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4 SISTEMATIZAÇÃO DOS RESULTADOS: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

4.3 CATEGORIA 1 A IMPLEMENTAÇÃO DA PAE E DAS AÇÕES PREVISTAS NO

4.3.1 A Efetividade Sob a Ótica dos Gestores

Ao falarmos em efetividade, buscou-se verificar se ações/serviços ofertados de fato acontecem e se estão tendo os resultados esperados (para garantir/ou buscando garantir a permanência, êxito e inclusão social por meio da educação), verificando também a questão orçamentária para a realização destas ações previstas no PNAES e concessão dos benefícios. Nesse sentido, seguem abaixo as respostas coletadas com os gestores referente a esta segunda categoria pesquisada.

Questão 1 - As ações da PAE estão sendo efetivas no seu campus para garantir a permanência dos estudantes?

Ao meu ver sim. Elas sofreram alguns impactos desde a reduções do orçamento que não aconteceu apenas esse ano mas que vem ocorrendo de forma mais acentuada nos últimos anos, tivemos que reduzir a quantidade de oferta de bolsas, reduzimos o cardápio de alimentação que era oferecido, mas apesar disso ela está sendo efetiva,

inclusive estamos trabalhando para aumentar o valor recebido e não o quantitativo de bolsas (G1).

Na visão dos gestores as ações da PAE estão sendo efetivas para garantir a permanência dos estudantes, e a Assistência Estudantil vem conseguindo desempenhar muito bem o seu papel como refere o G2, ele pontua que o campus tem problema de permanência mas afirma que a causa da evasão não é pela falta de atendimento da CAE, e que está só não é maior justamente devido aos atendimentos realizados por este setor.

O campus tem problema de permanência, mas eu avalio que as políticas de assistência e a Assistência Estudantil tem desempenhado muito bem o seu papel, vejo que as causas de evasão não são pela falta de atendimento da assistência, a evasão só não é maior pela ação efetiva da assistência, a assistência sozinha não consegue dar conta de todas as questões, são outros fatores que também vão manter o aluno aqui (G2).

Eu acredito que sim, sabemos disso através do contato que temos com nossos alunos e pela avaliação da CPA, fica evidente que eles valorizam essa política, e nos chamou bastante a atenção quando a partir deste ano passamos a ofertar alimentação para os alunos da noite dos cursos subsequentes e superiores, eles ficaram encantados e a procura é muito grande; ainda temos alguns problemas de alunos que marcam o lanche e não vão usufruir da alimentação mas estamos tentando melhorar essa forma de controle, mas por outro lado temos alunos que ficam aguardando no final da noite no refeitório pra ver se sobrou lanche, então percebemos quão vulneráveis são alguns de nossos alunos, e então a gente percebe que sim, que temos conseguido atingir o objetivo, o retorno dos alunos é fantástico nesse sentido, eles vem sempre cm muitas sugestões de como melhorar o cardápio e a gente vê que isso é muito muito importante para a permanência e êxito destes alunos (G3).

Os gestores afirmam que as ações da PAE estão sendo efetivas e que a oferta de alimentação e auxílio permanência são fundamentais para a permanência dos estudantes considerando a carência destes, conforme a fala a seguir do G4.

Sim. É o que ajuda bastante a eles permanecerem. Principalmente a alimentação e a bolsa permanência, é um atrativo considerando a carência de nossos alunos principalmente nos cursos de ensino médio integrado. Como tem um trabalho de acompanhamento de permanência e êxito dentro do campus, tem os resultados de algumas ações que fazem com que eles permaneçam, um exemplo aqui no nosso campus que os alunos gostam muito é o incentivo ao esporte, participação em jogos que podemos também utilizar dentro dos 5% da matriz orçamentária do campus para proporcionar isso a eles (G4).

O G5 considera a PAE efetiva e vê a evasão existente causada por outros fatores, como por exemplo a questão de adaptação ao campus, e não pela falta de assistência ao estudante.

Estão sendo efetivas. Mas eu vejo o estudante com muita pouca persistência, antigamente a gente via o pessoal ter uma vontade maior de estar engajado aqui, eles sabiam que se não fossem buscar ninguém traria pra ele. Como hoje nós propiciamos muita coisa pra eles, eles esperam que cada vez venha mais, e mesmo com o trabalho intensificado do pessoal aqui, nós temos uma evasão em torno de 6%, 7% ao ano. Mas percebo que um dos maiores motivos dessa evasão seja pela questão de não se adaptar ao campus ou ao curso escolhido. Por outro lado, para aqueles que ficam, a política de Assistência Estudantil é importantíssima para a permanência deles, se não tivéssemos essa política, não teríamos a quantidade de alunos que temos hoje; muitos me dizem: - “O único dinheiro que tenho é da minha bolsa, eu só posso ir pra casa porque eu recebo a bolsa”. Então essas coisas são importantes, o auxílio propicia que ele estude aqui (G5).

Questão 2 - As ações da PAE estão sendo efetivas no seu campus para garantir a inclusão social dos estudantes através da Educação?

Parcialmente. Devido a nossa fragilidade esse ano principalmente em decorrência da estrutura na Assistência Estudantil pela falta de profissionais; por exemplo a psicóloga que é essencial, realiza um trabalho conjunto com a pedagoga e assistente social para fazer com que a inclusão social dos estudantes se efetive e que tenham resultados, e hoje nós estamos sem esses três profissionais, então é um impacto bem grande em decorrência da falta desses profissionais (G1).

Não sei. Porque a política de acompanhamento de egressos da nossa instituição ainda é muito incipiente. Não adianta o aluno concluir o curso com êxito e isso não impactar em nada na vida dele. Eu vejo que o instituto abre muitos caminhos e possibilita uma transformação social em muitas vidas, ele sai um cidadão melhor daqui ao meu ver, em muitos casos o instituto foi determinante, as políticas de assistência estudantil foram determinantes para que ele permanecesse, e ao permanecer e concluir com êxito ele deu um salto; não temos a garantia de pleno emprego para os nossos estudantes, mas daqui a pouco ele conclui um curso aqui e vai para um mestrado, para um doutorado, então sim (G2).

Acredito que sim. A melhor forma de inclusão é o aluno estar estudando, a pessoa que está estudando consegue muitas oportunidades na sociedade. O fato de ela poder estar em uma instituição estudando de forma gratuita já estamos contribuindo com esta inclusão [...]eu acho que isso também tem uma repercussão nas famílias, pois em muitas o filho que estuda aqui hoje vai ser a primeira pessoa a conseguir um diploma em toda família, a gente percebe que isso muda a perspectiva não só do aluno mas também dos familiares; outra coisa que eu acho importante também é que a gente não vai ter aqui dentro do campus aquela realidade de segregação, famílias pobres tem um lugar na escola x e as famílias de melhores condições na escola y, hoje pela questão da qualidade que é ofertada pelos institutos federais, todo mundo quer estudar em um instituto federal e se nós não tivéssemos a política de cotas infelizmente nós teríamos uma escola extremamente elitizada; e a convivência entre estudantes e familiares é muito saudável pra que a gente saia desta fragmentação que se cria na sociedade onde as pessoas não se misturam, não dialogam, não

compreendem a realidade da outra, então nesse sentido, essa escola mais inclusiva, mais democrática, venha mudar lá fora no aspecto de inclusão social (G3).

Até agora não temos esses dados efetivos estatisticamente no campus e nem na reitoria pra dizer que realmente contribuem para inclusão social. A reitoria fez agora um programa que pretendem implementar para acompanhar a questão do aluno egresso, se estão no mercado de trabalho ou não, o que eu sei é de alguns alunos nossos que estão trabalhando na prefeitura de nosso município depois que se formaram no técnico em gerencia em saúde e dos que se formaram em técnico em enfermagem e também conseguiram trabalho na área, sabemos destes cursos porque foram os que se sobressaíram, mas dos demais cursos e egressos não temos dados. O que falta dentro da instituição é fazer esse acompanhamento do egresso com dados estatísticos (G4).

Não tenha dúvida que sim. Porque isso propicia o crescimento, e quanto mais essa pessoa crescer melhor será a inclusão social dela. A política de Assistência estudantil influi e dá condições a ele ter um melhor desempenho lá fora, até pelo tipo de instituição que a gente tem, ele vai se incluir socialmente por ter tido uma oportunidade. O instituto qualifica pessoas para a sociedade e a assistência é um elemento que ajuda imensamente para isso (G5).

Ao verificarmos as falas dos gestores, apesar de alguns referirem que não temos um programa de acompanhamento de egressos na instituição para verificar se posteriormente a sua formação o estudante conseguiu um emprego, não é somente isso que irá medir a efetividade da PAE para contribuir para a inclusão social por meio da educação, pois no momento que a pessoa está no meio acadêmico, convivendo com outras pessoas, buscando conhecimento, ela está sendo incluída socialmente.

Portanto, essa vivência e esses conhecimentos acabam indo para os seus familiares e para o meio onde vive, e estará contribuindo para a transformação da vida destas pessoas também, as quais podem vir a se sentir incentivadas a querer melhorar de vida através da educação. Como consequência dessa formação virá a colocação no mundo do trabalho e demais conquistas e transformação na sua condição e qualidade de vida. Nesse sentido, pode- se dizer que sim, a PAE está sendo efetiva para garantir a inclusão social através da educação.

Questão 3 - Você considera efetivas as ações da Assistência Estudantil? Aponte falhas na implementação, execução e funcionamento do programa, bem como sugestões de melhorias.

O instituto vem trabalhando com a implementação de programas para melhorar o acesso dos nossos estudantes, eu vejo que a informatização para o monitoramento de algumas ações pra controle de acesso é essencial, e o instituto mesmo que a passos ainda lentos, vem trabalhando pra atendimento e qualificação desta política neste sentido. Vejo que como sugestão precisava ter mais controle, penso que hoje muitos estudantes não valorizam tudo o que essa política faz por eles [...] no atual cenário nós temos que nos adaptar ao que está acontecendo e trabalhar no sentido de

preservar o que é disponibilizado para eles aqui. Hoje através da PAE é disponibilizado várias oportunidades para eles, como participar de eventos, prática de esportes, e isso muitas vezes a gente não tem um retorno, um reconhecimento deles, penso que existem falhas ainda no programa de controle e acesso (G1). Nos auxílios poderia diminuir ainda mais a burocracia, então poderia melhorar a comunicação entre os editais de matricula e de auxílios que às vezes pedem as mesmas documentações, divulgar mais o processo, melhorar a comunicação; na política de atenção à saúde e em relação ao trabalho da assistente social está a contento, uma falha nossa é não ter um centro de saúde ainda que seria muito importante e necessário. Considero que estão sendo efetivas as ações da Assistência Estudantil e enquanto gestor estou satisfeito com as atividades da AE de modo geral (G2).

É muito válido o orçamento da Assistência estudantil destinado para a alimentação e bolsas, mas tem algumas outras questões que é demanda dos alunos e a gente não consegue atender com este recurso. Penso que seria importante que tivéssemos maior participação dos alunos em termos de definição a respeito de algumas outras ações; mas hoje pela forma como o programa está organizado e a questão legal do tipo de investimento que se pode fazer com o recurso do PNAES está um pouco engessado, eu acho que poderia abrir outras possibilidades dentro do programa para que se pudesse ter quase que um orçamento participativo na Assistência Estudantil, onde se pudesse trazer dados das características desses alunos, os anseios que eles tem em relação à instituição e o curso e o que a Assistência Estudantil poderia auxiliar nesse sentido, talvez uma maior participação do aluno na implementação e nas escolhas das ações dessa política (G3).

Sim. É efetiva porque a equipe busca resolver os problemas e busca bons resultados para o melhor desempenho do aluno aqui dentro da instituição, como por exemplo se o aluno está faltando muito a assistente social vai até a casa dele ver o que está acontecendo e procura dar todo o suporte para resolver a situação fazendo com que ele volte a estudar, assim também é em relação a questões financeiras disponibilizando o auxílio eventual em caso de necessidade, e o mesmo ocorre nas questões ligadas a saúde trabalhando a prevenção e fazendo os encaminhamentos necessários. Não vejo falhas nas ações da assistência e nem na execução do programa, a única coisa para melhorar seria sanar essa carência de psicólogo que nós temos e a necessidade de haver um pouco mais de recurso financeiro se fosse possível (G4).

Falhas e dificuldades a gente sempre tem. Vejo que algumas pessoas precisariam receber alguma qualificação para ofertar essa assistência, como por exemplo para fazer concurso para o cargo de assistente de alunos basta ter ensino médio, então ele não tem uma formação voltada para a assistência, então essa pessoa deveria receber uma formação específica para o seu cargo, para desenvolver as suas funções (G5). De acordo com as falas dos gestores, eles consideram efetivas as ações da Assistência Estudantil, porém dificuldades e falhas sempre existem, se deparam com questões burocráticas, falta de recursos humanos e financeiros, consideram a necessidade de maior participação dos alunos na definição de algumas ações, apontam sugestões para realização de cursos de capacitação para os Assistente de alunos voltado para a realização de suas funções, o que é pertinente, uma vez que, o cargo exige apenas a formação em ensino médio, etc.

Contudo é importante mencionar que várias destas questões não dependem somente da gestão do campus, pois muita coisa é definida em nível institucional, pela Reitoria, como por exemplo os códigos de vagas para ter os profissionais nos campi, divisão de recursos vem definido de acordo com o número de matrículas e tipo de curso, a maneira como são conduzidas as ações hoje não permitem uma maior participação do estudante nas discussões e definições, pois a forma como o programa está organizado e a questão legal do tipo de investimento que se pode fazer com o recurso do PNAES está um pouco engessado, e a capacitação para os Assistente de alunos é algo que deve ser realizado a nível institucional e não a nível de campus. Nesse sentido, ficam os apontamentos e sugestões trazidas pelos gestores para que na medida do possível possam ser feitas as mudanças, adequações e correções necessárias.

Questão 4 - Quanto a questão orçamentária (gestão do orçamento): Como é dividido o Orçamento no IFFar destinado a PAE e como ocorre a destinação deste orçamento no seu campus? É suficiente para dar conta das ações previstas no PNAES? O Campus investe os 5% da matriz orçamentária do campus na PAE? Fale sobre:

O recurso que vem para a Assistência Estudantil é originado por matrícula de cada estudante e por curso, e isso vai gerar um orçamento. Esse recurso vem para a reitoria e ela faz a o rateio entre as 11 unidades. Esse valor que vem é insuficiente para as ações desenvolvidas aqui, mas nós priorizamos sempre o nosso estudante, a permanência e êxito dele, então nós acabamos investindo muito além do que a legislação determina, esse ano, além do valor que veio da reitoria, comprometemos 15% do nosso orçamento de custeio do campus para as ações de Assistência Estudantil, e isso já com algumas reduções em virtude do Bloqueio orçamentário da matriz [...]é importante dizer que a partir deste ano o instituto começou a ofertar também alimentação para os cursos superiores como determina a lei, para estudantes cotistas com renda per capita de até 1,5 salários mínimos, e nós enquanto gestão fizemos um esforço em reduzir outras ações institucionais para ofertar alimentação para todos independente da cota, até porque 70% dos nossos estudantes são cotistas com renda per capita de até 1,5 salários mínimo (G1).

“A gente sempre inclui no planejamento os 5% do campus juntamente com o que vem para o campus do recurso do PNAES repassado pela Reitoria. ” (G2).

Nessa distribuição de recursos a reitoria considera o número de alunos matriculados, o tipo de curso, e o perfil socioeconômico da região, e a gente vai perceber por exemplo, que se comparar o nosso aluno por mais que tenha um grau de carência elevado ele não tem o mesmo grau de carência do que o campus Alegrete, e isso vira um fator de peso neste número que vai definir os recursos que vem pro campus. Hoje o recurso que tem vindo pro campus a gente consegue dar conta da alimentação e bolsas, e a gente só espera que não tenha o reflexo destes cortes, que por enquanto ainda não respingaram na política de Assistência Estudantil, nos recursos do PNAES, e que isso não venha a ocorrer. E sim, efetivamente o campus conta com o recurso do PNAES e investe mais os 5% do campus (G3).

Sim. Os 5% da matriz é utilizado, a nossa matriz é baixa e os recursos não estavam sendo suficientes pra nós, tanto que estávamos pedindo auxílio pra reitoria para concluir cada ano. Então do recurso do PNAES deveria ter um pouco mais de orçamento pra nós para poder aumentar o número de bolsas por exemplo, porque a gente prioriza a alimentação. Então o orçamento atende as necessidades básicas e ainda não é o suficiente (G4).

Nós investimos um pouco mais do que os 5% da matriz orçamentária do campus, o recurso não é suficiente. Hoje para dar conta de todos os alunos que realmente precisam e que ficam na fila de suplentes dos auxílios nós precisaríamos de pelo menos 10% do nosso orçamento, e nós não temos condições de fazer isso porque tem os outros custos, os outros investimentos necessários que consomem o orçamento (G5).

Nestes relatos, fica evidente, que seria necessário um maior investimento financeiro na Política de Assistência Estudantil, pois os recursos do PNAES destinados aos campi não são suficientes para dar conta de todas as ações e benefícios da PAE, os campi utilizam todo o recurso vindo do PNAES e muitos investem mais do que os 5% da matriz orçamentária do campus.