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A implementação da política pública de assistência estudantil no Instituto Federal Farroupilha nos campi da região Noroeste do Rio Grande do Sul

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO SOCIAL

GABRIELA PERUSATTO LLANO

A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA NOS CAMPI DA REGIÃO NOROESTE

DO RIO GRANDE DO SUL

IJUÍ - RS 2020

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GABRIELA PERUSATTO LLANO

A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA NOS CAMPI DA REGIÃO NOROESTE

DO RIO GRANDE DO SUL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Regional, na linha de pesquisa Políticas Públicas e Gestão Social, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Orientador: Prof. Dr. Nelson José Thesing

IJUÍ – RS 2020

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L791i

Llano, Gabriela Perusatto

A implementação da política pública de assistência estudantil no Instituto Federal Farroupilha nos campi da região Noroeste do Rio Grande do Sul / Gabriela Perusatto Llano. – Ijuí, 2020.

136 f. ; il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento Regional.

“Orientador: Prof. Dr. Nelson José Thesing.”. “Co-orientador: Prof. Dr. Clécio Falcão Araújo”.

1. Políticas Públicas. 2. Assistência Estudantil. 3. Direito Social. I. Thesing, Nelson José. II. Título.

CDU: 340.12

Catalogação na Publicação

Ginamara de Oliveira Lima CRB10/1204

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

“A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA PÚBLICA DE ASSISTÊNCIA

ESTUDANTIL NO INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA NOS CAMPI DA

REGIÃO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL”

elaborada por

GABRIELA PERUSATTO LLANO

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento Regional

Banca Examinadora:

Dr. Nelson José Thesing – (PPGDR/UNIJUÍ) ___________________________________ Dr. Dilson Trennepohl – (PPGDR/UNIJUÍ) ___________________________________ Dr. Marcos Paulo Dhein Griebeler – (PPGDR/FACCAT) ___________________________________

Par%cipou da banca por videoconferência.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, em especial ao meu esposo Eduardo e meu filho Eduardo Valentin.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, que me fortalece e protege, obrigada pelas bênçãos em minha vida!

Ao Eduardo, companheiro de todas as horas, e ao meu filho Eduardo Valentin, pela força, carinho e amor dedicados a mim, vocês foram nesse período de estudo, e são todos os dias, a minha alegria, fonte de energia e inspiração para seguir em frente.

À minha família (mãe, pai, irmãos, sogra, sogro, cunhadas e cunhado) pelo suporte emocional e operacional durante todo o período do curso; obrigada pelo amor e cuidados dispensados ao nosso pequeno “Tintin” nos momentos que necessitei me ausentar para elaboração deste trabalho.

Ao meu orientador Prof. Dr. Nelson José Thesing, pela disponibilidade e atenção com que me recebeu, pela paciência, compreensão e cuidadosa orientação. Sou grata por entender minhas angústias e me ajudar a conquistar esse sonho!

Aos demais professores do PPGDR, pelo convívio e aprendizado durante o curso. Aos professores membros da banca, pela disponibilidade e pelas valiosas contribuições para a qualificação deste trabalho.

À reitoria do IFFar por permitir e colaborar para a realização desta pesquisa na instituição, bem como em relação à oportunidade de qualificação desta servidora.

Aos Gestores dos campi do IFFar da região Noroeste e aos discentes beneficiários da Política de Assistência Estudantil que aceitaram participar desta pesquisa. A percepção de vocês foi fundamental e dá sentido ao trabalho.

Enfim, agradeço a todos os amigos, familiares e colegas que me ajudaram de alguma forma.

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RESUMO

O Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) foi criado para democratizar o acesso e a permanência dos estudantes no ambiente escolar, com vários auxílios para suprir as necessidades básicas dos alunos. Entre elas, incentivos de cunho pedagógico e social para que os mesmos tenham êxito no percurso educacional. Esse processo apresenta um importante campo de pesquisa, para verificar a implementação da Política de Assistência Estudantil no Instituto Federal Farroupilha (IFFar) nos campi localizados na região Noroeste do Rio Grande do Sul (RS) sob o olhar dos gestores e estudantes para verificar a permanência dos estudantes, bem como, a consolidação dos Campi. Para responder aos desafios propostos busca-se explicitar os fundamentos da Política de Assistência Estudantil, seu histórico no Brasil, como direito social ou como um movimento assistencialista. Significa, verificar se as ações de Assistência Estudantil estão sendo implementadas nos Campi de Santo Augusto, Santo Ângelo, Santa Rosa, Panambi e Frederico Westphalen. Ou seja, investigar a efetividade da Política Pública de Assistência Estudantil sob a ótica dos gestores e estudantes, tendo como caminho metodológico os pressupostos da Hermenêutica em Profundidade (HP), entrevistas e questionários semiestruturados, para atender a investigação científica. Obteve-se como resultado da pesquisa, a confirmação de que a Política de Assistência Estudantil é fundamental para a permanência dos estudantes nas instituições de ensino e para a consolidação dos campi. Os participantes da pesquisa compreendem a Política de Assistência como sendo um Direito Social e não como um movimento assistencialista. Pode-se afirmar, a efetividade da Política de Assistência, no entanto, existem ações a serem qualificadas, no campo burocrático, muita morosidade, a necessidade de maiores investimentos financeiros no Programa de Assistência Estudantil (PAE), escassez de recursos humanos na Coordenação de Assistência Estudantil (CAE) em alguns campi, o que reflete na prestação dos serviços, seleção e pagamentos dos auxílios; necessidade de ações a serem implementadas para melhorar os índices de evasão, o acompanhamento de egressos. Esses desafios podem ser resolvidos em nível institucional e não somente na CAE dos campi. O desempenho da PAE, responde pela política de acesso, permanência e êxito dos estudantes, ao proporcionar suporte social e financeiro, ao contribuir com a melhoria na qualidade de vida dos estudantes, promovendo a inclusão social pelo processo educacional.

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ABSTRACT

The National Student Assistance Program (PNAES) was created to democratize the access and permanence of students in the school environment, with various aids to meet the basic needs of students. Among them, pedagogical and social incentives for them to succeed in their educational journey. This process presents an important field of research to verify the implementation of the Student Assistance Policy in the Farroupilha Federal Institute (IFFar) in the campuses located in the Northwest region of Rio Grande do Sul (RS) under the eyes of managers and students to verify the permanence of students, as well as the consolidation of the Campi. In order to respond to the proposed challenges, we seek to explain the foundations of the Student Assistance Policy, its history in Brazil, as a social right or as an assistance movement. It means, to verify if the actions of Student Assistance are being implemented in the Campi of Santo Augusto, Santo Ângelo, Santa Rosa, Panambi and Frederico Westphalen. That is, to investigate the effectiveness of the Public Policy of Student Assistance from the point of view of managers and students, having as methodological path the assumptions of Hermeneutics in Depth (HP), interviews and semi-structured questionnaires, to meet scientific research. As a result of the research, it was obtained the confirmation that the Student Assistance Policy is fundamental for the permanence of the students in the educational institutions and for the consolidation of the campuses. The participants in the research understand the Policy of Assistance as a Social Law and not as an assistance movement. One can affirm, however, that the effectiveness of the Assistance Policy is very slow in the bureaucratic field, the need for greater financial investment in the Student Assistance Policy (PAE), the shortage of human resources in the Student Assistance Coordination (CAE) in some campuses, which reflects in the provision of services, selection and payment of aid; the need for actions to be implemented to improve the rates of evasion, the monitoring of progress. These challenges can be solved at the institutional level and not only at the campuses' CAE. The PAE's performance responds to the policy of access, permanence and success of students, by providing social and financial support, contributing to the improvement in the quality of life of students, promoting social inclusion through the educational process.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Benefícios previstos no Programa Nacional de Assistência Estudantil

PNAES...36

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Linha do tempo dos principais acontecimentos para a institucionalização da

Assistência Estudantil no Brasil...29

Quadro 2 – Contextualização Geral da Hermenêutica em

Profundidade ...51

Quadro 3 - Ações e serviços ofertados pela CAE dos campi da região noroeste no período de

2016 a

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Idade dos estudantes beneficiários da

PAE...57

Gráfico 2 - Sexo dos estudantes beneficiários da

PAE...58

Gráfico 3 - Modalidade do curso dos estudantes beneficiários da PAE...59

Gráfico 4 - Forma de ingresso dos estudantes beneficiários da PAE...60

Gráfico 5 - Município de residência dos estudantes beneficiários da PAE...61

Gráfico 6 - Renda das famílias dos estudantes beneficiários da PAE...62

Gráfico 7 - Tipo de auxílio que o estudante é

beneficiário...72

Gráfico 8 - Outros serviços da AE que os estudantes foram atendidos...73

Gráfico 9 - Auxílios ofertados pelo PNAES que os estudantes beneficiários consideram mais importantes...73 Gráfico 10 - Serviços ofertados pela Assistência Estudantil que os estudantes beneficiários

consideram mais

importantes...74

Gráfico 11 - Porcentagem de estudantes beneficiários que utilizam o serviço de alimentação ofertado pelo IFFar...76 Gráfico 12 - A importância do serviço de alimentação para os estudantes...77

Gráfico 13 - A importância da oferta de moradia estudantil para os estudantes...77

Gráfico 14 - Meios de divulgação que os estudantes obtiveram informação sobre os editais de auxílios e demais serviços da AE...79

Gráfico 15 - Satisfação dos estudantes quanto a divulgação dos editais dos auxílios

estudantis...80 Gráfico 16 - opinião do estudante em relação ao processo de seleção dos auxílios

estudantis...80 Gráfico 17 - Opinião do estudante beneficiário sobre o preenchimento do questionário

(12)

socioeconômico manualmente, se gera morosidade no processo de seleção...81 Gráfico 18 - Opinião dos estudantes beneficiários, se a PAE contribui para a promoção da

inclusão social pela educação...91 Gráfico 19 - Como o estudante beneficiário vê a PAE, como um Direito Social ou como um

Movimento Assistencialista?...105 Gráfico 20 - Opinião dos estudantes beneficiários sobre a importância da PAE para a

consolidação do campus onde estudam e dos demais localizados na região Noroeste do RS...107

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AE Assistência Estudantil

ANDIFES Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

CAE Coordenação de Assistência Estudantil CAI Coordenação de Ações Inclusivas

CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica

CF Constituição Federal

CPA Comissão Permanente de Avaliação DAE Departamento de Assistência ao Estudante EPCT Educação Profissional, Científica e Tecnológica

FONAPRACE Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis HP

IBGE

Hermenêutica em Profundidade

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IES Instituições de Ensino Superior

IFs Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

IFFar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha IFES Instituições Federais de Ensino Superior

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

PAE Política de Assistência Estudantil

PNAES Programa Nacional de Assistência Estudantil PNE Plano Nacional de Educação

PROEJA Programa Nacional de Integração com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos

PROUNI Programa Universidade para Todos

REUNI Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

RS Rio Grande do Sul

RU Restaurante Universitário

SIGAA Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas SISU Sistema de Seleção Unificada

TAE Técnico Administrativo em Educação UFSM Universidade Federal de Santa Maria UNE União Nacional dos Estudantes

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...13

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA...13

1.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO...16

2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA...23

2.1 POLITICAS PÚBLICAS...23

2.2 POLÍTICA SOCIAL NA EDUCAÇÃO...26

2.3 PERCURSO HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO BRASIL COMO DIREITO SOCIAL OU COMO UM MOVIMENTO ASSISTÊNCIALISTA...28

2.4 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NOS INSTITUTOS FEDERAIS A PARTIR DA APROVAÇÃO DO PNAES...33

2.5 O INSTITUTO FEDERAL FARROUPILHA E A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL...36

2.6 OS CAMPI DO IFFAR E O CONTEXTO SOCIOECONÔMICO NA MESORREGIÃO NOROESTE RIO-GRANDENSE...43

2.6.1 O Campus Santa Rosa...43

2.6.2 O Campus Santo Ângelo...44

2.6.3 O Campus Santo Augusto...45

2.6.4 O Campus Panambi...46

2.6.5 O Campus Frederico Westphalen...47

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS...50

3.1 ABORDAGEM DA HERMENÊUTICA EM PROFUNDIDADE...50

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...52

3.3 ASPECTOS ÉTICOS – DE ACORDO COM A RESOLUÇÃO 510/2016...53

4 SISTEMATIZAÇÃO DOS RESULTADOS: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO....56

4.1 AÇÕES E SERVIÇOS OFERTADOS PELA PAE/PNAES NOS CINCO CAMPI DO IFFAR DA REGIÃO NOROESTE DO RS NO PERIODO DE 2016 a 2018...56

4.2 PERFIL DOS ESTUDANTES BENEFICIÁRIOS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NOS CAMPI DA REGIÃO NOROESTE DO RS...57

4.3 CATEGORIA 1 - A IMPLEMENTAÇÃO DA PAE E DAS AÇÕES PREVISTAS NO PNAES NOS CAMPI DO IFFAR DA REGIÃO NOROESTE DO RS...64

4.3.1 A Implementação Sob a Ótica dos Gestores...64

(16)

4.3 CATEGORIA 2 - A EFETIVIDADE DA PAE NOS CAMPI DO IFFAR DA REGIÃO

NOROESTE DO RS...84

4.3.1 A Efetividade Sob a Ótica dos Gestores...84

4.3.2 A efetividade sob a ótica dos Estudantes...90

4.4 CATEGORIA 3 – O PAPEL DESEMPENHADO PELA PAE NOS CAMPI DO IFFAR DA REGIÃO NOROESTE DO RS...99

4.4.1 O papel desempenhado sob a Ótica dos Gestores...99

4.4.2 O Papel Desempenhado sob a Ótica dos Estudantes...105

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...113

REFERÊNCIAS...116

Apêndice 1 - Modelo do Termo de Consentimento Livre e esclarecido assinado pelos gestores e estudantes maiores...121

Apêndice 2 - Modelo do Termo de Consentimento Livre e esclarecido assinado pelos pais dos alunos menores de idade...123

Apêndice 3 - Modelo do Termo de Assentimento assinado pelos alunos menores de idade..125

Apêndice 4 - Questões norteadoras da entrevista com Gestores dos campi do IFFar localizados na região noroeste do RS...126

Apêndice 5 - Questionário semiestruturado aplicado aos estudantes beneficiários da PAE no IFFar campus Santo Augusto...127

Anexo 1 - Cópia autorização do IFFar para realização da pesquisa...134

(17)

1 INTRODUÇÃO

A seção apresenta o tema, a contextualização do estudo, na qual se evidenciam a delimitação do lócus, a definição do problema de pesquisa, os objetivos e a sua justificativa. Ainda, está presente a pertinência da investigação, por ser uma temática pouco explorada, especialmente, na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

.A seção 2 apresenta os caminhos metodológicos do trabalho, quais sejam: a abordagem da Hermenêutica em Profundidade (HP) os procedimentos utilizados na pesquisa. Já a seção 3 compõe o referencial teórico, a contextualização das Políticas Públicas, Política Pública Social na Educação, o Percurso Histórico da Assistência Estudantil no Brasil, onde a Assistência Estudantil (AE) é vista como direito social ou como um movimento assistencialista. Apresenta a Política de Assistência Estudantil nos Institutos Federais, após a aprovação do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) a Assistência Estudantil no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFar) nos campi localizados na região Noroeste do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (RS).

... A seção 4 apresenta e discute os resultados da pesquisa, o perfil dos estudantes beneficiários da Política de Assistência Estudantil (PAE) e a reflexão da implementação das ações previstas no PNAES nos campi da região Noroeste do RS. Ainda, trabalha a efetividade das ações sob a óptica dos gestores e estudantes, bem como a sua importância para a consolidação dos campi, a permanênia dos estudantes e o papel desempenhado pela PAE nos campi. A seção 5 apresenta as considerações do trabalho. Por fim, as referências, apêndices e anexos.

1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O trabalho busca verificar a implementação das ações de assistência estudantil, nos Campi do Instituto Federal Farroupilha, localizados na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, sob o olhar dos gestores e estudantes, tendo como ponto de partida a década de 90, início dos anos 2000, quando ocorre uma reestruturação do sistema de ensino superior brasileiro, que se torna mais abrangente, tendo como referência a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), aprovada em 1996 e o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001. Esse processo significa o rompimento com a lógica da escassez de investimentos, que acarretou dentre outras consequências, o sucateamento das estruturas físicas e a não reposição de servidores

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inativos. Portanto, a educação superior, a partir dos anos 2000, começa a retomar espaço no contexto de planejamento e investimento pelo Estado, tanto na esfera pública, quanto privada, a fim de que, enquanto política pública configure oportunidade de acesso e possa conquistar melhores condições de vida para boa parte da população.

Assim, a área da educação, conquista seu espaço, nos anos 2000, mesmo estando constitucionalmente desde 1988, como um direito. Essa afirmação começa a ganhar destaque e entrar no cenário do planejamento e investimentos do país com a aprovação do PNE 2001 e, posteriormente, do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) de 2007, pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC). Documentos que apontam necessidades da elevação dos níveis gerais de escolaridade, de melhoria na qualidade do ensino ofertado, da necessidade de inclusão social, com redução das desigualdades sociais e assim promover o desenvolvimento econômico e social local/regional a partir do processo educativo (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2007).

A nova realidade educacional oportuniza em 2008 com a criação dos Institutos Federais (Lei nº 11.892), como um processo de reestruturação da educação profissional, a partir da transformação das Escolas Técnicas Federais e dos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (CEFETs) em novas instituições de educação profissional, mantendo a responsabilidade de oferta dos cursos técnicos de nível médio e ampliando sua abrangência geográfica para todos os estados.

Significa que os Institutos Federais, como autarquias especiais de base educacional, trilham o caminho do humanístico-técnico-científica, na qual se articulam a educação superior, básica e profissional, no formato multicurricular e multicampi dotadas de autonomia administrativa, patrimonial, financeira, didático-científica e disciplinar (MEC, 2010a). Esse processo passa a ofertar o ensino técnico (50% em sua oferta) e da licenciatura (20% de sua oferta), além da atuação nos cursos de qualificação profissional, tecnologia, pós-graduação e na pesquisa e na extensão.

Ainda, o Decreto 5.480/2006, instituiu o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), que estabeleceu a obrigatoriedade de que as vagas em cursos do PROEJA nos Institutos correspondam, a cada ano, a 10% do número total de matrículas do ano anterior. Em 2010, os Institutos Federais foram incluídos no Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), criado pelo governo federal para atender ao público das Universidades Federais. Além da inclusão no PNAES, os Institutos, assim como as demais instituições que integram a Rede Federal de Educação Profissional, Científicos e Tecnológicos, tiveram um

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aumento significativo do aporte de recursos, na rubrica de assistência estudantil, a partir de 2011, induzindo o processo de elaboração e aprovação da política de assistência estudantil nessas instituições, objeto de estudo dessa Dissertação.

Ao longo das décadas de 1990 e 2000, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE) órgão assessor da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES) - realizou pesquisas junto aos estudantes das instituições de ensino superior, com o objetivo de traçar o perfil do estudante e identificar as demandas por políticas de inclusão social.

Assim, os estudos dos Dirigentes, serviram de base para sustentar a necessidade de construção de uma política de assistência estudantil e responder dessa forma ao que já haviam sido propostos para as Instituições de Ensino Superior, frente a permanência do estudante na instituição. As pesquisas do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE) mostram um aumento significativo de estudantes das classes C, D e E nos Institutos, nas últimas décadas, motivado, sobretudo, pelas políticas de ações afirmativas e pela expansão das universidades federais.

Essa realidade pressionou o aumento da demanda por políticas sociais específicas, que pudessem dar garantia de continuidade nos cursos dos estudantes mais carentes (FONAPRACE, 2007). Atendendo às demandas colocadas pelos representantes das Instituições de Ensino Superior, dos movimentos estudantis, alinhado com a política de ampliação do atendimento das universidades federais aos estudantes de mais baixa renda foi lançado, em 2010, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) por meio do Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010, tendo como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal (BRASIL, 2010).

Nota-se que o PNAES foi instituído por uma demanda muito mais significativa por parte das universidades federais do que pelos institutos, o que explica sua dedicação em contemplar os estudantes da graduação. Apesar de os institutos terem sido colocados praticamente à margem da política do PNAES, a relevância social da assistência estudantil e o aporte de recursos para a sua condução induzem a sua capilaridade em todas as instituições federais de ensino.

Assim, destaca-se, o Decreto nº 7.234/2010, o parágrafo único do art. 4º, que se considera o ponto principal trazido por esta norma: as ações de assistência estudantil devem considerar a necessidade de viabilizar a igualdade de oportunidades, contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico e agir, preventivamente, nas situações de retenção e evasão decorrentes da insuficiência de condições financeiras (BRASIL, 2010).

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Mesmo observando que o Decreto nº 7.234/2010 volta-se para o atendimento do estudante da graduação, deixando dúvida sobre sua utilidade para os estudantes dos cursos técnicos dos Institutos, que são seu público majoritário, a instituição do PNAES trouxe, como consequência, a indução, para a grande maioria dos Institutos, do movimento de elaboração da sua política de assistência estudantil.

Cabe ressaltar, que a necessidade de investir na “ampliação de políticas de inclusão e assistência estudantil” está prevista no artigo 2º, inciso V do Decreto nº 6.096/2007 e pela Portaria nº 39, de 12 de dezembro de 2007, que institui o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) (BRASIL, 2007b).

Esta portaria fundamentou a oportunidade de sua materialização a partir da publicação do Decreto 7.234 de 19 de julho de 2010 que, resumidamente, visa garantir que o aluno ingressante venha de fato a concluir o ensino superior, preferencialmente, no tempo mínimo, a fim de cumprir seu compromisso social e otimizar os investimentos públicos no setor (BRASIL, 2010).

O PNAES estabelece um rol de ações relevantes, que podem ser ampliadas pelas instituições de acordo com suas especificidades. São elas: moradia, transporte, alimentação, atenção à saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche, apoio pedagógico e acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.

Em vista disso, é papel de cada instituição estabelecer os critérios e a metodologia de seleção dos estudantes, tendo como público prioritário aquele oriundo da rede pública ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. Há, na instituição do PNAES, mais do que o auxílio para a redução das desigualdades sociais e para o estímulo à permanência em cursos.

Existe uma intencionalidade de concretizar, nas instituições de ensino públicas federais, ações que complementem as atividades pedagógicas e ampliem a formação do indivíduo em aspectos que consideram a melhoria de sua qualidade de vida como um todo, como a oferta de ações voltadas para saúde, cultura, esporte e inclusão digital, que vão além do atendimento socioassistencial. É nesse sentido que se pretende delinear o tema desta pesquisa.

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O estudo busca verificar as repercussões sociais das políticas públicas, de forma específica, as ações de assistência estudantil, no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Farroupilha, sob o olhar dos gestores e estudantes, nos Campi da região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, tendo presente o Plano de Desenvolvimento Institucional (2014) e de forma pontual, a sua missão que é “promover a educação profissional, científica e tecnológica, pública, por meio do ensino, pesquisa e extensão, com foco na formação integral do cidadão e no desenvolvimento sustentável” (PDI-IFFar, 2014, p. 23), e em inovação e extensão tecnológica.

Os Institutos surgiram em 2008, pela Lei 11.892, que busca a interiorização e regionalização da oferta de ensino da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, antes ofertada pelos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica -CEFETs.

O Artigo 2o da Lei 11.892, aponta que os Institutos Federais são instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei.

Salienta-se, que os Institutos Federais apresentam dentre as suas Finalidades e Características, a oferta da educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional; e também, com a finalidade de desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais, as quais estão previstas no artigo 6º, inciso I e II da Lei nº11. 892 (BRASIL, 2008).

O Instituto Federal Farroupilha, passou a contar com a infraestrutura da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, através da fusão e transformação do Centro Federal Tecnológico de São Vicente do Sul, Escola Agrotécnica Federal de Alegrete, Unidade Descentralizada de Júlio de Castilhos e Unidade Descentralizada de Santo Augusto em uma nova Instituição Federal de Ensino. Atualmente, tem sua Reitoria localizada na cidade de Santa Maria, e é formado pelos seguintes campi: Alegrete, Jaguarí, Júlio de Castilhos, Panambi, Santa Rosa, Santo Ângelo, Santo Augusto, São Borja, São Vicente do Sul, Frederico Westphalen – que antes de fazer parte do IFFar pertencia à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e o campus Avançado de Uruguaiana (BRASIL, 2008).

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Ao olhar o contexto local e regional, os Institutos Federais, se organizam conforme dispositivos estatutários e regimentais. A implementação e o controle da oferta das atividades educacionais operam com um planejamento criterioso e intencional voltado para o cumprimento de sua função social, ao agregar à formação acadêmica a preparação para o mundo do trabalho, com uma estrutura curricular da educação profissional e tecnológica.

Segundo as Concepções e Diretrizes dos Institutos Federais reservam aos protagonistas do processo educativo, além do incontestável papel de lidar com o conhecimento científico-tecnológico, uma práxis que revela os lugares ocupados por cada indivíduo no tecido social, que traz à tona as diferentes concepções ideológicas e assegura aos sujeitos as condições de interpretar essa sociedade e exercer sua cidadania na perspectiva de um país fundado na justiça, na equidade e na solidariedade (BRASIL, 2008).

Para responder o exercício da cidadania, a Instituição busca o desenvolvimento local e regional, sem perder a dimensão do universal, que constitui o preceito que fundamenta a ação dos Institutos. Significa a busca do diálogo permanente com a realidade local e regional, que objetiva oportunizar um olhar criterioso na busca de soluções, especialmente para uma camada da população excluída das salas de aula e que é castigada na sociedade brasileira no que se refere ao direito aos bens sociais e, em especial, à educação. É por isso que o desenvolvimento local e regional deve vir no bojo do conjunto de políticas públicas que transpassam determinada região e não como única agência desse processo de desenvolvimento.

Portanto, existe a possibilidade concreta de os Institutos Federais se constituírem em um espaço de fundamental importância na construção dos caminhos para o efetivo exercício da cidadania com vista ao desenvolvimento local e regional. Para tanto, a responsabilidade poderá ser além da compreensão da educação profissional e tecnológica, como mera formadora de pessoas para o trabalho, para determinados mercados e sim, como ambientes potencializadores de uma educação que possibilita ao indivíduo o desenvolvimento de sua capacidade para gerar conhecimentos que possam auxiliar na transformação da sociedade. Que no entender de Höfling (2001) significa a participação dos envolvidos nos caminhos da construção, do planejamento e da execução das políticas educacionais, o que poderá levar a resultados positivos das políticas públicas na educação.

Porém, é indispensável, a articulação das políticas públicas com outras políticas sociais, os Institutos com vista ao desenvolvimento local e regional, que segundo Bandeira (1999, apud SIEDENBERG, 2012) é entendido como um processo de articulação, coordenação e inserção dos empreendimentos empresariais associativos e individuais,

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comunitários, urbanos e rurais, tendo como base uma nova dinâmica de integração socioeconômica, de reconstrução do tecido social e de geração de renda.

Que no entender de Trennepohl (2012, p. 381) significa que, “para além da leitura da realidade, necessita descrever a situação de desenvolvimento existente, que deve possibilitar uma compreensão razoável sobre as possibilidades de alteração do quadro e do interesse dos agentes em participar de um processo de transformação a ser articulado”, desafiando as políticas públicas, especialmente no campo da educação, o que aponta a necessidade de cada Instituto conhecer a sua região, para que possa responder mais efetivamente aos anseios dessa territorialidade, como Instituição com capacidade de oportunizar um processo de inclusão social, de forma específica, trabalhar a implantação das ações de assistência estudantil, que será objeto de estudo por meio do olhar dos estudantes e gestores, na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Ainda, ressalta-se que a implantação dos Institutos Federais de Educação Ciência e Tecnologia (IFs) surgiu da necessidade de desenvolver as comunidades e as regiões em que os mesmos estão inseridos, devendo ter uma forte inserção na área de pesquisa e extensão, visando estimular o desenvolvimento de soluções tecnológicas e estendendo seus benefícios à comunidade.

Nesse sentido, a implementação e o controle da oferta das atividades educacionais a que se propõe exigem planejamento criterioso e intencional voltado para o cumprimento de sua função social e contribuição para o desenvolvimento local e regional e a diminuição das desigualdades sociais. Portanto, é de suma importância considerar todo este processo de implantação dos institutos federais, para assim poder verificar, qual é a percepção dos gestores e estudantes, na condução das Políticas Públicas voltadas para a educação, tanto para o acesso do aluno à instituição por meio de programas como Programa Universidade para Todos (PROUNI) do Sistema de Seleção Unificada (SISU), bem como, a permanência e êxito, da Política de Assistência Estudantil com a implementação das ações previstas no PNAES.

Em vista o desenho do cenário acima descrito, considera-se importante, verificar nesta pesquisa se os Institutos Federais estão cumprindo com a função para qual foram criados, priorizando uma formação contextualizada, com conhecimentos, princípios e valores que potencializam a ação humana na busca de caminhos de vida mais dignos, buscando atender a uma parcela da sociedade com condições socioeconômicas mais vulneráveis e que de certa forma enfrentam maiores dificuldades para ter acesso à educação, considerando também o

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contexto local e regional em que estão inseridos, com base em dispositivos estatutários e regimentais próprios.

Portanto, é relevante conhecer a visão dos gestores e estudantes em relação à implementação e efetividade das ações previstas no PNAES, buscando responder qual a importância da Assistência Estudantil para a permanência dos estudantes no Instituto Federal Farroupilha, neste caso, especificamente nos campi do Instituto Federal Farroupilha localizados na região Noroeste do RS, e para a consolidação do IFFar. E, além disso, buscar conhecer as diferentes formas e condições de oferta da Assistência Estudantil, destacando experiências tanto na gestão quanto na execução desta política pública, procurando assim, retratar os anseios, dificuldades, limites, potencialidades e proposições em relação à Política de Assistência Estudantil sob a ótica dos gestores e estudantes. Nesse contexto, pretende-se apresentar o problema a ser pesquisado.

No entender de Oliveira (2002), o problema delimita a pesquisa e facilita a investigação. Assim, apresenta-se a seguinte questão de pesquisa: Qual é a importância da Política Pública de Assistência Estudantil no processo de consolidação dos Campi do Instituto Federal Farroupilha, localizados na região Noroeste do RS?

Como objetivo geral, buscou-se analisar a implementação da Política de Assistência Estudantil, com base no Programa Nacional de Assistência Estudantil, e sua contribuição para a permanência dos estudantes e consolidação dos Campi do Instituto Federal Farroupilha, localizados na região Noroeste do Rio Grande do Sul.

Os objetivos específicos foram fixados:

a) Identificar os fundamentos da Política de Assistência Estudantil, seu potencial em uma perspectiva de inclusão social, pela educação, como direito social ou como um movimento assistencialista.

b) Verificar se as ações de Assistência Estudantil estão sendo implementadas nos Campi de Santo Augusto, Santo Ângelo, Santa Rosa, Panambi e Frederico Westphalen de acordo com as áreas definidas pelo PNAES.

c) Analisar a efetividade da Política Pública de Assistência Estudantil sob a ótica dos gestores e estudantes dos campi do IFFar da Região Noroeste do RS

d) Interpretar o papel desempenhado pela PAE nos campi do IFFar Região Noroeste do RS.

A escolha em pesquisar a política pública educacional, de forma específica, a Política de Assistência Estudantil no Instituto Federal Farroupilha, sob a ótica dos gestores e estudantes dos campi localizados no Noroeste do RS, analisando a implementação das ações

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da PAE, sua efetividade e importância para a consolidação do IFFar, provém do fato de que têm sido temática pouco explorada, sendo que na região de abrangência que esse estudo está sendo proposto não há evidências com o referido enfoque, o que comprova seu ineditismo.

Justifica-se o interesse e a viabilidade em realizar este estudo, pelo fato de a pesquisadora estar lotada como Assistente Social na área da Assistência Estudantil no IFFar. Portanto, o presente estudo encontra uma justificativa qualificada, pela familiaridade da pesquisadora com essa temática. Significa um desafio pelo fato de que a profissional atuar nessa área no Instituto, o que desafia o campo da reflexão em sua prática. Segundo Prates, “desvendar o objeto de trabalho é essencial para o desenvolvimento de um processo de trabalho consistente [...]” (2003, p. 112).

Outro desafio, que justifica essa pesquisa é a necessidade de verificar qual a percepção dos gestores e estudantes, e suas proposições em relação à forma como vem sendo conduzida as Políticas Públicas Educacionais e sua efetividade tanto para a consolidação dos campi do IFFar da região noroeste do RS, para a permanência e êxito dos estudantes por meio da Política de Assistência Estudantil com a implementação das ações previstas no PNAES, uma vez que, este foi o motivo pelo qual foi criado, para democratizar o acesso e favorecer a permanência do aluno no ambiente escolar por meio da concessão de benefícios diversos que supram suas necessidades básicas. O PNAES concede também, incentivo de cunho pedagógico e social para que os alunos tenham êxito no percurso educacional.

Ao encontro disso, entende-se ser relevante verificar se os Institutos Federais estão cumprindo com a função para qual foram criados, priorizando uma formação contextualizada, com conhecimentos, princípios e valores que potencializam a ação humana na busca de caminhos de vida mais dignos, contribuindo também para o desenvolvimento local e Regional e a diminuição das desigualdades sociais.

Ainda, apresenta-se a relevância deste estudo, com base nas colocações de Vargas (2017, p. 5):

Devido a expansão das Instituições Federais de Ensino, a Assistência Estudantil vem sendo tema de interesse em estudos mais recentes, especialmente na última década. Dentre os pesquisadores nacionais desta área, Malacarne (1997), Araújo (2003), Kowalski (2012), discutem a política sob a perspectiva da garantia de direitos e da cidadania; Ramos (2012), Ramalho (2013), Magalhães (2013), Pereira, Tinoco e Alloufa (2014) debatem a assistência estudantil a partir da avaliação da execução da política em determinada instituição ou a partir de um programa ou ação específicos. Em seus estudos procuram mensurar a contribuição ou a eficácia da política na garantia da permanência dos beneficiários na instituição e/ou o diferencial que representam no seu rendimento acadêmico. Vargas (2010) propõe estudo com egressos da AE a fim de verificar sua inserção no mercado de trabalho. Vasconcelos

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(2010) propõe uma análise histórica da evolução da política no decorrer do desenvolvimento da educação superior no Brasil.

Portanto, Vargas (2017) busca conhecer as diferentes formas e condições em que este programa está sendo implementado em cada Instituição Federal de Ensino Superior, realizando o comparativo com outras IFES. Diante do exposto, observa-se que um dos vieses pouco contemplados nos estudos sobre políticas públicas para assistência estudantil é o que retrata além da visão do estudantes, o olhar dos gestores para a implementação do PNAES nas Instituições Federais de Ensino, e qual a percepção destes em relação à efetividade e a efetivação das ações de acordo com as áreas propostas no PNAES, buscando verificar além da permanência e êxito, se estão sendo contempladas ações que ampliem a formação do indivíduo em aspectos que consideram a melhoria de sua qualidade de vida como um todo, como a oferta de ações voltadas para saúde, cultura, esporte e inclusão digital, que vão além do atendimento socioassistencial.

Por fim, considera-se importante, além da visão dos estudantes, a ótica dos gestores, por ser um viés pouco contemplado em pesquisas realizadas sobre este tema. Entende-se que através desta pesquisa será possível destacar experiências tanto na gestão quanto na execução da política pública, indagando sobre os anseios, dificuldades, limites e possibilidades; verificando também a abrangência, contribuição e efetividade da política pública educacional, sua importância para a permanência dos estudantes e para a consolidação do IFFar, e, finalmente, identificar possíveis proposições, para qualificar a política pública educacional.

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2 QUADRO TEÓRICO DE REFERÊNCIA

Esse quadro contempla, as referências teóricas, no campo das políticas públicas e das políticas sociais na educação, o percurso histórico da assistência estudantil, no Brasil, ao verificar se esse movimento, se apresenta como um direito ou uma prática assistencialista. Ainda, a política de assistência estudantil nos Institutos Federais, especialmente a partir da aprovação do PNAES, o Instituto Federal Farroupilha e a assistência estudantil. Por fim, os campi do Instituto Federal Farroupilha na Região Noroeste-Rio-Grandense.

2.1 POLITICAS PÚBLICAS

A discussão das políticas públicas perpassa por uma definição de Estado e suas implicações. Contudo, apresentar um conceito de Estado que congregue diversas correntes doutrinárias, devido sua natureza complexa, constitui um trabalho difícil, visto que ele pode ter muitas interpretações correlacionadas às áreas de interesses e campos de estudos.

No entender de Souza (2001, p. 45) o “Estado é um conjunto de instituições criadas, recriadas e moldadas para administrar conflitos e tensões dentro de um determinado território”. Pontua que é um ente abstrato que se materializa por meio de instituições, que são o executivo, o legislativo, o judiciário, as forças militares, os governos subnacionais e a administração pública.

Dentro dessa acepção, as políticas públicas constituem um dos principais resultados da ação do Estado, Silva (2001) argumenta que toda política pública é uma forma de regulação ou intervenção na sociedade, pois se estrutura, se organiza e se concretiza com base em interesses sociais planejados em volta de recursos que igualmente são produzidos socialmente. Destarte, a política pública, acrescenta Silva (2001, p. 38) “é um mecanismo de mudança social, orientada para promover o bem-estar de segmentos sociais, principalmente os mais destituídos, devendo ser um mecanismo de distribuição de renda e de equidade social”, mecanismo este que contém contradições inerentes à lógica capitalista.

Conquanto, Souza (2006) acentua que as definições de políticas públicas assumem, em geral, uma visão holística do tema, numa perspectiva de que o todo é mais importante do que a soma das partes e que indivíduos, instituições, interações, ideologia e interesses contam, mesmo que existem diferenças sobre a importância relativa destes fatores. Dessa forma, resume política pública como “o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo

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em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente” (SOUZA, 2006) p.26).

Ainda, a autora elenca os principais elementos das diversas definições e modelos sobre políticas públicas:

A política pública permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o que, de fato, faz.

A política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja materializada através dos governos, e não necessariamente se restringe a participantes formais, já que os informais são também importantes.

A política pública é abrangente e não se limita a leis e regras.

A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados. A política pública, embora tenha impactos no curto prazo, é uma política de longo prazo (SOUZA, 2006, p. 36-37).

Nesta perspectiva, Lotta (2008, p. 4) esclarece que as políticas públicas, para a literatura, possuem um ciclo composto pelas fases:

Agenda (quando são decididos os assuntos que serão trazidos e debatidos na esfera pública) ; a formulação (quando são especificadas as alternativas elaborados os planos de ação); a implementação (quando as políticas são colocadas em prática) e a avaliação (quando são verificados os resultados das políticas implementadas, comparando-se com as especificações formuladas).

Em linha semelhante, Jannuzzi (2005) relata que o ciclo de formulação e avaliação de políticas públicas é composto pelas etapas de Diagnóstico, Formulação, Implementação e Avaliação. Ressalta que cada etapa desse ciclo envolve o uso de um conjunto de indicadores de diferentes naturezas e propriedades, em função das necessidades intrínsecas das atividades nelas envolvidas.

Neste aspecto, Lotta (2008) esclarece que há dois potenciais analíticos. O primeiro é a integração de novos atores e das perspectivas relacionais às análises. Logo, a implementação constitui um processo de interação de atores, burocratas ou não, ao longo de uma cadeia de atividades e relações. O segundo, trata da inserção de valores e referências destes diversos atores às análises, que implica reconhecer a discricionariedade dos atores e sua influência nos processos de implementação das políticas públicas. Em vista disso, argumenta que a implementação de políticas públicas é definida:

Pela interação entre atores no interior dos ambientes institucionais e relacionais presentes nas comunidades políticas. As dinâmicas políticas são resultado dessas interações, tendo em conta os constrangimentos das instituições e das redes de relações pessoais e institucionais presentes. Assim, o que temos como pressuposto é que as políticas são implementadas pela burocracia em interação, ou seja, não há

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mais apenas um agente responsável por todo o processo, mas um sistema (LOTTA, 2008, p. 8).

Logo, analisar a implementação de uma política requer olhar para as interações existentes no processo bem como reconhecer os diversos valores, referências e a maneira que são trazidas e colocadas em prática. Jannuzzi (2005) nos apresenta alguns indicadores requeridos nas etapas do Ciclo de Formulação e Avaliação de Políticas Públicas. Na implementação, ressalta que os indicadores devem permitir “filmar” o processo de implementação dos programas formulados e a eficiência. Como tipos e propriedades de indicadores ele destaca: o esforço (insumos/processos), atualidade/regularidade, sensibilidade e especificidade, e, como fontes de dados predominantes, enumera: registros administrativos e os registros gerados nos procedimentos dos próprios programas.

Diante do exposto, é importante enfatizar que além da preocupação com a formulação, implementação e avaliação de políticas públicas referido anteriormente, é importante questionar que tipo de políticas públicas sociais voltadas para a educação queremos? E de que forma os cidadãos estão participando deste processo? Para Trennepohl (2011), as preocupações com diferentes ações das políticas públicas devem conquistar uma melhor qualidade de vida da população, como mecanismos centrais na determinação da dinâmica de desenvolvimento de distintos espaços sociais, como uma intensa atividade intelectual das Ciências Sociais. Contudo para se conquistar essa qualidade de vida da população é necessário que exista gestão social, a qual, segundo Allebrandt (2012) tem sido evocada nos últimos anos para acentuar a importância das questões sociais, sobretudo na implementação de políticas públicas.

Nesse sentido, a gestão social aparece como uma alternativa de gestão pública. Tenório (2002) enfatiza a importância da participação dos cidadãos no processo de elaboração das políticas públicas, desde a identificação do problema, planejamento, execução e avaliação. Conforme explicita a seguir:

Na relação Sociedade-Estado e gestão social se efetiva quando os governos institucionalizam modos de elaboração de políticas públicas que não se refiram ao cidadão como “alvo” ou “meta”, “cliente” de suas ações ou, quando muito, avaliadores de resultados, mas sim como participantes ativos no processo de elaboração dessas políticas. Processo que deve ocorrer desde a identificação do problema durante o planejamento de sua solução, acompanhamento da execução até a avaliação do impacto social efetivamente alcançado (TENÓRIO, 2002, p. 135).

Allebrandt (2012), assim como Tenório (2002), também entende que a sociedade civil precisa se constituir em igualdade de condições, sendo protagonista deste processo de

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articulação e que vocalizem suas pretensões com o propósito de planejar, executar e avaliar políticas públicas, sendo empoderada e corresponsável, defendendo a gestão social apoiada no conceito de cidadania deliberativa coletiva, onde as decisões surjam em espaços de discussão orientados pelos princípios da inclusão, do pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e do bem comum. É nessa lógica que se almejam políticas públicas sociais na educação atual.

2.2 POLÍTICA SOCIAL NA EDUCAÇÃO

Considerando que a educação é um direito do indivíduo e dever do Estado, esta deve estar na essência das políticas públicas garantindo, de certa forma, a qualidade social e consolidando a garantia constitucional: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho” (C.F., 1988, p. 63). Portanto, o Estado incumbe-se no dever de implementar políticas que ofereçam suporte ao desenvolvimento da sociedade.

Neste contexto, por ser dever do Estado, da família e de toda a sociedade, a educação deveria ser muito mais democratizada, com acessibilidade e cobrança de sua qualidade, tanto do poder público quanto da sociedade, tendo em vista, que a sua essência depende dos esforços coletivos. É essa qualidade, segundo Bastos (2017) que uma vez levada em conta, promoverá o desenvolvimento individual e social do homem além de propiciar a efetivação da perfeita cidadania.

De acordo com as colocações de Bastos (2017), por ser considerado um dos âmbitos mais importantes, para o desenvolvimento geral de uma nação, a educação deve ser ponderada como prioridade e concebida como essência principal para o equilíbrio cultural e social. Contudo, para que isso seja efetivado, é preciso que se a busque no seio das políticas públicas que tem todas as condições necessárias para oferecê-la. Admite-se que se refaça uma profunda reflexão sobre as ações das políticas públicas na área educacional, descartando aspectos de pouca relevância e aprimorando os que possam gerar os efeitos necessários. Os programas educacionais implementados pelo governo tendem a ser úteis, desde que a sociedade não se debruce no comodismo esquecendo-se de exigir o seu íntegro cumprimento, pois o acesso e a permanência a uma educação de qualidade é direito de todos.

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Na verdade, todos aqueles que acreditam e reconhecem o direito à educação, devem exigir a efetivação de políticas, cujos almejos estejam voltados para a sua qualidade e não para estatísticas numerológicas que só servem para uma amostragem ficticiosa. A qualificação da educação brasileira depende dos programas ofertados pelo governo, da harmonia entre esse, as entidades formadoras e a sociedade que, por sua vez, deve refletir sobre os resultados.

Ainda, Bastos (2017) pontua que, as políticas públicas são ações desenvolvidas pelo Estado com o envolvimento de compromissos e ações que possibilitem o desenvolvimento cultural e social de um povo. É um conjunto de ações sociais que dependem, não só do governo, mas de toda a sociedade e das instituições educacionais, com intenções à garantia dos direitos à cidadania de todos, principalmente dos que se encontram no declive da pobreza. No entanto, é preciso que haja uma relação harmônica entre o Estado, as entidades formadoras e a população, além da definição de algumas atividades avaliativas do planejamento dessas políticas, para a posterior busca de novas ações.

Höfling (2001) pontuava que as políticas públicas devem contemplar as pessoas que mais necessitam, onde a educação deverá ser uma política pública social, uma política pública de corte social, de responsabilidade do Estado – mas não pensada somente por seus organismos e sim, com raízes nos movimentos sociais organizados, que disputam os recursos públicos para conquistarem seus espaços na sociedade.

Assim, no entender de Höfling (2001, p. 31):

Políticas sociais se referem a ações que determinam o padrão de proteção social implementado pelo Estado, voltadas, em princípio, para a redistribuição dos benefícios sociais visando à diminuição das desigualdades estruturais produzidas pelo desenvolvimento socioeconômico. As políticas sociais têm suas raízes nos movimentos populares do século XIX, voltadas aos conflitos surgidos entre capital e trabalho, no desenvolvimento das primeiras revoluções industriais.

Costa (2010) aponta que as políticas devam se voltar para além das questões econômicas, incluindo apoio acadêmico e psicológico aos estudantes e superando a visão reduzida da assistência estudantil como política estritamente social. Esta mudança de posição foi provocada pela identificação de outros aspectos, além da questão da carência socioeconômica, que afetam o desempenho acadêmico dos estudantes e que, também, levam a situações de evasão como, por exemplo, a dificuldade de acompanhamento das disciplinas, o envolvimento com drogas ou álcool ou, ainda, uma gravidez não planejada, apontando para novas políticas sociais.

Para Demo (2000) a assistência, sozinha, não é capaz de resolver todos os problemas, devendo ser articulada a outras políticas sociais para garantir a emancipação do beneficiário,

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sobretudo a partir da sua educação. Desta forma, tanto a assistência estudantil deve ser discutida sob o ponto de vista de múltiplas funções - social, pedagógica, psicológica -, como também a perspectiva socioassistencial pode ser expandida em torno de diversos aspectos como, por exemplo, o risco social presente em situações de falta de moradia, violência familiar e urbana, envolvimento com drogas, entre outros.

Em vista disso, Bastos (2017, p. 3) refere que:

É sabido que a educação é uma área que requer atenção especial do Estado, com políticas que favoreçam o fortalecimento das competências intelectuais, éticas e afetivas do cidadão. Os objetivos traçados nas ações dessas políticas só se efetivarão a partir do momento em que se permita uma análise para possíveis reorientações. São essas análises que, uma vez realizadas, indicarão as supostas lacunas das ineficiências, possibilitando, assim, novas estratégias para as suas superações.

Assim, conforme Bastos (2017), as metas provindas das políticas educacionais devem determinar a implementação de ações que norteiem a redistribuição dos benefícios sociais, visando à diminuição das desigualdades e o desenvolvimento socioeconômico. Nesse contexto, segundo o autor, cabem às autoridades responsáveis pelo sistema educacional, analisar e refletir sobre os investimentos aplicados e os seus respectivos resultados. O que se tem percebido, com certa nitidez, é que prioridades educacionais vêm sendo substituídas por outros interesses, que não fazem parte do sistema educativo.

Contudo, nos últimos anos houveram muitos avanços em nosso país no campo das políticas públicas, devido à compreensão de que a educação ser a mola mestra responsável pela alavancagem do desenvolvimento. No entanto, não basta o esforço específico do governo, é preciso que todos estejam envolvidos na luta, com os mesmos objetivos e perspectivas. Portanto, de acordo com Bastos (2017), são esses, um conjunto de esforços, sobretudo os educacionais, que proporcionarão a consolidação das equidades e dos valores humanos para todos.

2.3 PERCURSO HISTÓRICO DA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NO BRASIL COMO DIREITO SOCIAL OU COMO UM MOVIMENTO ASSISTÊNCIALISTA

A Assistência Estudantil no contexto brasileiro vem sendo construída a partir de diversas reflexões, debates e práticas implementadas ao longo da história. Sua conformação está fortemente ligada às transformações sociopolíticas do país e a seus impactos na história da Educação Superior brasileira. Dutra e Santos (2017) pontuam que de iniciativas pontuais e

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fragmentadas, restrita a instituições isoladas e escassos recursos, as discussões acerca da assistência ao estudante vão se tornando cada vez mais sistemáticas e complexas no decurso de sua trajetória até ganhar maior legitimidade na agenda do Governo e alcançar o status de política pública nos anos 2000.

Kowalski (2012), ao realizar uma investigação bibliográfica sobre a institucionalização da Assistência Estudantil no Brasil, considerando aspectos sociopolíticos e econômicos do país, sistematizou seu percurso histórico em três fases distintas. A primeira fase corresponde a um longo período, partindo da criação da primeira universidade até o período de “redemocratização” política do país. A partir desse momento, uma segunda fase inicia-se em meio a um espaço favorável para o desenvolvimento de uma série de debates e projetos de leis que resultaram em uma nova configuração da política de AE nas universidades brasileiras. A terceira fase, por sua vez, abarca um período de expansão e reestruturação das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) seguindo até os dias atuais. Conforme explicitado no quadro abaixo:

Quadro 1 - Linha do tempo dos principais acontecimentos para a institucionalização da assistência estudantil no Brasil

PRIMEIRA FASE

- 1928: Promoção, pelo presidente Washington Luis, da construção da “Casa do Estudante Brasileiro” que ficava em Paris.

- 1930: Abertura da “Casa do Estudante do Brasil” no RJ, acoplado ao RU. - 1931: Marca de nascença da AE na universidade, instituída pelo presidente Getúlio Vargas, através do Decreto nº 19851/1931.

- 1934: Integração da assistência estudantil passou na Constituição Federal no artigo 157. Previsão do fornecimento de material escolar, bolsa de estudo, assistência alimentar, dentária e médica.

- 1937: Criação da União Nacional dos Estudantes (UNE).

- 1946: Promulgação da Constituição Federal, que estabelece a assistência educacional para alunos “necessitados” e também aborda mecanismo referente à saúde dos discentes.

- 1961: Aprovação da LDB que estabelecia a assistência social como um direito a ser garantido de forma igual a todos os estudantes.

- 1970: Criação do Departamento de Assistência ao Estudante (DAE), com ênfase para os programas de alimentação, moradia, assistência médico-odontológico.

SEGUNDA FASE

- 1987: Criação do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE), congregando os Pró-Reitores, Sub-Reitores, Decanos, Coordenadores ou responsáveis pelos assuntos comunitários e estudantis das IFES do Brasil.

- 1988: Promulgação da Constituição Federal que gerou amadurecimento na discussão da política de assistência estudantil (acesso e permanência nas IFES). - 1990: Limitação de recursos nacional para assistência estudantil; discussões sobre a PAE de forma fragmentada e restrita a algumas IFES.

- 1996: Aprovação da LDB, que “de costas para a assistência estudantil”, não menciona nenhum tipo de financiamento a PAE.

- 1998: Aprovação, na Conferência de Paris, da “Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI”, que prevê a relevância social dos

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programas assistenciais oferecidos nas IFES.

- 1999: Criação do FIES, que propõe financiar os cursos de graduação para os estudantes nas IES privadas.

- 2001: Aprovação do PNE, que dispõe da política de diversificação das fontes de financiamento e gestão das IES.

- 2004: Criação do PROUNI, que objetiva conceder bolsas de estudos para alunos de baixa renda em IES privadas.

TERCEIRA FASE

- 2007: Criação do REUNI, que prevê a ampliação de políticas de inclusão e de assistência estudantil.

- 2007: criação do PNAES, cujo objetivo é dar subsídios para permanência de alunos de baixa renda nos cursos presenciais na IFES.

- 2010: Sanção, em 19 julho, do PNAES como Decreto Lei nº 7.234; assistência estudantil concebida como política pública de direito. Aprovação do Decreto Lei nº 7.233, que versa sobre os procedimentos orçamentários e financeiros relacionados à autonomia universitária. Aprovação, em 30/12/2010, do Decreto nº 7416, que regula bolsas de permanência para a promoção do acesso e permanência de estudantes em condições de vulnerabilidade social e econômica.

- 2010/2011: Lançamento do Projeto Lei do PNE para o decênio 2011-2020, o qual, de acordo com a Meta 12, visa desenvolver os programas de assistência estudantil para ampliar as taxas de acesso nas IFES.

Fonte: Elaborada pela autora, com base em Kowalski (2012).

De acordo com Kowalski (2012), pode-se averiguar que durante o desenvolvimento da Política de Assistência Estudantil, foram registrados percalços e, em alguns momentos, a presença de ações, legislações e debates sobre a temática foram mais sólidas e avançaram mais que em outros. Entretanto, as fases expressam características bastante peculiares de acordo com o contexto social, político e econômico vivenciado em determinado momento histórico do país. Assim, a primeira fase se caracteriza pela assistência estudantil restrita ao atendimento dos alunos de classe média, os quais tinham acesso ao ensino superior da época e cuja formação eram destinadas ao trabalho para o Estado.

Ainda nesta primeira fase, segundo a autora, a política de educação estava relacionada aos direitos dos indivíduos à educação, à organização dos estudantes em centros voltados para sua adaptação e à participação no espaço acadêmico. Os benefícios da AE conferidos aos alunos, muitas vezes, não obtiveram um caráter expressivo que repercutisse de modo eficaz na permanência de um número expressivo de jovens nas universidades. Além do mais, não havia um projeto de âmbito nacional voltado exclusivamente para a assistência estudantil e, consequentemente, para a manutenção dos alunos nas universidades.

A segunda fase, conforme a autora se constitui em solo fértil ao desenvolvimento de políticas sociais no país, pois, a abertura política e a redemocratização criaram condições favoráveis para implantação e implementação dessas políticas. Nesta fase há um processo de democratização da educação, com a tentativa de universalização do acesso e de

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implementação de uma gestão democrática, centrada na formação do cidadão. Ainda que não houvesse a existência de um programa nacional nas instituições federais voltados para a permanência dos jovens na universidade, foram criadas ações significativas que auxiliaram, de alguma forma, os segmentos estudantis mais vulneráveis social e economicamente a usufruírem de condições mais equânimes.

A característica fundamental que a diferencia das outras fases da PAE, conforme a autora é a existência do programa nacional de assistência ao estudante (BRASIL, MEC, PNAES, 2010), embora esse seja voltado a atender somente as universidades federais. Também há um esforço visível do FONAPRACE frente aos encontros anuais com dirigentes das IFES em assegurar uma rubrica própria para AE, sendo que essa foi garantida após a aprovação do plano. Assim, ainda que se encontrem distantes de uma configuração baseada no ‘status’ de política pública, essas ações vêm incidindo junto à assistência estudantil, tornando-a cada vez mais visível dentro das IFES e passível de cobrança sob a responsabilidade do Estado.

E, por fim, emerge uma terceira fase, a qual atualmente se encontra em pleno curso no seu desenvolvimento. Kowalski (2012) ressalta que essa fase se caracteriza por colocar a educação como um serviço, sendo que a formação acadêmica está voltada a atender à demanda do mercado.

Nessa terceira fase também é notada segundo Kowalski (2012) a preocupação dos governos em incluir uma parcela da sociedade que não tinha possibilidade de acesso e permanência à educação superior. Isso não impede de se reconhecer que ainda faltam elementos concretos, além da expansão das ações, para que se possa afirmar que a educação superior pública tenha se tornado mais equânime do que nas outras fases. Desta forma, a AE vem construindo seu percurso histórico, trilhando-o, muitas vezes, por caminhos incertos e descontínuos, mas fazendo sua história na formação e consolidação das políticas públicas do país.

É importante compreender que a configuração atual da proteção social brasileira é fruto de disputas que, desde a metade da década de 1990, com a instauração de uma nova agenda de caráter reformista para área social, tenta congregar, segundo Draibe (2000), ajuste econômico, direcionado para reformas macroeconômicas de estabilização, com reformas sociais que, em tese, visam eficiência e equidade. O autor refere ainda que, neste binômio, ajuste econômico e reformas sociais, sob a égide da “globalização”, confrontam-se na condução da política social os ideais “minimalistas” em defesa de medidas necessárias ao ajuste macroeconômico, cujo neoliberalismo revisita, de um lado, uma das premissas liberal, pautada no corte dos gastos

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