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Turismo em áreas naturais protegidas: análise da perspectiva do planejamento turístico nas unidades de conservação em processo de criação no Polo Costa das Dunas/RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TURISMO – PPGTUR MESTRADO EM TURISMO

LINHA DE PESQUISA: TURISMO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

TURISMO EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS: Análise da perspectiva do

planejamento turístico nas unidades de conservação em processo de criação no Polo Costa das Dunas/RN

Orientanda: Fernanda Raphaela Alves Dantas

NATAL/RN 2018

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FERNANDA RAPHAELA ALVES DANTAS

TURISMO EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS: Análise da perspectiva do

planejamento turístico nas unidades de conservação em processo de criação no Polo Costa das Dunas/RN

Dissertação apresentada como requisito de título de Mestrado o no programa de Pós Graduação em Turismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Kerlei Eniele Sonaglio, Dra.

NATAL/RN 2018

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Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial – CCSA

Dantas, Fernanda Raphaela Alves.

Turismo em áreas naturais protegidas: análise da perspectiva do planejamento turístico nas unidades de conservação em processo de criação no Polo Costa das Dunas/RN / Fernanda Raphaela Alves Dantas. - Natal, 2018.

133f.: il.

Dissertação (Mestrado em Turismo) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Turismo. Natal, RN, 2018.

Orientadora: Profa. Dra. Kerlei Eniele Sonaglio.

1. Turismo - Dissertação. 2. Unidades de conservação - Criação - Dissertação. 3. Planejamento turístico - Dissertação. 4. Polo Costa das Dunas - Dissertação. 5. Parque Estadual Mangues do Potengi - Dissertação. 6. Parque Estadual do Jiqui - Dissertação. 7. Área de proteção ambiental - Dissertação. I. Sonaglio, Kerlei Eniele. II. Título.

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FERNANDA RAPHAELA ALVES DANTAS

TURISMO EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS: Análise da perspectiva do

planejamento turístico nas unidades de conservação em processo de criação no Polo Costa das Dunas/RN

Dissertação submetida ao Programa de Pós – Graduação em Turismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para título de Mestre em Turismo, na área de concentração: Turismo e Desenvolvimento Regional.

Natal/RN, 28 de fevereiro de 2018.

Banca Examinadora:

Prof.ª Kerlei Eniele Sonaglio Presidente

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Prof.º Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega Examinador Interno

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Prof.ª Cassiana Panissa Gabrielli Examinador Externo

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RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo central compreender como a gestão do Polo Turístico Costa das Dunas está se envolvendo no planejamento turístico das unidades de conservação que estão em processo de criação. O Rio Grande do Norte possui nove UC’s legalmente instituídas que corresponde cerca de 240 mil hectares, além disso, o IDEMA/RN, por meio do Núcleo de Unidades de Conservação está investindo na criação de novas unidades, e as que encontram-se localizadas no Polo Costa das Dunas são objetos do presente estudo, o Parque Estadual do Jiqui, localizado no município de Parnamirim/RN e o Parque Estadual dos Mangues do Potengi que está localizado em Natal/RN. Para construção do trabalho foram realizados levantamentos bibliográficos e documentais buscando maior aprofundamento na temática e conhecimento sobre as áreas de estudo. A pesquisa tem caráter exploratório e descritivo com abordagem qualitativa e as técnicas de análise utilizadas foram descritivas e análise de conteúdo. Dessa maneira, os resultados da investigação trouxeram o entendimento do processo de criação das UC’s, envolvimento de atores do turismo, bem como, a percepção do conselho gestor do Polo Costa das Dunas quanto aos riscos e benefícios que em potencial referente ao uso turístico em ambos os parques em criação. Destarte, constatou-se que o processo de criação dos parques encontram-se parados e as discussões referentes as UC’s são escassas no contexto de reuniões do Polo Costa das Dunas, especialmente se tratando dos Parques em criação, Mangues do Potengi e Jiqui, além disso, notou-se que os atores do turismo não foram envolvidos, até o presente momento, nas discussões sobre essas criações. Quanto a percepção dos membros entrevistados, pode-se afirmar que estes, no geral, possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre o processo de criação das UC’s. Já no tocante dos riscos e benefícios em potenciais da relação do turismo com essas áreas, infere-se que os benefícios em potencial do turismo são percebidos considerando as realidades locais nas dimensões: oportunidades econômicas; proteção natural; proteção sociocultural e qualidade de vida; e quanto aos riscos, também são compreendidos como passíveis de ocorrer nas áreas, no entanto, tendem a ser minimizados dependendo da gestão de criação, planejamento envolvendo diferentes atores, principalmente a comunidade local que na visão dos membros, necessitam de um trabalho de sensibilização e conscientização sobre relevância da criação e uso turístico nas UC’s. Dessa forma, destaca-se que o planejamento turístico no contexto do PEMAP e PEJ não vem ocorrendo de maneira integrativa com os atores do turismo, que constituem em partes interessadas desse processo, já que, a proposta de criação das áreas possui perspectiva de desenvolvimento do turismo e visitação, e sabe-se que os principais atrativos do próprio Polo encontram-se atrelados a áreas naturais protegidas.

PALAVRAS-CHAVES: Criação de UC’s; Planejamento turístico. Polo Costa das Dunas. Parque Estadual Mangues do Potengi. Parque Estadual do Jiqui.

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ABSTRACT

The present research aims to understand how the central management of the Tourist Costa das Dunas Polo are getting involved in tourism planning of protected areas that are in the process of creating. The Rio Grande do Norte has nine UC's legally established that corresponds approximately to 240,000 hectares, in addition, IDEMA/RN, through the Core of protected areas is investing in the creation of new Units, and those that are located in the Polo Costa das Dunas are objects of the present study, the Jiqui State Park located in the municipality of Parnamirim/RN and the Parque Estadual dos Mangues do Potengi is located in Natal/RN. For the construction work have been conducted bibliographic and documentary surveys seeking deeper in and knowledge of the areas of study. The research is exploratory and descriptive character with a qualitative approach and the techniques used were descriptive analysis and content analysis. In this way, the results of the investigation brought the understanding of the process of creation of the UC's, involvement of actors in the tourism, as well as the perception of the Managing Council of the Polo Costa das Dunas about the risks and potential benefits for tourist use in both parks in creation. Thus, it was noted that the process of creating the parks are stopped and discussions regarding the UC's are scarce in the context of meetings of the Polo Costa das Dunas, especially when it comes to creating parks, Wetlands do Potengi and Jiqui, in addition, It was noted that the tourism actors were not involved, so far, in the discussions on these creations. As the perception of the members interviewed, one can say that these, in General, have little or no knowledge about the process of creation of the UC's. In terms of the risks and potential benefits of the relationship of tourism with these areas, infers that the potential benefits of tourism are perceived whereas local realities in the dimensions: economic opportunities; natural protection; sociocultural protection and quality of life; and about the risks, are also understood as likely to occur in the areas, however, tend to be minimized depending on the creation, management, planning involving different actors, especially the local community which in the view of members, need a work of sensitization and awareness of relevance of creation and tourist use in UC's. Thus, we highlight that the tourism planning in the context of PEMAP and PEJ integrative way has taken place not with the actors of the tourism, who are stakeholders in this process, since the proposal for the creation of the areas has development perspective of tourism and visitation, and the main attractions of the Pole itself are linked to protected natural areas.

KEYWORDS: Creation of UC's; Tourism planning. Polo Costa das Dunas. State Park

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Lista de Figuras

Figura 1. Mapa de Unidades de Conservação Estaduais do RN ... 17

Figura 2. Unidades Estaduais de Conservação legalmente instituídas no RN ... 54

Figura 3. Mapa Unidades de Conservação em processo de criação no RN ... 57

Figura 4. Mapa Delimitação do Parque dos Mangues ... 58

Figura 5. Imagem dos Mangues do Potengi ... 59

Figura 6. Imagem do Rio Potengi. ... 59

Figura 7. Imagem de degradação na área dos Mangues do Potengi ... 60

Figura 8. Imagem de poluição na área dos Mangues do Potengi ... 60

Figura 9. Imagem do Barco Escola Chama Maré ... 61

Figura 10. Mapa Delimitação do Parque Estadual do Jiqui ... 62

Figura 11. Imagem do Jiqui Country Club ... 62

Figura 12. Imagem de paisagem da Lagoa do Jiqui ... 63

Figura 13. Imagem da Lagoa do Jiqui ... 63

Figura 14. Imagem do acesso á área do Parque do Jiqui ... 64

Figura 15. Mapa Polos turísticos e unidades de conservação em criação ... 65

Figura 16. Imagem dos Parrachos de Maracajaú ... 75

Figura 17. Imagem da Praia de Rio do Fogo ... 76

Figura 18. Imagem da APA de Jenipabu ... 77

Figura 19. Imagem de passeios de buggy na APA de Jenipabu ... 78

Figura 20. Imagem da entrada do Parque das Dunas ... 79

Figura 21. Imagem do Bosque dos Namorados ... 80

Figura 22. Paisagem da Lagoa do Jiqui ... 81

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Lista de Quadros

Quadro 1 – Levantamento de pesquisas relacionadas ao planejamento turístico

em UCs ... 22

Quadro 2 – Categorização das Unidades de Conservação ... 29

Quadro 3 – Potenciais benefícios do turismo em áreas naturais protegidas ... 36

Quadro 4 – Potenciais riscos do turismo em áreas naturais protegidas ... 38

Quadro 5 – Membros e instituições do Polo Costa das Dunas 2017 – 2020 ... 66

Quadro 6 – Seleção dos membros do Polo Costa das Dunas ... 67

Quadro 7 – Contatos com o universo da pesquisa referente a realização da entrevista ... 69

Quadro 8 – Construção do instrumento de pesquisa ... 71

Quadro 9 – Síntese de solicitações do CGE e ações realizadas pelo IDEMA... 83

Quadro 10 - Síntese de ações realizadas pelo IDEMA em 2015 ... 87

Quadro 11 – Atores e participação no planejamento do turismo no Parque do Jiqui ... 91

Quadro 12 – Atores e participação no planejamento do turismo no Parques dos Mangues do Potengi ... 92

Quadro 13 – Discussões sobre UCs no Polo Costa das Dunas período do Mapa do Turismo Brasileiro 2006 – 2008. ... 96

Quadro 14 – Discussões sobre UCs no Polo Costa das Dunas período do Mapa do Turismo Brasileiro 2009 – 2012. ... 98

Quadro 15 – Discussões sobre UCs no Polo Costa das Dunas período do Mapa do Turismo Brasileiro 2013 - 2015. ... 101

Quadro 16 – Caracterização dos entrevistados ... 103

Lista de Tabelas Tabela 1 – Motivação de demanda internacional 2011-2015 ... 14

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Lista de Siglas

ABAV/RN – Associação Brasileira das Agências de Viagens ABIH/RN – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis

ABRASEL/RN – Associação Brasileira de Bares e Restaurante do RN AMUG – Associação das Mulheres Unidas de Genipabu

APA – Área de Proteção Ambiental

APCBA – Associação dos Proprietários e Condutores de Buggys de Aluguel ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológico

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNUC – Cadastro Nacional de Unidade de Conservação

COMBRATUR – Comissão Brasileira de Turismo CONEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo

EMPROTUR – Empresa Potiguar de Promoção Turística ESEC – Estação Ecológica

FLONA – Floresta Nacional

FUNDEP - Fundação Para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar do Rio Grande do Norte

FUNGETUR – Fundo Geral de Turismo

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional MMA – Ministério do Meio Ambiente

MN – Monumento natural MTUR – Ministério do Turismo

NUC - Núcleo de Unidades de Conservação PARNA – Parque Nacional

PDTIS – Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável PNMT – Plano Nacional de Municipalização do Turismo

PNT – Plano Nacional de Turismo

PPGTUR - Programa de Pós Graduação em Turismo RDS – Reserva de Desenvolvimento Sustentável

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REBIO – Reserva biológica REFAU – Reserva da Fauna RESEX – Reserva Extrativista

RESPOSTA – Responsabilidade Social Posta em Prática RN - Rio Grande do Norte

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural RVS – Refúgio de Vida Silvestre

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SESC – Serviço Social do Comércio

SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo SESI – Serviço Social da Indústria

SETUR/RN – Secretaria de Estado do Turismo do Rio Grande do Norte SEUC PE – Sistema Estadual de Unidades de Conservação de Pernambuco SNUC – Sistema Nacional das Unidades de Conservação

UCs – Unidades de Conservação

UERN – Universidade do Estado do Rio Grande do Norte UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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À Deus por tudo que me foi concedido durante essa jornada, força, esperança e determinação. Á minha mãe, por todos os ensinamentos, incentivo e amor.

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AGRADECIMENTOS

Agradecer é uma ótima forma de reconhecer a oportunidade, carinho, amizade, confiança, amor e companheirismo de todos aqueles que estiverem comigo nesses dois últimos anos. Primeiramente o agradeço a ti Senhor, por tudo que me possibilitou viver durante esse período, dos aprendizados e conquistas, dos medos e sorrisos, das amizades e do amor. Sem ti nada sou, e não chegarei a lugar algum.

Sou grata também ao meu pilar principal que é minha família, em especial minha Mãe, Socorro Alves, que é a razão das minhas buscas e o melhor motivo dos meus sonhos, ao meu irmão Fernando Arthur, minha cunhada Maria Simões, e meu sobrinho João Arthur, os quais tanto amo, que me receberam sempre com sorrisos nas visitas em finais de semana à minha casa.

Impossível deixar de agradecer a Luana Oliveira, a pessoa mais maravilhosa que já conheci, acompanhou todos os meus momentos desse mestrado, que nunca deixou de me dar conselhos e incentivo, você é peça fundamental para realização desse trabalho, pois, nos momentos mais difíceis não deixou que eu desanimasse e nos de maior alegria comemorou comigo como se fosse tuas próprias conquistas, sempre estivestes do meu lado, obrigada por toda amizade e companheirismo.

Como sou grata por ter tido a oportunidade de ser orientanda de uma das melhores profissionais do turismo que já ouvi falar, Kerlei Sonaglio, serei sempre grata por teres acreditado em mim, e me confiando em fazer esse trabalho junto a ti, tenho orgulho de ter sido sua orientanda e de ter aprendido muito com suas orientações sempre pontuais e reflexivas, sem seus direcionamentos esse trabalho não seria possível, muito, muito obrigada por tudo.

Ao PPGTUR, meu muito obrigada à todos os professores ministrantes de disciplinas que de alguma forma contribuíram para o meu aprendizado e formação, em especial, agradeço ao professor Wilker Nóbrega, o qual foi bastante presente durante minha caminhada nesse mestrado, tenho muito orgulho de ter tido o senhor como professor de disciplina e de estágio à docência, examinador de pré-qualificação, qualificação e nesse momento final me privilegiando com sua presença e contribuições. Agradeço também a professora Cassiana por participar da qualificação e por ter aceitar estar na minha banca de defesa, seus comentários e contribuições foram relevantes e pertinentes.

Das pessoas que conheci e reencontrei nesse mestrado, posso dizer que algumas são especiais e irei levar essas amizades comigo, Carla Stefânia meu muito obrigada por sua

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amizade, por nossas conversas, carinho, você juntamente com seu marido Marcos, são pessoas maravilhosas que eu tive a dádiva de conhecer em um ambiente que é difícil encontrar pessoas que realmente estão perto torcendo pelo sucesso e conquistas. Obrigada a Deise Cristina, por sua amizade que trouxe leveza e alegria para os meus dias, sorte minha ter encontrado uma amiga tão especial. Laurytha foi uma ótima oportunidade de te conhecer de mais perto, e ver o quanto você é uma pessoa boa, amiga e prestativa, se tornou muito especial, obrigada por tudo. E claro, Rodrigo Cardoso, meu amigo, obrigada por toda força e torcida, risadas, “resenhas”, músicas, viagens e conversas, você é especial e grandemente abençoado por Deus, seu esforço e amor pela academia é contagiante.

O “Castelo de Turismo” primeiro só com Rodrigo Cardoso, Luana Oliveira e eu, e depois com a chegada de Aylana Borges e Aline Marinho, éramos 5, muito obrigada pela convivência de muitas conversas, brincadeiras e ensinamentos que sei que nós compartilhamos durante esse tempo juntos, o que resultou em uma experiência enriquecedora, tenho certeza que Deus reserva sempre o melhor para nós, e que nos encontraremos em outros momentos nessa vida, sou extremamente feliz porque o nosso castelo foi desmontado em virtude de conquistas, torço muito por vocês.

Gostaria de agradecer ao NUC/IDEMA, pela disponibilidade de documentos, bem como, de entrevista para construção dessa dissertação. Agradeço a secretaria executiva do Polo Costa das Dunas, muito prestativa no fornecimento de documentos, informações e atas do conselho. Sou grata também a todos os membros que participaram da pesquisa, seja de forma presencial ou por telefone, possibilitando assim a realização desse trabalho.

Ao projeto de pesquisa do CNPq, e grupo de pesquisa GEPPOT, coordenados pela professora Kerlei Sonaglio e Wilker Nóbrega, muito obrigada por todas as colaborações. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), obrigada pela oportunidade de realização de um mestrado com bolsa de pesquisa, sendo primordial para dedicação e construção dessa dissertação.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 12 1.1 PROBLEMÁTICA ... 13 1.2 OBJETIVOS ... 19 1.3 JUSTIFICATIVA ... 20 1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ... 23

2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: HISTÓRICO, CATEGORIZAÇÃO E CRIAÇÃO ... 25

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS NO BRASIL ... 25

2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E INSTITUIÇÃO DO SNUC ... 27

2.3 PROCESSO DE CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ... 30

3 TURISMO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES E ENTRAVES ... 33

3.1 TURISMO E A QUESTÃO AMBIENTAL ... 33

3.2 TURISMO E VISITAÇÃO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ... 35

3.3 PERSPECTIVA DO PLANEJAMENTO TURÍSTICO EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS ... 40

4 A REGIONALIZAÇÃO E INSTITUIÇÃO DE INSTÂNCIA DE GOVERNANÇA: O POLO TURÍSTICO COSTA DAS DUNAS/RN ... 45

5 METODOLOGIA ... 55

5.1 TIPO DE PESQUISA ... 55

5.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 56

5.3 UNIVERSO DA PESQUISA ... 65

5.4 TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS ... 70

5.5 TÉCNICA DE ANÁLISE ... 73

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 74

6.1 CONTEXTO HISTÓRICO DO PROCESSO DE CRIAÇÃO DAS UCS DO POLO COSTA DAS DUNAS ... 74

6.2 ATORES ENVOLVIDOS NO PLANEJAMENTO TURÍSTICO NO PROCESSO DE CRIAÇÃO DO PARQUE DO JIQUI E PARQUE MANGUES DO POTENGI ... 91

6.3 O POLO COSTA DAS DUNAS E DISCUSSÕES SOBRE CRIAÇÃO DE UCS NA REGIÃO TURÍSTICA. ... 95

6.4 PERCEPÇÃO DO POLO COSTA DAS DUNAS QUANTO AOS POTENCIAIS RISCOS E BENEFÍCIOS DO TURISMO NAS UC’S EM CRIAÇÃO .... 102

6.4.1 Oportunidades econômicas ... 104 6.4.2 Proteção ambiental ... 108 6.4.3 Proteção sociocultural... 113 6.4.4 Qualidade de vida ... 116 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 120 REFERÊNCIAS ... 123 APÊNDICES ... 129

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1 INTRODUÇÃO

O turismo, com suas características multidisciplinar e interdisciplinar, possui diversas abordagens tais como: sociais, culturais, econômicas e ambientais. Encontra-se envolvido em debates e discussões sobre os seus efeitos, componentes e enfoques. Na economia é notável a contribuição da atividade turística, sendo por vezes a maior justificativa da presença do turista nas destinações, pautada nos discursos da possibilidade de desenvolvimento trazida pelo turismo na localidade e nos benefícios relacionados ao emprego, renda e oportunidade de empreendedorismo para atender tal demanda.

O enfoque e discussão voltada para os aspectos socioculturais e ambientais advindos do turismo começam a ganhar força a partir da década de 1970, em função principalmente do crescimento do turismo de massa e dos impactos negativos percebidos diante do desenvolvimento da atividade. Com isso, surge então, maior ênfase da necessidade do planejamento turístico, que é tratado como uma ferramenta capaz de auxiliar na minimização de impactos negativos e maximização dos impactos positivos. (Ruschamann, 2010 & Dias, 2005).

Dessa forma, devido aos efeitos ocasionados pelo desenvolvimento da atividade turística, principalmente atrelado ao meio ambiente, é possível afirmar que algumas medidas de gestão e planejamento de áreas naturais foram implementadas na busca de conservar os recursos naturais, mesmo permitindo a visitação turística, como é o caso do Sistema Nacional das Unidades de Conservação - SNUC, instituído em 2000, com objetivo de ordenação e adequação da gestão das unidades de conservação.

De acordo com Suarez (2010) a instituição de um Sistema de Unidades de Conservação, com os objetivos voltados para garantia de conservação da biodiversidade foi uma das mais importantes medidas na atualidade com propósito de proteção aos recursos naturais e a vida nos diferentes ecossistemas do Brasil, além de contribuir para a não destruição ambiental dessas áreas protegidas pelo SNUC.

A criação dessas Unidades de Conservação (UC’s) acontece quando se existe uma demanda social para proteção de áreas de importância biológica e cultural, ou de beleza cênica, até mesmo como garantia do uso sustentável dos recursos naturais. São criadas por ato do Poder público após a realização de estudos técnicos e consulta pública que permitem identificar os limites e a dimensão mais adequada para a UC (SNUC, 2000).

Sendo assim, entende-se que o estabelecimento e criação de instrumentos de gestão e planejamento são pertinentes para a contribuição da conservação dos recursos naturais, e que

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cada vez mais se torna relevante a perspectiva do planejamento turístico nessas áreas, já que, o turismo é uma atividade que pode se apresentar nesse contexto como parceiro no processo de conservação desses lugares, mas também pode ser visto como uma atividade capaz de gerar efeitos socioambientais negativos.

1.1 PROBLEMÁTICA

O crescimento e desenvolvimento de técnicas e da própria ciência pós a revolução industrial trouxeram consigo melhorias nas condições de vida, no entanto, esses fatores também influenciam para mudanças significativas no meio ambiente, o aumento da população mundial, busca por hábitos e instrumentos que proporcionem mais conforto, bem como, o avanço dos transportes facilitando o deslocamento de pessoas. Esses demandam um consumo cada vez maior de recursos naturais. É nesse contexto de consumo desordenado, mudanças climáticas, desmatamento, ameaça de extinção de componentes da fauna e flora do país ou região, que a criação de unidades de conservação tem sido aliada no processo de proteção da biodiversidade.

Nesse sentido, em 2000, o SNUC foi instituído. Entre seus objetivos estão: contribuir para a conservação das variedades de espécies biológicas e dos recursos genéticos; proteger as espécies ameaçadas de extinção; promover o desenvolvimento sustentável; proteger paisagens naturais; proporcionar meios e incentivos para atividade de pesquisa científica, estudar e monitorar o ambiente; favorecer condições e promover a educação e a interpretação ambiental e a recreação em contato com a natureza; e proteger recursos naturais necessários para a subsistência cultural, social e econômica das populações tradicionais (SNUC, 2000).

De acordo com o SNUC (2000), as UC’s se dividem em categorias de uso sustentável e de proteção integral. A primeira, como a própria denominação já diz, permite o uso público e turístico, porém, de forma sustentável. Abarcam nessa categoria: Áreas de Proteção Ambiental, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional e Reserva Particular do Patrimônio Natural. A segunda tem como objetivo principal a preservação da natureza com uso indireto de seus recursos. Englobam nessa categoria: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre.

No Brasil, os números quanto às áreas naturais protegidas são expressivos. Na última atualização em 10 de julho de 2017 eram 665 unidades de proteção integral com uma área de 545. 515 km² e 1.435 unidades de uso sustentável, com área de 1.044.812 km², o que totaliza 2.100 unidades de conservação em área de 1.590.327 km². (CNUC/MMA, 2017).

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Tratando sobre as atividades econômicas potencialmente sustentáveis propostas para as UCs, o uso turístico é parte integrante. O turismo, sendo uma atividade que envolve deslocamento de pessoas, se insere nesse contexto, tendo em vista, a busca de visitantes/turistas por maior contato com o meio ambiente, seja como fuga do cotidiano agitado ou por outras motivações.

No mundo, os turistas estão cada vez mais buscando a visitação em parques e reservas na tentativa de vivenciar experiências que os aproximem e ajudem a compreender e valorizar o meio ambiente natural, no sentindo de encontrar nesses espaços aquilo que o próprio cotidiano das metrópoles não oferece mais (Lima, 2003).

No Brasil, os estudos de demanda internacional realizados pelo Ministério do Turismo (Mtur) 2011 – 2015 apresentam resultados pertinentes nessa discussão, ao trazer entre as principais motivações das viagens a lazer, o contato com a natureza, ecoturismo ou turismo de aventura como o segundo segmento dessa motivação predominante nas últimas pesquisas (ver tabela 1).

Motivo da viagem 2011 (%) 2012 (%) 2013 (%) 2014 (%) 2015 (%) 2016 (%)

Lazer 46,1 46,8 46,5 54,7 51,3 56,8

Negócios, eventos e convenções 25,6 25,3 25,3 21,9 20,2 18,7

Outros motivos 28,3 27,9 28,2 23,4 28,5 24,5

Principais motivações das viagens a lazer

Sol e praia 62,1 64,2 65,9 49,2 69,4 68,8

Natureza, ecoturismo ou aventura. 24,6 21,3 19,0 12,8 15,7 16,6

Cultura 9,4 10,6 11,4 10,3 12,1 9,7

Esportes 1,6 1,9 1,8 1,7 1,5 1,3

Diversão noturna 0,9 0,9 0,9 0,4 0,6 0,5

Viagem de incentivo 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2 0,1

Lazer Copa do Mundo (2014) e Lazer relacionado a grandes eventos (2016)

- - - 25,0 - 2,8

Outras motivações a lazer 1,0 0,8 0,7 0,4 0,5 0,2

Tabela 1 – Motivação de demanda internacional 2011-2015.

Fonte: Estudo de demanda turística internacional Brasil 2011 – 2016. (Brasil, 2016).

Como é possível notar na tabela 1, ao que se refere motivação da demanda internacional existe predominância em motivação a lazer nos últimos cinco anos. Além disso, as pesquisas mostram a busca dos turistas por contato com a natureza, ecoturismo ou turismo de aventura, sendo o segundo maior segmento dessa motivação, que apesar de uma sequência decrescente de 2011 a 2014, em 2015 volta a crescer.

Pode-se analisar que no ano de 2014 houve uma queda em todas as motivações das viagens a lazer, e esse fato possivelmente está atrelado ao megaevento Copa do Mundo. No entanto, observa-se uma presença considerável do segmento natureza, ecoturismo e turismo de aventura na motivação a lazer nos últimos cinco anos.

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No entanto, a visitação realizada sem limites, planejamento e sem práticas que corroborem com a conservação do espaço, pode resultar em impactos negativos em múltiplas dimensões sociais, econômicas, culturais e ambientais. Nesse sentido, o planejamento turístico deve ser entendido como uma ferramenta indispensável para a gestão e organização das unidades de conversação que permitem o uso público e turístico.

Os desafios para ao mesmo tempo alcançar a conservação do meio ambiente natural das UCs, juntamente com o uso público e turístico, tem sido discutido em diferentes âmbitos, e o entendimento é que, sem gestão, planejamento e monitoramento das atividades nesses espaços, o crescente número de visitação em áreas naturais pode resultar em danos e prejuízos irreparáveis.

Pensar e realizar o planejamento turístico em áreas naturais protegidas é pertinente, já que o uso para o turismo ou visitação desses lugares é proveniente a riscos de impactos ambientais. Destarte, compreende-se que planejar é inferir principalmente ao futuro, na perspectiva de pensar ações e desenvolvimento de atividades de forma que os efeitos indesejáveis sejam minimizados.

Além disso, esse planejamento deve acontecer de forma integrada e com participação de atores envolvidos no processo e no ambiente, como: a) gestores das unidades, que devem garantir a participação e controle social na gestão e implementação; b) comunidade local, visto que, o SNUC prevê entre suas diretrizes a participação efetiva das populações locais na criação, implantação e gestão das unidades; c) e visitantes que de acordo com Barros (2003) & Vallejo (2013) entre as necessidades para melhor adequação do uso público está o conhecimento sobre os tipos de visitantes e seus anseios, já que estes se constituem em um público com elementos norteadores na definição dos planos e estratégias de manejo.

No Rio Grande do Norte, o órgão responsável pela gestão e criação de Unidades de Conservação é o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente - IDEMA/RN, por meio do Núcleo de Unidades de Conservação – NUC, instituído pela portaria nº 455 de 26/12/2003, com a missão de planejar, definir, propor a criação, implantar e gerir as UCs de forma participativa, além disso, tem finalidade de cumprir o que é estabelecido no SNUC.

O Estado do Rio Grande do Norte (RN), de acordo com o IDEMA (2014), possui 238 mil hectares em Unidades Estaduais de Conservação, correspondente a 4,5% do território total do Estado, porém, essas áreas predominam em uma determinada localização no litoral potiguar, sendo 2,58% no ecossistema marinho, 1,08% no ecossistema costeiro, 0,8% em ecossistema de mata atlântica e o restante na caatinga. A seguir, as Unidades de Conservação Estaduais legalmente instituídas:

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 Parque Estadual Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”;

 Parque Ecológico Pico do Cabugi;

 Parque Estadual Florêncio Luciano;

 Parque Estadual Mata da Pipa;

 Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíras;

 Área de Proteção Ambiental Piquiri-Una;

 Área de Proteção Ambiental Jenipabú;

 Área de Proteção Ambiental Recifes de Corais;

 Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão.

Das UC’s mencionadas, 6 estão localizadas no litoral potiguar, quais sejam: as APAs Bonfim-Guaraíras; Piquiri-Una; Jenipabú e Recifes de Corais, bem como, os Parques Estaduais Dunas do Natal “Jornalista Luiz Maria Alves”; e Mata da Pipa.

Como pode ser visto na Figura 1, além das 6 UCs instituídas, o IDEMA (2014) está investindo na criação de novas Unidades Estaduais de Conservação que representarão um incremento superior a 120 mil hectares, esse acréscimo fará com que o Estado alcance 360 mil hectares de áreas naturais protegidas, correspondendo a 6,8% do território estadual. A seguir, as Unidades Estaduais que estão em processo de criação:

 Área de Proteção Ambiental Dunas do Rosado, nos municípios de Areia Branca e Porto do Mangue;

 Área de Proteção Ambiental das Carnaúbas, contemplando os municípios de Assu, Afonso Bezerra, Alto do Rodrigues, Carnaubais, Ipanguaçu e Pendências;

 Monumento Natural das Cavernas de Martins, no município de Martins;

 Parque Estadual dos Mangues do Potengi, em Natal;

(20)

Figura 1. Mapa de Unidades de Conservação Estaduais do RN (criadas e em criação).

Fonte: projeto CNPq, 2017.

Como pode ser visto na Figura 1, o Parque Estadual dos Mangues do Potengi e o Parque Estadual do Jiqui estão localizados no Polo Turístico Costa das Dunas, região litorânea potiguar, sendo assim, compõe o objeto de pesquisa do presente trabalho. Justifica-se a escolha por ambos encontrarem-Justifica-se na categoria de Proteção Integral, mas ao mesmo tempo, possuir na legislação específica das UC’s a permissão de uso público e o incentivo a atividade turística. Além disso, ambos encontram-se em áreas que são contempladas na instância de governança regional no Polo Turístico, o que chama atenção para a necessidade de investigação do envolvimento dessa gestão na criação das UCs.

O Parque Estadual do Jiqui está localizado no município de Parnamirim/RN, compreende uma área de 395 hectares, possuindo área rica em biomas e ecossistemas. O Parque Estadual dos Mangues está localizado em Natal/RN, com abrangência de 824,43 hectares, também com relevantes aspectos ambientais, principalmente com enfoque nas florestas manguezais. (Fundação para o Desenvolvimento Sustentável da Terra Potiguar do Rio Grande do Norte - FUNDEP & Instituto de Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte - IDEMA, 2009).

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No Plano de Ação Emergencial dos dois Parques Estaduais em processo de criação é possível notar o interesse de obter condições de manejo com parâmetros estratégicos que possibilitem a realização de pesquisas científicas, atividades de educação ambiental e o turismo ecológico com subsídios suficientes para atender as necessidades dos visitantes. (FUNDEP & IDEMA, 2009).

Nesse contexto, é relevante destacar que no Brasil, essa perspectiva de turismo ecológico ganha força com a nova configuração e evolução das políticas de turismo, trazendo diretrizes específicas de turismo em UCs. Além disso, o enfoque na regionalização e segmentação da atividade turística constituem as principais estratégias da política de desenvolvimento do turismo no País, apresentando entre seus resultados o destaque para o Ecoturismo (Cavalcante & Furtado, 2011).

Dessa forma, a política de turismo no Brasil em 2003, com a criação do Ministério do Turismo passa a ter novas abordagens, principalmente no que se refere à descentralização, e maior autonomia para as regiões. Sendo assim, foram criadas regiões turísticas no País, com objetivos voltados para a maximização da atividade de maneira adequada em cada região. Nesse sentido, o programa de Regionalização do Turismo traz consigo a concepção de primordialidade das negociações e interações de atores locais com fins de estabelecimentos de vínculos de confiança e de parceria contribuindo para o ordenamento da atividade turística (Machado & Tomazzoni, 2010; Silva, 2014).

Nesse contexto, é pertinente destacar a relevância da Institucionalização de Instâncias de Governança Regional, responsável pelo estabelecimento de uma organização gestora de uma região turística, contando com a reunião de atores públicos, privados e da sociedade civil, com o objetivo principal de discutir e acordar ações públicas que possam atender às particularidades de cada região (Brasil, 2007; Silva, 2014).

No RN, foram delimitadas cinco Regiões Turísticas, denominadas de Polos Turísticos, são eles: 1 – Polo Turístico Costa das Dunas; 2 – Polo Turístico Costa Branca; 3- Polo Turístico Agreste; 4 – Polo Turístico Seridó; e 5 – Polo Turístico Serrano. (SETUR/RN, 2017).

O Polo Costa das Dunas instituído em 2005, de acordo com a Secretaria de Turismo do RN (http://natalbrasil.tur.br/, acesso em 22 de Março, 2017) abrange 17 municípios, são eles: Baía Formosa, Canguaretama, Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Maxaranguape, Natal, Nísia Floresta, Parnamirim, Pedra Grande, Rio do Fogo, São Gonçalo do Amarante, São José do Mipibu, São Miguel do Gostoso, Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul e Touros.

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Possui atualmente 36 membros conselheiros titulares, entre eles, representantes do setor público, privado, sociedade civil, órgãos ambientais e membros de comunidades interessadas.

Considerando a abordagem do turismo no contexto da criação dessas UC’s, bem como, sendo uma atividade incentivada principalmente na categoria de Parques Nacionais do SNUC, faz despertar o interesse de entender como uma instância de governança regional, que trabalha com o planejamento e desenvolvimento do turismo baseado na realidade da região, está sendo envolvida no processo de criação de UC’s, já que ambos os Parques se inserem no Polo Turístico Costa das Dunas, sendo relevante também investigar as percepções dos membros do Polo sobre potenciais riscos e benefícios do turismo nessas áreas.

Diante do exposto, a questão problema que norteará a presente pesquisa é: De que forma o Conselho Gestor do Polo Turístico Costa das Dunas está sendo envolvido no processo de criação de unidades de conservação do RN, e qual a percepção desses membros em relação aos potenciais riscos e benefícios do turismo nessas áreas?

1.2 OBJETIVOS

Objetivo Geral

Compreender o envolvimento do Conselho Gestor do Polo Turístico Costa das Dunas no planejamento turístico das unidades de conservação em processo de criação Parque Estadual Mangues do Potengi e Parque Estadual do Jiqui/RN.

Objetivos específicos

a) Contextualizar historicamente o processo de criação e gerenciamento das Ucs do Polo Costa das Dunas;

b) Identificar os atores que estão envolvidos com o planejamento turístico na criação do Parque Estadual Mangues do Potengi e o Jiqui;

c) Avaliar as discussões que ocorrem nas reuniões do Polo Costa das Dunas sobre as unidades de conservação que estão sendo criadas no RN.

d) Investigar a percepção dos membros do Conselho Gestor do Polo Costa das Dunas quanto aos potenciais riscos e benefícios do turismo em unidades de conservação.

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1.3 JUSTIFICATIVA

A necessidade de conservação das áreas naturais protegidas surge no Brasil no contexto de degradação e efeitos negativos ocasionados pelo mau uso dos recursos naturais, dessa forma, a implementação de UCs com categorias que permitem o uso público e visitação turística necessitam de estudos referentes ao processo de planejamento na perspectiva de minimização de prejuízos ambientais, sociais e culturais.

No Brasil a criação de UCs é baseada em metas da Convenção sobre Diversidade Biológica, para isso, o País tem procurado ampliar a área protegida por UC, que são criadas por ato do Poder Público (Federal, Estadual ou Municipal) após a realização de estudos técnicos e consulta pública, sendo essas ações realizadas antes da criação, pois, isso pode vir a facilitar a participação da sociedade de forma ativa no processo dando suporte para aprimorar a proposta de criação e desenvolvimento das unidades (Leite, Geiseler & Pinto, 2011).

No Polo Costa das Dunas/RN, existem UCs legalmente instituídas1 e outras que estão em processo de criação, como é o caso do Parque Estadual do Jiqui, localizado no município de Parnamirim que possui área rica em ecossistemas tais como: lótico (Rio Pitumbu e Taborda), ecossistema lêntico (lagoa do Jiqui) e alguns fragmentos de floresta estacional da Mata Atlântica (Mata do Jiqui), bem como o Parque dos Mangues localizado em Natal, também com relevante apelo para os ecossistemas de manguezais.

O processo de criação de uma UC deve envolver a participação de diferentes atores que possuem ligação e serão afetados após instituição desse espaço. No caso das unidades que estão sendo criadas no Polo Costa das Dunas, ambas pertencem a categoria de Proteção Integral Parques Nacionais - PARNA, na qual é incentivada a visitação e uso turístico do espaço de forma sustentável. Nesse sentido, entende-se que é pertinente a busca por compreender se a instância de governança regional, denominada de Polo Turístico Costa das Dunas está sendo envolvida nesse processo, e qual a percepção dos seus membros quanto aos potenciais riscos e benefícios que o turismo pode trazer para esses espaços.

Acredita-se que a pesquisa traz contribuições em diferentes aspectos, por se tratar de uma investigação que abrange membros representativos da sociedade civil, setor público e privado, e pesquisadores, sendo então, uma maneira de abarcar as percepções de diversos setores sobre como o turismo pode contribuir ou não nas UCs que estão sendo criadas.

1 Área de proteção ambiental Bonfim-Guaraíras; Área de Proteção Ambiental Jenipabú; Área de Proteção Ambiental Piquiri-Una; Área de Proteção Ambiental Recife dos Corais; Parque Estadual Mata da Pipa; Parque Estadual Dunas de Natal.

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O órgão responsável pela criação das UCs no Estado é o IDEMA, que por meio dos resultados do trabalho, poderá obter informações que tendem a contribuir no processo de criação e auxiliar no planejamento do turismo nas áreas, com vista à maximização dos benefícios em potencial e minimização dos riscos em potencial. Sendo assim, acredita-se que o presente trabalho poderá fornecer dados e resultados pertinentes a esse processo.

Na perspectiva de contribuição acadêmica é possível ver no quadro 1 um levantamento realizado no Portal da CAPES, nas bibliotecas da UFRN e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN, bem como, no Programa de Pós Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - PPGTUR/UFRN. Foram utilizadas inicialmente na busca das palavras-chaves: planejamento turístico; e unidades de conservação, e nas buscas em que não existiam resultados para essas palavras, procurou-se por: turismo; e unidades de conservação. O quadro 1, mostra os resultados quantitativos da busca, em seguida as pesquisas que possuíam maior proximidade com a temática do presente trabalho, e bem como, os objetivo desses.

Na busca realizada no portal da CAPES, foram encontrados 7 resultados com as palavras-chaves: planejamento turístico e unidades de conservação, no entanto, após a leitura do resumo e introdução foi possível notar que apenas 2 desses trabalhos possuem abordagem próxima do presente pesquisa.

Quanto à pesquisa na biblioteca da UFRN em dissertações e teses não foram encontradas na busca com as palavras-chaves: planejamento turístico; e unidades de conservação. Dessa forma, optou-se por realizar nova busca com as palavras-chave: turismo; e unidades de conservação, os resultados foram de 3 dissertações e 2 teses, sendo relevante destacar que apenas uma dissertação e uma tese possui maior aproximação com a temática do presente trabalho. Na pesquisa da biblioteca da UERN, apenas um trabalho foi encontrado, com palavras-chave: turismo; e unidades de conservação, no entanto não foi possível ter acesso ao documento.

No PPGTUR pode-se afirmar que das 100 dissertações de mestrado e 02 teses de doutorado defendidos até janeiro do ano de 2018, existem alguns trabalhos que abordam a temática de turismo e unidades de conservação que encontram-se dentro do Polo Costa das Dunas, no entanto, não é contemplada nenhuma UC em criação.

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PALAVRAS-CHAVE BUSCA EM/ QUANT. ENCONTRADO.

TRABALHOS COM OBJETIVOS PRÓXIMOS DESTA PESQUISA

Planejamento turístico + Unidades de conservação

Portal CAPES 07 A eficácia do planejamento turístico sustentável em unidades de conservação da natureza: o caso do Delta do Rio Jacuí/RS. Branco F., Cícero, C.; Basso, L. A. (2013). Objetivo: Colaborar para o desenvolvimento de estudos que sirvam de embasamento para a consolidação de uma proposta de implementação de um plano de gestão em áreas legalmente protegidas com base na prática do planejamento turístico.

Trajetórias do Jaguary – unidades de conservação, percepção ambiental e turismo: um estudo na APA do Sistema Cantareira, São Paulo. Hoeffel, J.; Fadini, A.; Machado, M.; Reis, J. (2008). Objetivo: Analisar como as percepções, interesses e valores de diferentes atores sociais conduzem a conflitos de uso em unidades de conservação, em especial na Área de Proteção Ambiental do Sistema Cantareira (APA Cantareira). Planejamento turístico + Unidades de conservação Biblioteca UFRN – teses e dissertações

00 Não foram encontrados trabalhos com essas palavras-chave.

Turismo + Unidades de conservação Biblioteca UFRN – teses e dissertações 05 02 teses e 03 dissertações

A transdisciplinaridade no processo de planejamento e gestão do ecoturismo em unidades de conservação. Sonaglio, K. E. (2006). Objetivo: Propor uma metodologia transdisciplinar para o processo de planejamento e gestão do ecoturismo em Unidades de Conservação.

Gestão participativa em unidades de conservação e representatividade da atividade turística: o caso da área de proteção ambiental dos Recifes de Corais (RN). Paiva, Naia Valeska Maranhão de. (2014) Objetivo: Analisar os mecanismos e processos de gestão participativa, sob o enfoque da atuação do conselho gestor, da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC).

Planejamento turístico + Unidades de conservação

Biblioteca UERN

00 Não foram encontrados trabalhos com essas palavras-chave.

Turismo + Unidades de conservação

Biblioteca UERN

01 Sem acesso ao material digital

Planejamento turístico + Unidades de conservação

PPGTUR 01 DESAFIOS DO PLANEJAMENTO E GESTÃO TURÍSTICA: Enfoque analítico sobre a Área de Proteção Ambiental Bonfim-Guaraíra, Estado do Rio Grande do Norte. Fonseca, I. L. (2017). Objetivo: Analisar os desafios socioambientais, econômicos, culturais e turísticos presentes no contexto da APABG e suas implicações no processo de planejamento e gestão do turismo.

Turismo + Unidades de conservação

PPGTUR 05 Turismo, unidades de conservação e inclusão social: Uma análise da Área de Proteção Ambiental dos Recifes de Corais (APARC) e Área de Proteção Ambiental de Jenipabu (APAJ), RN. Oliveira, W. A. (2017). Objetivo: Conhecer como o planejamento e a gestão do turismo no âmbito da (APAJ) e (APARC) vem sendo desenvolvido sob a ótica da inclusão social das populações tradicionais do entorno.

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Com base no quadro 1, que considera alguns dos principais canais de buscas de dissertações e teses, observa-se que são escassos trabalhos que tratem sobre a perspectiva do planejamento turístico voltado principalmente para áreas naturais protegidas que passam pelo processo de criação, o que reafirma como relevante à análise do presente estudo.

Justifica-se ainda a relevância do trabalho por possuir a temática inclusa no contexto de um projeto de pesquisa da UFRN/CNPq intitulado como: Avaliação do desempenho das instâncias de governança no processo de planejamento e gestão do turismo nas Unidades de Conservação Estaduais do Rio Grande do Norte. O objetivo geral é avaliar o desempenho das instâncias de governança que atuam no processo de planejamento e gestão do turismo nas UCs Estaduais que estão em processo de criação no Estado do Rio Grande do Norte. Neste, contexto, o presente trabalho tende a contribuir no sentido de abarcar questões como envolvimento de instância de governança regional no processo de planejamento da criação de unidades de conservação dentro de regiões contempladas pelo Polo Costa das Dunas, bem como, contribuirá com o fornecimento de informações sobre percepções do Conselho Gestor quanto à realização da atividade turística nessas unidades em criação.

Quanto à justificativa pessoal da autora do trabalho, pode-se afirmar que a afinidade por pesquisar questões voltadas para o planejamento do turismo foi determinante, no sentido de entender o envolvimento de uma instância responsável pelo planejamento e gestão regional dessa atividade com integração de diferentes atores, trouxe maiores incentivos para investigação. Quanto à temática: Unidades de Conservação, que se encontra em processo de criação, acredita-se que esse fato tornou-se uma oportunidade de pensar e pesquisar algo que poderá contribuir no planejamento antecedente a criação e os possíveis resultados da atividade turística nessas áreas.

1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

O presente trabalho encontra-se organizado em quatro partes, inicialmente apresentada a introdução que está desmembrada nos seguintes aspectos: problemática, objetivos da pesquisa, justificativa e a organização do trabalho.

Em seguida, constará o referencial teórico que está organizado em quatro tópicos: O primeiro tópico é intitulado como: Unidades de conservação: histórico, categorização e criação, constituído de um breve histórico das áreas naturais protegidas no Brasil; em seguida, o processo de categorização e instituição do SNUC; e por fim é dado enfoque para o processo de criação das UCs.

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O segundo tópico: Turismo em unidades de conservação: contribuições e entraves. Esse trata a relação do turismo com o meio ambiente e os possíveis efeitos dessa relação, e afunila-se isso para o contexto das áreas naturais protegidas.

O terceiro tópico: Perspectiva do planejamento turístico em áreas naturais protegidas. O contexto desse ponto é voltado para aspectos conceituais e elementos constituintes do planejamento turístico como um todo, adiante, essas discussões são voltadas para as unidades de conservação e necessidade de envolvimento de atores do turismo no planejamento turístico das UCs, o que chama atenção para as instâncias de governança regional.

E por fim, o tópico: A regionalização e instituição de instância de governança: o Polo Turístico Costa das Dunas/RN. Esse pretende abordar conteúdos referentes a política de regionalização do turismo no Brasil, bem como a instituição das instâncias de governança de forma que seja possível apresentar o Polo Turístico Costa das Dunas/RN que é objeto da presente pesquisa.

A metodologia é a terceira parte do presente trabalho e se desmembra em: tipo de pesquisa, caracterização da área de estudo, universo da pesquisa, técnicas de coleta de dados e técnicas de análise.

A discussão dos resultados encontra-se subdividas em 4 etapas que corresponde a cada um dos objetivos específicos do trabalho, tais como: a) Contexto histórico do processo de criação das UC’s do Polo Costa das Dunas; b) Atores envolvidos no planejamento turístico no processo de criação do Parque do Jiqui e Parque Mangues do Potengi; c) O Polo Costa das Dunas e discussões sobre criação de UC’s na região turística; d) Percepção do Polo Costa das Dunas quanto aos potenciais riscos e benefícios do turismo nas UC’S em criação.

Por fim, são apresentados os apêndices, trazendo principalmente os instrumentos utilizados na coleta de dados, e as referências utilizadas para construção do presente trabalho de dissertação de mestrado.

(28)

2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: HISTÓRICO, CATEGORIZAÇÃO E CRIAÇÃO

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE AS ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS NO BRASIL

A criação de áreas naturais protegidas acontece a partir da necessidade de reservar e ordenar a utilização de recursos naturais, tendo em vista que o uso e exploração inadequados podem resultar em prejuízos irreparáveis para o meio ambiente e para as comunidades que se encontram nos entornos.

Em aspectos históricos, o ser humano passou a ter necessidade de reservar espaços que garantissem a longevidade e o uso desses recursos naturais, dessa forma, passou a destinar áreas específicas para exploração e outras para conservação da natureza. Considerando as alterações conceituais e científicas, como nomes, características e finalidades diferentes, o resultado disso foi uma vasta diversidade de categorias de áreas, sendo então, necessário o estabelecimento de critérios para sistematizar as áreas naturais protegidas em diversos países (Almeida, 2014).

No cenário brasileiro, as primeiras ações de proteção de áreas e recursos naturais surgem ainda no período colonial, com o Regimento do Pau-Brasil, editado em 1605, com o objetivo voltado para a conservação da espécie, podendo essa, ser considerada uma das primeiras leis de proteção florestal brasileira.

De acordo com Almeida (2014) o desmatamento no Rio de Janeiro em meados de 1760 alerta para a perda de produtividade do café e o aparecimento de pragas, além da diminuição abrupta nos aspectos hídricos, na tentativa de coibir cortes de madeiras importantes para a metrópole. D. Pedro II ordena a desapropriação de algumas áreas específicas para replantio de árvores e em 1796 Cartas Régias declaravam ser posse da coroa todas as matas e árvores do país, nesse contexto, são criadas as Florestas da Tijuca e das Paineiras 1861.

No entanto, de acordo com Drummond, Franco, & Oliveira (2010) o marco fundador mais reconhecido da moderna política de UCs foi a criação do Parque Nacional de Yellowstone nos EUA em 1872, bem como, em 1890 a Reserva doada pelo governo da Califórnia instituída como Parque Nacional Yosemite.

De acordo com Diegues (2008) inicialmente é relevante destacar que a concepção de áreas naturais protegidas surge no sentido de um mito naturalista, ligado principalmente à incompatibilidade entre ações de qualquer grupo humano com a conservação da natureza,

(29)

fazendo com que a existência de um mundo natural selvagem, intocado e intocável constitua esses mitos modernos. É chamada atenção também ao fato de que esses neomitos foram transpostos dos Estados Unidos para países de Terceiro Mundo como o Brasil, mesmo com suas características ecológicas, sociais e culturais totalmente distintas.

Já no Brasil, em 1876 André Rebouças sugeriu a criação de dois parques nacionais, um na Ilha Bananal, rio Araguaia, e outro em Sete Quedas, rio Paraná, que na época não saíram do papel por questões políticas. Esses foram instituídos somente em 1959 (Parque Nacional do Araguaia) e 1961 (Parque Nacional de Sete Quedas). Este foi destruído em 1980 para dar lugar ao lago da barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipu. No entanto, em virtude da devastação deixada pelos ciclos do pau-brasil, do gado, depois do café, percebeu-se a necessidade de guardar as áreas para recuperação ou manutenção da natureza, essa preocupação com a gestão florestal faz com que o governo crie o Serviço Florestal do Brasil em 1921 (Irving, 2010; Drummond et al, 2010; e Almeida, 2014).

No mundo, na década de 1930 foram realizadas várias medidas relacionadas à proteção da fauna e flora, como em Londres, a Convenção Internacional sobre Proteção de Fauna e Flora em seu Estado Natural (1933), além do estabelecimento do conceito básico de Parque Nacional. No Brasil, também foi crescente a preocupação com as questões ambientais consolidando ações e fomento nas legislações específicas, como: a Sociedade dos Amigos das Árvores (1931); o Código Florestal e o Código de Caça e Pesca (1934); Código das Águas e o Decreto de Proteção aos Animais (1934); primeiro Parque Nacional (PARNA) do Brasil, Itatiaia (1937); em 1939, Criação de Seção de Parques Nacionais.

Apesar de relevantes avanços quanto a leis e ações para melhor conservação de áreas naturais no Brasil, até esse momento não eram realizados estudos técnicos de viabilidade ou até mesmo critérios de prioridades para estabelecimento dos Parques Nacionais, no entanto, o Itatiaia que até então estava estabelecido como Estação Biológica do Jardim Botânico no Rio de Janeiro, teve sua troca de categoria considerada como um interesse do Poder Público. (Drummond et al, 2010; & Almeida, 2014).

Na década de 1940 iniciou a Convenção para Proteção da flora e fauna e de Belezas Cênicas Naturais dos Países da América (Convenção Pan-americana) que trouxe algumas delimitações importantes para as áreas naturais protegidas, que de acordo com Almeida (2014, p. 32) foram:

a) criar Parques Nacionais, Reservas Nacionais, Monumentos Naturais e Reservas de Regiões Virgens; b) não alterar os limites dos Parques Nacionais, a não ser por força de lei, não explorar as riquezas neles existentes para fins comercias, proibir a caça, a captura de animais e a coleta de exemplares da fauna.

(30)

Nota-se que nesse contexto, as contribuições da Convenção Pan-americana foram pertinentes no processo de criação das unidades de criação, porém, somente em 1965 é que os termos dessa convenção passou a vigorar no Brasil.

O Novo Código Florestal, de 1965, e o Código de Fauna apresentaram-se como novidade principal a criação de UCs de uso indireto, incluindo parques nacionais, estaduais, municipais e reservas biológicas, além das que não permitiam uso dos recursos naturais (uso direto), incluindo florestas nacionais e parques de caça. Em 1981 com a Lei nº 6.902 foram instituídas duas novas categorias, as estações ecológicas e as áreas de proteção ambiental, e no Decreto nº 89.336 de 1984 foram acrescentadas as reservas ecológicas e áreas de relevante interesse ecológico. Em 1990 foram reconhecidas as Reservas Extrativistas, 1996 a categoria Recursos Naturais Renováveis, entre outras definições e denominações nas esferas federal, estadual e municipal (Drummond et al, 2010).

Percebe-se, ao longo da história das áreas naturais protegidas no Brasil, que uma diversidade relevante de categorias foi instituída com diferentes características e formas de manejo. O resultado foi a necessidade de uma sistematização na perspectiva de proporcionar diretrizes e leis que auxiliam no processo de gerenciamento, de forma que a eficácia fosse garantida.

2.2 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E INSTITUIÇÃO DO SNUC

De forma acelerada, os números de áreas naturais protegidas, que por volta da década de 1970 passaram a ser definidas como Unidades de Conservação, vieram crescendo nas últimas décadas no Brasil nos níveis Federal, Estadual e Municipal, sendo considerado um crescimento fundamental e urgente para garantir a biodiversidade do País (Drummond et al, 2010).

Dessa forma, entende-se que eventos e conferências com discussões voltadas para as questões ambientais, bem como o crescimento e pluralidade de categorias de UC’s contribuíram para o progresso de legislações e criação de instrumentos de gestão e planejamento nesses espaços no Brasil, e que em 2000, um marco relevante para esse contexto foi a instituição do Sistema Nacional das Unidades de Conservação da Natureza, o SNUC.

Sobre o SNUC, Brasil (2011) diz que esse deve ser entendido como uma maneira especial de ordenamento territorial com propósito de despertar interesse na sociedade pelo patrimônio natural e cultural protegido pelo SNUC, com perspectiva de aproximação as UCs

(31)

das pessoas, e, além disso, o Sistema não deve ser visto como um entrave para o desenvolvimento social e econômico.

Dessa forma, de acordo com o Art. 4º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, os objetivos do SNUC constituem em:

I. Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II. Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III. Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

IV. Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V. Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;

VI. Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII. Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII. Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX. Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X. Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

XI. Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII. Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII. Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Observando os objetivos do SNUC, pode-se afirmar que as dimensões natural, cultural, social e econômica são abordadas, no sentido em que, os aspectos da biodiversidade e geodiversidade são relevantes no processo de conservação, nota-se ainda que as populações tradicionais recebem enfoque, sendo pertinente a valorização e respeito à cultura dessas pessoas. Outro aspecto importante para a discussão é a presença do favorecimento das condições para educação e interpretação ambiental, recreação e o turismo ecológico, sendo ponto fundamental a ser discutido.

O SNUC com sua Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, é relevante para o contexto de estabelecimento e ordenação das áreas naturais protegidas no Brasil, onde no Art. 2º é dada uma definição de Unidade de Conservação:

I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;

De forma corroborativa, Brasil (2011) acrescenta que UC’s são espaços com características naturais relevantes e com função de assegurar as amostras representativas e viáveis no sentido ecológico, além de assegurar o uso sustentável dos recursos naturais

(32)

possibilitando também o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis em seu interior, ou exteriores, beneficiando as comunidades envolvidas.

Entende-se que as UCs são espaços que possuem relevância ambiental e existem para atender a necessidade de conservação dos aspectos da biodiversidade, bem como, a geodiversidade, no entanto, é permitido o uso público de forma sustentável. Outro aspecto trabalhado nessas localidades é o desenvolvimento socioeconômico para as comunidades nos entorno, o que mostra que o SNUC não tem a pretensão de entravar o desenvolvimento das dimensões socioeconômicas.

No quadro 2, serão apresentados de forma sintetizada as categorias que se dividem em dois grupos: I Unidades de Proteção Integral e II Unidades de Uso Sustentável.

Quadro 2 – Categorização das Unidades de Conservação

Unidades de Proteção Integral

Estação Ecológica (ESEC): Objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas

científicas; É proibida a visitação pública, exceto quando o objetivo é educacional.

Reserva Biológica (REBIO): Objetivo a preservação integral da biota e demais atributos

naturais; É proibida a visitação pública, exceto quando o objetivo é educacional.

Parque Nacional (PARNA): Objetivo de preservação dos ecossistemas naturais de grande

relevância ecológica e beleza cênica; Possibilita a realização de pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação e o turismo ecológico.

Monumento Natural (MN): Objetivo básico é preservar sítios naturais raros, singulares ou

de grande beleza cênica. Permite visitação pública sujeita ás condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade.

Refúgio de Vida Silvestre (RVS): Objetivo é de proteger ambientes naturais onde se

asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna. Permite visitação pública sujeita ás condições e restrições estabelecidas.

Unidades de Uso Sustentável

Área de proteção ambiental (APA): Objetivo básico é proteger a diversidade biológica,

disciplinar o processo de ocupação, além de assegurar a sustentabilidade do uso de recursos naturais. Permite realização de pesquisas científicas, além de visitação pública.

Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): Objetivo manter os ecossistemas naturais

de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

Floresta Nacional (FLONA): Objetivo básico é o uso múltiplo sustentável dos recursos

florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. Permite visitação pública e incentiva a pesquisa científica.

Reserva Extrativista (RESEX): Objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura

dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A visitação pública é permitida e pesquisas incentivadas.

Reserva Fauna (REFAU): Área natural com populações animais de espécies nativas,

terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS): Objetivo básico preservar a natureza e

assegurar as condições de reprodução e a melhoria da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações. Permite e incentiva visitação pública e pesquisas desde que compatível com os interesses locais e de acordo com os Planos de Manejo.

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): Objetivo é de conservar a

diversidade biológica. Só se permitem visitação se for para pesquisa científica ou visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

Referências

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