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Assistência estudantil e ensino médio integrado: um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO CURSO DE MESTRADO

CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar

RECIFE 2017

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CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Katharine Ninive Pinto Silva

RECIFE 2017

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Catalogação na fonte

Bibliotecária Andréia Alcântara, CRB-4/1460

S586a Silva, Carlos Eduardo Correia.

Assistência estudantil e ensino médio integrado: um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar / Carlos Eduardo Correia Silva. – 2017.

215 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Katharine Ninive Pinto Silva.

Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, CE. Programa de Pós-graduação em Educação, 2017.

Inclui Referências, Apêndices e Anexos.

1. Educação e Estado. 2. Ensino médio. 3. Esporte e Lazer. 4. Instituto Federal de Pernambuco. 5. Programa Nacional de Assistência Estudantil. 6. Estudantes - Auxílio financeiro - Política governamental. 7. UFPE - Pós-graduação. I. Silva, Katharine Ninive Pinto. II. Título.

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CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em: 16/03/2017.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Katharine Ninive Pinto Silva (Orientadora)

Universidade Federal de Pernambuco

________________________________________________________________ Prof. Dr. Gaudêncio Frigotto (Examinador Externo)

Universidade Estadual do Rio de Janeiro

________________________________________________________________ Prof. Dr. Jamerson Antônio de Almeida da Silva (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Félix dos Santos (Examinadora Interna)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me guiou, me deu forças, tranquilidade e determinação para superar todas as dificuldades e tornar esse sonho possível.

À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE (PPGE - UFPE) e aos professores do curso que me deram a oportunidade de ampliar e qualificar meus conhecimentos, proporcionando, assim, grandes direcionamentos para a realização desta produção científica.

À Profª Drª Katharine Ninive pela forma com que me conduziu e me orientou na realização deste trabalho. Um agradecimento especial pela dedicação e disponibilidade durante todo o período da pesquisa.

Aos professores Dr. Jamerson Almeida, Dr. Gaudêncio Frigotto e Drª Ana Lúcia Felix pela aceitação do convite para compor a banca examinadora e pelas relevantes contribuições durante a qualificação.

Aos professores e pesquisadores do Grupo GESTOR, pelo apoio, incentivo e solidariedade e por compartilharem as reflexões que envolvem o tema deste trabalho. As contribuições acadêmicas e políticas de vocês foram imprescindíveis para a concretização desta dissertação.

Aos colegas do curso de Pós-Graduação em Educação pela ajuda e boas risadas nos momentos de descontração. Aprendi muito com todos.

Ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – campus Pesqueira por ter permitido a realização desta pesquisa.

A Henrique Cândido e Rita Valões, servidores da Divisão de Assistência Estudantil do campus Pesqueira, pela contribuição fundamental ao disponibilizar os documentos oficiais da Política de Assistência Estudantil e os dados de atendimento desta política no campus.

Aos entrevistados, servidores e não servidores do campus Pesqueira, pela disponibilidade e contribuição. A participação de vocês foi crucial para a produção deste trabalho. Tive a sorte de desenvolver essa pesquisa numa cidade com um povo tão acolhedor e solícito.

Aos alunos do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer (Piel) que colaboraram de forma atenciosa e prestativa, durante a coleta de dados.

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Ao meu amor Rosilene por toda ajuda domiciliar, acadêmica e motivacional. Obrigado por toda compreensão, carinho e torcida. Sem você, com certeza, seria mais difícil concluir essa caminhada.

A todos meus familiares, tios, primos, fonte de força e inspiração, a vocês devo um agradecimento mais que especial.

A meu pai pela assistência em toda a minha caminhada acadêmica. À minha querida mãe que sempre me apoiou e contribuiu com as minhas buscas pelo conhecimento. Sem ela, eu não teria chegado até aqui. Aos meus filhos, minha fonte principal de amor e felicidade. A meu irmão que está sempre pronto para me socorrer, me apoiando em todas as empreitadas. Aos meus sobrinhos que tanto me orgulham. Agradeço por compreenderem a minha ausência, terem paciência neste período e acompanharem meus progressos com alegria.

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Sê. Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina sê um arbusto no vale, mas sê o melhor arbusto

à margem do regato. Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore. Se não puderes ser um ramo, sê um pouco

de relva. E dá alegria a algum caminho. Se não puderes ser uma estrada,

sê apenas uma senda. Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela. Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...

Mas sê o melhor no que quer que sejas. Pablo Neruda

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RESUMO

Este trabalho aborda a temática da assistência estudantil através do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer (Piel), com um enfoque particular na concepção de todos os sujeitos participantes do programa. Em 2010, é criado o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que, mesmo fazendo referência apenas aos estudantes do nível superior, induziu o incremento orçamentário, através de Lei Orçamentária, da ação 2994 - Assistência ao Estudante da Educação Profissional e Tecnológica. Assim, foram disponibilizados recursos financeiros para a implementação de uma política de assistência estudantil para os estudantes dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, independentemente do nível de ensino. À vista disso, o IFPE apresenta a sua proposta de Política de Assistência Estudantil voltada para os estudantes dos cursos presenciais, inclusive os do nível médio integrado. O Piel faz parte dessa proposta e visa contribuir para o êxito escolar e para o exercício da cidadania, através de práticas esportivas e de lazer. Este estudo foi realizado com o objetivo de refletir sobre a relação entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, como uma Política de Assistência Estudantil, e a garantia da permanência escolar dos alunos usuários com auxílio do ensino médio Integrado do IFPE-Pesqueira. A metodologia utilizada teve uma abordagem qualitativa. Tratou-se de uma pesquisa de campo, e os procedimentos técnicos utilizados neste estudo foram a pesquisa bibliográfica, a análise documental e a análise de conteúdo temática (MINAYO, 1998) de entrevistas semiestruturadas e de grupos focais. Os resultados obtidos pela pesquisa revelaram que o Piel contribui para a permanência dos alunos na instituição, auxiliando, também, de certa forma, na busca da melhoria do rendimento escolar do participante. O programa se torna importante não só pelo pagamento de auxílio financeiro ao usuário, mas também pela promoção do esporte e lazer, que são atividades com oferta limitada para os adolescentes e jovens da região.

Palavras-chave: Ensino Médio. Assistência Estudantil. Esporte e Lazer. Instituto Federal de Pernambuco.

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ABSTRACT

This piece of work broaches the theme of the students’ assistance through the Programme of Incentive to Sports and Recreation (Piel), with a specific approach in the conception of every joining subject of the programme. In 2010, the National Programme of Students’ Assistance (Pnaes) was created, which even only referring to the higher education students, prompted the budget increase, through a budget law, the Act 2994 – Assistance to the Student of Professional and Technological Education. Thus, financial resources were provided for the implementation of a policy of assistance for students of the Federal Institutes of Education (IFPE), Science and Technology, regardless of the educational level. In view of this, IFPE presents its proposal of Student’s Assistance Policy directed to students of presential courses, including those of integrated high school. Piel is part of this proposal and seeks to contribute to the school success and to the exercise of citizenship through the practice of sports and recreation. This study was produced with the goal to reflect on the relation between the Programme of Incentive to Sports and Recreation, as a Policy of Students’ Assistance, and the warranty of permanence of the participating students with the help of the integrated high school of IFPE-Pesqueira. The used methodology had a qualitative approach. It is a field study, and its technical procedures were the bibliographical research, documentary analysis, and the analysis of the thematic content (MINAYO, 1998) of semi-structured interviews and focal groups. The research’s acquired results revealed that Piel contributes to the permanence of the students in the institution, also helping, in an certain way, in the pursuit of the improvement of the participants’ educational efficiency. The programme becomes important not only for its financial support to the user, but also for its promotion of sports and recreation, which are limited offer activities to teenagers and young people in the region.

Keywords: High School. Students’ Assistance. Sport and Recreation. Federal Institute of Pernambuco.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Documentos Analisados 25

Quadro 2 Execução Orçamentária de Ação 2994 77

Gráfico 1 Residência dos estudantes 92

Quadro 3 Elaborado pelo autor 92

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFs Escolas Agrotécnicas Federais 66

Andifes Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior

13

BIA Bolsa de Iniciação Acadêmica 90

Cefet Centro Federal de Educação Tecnológica 64

Cefet-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais 13 Cefet-PE Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco 16 Cefet-RJ Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca 13

CF Constituição Federal de 1988 85

CLT Consolidação das Leis do Trabalho 70

CNAS Conselho Nacional de Assistência Social 72

CNE Conselho Nacional de Educação 57

CNSS Conselho Nacional de Serviço Social 70

DAE Divisão de Assistência Estudantil 17

EaD Educação a Distância 16

EC Emenda Constitucional 56

EJA Educação de Jovens e Adultos 52

EPT Esporte para Todos 50

ETFPE Escola Técnica Federal de Pernambuco 66

FIC Formação Inicial e Continuada 23

Fonaprace Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis 13 Fundeb Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação

1

IAPs Institutos de Aposentadorias e Pensões 69

IFEs Instituições Federais de Educação 13

IFPE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco 15 IF-Sertão Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão de

Pernambuco

16

Inep/MEC Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 18

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LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 40

LOA Lei Orçamentária Anual 15

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social 71

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 72

MP Medida Provisória 60

PBP Programa Bolsa Permanência 101

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional 16

PEC/55 Proposta de Emenda Constitucional 55 61

Pibex Programa Institucional para Concessão de Bolsas de Extensão 15 Pibic Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 15

Piel Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer 17

Pnaes Programa Nacional de Assistência Estudantil 13

Pnas Política Nacional de Assistência Social 72

PNE Plano Nacional da Educação 18

PROEJA Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos

80

Reuni Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais

75

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 62

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 62

SESI Serviço Social da Indústria 71

SNAS Secretaria Nacional de Assistência Social 72

Suas Sistema Único de Assistência Social 73

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 24

Uneds Unidades de Ensino Descentralizadas 66

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 47

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

2 MARCO TEÓRICO-METODOLÓGICO ... 23

2.1 Campo de investigação e sujeitos da pesquisa ... 24

2.2 Procedimentos de coletas de dados ... 25

2.3 Análises dos dados ... 30

3 TRABALHO E EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO NEOLIBERALISMO ... 33

3.1 As categorias do trabalho ... 33

3.2 O trabalho no modo de produção capitalista e sua relação com a Educação... 35

3.3 A organização do ensino face ao modo de organização do trabalho: a qualificação e a noção de competência ... 39

3.4 A Relação entre a Educação e vagas no Mercado de Trabalho ... 43

3.5 O uso político do Esporte e Lazer ... 46

3.5.1 O uso político do Esporte e Lazer no Brasil ... 49

4 ENSINO MÉDIO INTEGRADO ... 52

4.1 As reformas educacionais para o ensino médio no Brasil ... 52

4.2 As reformas educacionais para a educação profissional ... 61

4.2.1 Rede Federal de Ensino e a construção do IFPE ... 63

4.3 Ensino médio integrado e a superação da dualidade ... 66

5 A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO ... 69

5.1 As políticas de assistência social ... 69

5.2 A Política de Assistência Estudantil ... 73

5.3 A assistência estudantil do IFPE ... 78

5.4 O Instituto Federal de Pernambuco na cidade de Pesqueira ... 80

5.5 Conhecendo o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer ... 81

5.6 Análise do regulamento do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do campus Pesqueira ... 82

6 PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER NO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO – CAMPUS PESQUEIRA COMO UMA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL ... 85

6.1 Política de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco ... 85

6.2 De onde são e quem são os estudantes do ensino médio integrado que participam do Piel ... 91

6.3 Questões sobre a organização político-administrativa do Piel ... 97

6.3.1 Assistência ao estudante: ajuda em questões pessoais, administrativas e pedagógicas no campus Pesqueira ... 104

6.3.2 Como os estudantes escolheram participar do ensino médio integrado do IFPE - Campus Pesqueira ... 106

(14)

7 O PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER E A MELHORIA

DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO ... 116

7.1 Diferenças e semelhanças entre os bolsistas e os não bolsistas em relação ao Piel ... 124

7.2 Como os docentes e coordenadores do Piel relacionam a prática esportiva e o rendimento escolar ... 130

7.3 Sobre os docentes que atuam no Piel ... 131

7.3.1 Experiência esportiva dos docentes ligados ao Piel ... 132

7.4 Concepções dos docentes, gestores, técnicos-administrativos, acadêmico e colaborador externo sobre a utilização do esporte e lazer como instrumento pedagógico ... 133

7.5 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre o Piel ... 134

7.6 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre políticas sociais e assistência estudantil ... 140

7.7 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre a relação entre o Piel e a permanência na escola ... 145

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 159

REFERÊNCIAS ... 167

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO: Grupo Focal (estudante menor de idade) ...183

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO: Grupo Focal ...184

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO: Entrevista ...185

APÊNDICE D – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS COM AUXÍLIO) ...186

APÊNDICE E – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS SEM AUXÍLIO) ...187

APÊNDICE F – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 06 ...189

APÊNDICE G – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 01 ...190

APÊNDICE H – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 05 ...191

APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADOS 02, 03, 04, 07 E 08 ...192

ANEXO A – Edital nº 02/2015 ...194

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1 INTRODUÇÃO

Durante as décadas de 1990 e 2000, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace) – órgão assessor da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) – realizou pesquisas sobre o perfil socioeconômico e cultural dos estudantes das Instituições Federais de Educação (IFEs). Os resultados destas pesquisas indicaram parâmetros para definir melhor as diretrizes para a elaboração de programas e projetos a serem realizados nestas instituições (FONAPRACE, 2012).

Na segunda Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das IFEs brasileiras, que foi realizada no período de novembro/2003 a março/2004, o quantitativo de estudantes das classes C, D, E encontrava-se em 42,8%, cuja renda média familiar mensal atingia, no máximo, R$ 927,00 e apresentavam uma situação de vulnerabilidade social. De acordo com a publicação o Fonaprace (2012), esses resultados confirmam os dados da primeira pesquisa, validando a importância de financiamento para a Assistência Estudantil nas IFEs que pudessem dar garantia de continuidade nos cursos desses estudantes mais carentes. Em 2010, com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho, foi criado o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), com o objetivo de ampliar as condições de permanência dos estudantes. No entanto, o texto do decreto diz respeito apenas aos alunos da educação superior. Surge, a partir desse decreto, a dúvida de como funcionaria a assistência estudantil nos Institutos Federais – instituição que oferece, além do ensino superior, o ensino médio integrado ao ensino profissional. Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia surgem com a Lei nº 11.892 que cria a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação. Além dos Institutos, a rede é formada pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pelos Centros Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) e pelas Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais (BRASIL, 2008).

Esta lei, em seu Art. 2º, define os Institutos Federais como

Instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. (BRASIL, 2008, art. 2).

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A Lei nº 11.892 trata, em seu Art. 6º, sobre as finalidades e características dos Institutos Federais:

I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;

II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais;

III - promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão;

IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal; V - constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento de espírito crítico, voltado à investigação empírica;

VI - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino;

VII - desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica;

VIII - realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico;

IX - promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente. (BRASIL, 2008, art. 6).

Percebe-se a singularidade dos Institutos Federais, pois são Instituições que abrangem diferentes níveis de ensino, indo do nível médio até a pós-graduação, além do estímulo à pesquisa e à extensão em todos estes níveis. Os Institutos Federais têm como finalidade desenvolver a educação profissional, mas sem deixar de lado a formação geral.

Os Institutos Federais são organizados em estrutura multicampi, com proposta orçamentária anual identificada para cada campus e reitoria, com algumas exceções, tipo benefícios aos servidores. Os campi são dirigidos por Diretores-Gerais. Com a criação do campus, o Diretor é nomeado pelo Reitor para mandato de 04 (quatro) anos, e caso seja de interesse do atual Diretor, é permitido uma recondução, após processo eleitoral no determinado campus. No processo de consulta à comunidade, atribui-se o peso de 1/3 (um terço) para a manifestação do corpo docente, de 1/3 (um terço) para os servidores técnico-administrativos e de 1/3 (um terço) para o corpo discente (BRASIL, 2008).

De acordo com Taufick (2014), apesar do questionamento sobre a funcionalidade do Pnaes para os estudantes de outro nível de ensino que não seja o superior, a criação deste

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Programa conduziu a maioria dos Institutos Federais a um movimento de criação de sua política de assistência estudantil. O mesmo autor chama atenção para o fato de que, apesar do Pnaes se referir aos alunos da educação superior, houve o incremento orçamentário, via Lei Orçamentária Anual (LOA), da ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da Educação Profissional”, que disponibilizou recursos para que os Institutos pudessem iniciar a sua política de assistência ao estudante. Diante disso, o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) apresenta a sua proposta de Política da Assistência Estudantil (Pnaes IFPE) (BRASIL, 2012), como

[...] um instrumento que visa contribuir com o processo de criação, ampliação e consolidação de programas, projetos e ações que propiciem a permanência do estudante na Instituição, ou seja, é uma política que tem como finalidade prover os recursos necessários para o estudante superar os entraves do seu desempenho acadêmico, sendo, ainda, um instrumento de fortalecimento de uma formação voltada para o exercício da cidadania. (BRASIL, 2012, p. 9). Costa (2010) ressalta que apesar desta política direcionar a maior parte das ações para as questões econômicas, voltadas para o estudante de baixa renda, percebe-se um crescimento de ações que envolvem as áreas culturais, esportivas e psicológicas, promovendo, assim, a equidade dentro desse universo, tornando a política de assistência mais ampla. Sendo assim, a assistência estudantil passa a atender tipos diferentes de pessoas com suas diferentes funções (social, pedagógica, psicológica).

A Política de Assistência Estudantil do IFPE desenvolve Programas Técnico-Científicos, Específicos e Universais. Os Programas Técnico-Técnico-Científicos, como o Pibic [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica], Pibex [Programa Institucional para Concessão de Bolsas de Extensão], Monitoria e outros, “[...] contribuem para a formação intelectual, acadêmica e profissional dos estudantes” (BRASIL, 2012, p. 15). De acordo com a Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE (BRASIL, 2012), o acompanhamento dos bolsistas é de responsabilidade das Pró-Reitorias de Ensino, Pesquisa e Extensão e de suas respectivas Diretorias nos campi.

De acordo com a proposta de Política da Assistência Estudantil (BRASIL, 2012), os Programas Específicos, como o Manutenção Acadêmica, Auxílio Financeiro, Apoio a Visitas Técnicas e Assistência ao estudante do PROEJA, atendem, prioritariamente, estudantes em situação de vulnerabilidade social e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotação. Existem também os Programas Universais, como o Acompanhamento Biopsicossocial, Incentivo à Cultura e Arte, Incentivo ao Esporte e Lazer que abrangem todos os estudantes matriculados regulamente em cursos presenciais do campus. No entanto, de acordo com o documento (BRASIL, 2012), para à concessão de

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benefício em qualquer um dos Programas relacionados acima, são considerados os critérios de vulnerabilidade social e de necessidades educacionais específicas, identificados por meio de análise socioeconômica.

Como já descrito acima, um dos programas da Política de Assistência Estudantil do IFPE é o de Incentivo ao Esporte e Lazer, que oferece um auxílio financeiro para os alunos que são escolhidos para fazerem parte da equipe de determinado esporte, após avaliação técnica-tática esportiva e socioeconômica. É possível, também, a participação nas equipes de alunos que não foram contemplados com o auxílio financeiro. O estudante, atendendo a critérios técnicos de uma determinada modalidade, poderá participar dos treinamentos esportivos e das competições.

Mas esses programas voltados para o esporte e lazer existem em todos Institutos Federais (IF´s)? Ao fazer uma busca por programas similares ao Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer nos diferentes Institutos Federais na Região Nordeste, percebe-se que são poucos os Institutos que desenvolvem programas nesta área, e os que existem são bem recentes. Em 2014, surgiu no Instituto Federal do Piauí (IFPI) o Benefício Atleta, programa de auxílio voltado para o esporte e lazer, similar ao desenvolvido no IFPE. Em 2015 foi aprovada no IF-Sertão [Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do IF-Sertão de Pernambuco] a política de assistência estudantil e um dos programas presentes no documento é o de incentivo à atividade física e lazer, ação que se propõe a contribuir para a formação física e intelectual, além de promover a inclusão social, colaborando na formação cidadã dos estudantes.

Em Pernambuco, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é representada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). O IFPE é composto por 16 (dezesseis) campi, sendo 03 (três) oriundos do CEFET-PE [Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco] (Ipojuca, Pesqueira e Recife), 03 (três) provenientes das Escolas Agrotécnicas Federais (Barreiros, Belo Jardim e Vitória de Santo Antão), 03 (três) resultantes da segunda fase da política de Expansão da Rede Federal (Afogados da Ingazeira, Caruaru e Garanhuns) e 07 (sete) da terceira expansão, em 2014 (Cabo de Santo Agostinho, Palmares, Jaboatão, Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassu), além do campus Virtual da Educação a Distância (EaD).

De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) (2015, p. 28), o IFPE tem como missão

Promover a educação profissional, científica e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, com base no princípio da indissociabilidade das ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, comprometida com uma pratica cidadã e

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inclusiva, de modo a contribuir para a formação integral do ser humano e para o desenvolvimento sustentável da sociedade.

Em Pesqueira, município do Agreste Pernambucano, 215 km distante da capital Recife, como foi citado acima, existe um campus do IFPE. Obedecendo ao Art. 7º da Lei nº 11.892, o campus Pesqueira ministra educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados (Edificações e Eletrotécnica), para os concluintes do ensino fundamental e para o público da educação de jovens e adultos e cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores. Ainda seguindo o Art. 7º, são ofertados cursos de nível superior (cursos de licenciatura em matemática, licenciatura em física e bacharelado em enfermagem). De acordo com a Lei nº 11.892, o IFPE deverá garantir o mínimo de 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para atender à educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na forma de cursos integrados. Essa diretriz deixa bem claro qual o “carro-chefe” desta Instituição.

No organograma do campus Pesqueira, existe a Divisão de Assistência Estudantil (DAE), que desenvolve vários programas voltados para o corpo discente do campus, visando contribuir para a igualdade de oportunidades e formação integral. Este setor é o responsável pelas ações da assistência estudantil e uma dessas ações é o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer (Piel).

O acesso ao ensino, como política educacional, não pode vir isolado. Tem que estar atrelado a uma política contra a evasão e a repetência, mas que não seja uma política preocupada apenas com números, mas sim, uma política que além de propiciar a permanência dos alunos na escola, busque elevar a qualidade da educação, pois manter o aluno no sistema de ensino nem sempre é o bastante para assegurar que o aprendizado aconteça. A Política de Assistência Estudantil do IFPE procura resolver parte desse problema, buscando reduzir os índices de evasão e retenção decorrentes de dificuldades de ordem socioeconômica.

Dados do censo escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que, em 2015, dos alunos matriculados no ensino médio, 6,8% evadiram. Nos anos anteriores esse percentual era ainda maior. Em 2012 9,1% deixaram de frequentar as turmas do ensino médio; em 2013 a taxa de evasão foi de 8,1%; e, em 2014, de 7,6%. De acordo com o mesmo estudo, no ano de 2015, dos matriculados no ensino médio, 11,5% reprovaram de ano. No ano anterior, esse percentual foi mais alto, 12,1% estavam nesta situação. Percebe-se uma diminuição no número de repetência e evasão no ensino médio comparando o período entre os anos de 2012 a 2015.

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Na Rede Federal, o percentual de reprovação diminuiu nesse mesmo intervalo de tempo. Em 2012, a rede apresentava 13,4% de reprovações, e, em 2015 esse número caiu para 12,4%. A taxa de abandono na rede federal não apresentou alterações nos últimos três anos: em 2013 era de 2,7%, caindo para 2,4% em 2014 e voltando para 2,7% em 2015. Apesar de não ter alterações nos índices de evasão, nota-se que essa taxa se encontra bem abaixo quando comparada com o percentual de abandono total no Brasil (incluídas as redes municipais, estaduais, federais e particulares) e com o percentual de abandono das redes públicas, na qual a rede federal faz parte. Nos últimos dois anos, a média geral de abandono no Brasil foi de 7,6% em 2014 e 6,8% em 2015. A rede pública teve uma taxa de abandono ainda maior, pois em 2014 apresentou uma taxa de 8,6% e 7,8% em 2015. Com base nesses números surge a inquietação em saber se essa diminuição tem alguma relação com as políticas adotadas pelo governo, sendo uma dessas políticas a de assistência estudantil, desenvolvida na rede federal de ensino.

Já os dados sobre o acesso ao ensino médio não são tão animadores. De uma forma geral, de acordo com Moraes e Alavarse (2011), o período de expansão do ensino médio foi de 1991 a 2010. Apesar dessa expansão, o percentual de matrícula entre 2007 e 2014 apresentou pouca diferença no número de matrículas, mostra até uma queda, podendo ser considerada uma certa estabilização nas matrículas.

Em levantamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Anísio Teixeira (Inep/MEC) em 2014, o número de matrículas no ensino médio no ano de 2007 era maior do que no ano de 2013. Em 2007 foram realizadas 8.369.369 matrículas na última etapa da educação básica, enquanto que em 2014 foram 8.300.189 matrículas; em 2015 esse número continuou caindo, ficando em 8.074,881 matrículas (BRASIL, 2015). Porém a Lei nº 13.005 que trata do Plano Nacional da Educação (PNE) 2014-2024 tem como a meta 3: “universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de quinze a dezessete anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para oitenta e cinco por cento” (BRASIL, 2014, p.53). Em 2014 essa taxa líquida se encontrava em 61,4% (IBGE/PNAD, 2015).

Levando em consideração os dados do censo escolar, as matrículas da educação profissional – concomitante, as subsequente e as integradas ao ensino médio – vêm crescendo bastante (BRASIL, 2015). A expansão da rede federal contribuiu significativamente com o aumento da oferta de matrículas.

Fazendo uma revisão sobre o tema “a Política de Assistência Estudantil no Instituto Federal de Pernambuco – IFPE”, foram encontrados três estudos. O primeiro, um artigo

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publicado por Albuquerque, Andrade, Falcão e Lima em 2012, que tem como tema: análise do perfil socioeconômico de alunos participantes da assistência estudantil do IFPE – campus Recife. Este estudo apresenta uma análise do perfil socioeconômico dos estudantes beneficiários por Programas de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – campus Recife no ano de 2011, com o objetivo de investigar se os mesmos vivem em condições de vulnerabilidade social. Os sujeitos da pesquisa eram alunos do ensino médio integrado que receberam algum auxílio da assistência estudantil em 2011.

Este estudo vem comprovar a importância de o perfil socioeconômico dos estudantes ser traçado, para que as decisões das políticas de Assistência Estudantil sejam construídas e tomadas em concordância com a demanda da população que será beneficiada.

O segundo foi um estudo realizado por Menezes et al. em 2013, sobre o programa Aluno Colaborador, um dos programas ofertados pela Política de Assistência Estudantil no IFPE, sob o tema: o programa aluno/a colaborador/a na política de assistência estudantil do IFPE e sua contribuição para o êxito escolar e a permanência dos/as beneficiados/as. Esta pesquisa teve como objetivo analisar a efetividade do programa aluno/a colaborador/a, e sua possível contribuição para a frequência regular e permanência – com êxito – dos/as beneficiados/as. Logo, buscou fazer uma análise da efetividade de um programa específico da assistência ao estudante.

O terceiro foi uma publicação feita por Queiroz, Santos, Brandão e Silva (2015) com o tema: o impacto do programa bolsa permanência na trajetória acadêmica dos estudantes do IFPE. Este estudo foi realizado com estudantes do ensino médio subsequente e buscava coletar informações com vistas a desenvolver processos de monitoramento do Programa Bolsa Permanência, verificando a sua importância para a permanência dos estudantes no Instituto Federal de Pernambuco.

Sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer não foi encontrada nenhuma pesquisa. A quantidade de estudos voltados para os programas da Política de Assistência Estudantil é pequena, sobretudo no IFPE, pois essa política, formalmente, ainda é recente nesta instituição. Faz-se necessário mais exploração nesta área, com o intuito de esclarecer os resultados obtidos na aplicação dos diferentes programas da política de assistência ao estudante e conhecer o programa pela visão dos beneficiados, assim, pode-se saber se o programa está atendendo aos objetivos propostos.

Minayo (2000) afirma que toda investigação se inicia com um problema. Segundo Laville e Dionne (1999, p. 87), “um problema de pesquisa é um problema que se pode ‘resolver’

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com conhecimentos e dados já disponíveis ou com aqueles factíveis de serem produzidos”. A partir desta problematização, a pesquisa se propôs a responder a seguinte pergunta: será que a participação dos alunos do Ensino Médio Integrado nas atividades do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, especialmente na condição de beneficiário de bolsa de Assistência Estudantil, vem influenciando na permanência escolar nesta modalidade de ensino?

Logo, pode-se dizer que o presente estudo contribuiu de forma a elucidar algumas informações da Política de Assistência ao Estudante, em especial o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, investigando se o mesmo contribui com a permanência escolar na Instituição, diminuindo a evasão e auxiliando na melhora do rendimento escolar dos estudantes participantes.

Desta forma, seguem abaixo os objetivos da pesquisa:

GERAL

Refletir sobre a relação entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, como uma Política de Assistência Estudantil, e a garantia da permanência escolar dos alunos usuários com auxílio.

ESPECÍFICOS

 Relacionar os tipos de programas oferecidos, as regras de concessão e o nível de abrangência da política de assistência estudantil, em especial o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, para os alunos do ensino médio integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – campus Pesqueira;

 Analisar as regras de atendimento e acompanhamento da Política de Assistência Estudantil, considerando o perfil socioeconômico dos alunos do IFPE – Campus Pesqueira;

 Identificar a(s) concepção(ões) da relação entre Política de Assistência Estudantil (em especial do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer) e melhoria da qualidade da educação de gestores, docentes, discentes, acadêmico, colaborador externo e técnico-administrativos relacionados;

 Comparar a relação entre a Política de Assistência Estudantil, a participação no Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a melhoria da qualidade da educação entre

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bolsistas e não bolsistas, a partir da avaliação de gestores, docentes, discentes, acadêmico, colaborador externo e técnico-administrativos relacionados.

Além da introdução, a presente dissertação inclui 6 (seis) capítulos que visam aprofundar o debate sobre alguns temas. Antes, no segundo capítulo, o estudo apresenta, a partir da problematização e dos objetivos da pesquisa, toda a sua estrutura teórica-metodológica.

No terceiro capítulo procura-se desenvolver uma reflexão sobre o neoliberalismo, que ao redefinir os padrões de acumulação, os processos produtivos e as dimensões no campo científico e tecnológico, passa a colocar novas exigências para a educação e para o trabalho.

No quarto capítulo é feito um resgate histórico acerca do ensino médio e do ensino profissional, pontuando as principais reformas ao longo do tempo, não se esquecendo de debater as contradições deste nível de ensino na busca da superação da dualidade do sistema educacional brasileiro.

O quinto capítulo apresenta a evolução histórica da Assistência Social no Brasil, assim como o resgate histórico da Assistência Estudantil até a criação da Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que é um marco na busca de mecanismos visando viabilizar a permanência e o êxito de estudantes provenientes das camadas menos favorecidas. Neste capítulo, é esclarecido o início da relação entre o Pnaes, que apenas faz referência à assistência aos estudantes do nível superior, e os Institutos Federais, que em sua maioria atendem estudantes do nível médio integrado. É apresentado, também, um breve histórico do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) e sua proposta da política de assistência estudantil. Ainda neste capítulo, o Piel, objeto de pesquisa deste estudo, é apresentado e destrinchado.

Por fim, nos capítulos seis e sete, é feita uma análise dos documentos pertinentes ao objeto de estudo e dos dados coletados em entrevistas com os sujeitos participantes do Piel.

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2 MARCO TEÓRICO-METODOLÓGICO

O campo teórico-metodológico da pesquisa torna-se importantíssimo para a qualidade do estudo científico e isso envolve a sua confiabilidade. A partir do problema e dos objetivos da pesquisa, este capítulo apresentará os procedimentos metodológicos do estudo tomando como referências os caminhos apontados por Minayo (2000).

Minayo (2000, p. 16) entende que “a metodologia inclui as concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador”. É o caminho trilhado pelo pensamento e pela ação na busca da construção do conhecimento.

Este estudo optou em desenvolver uma pesquisa qualitativa, se propondo a realizar uma compreensão própria e extensa do fenômeno social em questão. Para Minayo (2000, p. 21), a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. Portanto, o objeto de estudo foi tratado num nível de realidade que não houve uma preocupação em quantificá-lo. Sobre a pesquisa qualitativa, Chizzotti (2003, p. 221) afirma que

O termo qualitativo implica uma partilha densa com as pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível e, após este tirocínio, o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científicas, os significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa.

De acordo com Flick (2009), há uma diferença entre as ideias centrais que orientam a pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa. De acordo com este autor, os principais aspectos da pesquisa qualitativa consistem na escolha adequada de métodos e teorias. No presente estudo, lançando mão do método qualitativo, buscou-se analisar até que ponto as atividades de esporte e lazer vinculadas à assistência estudantil influenciam na permanência escolar.

A pesquisa utilizou o método de pesquisa de campo, que, de acordo com Vergara (1998), pode ser entendida como uma investigação empírica realizada no local onde acontece ou aconteceu o fenômeno, podendo incluir questionários, entrevistas e observações. Segundo Gil (2002), o estudo de campo constitui o modelo clássico de investigação no campo da Antropologia, onde se originou. Nos dias atuais, no entanto, sua utilização se dá em muitos outros domínios, como no da Sociologia, da Educação, da Saúde Pública e da Administração.

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Através do fenômeno discutido neste trabalho, buscou-se avaliar a política de assistência estudantil, por meio do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, se este contribui para a permanência dos alunos beneficiados do ensino médio integrado do IFPE-Pesqueira.

Com o intuito de realizar um estudo que fizesse uma reflexão-ação do caso estudado, utilizou-se a abordagem do materialismo histórico dialético nesta pesquisa. Desejou-se, com essa abordagem, verificar com mais rigor o objeto estudado, visando colocá-lo frente às diversas contradições possíveis. De acordo com Cunha, Souza e Silva (2014, p. 137), “O materialismo histórico dialético tem por objetivo de estudo a compreensão e a transformação da sociedade na qual o homem vive”.

A pesquisa se orientou dentro das diretrizes apontadas. Na próxima seção, será apresentado o campo da pesquisa e os sujeitos participantes da investigação.

2.1 Campo de investigação e sujeitos da pesquisa

A pesquisa aconteceu num dos campi do IFPE, uma instituição pública federal localizada no estado de Pernambuco que oferece Educação Profissional gratuita, na forma de cursos e programas de Formação Inicial e Continuada de trabalhadores (FIC), Educação Profissional Técnica de nível médio e Graduação e Pós-graduação, articulados a projetos de pesquisa e extensão.

Dentre os diversos campi em Pernambuco, foi no campus Pesqueira, cidade do Agreste pernambucano, que a pesquisa empírica foi realizada. Isso se deu pelo fato de que foi no IFPE – Pesqueira que surgiu, em 2009, o Piel, expandindo-se em seguida para os demais campi do Instituto. Portanto, surgiu a inquietação em explorá-lo a partir do local onde ele foi germinado. Além disso, buscou-se contribuir de forma a entender como a política de assistência estudantil acontece fora das grandes metrópoles e conhecer as diferentes situações vivenciadas pelos alunos do interior do estado.

Para Minayo (1998, p. 105), o campo de pesquisa, na pesquisa qualitativa, é “[...] o recorte espacial que corresponde à abrangência, em termos empíricos, do recorte teórico correspondente ao objeto da investigação”.

A pesquisa teve a participação de 25 (vinte e cinco) sujeitos. Foram entrevistados gestores (Direção Geral e Chefe da diretoria de assistência estudantil), docentes, técnicos administrativos (assistente social e chefe de manutenção), estagiário do campus Pesqueira, voluntário (colaborador externo) e os estudantes do ensino médio integrado, ou seja, contemplando todos os segmentos que participam diretamente do Piel.

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Com relação aos estudantes que frequentam o Piel, participaram da pesquisa 10 (dez) usuários com auxílios e 07 (sete) usuários sem auxílio – escolhidos de acordo com os critérios estabelecidos. Antes, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), concordando, assim, em participar da pesquisa e autorizando a utilização das informações coletados apenas para fins acadêmicos, mantendo resguardado o anonimato das declarações1.

O Piel apresenta-se como “[...] um conjunto de ações que visam contribuir para o exercício da cidadania, através de práticas esportivas e de lazer” (BRASIL, 2012, p. 33). É concedido um benefício financeiro aos alunos participantes das diferentes modalidades oferecidas pelo campus. O professor de Educação Física é o responsável pela supervisão das práticas esportivas.

2.2 Procedimentos de coletas de dados

Com relação aos procedimentos técnicos utilizados neste estudo, foram privilegiados a pesquisa bibliográfica, a análise documental, a entrevista semiestruturada e o grupo focal.

A pesquisa bibliográfica foi utilizada para descrever a temática e embasar a análise dos dados. Por meio das leituras de artigos, dissertações, teses e livros, foi possível compreender o problema da pesquisa e pensar a respeito de temas relacionados a ele. Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico sobre os temas que envolvem a pesquisa, um recorte sobre o sistema neoliberal e a relação entre trabalho e educação, as reformas educacionais, em especial no ensino médio e no profissional, um aprofundamento da Política de Assistência Estudantil nas Universidades e nos Institutos Federais com ênfase no Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer.

De acordo com Minayo (2000, p. 16), “enquanto conjunto de técnicas, a metodologia deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses teóricos para o desafio da prática”. Diante desta afirmativa, a realização da fase de coletas de dados foi orientada por três procedimentos articulados: análise documental, entrevista semiestruturada e grupo focal.

Ao trabalhar com a análise documental, Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009, p. 2) orientam para que

o uso de documentos em pesquisa seja apreciado e valorizado, pois a riqueza de informações que deles podemos extrair e resgatar justifica o seu uso em várias áreas das Ciências Humanas e Sociais porque possibilita ampliar o

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entendimento de objetos cuja compreensão necessita de contextualização histórica e sociocultural.

É importante não confundir a análise documental com a análise bibliográfica. De acordo com Gil (2002), a principal diferença está na natureza das fontes.

[...] enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas sobretudo por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de um lado, os documentos "de primeira mão", que não receberam nenhum tratamento analítico. Nesta categoria estão os documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas, tais como associações científicas, igrejas, sindicatos, partidos políticos etc. Incluem-se aqui inúmeros outros documentos como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações, memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc.. (GIL, 2002, p. 46).

Diante do que foi exposto, a presente pesquisa preocupou-se em realizar a análise de documentos que se referem, diretamente, à Política Nacional de Assistência Estudantil e à Política de Assistência Estudantil do IFPE, em especial, o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer desenvolvido no IFPE - campus Pesqueira. Por meio da análise, buscou-se estabelecer a relação da Política Nacional de Assistência Estudantil e a permanência escolar. Esse instrumento metodológico foi importante por possibilitar o acesso às diretrizes gerais que guiam a proposta da Política de Assistência do IFPE e dos programas desenvolvidos no campus Pesqueira. Seguem, no quadro abaixo, os documentos tratados na pesquisa:

Quadro 1: Documentos Analisados

01 Decreto 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil – Pnaes2

02 Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE3.

03 Resolução nº 021, de 26 de março de 2012. Aprova proposta da política de assistência estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia4.

04 Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e dá outras providências5.

05 Edital 2015 do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do IFPE - campus Pesqueira6.

2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7234.htm.

3 Disponível em:

http://www.ifpe.edu.br/campus/paulista/assistencia-estudantil/politica-de-assistencia-estudantil-anexo-da-res-21_2012-proposta-da-politica-aprovada-pelo-consup-26_03_12.pdf.

4 Disponível em:

http://www.ifpe.edu.br/campus/paulista/assistencia-estudantil/res-021-2012-consup_aprova-politica-estudantil.pdf.

5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm. 6 Anexo A

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06 Edital 2016 do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do IFPE - campus Pesqueira7.

Fonte: Desenvolvido pelo pesquisador

Percebe-se que os documentos que foram analisados na pesquisa são as normatizações da Assistência Estudantil e a legislação que se refere à instituição da Rede Federal de Ensino. Três desses documentos, referentes à Assistência Estudantil, foram disponibilizados pela Divisão de Assistência ao Estudante do campus Pesqueira; para os outros três documentos, foi preciso realizar consulta às páginas eletrônicas da instituição.

O outro procedimento utilizado foi a entrevista. Para Minayo (2000, p. 57), “a entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo. Através dela o pesquisador busca obter informações contidas nas falas dos atores sociais”. Segundo Laville e Dionne (1999, p. 187), esse procedimento “deixa o entrevistado formular uma resposta pessoal, obtém uma ideia melhor do que este realmente pensa e se certifica, na mesma ocasião, de sua competência”. Gil (2002, p. 115) lembra que “a entrevista possibilita o auxílio ao entrevistado com dificuldade para responder, bem como a análise do seu comportamento não verbal”.

A entrevista empregada foi do tipo semiestruturada, um importante procedimento para a construção do conhecimento sobre o social (MINAYO, 1998). Desta maneira, acreditou-se ser metodologicamente útil para a coleta o relato dos agentes envolvidos na pesquisa diante da política de assistência estudantil, através do Piel, no IFPE - campus Pesqueira. Sendo assim, a utilização da entrevista semiestruturada teve o objetivo de obter informações mais subjetivas, como as percepções dos agentes envolvidos sobre o Piel e sua influência na permanência do estudante na escola.

A seleção da amostra para a realização da entrevista ocorreu pelo critério de participação no Piel, foram escolhidos sujeitos responsáveis pelo desenvolvimento do Piel no IFPE - campus Pesqueira, desde sua definição orçamentária até a realização dos treinamentos esportivos. São eles: o Diretor Geral, o Chefe da Divisão de Assistência Estudantil, o Assistente Social, os Professores, os Técnicos-Administrativos, o Estagiário de Educação Física e o Voluntário. Depois do aceite, foram marcados o local e a data mais conveniente para o participante. Antes da entrevista, foi apresentado ao participante todo o teor da pesquisa e solicitado ao mesmo, após a confirmação de participação, a assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido.

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Ao realizar uma entrevista semiestruturada8, faz-se necessário seguir um roteiro de

perguntas. De acordo com Manzini (2012, p. 156),

A entrevista semiestruturada tem como característica um roteiro com perguntas abertas e é indicada para estudar um fenômeno com uma população específica: grupo de professores; grupo de alunos; grupo de enfermeiras, etc. Deve existir flexibilidade na sequência da apresentação das perguntas ao entrevistado e o entrevistador pode realizar perguntas complementares para entender melhor o fenômeno em pauta.

Assim sendo, a entrevista seguiu um roteiro de perguntas flexíveis e com espaço para questionamentos que surgiram durante a conversa, mas sempre atento em levantar questionamentos adequados que apresentassem uma relação direta com os objetivos propostos por essa pesquisa e com o intuito de esclarecer a problemática do estudo. Visando assegurar o anonimato, os entrevistados não terão seus nomes divulgados e serão citados por uma numeração escolhida de forma aleatória.

Por fim, realizou-se o grupo focal, instrumento que possibilita a interação, a observação e a escuta de vários sujeitos ao mesmo tempo.

De acordo com Minayo (1998, p. 129), o grupo focal, geralmente, é utilizado para a) focalizar a pesquisa e formular questões mais precisas; b) complementar informações sobre conhecimentos peculiares a um grupo em relação a crenças, atitudes e percepções; c) desenvolver hipóteses de pesquisa para estudos complementares.

A escolha do perfil dos participantes do grupo focal é ponto fundamental para se obter um resultado positivo na sua execução. Ela foi fundamentada tanto pelo problema da pesquisa, como pelo objetivo do estudo.

Os participantes de um grupo focal devem apresentar certas características em comum que estão associadas à temática central em estudo. O grupo deve ser, portanto, homogêneo em termos de características que interfiram radicalmente na percepção do assunto em foco. (TRAD, 2009, p. 783).

Partindo da afirmativa de Krueger e Casey (2000 apud GATTI, 2005) de que é mais fácil analisar diferenças entre usuários e não usuários de certo serviço quando eles estão em grupos separados do que quando misturados no mesmo grupo, foram formados 02 (dois) grupos focais. No primeiro, o grupo foi formado por alunos que já foram usuários com auxílio do Piel entre os anos de 2013 e 2015 e que não participaram de outro programa da política de assistência ao estudante. No segundo grupo, os participantes foram os usuários sem auxílio do Piel entre os anos de 2013 e 2015 e que não participaram de outro programa da política de assistência ao estudante. Em ambos os grupos, houve um recorte temporal recente e a participação restrita aos

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alunos do ensino médio integrado à educação profissional, de ambos os sexos. Além do mais, de acordo com Gatti (2005, p. 22), “o emprego de mais de um grupo permite ampliar o foco de análise e cobrir variadas condições que possam ser intervenientes e relevantes para o tema”.

Também foram levadas em consideração na escolha dos estudantes que participaram do grupo focal as modalidades esportivas que cada um participava. Desta forma, procurou-se dar oportunidade para que cada modalidade esportiva desenvolvida no Piel estivesse representada nos dois grupos. Esse critério de escolha surgiu diante da curiosidade em saber se o responsável por uma determinada modalidade influencia: na concepção do estudante sobre as políticas de assistência ao estudante o Piel, na permanência na escola, no rendimento escolar e na formação cidadã.

O primeiro grupo (usuários com auxílio) foi composto por 10 (dez) participantes e o segundo grupo (usuários sem auxílio) teve 07 (sete) participantes. De acordo com Gatti (2005, p. 22), o quantitativo ideal para desenvolver o grupo focal é de 6 a 12 participantes, “[...] grupos maiores limitam a participação, as oportunidades de trocas de ideias e elaborações, o aprofundamento no tratamento do tema e também os registros”.

Os encontros dos grupos focais aconteceram no próprio IFPE - campus Pesqueira, numa sala que funciona como laboratório de matemática. A sala dispõe de uma boa estrutura – é grande, disponibiliza ar-condicionado, data-show, além de uma mesa grande e cadeiras acolchoadas. Os participantes se sentiram muito bem no espaço em que os grupos focais foram desenvolvidos.

Algumas conversas informais antecederam o dia do efetivo encontro dos grupos focais, com o objetivo de negociar com os sujeitos da pesquisa qual seria o melhor dia e horário com mais disponibilidade para participarem do encontro. Logo, foi decidido que poderia ser de segunda a sexta, no turno da manhã ou da tarde. Essas conversas também serviram para encaminhar o TCLE para os responsáveis pelos participantes que não haviam atingido a maioridade na época do estudo.

Nos grupos focais o pesquisador desempenhou o papel de mediador da discussão e uma aluna do ensino médio assumiu a função de assistente, ficando responsável pelas anotações da linguagem não-verbal durante os dois encontros. Foram realizados alguns encontros com a assistente visando prepará-la para o desempenho dessa função.

Na chegada, os estudantes foram recepcionados e convidados a sentar em cadeiras perfiladas. Os grupos focais duraram, em média, duas horas e meia, distribuídas em 03 (três) momentos. No primeiro momento, aproveitando a organização dos sujeitos da pesquisa em cadeiras perfiladas, foi apresentada a pesquisa através de slides e, em seguida, houve o

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preenchimento e/ou a entrega do TCLE. No segundo momento, inicialmente, cada participante recebeu uma numeração como forma de se identificar durante a discussão, mantendo, assim, seu anonimato. A discussão foi iniciada seguindo o roteiro de questões.

O roteiro9 é parte importante do grupo focal. De acordo com Trad (2009, p. 788 apud GOMES; BARBOSA, 1999), “o roteiro de questões que irá nortear a discussão nos grupos deve conter poucos itens, permitindo certa flexibilidade na condução do grupo focal, com registro de temas não previstos, mas relevantes”.

Trad (2009) lembra que na elaboração do roteiro dos grupos é fundamental não perder de vista a ligação deste processo com o referencial teórico-metodológico adotado. Sendo assim, algumas questões que foram introduzidas no roteiro surgiram por conta do campo e do objeto que estava sendo explorado. O roteiro foi construído com o intuito de abordar os principais pontos que envolviam o objeto da pesquisa: assistência estudantil, ensino médio integrado, programa de incentivo ao esporte e lazer, permanência na escola e outros. Em ambos os grupos, neste momento de discussão, o gravador de voz ficou ligado para otimizar a coleta das informações, que posteriormente foram transcritas. Durante o grupo focal, em ambos os grupos, a assistente fez anotações para auxiliar nas análises. As anotações foram úteis para apontar momentos, gestos, nervosismos, timidez, dispersões e outros que passariam despercebidos só com a gravação.

No terceiro e último momento foi oferecido um lanche como forma de agradecimento aos estudantes que compareceram e participaram dos grupos focais. O material empírico produzido (gravações e anotações), durante os dois grupos focais, foi transcrito na íntegra para tabulação e análise.

2.3 Análises dos dados

É no sentido de obter respostas fidedignas, que desponta o método de análise. Na pesquisa científica, a análise é tão importante quanto os procedimentos de coletas. Dentre alguns tipos de análise, mostra-se interessante a análise de conteúdo, que, segundo Minayo (1998, p. 203), dentro de um ponto de vista operacional,

parte de uma literatura de primeiro plano para atingir um nível mais aprofundado: aquele que ultrapassa os significados manifestos. Para isso a análise de conteúdo em termos gerais relaciona estruturas semânticas (significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula a superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que

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determinam suas características: variáveis psicossociais, contexto cultural, contexto e processo de produção da mensagem.

Segundo Oliveira (2008), a análise de conteúdo possui diferentes técnicas que podem ser utilizadas pelos pesquisadores. Uma delas é a Análise Temática. Pretendeu-se fazer a análise dos dados coletados pela análise temática descrita por Minayo (1998, p. 209), que “consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado”.

Segundo Minayo (1998), a Análise Temática divide-se nas etapas pré-análise, exploração do material ou codificação e tratamento dos resultados obtidos e interpretação.

A pré-análise pode ser dividida nas seguintes tarefas: leitura flutuante, constituição do corpus, formulação de hipóteses e objetivos. A leitura flutuante requer o contato intenso com o material de campo. É durante essa fase que começa a emergir algumas hipóteses (MINAYO, 1998). De acordo com a autora, a constituição do corpus é a organização do material de forma que obedeça a algumas normas de validade: a exaustividade (que contempla todos os aspectos levantados no roteiro), representatividade (representação do universo pretendido), a homogeneidade (obedeça a critérios de escolhas referentes a temas, técnicas e interlocutores), a pertinência (documentos adequados aos objetivos do estudo).

A última tarefa da pré-análise é a formulação de hipóteses e objetivos. Para Minayo (1998), é necessário, nesse momento, estabelecer hipóteses iniciais, mas que sejam de tal forma flexíveis permitindo hipóteses emergentes.

Em seguida, tem-se a etapa de exploração do material, que de acordo com Minayo (1998, p. 210) refere-se, primeiramente, ao “[...] recorte do texto em unidades de registro que podem ser uma palavra, uma frase, um tema, um personagem, um acontecimento tal como foi estabelecido na pré-análise”. Em seguida, o pesquisador escolhe as regras de contagem e, finalmente, realiza a classificação e a agregação dos dados, escolhendo as categorias teóricas ou empíricas, responsáveis pela especificação do tema (MINAYO, 1998).

Por fim, tem-se o tratamento dos resultados obtidos e Interpretação. De acordo com Minayo (1998), essa fase transparece um pouco a análise de conteúdo tradicional, de caráter positivista. Porém, tem variantes que permitem tratar os resultados com significados em lugar de inferências estatísticas.

Seguindo todas as etapas descritas acima, foram utilizados nas análises: 06 (seis) documentos referentes ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco e a Política de Assistência ao Estudante; 08 (oito) entrevistas com sujeitos envolvidos na

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realização do Piel; e, 2 (dois) grupos focais – um composto por 10 (dez) estudantes usuários com auxílio do Piel e o outro composto por 07 (sete) estudantes usuários sem auxílios do Piel.

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3 TRABALHO E EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO NEOLIBERALISMO

De acordo com Paulani (2005), o neoliberalismo nasce logo após o término da Segunda Guerra. Nesse período foi lançado o texto “O Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek, escrito em 1944, que virou uma espécie de bíblia dessa nova teoria. O neoliberalismo “trata-se de uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar” (PAULANI, 2005 apud ANDERSON, 1995).

De acordo com Harvey (2007), o neoliberalismo é uma teoria sobre práticas de política econômica que procura promover e garantir direitos de propriedade privada, liberdade individual, mercados livres e livre comércio. O mesmo autor afirma que o tipo de discurso neoliberal se tornou hegemônico, sendo disseminado pelos modos de pensar e pelas práticas político-econômicas, a ponto de se incorporar ao senso comum. Frigotto e Ciavatta (2011) reafirmam que o sucesso do neoliberalismo dependia não só de uma investida no campo das ideias, mas também, na pretensão de criar um consenso conformista nas massas e reforçar a doutrina do livre mercado, da competição e da busca pelo sucesso individual. De acordo com Montaño e Duriguetto (2011), o Estado, na política neoliberal, só tem duas funções: prover uma estrutura para o mercado e prover serviços que o mercado não pode fornecer.

O neoliberalismo, ao redefinir os padrões de acumulação e os processos produtivos, traz novas exigências para a educação e para o processo produtivo. A seguir será exposto como a educação e o trabalho foram influenciados pela política neoliberal.

3.1 As categorias do trabalho

O trabalho como categoria ontológica, conforme Marx (1985), se efetivará sempre como condição do homem de transformar a natureza para satisfazer suas necessidades. Em “O Capital”, Marx, ao falar sobre o processo de trabalho, é bem claro:

O processo de trabalho, como o apresentamos em seus elementos simples e abstratos, é a atividade orientada a um fim para produzir valores de uso, apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas, condição universal do metabolismo entre o homem e a natureza, condição natural da vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as suas formas sociais. (MARX, 1985, p. 153).

De acordo com Montaño e Duriguetto (2011), o ser social desenvolve uma atividade orientada por finalidades racionalmente estabelecidas, chamadas por Luckács de “trabalho”.

Referências

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