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Radiol Bras vol.42 número5

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Academic year: 2018

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V

Radiol Bras. 2009 Set/Out;42(5):V–VI

Editorial

A gestão e o destino dos recursos calculados como possíveis a partir da exploração da camada do pré-sal e seus derivados tem sido motivo de ampla exposição nos meios de comunicação. Políticos, autoridades, especia-listas e até curiosos emitem as mais diferentes projeções. As mais alarmistas veem o Brasil, no futuro, reduzido a um país dependente de um só produto, acomodado a esta riqueza finita, como exemplos hoje conhecidos. As apressadas já enxergam uma cornucópia petrolífera resolvendo todos nossos problemas. E aqui o estado já saiu na frente desejando uma estatal para cuidar de tanta dinheirama a jorrar. Lembra o que popularmente chamamos de “começar a gastar por conta”.

O que nós médicos lamentamos é que esta capaci-dade de planejamento, de vislumbrar aplicações não tenha a mesma energia na área da saúde. A saúde não é tão ou mais estratégica para uma nação? Não merece igual ou maior planejamento e atenção de todos?

Entre as várias questões sanitárias evitáveis que atingem nosso país, algumas são de magnitude alar-mante há muitos anos. É o caso da esquistossomose mansônica. Estima-se que esta doença parasitária tenha uma população estimada entre 8 e 18 milhões de indi-víduos infectados no Brasil.

Algumas instituições brasileiras e grupos de estu-dos apresentam linhas de pesquisa e trabalhos que in-vestigam os estágios agressivos desta doença. É a con-tribuição da nossa comunidade para entender sua ação e ajudar a combatê-la.

Muitas complicações associadas à esquistossomose são relacionadas à fibrose periportal e, em nosso meio, os trabalhos de Santos et al.(1) e Scortegagna et al.(2)

es-tudaram o emprego da ultrassonografia na

classifica-0100-3984 © Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem

A esquistossomose mansônica

e a questão da camada do pré-sal

Schistosomiasis mansoni and the subsalt layer

Nelson M. G. Caserta*

* Departamento de Radiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM-Unicamp), Campinas, SP, Brasil. E-mail: ncaser@mpcnet.com.br

ção desta fibrose. O método sonográfico pode ser usado de modo confiável nesta classificação e estes estudos brasileiros acrescentaram que a ressonância magnética pode contribuir naquelas situações de discrepância entre a avaliação ultrassonográfica e o quadro clínico de pa-cientes com esquistossomose mansônica crônica. Na mesma instituição, duas outras pesquisas trazem mais informações sobre os métodos de imagem nesta doença. Leão et al.(3) confirmaram que a ultrassonografia com

Doppler é um método confiável para quantificar o fluxo em pacientes com hipertensão portal de origem esquis-tossomótica. Esta informação é importante, já que a li-teratura demonstra resultados controversos em rela-ção à reprodutibilidade do ultrassom Doppler para medir os parâmetros de fluxo nestes pacientes. O outro estudo, de Gonzalez et al.(4), confirma a utilidade da

ultrassonografia na avaliação de nódulos sideróticos esplênicos em pacientes com esquistossomose.

No presente número da Radiologia Brasileira é apresentado um trabalho sobre as alterações das vias biliares na esquistossomose mansônica avaliadas pela colangiorressonância magnética(5). Os autores

concluí-ram que as alterações observadas nas vias biliares fo-ram, em ordem decrescente de ocorrência, distorção da árvore biliar, afilamento, estenose, dilatação e irregu-laridade. A concordância interobservador para sinais de colangiopatia esquistossomótica pela colangiopan-creatografia por ressonância magnética foi quase per-feita para a caracterização de distorção e afilamento da árvore biliar, e substancial para detecção de estenose. Os autores apresentam cuidadosa documentação a par-tir de sua investigação. Ganc, em tese de doutorado, já exibia, em 1974, excelente demonstração da correlação anatomorradiológica nas alterações das vias biliares em fígados de autópsia(6). São linhas de estudos

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VI Radiol Bras. 2009 Set/Out;42(5):V–VI métodos de imagem na pesquisa de situações graves de

nosso próprio meio.

A esquistossomose mansônica representa doença visível à nossa volta, de necessário conhecimento por todos. Se pouco for planejado ou estrategicamente prio-rizado, continuará a atingir milhões de vidas. Uma rea-lidade concreta, bem diferente do petróleo do pré-sal, que nem sabemos se, quando obtido, ainda manterá valor comercial ou mesmo respeito ambiental.

REFERÊNCIAS

1. Santos GT, Sales DM, Leão ARS, et al. Reprodutibilidade da classificação ultra-sonográfica de Niamey na avaliação da fibrose periportal na esquistossomose mansônica. Radiol Bras. 2007;40: 377–81.

2. Scortegagna Junior E, Leão ARS, Santos JEM, et al. Avaliação

da concordância entre ressonância magnética e ultra-sonogra-fia na classificação da fibrose periportal em esquistossomóti-cos, segundo a classificação de Niamey. Radiol Bras. 2007;40: 303–8.

3. Leão ARS, Santos JEM, Sales DM, et al. Mensuração do vo-lume de fluxo portal em pacientes esquistossomóticos: avalia-ção da reprodutibilidade do ultra-som Doppler. Radiol Bras. 2008;41:305–8.

4. Gonzalez TD, Santos JEM, Sales DM, et al. Avaliação ultra-so-nográfica de nódulos sideróticos esplênicos em pacientes es-quistossomóticos com hipertensão portal. Radiol Bras. 2008; 41:69–73.

5. Sales DM, Santos JEM, Shigueoka DC, et al. Correlação interob-servador das alterações morfológicas das vias biliares em pacien-tes com esquistossomose mansoni pela colangiorressonância

magnética. Radiol Bras. 2009;42:277–82.

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