ) = sup x∈X
kf (x)k
para toda f ∈ Hb(U ; F ), onde X percorre a fam´ılia dos U -limitados de U . Salvo indica¸c˜ao
contr´aria, estaremos sempre considerando Hb(U ; F ) munido da topologia τb.
Defini¸c˜ao 1.11. Um espa¸co de Fr´echet ´e um espa¸co localmente convexo metriz´avel completo. Proposi¸c˜ao 1.12. Hb(U ; F ) ´e um espa¸co de Fr´echet.
Proposi¸c˜ao 1.13. Seja f ∈ H(E; F ). S˜ao equivalentes:
(a) f ´e de tipo limitado. (b) lim n→∞ 1 n!db nf (x) 1 n = 0 para algum x ∈ E. (c) rcf (x) = ∞ para algum x ∈ E.
Seja U um subconjunto pr´oprio de E. Denotamos por H∞(U ; F ) o espa¸co das aplica¸c˜oes holomorfas de U em F que s˜ao limitadas em U . A topologia natural ´e dada pela norma
kf kU = sup x∈U
kf (x)k
para toda f ∈ H∞(U ; F ). Estaremos sempre considerando H∞(U ; F ) munido desta norma. Observe que se U = E, ent˜ao H∞(E; F ) ´e o espa¸co das aplica¸c˜oes constantes.
Proposi¸c˜ao 1.14. H∞(U ; F ) ´e um espa¸co de Banach.
Defini¸c˜ao 1.12. Seja X um espa¸co localmente convexo. Uma sequˆencia de subespa¸cos {Xn}n∈N0 de X ´e uma decomposi¸c˜ao de Schauder para X se
(a) para cada x ∈ X existe uma ´unica sequˆencia (xn)n tal que xn ∈ Xn para todo n ∈ N0
e x =P∞ n=0xn = limm→∞ Pm n=0xn; (b) as proje¸c˜oes um( P∞ n=0xn) = Pm
n=0xnpara todo x ∈ X s˜ao cont´ınuas para todo m ∈ N0.
Defini¸c˜ao 1.13. Sejam X um espa¸co localmente convexo e {(Xn, k · kn)}n∈N0 uma sequˆencia
de subespa¸cos de X que s˜ao espa¸cos de Banach. Dizemos que {(Xn, k · kn)}n∈N0 ´e uma
R-decomposi¸c˜ao de Schauder para X, 0 < R ≤ ∞, se {(Xn, k · kn)}n∈N0 ´e uma decomposi¸c˜ao de
Schauder para X e para toda sequˆencia (xn)n, xn ∈ Xn para todo n ∈ N0, a s´erie
P∞
n=0xn
converge em X se, e somente se, lim sup
n→∞ kxnk 1 n n ≤ R1. ´
E f´acil ver que {P(nE; F )}
n∈N0 ´e uma ∞-decomposi¸c˜ao de Schauder para Hb(E; F ) e
uma R-decomposi¸c˜ao de Schauder para Hb(RBE; F ), R > 0.
Defini¸c˜ao 1.14. Seja S = {(αn)n ⊂ C ; lim sup n→∞
|αn|
1
n ≤ 1}. Uma decomposi¸c˜ao de
Schauder {Xn}n∈N0 de um espa¸co localmente convexo X ´e uma decomposi¸c˜ao S-absoluta
para X se para toda (αn)n∈ S e x =
P∞
n=0xn∈ X, xn∈ Xn, temos que
P∞
n=0αnxn ∈ X e,
para toda seminorma cont´ınua p em X e para todo α = (αn)n∈ S,
pα ∞ X n=0 xn ! = ∞ X n=0 |αn|p(xn)
define uma seminorma cont´ınua em X.
As no¸c˜oes de polinˆomios n-homogˆeneos e aplica¸c˜oes holomorfas podem ser estendidas para espa¸cos localmente convexos. Para maiores detalhes, veja [4].
Teorema 1.2. Seja V um subconjunto aberto equilibrado de um espa¸co localmente convexo X. Ent˜ao {(P(nX; F ), τ
0)}n∈N0 ´e uma decomposi¸c˜ao S-absoluta para (H(V ; F ), τ0).
Demonstra¸c˜ao. Ver [14], p´agina 121, Teorema 3.19.
Teorema 1.3. Seja V um subconjunto aberto equilibrado de um espa¸co localmente convexo X. Ent˜ao {(P(nX; F ), τ
ω)}n∈N0 ´e uma decomposi¸c˜ao S-absoluta para (H(V ; F ), τω).
Demonstra¸c˜ao. Ver [14], p´agina 122, Teorema 3.22.
Teorema 1.4. Seja V um subconjunto aberto equilibrado de um espa¸co localmente convexo X. Ent˜ao {(P(nX; F ), τ
b)}n∈N0 ´e uma decomposi¸c˜ao S-absoluta para (Hb(V ; F ), τb).
Demonstra¸c˜ao. Ver [15], p´agina 200, letra (b).
Defini¸c˜ao 1.15. Dizemos que um espa¸co localmente convexo X tem a propriedade de Schur se toda sequˆencia fracamente convergente a zero, converge a zero em X.
Proposi¸c˜ao 1.15. Se X ´e um espa¸co localmente convexo com uma decomposi¸c˜ao S-absoluta {Xn}n∈N0, ent˜ao X tem a propriedade de Schur se, e somente se, Xn tem a propriedade de
Schur para todo n ∈ N0.
Demonstra¸c˜ao. Ver [6], Lema 4.2.
Seja X ´e um espa¸co localmente convexo. Denotamos por β(X0, X) a topologia localmente convexa em X0 que tem como sub-base os conjuntos U◦ para todo subconjunto limitado U de X, onde U◦ denota o polar de U em X0.
Defini¸c˜ao 1.16. Seja X um espa¸co localmente convexo. Uma decomposi¸c˜ao de Schauder {Xn}n∈N0 ´e dita contr´atil se {X
0
n}n∈N0 ´e uma decomposi¸c˜ao de Schauder para (X
0, β(X0, X)).
Como toda decomposi¸c˜ao S-absoluta ´e contr´atil (ver [14], p´agina 119, Corol´ario 3.14) segue que a decomposi¸c˜ao {(P(nX; F ), τ )}
n∈N0, onde τ ∈ {τ0, τb, τω}, dada pelos Teoremas
1.2, 1.3, 1.4, ´e contr´atil.
Defini¸c˜ao 1.17. Seja X um espa¸co localmente convexo. Uma decomposi¸c˜ao de Schauder {Xn}n∈N0 ´e dita limitadamente completa se
P∞
n=0xn ∈ X sempre que xn ∈ Xn
e (Pm
n=0xn) ∞
m=0 ´e uma sequˆencia limitada em X.
Sob certas condi¸c˜oes na decomposi¸c˜ao de Schauder {Xn}n∈N0 para X, podemos garantir
quando um espa¸co localmente convexo X ´e semi-reflexivo. O seguinte resultado pode ser visto em [25] (Teorema 3.2).
Teorema 1.5. Sejam X um espa¸co localmente convexo e {Xn}n∈N0 uma decomposi¸c˜ao de
Schauder para X. S˜ao equivalentes:
(a) X ´e semi-reflexivo.
(b) {Xn}n∈N0 ´e limitadamente completa, contr´atil e cada Xn ´e semi-reflexivo.
Em particular, quando X ´e um espa¸co de Fr´echet temos o seguinte resultado (ver [14], p´agina 142, Corol´ario 3.61):
Teorema 1.6. Se V ´e um subconjunto aberto equilibrado de um espa¸co de Fr´echet X e τ ∈ {τ0, τω}, ent˜ao (H(V ; F ), τ ) ´e semi-reflexivo se, e somente se, (P(nX; F ), τ ) ´e
semi-reflexivo para todo n ∈ N0.
No caso do espa¸co das aplica¸c˜oes de tipo limitado, o seguinte resultado ´e um caso parti-cular do Corol´ario 13 (a) provado por Garcia, Maestre e Rueda em [17]:
Teorema 1.7. Se U ´e equilibrado, ent˜ao (Hb(U ), τb) ´e reflexivo se, e somente se, P(nE) ´e
reflexivo para todo n ∈ N0.
Se E = F = C sabemos que f : U −→ C ´e anal´ıtica (ou diferenci´avel) em a ∈ U se, e somente se, f ´e holomorfa em a. Veremos a seguir que o mesmo continua valendo no caso das aplica¸c˜oes holomorfas entre espa¸cos de dimens˜ao infinita. Por´em, devemos antes fazer algumas observa¸c˜oes.
Defini¸c˜ao 1.18. Uma aplica¸c˜ao f : U −→ F ´e dita Fr´echet diferenci´avel, ou (F)-diferenci´avel em U se para todo a ∈ U , existe uma aplica¸c˜ao A ∈ L(E; F ) tal que
lim
x→a
kf (x) − f (a) − A(x − a)k
kx − ak = 0.
A aplica¸c˜ao A ∈ L(E; F ) que aparece na Defini¸c˜ao 1.18 ´e determinada de modo ´unico por f e a. Denotamos tal aplica¸c˜ao por Df (a), chamada a diferencial de f em a. ´E claro que toda aplica¸c˜ao diferenci´avel f : U −→ F ´e cont´ınua em U .
Exemplo 1.4. Se f ∈ F (E; F ) ´e constante, ent˜ao f ´e diferenci´avel e Df (a) = 0 para todo a ∈ E.
Exemplo 1.5. Se A ∈ L(E; F ), ent˜ao A ´e diferenci´avel e Df (a) = A para todo a ∈ E. Exemplo 1.6. Se P ∈ P(nE; F ), ent˜ao P ´e diferenci´avel e DP (a) = nAan−1 para todo a ∈ E, onde P = bA e Aan−1: E −→ E ´e definida por Aan−1(x) = A(a, . . . , a, x).
Proposi¸c˜ao 1.16. Sejam f : U −→ F e g : U −→ F aplica¸c˜oes diferenci´aveis. Ent˜ao
(a) αf + βg ´e diferenci´avel para todo α, β ∈ C e
D(α f + β g)(a) = αDf (a) + βDg(a) para todo a ∈ U .
(b) Se F = C, ent˜ao o produto f g ´e diferenci´avel e
D(f g)(a) = g(a)Df (a) + f (a)Dg(a) para todo a ∈ U .
Proposi¸c˜ao 1.17. A aplica¸c˜ao f : U −→ F ´e Fr´echet diferenci´avel em U se, e somente se, f ´e holomorfa em U . Neste caso, Df (a) = bdf (a) para todo a ∈ U .
1.2
Algebras de Fr´
´
echet
Durante esta se¸c˜ao, E denotar´a uma ´algebra complexa. As demonstra¸c˜oes dos resultados desta se¸c˜ao podem ser vistas em [20]. Para outras defini¸c˜oes e resultados na teoria das ´
algebras de Banach, damos como referˆencia [26] e [37] e para resultados sobre ´algebras de Banach de fun¸c˜oes anal´ıticas em dimens˜ao finita referimos a [22].
Defini¸c˜ao 1.19. Uma ´algebra topol´ogica ´e uma ´algebra que ´e um espa¸co vetorial topol´ogico tal que a opera¸c˜ao de multiplica¸c˜ao ´e cont´ınua.
Defini¸c˜ao 1.20. Uma ´algebra de Fr´echet ´e um espa¸co de Fr´echet que ´e uma ´algebra to-pol´ogica e, al´em disso, sua topologia ´e definida por uma fam´ılia de seminormas p tais que
p(xy) ≤ p(x)p(y) para todos x, y ∈ E.
Defini¸c˜ao 1.21. Dizemos que E ´e uma ´algebra de Banach se E ´e uma ´algebra que ´e um espa¸co de Banach e a norma satisfaz a condi¸c˜ao
kxyk ≤ kxk kyk para todos x, y ∈ E.
Observa¸c˜ao 1.5. ´E claro que toda ´algebra de Banach ´e uma ´algebra de Fr´echet. Por´em a rec´ıproca n˜ao ´e verdadeira como veremos mais tarde.
Defini¸c˜ao 1.22. Dizemos que uma ´algebra E tem unidade se existe um elemento e ∈ E tal que xe = ex = e para todo x ∈ E. Dizemos que E ´e comutativa se xy = yx para todos x, y ∈ E.
Observa¸c˜ao 1.6. Definindo ˜E = C ⊕ E = {(λ, x) ; λ ∈ C , x ∈ E} com as opera¸c˜oes de adi¸c˜ao, multiplica¸c˜ao por escalar e multiplica¸c˜ao em ˜E da forma
(λ, x) + (µ, y) = (λ + µ, x + y) µ(λ, x) = (µλ, µx)
(λ, x)(µ, y) = (λµ, µx + λy + xy)
para todos x, y ∈ E e para todos λ, µ ∈ C, tem-se que ˜E ´e uma ´algebra complexa com unidade e = (1, 0) ∈ ˜E. Mais ainda, se E ´e uma ´algebra de Banach com unidade e ∈ E, definindo a norma
|kxk| = sup
kyk≤1
kxyk
para todo x ∈ E temos que |k · k| ´e uma norma equivalente `a norma original k · k, (E, |k · k|) ´
e uma ´algebra de Banach e |kek| = 1.
Quando E for uma ´algebra de Banach com unidade e, sem perda de generalidade vamos supor kek = 1. Nos pr´oximos exemplos, E ´e um espa¸co de Banach, U ´e um subconjunto aberto de E e F ´e uma ´algebra de Banach. Para n ∈ N, sejam nBE = {x ∈ E ; kxk < n} e
∆n= {λ ∈ C ; |λ| < n}. Se n = 1, escrevemos ∆ ao inv´es de ∆1, e ´e claro que 1BE = BE.
Exemplo 1.7. C com as opera¸c˜oes usuais ´e uma ´algebra de Banach comutativa com unidade. Exemplo 1.8. Seja K um espa¸co compacto de Hausdorff. Denotamos por C(K; F ) a ´algebra das aplica¸c˜oes cont´ınuas f : K −→ F , com as opera¸c˜oes definidas pontualmente. Definindo
a norma
kf kK = sup x∈K
kf (x)k
para toda f ∈ C(K; F ), tem-se que C(K; F ) ´e uma ´algebra de Banach.
Exemplo 1.9. Seja Ω um espa¸co topol´ogico de Hausdorff. Denotamos por Cb(Ω; F ) a ´algebra
das aplica¸c˜oes cont´ınuas f : Ω −→ F que s˜ao limitadas, com as opera¸c˜oes definidas pontu-almente. Definindo a norma
kf kΩ = sup x∈Ω
kf (x)k
para toda f ∈ Cb(Ω; F ), tem-se que Cb(Ω; F ) ´e uma ´algebra de Banach.
Exemplo 1.10. H∞(U ; F ) ´e uma ´algebra de Banach, com as opera¸c˜oes definidas pontual-mente.
Exemplo 1.11. Denotamos por A(BE; F ) a ´algebra das aplica¸c˜oes f : BE −→ F anal´ıticas
em BE e uniformemente cont´ınuas em BE, com as opera¸c˜oes definidas pontualmente.
Defi-nindo a norma
kf k = sup
kxk≤1
kf (x)k
para toda f ∈ A(BE; F ), tem-se que A(BE; F ) ´e uma ´algebra de Banach. Quando E = F =
C, A(BE; F ) = A(∆) ´e chamada a ´algebra de disco.
Exemplo 1.12. Seja `1 = {(xn)+∞n=−∞ ⊂ C ;
P+∞
n=−∞|xn| < ∞}. Definimos as opera¸c˜oes de
espa¸co vetorial de maneira pontual, a norma kxk =
+∞
X
n=−∞
|xn|
para todo x = (xn)+∞n=−∞∈ `1, e o produto de convolu¸c˜ao x ∗ y = (zn)+∞n=−∞, onde
zn = +∞
X
k=−∞
xn−kyk
para todos x = (xn)+∞n=−∞, y = (yn)n=−∞+∞ ∈ `1. Com estas opera¸c˜oes e esta norma, `1 ´e uma
´
algebra de Banach comutativa com unidade e = (αn)+∞n=−∞, onde α0 = 1 e αn = 0 para todo
Exemplo 1.13. Denotamos por C∞([0, 1]) a ´algebra das fun¸c˜oes complexas infinitamente diferenci´aveis no intervalo [0, 1], com as opera¸c˜oes definidas pontualmente. Munimos este espa¸co da topologia localmente convexa gerada pela fam´ılia de seminormas
pn(f ) = 2n−1 sup{|f(k)(x)| ; x ∈ [0, 1] , k = 0, 1, . . . , n − 1}
para toda f ∈ C∞([0, 1]) e para todo n ∈ N, onde f(k) denota a k-´esima derivada de f . A
´
algebra C∞([0, 1]) ´e uma ´algebra de Fr´echet comutativa com unidade que n˜ao ´e uma ´algebra de Banach.
Exemplo 1.14. Hb(U ; F ) ´e uma ´algebra de Fr´echet, com as opera¸c˜oes definidas
pontual-mente.
Exemplo 1.15. Seja X um espa¸co de Hausdorff. Denotamos por C(X) o espa¸co das fun¸c˜oes complexas cont´ınuas em X munido da topologia τ0 com as opera¸c˜oes definidas pontualmente.
Se X ´e um k-espa¸co hemicompacto, ent˜ao C(X) ´e uma ´algebra de Fr´echet comutativa com unidade. Em particular, C(R) ´e uma ´algebra de Fr´echet comutativa com unidade.
Observa¸c˜ao 1.7. Com base nos exemplos anteriores, fazemos as seguintes observa¸c˜oes:
(a) Nos exemplos 1.8, 1.9, 1.10, 1.11 e 1.14, se F ´e comutativa, ent˜ao estes s˜ao exemplos de ´algebras comutativas e se F ´e uma ´algebra com unidade, ent˜ao estes s˜ao exemplos de ´algebras com unidade.
(b) Se, no Exemplo 1.12, consideramos o produto xy = (xnyn)+∞n=−∞
para quaisquer x = (xn)+∞n=−∞, y = (yn)+∞n=−∞ ∈ `1, temos que `1 ´e uma ´algebra de
Banach comutativa sem unidade.
(c) No Exemplo 1.15, ´e poss´ıvel provar que quando X ´e completamente regular e C(X) ´e uma ´algebra de Fr´echet, ent˜ao X ´e um k-espa¸co hemicompacto.
Observa¸c˜ao 1.8. Dado um espa¸co normado (E, k · k) ´e sempre poss´ıvel definir um produto ∗ em E de modo que E com este produto se torna uma ´algebra comutativa com unidade. Al´em disso, ´e poss´ıvel definir uma norma |k · k| equivalente a norma k · k de modo que E se torna uma ´algebra de Banach. Para maiores detalhes, veja [18].
Lembramos que se X e Y s˜ao espa¸cos vetoriais topol´ogicos, ent˜ao dizemos que X e Y s˜ao isomorfos se existe uma aplica¸c˜ao linear T : X −→ Y bijetiva cont´ınua com inversa cont´ınua. Se (X, k · kX) e (Y, k · kY) s˜ao espa¸cos normados, dizemos que X e Y s˜ao isometricamente
isomorfos se existe uma aplica¸c˜ao linear T : X −→ Y sobrejetiva tal que kT (x)kY = kxkX
para todo x ∈ X.
Defini¸c˜ao 1.23. Dizemos que E ´e uma ´algebra de Fr´echet uniforme se existe uma sequˆencia de seminormas (pn)n que define a topologia de E e satisfazem pn(x2) = pn(x)2 para todo x ∈
E e para todo n ∈ N. Em particular, E ´e uma ´algebra de Banach uniforme se kx2k = kxk2
para todo x ∈ E.
´
E claro que toda ´algebra de Banach uniforme ´e uma ´algebra de Fr´echet uniforme. Se X ´e hemicompacto, ent˜ao C(X) ´e uma ´algebra de Fr´echet uniforme. A ´algebra C∞([0, 1]) ´e uma ´
algebra de Fr´echet que n˜ao ´e uniforme.
Defini¸c˜ao 1.24. Se E ´e uma ´algebra de Fr´echet, um homomorfismo de E em C ´e uma aplica¸c˜ao linear ϕ : E −→ C tal que ϕ(xy) = ϕ(x)ϕ(y) para todos x, y ∈ E. O espectro de E, denotado por M(E), ´e o conjunto dos homomorfismos cont´ınuos n˜ao nulos de E em C.
´
E claro que se E tem unidade e e ϕ ´e um homomorfismo n˜ao-nulo de E em C ent˜ao ϕ(e) = 1. Observe que se A ´e uma ´algebra topol´ogica, o espectro de A ´e usualmente definido como sendo o conjunto Ω(A) dos ideais maximais fechados de A. A seguir, veremos
um resultado que justifica chamar M(E) de espectro de E quando E ´e uma ´algebra de Fr´echet.
Proposi¸c˜ao 1.18. Se E ´e uma ´algebra de Fr´echet comutativa com unidade, a aplica¸c˜ao T : M(E) −→ Ω(E) dada por T (ϕ) = ϕ−1(0) para toda ϕ ∈ M(E) ´e bijetiva.
Demonstra¸c˜ao. Ver [20], p´agina 82, Teorema 3.2.11.
A demonstra¸c˜ao desta proposi¸c˜ao usa o Teorema de Gelfand-Mazur, que enunciamos a seguir.
Teorema 1.8. (Teorema de Gelfand-Mazur) Se E ´e uma ´algebra de Fr´echet comutativa com unidade que ´e um corpo, ent˜ao existe um isomorfismo entre E e C. Em particular, se E ´e uma ´algebra de Banach, ent˜ao E e C s˜ao isometricamente isomorfos.
Demonstra¸c˜ao. Ver [20], p´agina 80, Teorema 3.2.9.
No caso em que E ´e uma ´algebra de Banach comutativa com unidade, podemos omitir a continuidade do homomorfismo na defini¸c˜ao de M(E). Mais precisamente temos:
Proposi¸c˜ao 1.19. Se E ´e uma ´algebra de Banach comutativa com unidade, ent˜ao:
(a) Todo homomorfismo de E em C ´e cont´ınuo. (b) Todo ideal maximal de E em C ´e fechado. (c) kϕk = 1 para toda ϕ ∈ M(E).
Demonstra¸c˜ao. Ver [20], p´agina 9, Teorema 1.2.9 e p´agina 12, Teorema 1.2.5.
No caso das ´algebras de Fr´echet, os ideais maximais n˜ao s˜ao, em geral, fechados. O problema de decidir se todo homomorfismo de uma ´algebra de Fr´echet em C ´e cont´ınuo, ´e um problema em aberto e ´e conhecido como Problema de Michael.
Exemplo 1.16. Seja S1 = {λ ∈ C ; |λ| = 1} e definamos Tλ(a) =
P+∞
n=−∞anλn para todo
a = (an)+∞n=−∞ ∈ `1. ´E claro que Tλ ∈ M(`1) para todo λ ∈ S1. Definindo T : S1 −→ M(`1),
onde T (λ) = Tλ para todo λ ∈ S1, mostra-se que T ´e bijetiva. Portanto M(`1) = S1 (como
conjuntos).
Exemplo 1.17. Seja ϕ ∈ M(C). Logo ϕ ∈ C0 de modo que existe λ ∈ C tal que ϕ(z) = λz para todo z ∈ C. Como ϕ(1) = 1, temos que λ = 1. Assim, ϕ = Id, onde Id ´e a fun¸c˜ao identidade de C. Portanto, M(C) = {Id} (como conjuntos).
Exemplo 1.18. Para cada x ∈ R, seja Tx : C(R) −→ C tal que Tx(f ) = f (x) para toda
f ∈ C(R). ´E claro que Tx∈ M(C(R)) para todo x ∈ R. Definindo T : R −→ M(C(R)), onde
T (x) = Tx para todo x ∈ R, mostra-se que T ´e bijetiva. Portanto, M(C(R)) = R (como
conjuntos). Mais ainda, ´e poss´ıvel provar que M(C(X)) = X quando X ´e um k-espa¸co hemicompacto.
Defini¸c˜ao 1.25. O radical de uma ´algebra E, denotado por R(E), ´e a interse¸c˜ao de todos os ideais maximais em E. Dizemos que E ´e semi-simples se R(E) = {0}.
Proposi¸c˜ao 1.20. Se E ´e uma ´algebra de Fr´echet comutativa com unidade, ent˜ao
R(E) = \
ϕ∈M(E)
ϕ−1(0).
Defini¸c˜ao 1.26. Seja E uma ´algebra de Banach. Dizemos que x ∈ E ´e quasi-nilpotente se lim
n→∞kx
nkn1 = 0.
Proposi¸c˜ao 1.21. Sejam E uma ´algebra de Banach comutativa com unidade e x ∈ E. Ent˜ao x ∈ R(E) se, e somente se, x ´e quasi-nilpotente. Em particular, E ´e semi-simples se, e somente se, x ∈ E quasi-nilpotente implica x = 0.
Segue da proposi¸c˜ao anterior que toda ´algebra de Banach uniforme comutativa com unidade ´e semi-simples. Mais ainda, ´e poss´ıvel provar que toda ´algebra de Fr´echet uniforme comutativa com unidade ´e semi-simples.
Observe que para cada x ∈ E podemos definir a fun¸c˜ao ˆx : M(E) −→ C dada por ˆ
x(ϕ) = ϕ(x) para toda ϕ ∈ M(E). A fun¸c˜ao ˆx ´e dita a transformada de Gelfand de x. Por defini¸c˜ao
ˆ
E = {ˆx ; x ∈ E}.
Como M(E) ⊂ E0, a topologia fraca σ(E0, E) induz em M(E) uma topologia que ´e dita a topologia de Gelfand, denotada por τG. Salvo quando for dito explicitamente o contr´ario,
M(E) estar´a sempre munido da topologia de Gelfand. Assim, uma sequˆencia generalizada (ϕα)α ⊂ M(E) converge para ϕ ∈ M(E) se, e somente se, ϕα(x) −→ ϕ(x) para todo x ∈ E.
Proposi¸c˜ao 1.22. Se E ´e uma ´algebra de Banach comutativa com unidade, ent˜ao M(E) ´e um espa¸co compacto de Hausdorff n˜ao-vazio.
Observe que se E ´e uma ´algebra de Banach, ˆE ´e uma sub´algebra da ´algebra uniforme C(M(E)).
Exemplo 1.19. Considerando a ´algebra do Exemplo 1.8, fixado x ∈ K, seja δx : C(K) −→ C
onde δx(f ) = f (x) para toda f ∈ C(K). E claro que δ´ x ∈ M(C(K)) para todo x ∈ K.
Definimos δ : K −→ M(C(K)) dada por δ(x) = δx para todo x ∈ K. Mostra-se que δ ´e um
homeomorfismo. Portanto, M(C(K)) ´e homeomorfo a K.
Exemplo 1.20. Para cada z ∈ ∆, seja δz : A(∆) −→ C onde δz(f ) = f (z) para toda
f ∈ A(∆). ´E claro que δz ∈ M(A(∆)) para todo z ∈ ∆. Definimos δ : ∆ −→ M(A(∆))
dada por δ(z) = δz para todo z ∈ ∆. Mostra-se que δ ´e um homeomorfismo. Portanto,
M(A(∆)) ´e homeomorfo a ∆.
Em 1957, durante uma conferˆencia no Institute for Advanced Study em Princeton, um grupo de matem´aticos se reuniu para estudar M(H∞(∆)). Os resultados foram publica-dos sob o pseudˆonimo de I. J. Schark em [36]. Naquela ´epoca pouco se conhecia sobre M(H∞(∆)). As duas proposi¸c˜oes a seguir foram obtidas por este grupo de matem´aticos e
Proposi¸c˜ao 1.23. A aplica¸c˜ao δ : ∆ −→ M(H∞(∆)) definida por δλ(f ) = f (λ) para toda
f ∈ H∞(∆) e para todo λ ∈ ∆ ´e injetiva mas n˜ao ´e sobrejetiva.
Temos ent˜ao que δ(∆) & M(H∞(∆)). Por outro lado, observe que para toda ϕ ∈ M(H∞(∆)) temos
|ϕ(Id)| ≤ kϕkkIdk = 1
de modo que ϕ(Id) ∈ ∆. Assim, podemos definir a aplica¸c˜ao Π : M(H∞(∆)) −→ ∆ por Π(ϕ) = ϕ(Id) para toda ϕ ∈ M(H∞(∆)). Observamos que, se (ϕα)α ´e uma sequˆencia
gene-ralizada em M(H∞(∆)) tal que ϕα τG
−→ ϕ ∈ M(H∞(∆)), em particular, ϕ
α(Id) −→ ϕ(Id),
isto ´e, Π(ϕα) −→ Π(ϕ), donde segue que Π ´e cont´ınua.
Proposi¸c˜ao 1.24. Se Π ´e a aplica¸c˜ao de M(H∞(∆)) em ∆ definida acima, valem as se-guintes afirma¸c˜oes:
(a) Π ´e sobrejetiva. (b) Π|δ(∆) ´e injetiva.
(c) Π−1 leva ∆ homeomorficamente sobre o subconjunto aberto δ(∆) de M(H∞(∆)). Assim, dado λ ∈ ∆ \ ∆, como Π ´e sobrejetiva existe ϕ ∈ M(H∞(∆)) tal que λ = Π(ϕ). Como Π(δ(∆)) = ∆ e Π(ϕ) /∈ ∆, temos que ϕ ∈ M(H∞(∆))\δ(∆). Por outro lado, sabemos
que M(H∞(∆)) ´e fechado, donde δ(∆) ⊂ M(H∞(∆)). Portanto, ´e natural perguntar se
δ(∆) = M(H∞(∆)). (1.1)
Este problema, proposto no caso mais geral para H∞(D) onde D ´e um subconjunto aberto de C, ´e conhecido como Problema da Corona e, no caso geral, permanece em aberto. Carleson provou em [8] o seguinte resultado:
Teorema 1.9. Se f1, . . . , fn ∈ A(∆) satisfazem |f1(z)| + . . . + |fn(z)| > 0 para todo z ∈ ∆,
ent˜ao existem g1, . . . , gn ∈ A(∆) tais que f1g1+ . . . + fngn= 1.
Mais tarde Cohen apresentou em [11] uma prova mais construtiva para este fato. Vale ressaltar que as seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes:
(a) δ(∆) = M(H∞(∆));
(b) Para qualquer fam´ılia f1, . . . , fn∈ H∞(∆) satisfazendo
|f1(z)| + . . . + |fn(z)| ≥ δ (1.2)
para algum δ > 0 para todo z ∈ ∆, existem g1, . . . , gn ∈ H∞(∆) tais que
f1g1+ . . . + fngn = 1. (1.3)
Carleson mostrou em [9] que vale (b) resolvendo, assim, positivamente, o Problema da Corona no caso particular quando D = ∆.
V´arios autores estudaram o espectro de ´algebras de aplica¸c˜oes holomorfas no caso de um espa¸co de Banach E de dimens˜ao infinita. Neste caso, tem-se a necessidade de supor que o dual de E tenha a propriedade da aproxima¸c˜ao. Sabemos que todo espa¸co de Banach que possui uma base de Schauder tem a propriedade da aproxima¸c˜ao e que E tem a propriedade da aproxima¸c˜ao sempre que E0 tem a propriedade da aproxima¸c˜ao. Em particular, se E ´e reflexivo, ent˜ao E tem a propriedade da aproxima¸c˜ao se, e somente se, E0 tem a propriedade da aproxima¸c˜ao. Mas, em geral, pode acontecer que E tenha a propriedade da aproxima¸c˜ao sem que E0tenha esta propriedade. Por exemplo, por um resultado de A. Szankowski em [38], L(`2; `2) n˜ao tem a propriedade da aproxima¸c˜ao (ver tamb´em [34]) enquanto que L(`2; `2)
pode ser visto como um dual de um espa¸co com a propriedade da aproxima¸c˜ao (ver [23], p´agina 416).
Teorema 1.10. Seja E um espa¸co de Banach tal que E0 tem a propriedade da aproxima¸c˜ao. O espectro de Hb(E) coincide com E00 (como conjunto) se, e somente se, o conjunto dos
polinˆomios complexos fracamente cont´ınuos ´e denso em Hb(E).
No caso vetorial, Garcia, Louren¸co, Moraes e Paques em [18] e Burlandy e Moraes em [7] obtiveram os seguintes resultados, respectivamente.
Teorema 1.11. Seja E um espa¸co de Banach tal que E0 tem a propriedade da aproxima¸c˜ao e seja F uma ´algebra de Banach isometricamente isomorfa a ˆF pela transformada de Gelfand. O espectro de Hb(E, F ) coincide com E00×M(F ) se, e somente se, o conjunto dos polinˆomios
fracamente cont´ınuos de E em F ´e denso em Hb(E, F ).
Teorema 1.12. Seja U um subconjunto convexo aberto de um espa¸co de Banach E e seja F uma ´algebra de Banach isometricamente isomorfa a ˆF pela transformada de Gelfand. Suponhamos que E0 tem a propriedade da aproxima¸c˜ao. O espectro de Hb(U, F ) coincide
com int U◦◦× M(F ) se, e somente se, o conjunto dos polinˆomios fracamente cont´ınuos de E em F ´e denso em Hb(U, F ).
Cap´ıtulo 2
As Aplica¸
c˜
oes Lorch Anal´ıticas
Neste cap´ıtulo definiremos diversos espa¸cos de aplica¸c˜oes Lorch anal´ıticas e faremos um estudo preliminar das propriedades topol´ogicas destes espa¸cos. Come¸caremos apresentando a defini¸c˜ao de aplica¸c˜ao anal´ıtica dada por Lorch em [28]. O espa¸co HL(U ; E) das aplica¸c˜oes
Lorch anal´ıticas de um aberto conexo U de E em E ser´a denotado por HL(E) quando U = E
e por HL(BE) quando U = BE. Mostraremos que HL(E) e HL(BE) s˜ao subespa¸cos fechados
de Hb(E; E) e de Hb(BE; E), respectivamente, e portanto s˜ao espa¸cos de Fr´echet. Usando
o fato de E ser isometricamente isomorfo ao espa¸co dos polinˆomios n-homogˆeneos que s˜ao Lorch anal´ıticos, mostraremos que muitas propriedades topol´ogicas de E s˜ao compartilhadas com os espa¸cos HL(E) e HL(BE). Estudaremos tamb´em os espa¸cos AL(BE) das aplica¸c˜oes
Lorch anal´ıticas em BE que s˜ao uniformemente cont´ınuas em BE e H∞L(BE) das aplica¸c˜oes
Lorch anal´ıticas em BE que s˜ao limitadas e mostraremos que, munidos da norma do sup,
ambos s˜ao espa¸cos de Banach.
Em todo este cap´ıtulo, E denotar´a uma ´algebra de Banach comutativa com unidade e tal que kek = 1 e U ser´a um subconjunto aberto conexo de E.
2.1
Espa¸
cos de Aplica¸
c˜
oes (L)-Anal´ıticas
Defini¸c˜ao 2.1. Uma aplica¸c˜ao f : U → E ´e deriv´avel no sentido de Lorch (ou (L)-diferenci´avel) em w0 ∈ U com derivada a ∈ E se para todo ε > 0 existe δ > 0 tal que
kf (w0+ h) − f (w0) − h ak < εkhk
para todo h ∈ E satisfazendo khk < δ.
´
E f´acil ver atrav´es da defini¸c˜ao que tal a ∈ E ´e ´unico e que se f ´e (L)-diferenci´avel em w0, ent˜ao f ´e cont´ınua em w0. Denotamos a (L)-derivada de f em w0 por f0(w0).
Defini¸c˜ao 2.2. Dizemos que f ´e (L)-anal´ıtica em U se f tem (L)-derivada em todo ponto de U.
Como a aplica¸c˜ao A(h) = f0(w0)h para todo h ∈ E ´e tal que A ∈ L(E; E), vemos que
se f : U → E ´e (L)-anal´ıtica em U , ent˜ao f ´e (F)-diferenci´avel em U e, consequentemente, toda aplica¸c˜ao (L)-anal´ıtica de U em E ´e holomorfa. Por´em a rec´ıproca n˜ao ´e verdadeira. Com efeito, consideremos em C2 as opera¸c˜oes
(γ1, γ2) + (ξ1, ξ2) = (γ1+ ξ1, γ2+ ξ2)
α(γ1, γ2) = (αγ1, αγ2) e (γ1, γ2)(ξ1, ξ2) = (γ1ξ1, γ2ξ2)
e a norma
k(γ1, γ2)k = max{|γ1|, |γ2|}.
A aplica¸c˜ao f : C2 −→ C2 definida por
f (γ1, γ2) = (γ2, γ1) para todo (γ1, γ2) ∈ C2
´
Teorema 2.1. Se ρ > 0 ´e o raio de convergˆencia da s´erieP∞ n=0an(w −w0)nonde (an)n ⊂ E, ent˜ao a aplica¸c˜ao f (w) = ∞ X n=0 an(w − w0)n
para todo w ∈ E tal que kw − w0k < ρ ´e (L)-anal´ıtica em Bρ(w0).
Demonstra¸c˜ao. Ver [21], p´agina 116, Teorema 3.19.1.
Por outro lado, temos
Teorema 2.2. Se w0 ∈ U e ρ > 0 s˜ao tais que Bρ(w0) ⊂ U , ent˜ao dada qualquer aplica¸c˜ao
f : U −→ E (L)-anal´ıtica em U temos que existe uma ´unica sequˆencia (an)n ⊂ E tal que
f (w) = ∞ X n=0 an(w − w0)n para todo w ∈ Bρ(w0).
Demonstra¸c˜ao. Ver [21], p´agina 770, Teorema 26.4.1.
O Teorema 2.2 mostra que a s´erie de Taylor das aplica¸c˜oes (L)-anal´ıticas tomam uma forma muito simples. Na nota¸c˜ao usada na teoria das aplica¸c˜oes holomorfas temos que se f (w) =P∞ n=0an(w − w0) n, ent˜ao 1 n!db nf (w 0)(w − w0) = an(w − w0)n para todo n ∈ N0.
Como consequˆencia dos Teoremas 2.1 e 2.2 temos os seguintes corol´arios.
Corol´ario 2.1. Uma aplica¸c˜ao f : E −→ E ´e (L)-anal´ıtica em E se, e somente se, existe uma ´unica sequˆencia (an)n ⊂ E tal que f (w) = P
∞ n=0anw
n para todo w ∈ E, onde
lim
n→∞kank
1 n = 0.
Seja HL(U ; E) o espa¸co das aplica¸c˜oes (L)-anal´ıticas de U em E. Quando U = E,
escrevemos HL(E) em lugar de HL(E; E). Ent˜ao f ∈ HL(E) se, e somente se, existe uma
´
unica sequˆencia (an)n⊂ E tal que f (w) =
P∞
n=0anwn para todo w ∈ E e lim n→∞kank
1 n = 0.
Pelo Corol´ario 2.1 temos que se f : E −→ E ´e dada por f (w) = ∞ X n=0 wn n!
para todo w ∈ E, ent˜ao f ∈ HL(E). Observe que se E = C, ent˜ao f (w) = exp(w) para todo
w ∈ C.
Definindo P (w) = awn para todo w ∈ E, onde a ∈ E, temos que P ∈ P(nE; E) e
kP k = kak, de modo que o supremo dos n´umeros ρ que satisfazem ao Teorema 2.2 ´e o raio de convergˆencia da s´erie de Taylor de f em w0, e da´ı
rcf (w0) = 1 lim sup n→∞ kank 1 n .
Para todo n ∈ N denotamos por PL(nE) o subespa¸co dos elementos de P(nE; E) que s˜ao
aplica¸c˜oes (L)-anal´ıticas, isto ´e, PL(nE) = P(nE; E) ∩ HL(E). Quando n = 0, por defini¸c˜ao
PL(0E) = P(0E; E). Temos a seguinte caracteriza¸c˜ao dos elementos de PL(nE).
Proposi¸c˜ao 2.1. Para todo n ∈ N0, P ∈ PL(nE) se, e somente se, existe a ∈ E tal que
P (w) = awn para todo w ∈ E.
Demonstra¸c˜ao. Se n = 0, vale por defini¸c˜ao. Fixemos n ∈ N. Se P ∈ PL(nE), a s´erie de
Taylor de P em torno da origem ´e dada por P (w) = P∞
k=0akwk para todo w ∈ E, onde
(ak)k ⊂ E, e ´e conhecido que se P ∈ P(nE; E) ent˜ao n!1dbnP (0) = P e 1
k!db
kP (0) = 0 para
todo k 6= n. Assim, P (w) = anwn para todo w ∈ E com an ∈ E. Por outro lado, ´e f´acil
verificar a partir da defini¸c˜ao que se P (w) = awn para todo w ∈ E com a ∈ E, ent˜ao P ´e
(L)-diferenci´avel em E, ou seja, P ∈ PL(nE).
No caso dos polinˆomios de E em E (n˜ao necessariamente homogˆeneos), definimos o espa¸co dos polinˆomios (L)-anal´ıticos de E em E por
Pela proposi¸c˜ao anterior, temos que P ∈ PL(E) se, e somente se, P ´e da forma
P (w) = a0+ a1w + a2w2+ . . . + anwn
para todo w ∈ E e para algum n ∈ N0.
Consideramos PL(nE) como um subespa¸co de P(nE; E) de modo que munimos PL(nE)
com a norma
kP k = sup
kwk≤1
kP (w)k
para todo P ∈ PL(nE). Quando n˜ao mencionado em contr´ario, PL(nE) estar´a sempre
munida desta norma. A proposi¸c˜ao a seguir nos mostra que do ponto de vista alg´ebrico e topol´ogico, o espa¸co dos polinˆomios n-homogˆeneos que s˜ao (L)-anal´ıticos e a ´algebra de Banach E, s˜ao os mesmos.
Proposi¸c˜ao 2.2. PL(nE) ´e isometricamente isomorfo a E.
Demonstra¸c˜ao. Se n = 0, ´e claro. Fixemos n ∈ N. Para cada a ∈ E, seja Pa(w) = awn para
todo w ∈ E. Assim, a aplica¸c˜ao T : E −→ PL(nE) tal que T (a) = Pa para todo a ∈ E est´a
bem definida. Al´em disso, ´e f´acil ver que T ´e linear e sobrejetiva. Como kPak = kak para
todo a ∈ E, segue a isometria.
Corol´ario 2.2. PL(nE) ´e um espa¸co de Banach.
Como HL(U ; E) ⊂ H(U ; E), podemos considerar em HL(U ; E) e em seus subespa¸cos as
topologias induzidas por τ0 e τw.
Proposi¸c˜ao 2.3. (PL(nE), τ0) ´e completo .
Demonstra¸c˜ao. Basta mostrar que para todo n ∈ N0, PL(nE) munido da topologia τ0 ´e
isomorfo a E. Para n = 0 vale por defini¸c˜ao. Fixemos n ∈ N. Seja T a bije¸c˜ao linear definida na demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 2.2. Vamos mostrar que T ´e cont´ınua com inversa cont´ınua
quando PL(nE) est´a munido com a topologia τ0. Seja um conjunto compacto K ⊂ E. Logo
existe λ > 0 tal que kwk ≤ λ para todo w ∈ K. Dado a ∈ E temos que kPa(w)k ≤ kakλn
para todo w ∈ K, isto ´e, pK(T (a)) ≤ ckak para algum c > 0, mostrando que T ´e cont´ınua.
Por outro lado, como o conjunto unit´ario {e} ´e um compacto de E, ent˜ao ´e claro que T−1 ´e cont´ınua. Portanto, T ´e um homeomorfismo linear, ou seja, um isomorfismo.
Proposi¸c˜ao 2.4. (PL(nE), τ0) ´e um subespa¸co complementado de (HL(U ; E), τ0) para todo
n ∈ N.
Demonstra¸c˜ao. Sem perda de generalidade podemos supor que 0 ∈ U uma vez que ´e f´acil verificar que (HL(U ; E) , τ0) ´e isomorfo a (HL(U − w0; E) , τ0) para qualquer w0 ∈ U . Como
1 n!db
nf (0) ∈ P
L(nE) ⊂ HL(U ; E) para toda f ∈ HL(U ; E), o mesmo argumento usado
na demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 3.22(a) de [15] mostra que (PL(nE), τ0) ´e um subespa¸co
complementado de (HL(U ; E), τ0).
Proposi¸c˜ao 2.5. (HL(U ; E), τ0) ´e completo.
Demonstra¸c˜ao. Seja (fα)α uma sequˆencia generalizada τ0-Cauchy em HL(U ; E). Logo (fα)α
´
e uma sequˆencia generalizada τ0-Cauchy em H(U ; E) e, como H(U ; E) ´e τ0-completo, existe
f ∈ H(U ; E) tal que fα τ0
−→ f . Para cada w0 ∈ U , existem r > 0 tal que Br(w0) ⊂ U
e uma sequˆencia de polinˆomios Pn ∈ P(nE; E), denotados por Pn = n!1dbnf (w0), tais que
f (w) = P∞
n=0 1 n!db
nf (w
0)(w − w0) uniformemente em Br(w0). Observamos que a topologia
τ0 de PL(nE) coincide com a topologia da convergˆencia uniforme sobre os subconjuntos
compactos de Br(0) e que, pela desigualdade de Cauchy, se K ´e um subconjunto compacto
equilibrado de Br(0), temos 1 n!db nf (w 0) K ≤ kf kw0+K
para todo n ∈ N. Da´ı e de fα τ0 −→ f segue que 1 n!db nf α(w0) τ0 −→ 1 n!db nf (w 0). Como PL(nE) ´e
τ0-completo, temos da´ı que n!1dbnf (w0) ∈ PL(nE) para todo n ∈ N. Ent˜ao, para cada n ∈ N existe an∈ E tal que n!1dbnf (w0)(w − w0) = an(w − w0)n. Segue da´ı que f ∈ HL(U ; E).
Corol´ario 2.3. Se U ´e equilibrado, ent˜ao (HL(U ; E), τω) ´e completo.
Demonstra¸c˜ao. Seja (fα)α uma sequˆencia generalizada τω-Cauchy em HL(U ; E). Logo (fα)α
´
e uma sequˆencia generalizada τω-Cauchy em H(U, E) e como H(U, E) ´e τω-completo, existe
f ∈ H(U, E) tal que fα τω
−→ f . Como τ0 ⊂ τω, em particular fα τ0
−→ f . Assim, pela Proposi¸c˜ao 2.5 temos que f ∈ HL(U ; E). Portanto, HL(U ; E) ´e τω-completo.
Como na Proposi¸c˜ao 2.4, usando argumento an´alogo ao usado na Proposi¸c˜ao 3.22(b) de [15] para mostrar que (P(nE; F ), τ
ω) ´e um subespa¸co complementado de (H(U ; F ), τω),
mostra-se que (PL(nE), τω) ´e um subespa¸co complementado de (HL(U ; E), τω).
Dada f ∈ HL(E), vimos que f (w) = P ∞ n=0anw
n para todo w ∈ E onde lim n→∞kank
1 n =
0. Al´em disso, definindo Pn(w) = anwn para todo w ∈ E, segue que Pn ∈ PL(nE) e
kPnk = kank para todo n ∈ N0. Assim, f (w) = P ∞
n=0Pn(w) para todo w ∈ E, onde
Pn ∈ P(nE, E) para todo n ∈ N e lim n→∞kPnk 1 n = 0, ou seja, lim n→∞ 1 n!db nf (0) 1 n = 0. Portanto, pela Proposi¸c˜ao 1.13, f ´e de tipo limitado, ou seja, f ∈ Hb(E; E). Acabamos de mostrar que
HL(E) ⊂ Hb(E; E). Mais ainda, o exemplo mencionado no in´ıcio deste cap´ıtulo nos mostra
que HL(E) & Hb(E; E). Podemos ent˜ao munir o espa¸co HL(E) com a topologia localmente
convexa τb da convergˆencia uniforme sobre os limitados de E. A seguinte proposi¸c˜ao ser´a
´
util no cap´ıtulo 3.
Proposi¸c˜ao 2.6. Todo elemento de HL(E) ´e uniformemente cont´ınuo em todo subconjunto
limitado de E.
Demonstra¸c˜ao. Dado f ∈ HL(E), podemos escrever f (w) = P ∞ n=0anw
n para todo w ∈ E,
onde (an)n⊂ E satisfaz lim n→∞kank
1
n = 0. Seja B um subconjunto limitado de E. Dado > 0,
existe N ∈ N tal que kf (w) − PN(w)k < 3 para todo w ∈ B onde PN(w) = PNn=0anwn.
ent˜ao kPN(z) − PN(w)k < 3. Assim, se z, w ∈ B e kz − wk < δ ent˜ao
kf (z) − f (w)k ≤ kf (z) − PN(z)k + kPN(z) − PN(w)k + kPN(w) − f (w)k < .
Ou seja, f |B ´e uniformemente cont´ınua.
Proposi¸c˜ao 2.7. (HL(E), τb) ´e um espa¸co de Fr´echet.
Demonstra¸c˜ao. Como Hb(E; E) ´e um espa¸co de Fr´echet, basta mostrar que HL(E) ´e
τb-fechado em Hb(E; E). Seja f ∈ HL(E) e seja (fk)k uma sequˆencia em HL(E) tal que
fk τb
−→ f . Vamos mostrar que f ∈ HL(E). De fato, para cada k ∈ N, como fk ∈ HL(E),
existe uma ´unica sequˆencia (an,k)n⊂ E tal que
fk(w) = ∞
X
n=0
an,kwn
para todo w ∈ E onde lim
n→∞kan,kk
1
n = 0. Al´em disso, como f ∈ Hb(E; E) podemos escrever
f (w) = ∞ X n=0 1 n!db nf (0)(w)
para todo w ∈ E onde lim
n→∞k 1 n!db
nf (0)k1n
= 0. Para todo n ∈ N0, denotando Qn,k(w) = an,kwn
para todo w ∈ E temos que Qn,k ∈ P(nE; E) e lim
n→∞kQn,kk
1
n = 0. Agora, temos por hip´otese
que (fk)k ´e τb-Cauchy, de modo que dado > 0 existe k0 ∈ N tal que
kfk(w) − fl(w)k < (2.1)
para todo w ∈ BE e para todos k, l > k0. Para todo n ∈ N0, usando a desigualdade de
Cauchy (Proposi¸c˜ao 1.6) temos que
kQn,k− Qn,lk ≤ sup kwk=1
kfk(w) − fl(w)k
e em conjunto com a desigualdade (2.1) nos d´a que kQn,k− Qn,lk <
para todos k, l > k0. Assim, fixado n ∈ N0, temos que (Qn,k)k⊂ PL(nE) ´e uma sequˆencia de
Cauchy e, portanto, existe Pn∈ PL(nE) tal que kQn,k− Pnk −→ 0 quando k → ∞. Vamos
mostrar que n!1dbnf (0) = Pn. Com efeito, dado > 0, como fk
τb
−→ f , usando novamente as desigualdades de Cauchy e ainda o fato de que kQn,k − Pnk −→ 0 quando k → ∞, temos
que existe k0 ∈ N tal que
1 n!db nf k0(0) − 1 n!db nf (0) < 2 (2.2) e kQn,k0 − Pnk < 2. (2.3)
Mas como n!1dbnfk0(0) = Qn,k0, pela desigualdade triangular e as desigualdades (2.2) e (2.3) segue que 1 n!db nf (0) − P n < .
Como isto vale para todo > 0, n!1dbnf (0) = Pn. Portanto, existe an∈ E tal que 1
n!db
nf (0)(w) = P
n(w) = anwn (2.4)
para todo w ∈ E. Al´em disso, pela isometria entre E e PL(nE), como f ∈ Hb(E; E) temos
lim n→∞kank 1 n = lim n→∞kPnk 1 n = lim n→∞ 1 n!db nf (0) 1 n = 0. (2.5)
Ou seja, pelas equa¸c˜oes (2.4) e (2.5) temos que f (w) =P∞
n=0anwn para todo w ∈ E, onde
lim
n→∞kank
1
n = 0, isto ´e, f ∈ HL(E).
Proposi¸c˜ao 2.8. As seguintes afirma¸c˜oes s˜ao verdadeiras:
(a) {PL(nE)}n∈N0 ´e uma ∞-decomposi¸c˜ao de Schauder para (HL(E), τb).
(b) {PL(nE)}n∈N0 ´e uma decomposi¸c˜ao S-absoluta para (HL(E), τb).
(c) {PL(nE)}n∈N0 ´e contr´atil.
Demonstra¸c˜ao. Para provar (a), sabemos que {P(nE; E)}n∈N0 ´e uma ∞-decomposi¸c˜ao para
(Hb(E; E), τb). Como HL(E) ⊂ Hb(E; E) e dada f ∈ HL(E) existem ´unicos
Pn ∈ PL(nE) ⊂ P(nE; E) para todo n ∈ N0 tais que f =
P∞
n=0Pn em (HL(E), τb),
con-clu´ımos da´ı que {PL(nE)}n∈N0 ´e uma ∞-decomposi¸c˜ao para o espa¸co de Fr´echet (HL(E), τb).
´
E sabido que, num espa¸co de Fr´echet, toda R-decomposi¸c˜ao de Schauder (0 < R ≤ ∞) ´e uma decomposi¸c˜ao S-absoluta (ver [16], Lema 6), de modo que PL(nE) ´e uma decomposi¸c˜ao
S-absoluta para HL(E), provando (b). Para provar (c), basta lembrar que toda
decom-posi¸c˜ao S-absoluta ´e contr´atil, de modo que {PL(nE)}∞n=0´e contr´atil. Resta provar (d). Seja
(Pm
k=0Pk)∞m=0 uma sequˆencia limitada em (HL(E), τb) onde Pk ∈ PL(kE) para todo k ∈ N0.
Fixado r > 0, seja M > 0 tal que
sup kwk≤r m X k=0 Pk(w) < M
para todo m ∈ N0. Assim
sup kwk≤r kPn(w)k ≤ sup kwk≤r n X k=0 Pk(w) + sup kwk≤r n−1 X k=0 Pk(w) < 2M, isto ´e, sup kwk≤r kPn(w)k !n1 < (2M )n1.
Tomando w = re segue que
rkPnk
1
n < (2M ) 1 n.
Assim, para todo n ∈ N0 temos que lim sup n→∞
kPnk
1 n ≤ 1
r. Como isto vale para todo r > 0,
segue que lim sup
n→∞ kPnk 1 n = 0 e consequentemente lim n→∞kPnk 1 n = 0. Assim, P∞ n=0Pnconverge em (HL(E), τb).
No caso cl´assico temos, como caso particular da Proposi¸c˜ao 4.3 de [6], que P(nE; E) tem
a propriedade de Schur para todo n ∈ N se, e somente se, E e E0 tem a propriedade de Schur. No nosso caso, como E ´e isometricamente isomorfo a PL(nE), temos trivialmente que