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De forma acelerada, os números de áreas naturais protegidas, que por volta da década de 1970 passaram a ser definidas como Unidades de Conservação, vieram crescendo nas últimas décadas no Brasil nos níveis Federal, Estadual e Municipal, sendo considerado um crescimento fundamental e urgente para garantir a biodiversidade do País (Drummond et al, 2010).

Dessa forma, entende-se que eventos e conferências com discussões voltadas para as questões ambientais, bem como o crescimento e pluralidade de categorias de UC’s contribuíram para o progresso de legislações e criação de instrumentos de gestão e planejamento nesses espaços no Brasil, e que em 2000, um marco relevante para esse contexto foi a instituição do Sistema Nacional das Unidades de Conservação da Natureza, o SNUC.

Sobre o SNUC, Brasil (2011) diz que esse deve ser entendido como uma maneira especial de ordenamento territorial com propósito de despertar interesse na sociedade pelo patrimônio natural e cultural protegido pelo SNUC, com perspectiva de aproximação as UCs

das pessoas, e, além disso, o Sistema não deve ser visto como um entrave para o desenvolvimento social e econômico.

Dessa forma, de acordo com o Art. 4º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, os objetivos do SNUC constituem em:

I. Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;

II. Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;

III. Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

IV. Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

V. Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;

VI. Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;

VII. Proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;

VIII. Proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos; IX. Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

X. Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;

XI. Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica;

XII. Favorecer condições e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;

XIII. Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

Observando os objetivos do SNUC, pode-se afirmar que as dimensões natural, cultural, social e econômica são abordadas, no sentido em que, os aspectos da biodiversidade e geodiversidade são relevantes no processo de conservação, nota-se ainda que as populações tradicionais recebem enfoque, sendo pertinente a valorização e respeito à cultura dessas pessoas. Outro aspecto importante para a discussão é a presença do favorecimento das condições para educação e interpretação ambiental, recreação e o turismo ecológico, sendo ponto fundamental a ser discutido.

O SNUC com sua Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, é relevante para o contexto de estabelecimento e ordenação das áreas naturais protegidas no Brasil, onde no Art. 2º é dada uma definição de Unidade de Conservação:

I - unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;

De forma corroborativa, Brasil (2011) acrescenta que UC’s são espaços com características naturais relevantes e com função de assegurar as amostras representativas e viáveis no sentido ecológico, além de assegurar o uso sustentável dos recursos naturais

possibilitando também o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis em seu interior, ou exteriores, beneficiando as comunidades envolvidas.

Entende-se que as UCs são espaços que possuem relevância ambiental e existem para atender a necessidade de conservação dos aspectos da biodiversidade, bem como, a geodiversidade, no entanto, é permitido o uso público de forma sustentável. Outro aspecto trabalhado nessas localidades é o desenvolvimento socioeconômico para as comunidades nos entorno, o que mostra que o SNUC não tem a pretensão de entravar o desenvolvimento das dimensões socioeconômicas.

No quadro 2, serão apresentados de forma sintetizada as categorias que se dividem em dois grupos: I Unidades de Proteção Integral e II Unidades de Uso Sustentável.

Quadro 2 – Categorização das Unidades de Conservação

Unidades de Proteção Integral

Estação Ecológica (ESEC): Objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas

científicas; É proibida a visitação pública, exceto quando o objetivo é educacional.

Reserva Biológica (REBIO): Objetivo a preservação integral da biota e demais atributos

naturais; É proibida a visitação pública, exceto quando o objetivo é educacional.

Parque Nacional (PARNA): Objetivo de preservação dos ecossistemas naturais de grande

relevância ecológica e beleza cênica; Possibilita a realização de pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação e o turismo ecológico.

Monumento Natural (MN): Objetivo básico é preservar sítios naturais raros, singulares ou

de grande beleza cênica. Permite visitação pública sujeita ás condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade.

Refúgio de Vida Silvestre (RVS): Objetivo é de proteger ambientes naturais onde se

asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora e da fauna. Permite visitação pública sujeita ás condições e restrições estabelecidas.

Unidades de Uso Sustentável

Área de proteção ambiental (APA): Objetivo básico é proteger a diversidade biológica,

disciplinar o processo de ocupação, além de assegurar a sustentabilidade do uso de recursos naturais. Permite realização de pesquisas científicas, além de visitação pública.

Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): Objetivo manter os ecossistemas naturais

de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

Floresta Nacional (FLONA): Objetivo básico é o uso múltiplo sustentável dos recursos

florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. Permite visitação pública e incentiva a pesquisa científica.

Reserva Extrativista (RESEX): Objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura

dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A visitação pública é permitida e pesquisas incentivadas.

Reserva Fauna (REFAU): Área natural com populações animais de espécies nativas,

terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, A visitação pública pode ser permitida, desde que compatível com o manejo da unidade.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS): Objetivo básico preservar a natureza e

assegurar as condições de reprodução e a melhoria da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente, desenvolvido por estas populações. Permite e incentiva visitação pública e pesquisas desde que compatível com os interesses locais e de acordo com os Planos de Manejo.

Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): Objetivo é de conservar a

diversidade biológica. Só se permitem visitação se for para pesquisa científica ou visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais.

É possível notar que as 12 categorias divididas nos dois grupos estabelecidos pelo SNUC (2000) abarcam objetivos de conservação e uso distintos, que não se apresentam como intocáveis, já que na maioria das UCs a visitação é permitida. Porém, nota-se o enfoque para o uso de acordo com o Plano de Manejo e restrições necessárias para cada área, o que faz com que essas áreas naturais protegidas tenham como principal propósito a conservação dos recursos naturais, mas que também abordem o desenvolvimento econômico, social e a valorização cultural das populações tradicionais.