UFPE — MA054 — 2013.2 — PROF. FERNANDO J. O. SOUZA
LISTA DE EXERC´ ICIOS 02 – v. 1.0
Assuntos: Vetores no plano; sua aplica¸c˜ao `as equa¸c˜oes da reta no plano.
Orienta¸c˜ao: Redigir solu¸c˜oes justificadas, fornecendo os passos, detalhes e propriedades relevantes.
Nota¸c˜ao: Est´a fixado um sistema de coordenadas cartesianas Oxy para o plano euclidiano. Um ponto P de coordenadas (xP, yP) no plano euclidiano ser´a denotado por P(xP, yP). A origem ´e O(0,0). J´a um vetor ~v no plano de coordenadas (vx, vy) com rela¸c˜ao a uma base fixada1 ser´a denotado por
~v= (vx, vy), evitando confus˜ao com os pontos, apesar de valer−→OP = (xP, yP).
Recordar que estudamos os conceitos e as opera¸c˜oes abaixo, e sua expres- s˜ao em coordenadas. Para todos os vetores ~v = (vx, vy) e w~ = (wx, wy) no plano, o escalar real c, e os pontosP (xP, yP) e Q(xQ, yQ) no plano:
Vetor: Formalmente, ~v simboliza uma magnitude ||~v|| e, exceto pelo vetor nulo~0, uma dire¸c˜ao e um sentido (desta dire¸c˜ao). Discutimos quatro modelos para vetores, especialmente o modelo de vetores como classes de equipolˆencia. Nele, cada segmento orientado (P, Q) representa um vetor−→P Qe pertence a ele. Em coordenadas,−→P Q= (xQ−xP, yQ−yP);
Vetor nulo: ~0 = (0,0) age de forma trivial sobre pontos (P+~0 =P), e ´e re- presentado pelos segmentos orientados degenerados: (P, P)∈−→P P =~0;
Norma (euclidiana) de um vetor: E a magnitude´ ||~v||=p
vx2+vy2 ≥0.
Em particular, ~0 ´e o ´unico vetor de norma nula. Se ~v = −→
P Q, ent˜ao
||~v|| ´e igual ao comprimento P Q do segmento de reta P Q, e ´e igual `a distˆancia euclidiana entre os pontos P e Q. Um vetor unit´ario ´e um vetor de norma igual a 1;
A¸c˜ao de um vetor sobre um ponto por transla¸c˜ao: O ponto P+~v ´e o resultado da transla¸c˜ao de P por ~v, e tem coordenadas cartesianas (xP +vx, yP +vy), o que justifica a nota¸c˜ao P +~v;
Adi¸c˜ao de vetores: ~v+w~ ´e o vetor no plano cujas coordenadas s˜ao dadas por (vx+wx, vy+wy). Geometricamente, ele pode ser obtido pela “lei
1Nesta lista de exerc´ıcios e na maior parte deste curso, usaremos a base canˆonica.
do paralelogramo”. Seu efeito sobre qualquer ponto ´e a resultante das a¸c˜oes sucessivas de~v ew, ou seja,~ P + (~v+w) = (P~ +~v) +w. O vetor~ nulo ´e elemento neutro para a adi¸c˜ao de vetores;
Vetor oposto: −~v ´e o elemento oposto (inverso aditivo) de~v. Se ~v =−→P Q, ent˜ao −~v =−→QP. Em coordenadas,−~v = (−vx,−vy);
Multiplica¸c˜ao de vetor por escalar: Se c = 0 ou ~v = ~0, ent˜ao c~v =~0;
sen˜ao, c~v ´e o vetor de magnitude |c| ||~v|| com a dire¸c˜ao de ~v, e o sentido de~v (respectivamente, oposto ao de~v) se c >0 (resp., c <0).
Em particular, 1~v = ~v, −1~v = −~v e, se ~v 6= ~0, ent˜ao: 1
||~v||~v ´e o vetor unit´ario com a dire¸c˜ao e o sentido de ~v; e os m´ultiplos de~v s˜ao os vetores com a dire¸c˜ao de ~v e o vetor nulo, cada um deles igual ac ~v para um ´unico escalar real c;
Produto escalar de vetores: ~v ·w~ = vxwx +vywy ∈ R. Se os vetores n˜ao s˜ao nulos, ent˜ao ~v·w~ = ||~v|| ||w~|| cosθ, onde θ ´e o ˆangulo entre os vetores, ou seja, ´e o ˆangulo geom´etrico entre segmentos que repre- sentam ~v e w~ a partir de uma mesma extremidade inicial, ˆangulo este cuja medida ∡θ em radianos pertence a [0, π].
Recordar os dois tipos de equa¸c˜ao de uma reta no plano que adicionamos
`aqueles da Lista de Exerc´ıcios 1. Dados vetores n˜ao-nulos~v= (vx, vy)6=~06=
~n= (a, b) e um pontoP0(x0, y0) no plano:
Vetorial: Os pontos sobre a reta r incidente a P0 e que admite ~v como vetor normal (isto ´e, r tem dire¸c˜ao ortogonal a ~v) s˜ao os pontos P (x, y) que satisfazem −−→P0P = t ~v, ou seja, P = P0 + t ~v para al- gum escalar real t. Em coordenadas, uma equa¸c˜ao vetorial para r ´e (x, y) = (x0, y0) +t(vx, vy), onde t ∈ R. Observamos que um sistema de equa¸c˜oes param´etricasparar consiste das equa¸c˜oes correspondentes a cada coordenada de (x, y) = (x0+t vx, y0+t vy). A equa¸c˜ao vetorial tamb´em equivale a uma equa¸c˜aosim´etricase, e somente se,vx 6= 0 6=vy
(cf. Exerc´ıcio 4 da Lista de Exerc´ıcios 1);
Pl¨uckeriana: Os pontos sobre a reta r incidente a P0 e que admite~n como vetor normal (isto ´e, r tem dire¸c˜ao ortogonal a ~n) s˜ao os pontos
P (x, y) que satisfazem 0 = −→n · −−→PoP. Em coordenadas, tal equa-
¸c˜ao ´e 0 = (a, b)·(x−x0, y−y0), a qual equivale `a equa¸c˜ao cartesiana 0 = ax+by+c, ondec=−(ax0+by0). Da equa¸c˜ao cartesiana2, obtemos a equa¸c˜ao reduzida e, se a reta admitir, a equa¸c˜ao segment´aria.
A equa¸c˜ao pl¨uckeriana3 est´a conectada `a reta enquanto linha de n´ıvel: a fun¸c˜ao de n´ıvel f(P) =f(x, y) =ax+by, constante ao longo de r, nada mais
´e do quef(P) =~n·−→
OP. ´E f´acil ver que ela ´e constante a partir disto: como
−→OP =−−→
OP0+−−→
P0P, temos quef(P) =~n·−−→
OP0+−−→
P0P
=~n·−−→
OP0+~n·−−→
PoP = f(P0) + 0. Logo, f(P) = f(P0) = −c.
As equa¸c˜oes vetorial e pl¨uckeriana podem ser obtidas uma da outra facil- mente porque ~v ⊥~n. Por exemplo, dado um vetor ~n = (a, b) normal a r, o vetor (b,−a) ´e um dos vetores diretores de r.
Quest˜ao 1. Sejam os vetores −u→1 = (1,2), −u→2 = (4,−3) e −→u3 = (5,1) no plano.
1.a. Numa mesma figura, representar os vetores acima por segmentos orientados com extremidade inicial na origem;
1.b. Para cada vetor dado, calcular: a norma dele; as coordenadas de seu vetor oposto; as coordenadas do vetor unit´ario com a dire¸c˜ao e o sentido dele; as coordenadas do vetor unit´ario com a dire¸c˜ao dele e o sentido oposto ao dele;
e as coordenadas de trˆes vetores n˜ao-nulos ortogonais a ele;
1.c. Calcular o cosseno do ˆangulo entre cada par de vetores distintos acima;
1.d. Calcular o n´umero realpque torna os vetores−→w = (1, p) e−u→2 paralelos (isto
´e, de mesma dire¸c˜ao);
1.e. Calcular o n´umero real p que torna os vetores −→w = (1, p) e −→u2 ortogonais (isto ´e, com dire¸c˜oes ortogonais);
1.f. Calcular as coordenadas da combina¸c˜ao linear −→u =−u→1 −2−u→2 + 2−→u3 ;
2Observemos queaebnuma equa¸c˜ao cartesiana determinam um vetor (a, b) normal `a reta descrita pela equa¸c˜ao.
3Este nome ´e adotado por alguns, mas n˜ao ´e muito difundido.
1.g. Calcular todos os poss´ıveis pares ordenados (a, b) de escalares reais tais que
~0 = a−→u1+b−u→2 ;
1.h. Calcular todas as poss´ıveis triplas ordenadas (a, b, c) de escalares reais tais que ~0 =a−u→1+b−→u2+c−u→3 ;
1.i. Calcular todos os poss´ıveis pares ordenados (a, b) de escalares reais tais que
−→
u3 =a−u→1+b−→u2 ;
1.j. Sejam−→me−→n vetores no plano que satisfazem: −→m·−→n =−3√
3; ||−→m||=√ 2;
e a medida do ˆangulo entre −→m e−→n ´e 5π/6 (radianos). Calcular ||−→n||; 1.k. Sejam −→m e−→n vetores no plano que satisfazem: −→m· −→n = 3√
3; ||−→m||=√ 2;
e a medida do ˆangulo entre −→m e−→n ´eπ/3 (radianos). Calcular ||−→n||.
Quest˜ao 2. Consideremos os pontos e retas no plano dados na Quest˜ao 1 da Lista de Exerc´ıcios 1.
2.a. Dar as coordenadas do pontoP tal que o segmento orientado (O, P) ´e equi- polente ao segmento orientado (B, C);
2.b. Dar as coordenadas do ponto Qtal que o segmento orientado (O, Q) ´e con- gruente e paralelo ao segmento orientado (B, C) e tem sentido oposto ao de (B, C);
2.c. Dar as coordenadas de pontosReSdistintos tais que cada um dos segmentos de reta OR e OS ´e congruente e ortogonal ao segmentoBC;
2.d. Dar equa¸c˜oes vetorial, param´etricas, sim´etricas, pl¨uckeriana, cartesiana, re- duzida e segment´aria para as retas: ←→BC; a paralela a ←→BC pelo ponto D; e a perpendicular a ←→BC pelo ponto D;
2.e. Dar duas equa¸c˜oes vetoriais distintas para cada reta dada, e convertˆe-las para sistemas de equa¸c˜oes param´etricas;
2.f. Dar duas equa¸c˜oes pl¨uckerianas distintas para cada reta acima, e convertˆe- las para equa¸c˜oes cartesianas.
Quest˜ao 3. (Exerc´ıcios mais sofisticados que os anteriores).
3.a. Consideremos o triˆangulo△BCEde v´erticesB(6,−2), C(2,5) e E(−1,3) da quest˜ao anterior nesta ordem c´ıclica. Dar trˆes pares desordenados distin- tos{P, Q} de pontosP eQ no plano (∈ {1,2,3}) de modo que cada par constitua um triˆangulo △OPQ congruente a △BCE (ou seja, os pontosO, P e Q correspondem, respectivamente, a B, C eE);
3.b. Utilizando vetores normais e fun¸c˜oes de n´ıvel, descrever as trˆes poss´ıveis posi¸c˜oes relativas entre duas retas no plano, partindo de suas equa¸c˜oes car- tesianas r : ax+by+c= 0 e s: ˜ax+ ˜by+ ˜c= 0. Testar sua resposta em alguns pares de retas da Lista de Exerc´ıcios 1;
3.c. Provar que, dados os vetores n˜ao-nulos −→u1 e −→u2 no plano, se
−→u1
=
−→u2
, ent˜ao os vetores −→u1+−→u2
e −u→1− −→u2
s˜ao ortogonais;
3.d. Provar que, para todo par de vetores n˜ao-nulos e n˜ao-opostos −→v1 e −→v2 no plano, o vetor −→v = 1
||−→v1||−v→1 + 1
||−v→2||−v→2 forma ˆangulos congruentes (ou seja, ˆangulos de mesma medida) com os vetores −v→1 e−v→2 ;
3.e. Provar que dois vetores −→w1 e −w→2 no plano s˜ao iguais, sabendo-se sobre eles apenas que eles satisfazem a seguinte propriedade:
Para todo vetor −→q no plano, −→w1· −→q =−→w2 · −→q.
Dica: Escolher alguns vetores −→q convenientes para serem usados, indivi- dualmente, na propriedade acima. Um caminho para se solucionar o pro- blema ´e escolher vetores −→q cujos produtos internos com qualquer vetor no plano s˜ao, conjuntamente, suficientes para determinar (identificar) aquele ve- tor. Um outro caminho ´e escolher vetores −→q que permitam mostrar que
−→w1 − −→w2 ´e o vetor nulo do plano atrav´es do uso de propriedades gerais do produto escalar e da norma.