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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MARILEIDE GONÇALVES FRANÇA

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: COMPLEXAS

TRAMAS, PERMANENTES CONTRADIÇÕES E NOVOS DESAFIOS

(2)

MARILEIDE GONÇALVES FRANÇA

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL: COMPLEXAS

TRAMAS, PERMANENTES CONTRADIÇÕES E NOVOS DESAFIOS

Versão corrigida

.

Tese apresentada à banca examinadora como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Doutor em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

Área de Concentração: Educação Especial

Orientadora: Profª. Drª. Rosângela Gavioli Prieto

(3)

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação

Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo

379.32 França, Marileide Gonçalves

F814f Financiamento da educação especial: complexas tramas, permanentes contradições e novos desafios / Marileide Gonçalves França; orientação Rosângela Gavioli Prieto. São Paulo: s.n., 2014.

364 p. ils.; grafs.; tabs.; anexos; apêndices

Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Educação. Área de Concentração: Educação Especial) - - Faculdade de Educação da

Universidade de São Paulo.

1. Estado 2. Financiamento da educação 3. Educação especial I. Prieto, Rosângela Gavioli, orient.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome: FRANÇA, Marileide Gonçalves França

Título: Financiamento da educação especial: complexas tramas, permanentes contradições e novos desafios

.

Tese apresentada à Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Doutor em Educação

.

Aprovado em: 10 de dezembro de 2014.

Banca Examinadora

Prof. Dr. Rosângela Gavioli Prieto Instituição: USP Julgamento: ___________ Assinatura: ______________

Prof. Dr. Rubens Barbosa de Camargo Instituição: USP Julgamento: ___________ Assinatura: ______________

Prof. Dr. I-Juca Pirama Camargo Gil Instituição: UFRGS Julgamento: ___________ Assinatura: ______________

Prof. Dr. Marcos Edgar Bassi Instituição: UFPR

Julgamento: ___________ Assinatura: ______________

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A Deus; a Jaszila, Valdemiro e Marilene, razão de minha vida; e àqueles que lutam por uma educação de

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AGRADECIMENTOS

A Deus, meu Pastor, meu mestre, meu guia pelo dom da vida.

A meus pais, Jaszila e Valdemiro, pelo amor incondicional, por não medirem esforços para que este sonho se concretizasse, por compreenderem as minhas ausências durante esse período de dedicação à pesquisa, por terem me ensinado a valorizar e lutar pelas conquistas na vida. Essa Vitória é nossa!

Á minha irmã e amiga Marilene, pelo incentivo, pelo apoio, pelo companheirismo, pela cumplicidade e pelas palavras de carinho, e também por dispor de seu tempo para me ouvir nas minhas angústias, minhas dúvidas, minhas vitórias, nos meus momentos tristes e alegres, na trajetória deste trabalho.

Aos meus tios Maura e Raimundo, aos meus primos Solange, Humberto, Nilton, Alexandre, Maria e Maria Luiza, pelo amor, carinho, acolhimento e apoio incondicional durante esse percurso no estado de São Paulo. Muito obrigada.

À minha querida orientadora, professora Rosângela Gavioli Prieto, pela confiança, pela amizade, pelos momentos de trocas, pela paciência, pelas palavras de incentivo e pelo apoio durante a trajetória de pesquisa. Seu rigor e comprometimento ético-político no desenvolvimento de suas ações, aliados a sua sensibilidade, me fizeram admirá-la ainda mais como pessoa e como profissional. Aprendi muito com você!

Aos professores I-Juca Pirama Camargo Gil e Rubens Barbosa de Camargo, pela leitura e pelas reflexões desencadeadas no exame de qualificação, que muito contribuíram para o aprimoramento desta pesquisa e para minha formação.

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A todos os professores da Feusp que contribuíram com a minha formação.

Aos meus amigos do grupo de orientação coletiva: Ana Lúcia, Claudine, Roseli, Fábio, Rúbens, Mariana, Elaine, Fernanda Raquel, Kate e Lisiane, pelos momentos de estudo, de amizade, de trocas, de discussões e de contribuições para o trabalho.

À Secretaria Municipal de Educação de Vitória, pela oportunidade de realização da pesquisa. Em especial, a todos os profissionais que contribuíram para a produção deste trabalho.

Á Secretaria Municipal de Fazenda, pela atenção e pela disponibilidade em colaborar para a realização da pesquisa.

Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo, campus Cariacica, em especial as professoras Laiana e Isaura pela colaboração com o trabalho e aos meus amigos pedagogos: Ana Paula, Cristiane e Gláucio, pelo incentivo, pela compreensão e pelo apoio nos momentos de ausência.

Aos meus queridos amigos: Renata, Wendel, Maria da Penha, Gisele, Valéria, Marcela, Sérgio, Flávia Lima, Maykel, Flávia Batista, Marcos, Diego, Lidiane, Nayara, Cristina Ferreira e Cristina Mota, pela cumplicidade nos momentos vividos, pela alegria, pelo incentivo, pelo companheirismo e pela amizade.

Às professoras Sonia Lopes Victor, Denise Meyrelles de Jesus e Maria Aparecida Santos Correa Barreto (In memoriam), pelo incentivo e pela contribuição na minha formação.

A Maria Dalva, por sua sabedoria, seu cuidado e sua dedicação na leitura e revisão deste estudo.

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RESUMO

FRANÇA, Marileide Gonçalves. Financiamento da educação especial: complexas tramas, permanentes contradições e novos desafios. Tese (Doutorado) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

Este estudo analisa a ação do Poder Público no provimento de recursos financeiros à educação especial na gestão do município de Vitória, no estado do Espírito Santo, no âmbito do contexto de financiamento da educação básica, nos anos de 2008, 2009 e 2010. Partimos do pressuposto de que a garantia da educação às pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação e a ampliação de sua oferta implicam intervenção por parte do Estado no intuito de assegurar os direitos dessa população no que tange ao acesso, à permanência e à qualidade de ensino nos sistemas educacionais brasileiros. Com apoio em Poulantzas (2000), entendemos o Estado como espaço público marcado pela correlação de forças entre classes e grupos que compõem a sociedade e participam dos processos decisórios na formulação de políticas públicas. Para o desenvolvimento do trabalho, foi realizada a pesquisa documental, por meio da consulta ao planejamento e execução orçamentária, aos demonstrativos de receitas e despesas, bem como aos documentos oficiais do município. No que se refere à gestão das verbas da educação especial, quanto à sua transparência, organização e padronização, observamos, nos demonstrativos de execução orçamentária, que as mudanças no padrão de financiamento da educação, com o Fundeb, não produziram significativas alterações nas formas de registros dos dados contábeis, nos órgãos oficiais, referentes às etapas e modalidades de ensino. Isso foi evidenciado pelas dificuldades que encontramos em visualizar as receitas e despesas destinadas à educação especial nas diferentes fontes de informação do governo federal, estadual e municipal. Os dados eram apresentados de forma agregada, o que impossibilitava identificar o que era alocado na educação especial. Assim, embora a rede de ensino do município de Vitória apresentasse matrículas nessa modalidade de ensino, os valores apresentados pareciam não corresponder às despesas reais com a manutenção da educação especial no município, por estarem agregados aos recursos de outras etapas de ensino. Nessa perspectiva, foi possível identificar que a educação especial integrava o planejamento orçamentário do município de Vitória. As receitas destinadas a essa modalidade estavam englobadas nos recursos totais dirigidos à educação no município, e os valores das despesas estavam subdimensionados, pois estavam agregados à educação infantil e ao ensino fundamental. Desse modo, o financiamento da educação especial sofre influência das correlações de forças políticas, econômicas e sociais em torno do fundo público, no âmbito do Estado brasileiro, representadas por diferentes grupos com interesses diversos, que, por sua vez, interferem na constituição de políticas públicas, engendrando implicações na consolidação de direitos de cidadania, entre os quais o direito à educação. Portanto, a concretização desse direito, ao público da educação especial, pressupõe políticas educacionais que garantam mudanças na gestão financeira, no âmbito da administração pública municipal, de modo a assegurar às pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação educação de qualidade nos sistemas públicos de ensino.

(10)

ABSTRACT

FRANÇA, Marileide Gonçalves. Special education financing: complex plots, permanent contradictions and new challenges. Thesis (Doctoral degree)- Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.

Key words: State.Education Financing. Special Education

This study analyzes the action of the Government in providing funds for special education in the management of the municipality of Vitória, state of Espírito Santo, within the context of the financing of basic education in the years 2008, 2009 and 2010. We start from the assumption that the guarantee of education to people with disabilities, global developmental disorders and high ability / talent and the expansion of its offer implies intervention by the State in order to ensure the rights of this population in terms of access, permanence and the quality of education in Brazilian educational system. Supported by Poulantzas (2000), we understand State as a public space marked by the correlation of forces between classes and groups that make up society and participate in decision making processes in the formulation of public policies. For development of this study, we make use of documentary research by consulting the planning and budget execution, the statements of revenues and expenses, as well as official documents of municipality. Referring to the management of funds for special education, as to its transparency, organization and standardization, we observe through the statement of budget execution, that the changes in the pattern of education funding with Fundeb had produced no significant changes in the forms of records of the accounting data in the official agencies concerning stages and types of education. This was evidenced by the difficulties encountered in visualizing the receipts and expenses for special education in different sources of information from federal, state and local government. The data were presented in aggregate form, making it impossible to identify which part was allocated for special education. Thus, although the schools of the city of Vitória present enrollment for this type of education, the amount we could verify do not seem to match the actual cost for maintenance of special education in the municipality because they were included together with the resources of other levels of education. It was therefore possible to identify that special education was part of the budget planning of the city of Vitória. The income for this type of education was totally incorporated within resources for municipality education as a whole. So, the amount of expenses was undersized and it was aggregated to early childhood education and elementary education funds. Thus, financing for special education is influenced by the correlation of political, economic and social forces considering Public Brazilian State Fund, represented by different groups with different concern. This point interferes in the formation of public policies and it causes implications for the consolidation of the rights of citizens, including the right for education. Therefore, in order to carry out this right for the audience of special education, it’s necessary to involve educational policies to guarantee changes in financial management within the municipal government, and also to ensure education quality in public education systems to the people with disabilities, global developmental disorders and high ability / talent.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Valor aluno-ano do Fundef - Brasil 1997 a 2006 em valores nominais (R$)... 139

Tabela 2 Complementação de recursos da União - Fundeb 2007-2013 em valores nominais (R$)... 141

Tabela 3 Fatores de ponderação no valor-aluno para as diferentes etapas e modalidades de ensino 2007-2013... 144

Tabela 4 Fundeb: valor mínimo nacional por aluno-ano Ensino Fundamental Urbano 2007-2013 em valores nominais – Séries Iniciais do

(R$)... 145

Tabela 5 Valor anual por aluno estimado e receita total estimada do Fundeb para a educação especial, no âmbito dos estados e do

Distrito Federal – 2007 em valores nominais (R$)... 146

Tabela 6 Valor anual por aluno estimado e receita total estimada do Fundeb para a educação especial, no âmbito dos estados e do

Distrito Federal – 2008 em valores nominais (R$)... 148

Tabela 7 Valor anual por aluno estimado e receita total estimada do Fundeb para a educação especial, no âmbito dos estados e do

Distrito Federal – 2009 em valores nominais (R$)... 149

Tabela 8 Valor anual por aluno estimado e receita total estimada do Fundeb para a educação especial, no âmbito dos estados e do

Distrito Federal 2010 em valores nominais (R$)... 150

Tabela 9 Matrículas da educação especial no Fundeb Brasil

2007-2010... 152

Tabela 10 Porcentagem das matrículas da educação especial em relação ao total de matrículas contempladas no Fundeb Brasil

2007-2010... 152

Tabela 11 Valor médio do investimento aluno-ano da educação especial no

Fundeb – Brasil 2007-2010 em valores nominais (R$)... 153

Tabela 12 Diferença entre os valores aluno-ano dispostos para a educação especial no Fundeb nas unidades federativas com maior e

menor valor – Brasil 2007-2010 em valores nominais (R$)... 154

Tabela 13 Porcentagem aproximada dos recursos direcionados às matrículas da educação especial em relação aos recursos totais

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Tabela 14 Matrículas da educação básica por etapas e modalidades –

Brasil 2007-2013... 172

Tabela 15 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e seus componentes – Vitória/ES 2000-2010... 204

Tabela 16 Fluxo escolar por faixa etária Vitória, Espírito Santo, Brasil 2010... 205

Tabela 17 Quantitativo de função docente da rede de ensino municipal de Vitória/ES 2008, 2009 e 2010... 210

Tabela 18 Quantitativo de escolas do município de Vitória/ES 2008, 2009 e 2010... 211

Tabela 19 Matrículas da educação especial por etapas e modalidades – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010... 220

Tabela 20 Número de matrículas por deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação na rede municipal de ensino de Vitória – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010... 222

Tabela 21 Valores previstos pela LOA à função educação - Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 246

Tabela 22 Valores previstos pela LOA para as etapas e modalidades de ensino – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 247

Tabela 23 Receitas destinadas à educação – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 252

Tabela 24 Receitas por fonte – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 254

Tabela 25 Receita Total per capita – Vitória/ES 2007-2010 (R$)... 256

Tabela 26 Receita Própria per capita – Vitória/ES 2007-2010 (R$)... 258

Tabela 27 Transferências de recursos do FNDE – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 263

Tabela 28 Receitas e despesas do Fundeb Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 264

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Tabela 30 Despesas por Subfunção vinculada à educação – Vitória/ES

2008, 2009 e 2010 (R$)... 273

Tabela 31 Despesas da Seme-Vitória segundo natureza – Vitória/ES 2008,

2009 e 2010 (R$)... 276

Tabela 32 Despesas com pessoal por etapa de ensino Vitória/ES 2008,

2009 e 2010 (R$)... 277

Tabela 33 Despesas com custeio por etapas e modalidades – Vitória/ES

2008, 2009 e 2010 (R$)... 280

Tabela 34 Despesas com custeio da educação especial – Vitória/ES 2008,

2009 e 2010 (R$)... 282

Tabela 35 Convênios da Prefeitura Municipal de Vitória/ES 2008-2013

(R$)... 285

Tabela 36 Despesas de Capital – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010

(R$)... 290

Tabela 37 Despesas em educação por Programa de Trabalho – Vitória/ES

2008, 2009 e 2010 (R$)... 292

Tabela 38 Valores orçamentários e liquidados da educação especial

-Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 293

Tabela 39 Despesas com ações típicas de manutenção e desenvolvimento

do ensino – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 296

Tabela 40 Número de escolas e valores recebidos do Programa Escola

Acessível – Vitória/ES 2008-2012... 298

Tabela 41 Escolas contempladas pelo Programa Escola Acessível –

Vitória/ES 2008-2012 em valores nominais... 299

Tabela 42 Gasto aluno-ano – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010 (R$)... 303

Tabela 43 Comparação entre o gasto aluno-ano da educação especial do município de Vitória, o valor estimado pelo Fundeb/ES e o valor

(14)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Número de escolas e salas de recursos multifuncionais –

Vitória/ES 2005-2011... 227

Quadro 2

Unidades de ensino que receberam salas do Programa Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais

2005-2011... 228

(15)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Matrículas da educação especial Brasil 2007-2013... 174

Gráfico 2 Matrículas da educação especial segundo a modalidade de atendimento – Brasil 207-2013... 175

Gráfico 3 Matrículas da educação especial nas instituições públicas e privadas – Brasil 2007-2013... 176

Gráfico 4 Matrículas da educação especial na rede pública de ensino –

Brasil 2007-2013... 177

Gráfico 5 Matrículas da educação especial por Dependência Administrativa – Brasil 2007-2012... 178

Gráfico 6 Matrículas da educação especial por etapas e modalidades de ensino – Brasil 2007-2013... 179

Gráfico 7 Movimento de matrículas da educação básica por Dependência Administrativa Vitória/ES 2008, 2009 e 2010... 213

Gráfico 8 Movimento de matrículas da educação especial – Vitória/ES por Dependência Administrativa 2008-2010... 216

Gráfico 9 Movimento de matrículas da educação básica por etapas e modalidades na rede municipal de ensino de Vitória – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010... 218

Gráfico 10 Movimento de matrículas totais em classe comum da educação especial na rede municipal de ensino de Vitória – Vitória/ES 2008, 2009 e 2010... 219

Gráfico 11 Receitas e despesas totais vinculadas à educação e à MDE

(16)

LISTA DE FIGURAS

(17)

LISTA DE SIGLAS

Abahsd Associação Brasileira de Altas Habilidades e Superdotação ADCT Ato de Disposições Constitucionais Transitórias

Anpae Associação Nacional de Política e Administração da Educação

Anped Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em

Educação

Anpocs Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais

Apae Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

BPC Benefício da Prestação Continuada de Assistência Social Cacs-Fundef Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundef Cademe Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes

Mentais

Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CAPs Caixas de Aposentadoria e Pensões

CAQi Custo Aluno Qualidade Inicial

CEB Câmara de Educação Básica

Cenesp Centro Nacional de Educação Especial

Cedet Centro para o desenvolvimento do potencial e talento de Vitória CEPPPE Centro de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas de

Educação

CF/1934 Constituição Federal de 1934 CF/1946 Constituição Federal de 1946 CF/1988 Constituição Federal de 1988

Cfaee Coordenação de formação, acompanhamento à educação

especial

CMEI Centro Municipal de Educação Infantil

Comec Conselho Municipal de Educação de Cariacica Comev Conselho Municipal de Educação de Vitória

CNE Conselho Nacional de Educação

Conade Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência

Conae Conferência Nacional de Educação

Corde Coordenadoria para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

CST Companhia Siderúrgica de Tubarão

Dese Departamento de Educação Supletiva e Especial

DPEE Diretoria de Políticas de Educação Especial

EC/1996 Emenda Constitucional de 1996

EJA Educação de Jovens e Adultos

EMEF Escola Municipal de Ensino Fundamental

Emescam Escola Superior de Ciência da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

Endipe Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino Faesa Faculdade Espírito Santense de Administração

FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FHC Fernando Henrique Cardoso

FMI Fundo Monetário Internacional

Finbra Finanças do Brasil

(18)

FPE Fundo de Participação dos Estados

FPM Fundo de Participação dos Municípios

Fuefum Fundo de Ensino Fundamental Municipal

Fundeb Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação

Fundef Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do Magistério

Funef Fundo de Ensino Fundamental Estadual

GFDE Gerência de Formação e Desenvolvimento em Educação

GPEdu Gasto Público Educacional

IAPAS Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social

IAPs Institutos de Aposentadoria e Pensões

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços

IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

Ifes Instituições Federais de Ensino Superior

Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor

INPS Instituto Nacional de Previdência Social

IOF Imposto sobre Operações Financeiras

IPI-Exp Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações

IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano

IPVA Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores

IR Imposto de Renda

IRRF Imposto de Renda Retido na Fonte

ISS Imposto Sobre Serviços

ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Inter Vivos ITCMD Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações

ITR Imposto Territorial Rural

LOPs Lei Orgânica da Previdência Social

LDB/61 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 LDB/1996 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996

LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA Lei Orçamentária Anual

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

Mare Ministério da Administração e Reforma do Estado

MDE Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

MEC Ministério da Educação

NADT Núcleo de Apoio para o Desenvolvimento de Talentos

ONU Organização das Nações Unidas

PAC Plano de Aceleração do Crescimento

PAR Plano de Ações Articuladas

Paed Programa de Complementação no Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiências

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PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

PEB Professor da Educação Básica

PIS Programa de Integração Social

PL Projeto Lei

PMV Prefeitura Municipal de Vitória

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNE Plano Nacional de Educação

PNEE-EI Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPA Plano Plurianual

PSDB Partido da Social Democracia Brasileira

PT Partido dos Trabalhadores

QP-ICM Quota Parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias Reuni Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

RMGV Região Metropolitana da Grande Vitória

Secadi Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Secrie Secretaria de Inclusão Educacional

Seea Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo Seesp Secretaria de Educação Especial

Semfa Secretaria Municipal de Fazenda

Sespe Secretaria de Educação Especial

Secadi Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

Scielo Scientific Electronic Library Online Seme-Vitória Secretaria Municipal de Vitória

Semas Secretaria Municipal de Assistência Social

Semus Secretaria Municipal de Saúde

Seneb Secretaria Nacional de Educação Básica

Sesu Secretaria de Educação Superior

Simec Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle do Ministério da Educação

Sinpas Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social

SISTN Sistema de Coleta de Dados Contábeis

Siope Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação

STN Secretaria do Tesouro Nacional

TC-ES Tribunal de Contas do Espírito Santo

TGD Transtornos globais do desenvolvimento

UAB Universidade Aberta do Brasil

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SUMÁRIO

1 PRIMEIRAS PALAVRAS... 21

2 ESTADO E POLÍTICAS PÚBLICAS DE CUNHO SOCIAL... 40

2.1 NICOS POULANTZAS E A TEORIA RELACIONAL DO ESTADO... 40

2.1.1 O Estado, o poder e as classes sociais... 42

2.2 ESTADO E POLÍTICAS SOCIAIS... 49

2.2.1 A constituição do Estado e da política social no Brasil... 70

2.3 O ESTADO DE BEM-ESTAR SOCIAL E O FUNDO PÚBLICO... 83

2.4 O ORÇAMENTO PÚBLICO E OS GASTOS EDUCACIONAIS... 89

2.5 CIDADANIA COMO UM PROCESSO DE LUTA PARA A (RE)CONSTRUÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO... 103

3 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CONTEXTO DO FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL ... 108

3.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ÂMBITO DOS FUNDOS DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO... 133

3.2 AS POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NO PERÍODO DE 2003 A 2010... 157

4 PERCURSOS METODOLÓGICOS... 181

4.1 PRIMEIRO MOMENTO: CONSTITUINDO O CAMPO DE PESQUISA... 185

4.2 SEGUNDO MOMENTO: EM BUSCA DE INDÍCIOS... 186

4.3 TERCEIRO MOMENTO: ORGANIZAÇÃO, SISTEMATIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS... 193

4.4 QUARTO MOMENTO: DIÁLOGO SOBRE A PESQUISA NA SEME-VITÓRIA... 195

5 O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA-ES... 197

5.1 MUNICÍPIO DE VITÓRIA... 197

5.1.1 A educação em Vitória/ES... 203

5.1.2 A história da educação especial na rede municipal de ensino de Vitória... 224

5.1.3 A política de educação especial na rede municipal de ensino de Vitória... 232

5.1.4 Contexto da política de educação especial na rede de ensino do município de Vitória, no ano de 2008, 2009 e 2010... 238

5.1.5 Planejamento orçamentário do município de Vitória: o lugar da educação especial entre disputas e negociações... 244

5.1.6 Receitas da educação na rede de ensino municipal de ensino de Vitória ... 250

5.1.7 O destino dos recursos da Educação: a (in)visibilidade da educação especial na análise das despesas das etapas e modalidades de ensino... 271

(21)

REFERÊNCIAS... 323

APÊNDICES... 356 APÊNDICE A Roteiro de entrevista coletiva com gestores da Seme-Vitória... 357

APÊNDICE B –Termo de compromisso………... 359

APÊNDICE C Termo de consentimento livre esclarecido... 360 APÊNDICE D – Manual de demonstrativos fiscais: aplicado à União, Estados, Distrito Federal e Municípios ... 361

ANEXOS... 363

(22)

1 PRIMEIRAS PALAVRAS

As políticas de educação especial implementadas pelo Estado brasileiro têm engendrado transformações nos sistemas públicos de ensino, com implicações no lócus de matrícula, na organização escolar e mudanças também no que se refere a sua gestão. O crescimento do número de matrículas1 de alunos com deficiência, Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e altas habilidades/superdotação2 na rede regular de ensino, em classe comum, e a instituição de políticas públicas para prover suas necessidades específicas têm impulsionado a (re)constituição de planos, programas e projetos políticos educacionais em diferentes âmbitos (seja no internacional, no nacional, no estadual, seja no municipal), na tentativa de atender a todos os alunos no contexto escolar.

Historicamente, quando se investigam as políticas educacionais, entre estas as de educação especial, a discussão predominante na área se restringe aos resultados na prática escolar, pois ainda são incipientes as produções e os debates que abordem as condições de sua implantação, as quais, por sua vez, estão articuladas, em grande medida, às questões do financiamento da educação. De acordo com Candido Alberto Gomes e José Amaral Sobrinho (1996) e com Rosângela Gavioli Prieto (2009, p. 5), “[...] ainda pouco se têm divulgado análises sobre a gestão pública da educação especial em municípios e é particularmente exíguo o conhecimento sobre as formas de financiamento público adotadas para garantir o atendimento especializado”.

A gestão pública integra diferentes dimensões, entre as quais as apontadas por Sofia Lerche Vieira (2009, p. 24): “[...] o valor público, as condições de implementação e as condições políticas”, o que, por sua vez, pressupõe intencionalidade, disponibilidade de recursos financeiros, recursos humanos e outras condições materiais e imateriais, além de circunstâncias políticas que envolvem, na

1 De acordo com os dados do Censo 2013, houve um crescimento significativo no número de

matrículas da educação especial nas escolas públicas no período de 2007 a 2013. Em 2007, 62,7% do total de matrículas da educação especial estavam nas escolas públicas e 37,3% nas escolas privadas. Em 2013, esses números alcançaram 78,8% nas públicas e 21,2% nas privadas. Do total de 843.342 matrículas na educação especial, 194.421 estavam nas escolas exclusivamente especializadas e classes especiais (23%) e 648.921 em classe comum (77%).

2 O público da educação especial foi redefinida pela Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, que alterou

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tomada de decisões, negociações e administração de conflitos de interesses, que, por vezes, são distintos ou até mesmo antagônicos.

Em face dessas observações, a intenção deste estudo foi constituir um olhar de como o financiamento na área da educação especial, no âmbito da educação básica, vai sendo tecido no contexto de uma rede municipal de educação. Partindo da premissa que há um investimento do Estado na oferta e financiamento da educação especial de modo a assegurar o direito à educação e ao atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação nos sistemas públicos de ensino.

O interesse em estudar essa temática – financiamento da educação especial – está vinculado à nossa pesquisa de mestrado, finalizada no ano de 2008, no município de Cariacica, estado do Espírito Santo, na qual ficou explícito como a concretização das políticas públicas referentes à inclusão escolar dos alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação dependia e/ou estava relacionada à gestão das verbas no âmbito do sistema de ensino do município e articulada à política nacional de financiamento.

Ao investigarmos o financiamento da educação especial, partimos do pressuposto de que ele está inserido como parte de uma totalidade histórica, isto é, na dinâmica das contradições, mediações e determinações políticas, econômicas e sociais da educação no Brasil. Isso implica, necessariamente, segundo Gaudêncio Frigotto (2011, p. 236), “[...] tomá-lo na relação inseparável entre o estrutural e o conjuntural”, isto é, na articulação entre a formação da estrutura desigual da sociedade brasileira e o contexto macroeconômico da produção e expansão do capital. Desse modo, tentamos compreender suas nuances, contradições e desafios no jogo das forças sociais que o materializam, ou seja, no campo das políticas públicas no Brasil, que envolve as relações entre o campo da particularidade e sua articulação com uma determinada universalidade, suas continuidades e descontinuidades.

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gestão. Entretanto, a compreensão desses processos não se restringe a aspectos educacionais; articula-se a um contexto mais amplo de transformações econômicas, sociais e políticas.

Não podemos desconsiderar que as reformas educacionais brasileiras, nos últimos anos, articulam-se às transformações nos modos de produção, fundamentadas nos princípios da economia capitalista e de implantação de orientações neoliberais. Entretanto, a formulação de políticas públicas não se dá apenas no âmbito do Poder Público; segundo Sofia Lerche Vieira e Maria Gláucia Menezes Albuquerque (2002, p. 26), é “[...] na correlação de forças entre os atores sociais das esferas do Estado – a sociedade política e civil – que se definem as formas de atuação prática, as ações governamentais e, por conseguinte, se trava o jogo das políticas sociais”.

Faz-se necessário destacar que as ações desencadeadas em diferentes sistemas ou redes municipais de ensino são influenciadas por orientações, compromissos e perspectivas de políticas mais amplas, formuladas e/ou implantadas em nível federal ou presentes em tratados e recomendações internacionais; por isso, princípios e/ou ações destes emanados podem ser assimilados, total ou parcialmente, pelos gestores de políticas públicas em âmbito local. Do mesmo modo, observa-se, nos documentos nacionais e internacionais, a apropriação de conceitos e concepções da política local para o global. Para Luiz Fernandes Dourado (2007, p. 922), isso “[...] implica não reduzir a análise das políticas e da gestão educacional à mera descrição [...] importando, sobremaneira, apreendê-la no âmbito das relações sociais em que se forjam as condições para sua proposição e materialidade”.

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Dessa forma, nos questionamos: Como o município de Vitória, capital do estado do Espírito Santo, vem se organizando para garantir o atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação? Quanto tem sido despendido em termos de gasto com a educação especial para garantir a oferta dos serviços propostos nesse município? O que isso representa em termos de prioridade e esforço público com essa modalidade de ensino e o que significa em relação às etapas da educação básica e às outras modalidades de ensino? Qual o valor do gasto aluno-ano na educação especial, nas outras modalidades de ensino e nas outras etapas da educação básica no âmbito desse município?

Nessa perspectiva, tivemos como objetivo geral investigar/analisar a ação do Poder Público no provimento de recursos financeiros à educação especial na gestão do município de Vitória, estado do Espírito Santo, no contexto de financiamento da educação básica, especificamente nos anos de 2008, 2009 e 2010. E como objetivos específicos caracterizar a política e a organização desse sistema municipal de ensino para prover atendimento educacional especializado a alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação; investigar como era realizada a gestão dos recursos da educação especial; analisar os gastos públicos direcionados à educação especial no âmbito desse município, nos anos referidos, e identificar o valor gasto aluno-ano em atendimento pela educação especial.

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área. Para tanto, consultamos os resumos de pesquisas disponíveis no Banco de Dissertações e Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), os artigos publicados no banco de dados do Scientific Electronic Library Online (Scielo) e os artigos publicados em anais de eventos nacionais de educação, a saber: Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação ‒ Anped3 (2000 a 2013); Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação, da Anpae4 (2007, 2009, 2011e 2013); Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino ‒ Endipe5 (2010 e 2012); Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais ‒ Anpocs6 (2010 e 2011), assim como em eventos nacionais da educação especial7: VI e VII Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial e VII e VIII Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial (2011; 2013); I ao VI Seminário Nacional de Pesquisa em Educação Especial (2005 a 2011); e III, IV, V Congresso Brasileiro de Educação Especial / V, VI, VII Encontro Nacional dos Pesquisadores em Educação Especial (2008; 2010; 2012)8.

Cabe ressaltar que, para a compilação dos materiais do balanço de produção no Banco de Dissertações e Teses da Capes e no Scielo, não foi utilizado um critério para recorte temporal, pois a finalidade era conhecer o que já tinha sido pesquisado e publicado nessa área específica ao longo do tempo. Entretanto, a consulta aos artigos publicados nos anais de eventos científicos foi delimitada pelo acesso aos textos disponíveis nos seus portais, tendo em vista que era necessário efetuar a leitura dos trabalhos para análise e articulação com o nosso estudo. Cumpre destacar que a publicação das produções nos portais constitui uma prática recente,

3 A Anped disponibiliza, em seu portal, os resumos de trabalhos e trabalhos na íntegra apresentados

nas reuniões anuais, no período de 2000 a 2013; por isso, a nossa pesquisa se restringiu a esse intervalo de tempo.

4 A Anpae dispõe, em seu site, os trabalhos apresentados nos anos de 2007, 2009, 2011 e 2013,

desse modo, analisamos os trabalhos dessas quatro últimas edições.

5 Foram consultados os trabalhos disponíveis nos portais das últimas duas edições do Endipe,

realizadas nos anos de 2010 e 2012, tendo em vista que não foi possível acesso aos trabalhos dos eventos anteriores.

6 No portal da Anpocs, encontramos trabalhos disponíveis para consulta apenas das edições de 2010

e 2011.

7 O acesso aos trabalhos completos dos eventos mencionados da educação especial se deu por meio

da consulta aos CD-ROMs, disponibilizados aos participantes dos referidos encontros, seminários ou congressos e arquivados pela pesquisadora.

8 Cumpre destacar que, embora nosso estudo se delimite, especificamente, aos anos de 2008, 2009

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por isso a maioria dos estudos encontrados correspondem aos últimos cinco anos, com exceção apenas da Anped.

No Portal da Capes, foi utilizado para a coleta de dados, um conjunto de palavras-chave: financiamento educação, financiamento educação especial, gastos educação especial, receitas educação especial, custo educação especial e público-privado, tendo sido encontrados 7 trabalhos relacionados à temática. Em anais dos eventos científicos citados anteriormente, foi encontrado um total de 20 trabalhos, assim distribuídos: 4 na Reunião Anual da Anped; 5 no Simpósio Brasileiro de Política e Administração da Educação; 3 no Congresso Brasileiro Multidisciplinar de Educação Especial e Encontro da Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial; 4 no Seminário Nacional de Pesquisa em Educação Especial e 4 no Congresso Brasileiro de Educação Especial e Encontro Nacional de Pesquisadores em Educação Especial.

Do total de 27 estudos encontrados, sobressaem trabalhos em anais de eventos científicos, seguidos das dissertações e teses. Tal preponderância pode ser explicada pelo fato de os trabalhos apresentados nos referidos eventos estarem em fase de desenvolvimento e/ou de conclusão (CORRÊA, N., 2008, 2011; VIEGAS, 2009a; 2009b). Além disso, encontramos trabalhos de um mesmo autor em eventos diferentes. Vale destacar que estudos de quatro autores (BENATTI, 2007, 2011; MORAES, V., 2011a, 2011b; REBELO, 2012, 2013; VIEGAS, 2009a, 2009b, 2014) aparecem tanto no Banco da Capes quanto em eventos de educação especial. Após a leitura dos 27 trabalhos, identificamos e organizamos as seguintes temáticas que predominaram na literatura: relação público-privado (14), políticas públicas (6), políticas e gestão da educação especial (4) e custo/aluno da educação especial (3).

No conjunto dos trabalhos, é marcante a alusão à temática da relação público-privado nas produções referentes ao financiamento da educação especial. Essa relação se apresenta nessa modalidade de ensino desde os primórdios, em que o Estado não tinha compromisso efetivo com a criação e a promoção de políticas estatais com o processo de escolarização das pessoas com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação e atuava financiando e fortalecendo a criação e a manutenção de instituições sem fins lucrativos9 e de cunho assistencialista.

9 No decorrer do trabalho, utilizamos diferentes expressões, como instituições sem fins lucrativos,

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Mônica de Carvalho Magalhães Kassar (2001, p. 29) salienta que as ações dessas instituições se apresentam “[...] durante toda a história da educação especial como extremamente fortes, com lugar garantido no discurso oficial, chegando a confundir-se com o próprio atendimento ‘público’, aos olhos da população, pela ‘gratuidade’ de alguns serviços”. Ao mesmo tempo, ao longo da história, observamos mudanças na legislação educacional pela incorporação de direitos das pessoas com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação à educação como dever do Estado, o que explicita, portanto, o compromisso do Poder Público com essa modalidade de ensino. Assim, a discussão da relação público-privado na educação especial revela dimensões contraditórias e complexas, nos diferentes estudos.

Nesse sentido, Shirley Silva (2001), em evento nacional, ao analisar as políticas de educação especial no contexto das políticas sociais, a partir de uma pesquisa realizada junto a instituições sem fins lucrativos de educação especial no município de Campinas, estado de São Paulo, observou processos de privatização e terceirização de ações de responsabilidade do Poder Público, seja por meio da omissão do Estado quanto à organização de serviços na rede pública, seja por meio do financiamento de instituições especializadas. A autora ressalta que a expansão do atendimento em educação especial, no Brasil, tem sido marcada pela disparidade entre uma política de “educação para todos”, compreendida como aquela que atende ao direito de todo cidadão à educação e fornecida pelo Estado, e o fortalecimento dos atendimentos por meio de organizações privadas sem fins lucrativos, filantrópicos e assistenciais.

Esse contexto ambíguo e contraditório foi observado por Daniela de Moraes Garcia de Abreu (2002), na sua dissertação, que, ao investigar o atendimento educacional especializado de alunos com necessidades educativas especiais10 na rede privada de ensino do Rio Grande do Sul, identificou a presença da tendência de educação inclusiva nos dispositivos legais, pela ampliação quantitativa de legislações referentes à garantia do direito à educação a esse alunado, e, ao mesmo tempo, evidenciou um importante elo que associa a existência das instituições

instituições privadas que oferecem serviços de educação especial e são mantidas, parcial ou totalmente, pelo Estado, com recursos públicos.

10Abreu (2002) adota o conceito ampliado de “necessidades educacionais especiais”, da Declaração

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privadas especializadas em educação especial a seu financiamento público. Além disso, constatou a escassez de informações que traduzam a realidade sobre a oferta de educação especial na rede privada, tanto em âmbito nacional quanto em âmbito estadual. O estudo vislumbrou, ainda, uma discreta participação das escolas da rede regular de gestão privada no atendimento aos alunos com necessidades educativas especiais, no estado do Rio Grande do Sul.

Em linha semelhante, Edgilson Tavares de Araújo (2006), no seu estudo de mestrado, ao desenvolver uma análise sobre os discursos e práticas do Estado e da sociedade civil para o planejamento e a gestão de parcerias direcionadas ao atendimento educacional especializado das pessoas com deficiência11 no período pós-Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB/1996), observou momentos de maior ou menor aproximação e retração entre Estado e organizações especializadas, de acordo com o contexto histórico, político e social. Foram identificadas convergências, nos discursos, quanto à ressignificação da educação especial e do papel das escolas especializadas diante das propostas de inclusão escolar; quanto à supervalorização da legalidade constituída, especialmente após a LDB/1996, como instrumento importante para a defesa dos direitos para as pessoas com deficiência, e quanto ao moralismo abstrato de inclusão escolar, quando o governo estabelece a responsabilidade por esse processo para os gestores e professores das escolas. Foram identificadas também divergências, entre o Estado e as organizações especializadas, quanto às concepções de educação, inclusão, espaço público, financiamento, gestão política e responsabilidade pela educação. O estudo aponta ainda os principais dilemas e desafios atuais entre Estado e sociedade civil para mudança de cenários nas parcerias, visando à garantia do direito subjetivo à educação para pessoas com deficiência.

Nesdete Mesquita Corrêa (2008), ao apresentar os resultados parciais da sua tese em evento nacional, descreve as fontes de recursos e o valor do financiamento destinado à educação especial em Campo Grande, Mato Grosso do Sul (MS), e busca analisar como ocorre a relação entre o setor público e o privado na oferta do atendimento educacional especializado no referido município. Os dados registrados deixaram evidente para a autora, que a administração municipal vem direcionando grande parte do atendimento tanto da educação como da saúde para instituições

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privadas, assim como tem destinado recursos para o financiamento dos serviços a serem prestados para alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação na sua rede de ensino. Esses dados corroboram os resultados de pesquisa de mestrado apresentados por Marielle Moreira Santos Benatti (2007), que teve como objetivo analisar os recursos públicos vinculados às esferas federal, estadual e municipal que eram repassados às instituições públicas não estatais de educação especial do município de Campo Grande ‒ MS, no período de 2001 a 2005. A autora afirma que a discussão do financiamento da educação especial se insere no contexto de “redefinição do papel do Estado”12, que se reestrutura por intermédio da privatização, da terceirização e da publicização. No contexto municipal, ela observa que, nesse período, houve investimento financeiro por parte do Poder Público tanto em instituições públicas não estatais como no fortalecimento das escolas regulares no município. Desse modo, o Estado mantinha financeiramente o atendimento tanto no ensino regular, quanto nas escolas especializadas não estatais de educação especial. Cumpre destacar que o repasse de recursos a estas últimas ocorre desde 1980, por meio de convênios e parcerias com o estado de Mato Grosso do Sul. O estudo ainda aponta uma nova tendência para as instituições especializadas no que tange a oferta de seus serviços: auxiliar na formação de professores das redes municipais de ensino. A autora então conclui que “o público e o privado continuarão atuando em conjunto nesta modalidade educacional, porém há uma redefinição de seus papéis, em consonância com a sociedade capitalista” (BENATTI, 2011, p. 10). Desse modo, ambas as autoras (CORRÊA, N., 2008; BENATTI, 2011) enfatizam a expressividade do terceiro setor, que, constituído por organizações da sociedade civil e em parceria com o Estado, assume os serviços delimitados às políticas sociais, entre estas as de educação especial, no estado de MS.

Nessa perspectiva, Valdete Aparecida Veiga de Moraes (2011b), na sua dissertação, ao analisar as políticas de educação especial no Paraná nas gestões do governo Requião (2003-2010), evidenciou ações que fortaleceram a expansão das entidades filantrópicas amparadas com recursos públicos. Assim, as ações da Secretaria de Estado da Educação do Paraná foram direcionadas à publicização da

12 Benatti (2007) utiliza a expressão “redefinição do papel do Estado” para fazer referência às

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educação especial, que buscou garantir recursos às instituições filantrópicas por meio de contratos de gestão. Destacam-se, nesse processo, as articulações e estratégias políticas dos representantes dessas instituições, os quais, travando alianças e parcerias, conseguiram garantir a manutenção e a conservação da hegemonia desse segmento na política da educação especial no Paraná (MORAES, V., 2011b).

Na mesma direção, Cléia Demétrio Pereira (2011), ao apresentar os resultados da sua dissertação em seminário nacional, analisa a política de convênio na oferta de serviços de educação especial no município de Braço do Norte ‒ Santa Catarina (SC). A autora observa que, embora haja ações administrativas da parte do setor público, há uma forte presença de instituições privadas sem fins lucrativos no atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência13 no município. Assim, essas instituições mantidas por organizações da sociedade civil ainda desempenham um papel importante na implementação da política de inclusão no município de Braço do Norte ‒ SC, situação não exclusiva desse município, pois representa uma grande parcela dos municípios catarinenses (de pequeno porte) que, para atender a população com deficiência, contam com instituições privadas de caráter filantrópico.

Em linha semelhante, Reginaldo Célio Sobrinho e Edson Pantaleão (2012), ao refletirem sobre o financiamento da educação especial no estado do Espírito Santo, no contexto público-privado, destacaram a ausência de um pronunciamento mais explícito acerca da constituição de políticas articuladas entre secretarias (saúde, habitação, transporte, moradia e educação) da esfera estadual, no oferecimento de serviços qualificados às demandas das pessoas com deficiência14, bem como a necessidade de um financiamento público em educação especial que amplie a atuação do Estado.

Carline Santos Borges et al. (2012), em seu artigo, ao analisarem aspectos da política de educação especial no estado do Espírito Santo, a partir de convênios e acordos firmados entre a administração pública e as instituições especializadas, apresentaram informações relativas ao tipo de dependência administrativa a que

13 Pereira (2011) faz menção apenas à população de alunos com deficiência. Portanto, manteremos o

termo utilizado pela autora.

14 Em seu trabalho, Sobrinho e Pantaleão (2012) fazem referência apenas à população de alunos

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pertencem essas instituições, à categoria de instituição privada à qual estão vinculadas, à identificação de seus mantenedores e aos convênios firmados entre o Poder Público e as instituições especializadas. Os resultados apontaram a necessidade de ampliação do Estado na oferta de serviços voltados às pessoas com deficiência15, de maneira que as instituições especializadas, de caráter privado, que ofertam atendimentos restritos e ainda insuficientes a esse público, não ocupem centralidade nesse processo, entendido como responsabilidade pública.

Andressa Santos Rebelo (2012), na sua dissertação de mestrado, investiga os impactos da política de complementação/suplementação do atendimento educacional especializado para a educação das pessoas com deficiência no município de Corumbá – MS. Constata a autora que as iniciativas propostas em lei têm repercutido no crescimento tímido no número de matrículas de alunos com deficiência na rede regular de ensino, bem como em mudanças marcadas tanto pela democratização do acesso a escola pública e seu financiamento, quanto pela coexistência do ensino público com os interesses de caráter assistencial, os quais vêm conseguindo obter a garantia de recursos para oferta do atendimento educacional especializado em suas instituições.

Nessa perspectiva, Fabíola Borowsky (2013), em seu artigo, busca compreender como se materializam as parcerias entre o sistema público e o setor privado na educação especial, por meio do levantamento dos documentos que orientam a formação de convênios e aqueles que regulamentam essas parcerias. Nesse processo, a autora pôde evidenciar contradições no papel do Estado em relação à educação especial, visto que os documentos orientam a inclusão escolar dos alunos com deficiência em escolas públicas do ensino regular e, ao mesmo tempo, incentivam o atendimento educacional especializado em instituições privadas, por meio do repasse de recursos públicos. Por sua vez, a legislação assegura a coexistência de ambas as instituições.

Observamos, nesse contexto, que a relação público-privado nas políticas de financiamento da educação especial desempenha um papel de extrema importância para a consolidação de políticas e práticas de atendimento educacional especializado, evidenciando-se, ainda, que os recursos públicos têm se voltado também para a manutenção das instituições privadas de ensino.

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A discussão das políticas públicas também se destaca nas produções sobre o financiamento público voltado à educação especial Júlio Romero Ferreira (2000), em evento nacional, ao analisar a evolução do atendimento aos alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação na década de 1990, em termos de crescimento de matrículas junto às redes públicas e privadas, argumenta que a participação pouco expressiva da educação especial no conjunto da oferta na educação básica naturalmente se revela também quanto aos recursos orçamentários, representada pela pequena parcela de verbas públicas vinculadas à educação especial. Assim, o conjunto de dados e tendências, elaborado com base na análise dos censos educacionais, complementados com aspectos pontuais de financiamento e referências ao Plano Nacional de Educação (de 2001), no contexto das políticas públicas para a educação básica, aponta para uma pouca participação da escola pública e do ensino regular na educação desses alunos, incompatível com os preceitos constitucionais e com a legislação educacional (LDB/1996) nessa década.

Nessa direção, Reginaldo Célio Sobrinho, Camila Fuzato Lavagnoli e Maysa Guimarães da Fonseca (2011), em seu artigo, discutem os aspectos do financiamento da educação do aluno com deficiência16 no estado do Espírito Santo, com base nas publicações oficiais que identificam as políticas adotadas pelo Estado, bem como o fluxo de matrículas desses alunos em escolas municipais, estaduais e instituições privadas, no período 2005-2009. Os autores destacam o incremento do aparato legal nos anos recentes e observam que a materialização de tais políticas mantém vínculos estreitos com a perspectiva médico-clínica de deficiência, legitimando a insuficiência de recursos financeiros para a oferta de uma educação pública qualificada para atender às necessidades dos alunos.

Por sua vez, Luciane Torezan Viegas (2009a), em evento nacional, ao analisar as políticas públicas por meio das demandas estimadas, os dados da oferta de atendimento, os documentos orientadores divulgados pelos órgãos oficiais do estado do Rio Grande do Sul, considerando a área de educação especial no período de 1988 a 2002, identificou dois momentos distintos em termos de proposição de políticas. Um desses momentos foi aquele em que houve uma tendência de perspectiva mais “tradicional” das políticas públicas para a área, com ênfase nas

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“parcerias” com as instituições privadas, a qual priorizava o atendimento clínico em detrimento do atendimento educacional em escolas e classes especiais. O outro é um momento mais recente, no qual parece predominar a proposição de políticas com base na participação e na mobilização popular, em que a educação é concebida como direito de todos e a escola como espaço permanente de ensino e aprendizagem. Nessa perspectiva, Viegas (2009a) afirma que a educação especial, considerada como modalidade da educação escolar, conforme LDB/1996, passa a ser oferecida tanto em espaços específicos como em integração com os diferentes níveis de ensino. Assim, a autora destaca que as propostas do Poder Público foram elaboradas a partir dos aspectos relativos à concepção de educação inclusiva, à necessidade de adequação dos recursos humanos e dos ambientes físicos para acolher as pessoas com deficiência e à formação de professores. O estudo sinaliza, portanto, o descompasso entre demanda, oferta de atendimento e políticas públicas.

Viegas (2009b) numa revisão bibliográfica sobre financiamento da educação e estudos preliminares sobre financiamento da educação especial, trabalho apresentado no Seminário Nacional de Pesquisa em Educação Especial de 200917, ressalta ainda que, diante da realidade educacional brasileira, os estudos sobre financiamento da educação e manutenção do ensino remetem a uma crítica relacionada à precariedade de políticas públicas educacionais que efetivem a garantia dos direitos constitucionais. E no caso da educação especial, também se refere à necessidade de estudos que analisem a complexidade da oferta, o uso de recursos financeiros, a relação público-privado, a gestão educacional, políticas e práticas na área. Nesse sentido, em sua tese de doutorado, (VIEGAS, 2014), quando buscou compreender o processo de reconfiguração das proposições que vinculavam a educação especial à educação regular dos alunos com deficiência, teve entre seus objetivos conhecer os efeitos da política atual, no que diz respeito à dupla matrícula no atendimento educacional especializado no município de Cachoeirinha – Rio Grande do Sul. A análise mostra que os gestores revelaram conhecer a legislação do Fundeb referente à dupla contabilização para os alunos com deficiência matriculados na rede regular de ensino, com atendimento

17 O Seminário Nacional de pesquisa em Educação Especial configurou-se, no período de 2005 a

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educacional especializado, mas indicaram desconhecer os efeitos desse financiamento na educação especial na rede pública municipal, seja para o atendimento educacional especializado nas salas de recursos multifuncionais, seja para o centro de atendimento nas escolas especiais.

Vera Maria Vidal Peroni (2009), em seu trabalho apresentado no Grupo de Trabalho (GT) 15 da educação especial na Reunião Anual da Anped, analisa as políticas educacionais naquele período particular do capitalismo, o da redefinição do papel do Estado e de novas fronteiras entre o público-privado e suas consequências para a educação especial, como parte do direito à educação pública de qualidade. Observa ela que, desde o Império até hoje, a justificativa da não universalização pública do ensino é o erário público insuficiente. Na educação especial, esse descompromisso do Estado é ainda mais evidente. Ressalta ainda a autora que, historicamente, as fronteiras entre o público e o privado foram muito tênues na educação especial. Assim, embora haja avanços na legislação mesmo em tempos de redefinições no papel do Estado, evidenciam-se a desresponsabilização do Poder Público pelas políticas educacionais e o repasse de recursos públicos para instituições do terceiro setor, caracterizando o esvaziamento dos direitos universais e com consequências negativas para a materialização das políticas sociais e educacionais voltadas à educação especial.

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movimentos sociais capazes de fiscalizar as ações governamentais no sentido de assegurar ao público da educação especial uma educação de qualidade.

Esses estudos enfatizam a importância das políticas públicas para a consolidação dos planos, programas e projetos voltados às garantias dos direitos das pessoas com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação nos sistemas públicos de ensino. Além disso, destacam a ínfima participação do Poder Público no que tange a recursos voltados à educação especial e a forte presença da iniciativa privada na história, na formulação e na implantação das políticas públicas destinadas a essa modalidade de ensino.

Em contraposição, outros estudos revelam a forte presença do Estado nas

políticas e na gestão da educação especial. Rosalba Maria Cardoso Garcia (2009), em seu artigo, ao discutir o modelo de gestão gerencial que perpassa a educação de alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação nos anos 2000, mediante programas induzidos por editais, observa que a educação especial está sob as mesmas regras de gestão que estão previstas na educação nacional. Além disso, identifica que há um movimento claro de intervenção estatal na política educacional no que se refere à educação dos sujeitos da educação especial. Desse modo, destaca que a indução por editais gera um “clima político de publicação” do atendimento educacional especializado, que mostra a presença do Estado na criação de equipamentos públicos de educação especial.

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melhor os movimentos envolvidos entre fontes de verbas e execuções orçamentárias para financiar a educação especial.

Em linha semelhante, Corrêa, N. (2011), em seu artigo, investigou os recursos financeiros destinados às salas de recursos multifuncionais da rede municipal de ensino de Campo Grande ‒ Mato Grosso do Sul (MS) e os procedimentos da utilização desses recursos no atendimento educacional especializado. Os dados preliminares, apresentados em evento nacional, apontam indícios da consolidação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) no planejamento da política da educação especial no município de Campo Grande ‒ MS, ao se constatar a ampliação dessas salas como apoio técnico do Ministério da Educação (MEC) por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR). No entanto, o número de alunos que vêm recebendo atendimento educacional especializado não foi ampliado na mesma proporção em que se ampliaram as salas de recursos multifuncionais. Assim, a autora identificou a interferência por parte do Estado, por meio de ações e programas, articulados pelo governo federal, que têm, (in)diretamente, implicações nas políticas e na gestão dos sistemas educacionais no intuito de assegurar o atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação.

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inclusão dos alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação em classe comum, na rede regular de ensino.

O segundo é o estudo desenvolvido por Ana Lacerda Pomilio et al. (2012), apresentado em evento nacional de educação especial. Ao analisarem as políticas de financiamento a partir da evolução das matrículas dos alunos com deficiência e necessidades especiais18 no município de Campinas ‒ São Paulo e no estado de São Paulo, entre os anos de 2007 a 2010, os autores observaram o crescimento das matrículas do público da educação especial, que passaram a se concentrar mais na rede regular de ensino, principalmente, nas escolas municipais. No que tange ao financiamento público à educação, ficou evidente um investimento gradativo e mais intenso na educação especial, a partir do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação19 (Fundeb). Assim, o crescimento do valor por aluno-ano da educação especial, no estado de São Paulo, induziu o aumento na taxa de incorporação dessas matrículas nos sistemas de ensino, segundo os dados apresentados pelos autores. Desse modo, os autores concluem que o fator financiamento tem grande influência para promover alterações na educação especial (POMILIO et al., 2012).

Por sua vez, o trabalho de Laura Ceretta Moreira e Ana Paula de Carvalho (2011), objetivou contribuir com reflexões sobre o Custo Aluno Qualidade inicial (CAQi) de alunos com deficiência (intelectual, física, visual e auditiva) matriculados na escola pública de nível médio, a partir do contexto socioeconômico da cidade de Curitiba – Paraná (PR). As autoras destacam que a prática inclusiva exige, no mínimo, um investimento duplicado em relação ao CAQi de aluno sem deficiência. Além disso, as autoras afirmam, com base nas simulações realizadas, que a ponderação de 1,20 calculada na lei que regulamenta o Fundeb (BRASIL, 2007b) não é satisfatória para o atendimento direcionado ao público da educação especial. Nesse sentido, o estudo contribuiu para uma visualização do CAQi aplicado aos alunos com deficiência que frequentam o ensino médio público, bem como serviu para reforçar a importância de estudos voltados ao financiamento dessa modalidade

18 Termos utilizados pelos autores para fazer menção ao público da educação especial.

19 O Fundeb foi instituído pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006 (BRASIL,

2006e), e regulamentado pela Lei 11.494, de 20 de junho de 2007. Assim, cada unidade da federação passa a ter o seu Fundo, que aglutina recursos estaduais, municipais e – quando necessário – a complementação federal, a ser destinado, segundo art. 21, “à manutenção e ao desenvolvimento da

educação básica pública e à valorização dos trabalhadores em educação, incluindo sua condigna

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Tabela 1  –  Valor aluno-ano do Fundef - Brasil 1997 a 2006 em valores nominais (R$)
Tabela 2  –  Complementação de Recursos da União - Fundeb 2007-2013  em valores nominais (R$)
Tabela 3 - Fatores de ponderação no valor-aluno para as diferentes etapas e  modalidades de ensino 2007-2013
Tabela 5  –  Valor anual por aluno estimado e receita total estimada do Fundeb para  educação especial, no âmbito dos estados e do Distrito Federal - 2007 em valores
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Referências

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