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ARTIGO
DE
REVISÃO
Assessment
of
acute
motor
deficit
in
the
pediatric
emergency
room
夽
Marcio
Moacyr
Vasconcelos
a,∗,
Luciana
G.A.
Vasconcelos
be
Adriana
Rocha
Brito
aaUniversidadeFederalFluminense(UFF),HospitalUniversitárioAntônioPedro,DepartamentoMaterno-Infantil,Niterói,RJ,
Brasil
bAssociac¸ãoBrasileiraBeneficentedeReabilitac¸ão(ABBR),DivisãodePediatria,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
Recebidoem21demaiode2017;aceitoem28demaiode2017
KEYWORDS
Acuteweakness; Motordeficit; Guillain-Barré syndrome;
Transversemyelitis; Child
Abstract
Objectives: Thisreviewarticleaimedtopresentaclinicalapproach,emphasizingthediagnostic investigation,tochildrenandadolescentswhopresentintheemergencyroomwithacute-onset muscleweakness.
Sources: AsystematicsearchwasperformedinPubMeddatabaseduringAprilandMay2017, usingthefollowingsearchtermsinvariouscombinations:‘‘acute,’’‘‘weakness,’’‘‘motor defi-cit,’’‘‘flaccidparalysis,’’ ‘‘child,’’‘‘pediatric,’’and‘‘emergency’’.Thearticles chosenfor thisreviewwerepublishedoverthepasttenyears,from1997through2017.Thisstudyassessed thepediatricagerange,from0to18years.
Summaryofthedata: Acutemotordeficitisfairlycommonpresentationinthepediatric emer-gencyroom.Patientsmaybecategorizedashavinglocalizedordiffusemotorimpairment,anda precisedescriptionofclinicalfeaturesisessentialinordertoallowacompletedifferential diag-nosis.Thetwomostcommoncausesofacuteflaccidparalysisinthepediatricemergencyroom areGuillain-Barrésyndromeandtransversemyelitis;notwithstanding,otheretiologiesshould beconsidered,suchasacutedisseminatedencephalomyelitis,infectiousmyelitis,myasthenia gravis,stroke,alternatinghemiplegiaofchildhood,periodicparalyses,brainstemencephalitis, andfunctionalmuscleweakness.Algorithmsforacutelocalizedordiffuseweakness investiga-tionintheemergencysettingarealsopresented.
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2017.06.003
夽 Comocitaresteartigo:VasconcelosMM,VasconcelosLG,BritoAR.Assessmentofacutemotordeficitinthepediatricemergencyroom.
JPediatr(RioJ).2017;93:26---35.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:mmdvascon@gmail.com(M.M.Vasconcelos).
2255-5536/PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradePediatria.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸a
Conclusions: Theclinicalskillstoobtainacompletehistoryandtoperformadetailedphysical examinationareemphasized.Anorganized,logical,andstepwisediagnosticandtherapeutic managementisessentialtoeventuallyrestorepatient’swell-beingandfullhealth.
PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileiradePediatria.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
PALAVRAS-CHAVE
Fraquezaaguda; Déficitmotor; Síndromede Guillain-Barré; Mielitetransversa; Crianc¸a
Avaliac¸ãododéficitmotoragudonoambientedeprontosocorropediátrico
Resumo
Objetivos: Apresentarumaabordagem clínica,enfatizarainvestigac¸ãodiagnóstica,voltada paracrianc¸aseadolescentesnopronto-socorrocomfraquezamusculardesurgimentoagudo. Fontes: FoifeitaumapesquisasistemáticanabasededadosPubMedentreabrilemaiode2017, comosseguintestermosdepesquisaemváriascombinac¸ões:‘‘agudo’’,‘‘fraqueza’’,‘‘déficit motor’’,‘‘paralisiaflácida’’,‘‘crianc¸a’’,‘‘pediátrico’’e‘‘emergência’’.Ostrabalhos escolhi-dospara estarevisão forampublicados nosúltimosdezanos,de1997a2017. Estetrabalho abordaafaixaetáriapediátrica,até18anos.
Resumodosdados: Odéficitmotor agudoéumacausarazoavelmentecomumpara crianc¸as eadolescentesprocuraremopronto-socorro.Ospacientespodemserclassificadoscomocom deficiênciamotoralocalizadaoudifusaeumadescric¸ãoprecisadascaracterísticasclínicasé essencialparapossibilitarumdiagnósticodiferenciadocompleto.Asduascausasmaiscomuns deparalisiaflácidaagudanopronto-socorropediátricosãosíndromedeGuillain-Barréemielite transversa,independentementedeoutrasetiologiasserem consideradas,como encefalomie-litedisseminada aguda,mieliteinfecciosa,miasteniagrave,derrame,hemiplegia alternante dainfância,paralisiaperiódica,encefalitedotroncoencefálicoefraquezamuscular funcio-nal.Osalgoritmosdainvestigac¸ãodefraquezaagudalocalizadaoudifusanaconfigurac¸ãode emergênciatambémsãoapresentados.
Conclusões: Sãoenfatizadasashabilidadesclínicasparaobterumhistóricocompletoefazer um exame físico detalhado.Ummanejo diagnósticoe terapêutico organizado,lógicoe por etapaséessencialparaeventualmenterestaurarobem-estareasaúdetotaldopaciente. PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradePediatria.Este ´eum artigo OpenAccess sobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
O déficit motor agudo ou fraqueza é uma apresentac¸ão razoavelmente comum em crianc¸as e adolescentes no pronto-socorro(PS)pediátrico.Emtodasasfaixasetárias, 5% de todos ospacientes que procuram o PS apresentam sintomasneurológicos.1Nesseambiente,opediatradevese
sentirconfortávelparafazeromanejoinicial,poisalgumas
etiologiaspodemserfataise exigemcuidadourgente.Por
outrolado,asintervenc¸õesoportunaspodemprovavelmente
restaurarobem-estareasaúdetotaldopaciente.
Afraquezaéclassificadacomoumsinalmotornegativo,
bemcomoataxiaeapraxia.Évaliosoterumentendimento
preciso sobreadefinic¸ão desses trêssinais motores
nega-tivos. Fraqueza é definida como a incapacidade de gerar
forc¸a voluntária normalem ummúsculo outorque
volun-tário normal sobre uma articulac¸ão, ao passo que ataxia
é a incapacidade de gerar uma trajetória de movimento
voluntárionormal,quenãopodeseratribuídaafraquezaou
atividademuscularinvoluntárianasarticulac¸õesafetadas.2
Osmovimentosatáxicossãodescoordenadoseatrapalhados,
porémnãoháfraquezasubjacentedosmúsculosenvolvidos.
Apraxia éaincapacidade defazermovimentoscomplexos
aprendidos, que não é explicada por fraqueza, ataxia ou
atividade motora involuntária, ou seja, as func¸ões
moto-ras, sensoriais, dos gânglios da base e cerebelares estão
intactas.2Deveserenfatizadoquenãoexistefraqueza
sen-sorial.
Parafinsdestetrabalho,otermoplegiaseráusadopara
indicar fraqueza completa ou parcial,3 porém o leitor é
informadoqueplegia,estritamentefalando,significa
para-lisiatotaleparesiaimplicaqueaforc¸amuscularéafetada
apenasparcialmente. Uma descric¸ão comumde fraqueza
aguda é paralisia flácida aguda, o que significa que na
configurac¸ãodePSaparalisianormalmentenãoé
acompa-nhadaporespasticidadeououtrossinaisanormaisdostratos
motores do sistema nervoso central (SNC), por exemplo,
hiperreflexia,clonusousinaldeBabinski.4
Os objetivos deste trabalho são apresentar uma
abor-dagem de diagnóstico clínico voltada para crianc¸as e
adolescentesqueapresentamdéficit motoragudonoPSe
revisarasetiologiasmaisfrequentes.
Métodos
‘‘fraqueza’’, ‘‘déficit motor’’, ‘‘paralisia flácida’’, ‘‘crianc¸a’’, ‘‘pediátrico’’ e ‘‘emergência’’. Os trabalhos escolhidosparaesta revisãoforampublicados nosúltimos dez anos, de 1997 a 2017. Este trabalho aborda a faixa etáriapediátrica,até18anos.
Características
clínicas
e
diagnóstico
diferenciado
Afraquezaagudapodeapresentardeficiêncialocalizadaou difusa.Umadescric¸ãoprecisadodéficitmotor---suaforma deinício,durac¸ãoeprogressão--- é essencialpara possibi-litarumdiagnósticodiferenciadocompleto.Nessesentido, umhistóricodetalhadoeumexamefísicocompleto, inclu-siveumexameneurológicoobjetivo,fornecerãoasmelhores
oportunidadesparaagilizar aidentificac¸ãodaetiologia. A tabela1 descreveasinformac¸õesessenciaisaserem
com-piladas durante a abordagem inicial a um paciente que
apresentafraquezaaguda.
Aformacomoafraquezaseestendeparaoutraspartes
docorpopodeoferecerpistasparaodiagnóstico.Por
exem-plo,umdéficitascendenterelativamentesimétricosugere
síndromedeGuillain-Barré(GBS),aopassoqueaparalisia
descendentegerasuspeitadebotulismo.5
AlgunspacientescomparecerãoaoPScomoqueparece
serfraquezaaguda,porémumaavaliac¸ãoabrangente
reve-laráque, defato,ele/elatempseudoparalisia,ouseja,a
forc¸amuscularépreservadaeafunc¸ãomotoradopaciente
éprejudicadaporoutromecanismo,maisfrequentemente
dorsevera.Osexemplospediátricoscomunsdessasituac¸ão
são incapacidade deandar devido a dor naspanturrilhas,
Tabela1 Históricoeexamefísicodeumpacientecomdéficitmotoragudo
Histórico
Éaprimeiravezqueacrianc¸aapresentafraqueza?
Início---quandoeoqueacrianc¸afaziaquandoodéficitfoidetectado?
Ritmo---abrupto,rápidooulentamenteprogressivo,flutuanteouremitente-recorrente?
Afraquezaestáassociadaafatoresprecipitantes,comoumlugar,umapessoa,umalimento,umamedicac¸ãoouumhorário dodia?
Afraquezamelhoracomdescansoepioracomatividade(fatigabilidade)? Houveumaumentonafrequênciadequedasnopassadorecente? Afraquezaprogrediudeformaascendenteoudescendente?
Sintomasassociadosdeinfecc¸ão(febre,dordecabec¸a,vômito,diarreia)oudoenc¸arecorrente
Sintomassensoriaisanterioresouconcomitantes,comodor/sensibilidade,disestesias,dormência,dordecabec¸aou alterac¸õesvisuais
Mudanc¸asnoshábitosdemicc¸ãoeintestinais
Mudanc¸asnoestadomental---houvealgumcomprometimentonoestadomentaldopaciente? Históricodeinfecc¸õesrecenteseoutrasdoenc¸as
Usodetodososmedicamentos,inclusivefitoterapia,colíriosetc.
Históricododesenvolvimento---idadesdeaquisic¸ãodehabilidadesmotoras,qualquerregressão,outrasáreasde desenvolvimento
Históricodetrauma,principalmentenacabec¸aenopescoc¸o Históricodeconvulsões
Contatocomoutraspessoasdoentes
Históricopsicossocial---estresserecente,interac¸õescompares,desempenhoescolar,problemascomportamentais,morte ouafastamentodepessoasqueridas
Contatocomanimaisdeestimac¸ãoeoutrosanimais
Examefísicoeneurológico Sinaisvitais
Perímetrocefálico Parâmetrosdecrescimento Simetriacorporal
Rigideznucaleoutrossinaismeníngeos Sinaisdeinsuficiênciarespiratória
Estadomental---alerta,irritabilidade,orientac¸ãoparahoraelocal,habilidadeslinguísticas Sistemascardiovascularerespiratórioeexamedoabdômen
Examedonervocraniano---tamanhodaspupilasereac¸ãoàluz?Acuidadevisual?Fundoscopia?Fraquezafacial? Movimentac¸õesmuscularesextraoculares?Movimentac¸õesdopalatoedalíngua?
Examemotor---tônusmusculareforc¸a,reflexosdotendãoprofundo,clônusdotornozelo,testedepronac¸ão SinaldeBabinski
Examesensorialquebuscaumnívelsensorial Coordenac¸ão---provadededo-nariz,diadococinesia
Marcha---capacidadedesentarouandarsem/comapoio?Andarnapontadospés,noscalcanhares
Tabela2 Etiologiasdedéficitmotordifusoagudo
Etiologiasmaiscomuns SíndromedeGuillain-Barré Mielitetransversa
Outrasetiologias
Encefalomielitedisseminadaaguda(ADEM) Hemiplegiaalternantedainfância
Luxac¸ãoatlanto-axial Botulismo
Abscessocerebral
Infecc¸õesdoSNC,porexemplo,meningiteaguda LesõesdemassadoSNC
Polineuropatiadesmielinizanteinflamatóriacrônica(PDIC) Enxaquecacomplicada
Miopatiascongênitas
Epilepsia,ouseja,paralisiadeTodd Paraplegiaespásticafamiliar
Fraquezamuscularfuncional(anteriormentechamadade distúrbiodeconversão)
Hipoglicemia Hipofosfatemia
SíndromedeHopkins(associadaaasmaaguda) Mieliteinfecciosa(porexemplo,porenterovírus) Hemorragiaintracraniana
Doenc¸adeKawasaki Doenc¸ametabólica Miasteniagrave Paralisiaperiódica
Compressãodamedulaespinhal Poliomieliteassociadaavacina Vasculite
Derrame
SNC,sistemanervosocentral.
secundária a miosite viral aguda, artralgia relacionada a artritepiogênica(porexemplo,artritegonocócicaem ado-lescentes), cotovelo da babá (pronac¸ão dolorosa) ou dor ósseasecundáriaaosteomielite,fraturaósseaouluxac¸ão.
Após erradicac¸ão dapoliomielite, asduas causas mais comuns de paralisia flácida aguda no PS são GBS e mie-lite transversa aguda.6 Entre outras etiologias (tabela 2),
asmaisrelevantesparaafaixaetáriapediátricasão
ence-falomielitedisseminada aguda(ADEM),mieliteinfecciosa,
miasteniagrave,derrame,hemiplegiaalternanteda
infân-cia, paralisia periódica,encefalite do troncoencefálico e
fraquezamuscularfuncional.
SíndromedeGuillain-Barré
A GBS, ou polirradiculoneuropatia desmielinizante infla-matória aguda (AIDP), é uma doenc¸a autoimune que normalmente apresenta início agudo de fraqueza rapida-menteprogressiva,basicamentesimétrica,earreflexiaem uma crianc¸a que anteriormente estava bem.7 A fraqueza
agudanaGBStendeainiciardistalmenteeprogredir
rostral-mentee,em50-70%doscasos,elaéprecedida,emquatro
semanas,porumainfecc¸ãorespiratóriaougastrointestinal
aguda.Osagentesetiológicosenvolvidoscommais
frequên-ciasãoCampylobacterjejunieHelicobacterpylorinotrato
gastrointestinaleMycoplasmapneumoniae notrato
respi-ratório.Uma incidência anual de 0,5-2 casospor 100.000
indivíduosérelatadanafaixaetária<18anos.8AGBSestá
associadaaumavacinac¸ãonos30diasanterioresemmenos
de10%doscasos.9
A AIDP é, na verdade, um termo descritivo para o
quadro clínico mais comum da GBS, ao passo que, em
10-15%doscasos,ascaracterísticasclínicasabrangem
for-masde variac¸ão da GBS, como neuropatia axonal motora
aguda(AMAN,comevoluc¸ãomaisrápidaedéficitsmotores
maisgraves, inexistência de déficitssensoriais),
neuropa-tiaaxonalmotoraesensorialaguda(AMSAN,relatadaquase
exclusivamenteemadultos),síndromedeMiller-Fisher
(ata-xia, oftalmoplegia e arreflexia sem fraqueza periférica),
variantefaringo-cérvico-braquial(ptose,fraquezado
mús-culo flexor facial, faríngeo, pescoc¸o), pandisautonomia
agudae oftalmoplegia aguda.8,10,11 A AMANdeve-se a um
danoaxonaleédiagnosticadacommaisfrequêncianaÁsia
enaAméricadoSul.11
O acometimento clínico é caracterizado por dor nos
membros,fraquezanosmembrose,em algunscasos,
ata-xia.Oexamefísiconormalmenteapresentaestadomental
preservadoouirritabilidadeereflexosdotendãoprofundo
reduzidos ou inexistentes em membros fracos.7,8 A
fra-quezaprogrideem umadirec¸ãocaudo-craniana,porémhá
excec¸õesaessepadrão.Opicodafraquezanormalmenteé
atingidoapós7-10dias,porémnomáximoatéquatro
sema-nas.Agravidadedafraquezadosbrac¸oséofatordepredic¸ão
maisconfiáveldeinsuficiênciarespiratória.11
O diagnóstico tem como base achados clínicos e é
embasado em dissociac¸ão albumino-citológica em líquido
cefalorraquidiano(LCR), ouseja,umaumentononívelde
proteínaapesardacontagemnormaldeleucócitos,deuma
ressonânciamagnética(RMI)dacolunavertebralquemostre
orealce,porcontraste,dasraízesnervosase/oudos
acha-dosdedesmielinizac¸ãooudanosaxonaisnaeletromiografia
com estudos de conduc¸ão nervosa (EMG). Alguns
pacien-tesapresentamestudosnormaisdeEMGnasduasprimeiras
semanasdadoenc¸a,porém,posteriormente,todos
apresen-tamresultadosanormais.6
Mielitetransversa
Amielitetransversaaguda(MTA)representaumquintodos eventosdesmielinizantesadquiridosemcrianc¸as,temuma incidência anual estimada em crianc¸as com idades < 16 anos de 2 por 1.000.000 e sua proporc¸ão de sexo mas-culino:feminino é 1.1-1.6:1.12 Há dois picosde incidência
pediátrica,nasfaixasde0-2anose5-17anos,ea
incidên-ciamaisaltaencontra-senaprimeira.13 Emdoisterc¸osdos
casos,houveumainfecc¸ãoprodômicanosúltimos30dias.
As crianc¸as afetadas desenvolvem um início agudo de
paraplegia ou tetraplegia simétricas, reduc¸ão ou perda
de sensac¸ão e disfunc¸ão do esfíncter e seu curso clínico
seestende para mais de três fases: aguda (normalmente
2-7 dias), nível de estabilizac¸ão (1-26 dias) e fases de
recuperac¸ão(mesesaanos).Emalgunspacientes,adoréa
Tabela3 Critériosdediagnósticoparamielitetransversa
Critériosdeinclusão
Desenvolvimentodedisfunc¸ãosensorial,motoraouautonômicaatribuídaàmedulaespinhal Sintomasbilaterais
Nívelsensorialclaramentedefinido
ExclusãodecausasdecompressãoporimagemdeRMoumielografiadeTC
Inflamac¸ãodamedulaespinhaldemonstradaporpleocitosedolíquidocefalorraquidiano,IgGelevadoourealcepelo gadolínio
Progressoparanadirclínicoentrequatrohorase21diasdoiníciodossintomas
Critériosdeexclusão
Históricodeirradiac¸ãoparaalombadaparaacolunavertebralem10anos Achadosclínicoscompatíveiscomoclusãodaartériaespinhalanterior
Ausênciadefluxoanormalnasuperfíciedocordãocompatívelcommalformac¸ãoarteriovenosa
Comprovac¸ãosorológicaouclínicadedoenc¸adotecidoconjuntivo(sarcoidose,doenc¸adeBehc¸et,síndromedeSjögren, lúpuseritematososistêmicooudistúrbiomistodotecidoconjuntivo)
Manifestac¸õesdosistemanervosocentraldesífilis,doenc¸adeLyme,HIV,HTLV-1,Micoplasmaououtrainfecc¸ãoviral Anormalidadescerebraissugestivasdeesclerosemúltipla
Históricodeneuriteópticaclinicamenteaparente
Fonte:GrupodeTrabalhodoConsórciodeMieliteTransversa.Critériosdediagnósticopropostosenosologiademielitetransversaaguda.14
A MTA é um diagnóstico de exclusão; assim, é
impor-tanteconsiderarcomcuidadoseusdiagnósticosdiferenciais.
Nessesentido,oscritériosdediagnósticoestabelecidospelo
GrupodeTrabalhodoConsórciodeMieliteTransversapodem
servaliosos(tabela3).14
As crianc¸as serão beneficiadaspor umresultado motor
favorável, com recuperac¸ão completa de até 56%, e um
estudo constatou que o tempo médio de recuperac¸ão da
capacidadedeandardeformaindependentefoi56dias.6
Encefalomielitedisseminadaaguda(ADEM)
AADEMéumadoenc¸adesmielinizanteinflamatóriaque nor-malmenteocorreemdoisdiasaquatrosemanasapósuma infecc¸ãoviralou,menoscomumente,vacinac¸ão.15Ela
apre-senta déficits neurológicos multifocais acompanhados de
encefalopatiaeseutempomédiodeinícioé5,7anos,com
proporc¸ãodesexomasculino/femininode2,3:1.15,16
As características clínicas podem incluir febre, dor de
cabec¸a,vômito,sinaismeníngeos,perdadavisão,
convul-sões, paralisias do nervocraniano e alterac¸ões noestado
mental,quevãodeletargiaacoma.15Háumacontrovérsia
atualsobreseaADEMeaesclerosemúltipla (EM)
perten-cem ao mesmo espectro de doenc¸as ou se são entidades
completamentedistintas.16ApesardeaADEMnormalmente
seguirumcursomonofásico,seusfatoresdevariac¸ão
recor-rentesemultifásicosatrapalhamnadistinc¸ãodeEM.ARMI
docérebro podeser aferramenta maisvaliosaparafazer
essadistinc¸ão,poisoscasosdeADEMmostramgrandesáreas
deaumentodaintensidadedesinalnasimagens
pondera-dasem T2eFLAIR,combordasmaldefinidas,distribuídas
bilateralmentenasubstânciabranca(SB)cerebraleque
nor-malmenteafetam osgânglios dabase, o tronco cerebral,
a substância cinzenta docórtex cerebelar e cerebral, ao
passoqueoscasosdeEMnormalmentemostramlesõesbem
definidaslocalizadasnaSBperiventricular.17 Aausênciade
encefalopatia,idadeacimade10anos,presenc¸adeneurite
ópticaebandasoligoclonaisintratecaisduranteumevento
de desmielinizac¸ão do SNC aumentam o risco depossível
desenvolvimentodeEM.15
O LCRpode ser normal ouapresentar pleocitose leve,
comousemníveiselevadosdeproteína.15
Otratamento precocee agressivopodeobterumaboa
recuperac¸ãocomdéficitmínimoounenhumdéficitemmais
dametadedospacientes.18
Mieliteinfecciosa
A paralisia flácida aguda pode resultar de infecc¸ão na medulaespinhalcomváriospatógenos,porexemplo,vírus doOeste doNilo,enterovírus nãopólio,vírus dadengue, sífilis, doenc¸adeLyme,vírus daimunodeficiênciahumana (HIV),citomegalovírus,HTLV-1emicoplasma.14,19 Sua
prin-cipal característica distintiva damielite transversa é que
a maiorparte das crianc¸as apresentaparalisia damedula
espinhalrelacionadaapoliomielitefocal,comsintomas
sen-soriaismínimosounenhumsintomasensorial.20
Miositeviralaguda
A miosite viral aguda se manifesta com odor muscular e fraquezanosmembrosinferiores,principalmentenas pan-turrilhas e nas coxas.21 Ela é, na maior parte das vezes,
associadaàinfecc¸ãopelovírusdagripe.Dessaforma,seus
sintomasprodômicosincluemfebre,dordecabec¸a,tossee
outrossinaisrespiratórios.Ascrianc¸asafetadaspodem
dei-xar de mover suas pernas logo após sentir dor oupodem
defatoterfraquezarelacionadaarabdomiólise.22Entre35
casos com idademédia de 7,5anos, a fraqueza muscular
duroudeumaoitodiaseamédiadecreatina-quinasesérica
Miasteniagrave
Amiasteniagrave(MG)éumadoenc¸aneuromuscular autoi-mune relativamente rara e seu surgimento na infância é divididoemMGneonataltransitóriaeMGjuvenil.Aprimeira deve-seàtransferênciaplacentáriadeanticorpos recepto-resdeacetilcolina(AChR)enormalmenteétratadaemdois mesesdevida.23
O quadro clínico é caracterizado por fatigabilidade e
fraquezaoscilantedosmúsculosoculares,faciais,dos
mem-bros,bulbares e respiratórios.Osanticorposcontra AChR,
proteínaquinaseespecíficadomúsculo(MuSK)erelacionada
aosreceptoresdelipoproteína(LRP4),podemparticiparde
suapatogênese.24
Um estudo comparou 114 pacientes chineses com MG
juvenilcom207pacientesadultoscomMGjuvenil.Os
anti-corposforamencontradosem77,80e81%dossubgruposde
0-8anos,8-18anoseadultos,respectivamente.Apenasum
dosseispacientesqueapresentaramresultadopositivopara
osanticorpos MuSKe LRP4 nãoera adulto. Aestimulac¸ão
repetitivadonervoduranteaeletromiografia(EMG)podeser
útilparaodiagnóstico,bemcomootestedeneostigmina,
porémissodeveserfeitoapenasem umambiente
contro-ladoemonitorado,napresenc¸adeumaequipecapacitada
emressuscitac¸ãocardiopulmonar.Atropinadeveestar
pron-tamentedisponível.23
Derrame
Derramepodeocorreremcrianc¸ascommaisdeummêsde vida,comfrequênciade13/100.000porano.Suaincidência émaioremneonatos(25a40/100.000)eaindamaiorentre neonatos prematuros(até 100/100.000).25 Osmecanismos
subjacentes em pacientes pediátricos incluem derrame
isquêmico, trombose venosa e derrame hemorrágico.26
Os pacientes afetados normalmente apresentam
défi-cit neurológico focal de início agudo, por exemplo,
hemiplegia,hemianestesia,hemiataxia,paralisiafacial
uni-laterale/ouafasia.27Osrecém-nascidospodemapresentar
convulsões.26
Terão derrames recorrentes20a 30%das crianc¸as com
derrameisquêmicoarterial,entãoumdiagnósticoprecoce
setornaessencial.26 Ainvestigac¸ãoadequadacom
neuroi-magemnãodeveserpostergada.
Hemiplegiaalternantedainfância
A hemiplegia alternante da infância é um transtorno do desenvolvimento raro causado, em 75% dos casos, por umamutac¸ãonogeneATP1A3daproteínaneuronalNa+/K+ ATPase.28 O surgimento ocorre antes de 1,5 ano e suas
características clínicas consistem em hemiplegia
unilate-ralepisódica,distonia,quadriplegiaemovimentosoculares
anormais. Cada episódio dura minutos,horas ouperíodos
maislongoserecorrefrequentemente.Ascrianc¸asafetadas
podeapresentamatrasonodesenvolvimentoeepilepsia.28A
flunarizina(bloqueadordoscanaisdecálcio)podereduzira
frequência,agravidadeeadurac¸ãodosepisódiosdistônicos
ehemiplégicos.28
Paralisiaperiódica
Asparalisias periódicassãoassociadasamutac¸õesnogene SCN4A dos canais de sódio, gene CACNA1S dos canais de cálcio ou gene KCNJ2 dos canais de potássio e nãodeve ser confundida com causas secundárias de paralisia epi-sódica,como toxicidade do medicamento.29 Ospacientes
apresentamataques episódicos de fraqueza muscular
flá-cida,normalmente associados a hipoou hipercalemia. Os
episódiospodemsercausadosporcarboidratosou
alimen-tadosricos em potássio ou porrepouso após exercício.O
tratamentocomacetazolamidepodereduzirafrequênciae
agravidadedosepisódios.29
Encefalitedotroncoencefálico
Aencefalitedotroncoencefálico (BBE)deBickerstaff ea síndrome de Miller-Fisher formam um espectro contínuo, comataxiaeoftalmoplegiaexterna,porémapenasnos paci-entesemqueaBBEdesenvolveconsciênciaprejudicada.30
ABBE é umadoenc¸aincomum deetiologiadesconhecida,
contudoécomumenteassociadaaosanticorposda
superfí-ciecelulardoSNC,principalmenteanticorposanti-GQ1b.31
Ossintomasiniciaismaiscomunssãodiplopiaeperturbac¸ão
da marcha, é encontrada dissociac¸ão albuminocitológica
do LCR em metade dos pacientes durante a segunda
semana da doenc¸a e pode haver fraqueza facial e dos
membros.30
Infartodamedulaespinhal
Éraroemcrianc¸asepodeimitaroutrasentidadescomuns, como MTA. A ausência de pleocitose no LCR e o nível normal de proteínas ajudam a diferenciar essas duas entidades.Normalmente envolve a artéria espinhal ante-rior. Os fatores de risco são pequeno trauma medular, vasculopatiasparainfecciosasecirurgia.32Ascrianc¸as
apre-sentam sinais típicos de medula espinhal, como nível
sensorial,disfunc¸ãovesicale/ouintestinaleparaplegiaou
tetraplegia.
Fraquezamuscularfuncional
Afraquezaagudapodedecorrerdeumtranstorno neuroló-gicofuncional(TNF),condic¸ãoanteriormentechamadade histeria e transtorno de conversão, e crianc¸as com cinco anospodemserafetadas.33Emumestudobritânicode204
crianc¸as,faixade7-15anos,oquadromaiscomumfoi
fra-queza(63%)emovimentac¸õesanormais(43%)eo fatorde
estresseantecedentemaisfrequentefoibullyingnaescola
(81%).34 Essesautoresestimaramqueaincidênciaanualde
TNF nafaixa <15 anos foide 1,30/100.000.Um
observa-dorprecisodetectaráalgunsachadosincongruentesdurante
o exame físico de um paciente com fraqueza devido a
TNF:6,33,35
- diplopiamonocular---queixasdevisãodupla,pelacrianc¸a,
que persiste quando umolho está fechado. Contudo, a
diplopiamonoculartambémpodesercausadaporumerro
- a crianc¸a não conseguir andar, porém conseguir erguer
suaspernas,contraagravidade,quandodeitadanacama.
Orestantedoexamemotorénormal.
- fraquezadeentrega---perdarepentinadotônusapós
res-posta inicial a forc¸a boa/normal quando um músculo é
testadocontraresistência
- cocontrac¸ão --- contrac¸ão esforc¸ada de um músculo
e seu agonista, resultante em quase inexistência de
movimentac¸ãonaarticulac¸ão
- descoordenac¸ão motora --- diferenc¸as significativas do
desempenhomotoremdiferentescondic¸õesdeteste.
- sinaldeHoover---oexaminadorposicionaumamãosobo
calcanhardaperna‘‘boa’’epedequeopacienteergaa
pernafracacontraresistência.UmpacientecomTNFnão
farápressãoparabaixocomapernaboa.
Diagnóstico
QuandoumpacientepediátricocheganoPScomqueixa prin-cipaldedéficitmotoragudo,valeprestaratenc¸ãoaalguns importantesaspectosdohistóricoedoexamefísico(tabela 1).Asfiguras1e2sugeremalgoritmosparainvestigac¸ãode
fraquezaagudalocalizadae difusana configurac¸ãodePS,
respectivamente.
Um déficit localizado, por exemplo, paralisia facial
(tabela4)36 oumonoplegia(tabela5),3tendeaapresentar
umalistamenordeetiologias,aopassoqueumdéficitmais
difuso,porexemplo,paraplegia,hemiplegiaoutetraplegia,
exigirá a considerac¸ão de várias etiologias (tabela 2). A
ordem é tercautela,poisumexamefísicoabrangente de
umpacientequesequeixademonoplegiapoderevelar
fra-quezadiscretadeummembroadicional,entãoopaciente
podedefatoserafetadoporhemiplegiaouparaplegia.37
Quandoumpaciente apresenta fraquezadifusa de
iní-cioagudo,apresenc¸aouausênciadealterac¸õesnoestado
mental,ouseja,encefalopatia,nortearáodiagnóstico.Em
pacientescomencefalopatia,umainfecc¸ãodoSNCse
tor-narumahipóteseprementeaserconsideradaporestudos
adequados.Outrasentidadestambémdevemsercogitadas,
comoconvulsões,lesõesdemassa,disfunc¸ãoemoutros
sis-temasorgânicos,traumaealterac¸õesmetabólicas.
Grandeparte do exame neurológico abordao local da
lesão e acreditamos que um pediatraque trabalheno PS
deve saber examinar se um déficit motor agudo resulta
doencéfalo,dotroncoencefálico,damedulaespinhal,da
junc¸ãoneuromuscular,domúsculoesqueléticooudosnervos
periféricos.
Vários testes e procedimentos estão disponíveis para
investigar um paciente extremamente fraco. Como em
situac¸ões semelhantes, deve-se priorizar descartar as
condic¸õesfataisepassíveisdetratamento.Umdiagnóstico
poretapas,combomcusto-benefícioe oportuno,é
forte-menterecomendado,conformedescritonasfiguras1e2.
FRAQUEZA AGUDA LOCALIZADA
PARALISIA FACIAL MONOPLEGIA
Paralisia unilateral?
Considerar: •Neuroimagem para trauma
e tumor da fossa posterior
•Punção lombar para GBS
•Hx clínico detalhado •Avaliação de toxinas e EMG
para botulismo •Síndrome de Möbius não
diagnosticada anteriormente Não
Sim
Paralisia de Bell (sem manejo adicional) Sintomas sistemáticos ou
outros sinais neurológicos?
Não
Caso não melhore de 4-6 semanas depois,
reconsiderar diagnóstico Sim
Considerar: •Diagnóstico da
Infecção • Otoscopia por RHS • Neuroimagem •Testes de função
tireoideana • Punção lombar • AChR antibodies
Histórico de trauma recente?
Considerar: •
•
Parto traumático → Lesão neonatal do plexo braquial
Braço foi puxado →
cotovelo da babáa •Lesão por compressão
do nervo →Plexopatia aguda ou neuropatia
•Lesão no pescoço por prática de esportes ou ombro →fraqueza nos ombros devido a lesão no nervo torácico longo Sim
Não
Considerar: •Imagem do neuraxis para
malformação cerebral ou da coluna cervical, tumor, derrame
•EEG para convulsões subclínicas
•EMG para classificar a fraqueza •Hx de OPV nos últimos
40 dias para VAPP
Se a causa for indefinida, reavaliar o Hx e o EF e considerar quando atípico
Figura1 Algoritmosparainvestigac¸ãodefraquezaagudalocalizadanaconfigurac¸ãodeemergência.
FRAQUEZA AGUDA DIFUSA
Sim Considerar:
•MRI da coluna vertebral para trauma, lesão de massa, infarto, inflamação ou compressão
•Punção lombar para mielite infecciosa x transversa
•vitamina B12 sérica para degeneração combinada subaguda
•Avaliação da acuidade visual e aquaporina-4 IgG sérica para NMO
•Achados sugestivos de trauma ou abuso físico
Alterações no estado mental?
Sinais de infecção? Considerar:
•Neuroimagem
•Punção lombar
•Diagnóstico de infecção
•Antibióticos + aciclovir
•Convulsões?
•Avaliação de outros sistemas de órgãos Não
Sim
Considerar:
•MRI cerebral para ADEM/MS, lesão de massa, derrame, PRES
•EEG para paralisia de Todd’s
•Anti-GQ1b e outros anticorpos no CNS para encefalite do tronco encefálico
•Avaliação de outros sistemas de órgãos
•Avaliação toxicológica
•Achados sugestivos de trauma ou abuso físico
•Exame de metabolismo Sim
Não
Sinais de mielopatiab?
Não
CK muito aumentado? Miosite aguda
a ou outra
rabdomiólise Sim
Não
Fraqueza oscilante,
AChR positivo? Miastenia grave
Areflexia, ↑ proteína do LCR
sem pleocitose? GBS
Paralisias Periódicas
Déficits no nervo craniano, constipação, paralisia
descendente?
Botulismo
Achados inconsistentes no EF, problemas psicosociais?
Fraqueza muscular funcional Sim
Sim Não
Não
Reavaliar Hx e EF e considerar quadro atípico
↓Κ+, ↑Κ+, ου ↑Τ4?
Sim
Não Sim
Sim
Não Não Início abrupto e neuroimagem incompatível?
Não
Derrame Sim
Figura2 Algoritmosparainvestigac¸ãodefraquezaagudadifusanaconfigurac¸ãodeemergência.
AChR,receptordeacetilcolina;CK,creatina-quinasesérica;SNC,sistemanervosocentral;LCR,líquidocerebrospinal;EEG, eletro-encefalografia;EMG,eletromiografia;GBS,síndromedeGuillain-Barré;Hx,histórico;IgG,imunoglobulinaG;K+,potássiosérico; EM,esclerosemúltipla;NMO,neuromieliteóptica;EF,examefísico;PRES,síndromedaencefalopatiareversívelposterior;RHS, SíndromedeRamsay-Hunt;T4,tiroxina;in.,inexistente.aUmacausadepseudoparalisia.bOssinaisdemielopatiaincluemumnível sensorial,disfunc¸ãovesicale/ouintestinaleparaplegiaoutetraplegia.
Tabela4 Etiologiasdaparalisiafacial
Congênita Adquirida
Acausamaiscomum
Traumadenascimento ParalisiadeBell
Outrascausas Síndromeperisylvianabilateralcongênita
Miasteniacongênita
Distrofiamiotônicacongênita Aplasiadomúsculofacial
Distrofiamuscular facioescapuloumeral SíndromedeMöbius
Miastenianeonataltransitória
Otitemédiaaguda
Lesãodemassadotroncoencefálico(porexemplo,glioma pontinho)
Medicamentos:interferon,ribavirina Estreitamentoanômalodocanalfacial Schwannomadonervofacial
Hipoparatireoidismo Hipotireoidismo
Infecc¸ãoporherpesvírussimples Doenc¸adeLyme
SíndromedeMelkersson-Rosenthal Caxumba
Miasteniagrave Outrasinfecc¸ões
SíndromedeRamsay-Hunt Derrame
Tabela5 Etiologiasdamonoplegia
Lesãodemassadosistemanervosocentral,inclusive tumor,hematomaouabcesso
Enxaquecacomplicada Epilepsia
Traumadecabec¸aouespinhal Neuritebraquialhereditária
Neuropatiahereditáriacompredisposic¸ãoaparalisia depressão
Paralisianeonataldoplexobraquial Neuropatia
Plexopatia Derrame
Neuropatiaperonealtraumática
Poliomieliteparalíticaassociadaavacina
Fonte:adaptadodeFenichel.3
Conclusões
AmaiorpartedospacientesquechegamaoPScomdéficit motoragudoserábeneficiadaporumaabordagem investiga-tivapráticaeintervenc¸õesoportunascombasenohistórico, noexamefísicoeemalgunstestesdediagnósticoe conse-guiráeventualmenterecuperarseubem-estare suasaúde completa.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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