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Rev. Assoc. Med. Bras. vol.51 número4

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Academic year: 2018

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Rev Assoc Med Bras 2005; 51(4): 181-94

181

R

EV

ALIDAÇÃO

BASEAD

A

EM

EVIDÊNCIAS

E

CENTRADA

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ACIENTE

E

ditorial

Ao re fle tirmo s so bre o pape l da re validação mé dica, te mo s ante s de le mbrar que , o pro fissio nalismo mé dico , as e xpe cta-tivas do s pacientes e o declínio do co nhecimento médico são e le me nto s ce ntrais ne ste pro ce sso .

O mé dico é pe sso alme nte re spo nsáve l po r sua pró pria capacidade de pro ve r bo ns cuidado s, faze ndo parte da re s-po nsabilidade co le tiva co m se us co le gas. O pro fissio nalismo traduz e sta re spo nsabilidade de trê s mane iras principais: o máximo de experiência e conhecimento técnico; princípios e valo re s é tico s (ho ne stidade , re spe ito e co nfiabilidade ); e no çõ e s so bre ate nção e se rvir.

A re validação é a e xpre ssão e sse ncial do pro fissio nalismo e uma de mo nstração de re spo nsabilidade para co m o pacie nte e o público, à medida que naturalmente faz o médico refletir so bre e sse s co mpo ne nte s da bo a prática.

Mas, é po ssíve l se criar uma cultura de pro fissio nalismo na medicina em harmonia com as expectativas dos pacientes? N o sé culo 20, a pro fissão fo i pro gre ssivame nte impactada com o desenvolvimento da ciência médica e da tecnologia, e m bo ra se m ante ndo pro fundam e nte co nse rvado ra e m relação à atitude e ao relacionamento humano, sobre os quais o s pacie nte s se pre o cupam grande me nte . O s pacie nte s que re m e star se guro s de que se us mé dico s são e xpe rie nte s, co mpe te nte s, re spe ito so s e ho ne sto s, e e spe ra que haja um siste ma de re gulação que garanta isso .

N o e ntanto , ape sar da o brigação mé dica e das e xpe c-tativas do s pacie nte s, o de se mpe nho do mé dico declina com o te mpo . D ive rso s e studo s mo stram que o s mé dico s falham na prática, de acordo com a melhor evidência, e continuam a pro ve r cuidado s inade quado s. Muito s e studo s re ve lam um decréscimo progressivo no nível do conhecimento, após mais de dez anos de prática médica.

Profissionalismo, expectativa dos pacientes e declínio do desempenho dos médicos juntos convergem para fazer a revalidação necessária. Entretanto, particularmente a satisfação dessa necessidade pode estar limitada por questões de regulação médica, de governança clínica e de natureza metodológica.

Po de se r difícil pe rsuadir alguns mé dico s de que a idé ia de libe rdade clínica to tal é inco m patíve l co m a prática base ada e m e vidê ncias. É de se e nte nde r que o co nhe cime nto e as habilidade s e spe cializadas, que fo rm am a base da pro fissão , faze m co m que o pro fissio nal não e ste ja dispo sto a se r re gulado . N e sse se ntido , a re gulação pe la pró pria classe médica é a melhor opção.

A pro fissão te m dificuldade para se e ngajar co mo ciê ncia emergente direcionada à melhoria da qualidade da atenção à saúde, mas hoje temos uma chance única na condução de sse pro ce sso . D e fato , a indife re nça e a de te rminação de resistir a no vo s caminho s, presentes em muitas insti-tuiçõ e s, procuram diminuir o impacto de algumas iniciativas pro fissio nais pro e mine nte s.

As e ntidade s mé dicas – AMB e C FM – funcio nam co mo braço armado da pro fissão , assumindo a re spo nsabilidade de de se nvo lve r o pro fissio nalismo de alta qualidade , to rnando transpare nte o padrão de bo a prática. É um passo radical que demo nstra o co mpro misso sério co m a medicina centrada no pacie nte .

N ão podemos ignorar o crescente envolvimento dos governantes, pagadores e pacientes na regulação da atividade médica. A profissão médica deve resistir à tentação de se desviar da pressão para reformas. O s médicos devem tomar o controle da situação, através de suas instituições repre-sentativas, movendo-se na direção de um forte programa de revalidação. Médicos e pacientes não têm alternativa melhor. A revalidação deve co ntribuir diretamente para o desen-volvimento de sistemas nacionais de melhoria e garantia de qualidade nas e quipe s mé dicas e instituiçõ e s nas quais o s médicos trabalham. Muitos times estão se esforçando com as que stõ e s co nce ituais e práticas, e pre cisam de ajuda. É de re spo nsabilidade das instituiçõ e s que de te rminam o s padrõ e s pro fissio nais e do s pro ve do re s de saúde faze r co m que a governança clínica funcione de maneira apropriada.

A bo a prática médica tem se beneficiado do treinamento médico, sendo através da educação médica continuada que as mudanças culturais re ais se rão alcançadas. As e vidê ncias tê m aume ntado no se ntido de que a prática base ada no apre ndizado aume nta a qualidade do cuidado e m saúde e a sua inclusão é e spe cialme nte impo rtante , dado o de clínio do desempenho médico co m o tempo .

O de se mpe nho mé dico me lho ra quando o apre ndizado inco rpo ra te ste s de co nhe cime nto e avaliação das ne ce s-sidade s da prática mé dica. Esse s te ste s apre se ntam e xce le nte o po rtunidade ao mé dico de ace ssar o se u co nhe cime nto fre nte a fato s e princípio s que co mpõ e m as de cisõ e s clínicas. Re afirm ando o co m pro m isso co m o pro fissio nalism o m é dico , a Re vista da Asso ciação Mé dica Brasile ira, e m associação com o Projeto D iretrizes, dá início a uma nova se ção : “Re validação base ada e m e vidê ncias e ce ntrada no pacie nte ”. Esta no va se ção te m co mo o bje tivo principal traze r ao leitor, especialista ou generalista, casos clínicos da prática diária, para que se jam discutido s à luz das re co me ndaçõ e s do Pro je to D ire trize s da AMB e do C FM.

Faz parte do pro je to , e m te mpo o po rtuno , dispo nibilizar e sta se ção o n-line , para que o le ito r po ssa participar atravé s de suas re spo stas de pro ce sso e ducativo co ntinuado , que po de rá vale r cré dito s no pro ce sso de re validação .

Espe ramo s que ce nário s de dúvidas e m de cisão clínica, discutido s fre nte às re co me ndaçõ e s do Pro je to D ire trize s, po ssam co ntribuir para a disse minação do co nhe cime nto baseado em evidências e centrado no paciente, e em especial, para a atualização e auto-avaliação do médico.

Referências

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