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Fahrenheit 451

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DADOS DE COPYRIGHT

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Sobre a obra: Sobre a obra:

A presente obra é disponibilizada pela equipe

A presente obra é disponibilizada pela equipe Le Liv Le Livrosros e seus diversos parceiros, com o e seus diversos parceiros, com o

objetivo de

objetivo de oferecer cooferecer connteúdo para teúdo para uuso parso parcial cial em em pesquisas e pesquisas e estuestudos acados acadêmdêmicos, icos, bem bem comcomoo o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura.

o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura.

É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso É expressamente proibida e totalmente repudíavel a venda, aluguel, ou quaisquer uso com

comerciercial do al do presente contpresente conteúdoeúdo Sobre nós:

Sobre nós: O

O Le Liv Le Livrosros e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade e seus parceiros disponibilizam conteúdo de dominio publico e propriedade

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intelectual de for tual de for ma totalmente gratuita, por acreditar quema totalmente gratuita, por acreditar que o conho conhecimenecimento e a to e a educação devemeducação devem ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso ser acessíveis e livres a toda e qualquer pessoa. Você pode encontrar mais obras em nosso site:

site: LeLivr  LeLivr os.clubos.club ou em qu ou em qualquer um alquer um dos sdos sites parites parceiroceiros aprs apresentesentadosados neste link neste link ..

"Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por  "Quando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por 

dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível." dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível."

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Outras obras do autor:

Outras obras do autor: About Norman Corwin/ A Chapbook for Burnt-Out Priests, Rabbis and About Norman Corwin/ A Chapbook for Burnt-Out Priests, Rabbis and

Ministers/ A Device out of Time/ Ahmed and the Oblivion Machines/ A Medicine for  Ministers/ A Device out of Time/ Ahmed and the Oblivion Machines/ A Medicine for  Melancholy/ A Memory of Murder/ A morte é uma transação solitária/ Beyond 1984: Melancholy/ A Memory of Murder/ A morte é uma transação solitária/ Beyond 1984: Remembrance of Things Future/ Byzantium I Come Not From/ Christus Apollo/ Classic Remembrance of Things Future/ Byzantium I Come Not From/ Christus Apollo/ Classic Stories Volume One/ Classic Stories Volume Two Selected from Dark They Were, and Stories Volume One/ Classic Stories Volume Two Selected from Dark They Were, and Golden-Eyed/ Cream Suit and Other Plays/ Creative Man Among His Servant/ Crônicas Golden-Eyed/ Cream Suit and Other Plays/ Creative Man Among His Servant/ Crônicas marcianas/ Dandelion Wine/ Dark Carnival/ Death Is a Lonely Business/ Dinosaur Tales/ marcianas/ Dandelion Wine/ Dark Carnival/ Death Is a Lonely Business/ Dinosaur Tales/ Dogs Think That Every Day Is Christmas/ Doing Is Being/ Driving Blind/ E de espaço/ Dogs Think That Every Day Is Christmas/ Doing Is Being/ Driving Blind/ E de espaço/ Falling Upward/ Fever Dream/ Forever and the Earth/ From a Play-in-Progress/ Frutos Falling Upward/ Fever Dream/ Forever and the Earth/ From a Play-in-Progress/ Frutos dourados do sol/ Green Shadows, White Whale/ I Live by the Invisible/ Let’s All Kill dourados do sol/ Green Shadows, White Whale/ I Live by the Invisible/ Let’s All Kill Constan

Constance/ ce/ LLife ife on Mars/ on Mars/ LLong ong AftAfter er EcclEcclesiesiastes/ astes/ LLong ong AftAfter er MidnighMidnight/ Machines t/ Machines I SingI Sing the Body Electric/ No Man Is an Island/ O cemitério dos lunáticos/ Old Ahab’s Friend, the Body Electric/ No Man Is an Island/ O cemitério dos lunáticos/ Old Ahab’s Friend, and Friend to Noah, Speaks His Piece/ One More for the Road: A New Short Story and Friend to Noah, Speaks His Piece/ One More for the Road: A New Short Story Collection/ O país de outubro/ Pillar of Fire: A Drama/ Pillar of Fire and Other Plays/ Collection/ O país de outubro/ Pillar of Fire: A Drama/ Pillar of Fire and Other Plays/ Quicker Than the Eye/ R Is for Rocket/ Ray Bradbury on Stage: A Chrestomathy of Plays/ Quicker Than the Eye/ R Is for Rocket/ Ray Bradbury on Stage: A Chrestomathy of Plays/ Something Wicked this Way Comes/ Stories of Ray Bradbury/ Sun and Shadow/ Switch Something Wicked this Way Comes/ Stories of Ray Bradbury/ Sun and Shadow/ Switch on the Night/ That Ghost, that Bride of Time: Excerpts Where Robot Mice and Robot on the Night/ That Ghost, that Bride of Time: Excerpts Where Robot Mice and Robot Men Run Round in Robot Towns/ That Son of Richard iii/ The Anthem Sprinters and Men Run Round in Robot Towns/ That Son of Richard iii/ The Anthem Sprinters and Other Antics/ The April Witch: A Creative Classic Death Has Lost It’s Charm for Me/ Other Antics/ The April Witch: A Creative Classic Death Has Lost It’s Charm for Me/ The Autumn People/ The Bike Repairmen/ The Complete Poems of Ray Bradbury/ The The Autumn People/ The Bike Repairmen/ The Complete Poems of Ray Bradbury/ The Climate of Palettes/ The Day It Rained Forever/The Day It Rained Forever: A Comedy in Climate of Palettes/ The Day It Rained Forever/The Day It Rained Forever: A Comedy in One Act/ The Dragon/ The Essence of Creative Writing: Letters to a Young Aspiring One Act/ The Dragon/ The Essence of Creative Writing: Letters to a Young Aspiring Author/ The Fog Horn: A Creative Classic/ The God in Science Fiction/ The Ghosts of  Author/ The Fog Horn: A Creative Classic/ The God in Science Fiction/ The Ghosts of  Forever/ The Halloween Tree/ The Haunted Computer and the Android Pope/ The Last Forever/ The Halloween Tree/ The Haunted Computer and the Android Pope/ The Last Circus and the Electrocution/ The Last Good Kiss/ The Love Affair/ The Machineries of  Circus and the Electrocution/ The Last Good Kiss/ The Love Affair/ The Machineries of  Joy/ The Mummies of Guanajuato/ The Other Foot/ The Other Foot: A Creative Classic/ Joy/ The Mummies of Guanajuato/ The Other Foot/ The Other Foot: A Creative Classic/ The Pedestrian/ The Pedestrian: A Fantasy in One Act/ The Poet Considers His The Pedestrian/ The Pedestrian: A Fantasy in One Act/ The Poet Considers His Resource

Resources/ The Stars/ The Ts/ The Stars/ The Toynoynbee Convector/ bee Convector/ The VThe Veldeldt/ Tht/ The Ve Veldeldt: t: A A CreaCreativetive Classic/ The Vintage Bradbury/ The Wonderful Ice/ Then Is All Love? It Is, It Is!/ There Classic/ The Vintage Bradbury/ The Wonderful Ice/ Then Is All Love? It Is, It Is!/ There Is/ This Attic Where the Meadow Greens/ Tomorrow Midnight/ Twice 22/ Twin Is/ This Attic Where the Meadow Greens/ Tomorrow Midnight/ Twice 22/ Twin Hieroglyphs that Swim the River Dust/ Uma estranha família — Lembranças de um lugar  Hieroglyphs that Swim the River Dust/ Uma estranha família — Lembranças de um lugar  do passado/ Uma sombra passou por aqui/ When Elephants Last in the Dooryard do passado/ Uma sombra passou por aqui/ When Elephants Last in the Dooryard Bloomed/ With Cat for Comforter/ Witness and Celebrate/ Yestermorrow: Obvious Bloomed/ With Cat for Comforter/ Witness and Celebrate/ Yestermorrow: Obvious Answers to Impossible Futures/ Zen in the Art of Writing and the Joy of Writing: Two Answers to Impossible Futures/ Zen in the Art of Writing and the Joy of Writing: Two Essays

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Ray Douglas Bradbury nasceu em Waukegan, Illinois, Estados Unidos, em 22 de agosto Ray Douglas Bradbury nasceu em Waukegan, Illinois, Estados Unidos, em 22 de agosto de 1920. O trabalho de seu pai, técnico em instalação de linhas telefônicas, fez a família de 1920. O trabalho de seu pai, técnico em instalação de linhas telefônicas, fez a família se deslocar por muitas cidades do país, até se fixar em Los Angeles, Califórnia, em se deslocar por muitas cidades do país, até se fixar em Los Angeles, Califórnia, em 1934.

1934.

Bradbury encerrou os estudos formais em 1938, na Los Angeles High School, mas Bradbury encerrou os estudos formais em 1938, na Los Angeles High School, mas conti-nuou a estudar como autodidata, enquanto trabalhava como jornaleiro. Estreou na conti-nuou a estudar como autodidata, enquanto trabalhava como jornaleiro. Estreou na literatura com o conto “Hollerbochen’s dilemma”, que surgiu num fanzine de ficção literatura com o conto “Hollerbochen’s dilemma”, que surgiu num fanzine de ficção científica entre 1938 e 1939. Sua primeira publicação paga, o conto “Pendulum”, escrito científica entre 1938 e 1939. Sua primeira publicação paga, o conto “Pendulum”, escrito em parceria com Henry Hasse, apareceu em 1941 na revista Super Science Stories. No em parceria com Henry Hasse, apareceu em 1941 na revista Super Science Stories. No ano seguinte, escreveu The lake, obra com a qual fixou seu estilo de escrever, mesclando ano seguinte, escreveu The lake, obra com a qual fixou seu estilo de escrever, mesclando ficção científica, terror e suspen-se. Em 1946, tinha seu primeiro conto incluído no Best ficção científica, terror e suspen-se. Em 1946, tinha seu primeiro conto incluído no Best American Short Stories, o que se repetiria em 1948 e 1952. Em 1947, casou-se com American Short Stories, o que se repetiria em 1948 e 1952. Em 1947, casou-se com Marguerite McClure e publicou o livro de contos de terror Dark carnival. Três anos Marguerite McClure e publicou o livro de contos de terror Dark carnival. Três anos depois, lançou Crônicas marcianas, coletânea de vinte e seis contos com a qual depois, lançou Crônicas marcianas, coletânea de vinte e seis contos com a qual consolidou sua carrei

consolidou sua carreira ra de esde escritor critor de ficção de ficção científcientífica. ica. No ano seguNo ano seguintinte, quane, quando tamdo tambémbém recebeu o Benjamin Franklin Award por seus contos, escreveu Uma sombra passou por  recebeu o Benjamin Franklin Award por seus contos, escreveu Uma sombra passou por  aqui, adaptado para o cinema por Jack Smight em 1969. O romance Fahrenheit 451, que aqui, adaptado para o cinema por Jack Smight em 1969. O romance Fahrenheit 451, que o consagrou mundialmente, foi lançado em 1953 e filmado em 1966 por François o consagrou mundialmente, foi lançado em 1953 e filmado em 1966 por François Truffaut.

Truffaut.

Atuando como roteirista desde 1953, recebeu o Oscar em 1956 pelo roteiro de Moby Atuando como roteirista desde 1953, recebeu o Oscar em 1956 pelo roteiro de Moby Dick, filme estrelado por Gregory Peck e dirigido por John Huston. Foi agraciado ainda Dick, filme estrelado por Gregory Peck e dirigido por John Huston. Foi agraciado ainda com o Aviation-Space Writer’s Association Award pelo melhor artigo sobre o espaço com o Aviation-Space Writer’s Association Award pelo melhor artigo sobre o espaço numa revista norte-americana, em 1967, o World Fantasy Award for Lifetime numa revista norte-americana, em 1967, o World Fantasy Award for Lifetime Achievement, em 1977, e o Grand Master Nebula Award (para escritores Achievement, em 1977, e o Grand Master Nebula Award (para escritores norte-americanos de ficção científica), em 1988. Em novembro de 2000, a National Book  americanos de ficção científica), em 1988. Em novembro de 2000, a National Book  Foundation Medal for Distinguished Contribution to American Letters concedeu-lhe o Foundation Medal for Distinguished Contribution to American Letters concedeu-lhe o  Nation

 National Book Aal Book Awardswards..

Ray Bradbury morreu no dia 6 de junho de 2012, aos 91 anos, em Los Angeles, Ray Bradbury morreu no dia 6 de junho de 2012, aos 91 anos, em Los Angeles, Califórnia.

Califórnia.

Manuel da Costa Pinto nasceu em São Paulo em 1966. Jornalista, foi editor da revista Manuel da Costa Pinto nasceu em São Paulo em 1966. Jornalista, foi editor da revista Cult. Colunista de Folha de S.Paulo, é autor de Albert Camus – um elogio do ensaio Cult. Colunista de Folha de S.Paulo, é autor de Albert Camus – um elogio do ensaio (Ateliê Editorial) e organizador e tradutor da antologia A inteligência e o cadafalso e (Ateliê Editorial) e organizador e tradutor da antologia A inteligência e o cadafalso e out

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Ray Bradbury

Ray Bradbury

Fahrenheit 451

Fahrenheit 451

Fahrenheit 451 – a temperatura na qual Fahrenheit 451 – a temperatura na qual o papel

o papel do lido livro pega fogvro pega fogo e queimo e queima…a… tradução: tradução: Cid Knipel Cid Knipel  prefácio:  prefácio:

Manuel da Costa Pinto Manuel da Costa Pinto

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Copyright © 1953 renewed 1981 by Ray Bradbury Copyright © 1953 renewed 1981 by Ray Bradbury

Copyright da tradução © Editora Globo S.A. Copyright da tradução © Editora Globo S.A.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida – em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de bancos de forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. – nem apropriada ou estocada em sistema de bancos de

dados, sem a expressa autorização da editora. dados, sem a expressa autorização da editora.

Título or Título origiiginal:nal: Fahrenheit 451 Fahrenheit 451 Texto fix

Texto fixado conforme as ado conforme as regras regras do nodo novo Acordo Ortográfico da Língvo Acordo Ortográfico da Língua Pua Portugortuguesa uesa (Dec(Decreto Lereto Legigislatislativo nvo n oo 54, de 54, de 1995).

1995).

Preparação: Beatriz de Freitas Moreira Preparação: Beatriz de Freitas Moreira

Revisão: Eugênio Vinci de Moraes e Denise Padilha Lotito Revisão: Eugênio Vinci de Moraes e Denise Padilha Lotito

Revisão da nova ortografia: André de Oliveira Lima Revisão da nova ortografia: André de Oliveira Lima

Capa: Delfin

Capa: Delfin[[SSTUDIOTUDIO D DELELR R EY]EY]

Foto da orelha: Ray Bradbury em julho de 1978, Foto da orelha: Ray Bradbury em julho de 1978,

© Corbis Sygma / Stock Photos © Corbis Sygma / Stock Photos

22aa edição, 2012 edição, 2012

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIPCIP))

(Câmara

(Câmara BrasBrasilileira do Livro,eira do Livro, SPSP, Brasil), Brasil)

Bradbury, Ray, 1920-2012. Bradbury, Ray, 1920-2012.

Fahrenheit 451 : a temperatura na qual o papel fogo e queima do livro pega fogo e queima – / Ray Fahrenheit 451 : a temperatura na qual o papel fogo e queima do livro pega fogo e queima – / Ray Bradbury ; Pinto. – São Paulo : tradução Cid Knipel ; prefácio Manuel da Costa Pinto. – 2. ed. – São Paulo : Bradbury ; Pinto. – São Paulo : tradução Cid Knipel ; prefácio Manuel da Costa Pinto. – 2. ed. – São Paulo : Globo, 2012.

Globo, 2012.

Título original: Fahrenheit 451. Título original: Fahrenheit 451.

ISBN

ISBN 978-85-250-5366-4978-85-250-5366-4

1. Ficção científica norte-americana I. Pinto, 1. Ficção científica norte-americana I. Pinto,

Manuel da Costa. II. Título. Manuel da Costa. II. Título. 12-07229

12-07229 CDDCDD-813.0876-813.0876

Índi

Índice ce para para cacatálogtálogo sistemático:o sistemático: 1.Fi

1.Ficçcção cão cientíientífica : Literatura fica : Literatura norte-americana norte-americana 813813.0876.0876 Direitos de edição em língua portuguesa para o Brasil Direitos de edição em língua portuguesa para o Brasil

adquiridos por Editora Globo S. A. adquiridos por Editora Globo S. A.

Av. Jaguaré, 1485 – 05346-902 – São Paulo – SP Av. Jaguaré, 1485 – 05346-902 – São Paulo – SP

www.globolivros.com.br  www.globolivros.com.br 

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Índice

Índice

Capa

Capa

Outras obras do autor 

Outras obras do autor 

Sobre o

Sobre o autautor or 

Folha de rosto Folha de rosto Créditos Créditos Dedicatória Dedicatória Epígrafe Epígrafe Prefácio Prefácio Primeira parte Primeira parte

Queimar era um prazer...

Queimar era um prazer...

Segu

Segunda parnda partete

Leram durante toda a longa tarde...

Leram durante toda a longa tarde...

Terceira parte

Terceira parte

Por toda a

Por toda a rua, luzrua, luzes se es se acenderamacenderam...

Posfácio

Posfácio

Coda

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Este é para Don Congdon, com gratidão. Este é para Don Congdon, com gratidão.

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Se te derem papel pautado, escreve

Se te derem papel pautado, escreve de trás pade trás para frentra frente.e. JJUANUAN R  R AMÓNAMÓN J JIMÉNEZIMÉNEZ

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Prefácio

Prefácio

Em 1933, quando os nazistas queimaram em praça pública livros de escritores e Em 1933, quando os nazistas queimaram em praça pública livros de escritores e intelectuais como Marx, Kafka, Thomas Mann, Albert Einstein e Freud, o criador da intelectuais como Marx, Kafka, Thomas Mann, Albert Einstein e Freud, o criador da  psicanális

 psicanálise fez e fez o seguo seguintinte come comententário a sário a seu ameu amigo Ernigo Ernest Jonest Jones: “Que progressos estames: “Que progressos estamosos fazendo. Na Idade Média, teriam queimado a mim; hoje em dia, eles se contentam em fazendo. Na Idade Média, teriam queimado a mim; hoje em dia, eles se contentam em queimar meus livros”.

queimar meus livros”.

Deixando de lado o fato de que a ironia de Freud logo se tornaria ingênua diante dos Deixando de lado o fato de que a ironia de Freud logo se tornaria ingênua diante dos fornos crematórios de Auschwitz e Dachau, podemos nos perguntar: o que aconteceria se fornos crematórios de Auschwitz e Dachau, podemos nos perguntar: o que aconteceria se os livros fossem incinerados, varridos da face da Terra até o ponto em que o único os livros fossem incinerados, varridos da face da Terra até o ponto em que o único vestígio de milênios de tradição humanista estivesse alojada na memória de alguns vestígio de milênios de tradição humanista estivesse alojada na memória de alguns  poucos

 poucos sobrevisobreviventventes? es? QuQual al seriseria a o o próximpróximo o passo passo da da barbárbarbárie? ie? QuQueimar eimar os os própriprópriosos hom

homens, para ens, para apagar de veapagar de vez a mz a mememória ória dos ldos livrosivros??

É essa a pergunta que reverbera na mente no leitor após a leitura de Fahrenheit 451, É essa a pergunta que reverbera na mente no leitor após a leitura de Fahrenheit 451, de Ray Bradbu

de Ray Bradburyry. Pois . Pois esse esse romromance visionário ance visionário — cuja justa celebr— cuja justa celebridade idade foi amfoi amplificadaplificada  pela

 pela repercrepercussão ussão do do filmfilme e homhomônimônimo o de de François François TTrufruffaufaut t (com (com OskOskar ar WWerner erner e e JulieJulie Christie nos papéis principais) — trata justamente de uma sociedade em que os livros Christie nos papéis principais) — trata justamente de uma sociedade em que os livros foram

foram proscrproscritos, em quitos, em que o e o simples fato de msimples fato de mantanter oer obras bras literárliterárias ias ou fou filosilosóficas em casaóficas em casa constitui-se

constitui-se nunum crime.m crime.

Fahrenheit 451 foi publicado em 1953, mas sua ação se passa num futuro não muito Fahrenheit 451 foi publicado em 1953, mas sua ação se passa num futuro não muito distante dessa época. Em uma passagem do livro, aliás, uma personagem comenta: distante dessa época. Em uma passagem do livro, aliás, uma personagem comenta: “Desde 1990, já fizemos e vencemos duas guerras atômicas!” — o que leva o leitor a “Desde 1990, já fizemos e vencemos duas guerras atômicas!” — o que leva o leitor a deduzir que o futuro de Bradbury corresponde mais ou menos ao nosso presente.

deduzir que o futuro de Bradbury corresponde mais ou menos ao nosso presente. O enredo é ambientado numa cidade dos

O enredo é ambientado numa cidade dos EUAEUA, mas não há nada de futurista em sua, mas não há nada de futurista em sua

 paisagem

 paisagem; ; não há não há grangrandes des aparatos aparatos tecntecnológicos ológicos ou aquela ou aquela assepsiassepsia a que que costucostumma a cercar cercar  as narrativas localizadas num porvir em que a ciência transformou o habitat humano num as narrativas localizadas num porvir em que a ciência transformou o habitat humano num grande laboratório. A cidade de Fahrenheit 451, em resumo, é apenas um pouco mais grande laboratório. A cidade de Fahrenheit 451, em resumo, é apenas um pouco mais som

sombria bria e opre opressiessiva do va do que a maioria que a maioria das metdas metrópolerópoles contems contemporâneas, com seu mporâneas, com seu misto deisto de  progresso

 progresso induindustrial strial e e deterioradeterioração ção do do tecido tecido urbanurbano, o, onde onde mmoderníssimos oderníssimos mmeios eios dede tran

transporte atravesssporte atravessam am bairrbairros decaos decadentdentes.es.

Há, porém, uma grande diferença em relação às nossas cidades: as casas de Há, porém, uma grande diferença em relação às nossas cidades: as casas de Fahrenheit 451 são à prova de combustão. Por isso, os bombeiros desempenham agora Fahrenheit 451 são à prova de combustão. Por isso, os bombeiros desempenham agora uma nova função: em lugar de apagar incêndios, sua tarefa é atear fogo. Os bombeiros de uma nova função: em lugar de apagar incêndios, sua tarefa é atear fogo. Os bombeiros de Bradbury são agentes da higiene pública que queimam livros para evitar que suas Bradbury são agentes da higiene pública que queimam livros para evitar que suas quimeras perturbem o sono dos cidadãos honestos, cujas inquietações são cotidianamente quimeras perturbem o sono dos cidadãos honestos, cujas inquietações são cotidianamente sufocadas por doses maciças de comprimidos narcotizantes e pela onipresença da sufocadas por doses maciças de comprimidos narcotizantes e pela onipresença da televisão.

televisão.

Esse dado inverossímil, que imanta a sociedade fictícia de Fahrenheit 451, faz com Esse dado inverossímil, que imanta a sociedade fictícia de Fahrenheit 451, faz com

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que o relato de Bradbury seja incluído na categoria das “distopias”. Em geral associadas que o relato de Bradbury seja incluído na categoria das “distopias”. Em geral associadas à “ficção científica”, as distopias são “a descrição de um lugar fora da história, em que à “ficção científica”, as distopias são “a descrição de um lugar fora da história, em que tensões sociais e de classe estão aplacadas por meio da violência ou do controle social” tensões sociais e de classe estão aplacadas por meio da violência ou do controle social”  — segu

 — segundo as palndo as palavras avras de Roberto dde Roberto de Sousa Causo (um e Sousa Causo (um imimportanportante estute estudioso dioso do assdo assuuntntoo e escritor de ficção científica). Como o próprio nome diz, a distopia é o contrário da e escritor de ficção científica). Como o próprio nome diz, a distopia é o contrário da utopia, ou uma “utopia negativa” — e vale a pena refletir um pouco sobre esse gênero, utopia, ou uma “utopia negativa” — e vale a pena refletir um pouco sobre esse gênero, tão peculiar

tão peculiar ao nosso temao nosso tempo, antes de avapo, antes de avaliar liar a ia immportânportância cia de Fahrenhde Fahrenheit 451.eit 451.

As utopias surgiram como uma imagem invertida do real, como uma espécie de As utopias surgiram como uma imagem invertida do real, como uma espécie de contrapartida positiva da razão crítica: se uma das atitudes filosóficas mais persistentes contrapartida positiva da razão crítica: se uma das atitudes filosóficas mais persistentes ao longo do tempo é o antidogmatismo e a denúncia de uma sociedade construída sobre ao longo do tempo é o antidogmatismo e a denúncia de uma sociedade construída sobre um sistema de mistificações (o mito, a religião, a ideologia), a utopia seria o mundo um sistema de mistificações (o mito, a religião, a ideologia), a utopia seria o mundo  possíve

 possível a partir dl a partir do mo momomentento em o em que tque todas essaodas essas crenças tivessem sido superadas.s crenças tivessem sido superadas.

Ressalta daí uma das características das utopias: elas parecem irreais porque são Ressalta daí uma das características das utopias: elas parecem irreais porque são racionais em excesso, porque contrastam com a irracionalidade reinante nas relações racionais em excesso, porque contrastam com a irracionalidade reinante nas relações sociais. A cidade do sol de Campanella, o Eldorado de Thomas More (autor de Utopia sociais. A cidade do sol de Campanella, o Eldorado de Thomas More (autor de Utopia ou sobre o ótimo estado da república e sobre a nova Ilha Utopia) e o “falanstério” de ou sobre o ótimo estado da república e sobre a nova Ilha Utopia) e o “falanstério” de Fourier criam em termos meramente hipotéticos uma idade de ouro do racionalismo. As Fourier criam em termos meramente hipotéticos uma idade de ouro do racionalismo. As utopias são constituídas por nações idílicas, em que homens solidários e justos mantêm utopias são constituídas por nações idílicas, em que homens solidários e justos mantêm relações de cordialidade em meio a uma natureza dadivosa e domesticada, que serve de relações de cordialidade em meio a uma natureza dadivosa e domesticada, que serve de celeiro e jardim da humanidade. As utopias são, por assim dizer, o sonho da razão, além celeiro e jardim da humanidade. As utopias são, por assim dizer, o sonho da razão, além de uma vulgarização do humanismo — e por isso as grandes utopias ocidentais estão de uma vulgarização do humanismo — e por isso as grandes utopias ocidentais estão compreendidas entre o renascimento e o fim do século XIX.

compreendidas entre o renascimento e o fim do século XIX.  Nu

 Num m século século antanti-hui-hummanista anista comcomo o o o que que acabamacabamos os de de atravessar, atravessar, porém, porém, a a razãorazão deixou de ser o antípoda da desrazão, da mitologia e da religião, para se tornar, ela deixou de ser o antípoda da desrazão, da mitologia e da religião, para se tornar, ela mesma, um desdobramento dessa fúria dominadora. “O esclarecimento, ou seja, a razão mesma, um desdobramento dessa fúria dominadora. “O esclarecimento, ou seja, a razão instrumental, é a radicalização da angústia mítica”, escreveram Adorno e Horkheimer —  instrumental, é a radicalização da angústia mítica”, escreveram Adorno e Horkheimer —  e a imaginação literária do século XX foi pródiga em criar sociedades fictícias em que a e a imaginação literária do século XX foi pródiga em criar sociedades fictícias em que a racionalidade se transforma num fim em si mesma: abstrata, mecanicista, reduzindo o racionalidade se transforma num fim em si mesma: abstrata, mecanicista, reduzindo o existente a um utensílio, alienando a consciência na linha de montagem e produzindo existente a um utensílio, alienando a consciência na linha de montagem e produzindo massacres com planejamento industrial. No século XX, como na famosa gravura de massacres com planejamento industrial. No século XX, como na famosa gravura de Goya, o sonho da razão produz monstros. Ou, em outras palavras, distopias.

Goya, o sonho da razão produz monstros. Ou, em outras palavras, distopias.

Os universos opressivos descritos em romances distópicos como Nós, de Ievguêni Os universos opressivos descritos em romances distópicos como Nós, de Ievguêni Zamiátin (também publicado no Brasil sob o título A muralha verde), Admirável mundo Zamiátin (também publicado no Brasil sob o título A muralha verde), Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, ou A revolução dos bichos e 1984, de George Orwell, seriam novo, de Aldous Huxley, ou A revolução dos bichos e 1984, de George Orwell, seriam assim os antecedentes imediatos de Fahrenheit 451. A exemplo desses livros, assim os antecedentes imediatos de Fahrenheit 451. A exemplo desses livros, encontramos em Bradbury uma sociedade policialesca, com propensões totalitárias, em encontramos em Bradbury uma sociedade policialesca, com propensões totalitárias, em que a individualidade é sacrificada a razões de Estado. Em certo sentido, porém, que a individualidade é sacrificada a razões de Estado. Em certo sentido, porém, Fahrenheit 451 é bem mais realista — e isso não apenas no sentido da representação Fahrenheit 451 é bem mais realista — e isso não apenas no sentido da representação naturalista (o livro é muito menos rico em invenções de um mundo alternativo do que naturalista (o livro é muito menos rico em invenções de um mundo alternativo do que seus precursores), mas na estranha verossimilhança que esse livro adquiriu cinquenta seus precursores), mas na estranha verossimilhança que esse livro adquiriu cinquenta anos após sua publicação.

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A trama de Fahrenheit 451 é bastante simples e apresenta vários pontos de contato A trama de Fahrenheit 451 é bastante simples e apresenta vários pontos de contato com as obras de Huxley e Orwell. O romance conta a história de Guy Montag, um com as obras de Huxley e Orwell. O romance conta a história de Guy Montag, um  bom

 bombeiro beiro que, que, após após várias várias incinerações incinerações de de livrlivros, os, comcomeça eça a a se se pergupergunntar tar sobre sobre oo fascínio que essas páginas impressas exercem sobre algumas pessoas obstinadas, que fascínio que essas páginas impressas exercem sobre algumas pessoas obstinadas, que desafiam a ordem estabelecida pelo simples prazer de ler. Dois fatos são decisivos na desafiam a ordem estabelecida pelo simples prazer de ler. Dois fatos são decisivos na urdidura do romance. Numa ação dos bombeiros, ele testemunha a autoimolação de uma urdidura do romance. Numa ação dos bombeiros, ele testemunha a autoimolação de uma senhora (cujo sugestivo nome de família é Blake) que se recusa a abandonar sua casa, senhora (cujo sugestivo nome de família é Blake) que se recusa a abandonar sua casa,  preferindo m

 preferindo morrer orrer no inno incêndio de sua biblcêndio de sua biblioteca pessioteca pessoal. Paroal. Paralelalelamamentente, Mone, Montag tag conhconheceece Clarisse McClellan, uma jovem adolescente que instila nele o prazer de coisas simples e Clarisse McClellan, uma jovem adolescente que instila nele o prazer de coisas simples e espontâneas – como a conversa entre amigos (coibida numa sociedade que administra o espontâneas – como a conversa entre amigos (coibida numa sociedade que administra o ócio por meio de atividades programadas) e a indagação sobre “o porquê” das coisas ócio por meio de atividades programadas) e a indagação sobre “o porquê” das coisas (uma excrescência no mundo utilitário de Fahrenheit 451, onde só importa “o como” de (uma excrescência no mundo utilitário de Fahrenheit 451, onde só importa “o como” de vivên

vivências cias protoprotocolares).colares).

Esses dois acontecimentos têm como pano de fundo o cotidiano asfixiante das demais Esses dois acontecimentos têm como pano de fundo o cotidiano asfixiante das demais  personag

 personagens. ens. Assim Assim comcomo o em em AdmAdmiráveirável l mmunundo do novo novo (em (em que que existe existe um narcótico, um narcótico, oo soma, que provoca um bem-estar politicamente anestesiante), em Fahrenheit 451 a soma, que provoca um bem-estar politicamente anestesiante), em Fahrenheit 451 a mulher de Montag, Mildred, vive à base de pílulas que embalam sua irrealidade mulher de Montag, Mildred, vive à base de pílulas que embalam sua irrealidade cotidiana. E, como em 1984 (no qual a privacidade era devassada pela onipresença do cotidiana. E, como em 1984 (no qual a privacidade era devassada pela onipresença do Grande Irmão), as casas têm murais televisivos que transmitem ininterruptamente Grande Irmão), as casas têm murais televisivos que transmitem ininterruptamente “novelas” com as quais os moradores podem interagir. A partir daí, toda a ação de “novelas” com as quais os moradores podem interagir. A partir daí, toda a ação de Fahrenheit 451 vai se desenrolar no desafio de Montag às proibições vigentes e na sua Fahrenheit 451 vai se desenrolar no desafio de Montag às proibições vigentes e na sua tentativa de fuga da cidade, proporcionada pela amizade com Faber — um professor que tentativa de fuga da cidade, proporcionada pela amizade com Faber — um professor que ele

ele outoutrora rora investiginvestigara ara e que agora se e que agora se torntorna seu cúmplice.a seu cúmplice.

O que interessa aqui, porém, é frisar a singularidade da distopia de Bradbury. Pois O que interessa aqui, porém, é frisar a singularidade da distopia de Bradbury. Pois enquanto Huxley e Orwell escreveram seus livros sob o impacto dos regimes totalitários enquanto Huxley e Orwell escreveram seus livros sob o impacto dos regimes totalitários (nazismo e stalinismo), Bradbury percebe o nascimento de uma forma mais sutil de (nazismo e stalinismo), Bradbury percebe o nascimento de uma forma mais sutil de totalitarismo: a indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético — a totalitarismo: a indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético — a moral do senso comum.

moral do senso comum. A ideia de

A ideia de que exque existe umiste uma dia ditadutadura da ra da mmaioriaioria, que puna, que pune o e o diverdiverso, aparso, aparece eece em m váriosvários momentos do romance, quase sempre personificado em Beatty, o chefe dos bombeiros. momentos do romance, quase sempre personificado em Beatty, o chefe dos bombeiros.  No

 No mmomomentento o em que em que está está prestes prestes a a incenincendiar diar os os livrlivros os da da senhsenhora ora Blake, Blake, por por exemexemplo,plo, ele diz: “Não há o menor acordo entre esses livros. Você ficou trancada aqui durante ele diz: “Não há o menor acordo entre esses livros. Você ficou trancada aqui durante anos com essa malfadada Torre de Babel. Saia dessa situação! As pessoas nesses livros anos com essa malfadada Torre de Babel. Saia dessa situação! As pessoas nesses livros nunca existiram”. Essa intolerância diante do que é complexo, do que é desviante, do que nunca existiram”. Essa intolerância diante do que é complexo, do que é desviante, do que é problemático ou contraditório perpassa a narrativa de Bradbury e corresponde a uma é problemático ou contraditório perpassa a narrativa de Bradbury e corresponde a uma antiga desconfiança em relação ao ficcional, ao poder desestabilizador da literatura e do antiga desconfiança em relação ao ficcional, ao poder desestabilizador da literatura e do imaginário. (Diga-se, entre parênteses, que Fahrenheit 451 poderia ilustrar perfeitamente imaginário. (Diga-se, entre parênteses, que Fahrenheit 451 poderia ilustrar perfeitamente a ideia do ‘’controle do imaginário’’ desenvolvida por um ensaísta como Luiz Costa a ideia do ‘’controle do imaginário’’ desenvolvida por um ensaísta como Luiz Costa Lima, que em diversas obras — Vida e mímesis, Limites da voz e Mímesis: desafio ao Lima, que em diversas obras — Vida e mímesis, Limites da voz e Mímesis: desafio ao  pensam

 pensamentento o — — descrevdescreve e o o processprocesso o pelo pelo qual qual a a literatura literatura foi foi constconstituituída, ída, enquenquantantoo discurso autônomo, como um espaço circunscrito e limitado do imaginário social e discurso autônomo, como um espaço circunscrito e limitado do imaginário social e individual, de modo a subordinar o ficcional — e sua criticidade implícita – aos individual, de modo a subordinar o ficcional — e sua criticidade implícita – aos

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discursos do

discursos domminaninantes da reltes da religião, da filosigião, da filosofia ou da ciência.)ofia ou da ciência.)

Beatty é a personagem mais fascinante de Fahrenheit 451. Como chefe dos bombeiros, Beatty é a personagem mais fascinante de Fahrenheit 451. Como chefe dos bombeiros, ele desempenha o papel de inquisidor-mor; ao mesmo tempo, conhece profundamente ele desempenha o papel de inquisidor-mor; ao mesmo tempo, conhece profundamente aquilo que quer esmagar, sendo capaz de citar Shakespeare de cabeça. Não seria aquilo que quer esmagar, sendo capaz de citar Shakespeare de cabeça. Não seria exagerado fazer um paralelo entre essa figura contraditória e o Grande Inquisidor de Os exagerado fazer um paralelo entre essa figura contraditória e o Grande Inquisidor de Os irmãos Karamazov. No romance de Dostoiévski, Cristo retorna à Terra e é preso pela irmãos Karamazov. No romance de Dostoiévski, Cristo retorna à Terra e é preso pela igrej

igreja ca católiatólica ca espaespanhnhola ola porqporque, segunue, segundo o do o Grande InquGrande Inquisiisidor, sua mensagem dor, sua mensagem dede liberdade seria insuportável para o homem. Da mesma maneira, o chefe dos bombeiros liberdade seria insuportável para o homem. Da mesma maneira, o chefe dos bombeiros  procura

 procura mmostrar ostrar ao ao hesitanhesitante te MonMontag que tag que os os livrlivros os são são “o “o camcaminhinho o da da mmelancolia”, elancolia”, dada incerteza. Os livros, enfim, são um convite à transcendência, ao desvario, à errância, ao incerteza. Os livros, enfim, são um convite à transcendência, ao desvario, à errância, ao desvio em relação ao destino bovino da humanidade conformada. “Sempre se teme o que desvio em relação ao destino bovino da humanidade conformada. “Sempre se teme o que não é familiar”, diz Beatty — e conclui: “Um livro é uma arma carregada na casa não é familiar”, diz Beatty — e conclui: “Um livro é uma arma carregada na casa vizinha”.

vizinha”.

E é justamente aí que surge o aspecto mais inquietante de Fahrenheit 451. Bradbury E é justamente aí que surge o aspecto mais inquietante de Fahrenheit 451. Bradbury não imaginou um país de analfabetos, mas diagnosticou um mundo em que a escrita foi não imaginou um país de analfabetos, mas diagnosticou um mundo em que a escrita foi reduzida a um papel meramente instrumental e no qual a literatura e a arte têm função reduzida a um papel meramente instrumental e no qual a literatura e a arte têm função “culinária”

“culinária” (segu(segundo a endo a expressão dxpressão de Adorne Adorno). As pero). As personagsonagens sabem ler, mas só ens sabem ler, mas só queremquerem ler a programação de suas televisões ou o manual técnico que lhes permitirá ter acesso a ler a programação de suas televisões ou o manual técnico que lhes permitirá ter acesso a um entretenimento que preenche seu vazio — como está magistralmente sintetizado por  um entretenimento que preenche seu vazio — como está magistralmente sintetizado por  essa

essa fala de fala de BeattBeatty:y:

“Todo homem capaz de desmontar um telão de tevê e montá-lo novamente, e a “Todo homem capaz de desmontar um telão de tevê e montá-lo novamente, e a maioria consegue, hoje em dia está mais feliz do que qualquer homem que tenta usar a maioria consegue, hoje em dia está mais feliz do que qualquer homem que tenta usar a régua de cálculo, medir e comparar o universo, que simplesmente não será medido ou régua de cálculo, medir e comparar o universo, que simplesmente não será medido ou comparado sem que o homem se sinta bestial e solitário. Eu sei porque já tentei. Para o comparado sem que o homem se sinta bestial e solitário. Eu sei porque já tentei. Para o inferno com isso! Portanto, que venham seus clubes e festas, seus acrobatas e mágicos, inferno com isso! Portanto, que venham seus clubes e festas, seus acrobatas e mágicos, seus heróis, car

seus heróis, carros ros a jaa jato, mto, motogotogiropliroplanos, seu sexo e heroína, tuanos, seu sexo e heroína, tudo o do o que tenque tenha a ver ha a ver comcom reflexo condicionado. Se a peça for ruim, se o filme não disser nada, estimulem-me com reflexo condicionado. Se a peça for ruim, se o filme não disser nada, estimulem-me com o teremim, com muito barulho. Pensarei que estou reagindo à peça, quando se trata o teremim, com muito barulho. Pensarei que estou reagindo à peça, quando se trata apenas de uma reação tátil à vibração. Mas não me importo. Tudo o que peço é um apenas de uma reação tátil à vibração. Mas não me importo. Tudo o que peço é um  passatem

 passatempo sólipo sólido”.do”.

É difícil avaliar o quanto essa descrição de um mundo assolado pela indústria do É difícil avaliar o quanto essa descrição de um mundo assolado pela indústria do entretenimento soava caricatural quando Bradbury publicou Fahrenheit 451. Atualmente, entretenimento soava caricatural quando Bradbury publicou Fahrenheit 451. Atualmente,  porém

 porém, , nennenhhum leium leitor tor do do romromance ance terá terá dificuldade dificuldade em em ver ver nesse nesse quadro quadro desoladdesolador or umum instantâneo de nossa realidade mais cotidiana. Os monitores de televisão, onipresentes instantâneo de nossa realidade mais cotidiana. Os monitores de televisão, onipresentes nesse livro, podem ter sido inspirados no Grande Irmão de Orwell; hoje, ironicamente, nesse livro, podem ter sido inspirados no Grande Irmão de Orwell; hoje, ironicamente, se parecem mais com os reality shows. Em Fahrenheit 451, não há um poder central que se parecem mais com os reality shows. Em Fahrenheit 451, não há um poder central que tudo vigia (como acontecia em 1984), mas um ressentimento geral que produz tudo vigia (como acontecia em 1984), mas um ressentimento geral que produz “bombeiros” — essa corporação de censores com mandato popular para representar “o “bombeiros” — essa corporação de censores com mandato popular para representar “o rebanh

rebanho impassível o impassível da mda maioriaioria”.a”.

Sob certo aspecto, portanto, Fahrenheit 451 não é uma distopia, mas um romance Sob certo aspecto, portanto, Fahrenheit 451 não é uma distopia, mas um romance realista, que flagra a dialética demoníaca da sociedade de massas, em que as massas realista, que flagra a dialética demoníaca da sociedade de massas, em que as massas

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 parecem

 parecem ser ser títeres títeres das das elites, elites, mmas as na na qual qual as as elites elites só só existem em fuexistem em função nção das das mmassasassas.. Como lembra Faber, em um diálogo com Montag, a sociedade do espetáculo é uma Como lembra Faber, em um diálogo com Montag, a sociedade do espetáculo é uma espécie de servidão voluntária:

espécie de servidão voluntária:

“Os bombeiros raramente são necessários. O próprio público deixou de ler por  “Os bombeiros raramente são necessários. O próprio público deixou de ler por  decisão própria. Vocês, bombeiros, de vez em quando garantem um circo no qual decisão própria. Vocês, bombeiros, de vez em quando garantem um circo no qual multidões se juntam para ver a bela chama de prédios incendiados, mas, na verdade, é multidões se juntam para ver a bela chama de prédios incendiados, mas, na verdade, é um espetáculo secundário, e dificilmente necessário para manter a ordem. São muito um espetáculo secundário, e dificilmente necessário para manter a ordem. São muito  poucos os qu

 poucos os que ainda que ainda querem ser rebeldeserem ser rebeldes”.”.

Ao final do romance, Montag se refugia em uma comunidade de homens que vivem à Ao final do romance, Montag se refugia em uma comunidade de homens que vivem à margem da sociedade e que, para escapar à ameaça dos juízes e dos censores, decoram margem da sociedade e que, para escapar à ameaça dos juízes e dos censores, decoram livros. Eles podem, assim, apagar os perigosos vestígios materiais de sua devoção, ao livros. Eles podem, assim, apagar os perigosos vestígios materiais de sua devoção, ao mesmo tempo que preservam a memória da escrita. Entretanto, esse pequeno gesto de mesmo tempo que preservam a memória da escrita. Entretanto, esse pequeno gesto de rebeldia estará sempre ameaçado pelo veredicto de Heine: “Onde se lançam livros às rebeldia estará sempre ameaçado pelo veredicto de Heine: “Onde se lançam livros às chamas, acaba-se por queimar também os homens”.

chamas, acaba-se por queimar também os homens”.

Manuel da Costa Pinto Manuel da Costa Pinto

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Primeira parte

Primeira parte

A

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Queimar era um prazer. Queimar era um prazer.

Era um prazer especial ver as coisas serem devoradas, ver as coisas serem Era um prazer especial ver as coisas serem devoradas, ver as coisas serem enegrecidas e alteradas. Empunhando o bocal de bronze, a grande víbora cuspindo seu enegrecidas e alteradas. Empunhando o bocal de bronze, a grande víbora cuspindo seu querosene peçonhento sobre o mundo, o sangue latejava em sua cabeça e suas mãos eram querosene peçonhento sobre o mundo, o sangue latejava em sua cabeça e suas mãos eram as de um prodigioso maestro regendo todas as sinfonias de chamas e labaredas para as de um prodigioso maestro regendo todas as sinfonias de chamas e labaredas para derrubar os farrapos e as ruínas carbonizadas da história. Na cabeça impassível, o derrubar os farrapos e as ruínas carbonizadas da história. Na cabeça impassível, o capacete simbólico com o número 451 e, nos olhos, a chama laranja antecipando o que capacete simbólico com o número 451 e, nos olhos, a chama laranja antecipando o que viria a seguir, ele acionou o acendedor e a casa saltou numa fogueira faminta que viria a seguir, ele acionou o acendedor e a casa saltou numa fogueira faminta que manchou de vermelho, amarelo e negro o céu do crepúsculo. A passos largos ele manchou de vermelho, amarelo e negro o céu do crepúsculo. A passos largos ele avançou em meio a um enxame de vaga-lumes. Como na velha brincadeira, o que ele avançou em meio a um enxame de vaga-lumes. Como na velha brincadeira, o que ele mais desejava era levar à fornalha um marshmallow na ponta de uma vareta, enquanto os mais desejava era levar à fornalha um marshmallow na ponta de uma vareta, enquanto os livros morriam num estertor de pombos na varanda e no gramado da casa. Enquanto os livros morriam num estertor de pombos na varanda e no gramado da casa. Enquanto os livros se consumiam em redemoinhos de fagulhas e se dissolviam no vento escurecido livros se consumiam em redemoinhos de fagulhas e se dissolviam no vento escurecido  pela fu

 pela fuligemligem..

Montag abriu o sorriso feroz de todos os homens chamuscados e repelidos pelas Montag abriu o sorriso feroz de todos os homens chamuscados e repelidos pelas chamas.

chamas.

Sabia que quando regressasse ao quartel dos bombeiros faria vista grossa a si mesmo Sabia que quando regressasse ao quartel dos bombeiros faria vista grossa a si mesmo no espelho, um menestrel de cara pintada com rolha queimada. Depois, ao ir para a no espelho, um menestrel de cara pintada com rolha queimada. Depois, ao ir para a cama, sentiria no escuro o sorriso inflamado ainda preso aos músculos da face. Nunca cama, sentiria no escuro o sorriso inflamado ainda preso aos músculos da face. Nunca desapar

desaparecia, aecia, aquele sorrquele sorriso, nuiso, nunca, até onnca, até onde consegude conseguia se ia se lemlembrar.brar.

Pendurou o capacete preto-besouro e o lustrou. Pendurou caprichosamente a jaqueta à Pendurou o capacete preto-besouro e o lustrou. Pendurou caprichosamente a jaqueta à  prova

 prova de de fogfogo; tomo; tomou umou uma a duchducha a voluptuvoluptuosa osa e, e, depois, depois, assobiassobiando, as ando, as mmãos ãos nos bolnos bolsos,sos, atravessou o piso superior do posto dos bombeiros e deixou-se cair pela abertura. No atravessou o piso superior do posto dos bombeiros e deixou-se cair pela abertura. No último instante, quando o impacto parecia fatal, tirou as mãos dos bolsos e interrompeu a último instante, quando o impacto parecia fatal, tirou as mãos dos bolsos e interrompeu a queda ag

queda agarrando o mastarrando o mastro dourado. Desliro dourado. Deslizou zou até a paraaté a parada sida sibilante, os calbilante, os calcanhcanhares ares a doisa dois centímetros do chão de concreto do andar de baixo.

centímetros do chão de concreto do andar de baixo.

Saiu do quartel e caminhou pela rua noturna até o metrô. O trem pneumático deslizou Saiu do quartel e caminhou pela rua noturna até o metrô. O trem pneumático deslizou silenciosamente por seu tubo lubrificado na terra e o lançou para fora com uma grande silenciosamente por seu tubo lubrificado na terra e o lançou para fora com uma grande luf

lufada de ada de ar mornar morno, na escada ro, na escada rolante de ladriolante de ladrilhos bege qulhos bege que subia pare subia para o subúrbio.a o subúrbio.

Assobiando, deixou que a escada rolante o deslizasse pelo ar sereno da noite. Assobiando, deixou que a escada rolante o deslizasse pelo ar sereno da noite. Caminhou rumo à esquina, sem pensar em nada de especial. Antes de chegar lá, porém, Caminhou rumo à esquina, sem pensar em nada de especial. Antes de chegar lá, porém, reduziu o passo como se tivesse sido surpreendido por nada, como se alguém tivesse reduziu o passo como se tivesse sido surpreendido por nada, como se alguém tivesse chamado seu nome.

chamado seu nome.  Nas últim

 Nas últimas noites exas noites experimenperimentara as sensações mais incertas ali tara as sensações mais incertas ali na calçada, ao dobrna calçada, ao dobrar ar  a esquina, andando à luz das estrelas a caminho de casa. Uma impressão de que, um a esquina, andando à luz das estrelas a caminho de casa. Uma impressão de que, um momento antes de fazer a volta, houvesse alguém ali. O ar parecia carregado de uma momento antes de fazer a volta, houvesse alguém ali. O ar parecia carregado de uma calma especial, como se alguém o esperasse, quieto e, um segundo antes de dobrar a calma especial, como se alguém o esperasse, quieto e, um segundo antes de dobrar a esquin

esquina, sia, simmplesmenplesmente se convertesse te se convertesse em somem sombra e bra e fosse por fosse por ele ele atravessado. atravessado. TTalvez seualvez seu nariz tivesse detectado um frágil perfume, talvez a pele do dorso de suas mãos, ou a de nariz tivesse detectado um frágil perfume, talvez a pele do dorso de suas mãos, ou a de seu rosto, se aquecesse nesse exato local em que uma pessoa parada poderia, por um seu rosto, se aquecesse nesse exato local em que uma pessoa parada poderia, por um

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instante, elevar em dez graus a temperatura circundante. Não havia como compreender  instante, elevar em dez graus a temperatura circundante. Não havia como compreender  aquilo. Cada vez que se virava para trás, via apenas a calçada branca e vazia, aquilo. Cada vez que se virava para trás, via apenas a calçada branca e vazia, estreitando-se. E numa dessas noites teve a impressão de ver algo que desapareceu estreitando-se. E numa dessas noites teve a impressão de ver algo que desapareceu rapida

rapidammentente do e do outoutro lro lado do ado do ggramramado, antes que ele ado, antes que ele pudesse focalizar opudesse focalizar os ols olhos ou dizer hos ou dizer  alguma coisa.

alguma coisa.

Mas agora, nesta noite, ele reduziu o passo quase até parar. Sua percepção íntima, Mas agora, nesta noite, ele reduziu o passo quase até parar. Sua percepção íntima, antecipando-se ao seu corpo na virada da esquina, ouvira o mais frágil sussurro. antecipando-se ao seu corpo na virada da esquina, ouvira o mais frágil sussurro. Respiração? Ou simplesmente a atmosfera estaria sendo comprimida por alguém, ali Respiração? Ou simplesmente a atmosfera estaria sendo comprimida por alguém, ali  parado, mu

 parado, muito quito quieto, à espera?ieto, à espera? Montag dobrou a esquina. Montag dobrou a esquina.

As folhas do outono voavam pela calçada enluarada e faziam com que a garota que ali As folhas do outono voavam pela calçada enluarada e faziam com que a garota que ali caminhava parecesse presa num piso deslizante, deixando que o movimento do vento e caminhava parecesse presa num piso deslizante, deixando que o movimento do vento e das folhas a impelisse para frente. Sua cabeça pendia para o chão a fim de observar os das folhas a impelisse para frente. Sua cabeça pendia para o chão a fim de observar os sapatos agitarem as folhas em volta. Seu rosto era esguio e branco como leite e havia sapatos agitarem as folhas em volta. Seu rosto era esguio e branco como leite e havia nele uma espécie de fome delicada que em tudo se detinha com infatigável curiosidade. nele uma espécie de fome delicada que em tudo se detinha com infatigável curiosidade. Era uma expressão quase de contida surpresa; os olhos escuros estavam tão fixos no Era uma expressão quase de contida surpresa; os olhos escuros estavam tão fixos no mundo que nenhum movimento lhes escapava. O vestido era branco e ciciava. Montag mundo que nenhum movimento lhes escapava. O vestido era branco e ciciava. Montag quase podia ouvir o movimento das mãos da garota ao caminhar e o som, agora quase podia ouvir o movimento das mãos da garota ao caminhar e o som, agora infinitamente frágil, da branca agitação de seu rosto quando se voltou, descobrindo que infinitamente frágil, da branca agitação de seu rosto quando se voltou, descobrindo que estava a um segundo de colidir com um homem parado no meio da calçada.

estava a um segundo de colidir com um homem parado no meio da calçada.

As copas das árvores farfalharam ruidosamente, soltando sua chuva seca. A garota As copas das árvores farfalharam ruidosamente, soltando sua chuva seca. A garota  parou e pareci

 parou e parecia prestes a a prestes a recuar, surecuar, surpresrpresa, mas, em a, mas, em vez disso, encarou Mvez disso, encarou Montontag com ag com olhosolhos tão negros, brilhantes e vivos que ele achou haver dito alguma coisa totalmente tão negros, brilhantes e vivos que ele achou haver dito alguma coisa totalmente admirável. Mas ele sabia que sua boca só se abrira para dizer olá; depois, quando ela admirável. Mas ele sabia que sua boca só se abrira para dizer olá; depois, quando ela  pareci

 parecia a hipnhipnotizada otizada pela pela salamansalamandra dra em seu em seu braço braço e e o o disco disco da da fênfênix ix em seu em seu peito, peito, eleele tornou a falar:

tornou a falar:  — Claro! V

 — Claro! Você é nossa nocê é nossa nova vizinhova vizinha, não é?a, não é?  —

 — E E você você deve deve ser ser — — ela ela afastou afastou os os olhos olhos daqueles daqueles símbolos símbolos profissionais profissionais — — oo  bom

 bombeiro. — A voz dela foi definbeiro. — A voz dela foi definhanhando.do.  — V

 — Você diz isso de um ocê diz isso de um jeito tão estranhjeito tão estranho.o.  — Eu

 — Eu… eu saberia dis… eu saberia disso de olhos fechso de olhos fechados — dissados — disse ela, devae ela, devaggar.ar.  —

 — Por Por quê?… O quê?… O cheiro cheiro de de querosene? Minhquerosene? Minha a mmulhulher er semsempre pre reclareclamma a — r— riu. — iu. — Por Por  mais que se lave, não sai totalmente.

mais que se lave, não sai totalmente.  — É, n

 — É, não sai — dião sai — disse elsse ela, tema, temerosa.erosa.

Montag teve a impressão de que ela andava num círculo ao redor dele, virando-o de Montag teve a impressão de que ela andava num círculo ao redor dele, virando-o de  pont

 ponta-cabeça-cabeça, a, agitagitando-o ando-o silsilenciosamenciosamentente e e e esvaziando esvaziando seus seus bolsos, bolsos, sem sem sequer sequer sese mover.

mover.

 — Querosene — diss

 — Querosene — disse ele ele, pore, porque o sique o silêncio se lêncio se prolongava — não passa prolongava — não passa de perde perfufummee  para m

 para mimim..  — Ach

 — Acha ma mesmesmo?o?  — Claro. Por que n  — Claro. Por que não?ão?

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Ela fez uma pausa, pensativa. Ela fez uma pausa, pensativa.  —

 — Não Não sei sei — — disse disse ela ela e e se se virou, virou, olhanolhando do a a calçadcalçada a que que levava levava às às casas casas ondeonde moravam. — Você se importa se eu voltar com você? Meu nome é Clarisse McClellan. moravam. — Você se importa se eu voltar com você? Meu nome é Clarisse McClellan.

 —

 — ClarisClarisse. se. GuGuy y MonMontagtag. . VVamamos. os. O O que que você você faz faz nna a rua rua assim assim tão tão tarde? tarde? QuQuantantosos anos você tem?

anos você tem? Cam

Caminhinharam pela noite naram pela noite na bria brisa mornsa morna e a e fresca que sopravfresca que soprava sobra sobre a ce a calçada alçada prateada,prateada, e havia no ar um levíssimo aroma de damascos e morangos frescos. Montag olhou em e havia no ar um levíssimo aroma de damascos e morangos frescos. Montag olhou em volta e

volta e percebeu que isspercebeu que isso era o era tottotalmenalmente imte impossívepossível àl àquela altura do ano.quela altura do ano.

Havia agora somente a garota caminhando com ele, o rosto claro como neve ao luar, e Havia agora somente a garota caminhando com ele, o rosto claro como neve ao luar, e Montag sabia que ela estava pensando nas perguntas que ele fizera, procurando as Montag sabia que ela estava pensando nas perguntas que ele fizera, procurando as m

melhores relhores respostas.espostas.  — Bem

 — Bem — diss— disse ela e ela —, ten—, tenho dezho dezessete anos e sessete anos e sou doida. Meu tou doida. Meu tio diio diz quz que essae essas duass duas coisas andam sempre juntas. Ele disse: quando as pessoas perguntarem sua idade, coisas andam sempre juntas. Ele disse: quando as pessoas perguntarem sua idade, sempre diga que tem dezessete anos e que é maluca. Não é uma ótima hora da noite para sempre diga que tem dezessete anos e que é maluca. Não é uma ótima hora da noite para caminhar? Gosto de sentir o cheiro das coisas e olhar para elas e, às vezes, fico andando caminhar? Gosto de sentir o cheiro das coisas e olhar para elas e, às vezes, fico andando a noite toda e vejo o sol nascer.

a noite toda e vejo o sol nascer. Tornaram

Tornaram a camina caminhar em har em silsilêncio e poêncio e por fim ela disr fim ela disse, pese, pennsativa:sativa:  — Sabe, não t

 — Sabe, não tenhenho mo medo de você.edo de você. Ele ficou surpreso.

Ele ficou surpreso.  — E por qu

 — E por que deverie deveria?a?  — Mu

 — Muita genita gente temte tem. Quer dizer, m. Quer dizer, medo de edo de bombombeirobeiros. Mas, afinal de s. Mas, afinal de contcontas, vocas, você é ê é sósó um homem...

um homem...

Ele se viu nos olhos dela, suspenso em duas gotas cintilantes de água límpida, uma Ele se viu nos olhos dela, suspenso em duas gotas cintilantes de água límpida, uma imagem escura e minúscula, em ínfimos detalhes, as linhas ao redor de sua boca, tudo, imagem escura e minúscula, em ínfimos detalhes, as linhas ao redor de sua boca, tudo, como se os olhos dela fossem dois pedaços miraculosos de âmbar violeta que pudessem como se os olhos dela fossem dois pedaços miraculosos de âmbar violeta que pudessem capturá-lo e mantê-lo intacto. O rosto de Clarisse, agora voltado para ele, era um frágil capturá-lo e mantê-lo intacto. O rosto de Clarisse, agora voltado para ele, era um frágil cristal leitoso dotado de uma luz suave e constante. Não era a luz histérica da cristal leitoso dotado de uma luz suave e constante. Não era a luz histérica da eletricidade, mas… o quê? A luz estranhamente aconchegante e rara e levemente eletricidade, mas… o quê? A luz estranhamente aconchegante e rara e levemente agradável de uma vela. Certa vez, quando criança, durante uma queda de energia, sua agradável de uma vela. Certa vez, quando criança, durante uma queda de energia, sua mãe havia encontrado e acendido uma última vela e houve um breve instante de mãe havia encontrado e acendido uma última vela e houve um breve instante de redescoberta, de uma iluminação tal que o espaço perdera suas vastas dimensões e se redescoberta, de uma iluminação tal que o espaço perdera suas vastas dimensões e se fechara aconchegante em torno deles, mãe e filho, a sós, transformados, torcendo para fechara aconchegante em torno deles, mãe e filho, a sós, transformados, torcendo para que a energ

que a energia não voltasse ia não voltasse tão cedo...tão cedo... E então Clarisse McClellan disse: E então Clarisse McClellan disse:  — Posso faz

 — Posso fazer umer uma pergua perguntnta? Há quana? Há quanto tto temempo você trabalha compo você trabalha como bomo bombeirobeiro??  — Desde os vint

 — Desde os vinte anos. Dez e anos. Dez anos atanos atrás.rás.  — V

 — Você nuocê nunca lê nnca lê nenhenhum um dos livdos livros que quros que queima?eima? Ele riu.

Ele riu.

 — Isso é con

 — Isso é contra a lei!tra a lei!  — Ah

 — Ah, é clar, é claro.o.  —

 — É É uum m trabalho trabalho ótimótimo. o. SeguSegunda-fnda-feira, eira, Millay; Millay; quartquarta-feira, Wha-feira, Whitmitman; an; sextsexta-feira,a-feira, Faulkner. Reduza os livros às cinzas e, depois, queime as cinzas. Este é o nosso slogan Faulkner. Reduza os livros às cinzas e, depois, queime as cinzas. Este é o nosso slogan

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oficial. oficial.

Caminharam ainda mais um pouco e a garota disse: Caminharam ainda mais um pouco e a garota disse:  —

 — É É verdade verdade que que antantigamigamentente e os os bombombeirobeiros s apagavam apagavam incênincêndios dios em em luglugar ar dede começá-los?

começá-los?  — Não. A

 — Não. As casas s casas semsempre foram pre foram à prova de fogo, pode acreditar no quà prova de fogo, pode acreditar no que eu dige eu digo.o.  — Estran

 — Estranho. Uho. Umma vez ma vez me dissee disseram ram que, mque, muituito temo tempo atrás, as caspo atrás, as casas pegavam as pegavam fogfogo por o por  acidente e as pessoas precisavam dos bombeiros para deter as chamas.

acidente e as pessoas precisavam dos bombeiros para deter as chamas. Ele riu.

Ele riu.

Clarisse olhou rapidamente para ele. Clarisse olhou rapidamente para ele.  — Por que está rin

 — Por que está rindo?do?  — Não sei. — Ele com

 — Não sei. — Ele começou a rir de novo e parou. — eçou a rir de novo e parou. — Por quê?Por quê?  —

 — VVocê ocê ri ri quanquando do não não digo digo nada nada de de engengraçado raçado e e responde responde na na mmesmesma a hora. hora. NuNuncanca  para par

 para para pensar na pensar no que eu o que eu digo.digo. Montag se deteve.

Montag se deteve.  — V

 — Você é esquisita mocê é esquisita mesmesmo — disse, olo — disse, olhanhando para eldo para ela. — Não respeita nina. — Não respeita ninguguémém??  — Não preten

 — Não pretendo ser grosseido ser grosseira. É que eu ra. É que eu adoro obseradoro observar as pesvar as pessoas. Acho qusoas. Acho que é issoe é isso..  — Bem, isto

 — Bem, isto aqui não saqui não signignifica ifica nnada ada para para você? você? — d— disse isse ele, ele, batenbatendo do com a mão nocom a mão no número 451 bordado na manga cor de carvão.

número 451 bordado na manga cor de carvão.  — Sim — su

 — Sim — sussurrou ela e apessurrou ela e apertou o passo. — Já prtou o passo. — Já parou para obsearou para observar rvar os caros carros a ros a jatojato correndo pelas avenidas naquela direção?

correndo pelas avenidas naquela direção?  — V

 — Você está mocê está mudanudando de assundo de assunto!to!  — Às vezes acho qu

 — Às vezes acho que os mote os motoristas não sabem o quoristas não sabem o que é grame é grama, ou fa, ou floreslores, porque n, porque nununcaca  param

 param para para observáobservá-las -las — — disse disse ela. ela. — — Se Se a a ggentente e mmostrar ostrar umuma a mmanchancha a verde verde a a umum motorista, ele dirá: Ah sim! Isso é grama! Uma mancha cor-de-rosa? É um roseiral! motorista, ele dirá: Ah sim! Isso é grama! Uma mancha cor-de-rosa? É um roseiral! Manchas brancas são casas. Manchas marrons são vacas. Certa vez, titio ia devagar por  Manchas brancas são casas. Manchas marrons são vacas. Certa vez, titio ia devagar por  uma rodovia. Ele estava a sessenta por hora e o prenderam por dois dias. Isso não é uma rodovia. Ele estava a sessenta por hora e o prenderam por dois dias. Isso não é engraçado? E triste, também?

engraçado? E triste, também?  — V

 — Você pensa democê pensa demais — disais — disse Monse Montagtag, incom, incomodado.odado.  —

 — Eu Eu raramenraramente te assiassisto sto aos aos “telões”, “telões”, nem vou nem vou a a corricorridas das ou ou parques parques de de diversdiversão.ão. Acho que é por isso que tenho tempo de sobra para ideias malucas. Já viu os cartazes de Acho que é por isso que tenho tempo de sobra para ideias malucas. Já viu os cartazes de sessenta metros no campo, fora da cidade? Sabia que antigamente os outdoors tinham sessenta metros no campo, fora da cidade? Sabia que antigamente os outdoors tinham apenas seis

apenas seis mmetros de coetros de commprimenprimento? Mas os carto? Mas os carros coros commeçaram a passar eçaram a passar tão depressa tão depressa por por  eles que tiveram de espichar os anúncios para que pudessem ser lidos.

eles que tiveram de espichar os anúncios para que pudessem ser lidos.  — Eu

 — Eu não sabia dissonão sabia disso! — riu ! — riu MonMontag tag abruptabruptamamentente.e.  —

 — Aposto Aposto que que sei sei de de mmais ais umuma a coisa coisa que que você você nnão ão sabe. sabe. De De mmanhanhã, ã, a a gramgrama a ficafica coberta de orvalho.

coberta de orvalho.

Subitamente, ele não conseguiu se lembrar se sabia disso ou não, e ficou muito Subitamente, ele não conseguiu se lembrar se sabia disso ou não, e ficou muito irritado.

irritado.  —

 — E E se se você você olhar olhar bem bem — — disse disse ela ela nunum am aceno ceno de de cabeça cabeça para para o o céu céu —, —, tem umtem um homem lá na Lua.

homem lá na Lua.

Fazia muito tempo que ele não olhava para o céu. Fazia muito tempo que ele não olhava para o céu.

Referências

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