• Nenhum resultado encontrado

Rev. Assoc. Med. Bras. vol.51 número4

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Rev. Assoc. Med. Bras. vol.51 número4"

Copied!
2
0
0

Texto

(1)

Rev Assoc Med Bras 2005; 51(4): 181-94

188

D

iretrizes em foco

M edicina Baseada em E vidências M edicina Baseada em E vidências

D

IABETES MELLITUS

:

USO DE ÁCIDO

ACETILSALICÍLICO

(

AAS

)

D escrição do mét odo de colet a de evidências

Re visão biblio gráfica de artigo s cie ntífico s, re co m e ndaçõ e s e co nse nso s de e spe cialistas.

Graus de recomendação e força de evidência

A:Estudo s e xpe rim e ntais e o bse rvacio nais de m e lho r co nsistê ncia.

B: Estudo s e xpe rim e ntais e o bse rvacio nais de m e no r co nsistê ncia.

C: Re lato s de caso s (e studo s não co ntro lado s).

D:O pinião de spro vida de avaliação crítica, base ada e m co nse nso s, e studo s fisio ló gico s o u m o de lo s anim ais.

Objet ivos

C aracte rizar o uso do ácido ace tilsalicílico (AAS) na pre ve nção prim ária de e ve nto s cardio vasculare s e m pacie nte s diabé tico s; caracte rizar o uso do AAS na pre ve nção se cundária de e ve nto s cardio vasculare s e m pacie nte s diabé tico s; siste m a-tizar, so b o po nto de vista de aplicação prática, a utilidade do AAS no m anuse io do risco cardio vascular do pacie nte co m diabe te s m e llitus.

Conflit o de int eresse

N e nhum co nflito de inte re sse de clarado .

Int rodução

D iabe te s m e llitus é asso ciado co m grande aum e nto da pre valê ncia de do e nça arte rial co ro nariana. As co m plicaçõ e s cardio circulató rias re pre se ntam a m aio r causa de m o rbidade e m o rtalidade ne ste s pacie nte s, se ndo o risco de m o rtalidade po r do e nça cardio vascular trê s ve ze s m aio r e m ho m e ns diabé tico s se m o utro s fato re s de risco1(B).

Plaque tas de ho m e ns e m ulhe re s co m diabe te s são fre qüe nte m e nnte hipe rse nsíve is in vitro a age nnte s agre gannte s plaque -tários2(D). C o m a le são e ndo te lial, causada principalm e nte

pe lo mau co ntro le glicê mico e dislipide mia, e xiste m alte raçõ e s na co agulação do diabé tico co m o aum e nto do s fato re s VII e VIII, Vo n W ille brand, fibrino gê nio , PAI–1, m aio r agre gação e ade sividade plaque tária. O AAS inibe irre ve rsive lm e nte a via da ciclo xige nase do m e tabo lism o do ácido aracdô nico , blo que ando a sínte se do tro m bo xane , re sultando na inibição da agre gação plaque tária. Em altas do se s (> 325 m g/dia), o AAS po de apre se ntar um e fe ito parado xal, po rque e le tam bé m inibe a sínte se da pro staciclina nas cé lulas e ndo te liais e plaque tas, que po de favo re ce r a fo rm ação de tro m bo s. Isto é im po rtante

para pacie nte s diabé tico s, po rque o s níve is de pro staciclina são re duzido s.

Me ta-análise s, pré vias, de e studo s rando m izado s tê m m o s-trado que a te rapia antiplaque tária pre vine sé rio s e ve nto s vasculare s, o clusão arte rial e tro m bo e m bo lism o ve no so3(A).

U m pacient e diabét ico que nunca t eve event os cardiovasculares se beneficia com o uso de AAS (pre-venção primária)?

D iabe te s m e llitus e stá asso ciado co m o risco de do e nça co ro nariana fatal, que é tão alto quanto o risco de pacie nte s infartado s se m diabe te s4(B). Ainda não há um e studo siste m

á-tico que de m o nstre se a te rapia pro filática do AAS re duz o risco de e ve nto co ro nariano e m pacie nte s co m diabe te s. N o Physicians H e alth Study, AAS re duziu o risco de IAM e m pacie nte s co m diabe te s (RR= 0,39) durante cinco ano s de se guim e nto e ne nhum a inte ração co m o tratam e nto do diabe te s fo i no tada5(A).

N o Early Tre atm e nt D iabe tic Re tino pathy Study, um e studo rando m izado e nvo lve ndo 3.711 pacie nte s, co m diabe te s e re tino patia, o infarto do m io cárdio te nde u a se r m e no s fre qüe n-te e m suje ito s que usaram 650 m g de AAS po r dia quando co m parado s ao s que re ce be ram place bo6(A). AAS não o fe re

-ce u ne nhum e fe ito na pro gre ssão da do e nça o cular6(A). N e sse

e studo , 48% do s pacie nte s tinham apre se ntado algum e ve nto cardio vascular, se ndo co nside rado e ntão um e studo m isto de pre ve nção prim ária e se cundária.

O Primary Pre ve ntio n Pro je ct avalio u o uso de AAS 100 mg ao dia e m indivíduo s co m hipe rte nsão , hipe rco le ste ro le m ia, diabe te s e histó ria fam iliar de IAM pre m aturo , de m o nstrando um a significativa fre qüê ncia m e no r de m o rte e e ve nto s cardio -vasculare s no s pacie nte s não diabé tico s. N o subgrupo do s diabé tico s, não ho uve me lho ra7(A).

O H O T (H ype rte nsio n O ptimal Tre atme nt) avalio u pacie n-te s de pre ve nção prim ária, po ré m de alto risco para e ve nto cardio vascular. O uso do AAS (75 m g/dia) re sulto u e m re dução de e ve nto s cardio vasculare s e e m infarto do m io cárdio e m ce rca de 15% a 36% , re spe ctivam e nte8(A).

C o m base e m to do s e sse s e studo s, re co m e nda-se o uso de AAS co m o e straté gia de pre ve nção prim ária e m pacie nte s diabé tico s classificado s co m o te ndo alto risco para e ve nto cardio vascular, o u se ja, aque le s que apre se ntam histó ria fam iliar de do e nça arte rial co ro nariana, tabagism o , hipe rte nsão , pe so maio r que 120% do ide al, albuminúria e /o u co le ste ro l to tal m aio r que 200 m g/dl.

Qual é o benefício que o uso do AAS pode t razer para um pacient e diabét ico que já apresent ou algum even-t o cardiovascular (prevenção secundária)?

(2)

Rev Assoc Med Bras 2005; 51(4): 181-94

189

D

iretrizes em foco

alto risco de e ve nto s, e ntre e le s diabé tico s3,9(A). Um a de ssas

m e ta-análise s avalio u m ais de 287 e studo s de pre ve nção se cun-dária e nvo lve ndo 212.000 pacie nte s co m do e nça vascular aguda o u o utras co ndiçõ e s que aum e ntam o risco de o clusão vascular3(A). Em bo ra a incidê ncia de e ve nto s cardio vasculare s

se ja m aio r e m pacie nte s co m diabe te s m e llitus, o be ne fício da te rapia antiplaque tária e m diabé tico s e não diabé tico s fo i co m paráve l: 42 e ve nto s vasculare s fo ram pre ve nido s para cada 1.000 pacie nte s diabé tico s e 35 e ve nto s para cada 1.000 não diabé tico s. H á uma te ndê ncia a uma maio r pro te ção co m do se s e ntre 75 e 162 m g/dia9(A).

Qual é a menor dose eficaz de AAS?

Em e studo s de pre ve nção prim ária, a do se de AAS usada vario u de 75 a 500 m g um a ve z ao dia. N ão há e studo de pre ve nção prim ária que co m pare várias do se s dife re nte s. D o se baixa de AAS co mo 100 a 75 mg ao dia te m sido suge rida co mo m ais e fe tiva que altas do se s, po is inibe m e no s a pro staciclina e causa me no s to xicidade gastro inte stinal3(A). Estudo s to

tali-zando 3.570 pacie nte s e m uso de AAS co m pararam do se s m e no re s que 75m g/dia o u m aio re s que 75m g/dia; não ho uve dife re nça significante e ntre o s dive rso s re gim e s3(A). C o ntudo ,

do se s m e no re s que 75 m g/dia não são dispo níve is co m e rcial-m e nte , se ndo po uco utilizadas.

É seguro t omar AAS?

O m aio r risco da te rapia co m AAS é a le são da m uco sa gástrica e he m o rragia dige stiva alta. O AAS aum e nta o risco re lativo de sangram e nto gastro inte stinal. As apre se ntaçõ e s e nté ricas não pare ce m dim inuir e sse risco10(A). É im po rtante

re co nhe ce r que não há um aum e nto no risco de sangram e nto re tiniano e vítre o e m te rapia co m AAS6(A). D e ve m o s le m brar

que pacie nte s co m ale rgia ao AAS, co m te ndê ncia a sangram e nto s, e sangram te rapia antico agulante , co sangram sangrasangram e nto gastro -inte stinal re ce nte e /o u co m do e nça he pática ativa não são

bo ns candidato s para o uso do AAS. Alé m disso , pacie nte s co m m e no s de 21 ano s tê m risco m aio r para síndro m e de Re ye11(C).

O texto com ple t o da diretriz "Diabetes m ellitus: uso de ácido acetilsalicílico (AAS)" está disponível nos sit es: w w w .projet odiret riz es.org.br e w w w .am b.org.br.

JOSIVAN GOMES DE LIMA, LUCIANA TEIXEIRA DE GÓIS, LÚCIA HELENA COELHO NÓBREGA

SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA

Re fe rê ncias

1. Stam le r J, Vaccaro O , N e ato n JD , W e ntw o rth D . D iabe te s, o the r risk facto rs, and 12-yr cardio vascular m o rtality fo r m e n scre e ne d in the Multiple Risk Facto r Inte rve ntio n Trial. D iabe te s C are 1993; 16:434-44.

2. C o lw e ll JA, Am e rican D iabe te s Asso ciatio n. Aspirin the rapy in diabe te s. D iabe te s C are 2004; 27 (Suppl 1):S72-3.

3 . Antithro m bo tic Trialists’ C o llabo ratio n. C o llabo rative m e ta-analysis o f rando m ize d trials o f antiplate le t the rapy fo r pre ve ntio n o f de ath, m yo cardial infarctio n, and stro ke in high risk patie nts. BMJ 2002; 324:71-86. 4. H affne r SM, Le hto S, Ro nne m aa T, Pyo rala K, Laakso M. Mo rtality fro m co ro nary he art dise ase in subje cts w ith type 2 diabe te s and in no ndiabe tic subje cts w ith and w itho ut prio r m yo cardial infarctio n. N Engl J Me d 1998; 3 3 9 :2 2 9 -3 4 .

5. Physician’s he alth study: aspirin and prim ary pre ve ntio n o f co ro nary he art dise ase . N Engl J Me d 1989; 321:1825-8.

6. ETD RS Inve stigato rs. Aspirin e ffe cts o n m o rtality and m o rbidity in patie nts w ith diabe te s m e llitus. Early tre atm e nt diabe tic re tino pathy study re po rt 14. JAMA 1992; 268:1292-300.

7. Sacco M, Pe lle grini F, Ro ncaglio ni MC , Avanzini F, To gno ni G, N ico lucci A, e t al. Prim ary pre ve ntio n o f cardio vascular e ve nts w ith lo w -do se aspirin and vitam in E in type 2 diabe tic patie nts: re sults o f the Prim ary Pre ve ntio n Pro je ct (PPP) trial. D iabe te s C are 2003; 26:3264-72.

8. H ansso n L, Z anche tti A, C arruthe rs SG , D ahlo f B, Elm fe ldt D , Julius S, e t al. Effe cts o f inte nsive blo o d-pre ssure lo w e ring and lo w -do se aspirin in patie nts w ith hype rte nsio n: principal re sults o f the H ype rte nsio n O ptim al Tre atm e nt (H O T) rando m ise d trial. H O T Study G ro up. Lance t 1 9 9 8 ; 3 5 1 :1 7 5 5 -6 2 .

9 . C o llabo rative o ve rvie w o f rando m ize d trials o f antiplate le t the rapy-I: Pre ve ntio n o f de ath, m yo cardial infarctio n, and stro ke by pro lo nge d antiplate le t the rapy in vario us cate go rie s o f patie nts. Antiplate le t trialists’ co llabo ratio n. BMJ 1994; 308:81-106.

1 0 . G arcia Ro drigue z LA, H e rnande z-D iaz S, de Abajo FJ. Asso ciatio n be tw e e n aspirin and uppe r gastro inte stinal co m plicatio ns: syste m atic re vie w o f e pide m io lo gic studie s. Br J C lin Pharm aco l 2001; 52:563-71.

Referências

Documentos relacionados

Muitas destas lesões e mortes podem ser prevenidas por dispositivos de segurança, entre os quais o cinto de segurança ocupa lugar de destaque.. Seu uso reduz a mortalidade e a

O s médicos devem tomar o controle da situação, através de suas instituições repre- sentativas, movendo-se na direção de um forte programa de revalidação.. Médicos e pacientes

A pressão arterial média (PAM) era similar nos

N e sse e studo , apre se ntava-se ao s cirurgiões um cenário clínico hipotético, de um paciente de 70 ano s, co m cânce r de có lo n, subme tido à laparo to mia e le tiva e

São abundantes, por exemplo, as evidências sobre o melhor cuidado pe rio pe rató rio na cirurgia co lo rre tal.. Abso lute and re lative adre nal insufficie ncy in childre n w

• A falta de m ecanism os reguladores estritos para a aprovação de procedim ent os cirúrgicos e disposit ivos novos, em m uit os países, leva ao ent endim ent o de que ensaios

• A falta de m ecanism os reguladores estritos para a aprovação de procedim ent os cirúrgicos e disposit ivos novos, em m uit os países, leva ao ent endim ent o de que ensaios

N o trabalho, os autores não encontraram relação com a idade, o que seria devido ao fato da amostra estudada ser bem jovem ; há estudos m ostrando aum ento do nível sérico de