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O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente – IDEMA é um órgão que entre suas atribuições é contemplado o processo de implantação de Unidades de Conservação. O Rio Grande do Norte possui nove UC’s instituídas, e cinco em processo de criação (ver Figura 3), duas Áreas de Proteção Ambiental (Carnaúbas e Dunas do Rosário), um monumento natural (Cavernas de Martins) e dois Parques Estaduais (Mangues e Jiqui).

Figura 3. Mapa Unidades de Conservação em processo de criação no Rio Grande do Norte

Fonte: Projeto de pesquisa – UFRN/CNPq, 2016.

Como é possível notar na Figura 3, no litoral potiguar, existem dois Parques Estaduais que passam por esse processo: Parque Estadual Mangues do Potengi e Parque Estadual do Jiqui, ambos serão objetos da pesquisa.

Em 2006 em sua décima quarta reunião extraordinária o Conselho Estadual de Meio Ambiente - CONEMA reuniu-se com o IDEMA para discussão sobre a criação do Parque Estadual Mangues do Potengi, após leitura de proposta, a criação foi aprovada por unanimidade entre os conselheiros.

O Parque Estadual Mangues do Potengi situa-se na cidade de Natal/RN, abrange uma área de 824,43 hectares, localiza-se com área em dois bairros da Zona Norte: Salina, que possui 1.177 residentes e Redinha com 16.630, dados do Censo 2010 do IBGE (ver Figura 4).

Figura 4. Mapa Delimitação do Parque dos Mangues

Fonte: Projeto de pesquisa – UFRN/CNPq, 2016.

A respeito da qualidade de vida das populações residentes nesses bairros é relevante chamar atenção para os índices baixos em ambos os casos. Com base em variáveis3 pertinentes na discussão, Araújo (2013) relata que o Bairro Salinas possui o índice final de 0,462 ocupando a 27ª posição no ranking dos bairros da cidade Natal/RN, já na Redinha a situação é ainda mais complicada, pois possui o índice final de 0,430 e ocupa a 30ª posição do ranking de 36 bairros. De forma mais específica o índice referente à infraestrutura urbana ambiental é formado por aspectos como: acesso à coleta de lixo por serviço, disponibilidade de energia elétrica, drenagem, pavimentação, abastecimento de água e acesso a esgotamento sanitário. Os bairros Redinha e Salinas também se encontram entre os bairros com menores índices, respectivamente 0,412 e 0,408 (Araújo, 2013).

A criação do Parque Mangues do Potengi foi aprovada pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente – CONEMA, no ano de 2006, alegando principalmente a importância de recuperação e conservação do Mangue e Rio Potengi, pois o nível de degradação e poluição no local prejudica o ecossistema e compromete o local.

No contexto da área proposta para criação do PEMAP é necessário destacar que atrelado a necessidade de conservação e recuperação do ecossistema manguezal devido a sua peculiaridade e relevância ambiental, o Estuário do Rio Potengi também envolve apelos ao contexto histórico, pois, associa-se a criação da própria cidade do Natal, fundada em 25 de

3 Variável infraestrutura ambiental urbana; variável de equipamentos urbanos e serviços; variável socioeconômica; variável de segurança.

dezembro de 1599 ás margens do Rio Potengi (http://www.natal.rn.gov.br/natal/ctd-669.html, acesso em 01 de dezembro 2017) , além disso, destaca-se aos aspectos sociais e econômicos vinculado principalmente a realização da carcinicultura, uma atividade econômica desenvolvida por parte da população que vive no entorno da área, onde viveiros de camarão receberam ordenamentos de desativação em virtude do projeto de recuperação do Estuário e do Mangues.

Ainda sobre o PEMAP é possível afirmar que essa área possui também uma função paisagística, que podem ser percebidas por meio das figuras 5 e 6, no entanto, também percebe-se a degradação e poluição existente na área na figura 7 e 8.

Figura 5. Imagem dos Mangues do Potengi

Nota: Canindé Soares (2016). Mangues do Potengi é tema de exposição fotográfica na UFRN. Recuperado de: http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/fotos/2016/07/mangues-do-potengi-e-tema-de-exposicao-fotografica- na-ufrn-fotos.html#F2111991. Acesso em 01 de dezembro de 2017.

Figura 6. Imagem do Rio Potengi.

Figura 7. Imagem de degradação na área dos Mangues do Potengi

Fonte: Canidé Soares (2016). Mangues do Potengi é tema de exposição fotográfica na UFRN. Recuperado de: http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/fotos/2016/07/mangues-do-potengi-e-tema-de-exposicao-

fotografica-na-ufrn-fotos.html#F2111991. Acesso em 01 de dezembro de 2017.

Figura 8. Imagem de poluição na área dos Mangues do Potengi

Fonte: acervo da pesquisa, 2018.

Apesar da proposta de Parque Estadual e com discussões que abarcam também o incentivo a visitação e turismo nos Mangues do Potengi, percebe-se que a área não possui atualmente um apelo turístico para a criação da UC (como ocorreu com o Parque das Dunas e as APAs APARC e APAJ), a justificativa de criação está pautada principalmente na necessidade de conservação do ecossistema manguezal que vem sofrendo com elevada degradação e poluição.

No entanto, a questão do turismo e visitação é pensada em virtude do diferencial paisagístico do local, podendo o PEMAP ser um atrativo com proposta que distancia-se do turismo de sol e praia predominantemente ofertada no litoral potiguar. Das atividades que são desenvolvidas por populações também externas da comunidade nas áreas do entorno dos mangues podem ser citadas: O Barco Escola Chama Maré e o Forró no Potengi.

O Barco Escola Chama Maré (figura 9) trata-se de um projeto de educação ambiental realizado nas águas do Rio Potengi, desenvolvido pelo governo do Estado por meio do IDEMA, teve início em 2006 e tem o objetivo de proporcionar a estudantes, professores e grupos da sociedade civil uma estrutura para aprendizado pedagógico de educação ambiental utilizando da problemática do Rio do Potengi, abordando aspectos histórico-culturais, ambientais, sociais e econômicos durante o passeio com duração por volta de 1h e 30min. (IDEMA, 2014).

Figura 9. Imagem do Barco Escola Chama Maré

Nota: IDEMA (2014). Barco Escola Chama Maré: projeto de educação ambiental no Rio Potengi. Recuperado: www.idema.rn.gov.br/conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=351&ACT=null&PAGE=null&PARM=null&LBL= Projetos. Acesso em 1 de dezembro de 2017.

Além do Projeto Barco Escola, no dia 08 de Agosto de 2017 foi realizada a primeira edição do Forró no Potengi, trata-se de um passeio pelo Rio Potengi a bordo de um catamarã com oferta de música pé de serra, estrutura de bar, e acesso controlado para realização de fotografias. O passeio tem em média 3 horas de duração, saída do Iate Clube de Natal, passando próximo a Ponte de Igapó e segue para a Ponte Newton Navarro. O Forró no Potengi teve até o momento 5 edições, sendo a última em dezembro de 2017.

Dessa forma, compreende-se que a proposta de criação do PEMAP envolve abordagens ambientais, sociais, econômicas e histórico-culturais. Sobre a questão do turismo e visitação a abordagem paisagística, as características ecossistêmicas e o desenvolvimento de

uma atividade econômica parecem constituir o principal elemento para a proposta de categoria de Parque Estadual.

O Parque Estadual do Jiqui, localiza-se de forma integral no município de Parnamirim (ver Figura 10) de forma mais específica no bairro Parque do Jiqui, que de acordo com o Censo 2010 do IBGE compreende uma população residente de 1.636 habitantes.

Figura 10. Mapa Delimitação do Parque Estadual do Jiqui

Fonte: Projeto de pesquisa – UFRN/CNPq, 2016.

A área delimitada como Parque Estadual do Jiqui consiste em 395 hectares, seus limites coincidem com o Rio Pitimbu e as margens norte da Lagoa do Jiqui, além de confrontar com propriedades particulares como o Jiqui Country Club (figura 11) uma estrutura de lazer e entretenimento, e com a Estação de Tratamento de Água da CAERN.

Figura 11. Imagem do Jiqui Country Club

A área possui predominante paisagem composta por Mata Atlântica, e potencial hídrico como o Rio Pitimbu, Taborda e Lagoa do Jiqui (figura 12 e 13). O apelo do Jiqui consiste principalmente na degradação e poluição trazida pelo crescimento da cidade de Natal/RN aos recursos hídricos da localidade, como é o caso da Lagoa do Jiqui e Rios Pitimbu e Taborda. Além disso, a área é composta por fragmento da Mata Atlântica (Mata do Jiqui) protegidas legalmente por legislações Federais, Estaduais e Municipais, mas a expansão urbana proporciona ameaça a esses ecossistemas.

Figura 12. Imagem de paisagem da Lagoa do Jiqui

Fonte: acervo da pesquisa, 2018.

Figura 13. Imagem da Lagoa do Jiqui

Ao visitar a área pretendida para criação do PEJ, observou-se que existem dificuldades de acesso, onde a estrada é de barro e pouco sinalizada, não foi possível encontram transportes coletivos até a localidade, além disso, nota-se a poluição no percurso até a localidade, como pode ser visto na figura 14.

Figura 14. Imagem do acesso á área do Parque do Jiqui

Fonte: autoria própria, 2018.

Os Planos Emergenciais de ambos os parques realizados em 2009 tem como objetivo principal a conservação dos recursos naturais e o estabelecimento de parâmetros estratégicos que possibilitem a realização de pesquisas científicas, atividades de educação ambiental e turismo ecológico. Além disso, os planos apresentam ações de emergências que fornecem subsídios para criação de condições para o desenvolvimento dessas atividades com estruturas que possam atender as necessidades mínimas dos visitantes, e esses aspectos devem contar ainda com o planejamento participativo com envolvimento da comunidade local em todo o processo.

Tendo em vista a abordagem do turismo no contexto de criação das unidades de conservação já citadas, figura 15 é possível notar que as duas UCs em criação na região se encontram dentro do Polo Turístico Costa das Dunas, o que reforça a necessidade de buscar compreender e abarcar nessa discussão membros representativos desse conselho que é responsável por planejar e ordenar as tomadas de decisões em assuntos pertinentes ao turismo na região Costa das Dunas do Estado.

Figura 15. Mapa Polos turísticos e unidades de conservação em criação

Fonte: Projeto de pesquisa – UFRN/CNPq, 2016.

Atualmente, o Polo contempla 16 municípios, sendo eles: Baía Formosa, Canguaretama, Ceará-Mirim, Extremoz, Macaíba, Maxaranguape, Natal, Nísia Floresta, Parnamirim, Pedra Grande, Rio do Fogo, São Gonçalo do Amarante, São José do Mipibu, São Miguel do Gostoso, Senador Georgino Avelino, Tibau do Sul e Touros.