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4 SISTEMATIZAÇÃO DOS RESULTADOS: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO

4.4 CATEGORIA 3 – O PAPEL DESEMPENHADO PELA PAE NOS CAMPI DO IFFAR

4.4.1 O papel desempenhado sob a Ótica dos Gestores

Nesta terceira categoria de análise, pretende-se verificar qual o papel desempenhado pela PAE nos campi, verificando como a política de Assistência Estudantil é vista – como um direito social ou como um movimento assistencialista, bem como, buscar qual é a visão dos atores entrevistado referente a contribuição da PAE para o processo de consolidação dos

campi da Região Noroeste, considerando o processo de descentralização e interiorização da educação. E por fim, verificar quais os grandes desafios para a gestão no processo de implementação e efetividade da PAE. Segue abaixo as respostas dos gestores:

Questão 1 - Como você vê a PAE: Como um Direito Social ou como um Movimento Assistencialista (Clientelismo Político/favor)?

É um direito social, porque tem várias situações elencadas pela constituição federal que não são cumpridas, então de certa forma essa política dos Institutos federais seja ela através das formas de ensino, pesquisa e extensão e dos diversos projetos que aqui são desenvolvidos ou da Política de Assistência Estudantil, faz com quem parte daquilo que é trazido na constituição seja cumprido, então talvez se em outras situações isso não se cumpriu, um pouquinho disso acaba se cumprindo aqui (G1). Os gestores em sua totalidade veem a PAE como um direito social e não como um movimento assistencialista, vivemos em uma sociedade com muita disparidade socioeconômica, muitas pessoas vivendo em situação de vulnerabilidade social, programas de distribuição de renda se fazem necessário, mesmo que temporariamente, até que as pessoas tenham melhores condições para prover seu sustento e de sua família, conforme pode-se verificar na fala do G2.

O ideal é que não precisasse destes auxílios, mas a gente sabe que num país como o Brasil é impossível a gente não pensar em uma forma de fazer a distribuição de renda, e minimamente através de algumas políticas públicas, como bolsa família para não passar fome e os auxílios de assistência estudantil para que tenha acesso a escola de alguma forma. Então não posso pensar como movimento assistencialista porque enquanto a população de maneira geral não tiver pleno emprego e possibilidade de acesso à educação de forma democrática tem que haver estas políticas e incentivos, se não vamos para uma rota de cada vez maior concentração de renda e empobrecimento de um extrato da sociedade e vamos retroceder em termos de educação, então entendo que é um direito social (G2).

Os institutos vieram para colaborar com esta garantia de direitos e contribuir para mudar a vida de milhares de cidadãos dando oportunidades a estes através da educação, como bem relata G3.

Com certeza é um direito social. Não tenho menor dúvida disso, se pegarmos tudo o que embasou a criação dos institutos federais vamos ver que é uma das políticas mais inclusivas dentro da educação nos últimos anos, dinamiza a atividade no município, cria um potencial de formação de profissionais, de cidadãos, a partir da criação destes campi nestes municípios, os campus ofertam cursos que auxiliam a dinamizar a economia dos municípios que ajudam a dar oportunidade para estas pessoas, mantém esses jovens na região com uma oportunidade de trabalho, a chance de ele se fixar na região é muito maior, então a característica destes campi e dos cursos que a gente oferta é muito voltado para características do local, muito

particularizado com um olhar específico para demandas regionais que vejo que os institutos hoje estão conseguindo fazer muito bem, muito diferenciado das universidades de grandes centros. Os campi dos institutos foram um avanço muito grande em termos de desenvolvimento regional, e de valorizar o interior e de proporcionar oportunidade para essas pessoas que estão nestes locais (G3).

É um direito social, isso oportunizou às pessoas poder estudar. A assistência estudantil é importante, vejo como um direito social apesar de alguns usarem de outra forma, às vezes como paternalismo e assistencialismo. Muitas pessoas sem essa política não poderiam estudar. A interiorização da educação também é muito importante para o acesso e a oportunidade de ter qualidade de ensino no interior e de forma gratuita (G4).

É um direito social tranquilamente, hoje ainda a nossa população é bastante pobre, o poder aquisitivo da nossa população é baixo, e esse tipo de assistência propicia a evolução da pessoa diferentemente de que se isso fosse um assistencialismo porque daí eu escolheria os meus parceiros pra dar esse dinheiro. Então eu vejo que nesse sentido se tem uma assistência real, e tanto é que a cada dia se trabalha, se implementa, um artigo nas nossas normas pra que ela se torne cada dia mais direcionada a quem realmente precisa, que ofereça realmente oportunidade para as pessoas, e por isso eu sempre falo que nós empregamos bem o dinheiro (G5).

Portanto, a PAE é vista como um direito social, de valorização do cidadão e oportunidades iguais para todos, é uma política de inclusão social e contribui para uma melhor distribuição de renda, sendo importante e determinante para a permanência e êxito dos estudantes.

Questão 2 – Você considera a Política de Assistência Estudantil – PAE, importante para a consolidação do seu campus e dos demais campi localizados na Região Noroeste do RS?

Com certeza. É um dos diferenciais bem importante para a consolidação do campus, pois como o campus está localizado em uma região carente deste tipo de oferta de ensino, ele acaba sendo buscado por diversas pessoas que querem uma oportunidade diferenciada de estudo, de ensino de participar de projetos, e essa política de assistência estudantil faz com que as pessoas que não tem condições de vir até ela por situação financeira ou familiar, possam vir, permanecer e obter êxito na sua formação”. Então através destes recursos isso se torna possível, e é essencial para a consolidação do campus na região que estamos inseridos, uma região carente destas possibilidades de ensino público (G1).

“Sim. Esta política é determinante” (G2).

Sem dúvida. Porque a permanência e êxito dos nossos alunos é o sucesso do campus. Então se a gente não viabilizar para esses alunos não somente ingressar, mas se manter e obter o sucesso na sua formação a gente não está cumprindo com à nossa missão. Então sim, com certeza é fundamental (G3).

É importante porque aqui é uma região muito pobre, e a assistência estudantil vai ajudar a consolidar o campus porque sem alunos não temos razão de existir, então eu

considero que a Política de Assistência Estudantil é importante para a consolidação dos campi (G4).

Não tenha dúvida que sim. Porque toda vez que você oferece condições para as pessoas estudar, elas vão passar a procurar aquela instituição porque terão maior retorno, e é isso que nós temos oferecido, condições e um ensino de qualidade. E quando falamos em interiorização, isso propicia que essas pessoas que nunca pensaram em chegar lá, cheguem. O Ensino qualifica a pessoa, modifica a pessoa, do outro sentido pra vida da pessoa (G5).

Diante das colocações dos entrevistados, pode-se afirmar que a PAE é determinante para a consolidação dos campi da Região Noroeste do RS, uma vez que os campi estando consolidados contribuem através da oferta do ensino, pesquisa e extensão para uma melhor qualidade de vida das pessoas que ali vivem, contribuindo também para a colocação destas no mundo do trabalho, e para o fortalecimento da interiorização da educação e desenvolvimento local e regional.

Questão 3 – Na sua visão, qual a contribuição das ações da Assistência Estudantil no processo de consolidação dos campi do IFFar da Região Noroeste do RS?

São importantes, de suma relevância e fundamentais pra sua consolidação. Esse é um dos nossos diferenciais, vou te citar um exemplo de uma estudante que conseguiu ter atendimento odontológico apenas aqui na nossa instituição, se ela tivesse que ser atendida fora daqui a família não teria condições. Então eles encontram aqui muito além do que uma oferta pura e simplesmente de ensino, é uma formação integral do cidadão, aquilo que a política institucional sempre preza, e a questão da Assistência Estudantil, do aporte seja através dos auxílios dos programas e das ações da saúde, elas complementam isso, então são necessárias, fundamentais e consolidam a nossa instituição com certeza (G1).

Principalmente para os campi novos essas políticas em um primeiro momento ajudaram a atrair estudantes de menor renda, que não sonhariam em sair do seu bairro. Então permitiu o acesso, a permanência com qualidade, eficiência e êxito e como consequência a consolidação do campus (G2).

A permanência. Quando eu tenho permanência e êxito deste meu aluno e ele consegue desenvolver com mais tranquilidade e qualidade as ações de ensino, pesquisa e extensão, todo mundo ganha porque daí isso repercute lá fora, na comunidade. Então é isso permanência, êxito e qualidade que a gente pode dar pra esse aluno ao longo da formação dele (G3).

A Assistência estudantil tem todos os profissionais dando um suporte para os alunos e isso auxilia a eles permanecerem aqui. Então não só o auxílio financeiro é importante, mas todas as demais ações desenvolvidas contribuem para o aluno permanecer estudando aqui (G4).

A contribuição das ações da PAE no processo de consolidação dos campi, é propiciar que as pessoas permaneçam na instituição, as ações são fundamentais. (G5)

Conclui-se que as ações da Assistência Estudantil contribuem no processo de consolidação dos campi do IFFar da Região Noroeste do RS, principalmente no momento em que estas ações garantem a permanência dos estudantes, e o suporte necessário ao longo de sua formação, fortalecendo assim a interiorização da educação e o desenvolvimento local e regional.

Questão 4 - Na sua visão, qual é o papel desempenhado pela PAE no seu campus e nos demais campi do IFFar da Região Noroeste do RS?

A política de Assistência estudantil, complementa as demais ações institucionais realizadas, mas sendo a linha de frente para amparar o estudante através dos auxílios que faz com que eles permaneçam aqui, e também através dos serviços de saúde. Todas essas ações da política estudantil complementam um conjunto de ações que vão dar garantia para este estudante permanecer, embora durante sua trajetória ele passe por momentos de dificuldades diversas; então essa política de Assistência estudantil esses programas que são desenvolvidos através da PAE fazem com que o aluno permaneça na instituição e tenha êxito no propósito dele de sair daqui com uma formação integral, e despertá-los para um outro olhar, de que são capazes, de que é possível, de buscar mais aqui nos nossos cursos ou fora daqui, então toda essa política de Assistência estudantil cumpre com esse papel (G1).

Fica evidente, o importante papel social desempenhado pela PAE, de promover a inclusão social através da educação, conforme as palavras do G2.

É garantir o acesso, permitir que parcela da população se permitam sonhar em estar em um espaço qualificado, com ensino gratuito e de qualidade. Essa interiorização foi determinante para dar acesso a uma parcela grande da população e pra garantir que efetivamente essa parcela da sociedade que mais precisa venha até a gente, ainda é um desafio mostrar pra essas pessoas que existem essas políticas, que elas podem ter acesso a essas políticas e que elas venham usufruir de um ensino público. Entendo que se não existisse o instituto, e mesmo existindo o instituto sem essas políticas nós iriamos elitizar ainda mais; o objetivo da política de Assistência Estudantil é trazer os que mais precisam para este espaço (G2).

“É dar suporte à inclusão. As políticas da Assistência dão o suporte necessário pra que esse aluno possa ter a segurança e o mínimo de amparo pra poder concluir com sucesso a sua trajetória aqui dentro da instituição. Pra mim então, é a permanência e êxito desse nosso aluno” (G3).

“O papel é de consolidar o campus, e trabalhar com efetividade para garantir a permanência e êxito dos estudantes. Então, o papel da Assistência Estudantil na instituição é muito importante nesse sentido” (G4).

O papel desempenhado pela política de assistência estudantil é de propiciar que pessoas que não tinham condições de estudar, venham a ter. Fazendo com que o aluno se sinta bem e valorizado aqui dentro da instituição, com uma política de igualdade e fraternidade, oportunizando melhores condições e fazendo com que o seu desempenho seja cada vez melhor aqui dentro, e melhor ele vai ser aí fora amanhã (G5).

Assim, pode-se dizer que a visão dos gestores entrevistados sobre o papel da PAE é de uma política que oportuniza o acesso, a permanência e êxito dos estudantes. É notório o apoio que esta política dá ao estudante no seu percurso acadêmico, dando suporte social e financeiro aos estudantes, realizando ações preventivas na área da saúde, oportunizando atividades culturais e esportivas, com a finalidade de melhorando a qualidade de vida destas pessoas e efetivamente promover a inclusão social através da educação.

Questão 5 – Quais são os grandes desafios da Gestão na implementação e efetividade da PAE no seu campus?

Em primeiro lugar a falta de profissionais. Nós temos um quadro muito reduzido de profissionais que trabalham para implementar essa política. Algumas questões de legislação também trazem alguns entraves que dificultam a implementação de uma forma mais eficiente, às vezes dependemos de contratos, de mão-de–obra terceirizada, e o pouco recurso que embora venha, ainda é insuficiente pra atender o número expressivo que temos de estudantes em situação de vulnerabilidade. Hoje além da falta de pessoal e da burocracia, as ferramentas de controle ainda precisam ser mais qualificadas, então eu vejo esses como os maiores desafios (G1).

Vejo como um dos grandes desafios o acompanhamento de egressos para podermos afirmar o quão efetivo foi manter o estudante aqui e ter sido atendido pela política de AE foi determinante ou não na vida do estudante, que ele saia daqui com uma mudança na sua condição social. Alguns aspectos dentro da assistência podem ser melhorados como o atendimento à saúde principalmente, e os nossos índices de evasão que a gente tem ainda dificuldade de mensurar o quanto é restrição orçamentária, o quanto isso decorre da falta de auxílios. E como desafios e falhas da gestão, é não ter um estudo bem detalhado nesse sentido, hoje eu não sei te dizer se dos alunos que evadiram no ano passado quantos eram bolsistas e quantos não eram bolsistas, isso seria determinante para podermos dizer que precisamos de 10% e não de 5% de investimento na AE, porque isso também é a eficiência do serviço público (G2).

Os desafios da gestão é que a gente consiga sempre ter esse diálogo com os alunos pra gente compreender se está atendendo aos objetivos, se a política está repercutindo na permanência e êxito dos nossos alunos, outro desafio é que a gente consiga atender essas demandas [...] que a gente consiga conscientizar a sociedade, e as vezes os próprios servidores, que as vezes acham que essas políticas tem um caráter assistencialista, questionam as vezes os recursos investidos nessas ações, então criar uma consciência a respeito disso, da importância, da necessidade dessas ações e que essa compreensão avance pra sociedade como um todo, porque infelizmente esse tipo de questionamento da Assistência aqui dentro do campus por exemplo é o que muitas vezes a sociedade faz a respeito do bolsa família, de várias

ações que a gente sabe que são de extrema importância e que muitas vezes são colocadas como simples distribuição de recursos, e a gente sabe que não é isso[...] que a gente consiga ter uma compreensão a respeito disso, e manter a equipe cada vez mais motivada e com mais ações ligada à assistência estudantil, e ter cada vez mais servidores agregando e auxiliando pra efetivação destas ações (G3).

A dificuldade que temos é a carência desses profissionais que não temos ainda, no caso a psicóloga principalmente, e precisamos de mais assistente de alunos a medida que vai aumentando o número de estudantes na instituição. O que vai nos auxiliar positivamente em termos de efetividade é o término da construção do centro de saúde, com isso a gente vai conseguir ter mais efetividade no sentido de disponibilizar um atendimento mais apropriado”. Então o desafio maior na implementação e efetividade da PAE no momento é a questão financeira que precisamos de mais investimento, a questão estrutural que está se resolvendo agora com a construção do centro de saúde e precisamos de pelo menos um psicólogo no campus (G4).

O desafio é conseguir mais gente pra trabalhar aqui na assistência, e qualificar essas pessoas para que ofereçam mais condições para estes meninos; e outro desafio é buscar mais dinheiro pra investir nesse sentido. Já fizemos um projeto que enviamos para deputados pra ver se conseguimos uma emenda parlamentar porque queremos fazer um centro de lazer aqui para os nossos alunos, isso dá uma condição diferente, o aluno se sente mais engajado na instituição. Espero que consigamos mais um professor de Educação Física também pra realizar atividades voltadas ao esporte e de recreação juntamente com a assistência estudantil, para que os nossos alunos se sintam bem aqui, acolhidos, e tenham uma proximidade maior com a gente (G5). Em suma, entre os grandes desafios apontados na gestão, implementação e efetividade da PAE, os principais estão voltados para a busca de mais recursos financeiros para desenvolver esta política, sanar a carência de profissionais para atuar nas CAEs dos campi, a questão estrutural do setor em alguns campi, manter o diálogo sempre com os estudantes ouvindo seus anseios, necessidades e proposições, conseguir atender todas as demandas que são muitas e principalmente conscientizar a sociedade, e os próprios servidores, que as vezes acham que essas políticas tem um caráter assistencialista, muitos acabam questionam os recursos investidos nessas ações, então devemos criar uma consciência a respeito disso, da importância, da necessidade dessas ações e que essa compreensão avance pra sociedade como um todo.