ENTR EVIST A Odilo n Este ves
MERCADO DO SEXO
MERCADO DO SEXO
Aumentam as opções para atender a demanda do público cada vez mais
interessado no assunto. Locais como motéis, cabines eróticas e sex shops,
cada vez mais diversifcados, são onte de lucro para empresários do setor
Revista
AGORA FICOU FÁCIL.
AGORA FICOU FÁCIL.
SIMPLES,
ACESSÍVEL
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A MARCA DA EDUCAÇÃO
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PARA SABER MAIS ACESSE
OU LIGUE
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Tudo novo de novo. E sempre. É esta a essência que permeia a idéia da
experi-mentação. E é a experimentação que deve nortear qualquer veículo de
comuni-cação produzido dentro das universidades. Criar, recriar, inventar e reinventar.
Aventurar-se. Testar novos limites, novas possibilidades. Pois foi este o mantra
que cadenciou nossos passos na elaboração desta edição da Múltipla. Não foi a
primeira vez. Em momentos anteriores, a revista cresceu no formato, diminuiu,
testou layouts, fontes, fotos e textos. Mudou de papel e, agora, vem toda prosa:
cheia de cores, papel couchê fosco, novo formato (cresceu de novo!), nova fonte,
novo layout e nova diagramação. O todo é o resultado da criação e deliberação
coletiva de uma equipe corajosa que topou o desafio de fazer uma revista de cem
páginas em pouquíssimo tempo.
Contudo, a essência da publicação continua a mesma, até porque ela clama
pela diversidade. É múltipla no nome, nas pautas, nas abordagens e nos textos.
O carro chefe deste número é um dossiê que esmiúça os bastidores do lucrativo
mercado do sexo em Belo Horizonte. O que se anuncia, o que se vende e o que
se compra. Nossos repórteres visitaram sex shops, motéis, casa de swing, cabines
eróticas e assistiram a apresentação de gogo boys. Buscaram, também,
desven-dar de onde vem tanta criatividade na hora de elaborar slogans que prometem
“o mais puro prazer”, e mais, quem está por trás destes anúncios.
Falando de outro prazer, o da boa mesa, três reportagens exploram o
tradi-cional sabor do fogão a lenha, a cozinha oriental, as delícias e os ossos do ofício
da carreira de chef. Na editoria de tecnologia, o desenvolvimento de softwares
que facilitam a acessibilidade na web; já em cidadania, abordamos a
tec-nologia que possibilita a inclusão social. Na
editoria de cidades falamos dos locais que
outrora acolheram velhos cinemas e muitas
histórias e que, dentro em pouco, vão abrigar
novos espaços multiculturais.
Os problemas causados pela nefasta
práti-ca do bulliyng são discutidos na editoria de
educação. A seção de turismo revela qual a
melhor idade para descobrir o mundo e dá a
dica de uma viagem no tempo, pelas águas do
rio São Francisco. Em cultura, o cinema trash
do alto de seus 80 anos, as divas da música,
a literatura infantil dos novos livros e a de
gente grande no twiter. E tem mais, muito
mais.
Reinventamos a revista, agora,
aventure-se na leitura.
Fernanda Agostinho
de ovo,
sempre
sempre
S u m á R IO
EXPEDIENTE
EXPEDIENTE
REITORAProfª. Seli Maria Baliza Dias VIcE- REITOR
Prof. Riardo caado PRó- REITOR DE GRADuAçãO Prof.Joha Amaral Lkes
PRó- REITORA DE PóS-GRADuAçãO, PESquISA E ExTEnSãO
Profª.Jliaa Salvador
cuRSO: cOMunIcAçãO SOcIAL Ra Diamatia, 567 - Lagoiha BH - MG - cEP: 31110-320 TELEFOnE: (31) 3207-2811 cOORDEnADOR Prof. Liao Adrade Ribeiro
LABORATóRIO DE JORnALISMO IMPRESSO EDITOR
Prof. Fabríio Mares MG 04663 JP
PROFESSORA ORIEnTADORA Profª. Ferada Agostiho PREcEPTORA Aa Pala de Abre
(Programação Visual e Projeto Gráco) ESTAGIáRIOS Diagramação Vaessa Gerra Fotograa Aderso Arélio Jliaa Vallim Palo Melo Texto Mariaa Medrao Aa Flvia Torelli MOnITORES
Diagramação
Joo Palo Vale Infograa Isabella Barroso
Texto
Liz Edardo Ladeira Maria célia Messias cOLABORAçãO
Ilustrações e Capa
Maros Viíis Pereira
Anúncios
LAcP - Laboratrio de criao Pbliitria IMPRESSãO/TIRAGEM Grfa Label 500 eemplares
EnTREVISTA
aele m
6
TEcnOLOGIA
efeito mgio
10
aessibilidade a iteret
14
ESPEcIAL
divlgao do prazer
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seo: m merado lrativo
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daa da sedo
28
cIDADES
tritivo e barato
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velhos iemas, ovos espaos
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cIDADAnIA
a m lik da ilso soial
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SAúDE
eles dizem ades
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Revista Laboratório do Crso de Jornalismo do unibh Revista Laboratório do Crso de Jornalismo do unibh
múltipla múltipla 55 S u m á R IO
cOMPORTAMEnTO
bllyig o é briadeira
50
TuRISMO
a melhor idade para viajar
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vapor de mias
58
GASTROnOMIA
o sabor do saber
66
omida japoesa: ma igaria siglar
70
tradiioal sabor do fogo a leha
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cuLTuRA
as divas, os holofotes
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respeitvel trash
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o retoro dos gigates
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a vez da twitteratra
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dierso e vem dos livros
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ESPORTE
paio em ampo
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aele
O cativante Odilon Esteves, 32 anos, não é apenas um bom ator, é tam-bém ótimo para desatolar um carro. Quando nos recebeu na sede de sua companhia de teatro, Luna Lunera, que fica em uma ladeira do bairro Lagoinha, em Belo Horizonte, estacionamos o veículo em um banco de areia e só Odilon conseguiu retirá-lo de lá. Problema resolvido, nós en-tramos no galpão onde aconteceria a entrevista. Lá vários quadros com fotos de peças da companhia, cartazes, livros e os troféus que a Luna Lunera conquistou.
Além de ser um importante ator da atualidade, Odilon é diretor e trabalhou no cinema, no filme Batismo de Sangue (2006), de Helvécio Ratton - no qual foi Frei Ivo. Também já esteve na TV, ao interpretar a travesti Cintia, na mini-série Queridos Amigos (2008), de Maria Adelaide Amaral.
Para a conversa, Odilon quis sentar-se no tatame azul e macio da companhia, onde parecia se sentir à vontade. Exceto no momento das fotos, quando preferiu conversar ao invés de fazer poses. Com seu jeito contido e sarcástico, nos fez rir muito. Neste final de ano o ator está em cartaz com a peça Aqueles Dois, em turnê que faz parte do projeto “Palco Giratório”, do Sesc (Serviço Social do Comércio). Em 2010, a Cia. Luna Lunera levou o espetáculo a 44 cidades, em 14 estados do Brasil, dentre eles Distrito Federal, São Paulo, Bahia, Santa Catarina, Rondônia, Ceará e Rio de Janeiro. Em dezembro, o Teatro Dom Silvério recebe a peça em Belo Horizonte.
um
um
Teto de Liza Villarroel e Jlia Bialho Fotos: Liza Villarroel
E N T R E V IS T
A Em Batismo de Sangue (2006) – lme baseado em livro de FreiEm Batismo de Sangue (2006) – lme baseado em livro de FreiBetto, que retrata a luta dos frades dominicanos contra o regimeBetto, que retrata a luta dos frades dominicanos contra o regime
militar -, você interpretou o Frei Ivo. Como
militar -, você interpretou o Frei Ivo. Como foi o laboratório parafoi o laboratório para criação do personagem?
criação do personagem?
Completamente diferente da peça. Tive contato com o Frei Ivo, conheci a pessoa que eu ia interpretar, tive acesso a documentos históricos, a docu-mentários. Fui a conventos, tive contato com freis dominicanos, ao livro do Frei Beto que é o relato do que eles passaram na prisão e tivemos a preparação do Sérgio Penna que é preparador de dublês no cinema e trabalhou em filmes como Bicho de 7 cabeças (2000) e Carandiru (2003). A gente tentava entender o contexto da época. Não queríamos copiar a pessoa. O Sérgio sempre falava para vivermos a nossa emoção. O senti-mento tem que ser verdadeiro e atual. Tivemos também uma preparação técnica que nos ensinava a apanhar nas cenas de tortura e como o corpo reage quando recebe um choque elétrico.
No especial S
No especial Sertão: ertão: Veredas (2008), como foi coVeredas (2008), como foi construir Riobaldo?nstruir Riobaldo? Qual a importância das obras de Guimarães Rosa para você? Qual a importância das obras de Guimarães Rosa para você? Eu nasci no nordeste de Minas, sou de Novo Cruzeiro e muitos dos per-sonagens do Guimarães estão no imaginário da minha infância. Acho que Guimarães é um tesouro da cultura brasileira. Identifico-me na obra dele. No especial, tivemos um mês para fazer o recorte de meia hora de uma obra inesgotável e com foco preciso: a relação de amizade e amor entre Riobaldo e Diadorim. Eu nunca tinha lido o “Grande Sertão”. Quando me chamaram fiquei com medo porque o livro é um cânone da literatura. Muitas pessoas acham Guimarães muito difícil e o desafio foi fazer o texto soar cotidiano. Uma amiga me ligou e disse: “Conheço aquele velhinho que você fez. Ele mora lá perto de Novo Cruzeiro’’. Não era ele, mas uma coleção deles que estava na minha cabeça e na dela também.
Na mini-série Queridos Amigos - exibida pela Rede Globo Na mini-série Queridos Amigos - exibida pela Rede Globo (2008),(2008), você interpretou a travesti Cíntia. O que você conheceu e você interpretou a travesti Cíntia. O que você conheceu e estu-dou para construir o personagem?
dou para construir o personagem?
Quando fiz o teste, a direção de elenco falou que não queria que eu
pen-Odilo Esteves a sede da ia. La Lera, em BH: “o so ada fotogêio”
O ator em ea omo Riobaldo;
com Guilherme Weber; no lme
Batismo de Sage; a miissérie qeridos Amigos
sasse como travesti, mas como mulher porque a Cíntia queria ser mulher. Cíntia acharia mulher a coisa mais linda do mundo. Conversei com duas travestis em Belo Horizonte, mas elas não me deram muita bola. Mas eu preferi o contato com a mulher, que seria minha inspiração, já que a Cíntia quer ser uma. Busquei uma mulher que tivesse uma feminilidade que as mulheres da década de 80 não buscavam mais. Essa mulher da década de 80 tentou se assemelhar ao homem no jeito de agir, nas tare-fas, nas ombreiras para alargar o ombro. A Cíntia não. Ela quer usar o vestido delicado, tem como referência a bonequinha de luxo. Por todo o peso que ela já carrega por ser homem, ela busca a delicadeza. Tive contato com o documentário Rosário Miranda (2004) que fala de uma travesti camponês do interior da Espanha, que trabalhava no campo de saia, anéis e maquiada. Isso destruiu o meu imaginário de que travesti é só aquele que trabalha em boate ou com prostituição. Assisti também o curta documental brasileiro, Também sou teu povo (2006), que se passa no nordeste do Brasil e mostra travestis católicas devotas de padre Cíce-ro. Essas travestis exigiam respeito e o direito em participar das missas e procissões do padre. A religiosidade das travestis é algo inovador para mim.
Você teve medo de interpretar Cíntia? Você teve medo de interpretar Cíntia?
Quando me chamaram para o teste, fiquei com o pé atrás. No teatro bes-teirol, há o travesti esteriotipado. Nos programas de humor na televisão não é diferente. E isso eu não gostaria de fazer. Esse travesti existe na vida real, mas quando é levado para o teatro ele é ridicularizado. Reforça o preconceito. Tratar alguém de forma humanizada é mais importante para a arte.
Até que ponto personagem e ator se misturam? Até que ponto personagem e ator se misturam?
Há instâncias na vida em que ator e personagem se misturam. Eu não sou o personagem, mas só de fazê-lo da maneira que faço, revelo como vejo o mundo e falo um pouco de mim. A não ser que eu faça um perso-nagem muito externo a mim. Construir um repertório que não tem nada a ver com você é possível, mas nesse caso você não coloca sua opinião no personagem. Você faz o que o diretor pediu.
Muita gente vê
Muita gente vê a TV como popular e a TV como popular e o teatro, elitista. Vo teatro, elitista. Você couocê cou com o pé atrás em desenvolver um trabalho na TV?
com o pé atrás em desenvolver um trabalho na TV?
Eu acho TV um meio extraordinário por oferecer programas para pessoas que não tem acesso ao cinema e teatro. Mas não basta a TV exibir um bom filme, porque a bagagem daquela pessoa é que vai definir em que canal ela vai deixar. TV tem coisa boa, ainda que os programas de maior audiência não sejam os melhores. Mas isso é um abismo cultural próprio do Brasil. No caso de Queridos Amigos (2008), vale observar a dificuldade da construção de uma teledramaturgia que consiga atingir grande parte da população e manter a qualidade. O tratamento da homossexualidade é desafio para as emissoras de TV.
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“A contemporaneidade tende a nos convencer
que as relações do mundo só se estabelecem
por interesse sexual ou nanceiro. A afetividade
humana é mais complexa que isso. A sexualidade
Em plena era digital, quem não pensa em fotos e vídeos tridimensionais? Efei-tos de movimentação? Cores translúci-das? Cortes, transformações e edições de imagens de qualquer computador e equi-pamentos em tamanhos e pesos míni-mos? Tudo isso é possível com a evolução da tecnologia. A imagem hoje pode ser modificada, melhorada e se distanciar do resultado inicial em tempo recorde. Os mais diferentes efeitos, luzes, proporções e posicionamentos estão cada vez mais acessíveis para os interessados: basta ape-nas um computador ou disposição para usar a imaginação e atuar.
Tudo isso porque programas antes dominados somente por quem já tinha um conhecimento mais aprofundado es-tão cada vez mais simples e rápidos. E, equipamentos de auxílio para a captação e produção de conteúdos relacionados à im-agem estão mais modernos e com menor
custo, aumentando a chance de adquiri-los.
Os usuários envolvidos nas descobertas pela tecnologia fazem parte de todos os públicos. O fotógrafo Christiano Grohm-am comenta que sua inserção no mercado se deu graças ao avanço no ramo fotográ-fico e a simplicidade dos programas de imagem que existem: “com o fácil acesso aos programas e máquinas cada vez mais modernas, meu trabalho é possível de ser executado apenas com a experiência de alguns cursos de imagem”, diz Christiano. “Em um só equipamento, é possível filmar e fotografar com uma excelente qualidade, e depois de gravados, os programas com-pletam meu trabalho sem o esforço da edição que seria necessária antigamente”, acrescenta Christiano.
Trajetória Trajetória
Quem não se lembra dos primeiros
pro-T E C N O L O g IA
efeito
mágico
mágico
gramas de computador para imagem, do primeiro Adobe Photoshop, do Paint e das câmeras analógicas com filmes? E quem se recorda que só em 1974 o Brasil, de manei-ra gemanei-ral, assistiu à copa com uma TV em cores? O publicitário, designer e também coordenador da agência 381 Comunicações, Stefano Maglovsky, relembra que quando entrou na primeira agência para trabalhar, ainda utilizavam um estúdio de fotogra-fia para criação de mockups (reproduções em tamanho natural de um produto ou projeto) e finalização das “bonecas”, fo-tolito para a impressão e as campanhas eram criadas e mostradas para o cliente por meio de desenhos feitos à mão. “Os diretores de arte e designers tinham que saber desenhar, além de tudo, fontes. Mas, de repente, estávamos trabalhando com enormes bancos de imagens virtuais”.
A dinâmica, salienta Stefano, mudou completamente. “Antigamente fotografar
era uma coisa apenas para profissionais. Nos anos 80, com a entrada das câmeras automáticas, isso já mudou muito. Mas com a chegada das câmeras digitais, o mundo inteiro passou a fotografar tudo com o dedo em qualquer celular”, com-pleta.
Avanços Avanços
Com a evolução tecnológica, as má-quinas digitais como a D80 Skelton, da Nikon, lançada em 2006, marcaram o in-icio de uma preocupação com o design. Novos tamanhos, visores em LCD móveis e duplos, um turbilhão de mega pixels, e câmeras à prova d’água.
As câmeras profissionais hoje contam com funções inimagináveis em décadas anteriores. Nomes como Nikon, Canon e Sony, dentre outras, produzem máquinas de última geração, em que as fotos e víde-os podem ser feitvíde-os em versões diversas
T E C N O L O g IA múltipla múltipla 1111
com a teologia ada vez mais avaada,
ametam as possibilidades de riaões e
alteraões das images
Teto de Fabíola Prado; Fotos: Aderso nape
D IV u LG A ç ã O
e, inclusive, em 3D. Mas, a evolução não parou na fotografia. Depois de lançar su-per máquinas, as marcas disponibilizaram também câmeras digitais embutidas nos celulares e projetos de imagem, programas de registro e edição de imagem, capazes de praticamente qualquer função.
O conhecido programa de edição ima-gem Adobe Photoshop também acom-panhou a evolução tecnológica. A quin-ta versão já está disponível, com mais funções de alteração e recorte. Além dele, programas diferentes, com efeitos mais modernos e que exigem menos dos com-putadores, estão por toda a parte no mer-cado, principalmente na internet. Progra-mas como Topaz Adjust 4, PhotoScape, The Gimp, Magix FunPix, Photo Filtre Studio, Photo-Brush e Cartoonist, muitos deles gratuitos, estão disponíveis na inter-net.. Para colorir algumas ilustrações mais trabalhadas, Stefano recomenda o Painter, que é da Corel.
“Já utilizei algumas vezes uma mesa digitalizadora, um tablet. Mas ainda gosto mais de desenhar à mão e depois tratar, se preciso, nos softwares. Para fazer música utilizo os programas da Sony, no PC. No Mac, estou migrando para o Live e para o Logic”, comenta o publicitário e desig-ner. Já para desenvolver projetos e portais como os do Governo de Minas Gerais, o coordenador de criação da agência Ali-ás, publicitário e design gráfico, Marcos Loureiro, utiliza tecnologias como Iphone e pacote Adoble.
Para a produtora de multimídia e pós graduada em cinema, TV e novas mídias, Dáila Souza Lima, a gama de programas é ainda maior. Segundo ela softwares como Adoble Premiere, para a captura e edição de vídeos; Adobe After Effects para finali-zação; Adobe Photoshop, para tratamento de imagens; Adobe Illustrator para criar ilustrações de capas, por exemplo; 3D Studio Max, para ilustrações e animações em 3D; Sony Vegas para edição de áudio; Adobe Encore e Flash são úteis no seu tra-balho.
Toda essa evolução sugeriu crescimen-tos em diferentes âmbicrescimen-tos de produção e atuação da imagem. “Os avanços
tec-nológicos foram essências para a quali-dade dos trabalhos, facilitaram os mesmos e permitiram maior agilidade em todos os processos. Ações que eram irreversíveis quando a edição era analógica, como por exemplo, tratar a imagem da película, hoje são reversíveis e permite que experimen-temos várias opções. O barateamento nos projetos em geral também é outro ponto muito significativo, a começar pelo fato de o material usado na tecnologia ser o digital e não algo físico”, diz Dáila.
Para Marcos Loureiro, o avanço das tecnologias democratiza as ferramentas e aprofunda o conhecimento específico de cada estilo ou linguagem. “A exigência no
“O avanço das tecnologias democratiza as ferramentas e
aprofunda o conhecimento especíco de cada estilo”
Maros Loreiro
Prossionais da área, como Marcos Loureiro, buscam atualizações sempre T E C N O L O g IA
mercado tornou-se extrema e a concor-rência cada vez mais surreal para buscar retorno com os profissionais no mercado. É o momento de estudar muito e procurar conhecer novas habilidades porque as fer-ramentas nunca estiveram tão capazes de gerar soluções incríveis”, acrescenta Mar-cos.
A evolução da tecnologia possibilitou inúmeros efeitos de produção, autonomia, registro e tratamento da imagem. E pode apostar, vem muito mais por aí! T
Tecnologia ecnologia tridimensionaltridimensional
A tecnologia em 3D é possível porque há diversos programas de computação que juntam as imagens, em camadas so-brepostas, dando o efeito de profundi-dade. Com os óculos, cada olho enxerga uma camada - o mais comum é o verme-lho para o overme-lho esquerdo e o ciano para o olho direito. Uma busca na internet, por exemplo, pelo “3D photo maker” leva a uma série de links de download, muitos gratuitos, de programas que transformam imagens normais em 3D. O programa une as duas imagens feitas com poucos centímetros de distância e forma uma nova, como a foto abaixo. Considerada a primeira câmera digital 3D, a Fuji Real 3D W1 possui duas lentes, que em cada clique, duas imagens são capturadas ao mesmo tempo. Um mecanismo interno se encarrega de combinar as imagens, re-sultando na fotografia 3D que o usuário confere no visor LCD. T E C N O L O g IA múltipla múltipla 1313
Images em 3D so as ovas vedetes do merado
A trajetria da imagem omeo ado foi laa-da a âmera aalgia desartvel, a impresso era e a evolo atigira o pie, mas, sr-preedetemete, foi apeas o iíio de ma era. A primeira âmera digital foi prodzida a déada de 70. Maras omo Kodak e Soy, lideraram os primeiros modelos. Porém, somete a Fji DS-1P, desevolvida em 1988 e a omerializada, tiha memria de 16MB.
Mais tarde, em 1994, a Kodak lao a DSc200, mas se fioameto depedia da io om ma niko n8008s e prodzia images om ma resolo de 1.5MP, om armazeameto de até 80MB. no possía visor LcD e o tempo estima-do etre as fotos era de 2,5 segestima-dos. E se peso o era ada agradvel: 1,7kg. Também em 1994, a Apple, hoje reoheida pelos eipametos mltimídias ltramoderos omo Iphoe e Ipad,
fez uma incursão no ramo da fotograa digital
e lao a Apple qikTake 100. Prodzida pela Kodak, a âmera prodzia até oito images om resolo VGA (640480) e foi a primeira âmera digital oloria a ter m sto redzido.
Em 1996, empresas omo cao e cassio etraram para o merado, jto om a Olymps, e lao o modelo sesso D-300L. no ao segite sr-giram as primeiras niko coolpi e ovas âme-ras da Olymps om maiores resolões. A Fji lao a DS-300 em 1997, om 1.3 MP e zoom de até 3. na époa era ma das teologias mais ovas, até e a Mavia e as cyberShot, ambas
assinadas pela Sony zessem a cabeça dos inte-ressados.Na virada do século, as máquinas pros -sioais omearam a hegar o merado. Maras
como Nikon e Fujilm inseriram novos modelos
meores e mais prtios.
Da foto analógica à digital
Da foto analógica à digital
aessibilidade a
internet
internet
Se hoje já é difícil cobrar que nas vias urbanas os portadores de deficiência mo-tora consigam ter acesso ou que os ônibus, que todos utilizamos diariamente, pos-suam formas de facilitar a entrada para eles, como esperar isso dos criadores de sítios para a Web? O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação traz uma nova realidade quando pensa-mos em acessibilidade para deficientes. Agora, é necessário pensar na internet como um meio que precisa ter igualdade no acesso para todos, inclusive deficientes visuais, auditivos, motores e cognitivos.
A construção de sítios acessíveis é uma exigência desde 2004, através do decreto 5.296, tornando obrigatória a acessibili-dade nos portais e sítios eletrônicos da administração pública na rede mun-dial de computadores. O decreto visa à garantia do pleno acesso aos conteúdos disponíveis para pessoas com neces-sidades especiais.
Segundo o de-signer de in-t e r a ç ã o , Marcos
Loureiro, a acessibilidade na Web é fun-damental porque aproxima a informação de todo o tipo de usuário e deficiência. “Apesar dessa consciência coletiva para todos os desenvolvedores, apenas em pro-jetos governamentais e grandes portais de informação existe uma legislação efetiva para a implementação de normativos de acessibilidade. Possivelmente pelo custo da pesquisa e acompanhamento, talvez o número de acessos de deficientes ainda não seja interessante para a maioria dos sites”, explica.
Marcos diz que nos projetos e estudos que participou junto
do Governo de M i n a s T E C N O L O g
IA
Desde 2004, é obrigatrio e os portais relaioados
ao Govero foream otedo e possibilite aesso
a todos, inclusive decientes visuais e auditivos
Gerais na elaboração de websites, foram utilizadas duas ferramentas de análise: o ASES - Avaliador e Simulador de Acessi-bilidade de Sítios; e o e-MAG - Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico. Também foram considerados os docu-mentos das Diretrizes de Acessibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG, na sigla srcinal em inglês).
O ASES é um programa acessível, ou seja, pode ser utilizado por deficientes, a menos que a deficiência impeça o ob-jetivo da ferramenta. Ele é gratuito e foi criado através de uma parceria entre o De-partamento de Governo Eletrônico e a Or-ganização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP Acessibilidade Brasil. O programa permite avaliar, simular e cor-rigir a acessibilidade de páginas, sítios e portais, ajudando os desenvolvedores e publicadores de conteúdo.
Já o e-MAG consiste em um conjunto de recomendações a ser considerado para padronizar o processo de acessibilidade dos sítios e portais do governo brasileiro. Marcos esclarece que a primeira versão do e-MAG foi disponibilizada para con-sulta pública em 18 de janeiro de 2005 e a versão 2.0, já com as alterações propostas, em 14 de dezembro do mesmo ano. “Em 2007, a Portaria nº3, de 7 de maio instituci-onalizou o e-MAG no âmbito do sistema de Administração dos Recursos de Infor-mação e Informática – SISP, tornando sua observância obrigatória nos sítios e portais do governo brasileiro”, completa.
Os documentos das Diretrizes de Aces-sibilidade ao Conteúdo da Web (WCAG) explicam como produzir conteúdos para a internet que sejam acessíveis às p e s -soas por- tado-ras de n e c e s -s i d a d e -s especiais. “Generica-mente, ‘con-teúdo’ da Web refere-se à
infor-mação contida em uma página ou uma aplicação, incluindo-se aí, textos, imagens, formulários, sons e correlatos”, explica Marcos.
Desenvolvimento Desenvolvimento
O instrutor de programação e desen-volvimento web, Tiago Santos, acredita que a maioria dos sítios da rede mundial de computadores não é acessível por uma falta de percepção da visibilidade global que todo site tem. “Neste caso, é preciso tirar um pouco o foco do publico alvo do site (o que acontece na maioria dos casos) e focar no acesso ao site como principal requisito. Com estas mudanças o foco pri-meiro passa a ser atender requisitos de acessibilidade para depois se adequar às necessidades do cliente”.
Tiago explica que não há cursos espe-cíficos que ensinem aos desenvolvedores Web como criar páginas acessíveis e que para isso é necessário que eles procurem a informação na internet ou em livros. Quanto ao interesse dos alunos, o profes-sor diz que todos concordam sobre a im-portância da prática da acessibilidade em páginas Web, mas têm consciência que desenvolver esses suportes demanda mais tempo.
Essa falta de tempo durante o desen-volvimento de sites implica também di-ficuldades de se pensar em acessibilidade para o desenvolvedor Rogério Zago An-drade. Deficiente auditivo, ele trabalha com Web Design há cerca de um ano e explica que a correria na hora de se criar o site, principalmente por parte do cliente, faz com que a acessibilidade seja deixada de lado. “Os contato são feitos com pressa, geralmente por telefone. O cliente quer uma página e temos que criá-la em um tempo muito curto”, conta.
Mesmo assim, ele acredita que a acessi-bilidade deveria ser um requisito. “Espero poder mostrar aos clientes a importância de nos dar o tempo suficiente para produ-zirmos um material de qualidade”. Perspectivas
Perspectivas
Atualmente, para ajudar deficientes vis-uais, existem programas de computador capazes de ler para os usuários as páginas
T E C N O L O g IA múltipla múltipla 1515 DIV uLG Aç ãO
nas quais eles entram. Porém, para isso funcionar, é necessário que o conteúdo desta página esteja bem estruturado, den-tro de um padrão semântico compreen-sível tanto para o software quanto para quem o está utilizando. Isso implica, ge-nericamente, escrever títulos, subtítulos, navegação, listas e parágrafos nos lugares corretos, usando códigos (conhecidos como tags) para discrimina-los. Além disso, as imagens devem ter um texto alternativo, que, para o usuário sem deficiência não faz tanta diferença, mas que é lido para o deficiente pelo software em questão.
Ana Borges é deficiente visual desde a infância e estudante de jornalismo. Para ela, a dificuldade na hora de acessar con-teúdo em sites é uma realidade. Mesmo usando softwares avançados que lêem os sites para o usuário deficiente, muitas pá-ginas têm o conteúdo tão mal construído que, para quem está recebendo a infor-mação lida, vira uma bagunça. “Eu utilizo a internet principalmente para acessar informações no site da faculdade, ler e-mails e notícias. Mas existem sites que o programa tem dificuldade para ler e acaba ficando muito confusa a informação”, re-clama.
Essa confusão se dá porque a Web pas-sou, nos últimos anos, por uma reformu-lação que necessita de uma separação en-tre a estrutura do site e sua apresentação. Para exemplificar, é como se a estrutura fosse todo o conteúdo que está no site, já citado como título, subtítulos, parágrafos, fotos, entre outros. Já a apresentação é o posicionamento desses elementos na tela, bem como suas cores, tamanhos, e é isso que faz os sites terem o seu formato.
Porém, antigamente tudo era elaborado junto, com a definição de cores, tamanhos e posicionamentos no meio do conteúdo.
Isso faz com que o leitor de tela tran-screva informações desnecessárias para o usuário, como uma pausa no meio de uma frase porque o conteúdo criou uma que-bra de linha abrupta, ou ler imagens que estão somente dando espaçamento entre tabelas, o que é inconcebível nos padrões atuais.
Ana conta também que para navegar dentro das páginas ela utiliza a tecla tab do teclado, responsável por fazer com que as seções de conteúdo do site mudem à medida que o botão é acionado. Essa é a mesma técnica usada por deficientes mo-tores, mas para funcionar é necessário que o desenvolvedor insira códigos que pro-porcionem essa hierarquia entre as seções que serão acionadas pelo usuário.
O problema maior para os deficientes é que ainda hoje existem desenvolvedores que não se atualizaram ou aprenderam em escolas que até hoje ensinam da forma como era feito no século passado.
T E C N O L O g IA Site espeializados dispoibilizam softwares e failitam a navegação de decientes visais e aditivos
O aesso a web para em tem eessidades
espeiais dispõe de programas especícos D IV u LG A ç ã O D IV u LG A ç ã O
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E S p E C IA L
divlgao do
prazer
prazer
“Ninfetinha ardente, rosto angelical e corpo de capetinha! Puro veneno”. “Mais do que uma mulher, ela é um avião bus-cando onde pousar”. Talvez incentivadas pela máxima “a propaganda é a alma do negócio”, as autoras dessas frases gastaram a criatividade para elaborar curiosos slo-gans. Conhecidas como acompanhantes de luxo, as mulheres que trabalham nessa área fazem parte de uma rede de serviços cada vez mais profissional, organizado e divulgado.
O trabalho, anunciado nos classificados de jornais, ganhou a internet e se tornou mais abrangente, tanto no alcance de cli-entes como em inovadoras possibilidades de promoção dos serviços. É o caso, por exemplo, do “Executivo Club” (www.exe-cutivoclub.com). O site, com design mod-erno, oferece serviços de mulheres, ho-mens e travestis. Mas o que impressiona não é a variedade e sim a organização de como os acompanhantes são divulgados. Nas páginas pessoais dos profissionais do sexo são disponibilizadas diversas fotos em alta definição, vídeos e uma men-sagem de voz, bastante receptiva, gravada pelo dono do perfil. Além disso, é possível mandar uma mensagem escrita para a (o) acompanhante.
E o portal não se limita a Belo Hori-zonte. Profissionais de São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Garulhos e Campinas também são divulgados. O con-teúdo do site agrega 422 modelos, e mais outros 89 que já posaram em revistas, 8.288
fotos e 263 videoclips. Para ter acesso a to-dos os recursos o interessado precisa pagar pelo menos R$ 33 por mês. Para manter o serviço, os donos do negócio têm que desembolsar em média R$4500. Nesse va-lor estão incluídos os serviços de progra-mador/designer do portal, que saem por R$3000 e o servidor que hospeda o site, por R$1400 por mês. (Preços aproximados, dependendo do tipo de serviço).
Já para as ofertas em jornais, o valor cobrado gira em torno de R$103 para di-vulgar por uma semana. Para anúncios com tamanho médio, são R$170 a mais pelo mesmo período. Os anúncios em tamanho grande possibilitam um deta-lhamento ainda maior do acompanhante. O preço para esse tipo de anúncio pode chegar a R$250, também por sete dias.
A cobrança para acessar os sites ajuda a filtrar a clientela. Os anunciantes reco-nhecem a credibilidade do portal. “É o melhor site de todos. Pago R$300 mensais e recebo cerca de 10 ligações diárias, mas a segurança e o retorno financeiro são ga-rantidos”, elogia Paloma Bracho. Com 22 anos, ela aproveita da relativa inexperiên-cia – começou a fazer programas há cerca de dois anos – para se promover.
Entretanto, existem também sites que recebem anúncios gratuitos. Entre eles está o “Garotas Pink” (www.garotaspink.com) que disponibiliza vídeos eróticos e infor-mações sobre motel, boates, bares e artigos de sexo. Para anunciar o serviço no site, as acompanhantes devem fazer a solicitação
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Teto de Liao Dias, Pedro Rotterda, Rafael Rebiti e Thiago Sapag Rii; Fotos: Aderso nape; Ilstrao: Maros Viíis Pereira
Substituindo os antigos anúncios nos classicados de
jorais, portais a iteret so riados om o itito de
ofereer servios de garotas de programa e travestis
por e-mail ou por telefone. De-pois de realizado todos os procedimen-tos (contrato, foprocedimen-tos, documenprocedimen-tos, infor-mações...), a garota de programa estará no site em três dias.
O cliente tem, até mesmo, a possibi-lidade de escolher o serviço que deseja. O site apresenta um verdadeiro cardápio. Idade (que varia entre 20 e 25 anos), peso, altura, dentre outras informações indivi-duais das acompanhantes. Existe, inclu-sive, uma preocupação em oferecer orien-tações sobre a segurança e algumas dicas se- xuais.
O número de acesso é grandioso. Se-gundo os responsáveis pelo site “Não Fique Só” (www.naofiqueso.com.br) e do “BH Vip” (www.bhvip.com.br), cerca de 3000 pessoas visitam a página por dia em busca de garotas para programas e/ou via-gens. O valor do anúncio varia de R$100 a R$300, dependendo do destaque que a acompanhante contratar. Cada uma tem direito de inserir de 8 a 20 fotos, além de colocar quais tipos de serviço podem ser feitos.
Promoção Promoção
As frases de impacto ficam por conta das próprias acompanhantes. Em uma breve navegação, é possível encontrar desde provocantes convites até apelos di-retos. Algumas optam pela objetividade: “Lorena, cada vez melhor” e “Clara, o en-canto à flor da pele, alto-nível”. Há acom-panhantes que recorrem a semelhanças com as famosas: “Melhor que “Vivi Fer-nandes” e “Japinha linda e provocante, fa-bricada no Brasil com tecnologia Japone-sa! Estilo Sabrina Sato”.
Foi justamente com essa estratégia
que foi cria- d o o nome Milla Sales. Em fotos feitas com pequenas vestimentas de jogadora de futebol, a acompa-nhante revela o objetivo: “Inspirei-me na jogadora de futebol Milene Domingues, ex-esposa do atacante corintiano Ronal-do”. No ramo há três anos, Milla veio do interior de minas e logo se deslumbrou com os primeiros programas. “Em uma se-mana ganhei o que recebia em um mês na minha cidade. Juntar dinheiro sempre foi meu objetivo”, confessa. A acompanhante destaca que a maioria dos homens que a procura é casada e a idade é variada.
Milla só deu uma pausa nos programas quando se apaixonou por um homem. Ela tem uma filha que mora com os avôs no interior. “Todo mês viajo para visitá-los e dar dinheiro para ajudar na criação dela”, conta. Assim como Milla, Paloma Bracho nasceu no interior, em Governador Vala-dares. Mãe solteira, ela começou a prestar serviços sexuais quando a segunda filha nasceu, há dois anos, para proporcionar
melhores condições para as crianças. “Prcurei emprego pelo jornal e todas as o-fertas exigiam escolaridade e experiência. Não tinha nenhuma das duas. Foi quando vi um anúncio que só precisava ser boni-ta”, esclarece.
Homossexuais Homossexuais
O carro-chefe dos sites de acompa-nhantes é, na maioria das vezes, a mulher. Exceção, por exemplo, do “Só Bonecas” (www.sobonecas.com.br), um site de anún-cios internacionais, mas só para
traves-Adryella Vedramie é ma das aiates do site “S Boeas”,
elsivo para a divlgao de travestis e traseais. O mero de aessos hega a 10 mil por dia
Para ter acesso a todos os conteúdos dos
sites, como o “Executivo Clube”, é necessário
pagar pelo menos R$33 por mês
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tis e transexuais brasileiros. O sistema é parecido com o “Executivo Club”. Os in-teressados que clicarem sobre as fotos dos travestis e transexuais, apenas terão acesso a uma foto e ao telefone de contato. Para ter acesso ao perfil completo é preciso ser sócio do site e pagar uma cota mensal de R$50. Já as anunciantes pagam entre R$150 e R$350 por mês. Como o site é interna-cional, o número de visitas ao dia chega a 10 mil.
Entre as mais criativas chamadas, está “Everlyn, a única transexual com mestra-do”. Com linguajar rebuscado, Everlyn revela que é transexual há três anos e sem-pre esclarece aos clientes a diferença para travesti. De acordo com ela, os travestis são mais parecidos com homens, corpo mais forte e muito silicone. Já os transexuais são mais delicados e se parecem mais com as mulheres. O “gosto” sexual também é diferente. Os primeiros são tanto passivos quanto ativos, enquanto os transexuais são somente passivos.
Baiana de Salvador, Everlyn veio para Belo Horizonte há oito anos, quando pas-sou para Psicologia na UFMG. “Minha família na Bahia sabia que eu era gay. Mas só após iniciar o mestrado e concluir minha tese, é que resolvi virar transexu-al”. Ela conta ainda que deseja dar segui-mento aos estudos e que no final do ano tentará o doutorado pela UFMG. O objeto da pesquisa será o mesmo do mestrado: O livro “Herculine Barbi: Memórias de uma hermafrodita”, escrito por Michel Foucault.
“Minha família ainda não sabe que me transformei. Desde que eu terminei o mestrado não vou a Salvador, converso com eles uma vez por semana”, conta
E-verlyn, que foi criada pela avó, hoje com 90 anos. “A distância da família também ajudou para que eu fizesse as mudanças no meu corpo. Procurei um endocrinolo-gista e comecei a tomar hormônio femi-nino, deixar o cabelo crescer e fazer um pouco de academia.”
Sobre os programas ela afirma que prefere anunciar em sites porque é mais garantido que alguém ligue. “Os anún-cios dos jornais me parecem falsos, não dá para assegurar que aquilo que está des-crito é verdade. As fotos podem até ter photoshop, mas é certeza que a pessoa é realmente daquele jeito”, ressalta. Jornais
Jornais
Ariele, que se intitula como “Gatinha Pequena”, é uma das garotas que anun-ciam em jornais. Ela conta que veio do interior para a capital mineira buscando uma chance de melhorar de vida. “Quando saí da minha cidade no início deste ano, meu pai disse que era pra eu me cuidar e conseguir um bom emprego para pagar meus estudos. Não consegui o emprego e ser garota de programa foi minha última solução, para não ter que voltar pra casa derrotada”.
Ariele atende somente em local pró-prio, em um apartamento no centro de Belo Horizonte que divide com mais três garotas, todas de programa. Seguir a car-reira de médica faz parte dos ideais da menina. “Estou fazendo cursinho, quero casar e ter filhos. Toda menina sonha em ter um príncipe, e definitivamente não existe uma mulher que se deita com mais de três príncipes por semana”, observa.
Os travestis são
mais parecidos
com homens,
corpo mais forte e
muito silicone. Já
os transexuais são
mais delicados e
se parecem mais
com as mulheres
Travestis “bate poto” a regio da Pamplha
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Dionísio, deus grego do vinho, orgias e do prazer, é quem abençoa nossa saga. Sábado às 23h chegamos ao destino. Logo na porta, o segurança pergunta: “Primeira vez de vocês?”, após a resposta afirmativa ele adverte: “Aqui é uma casa de swing”. A mansão, localizada na orla da lagoa da Pampulha, zona norte de Belo Horizonte, possui três andares e ambiente requinta-do. Na garagem, o primeiro ponto de es-tranhamento, mais carros populares que importados.
Assim que entramos, a música que to-cava era forró e vários casais dançavam. A iluminação era como em uma casa de shows convencional. Tudo à meia luz para proporcionar a atmosfera aconchegante e sensual.
A recepcionista é quem nos apresenta a casa. No primeiro andar, sala com músi-ca ao vivo e espaço para dançar, mini sex shop, scoth bar e boate, onde mais tarde aconteceria o show de striptease. Já o se-gundo piso é o andar dos quartos, com-posto por duas acomodações privativas, nove quartos-aquário, um quarto treliça, um dark room, um banheiro feminino, um masculino e um misto. Já o último pavimento possui sala-aquário para víde-os pornográficvíde-os, outro dark room, scoth bar e uma grande sala com sofás, palco
com estrutura para pole dance e, no cen-tro, o tatame (cama gigante, onde vários casais costumam manter relações simul-taneamente).
O valor de R$ 80 por casal pode até parecer “caro” e a princípio seletivo se le-varmos em consideração qualquer outra casa de shows. Mas o preço é compatí-vel com a estrutura do local. O perfil dos freqüentadores se concentra nas classes B e C.
Depois de apresentar os ambientes da mansão, a recepcionista anotou nossos da-dos e nos presenteou com cortesias que garantiam 50% da entrada para a próxima sexta-feira.
No scoth bar muitos casais conver-savam e tomavam seus drinks, para se sentirem mais à vontade em meio aquele ambiente. No cardápio, o valor mínimo dos drinks é de R$ 7. Nenhum dos clientes parou no primeiro copo.Por volta de meia noite, um funcionário passou de porta em porta comunicando o show de striptease na boate. Uma dançari-na e mais dois homens subiram no palco e começaram a tirar peça por peça da pouca roupa que vestiam. Os homens estavam de camiseta e sunga e a mulher com lingerie branca (corpete e cinta-liga).
Os quartos só começaram a serem
uti-E S p E C IA L
sexo:
sexo:
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A veda de artigos ertios e espaos omo
casas de swing, motéis e cabines eróticas guram
etre os grades egios do setor mieiro
Teto de Aa cristia nobre, cladio Marhiori, Daiara Baldoi, Iasmim Deslades e Joatha cotta; Fotos: Jliaa Valim; Ilstrao: Maros Viíis Pereira
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lizados após o show, e poucos eram os ca-sais que se preocupavam em preservar sua intimidade. Um fato no mínimo curioso é a forma respeitosa como um casal aborda o outro. Quando a mulher está interessada no parceiro de outra, seu companheiro faz o convite e vice-versa. Porém, uma das re-gras da casa é que nada deve ser obrigado, e caso algum casal se sinta constrangido por algum motivo podem acionar um dos seguranças.
Posicionado no segundo andar, um segurança fica atento a qualquer eventu-alidade. É função dele repreender pessoas que andam sozinhas, uma vez que tam-bém não é permitindo caminhar pelos corredores sem seu acompanhante. Outros seguranças ficam por conta de monitorar os demais cômodos.
Ao todo, o estabelecimento é compos-to por uma recepcionista, um atendente para o cadastro dos clientes e chek in, três dançarinos, dois caixas, três funcionários no scoth bar do primeiro andar, dois no bar do último piso, além do pessoal que cuida da manutenção e limpeza da man-são.
Sex shop e motel Sex shop e motel
Outro ramo do mercado legalizado do sexo que é extremamente lucrativo são os sex shop. Na loja do sexo (tradução da expressão inglesa), os artigos encontrados vão desde lingeries sensuais até produtos que volta e meia estão na moda, como, por exemplo, as bolinhas aromáticas.
O comércio de apetrechos sexuais é bastante lucrativo. Alguns produtos po-dem chegar a R$ 800. Segundo Maria do Carmo Silva, gerente de um sex shop na região da Savassi, o tipo de público varia muito. “Recebemos homens e mulheres, sozinhos ou em casal, gays, lésbicas, jo-vens, idosos, ou seja, não há uma segmen-tação. Só não atendemos menores de 18 anos. As mulheres investem muito mais nesses tipos de artigos do que os homens. Elas adoram sair da rotina”, ressalta a ge-rente.
Os preços dos produtos variam. Os mais baratos são as bolinhas aromáticas e os cosméticos, que vão de R$ 20 a R$ 50. Já os vibradores são mais caros. Alguns que possuem pulsações e dez níveis de inten-sidade podem custar R$ 700. Entretanto, os mais simples estão na faixa de R$ 150. As lingeries vão de R$ 200 até R$ 700 de-pendendo do modelo.
Entre os produtos mais procurados es-tão os vibradores e cosméticos afrodis-íacos (gel quente/frio, comestíveis, loções,
óleos para massagens, etc). Ela afirma que quando a loja foi inaugurada, há 11 anos, o que mais se vendia eram lingeries. “Hoje as pessoas estão menos tímidas em relação a isso, e os produtos eróticos estão com força total”, comenta.
Maria do Carmo ressalta que a deman-da do consumidor varia de acordo com a moda. A estudante Dayse Honorato, 31 anos, já experimentou alguns produtos e só no seu aniversário de casamento
che-gou a comprar R$ 200 em artigos. “Eu e meu marido fizemos cinco anos de casa-dos e para comemorar comprei um gel, lu-brificante, lingerie, e bolinhas aromáticas. Além dos artigos, fomos a um motel bem luxuoso”, conta.
Outro lugar bem cobiçado pelos
namo-E S p E C IA L
Os números provam que os motéis são
um dos principais ramos do mercado
legalizado do sexo
rados, casados, amantes, etc. é o motel. Seja ele simples ou luxuoso, é uma boa pedida para sair da rotina. Nos motéis, além do aluguel dos quartos, outros produtos são comercializados e ajudam a aumentar ainda mais o lucro do negócio. Em um estabelecimento localizado no bairro Ar-voredo, em Contagem, o produto erótico mais vendido para os clientes, por exem-plo, é o anestésico e o valor é cerca 50% maior do em uma farmácia.
As 59 suítes que o local abriga são di-vidas em seis tipos: máster, temáticas, tropical, com hidromassagem, classic e standart. Os preços variam de R$ 24 a R$
130. Preço razoável se comparado aos mais luxuosos motéis da cidade.
O público é, em geral, classe média e média baixa. “Começamos com as suítes mais simples e, até hoje são elas que enchem primeiro”, afirma o proprietário do motel, Diogo Campelo. Ele também ressalta que seu público é fiel e cerca de
80% utilizam o cartão fidelidade que dá direito a descontos.
Lucro Lucro
O empreendimento, inaugurado em 2002, teve investimento de, aproximada-mente, R$ 3 milhões. De acordo com Campelo, o retorno é rápido. “Só nos finais de semana a média de ocupação varia em torno de 230 clientes por noite, e durante a semana, a média é de 130 ocupações”, comenta.
O maior movimento no motel é no Dia dos Namorados, seguido do primeiro fi-nal de semana de cada mês e do mês de dezembro, período que as pessoas recebem o décimo terceiro. “Porém, nos primeiros meses do ano o movimento cai cerca de 10% por causa das férias e dos feriados lon-gos”, explica.
Os números provam que os motéis são um dos principais ramos do mercado le-galizado do sexo. Só em Belo Horizonte, são 150 espalhados pelas principais entra-das e saíentra-das entra-das vias expressa e BRs. Al-guns com quartos mais simples, sem luxo algum, outros requintados e que oferecem vários serviços aos clientes. Em um deles, a suíte mais simples tem cama redonda, TV, espelho no teto e na parede.
Já na suíte master, os clientes contam com sauna, área externa com ducha, es-preguiçadeira e mesa, ar condicionado,
“As mulheres investem muito mais nesses
tipos de artigos do que os homens. Elas
adoram sair da rotina”
Maria do Carmos Silva
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frigobar, hidromassagem, cadeira e pol-trona erótica, teto solar, cama king size, TV LCD, duas duchas, som com mp3 e ga-ragem para dois carros. Existem, também, algumas suítes sem garagem para aquelas pessoas que vão a pé, e suítes com garagem para motos. Diversidade que agrada a to-dos os gostos e bolsos.
Entre muitas situações curiosas, en-tretanto, há clientes que utilizam os serviços e, no fim, falta o dinheiro para pagar a conta. “Neste caso, pedimos para que o cliente deixe o celular ou carro como garantia de pagamento”, conta o proprietário. “Outro contratempo aconte-ceu quando um homem quis ensinar sua mulher a dirigir dentro do motel, mas ela não conseguiu engatar a ré para tirar o carro do box e derrubou a parede da suíte que eles tinham acabado de sair”, lembra Diogo, divertindo-se.
O maior transtorno que ele vivenciou foi a descoberta de uma traição; literal-mente um episódio policial. “O marido seguiu a mulher até aqui e a flagrou com o amante. Então, chamou toda a família dela para vê-la saindo do motel com o amante. Mas, na saída, o casal percebeu e tivemos que deixar o amante sair pelos fundos para evitar mais confusão. Como se não bastasse, o marido traído chamou a polícia para fazer uma ocorrência de adultério contra sua mulher”, recorda.Pese a tantas histórias, a vantagem do setor é iminente. Só no motel localizado no bairro Arvoredo, no final de cada mês, a receita é de aproximadamente R$ 340 mil bruto.
Cabines Eróticas Cabines Eróticas
No centro de Belo Horizonte existem várias casas que oferecem filmes eróticos e striptease ao vivo a preços populares. A partir de R$ 2 pode-se assistir um strip-tease de um minuto, ou pagar R$ 20 e ver 25 minutos.
Mas valores baixos não significam baixa lucratividade. É o que afirma Ricardo (que não quis identificar seu sobrenome), dono de umas das cerca de 20 cabines eróticas existentes nos quarteirões das ruas São Paulo, Guaicurus e Santos Dumont. Ricar-do afirma que a procura por este tipo de diversão é alta na capital, e que por esse motivo, o mercado é promissor. A média, segundo ele, de homens que frequentam seu estabelecimento varia de 1000 a 1200 por dia, sendo que já chegou a atender 4000 em apenas um dia.
Na estrutura da casa, jogos eletrôni-cos e diversas bebidas para os clientes.
Ao todo são 29 cabines. Elas são fechadas como box. Seus vidros são de 10mm de espessura, o que garante a segurança e o sigilo das stripeers. Ao todo, o local possui cinco funcionários e doze stripeers. Todos possuem carteira assinada. As dançarinas possuem idade entre 18 a 25 anos. Segundo Ricardo, ele não contrata menores de 18, devido à lei, e nem maiores de 25, pois estão fora do padrão que agrada aos cli-entes.
A faixa etária do público é de 20 a 40 anos. A principal divulgação se dá por meio de anúncios em jornais. De acordo com Ricardo, o final da tarde é o horário de maior movimento, uma vez que os cli-entes saem do serviço e vão direto para as cabines. E S p E C IA L
As abies ertias eibem vídeos e striptease ao vivo pelo preo médio de R$10
Segundo um dos proprietários das cabines
eróticas, a média de frequentadores do
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daa da
sedução
sedução
Corpos masculinos sarados, acompan-hados de uma boa ginga e sensualidade. Esses são alguns itens que caracterizam os gogo boys, rapazes que ganham a vida exibindo seus dotes físicos, dançando em festas e casas noturnas. O termo Go-Go é derivado da expressão francesa à gogo, sig-nificando “em abundância, abundância” que, por sua vez, deriva da antiga palavra francesa la gogue ( “alegria, felicidade”).
Cada profissão tem seu preço e, por mais que muitos pensem que os gogo boys são garotos que apenas dançam em cima de um balcão, o ofício vai muito além disso. A rotina diária se resume a muita malhação e, para alguns, bronzeamento artificial, cuidados com a pele, depilação, além de horas de ensaios, necessários para que eles conheçam as músicas que irão utilizar em suas performances.
As preparações começam cerca de uma hora antes de subirem ao palco. Na boate Josefine, localizada na região centro sul de Belo Horizonte, o figurino do show é composto por poucas peças: uma sun-ga, que desperta estimulo e empolgação do público. Nos pés, botas de cano alto preta e meias brancas. Os preparativos se resumem a aquecimento com flexões e
ab-dominais, óleo para o corpo e gel para o cabelo ficar impecável.
Meia-noite é a hora do espetáculo começar. A música alta anima o público que incendeia a pista de dança. Alguns homens na platéia se sentem tão a von-tade que tiram as camisetas e dançam como se fossem as atrações da noite.Uma estudante de Administração identificada apenas como Carla, vai à boate acompa-nhada das amigas há mais de um ano. “Me divirto muito e venho aqui para admirar a beleza e sensualidade dos gogo boys”.
Para a psicóloga Marina Guimarães, geralmente o público que assiste a uma apresentação de gogo boys é de homens homossexuais e de mulheres heterosse-xuais. O interesse pelo espetáculo gira em torno da libido e da sexualidade envolvi-da. Há um jogo de sedução em cena.
Ainda segundo a psicóloga, as apresen-tações dos gogo boys estimulam sexual-mente o público que os assiste, pois essa é a base de sustentação desta profissão. A explicação é simples: eles são bonitos, viris, sedutores e inatingíveis o que aguça o desejo impossível de satisfazer o pra-zer.
O gogo boy Fernando Eustáquio, de 18
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Teto de Débora Izabela Gilherme Felipetto, Marelo Soares e Paola Amaral; Fotos: Gilherme Felipetto e Paola Amaral
Shows de striptease maslio so promovidos em bo
ates
de BH omo opo de etreteimeto para mlheres e
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L anos, se destaca em meio aos outros cinco garotos. Há seis meses, deixou seu antigo emprego de dançarino para dedicar todo o seu tempo ao novo ofício e diz não se arrepender da escolha. Ele possui cara-cterísticas importantes para se dar bem na profissão: é desinibido, simpático e bom dançarino. Mas ele explica que existem outras exigências. “Meu trabalho além de dançar, é de seduzir o público que me as-siste”. E isso ele consegue sem muito es-forço.
Culto ao corpo Culto ao corpo
O culto ao corpo, hoje em dia, cresce de uma forma impressionante. Homens e mulheres buscam o físico perfeito, tratam de se cuidar e ter uma vida mais saudável, além de freqüentarem academias e cen-tros de estéticas. O conceito de mecen-tros- metros-sexual surgiu a partir do momento em que os homens começaram a preocupar-se excessivamente com a aparência. O termo é srcinado da junção das palavras metro-politano e heterossexual, sendo assim con-siderados pelo fato de utilizar seu tempo e dinheiro com cosméticos, academias, acessórios e roupas de marca.
Na indústria do sexo, homens que se preocupam com o físico e possuem cor-pos desenhados pela malhação constante são muito desejados por outros homens e mulheres. Os gogo boys descendem de uma profissão bastante antiga: as strip-per, com o diferencial em que não são ga-rotas e, sim, homens dançando em boates e casas especializadas. O strip-tease baseia-se esbaseia-sencialmente no ato de dançar e baseia-se despir, buscando assim seduzir o público. Para Marina Guimarães, há vários mo-tivos que levam uma pessoa a se tornar gogo boy: o gosto pela dança, o culto ao próprio corpo, o histórico de freqüentar baladas, um convite inesperado de tra-balho ou até mesmo o prazer de seduzir o outro. Jhonatam Gomes, de 26 anos, que exerceu a profissão durante cinco anos, de-cidiu ser gogo boy pelo prazer de dançar e exibir seu corpo. Para ele, o cachê era apenas uma conseqüência. A psicóloga ex-plica que “o ser humano precisa do olhar aprovador do outro. Só nos reconhecemos depois que o outro o faz. A profissão do gogo boy fascina porque ele se sente dese-jado e admirado, desperta inveja pelo seu corpo “perfeito” e sente-se no controle da
situação, pois ninguém pode tocá-lo e nem tê-lo de fato”.
Pelo fato de a profissão trabalhar com a exposição do corpo de forma sensual, em que muitas vezes os gogo boys ficam nus, o preconceito é algo que está presente no seu dia-a-dia. É o que afirma Fábio Broca, 21 anos, há seis meses no ofício. Apesar dos amigos aceitarem numa boa, seus pais, que moram no interior, não sabem da profissão noturna do filho e Fábio
prefere não contar, pois acredita que eles não entenderiam a forma como escolheu para ganhar a vida na capital.
O relacionamento com as mulheres também é complicado. Namoro sério é praticamente impossível, já que algumas vezes eles são beliscados e ganham arra-nhões pelo corpo. Fernando conta que ter-minou o namoro logo quando começou a dançar na noite. “É impossível sustentar um namoro com essa profissão. O assédio é muito grande e o ciúme torna-se pos-sessivo,” conta o gogo boy. A comparação
“Me trabalho além de daar, é de sedzir o pblio e me assiste”, diz Ferado Estio, o gogo boy de 18 aos
e se destaa as apresetaões
Os gogo boys descendem de uma prossão
bastante antiga: a de stripper. Com o
diferencial de que não são garotas e, sim,
homens dançando em boates especializadas
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com garotos de programa também é in-evitável. Fábio, por exemplo, já recebeu várias propostas durante as apresentações, porém, rejeitou todas por achar que a quantia não vale a pena. Por isso, assim que o show termina, todos os gogo boys são obrigados a saírem da boate para evi-tar o contato com o público.
Para o gogo boy Bruno Madeira, 24 anos, muitos profissionais escondem sua opção sexual temendo o preconceito por parte do público e também das casas no-turnas onde atuam. Ele, que é homosse-xual assumido, afirma nunca ter sofrido preconceitos, mas procura ser o mais dis-creto possível para preservar sua imagem, seu ambiente de trabalho e até mesmo o público.
A
A srsrcem de tudoem de tudo
Engana-se quem pensa que ser gogo boy é coisa dos tempos modernos. O ofí-cio, que existe desde os primórdios, foi iniciado por um homem das cavernas tra-jado com uma pequena tanga de pele de carneiro que durante uma caça a javalis desistiu de persegui-los, subiu em cima de uma pedra e começou a praticar uma esquisita dança tribal. Todos os presentes ficaram parados, admirando a dança. Daí nasce o primeiro gogo boy da História. Já na Grécia antiga, os homens que posavam para os artistas produzirem esculturas eram os gogo boys da época. A diferença é que não dançavam.
Mesmo com toda sofisticação que ocor-reu desde o surgimento dos gogo boys, a forma com que são feitas as apresentações permanece a mesma: um homem de corpo atraente, em cima do palco, dança de for-ma sensual exibindo seu corpo.
Em meados dos anos 50, nos Estados Unidos, bares e boates gays clandestinas passaram a oferecer shows de gogo boys. A novidade agradou tanto, que durante as apresentações, os clientes colocavam notinhas de dinheiro dentro das tangas dos rapazes. A partir da década de 1960, os gogo começaram a tirar toda a roupa enquanto dançavam. Logo depois, surgem os chamados “Clubes das Mulheres”, lo-cal onde homens musculosos fazem strip tease para o público feminino.
Dupla jornada Dupla jornada
A maioria dos gogo boys exercem out-ras atividades paralelas à profissão. Trata-se de uma carreira curta devido à idade, pois a medida que o tempo passa, fica mais difícil manter a atividade de gogo boy. Paulo Vaz, 24 anos é gogo boy, tra-balha com marketing numa empresa de publicidade e comunicação, faz faculdade de Educação Física e pretende dar aulas. “Pretendo dançar por mais algum tempo e a partir do momento que eu começar a dar aula vou me dedicar só a isso,revela.
Estima-se que um gogo boy receba de 1500 a 2000 reais mensais trabalhando, em média, quatro vezes por semana. “Traba-lhando muito e fazendo ensaios fotográ-ficos, praticamente dobro minha renda mensal”, diz Paulo. Além das apresen-tações em casas noturnas, são contratados para outros eventos como chás de panela e despedidas de solteiro que possuem cachês combinados conforme o evento.
Na Josene, famosa boate
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A alimentação é uma necessidade bási-ca à sobrevivência. De acordo com a OMS - Organização Mundial da Saúde -, para uma pessoa ter boa saúde é preciso uma ingestão diária de 2500 kcal, distribuídas em, no mínimo, três refeições/dia: café da manhã, almoço e jantar. Entretanto, nem todo mundo pode se dar a esse luxo. Falta de tempo, costumes alimentares in-adequados e condições financeiras estão entre os maiores desafios diante de uma população crescente. Muitos compensam o corre-corre com lanches que não aten-dem aos requisitos de uma vida saudável. O problema mais sério, porém, é mesmo o bolso. Parte significativa da população convive diariamente com uma pergunta: vou comer hoje? Eles não têm sequer o
benefício da escolha do que comer. Ali-mentar-se está cada vez mais caro. De acordo com o Dieese - Departamento In-tersindical e Estudos e Estatística -, há capitais nas quais o preço de uma cesta básica chega à metade do valor do salário mínimo, noutras ultrapassa 50% do venci-mento padrão dos brasileiros. O mesmo órgão aponta que para custear todas as despesas de uma família de quatro pes-soas, incluindo alimentação, os brasileiros precisariam de uma remuneração mensal superior a R$ 2 mil. Como alimentar os cidadãos das principais cidades do país, onde a pobreza é muito mais evidente?
Parte da solução está nos restaurantes populares. Desde 1994, quando foi implan-tada a primeira unidade em Belo
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zonte, próxima à rodoviária da capital, eles servem alimentação balanceada a preços acessíveis, graças a subsídios da prefeitura. Nos quatro restaurantes po-pulares (Barreiro, Venda Nova, Centro e Santa Efigênia) e no refeitório da Câma-ra de Vereadores da capital mineiCâma-ra são servidos café da manhã, almoço e jantar por R$ 0,50, R$ 2,00 e R$ 1,00, respectiva-mente, segundo informações da Secretaria Municipal Adjunta de Abastecimento. O maior deles é o restaurante do Barreiro.
De acordo com o secretário adjunto de Abastecimento, Flávio Dufles, são investi-dos anualmente cerca de R$ 17 milhões nas quatro unidades. O volume é aplicado em reformas e aquisição de suprimentos e produtos alimentares. “Temos condições de atender perfeitamente a todos que procuram os restaurantes populares, desde moradores de rua e famílias humildes, até funcionários das regiões atendidas pelas unidades”, completa o gestor.
Modelo Modelo
O programa de restaurantes populares de Belo Horizonte é considerado modelo entre as principais cidades brasileiras. A capital mineira foi pioneira na iniciativa e, segundo Flávio Dufles, temos aqui o maior volume de atendimento, com média diária superior a 17 mil refeições servidas. “Somos modelo porque temos estruturas bem montadas, com corpo de funcionários especializados (nutricionistas e técnicos), equipamentos modernos que auxiliam na grande produção, higienização de todo es-paço e vasilhames. Já alcançamos
recon-hecimento internacional pelos cuidados que temos”, enfatiza Dufles. As quatro unidades do programa de Restaurantes populares de Belo Horizonte preparam 32 toneladas de alimentos por mês.
O que é servido a quem procura os restaurantes populares de Belo Horizon-te? De acordo com a nutricionista de um dos restaurantes, Beatriz Das Dores, cada prato contém arroz, feijão e uma porção
de carne (bovina, suína, frango ou peixe), intercaladas entre os dias da semana, pre-dominando a bovina. “Como opção, ofe-recemos ovos fritos ou cozidos e, em dia de dobradinha, geralmente omelete”, es-clarece Beatriz. O cardápio também apre-senta guarnição como canjiquinha, macar-rão ou legumes e, quando necessário, é incrementado com ovos, paio, bacon ou toucinho. Há também saladas , sobremesa, uma fruta, doce ou suco.
A equipe de nutricionistas responsável pelas refeições elabora uma proposta ali-mentar seguindo padrões rígidos. “Toma-mos o cuidado de balancear“Toma-mos os macro e micronutrientes de uma dieta eficiente (carboidratos, proteínas, lipídeos, sais
mi-Segundo dados da PBH, atualmente são servidas
3.584.219 refeições por ano nos restaurantes
populares de Belo Horizonte
no cetro de Belo Horizote, primo à rodoviria, fioa m dos Restarates Poplares da apital, e oferee três refeiões por dia
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nerais e vitaminas). Também aproveita-mos os alimentos com casca quando há essa possibilidade, caso da abóbora mo-ranga. Até a apresentação fica bonita por causa do contraste da casca verde e a polpa amarelada do produto”, explica Beatriz.
Um dos freqüentadores assíduos do res-taurante popular do Centro é o catador de material reciclável Francisco Pena, 42, ou Chico Pena, como gosta de ser chamado. Pena mora na região do Barreiro, mas tra-balha na região central porque, segundo ele, é mais fácil para conseguir o material que precisa para seu trabalho. “Todos os dias, eu tomo café e almoço aqui porque não posso pagar pra comer em um lugar chique. Lá, eles nem deixam a gente entrar por causa das roupas e do cheiro. Nem sei entrar num lugar desses”, comenta
sorri-dente. Segundo Francisco Pena, o pessoal do restaurante o trata muito bem e alguns funcionários até guardam material pra ele de vez em quando. “Tem funcionário aqui que ficou amigo mesmo, porque eu venho todos os dias. Só não dá pra conversar muito porque a fila é grande”, completa.
O restaurante popular do Centro é uma opção também para os funcionários do comércio local. Muitos deles preferem o “popular”, como ficou conhecido entre eles, por causa do preço, caso da atendente de loja de confecções Norma Barbosa, 32. “Venho sempre com minhas colegas do trabalho. A gente almoça, coloca o papo em dia e economiza. Comer em outro lu-gar ficaria muito mais caro e o salário pre-cisa durar o mês todo senão não tem jeito de sobreviver”, justifica Norma.