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Teoria, prática e profissão

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA GILVANA EFFTING

TEORIA, PRÁTICA E PROFISSÃO:

CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO NÃO-OBRIGATÓRIO PARA A CONSTRUÇÃO IDENTIDADE PROFISSIONAL

Palhoça 2009

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA GILVANA EFFTING

TEORIA, PRÁTICA E PROFISSÃO:

CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO NÃO-OBRIGATÓRIO PARA A CONSTRUÇÃO IDENTIDADE PROFISSIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de graduação em Psicologia, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo.

Orientador: Prof. Iúri Novaes Luna, Dr.

Palhoça 2009

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AGRADECIMENTOS

Foi difícil chegar até o final diante de tantas dificuldades que enfrentei, e por alguns momentos achei que não iria mais conseguir... Mas, consegui... Neste momento gostaria de agradecer às pessoas que fizeram parte desta minha trajetória.

Meu agradecimento mais que especial vai para os meus pais, em especial a minha mãe, que não mediu esforços para lutar comigo e me ajudar a vencer os obstáculos. Por apostar em mim, por algumas vezes, abriu mão dos seus próprios desejos.

Agradeço também ao meu marido Luiz por todo o carinho e atenção dedicados a mim, por todos esses anos de companheirismo, estando do meu lado em todos os momentos em que precisei de um colo.

Meu agradecimento também vai para a minha fiel companheira Luciana, que desde o início da minha graduação foi a minha maior incentivadora para que eu nunca desistisse dos meus objetivos.

Aos meus amigos que conquistei ao longo dessa trajetória na universidade, em especial a Faby, que me proporcionou momentos de muito aprendizado, alegrias e boas conversas, e ainda a Celisa, companheira nas caronas, nos desabafos, enfim, amiga que pude contar nos momentos de maiores angústias e também de muitas alegrias.

Agradeço também algumas pessoas especiais do meu trabalho, que também colaboraram com a construção do meu TCC, a Rosane, que sempre sorridente me dava o maior apoio. Ao Osmar que me dizia para ter calma porque tudo iria dar certo. A Daniela, minha coordenadora, pelo auxílio, incentivo, abraços carinhosos de conforto que nunca vou esquecer.

Quero agradecer também algumas pessoas que passei a admirar como profissionais e que eu tive a felicidade de conhecê-los: Professor Iúri, Professor Vanderlei, Professora Saidy, Psicóloga Gisele. Agradecimento especial ao Iúri, meu orientador, por todos os ensinamentos compartilhados ao longo da elaboração deste trabalho e as minhas colegas de TCC a Celisa, Letícia, Janici e a Lúcia.

Por fim, agradeço ao representante legal da ONG/SC que permitiu a elaboração desta pesquisa, e aos supervisores e estagiários que colaboraram dando subsídios a este trabalho.

Obrigada a todos aqueles que fizeram parte da minha história. A vocês eu dedico este trabalho.

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“Na faculdade aprendemos só a parte teórica e no estágio colocamos tudo em prática, em uma situação real de trabalho. Assim adquirindo certa experiência nas funções e atividades propostas pelo curso”. (S15).

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RESUMO

Tendo em vista as transformações que ocorrem no mercado de trabalho e o aumento na escassez das oportunidades de empregos, torna-se cada vez mais comum que os estudantes ao freqüentarem o curso de nível superior, optem por uma qualificação antes mesmo de encerrar o curso e buscando se inserir no mercado de trabalho por meio do estágio não-obrigatório. O objetivo dessa pesquisa é identificar as contribuições do estágio não-obrigatório para a construção das identidades profissionais de estudantes de educação superiores. Para tanto, foi utilizado como delineamento a pesquisa de levantamento, não obstante as informações coletadas também tenham sido analisadas de forma qualitativa. Foi aplicado, como instrumento de coleta de dados, um questionário semi-estruturado. Os questionários foram enviados por mensagens eletrônicas para 23 estagiários de uma Organização Não Governamental (ONG) de Santa Catarina que frequentam determinados cursos superiores com duração mínima de 4 anos. Obteve-se como retorno 15 questionários. Para analisar os dados, foram categorizadas as respostas dos participantes, organizadas em gráficos e tabelas, e o material foi estudado com base na análise de conteúdo de forma qualitativa. A pesquisa apresenta como resultados, que os participantes em sua maioria procuram pelo estágio não-obrigatório pelos seguintes motivos: busca de experiência, ajuda financeira, desenvolvimento profissional e pessoal, para relacionar a teoria aprendida na graduação com a prática no dia-a-dia do estágio, adquirir mais conhecimento, oportunidade de se inserir no mercado de trabalho. As atividades desenvolvidas neste estágio estão relacionadas à futura profissão pretendidas pelos estudantes, e por isso, também percebem contribuições que o estágio não-obrigatório proporciona para o desenvolvimento das competências que se relacionam à profissão desejada, bem como à área de atuação. Suas expectativas profissionais são, na maior parte das vezes, ser contratados pela ONG na qual realizam o estágio não-obrigatório, se desenvolver e crescer profissionalmente, fazer Mestrado e/ou Doutorado, conseguir outras oportunidades ainda melhores devido a experiência adquirida no estágio. Entretanto, também foi identificado que um estagiário não percebe contribuições do estágio para a futura profissão, pelo fato de que não desenvolve atividades do seu interesse como futuro profissional, mas acredita que o estágio é a oportunidade de adquirir experiências bem como desenvolver competências que serão importantes para a postura profissional. De acordo com os dados obtidos, os estagiários estão em processo de construção da sua identidade profissional e o estágio não-obrigatório é um elo entre o estudante em processo de

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formação e o futuro profissional, permitindo ao estudante uma aproximação com a identificação da profissão desejada. Contudo, os estudantes percebem que o lugar ocupado como estagiário perante a sociedade ainda pode ser mais valorizado, pelo fato de que este se encontra em processo de aprendizagem.

Palavras-chave: Estágio não-obrigatório. Ensino superior. Identidade profissional. Estágio. Psicologia do trabalho.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Avaliação do estágio não-obrigatório... 49 Gráfico 2 – Relação entre as atividades realizadas no estágio e o curso freqüentado... 50

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Os motivos dos estudantes buscarem pelo estágio não-obrigatório... 45 Tabela 2 – Qual a sua profissão?... 53

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LISTA DE SIGLAS

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ONG – Organização Não Governamental

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SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO ... 12 2 INTRODUÇÃO ... 14 2.1 OBJETIVOS ... 21 2.1.1 Objetivo geral ... 21 2.1.2 Objetivos específicos ... 21 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 22

3.1 ESTÁGIO E EDUCAÇÃO SUPERIOR: preparação de alunos para o mercado de trabalho ... 22

3.1.1 Os aspectos legais dos estágios ... 22

3.1.2 Educação superior e estágio não-obrigatório ... 25

3.2 IDENTIDADE PROFISSIONAL ... 28

4 MÉTODO ... 34

4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 34

4.1.1 Quanto aos objetivos ... 34

4.1.2 Quanto ao delineamento ... 35

4.2 SUJEITOS DA PESQUISA ... 35

4.2.1 Local onde se encontram os sujeitos da pesquisa ... 35

4.2.2 Participantes ... 37

4.3 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ... 40

4.4 ANÁLISE DOS DADOS ... 42

5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 43

5.1 A ESCOLHA PELO ESTÁGIO NÃO-OBRIGATÓRIO ... 43

5.2 IDENTIDADE PROFISSIONAL ... 52

5.2.1 O dia-a-dia no estágio ... 57

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 61

REFERÊNCIAS ... 64

APÊNDICES ... 67

APENDICE A - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ... 68

APÊNDICE B - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 72

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1 APRESENTAÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso tem como finalidade a conclusão de curso na graduação de psicologia. Com isso, buscou-se realizar uma pesquisa científica com o objetivo de identificar as contribuições do estágio não-obrigatório para a construção das identidades profissionais de estagiários nos níveis superiores.

O curso de graduação de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina, a partir da oitava fase, possibilita aos estudantes freqüentarem uma das duas áreas da Psicologia denominadas de Núcleo Orientado Psicologia e Trabalho Humano e Núcleo Orientado Psicologia e Saúde, o que permite que os acadêmicos aprofundem os seus conhecimentos em uma área específica da psicologia.

A partir da nona fase o estudante começa a freqüentar o Núcleo que escolheu, a partir daí o acadêmico escolhe o Projeto dos Núcleos de maior interesse em aprimorar seus conhecimentos. O Núcleo do Trabalho Humano possui três projetos: O projeto Saúde do Trabalhador; o projeto Psicologia e Gestão de Pessoas e, por fim, Projeto de Identidade Profissional, sendo que, este último é a base que subsidia esta pesquisa.

A escolha da pesquisadora foi pelo Núcleo Orientado Psicologia e Trabalho Humano, que tem como objetivo principal promover à saúde psicológica das pessoas no que se refere ao trabalho. A base teórica desta pesquisa é fundamentada pelo Projeto de Identidade Profissional que tem como um dos objetivos oferecer aos sujeitos reflexões acerca das suas futuras escolhas profissionais; contribuir no momento de realizar um planejamento de carreira com mais autonomia levando em consideração tudo que está envolvido na relação trabalho e subjetividade.

Esta pesquisa encontra-se dividida da seguinte forma: na primeira parte tem-se a introdução, onde estão expostas a justificativa e a problemática, bem como o objetivo geral e os específicos. Subseqüentemente, apresenta-se o referencial teórico que trouxe o embasamento para o desenvolvimento da pesquisa, que posteriormente subsidiou as reflexões dos dados que foram coletados. No referencial teórico estão apresentados os aspectos no que se referem às leis que regem o estágio; esclarecimentos acerca da educação superior; em relação ao processo de construção da identidade do sujeito onde procura caracterizar a identidade profissional.

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Nesta pesquisa apresenta-se o método que foi adotado para a coleta dos dados, a sua caracterização, os sujeitos que foram investigados, os instrumentos e materiais que foram utilizados, e por fim, como se deu a organização, análise e tratamento dos dados. Enfim, apresentam-se ao leitor as idéias conclusivas da pesquisa, ou seja, os resultados que foram obtidos por meio da análise do instrumento de coleta aplicados nos sujeitos.

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2 INTRODUÇÃO

As pessoas cada vez mais cedo necessitam fazer escolhas, às vezes são escolhas que fazem parte da rotina de vida, mas em outros momentos essas escolhas podem perdurar por um longo tempo na rotina das pessoas. Escolher a carreira que deseja seguir é um passo importante para o futuro, saber em qual área ou organização deseja atuar faz com que o sujeito possa evitar problemas futuros na sua atuação profissional, como por exemplo, insatisfação na escolha do ramo de atuação ou com o curso escolhido. Para que essas escolhas sejam adequadas, no que diz respeito à futura profissão, é necessário conforme Whitaker (1997), estimular as “tendências e inclinações” das pessoas individualmente, para que estas se manifestem e que seja possível o sujeito se perceber.

Uma forma das pessoas manifestarem os seus interesses, identificarem suas habilidades, pode ser no ambiente escolar, no caso desta pesquisa, nas universidades e faculdades. As instituições de ensino vêm se modificando conforme a necessidade do mercado, como por exemplo, a inclusão nas grades curriculares dos estágios obrigatórios. No entanto, percebe-se que os estudantes ainda precisam trabalhar mais as questões individuais em relação as suas escolhas profissionais, e por isso buscam alternativas para esclarecer suas possíveis dúvidas e curiosidades em relação ao que o mercado atual busca nos profissionais.

No caso dos estudantes universitários, que foram o objeto de estudo desta pesquisa, estes tiveram a possibilidade de atuar e investigar as oportunidades de carreira com uma nova proposta de inserção no mercado de trabalho, por meio do estágio não-obrigatório.

Whitaker (1997) aponta a necessidade e a importância de conhecer um pouco do exercício das profissões desejadas e sobre o papel social que elas desempenham, para que seja possível fazer uma escolha mais assertiva, e acrescenta ainda que algumas das profissões possuem alguns estereótipos, e por isso acabam repassando ao estudante uma imagem distorcida do profissional. O estágio não-obrigatório é uma possibilidade de o estudante da educação superior experienciar e identificar as possíveis áreas de atuação, bem como de desmistificar algumas das idéias pré-concebidas da profissão.

A autora apresenta dois aspectos que estão relacionados à questão da escolha profissional:

[...] por um lado a forma e, por outro, conteúdo [...]. O conteúdo é a substância efetiva da profissão e, por ser essencial, paradoxalmente ou não, é o que menos aparece. Fazem parte do conteúdo o ambiente de trabalho, as atividades realmente

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essenciais, as obrigações, as responsabilidades [...]. Já o lado formal de uma profissão é aquele que, por menos essencial, mais aparece; ele se liga mais as aparências [...]. (WHITAKER, 1997, p. 66).

Então, o estudante que opta por fazer um estágio não-obrigatório, pode identificar na prática o verdadeiro conteúdo daquela futura profissão, ou seja, percebe o que realmente aquele profissional realiza, as suas responsabilidades, obrigações, como faz, onde faz, que recursos utiliza para executar as suas atividades profissionais. Identifica-se assim, a importância do futuro profissional conhecer, na prática, o que permeia a sua futura profissão, pois quando isso acontece o estudante tem a possibilidade de ampliar a sua visão em relação às possibilidades de inserção no mercado de trabalho, áreas de atuação, e ainda de constatar se a escolha realizada condizente com o que almejava.

O mercado de trabalho nos últimos anos vem se modificando e exigindo cada vez mais dos futuros profissionais no que diz respeito aos seus conhecimentos, habilidades e atitudes. No instante em que um candidato está interessado em uma vaga de emprego, por exemplo, os candidatos são questionados sobre experiências anteriores, requisito que vai além da boa postura ou comunicação. Diante disso, percebe-se que os estudantes têm-se profissionalizado, buscando experiências profissionais que vão além do conhecimento adquirido nas universidades, para que suas escolhas, em determinadas áreas e organizações, sejam mais efetivas no momento de atuar profissionalmente.

Diante dessas modificações no mercado de trabalho a busca pela qualificação é cada vez maior. As possibilidades que hoje são oferecidas para que isso aconteça, permite àqueles que estudam e estão sem trabalhar uma possibilidade de inserção no mundo do trabalho. Os estudantes universitários, ao perceberem a importância que é estar inserido no mercado de trabalho, mobilizam-se a procurar uma forma de adquirir experiências práticas, e ao mesmo tempo, conhecer o mundo do trabalho para se tornar um profissional competente e qualificado, por meio do estágio não-obrigatório.

Sobre essa nova possibilidade de trabalhar Santos (2006, p. 92) discorre que:

Ora, embora nossa juventude não esteja nem preparada para os empregos atuais, as escolas sempre serão a principal fornecedora de trabalhadores do conhecimento. Para tal mercado mais exigente que se vislumbra, inserindo-se no contexto, obviamente, o farto estoque e oferta da figura do trabalhador estagiário, [...], será uma das espécies a ser utilizada em larga escala pela economia do conhecimento do século XXI.

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No que se refere ao estágio, existem dois tipos, o estágio obrigatório e o não-obrigatório, conforme a Lei nº 11.788/08, artigo 2º, parágrafo 1º, “Estágio obrigatório é aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção do diploma.”(BRASIL, 2008, p.1). E, na mesma Lei, mas no artigo 2º, parágrafo 2º, “O estágio não-obrigatório é aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e obrigatória.” (BRASIL, 2008, p.1). Diante do exposto, pode-se entender que o estágio obrigatório é aquele previsto na grade curricular dos cursos, que se faz obrigatório para que o estudante possa se formar no curso pretendido. Já o estágio não-obrigatório o estudante tem a opção de realizar ou não esta atividade, pelo fato de não ser obrigatório para a sua formação.

Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo identificar as contribuições do estágio não-obrigatório, para a construção das suas identidades profissionais de estudantes de níveis superiores.

O estágio não-obrigatório é uma oportunidade de o estudante universitário adquirir experiências relacionadas à sua área de formação, antes de se formar no curso pretendido, tendo a possibilidade de vivenciar no dia-a-dia situações reais de trabalho de um profissional, de realizar tarefas desenvolvidas pela futura profissão, e conseqüentemente se inserir no mercado de trabalho antes mesmo da conclusão da sua graduação. A Associação Brasileira de Estágios (2007) aponta uma estatística realizada pelo Censo de 2007 que o estágio é uma forma que o estudante universitário tem de contribuir financeiramente com os seus estudos, pelo fato de 74,5% dos estudantes estagiários freqüentarem as universidades privadas, e também utilizar o estágio como um instrumento de inserção no mercado de trabalho.

O estágio contribui em vários aspectos para o acadêmico, pois além da inserção no mercado de trabalho, proporciona também, segundo a Associação Brasileira de Estágios (2007), “aprendizagem social, profissional e cultural”, independência financeira, e ainda traz benefícios para as organizações concedentes de estágio, que ficam isentas de encargos trabalhistas quando contratam estagiários. Além disso, as organizações se beneficiam com os estagiários pelo fato de que eles estão interessados em aprender, colocar a teoria na prática e de buscar o entendimento sobre o funcionamento de uma organização. E ainda, com a aquisição dos conhecimentos técnicos e informações atualizadas em relação ao mercado de trabalho e suas tendências, os estagiários podem contribuir com o desenvolvimento de projetos e apresentar novas idéias com o objetivo de oferecer subsídios para o crescimento da organização.

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O estágio pode ser considerado trabalho, e da mesma forma, não se configura um emprego. Por isso, o estagiário pode atribuir ao estágio como, por exemplo, um primeiro trabalho. Conforme Martins (2009, p. 14):

O estágio não é modalidade de emprego, mas de trabalho, em que prevalece a característica de formação profissional. A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. É promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Por este autor, o estágio compreende a um momento de formação do estudante, mas que também se configura a um trabalho pelo fato de ser um aprimoramento profissional, e a diferença existente entre o emprego e o estágio se dá pelo modo contratual estabelecido, bem como a lei que rege cada uma das contratações.

Diante do exposto, o trabalho faz parte do processo de constituição da identidade do sujeito, e é também por meio dele que os indivíduos se relacionam. Segundo Coutinho (1999), o trabalho que o sujeito executa é constituinte do processo da formação do que ela denomina de identidade social, o que significa dizer que existe uma relação mútua entre trabalho e identidade. Diante disso, pode-se entender que há a constituição de uma identidade profissional, nesta relação entre trabalho-sujeito. No caso do estágio não-obrigatório, sendo uma forma diferenciada de contrato de trabalho, significa dizer que este exerce uma influência sobre o estudante na sua formação da identidade profissional? No momento em que o aluno opta por realizar um estágio não-obrigatório, mesmo sendo motivado, sobretudo, pela questão financeira, pode-se supor que este aluno vai desenvolver sua identidade profissional, desde que as atividades do estágio estejam relacionadas com o curso escolhido.

O fato de o estudante realizar as atividades de acordo com o que o futuro profissional realizaria na sua atuação, pode proporcionar ao estudante uma identificação maior com a escolha profissional realizada, ou seja, sua identidade profissional será mais concreta com base nas experiências vivenciadas, o que possibilita, assim, aos estudantes vislumbrarem um futuro profissional mais promissor.

Acredita-se que o estágio não-obrigatório proporciona ao estudante uma vivência que o aproxima do papel do profissional pretendido e, conforme Luna e Baptista (2001), o desejo de ser um determinado profissional faz parte da construção da identidade. Quando o estudante se realiza ao executar as suas atividades de estágio é possível que este faça um

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planejamento para o seu futuro e no decorrer desse processo o estudante constitua uma identidade relacionada à profissão, ultrapassando o papel de acadêmico vivenciado pelo aluno até então.

No que se refere à revisão de literatura, Silva (2000) pesquisou o nível de satisfação de estudantes que realizavam estágio não-obrigatório em uma determinada organização bancária da região da Grande Florianópolis. A pesquisa foi realizada com 135 estagiários de nível técnico e superior e concluiu-se que 46,6% classificaram como ótimo o nível de satisfação pessoal e aproveitamento profissional nas suas atividades de estágio não-obrigatório. A autora comenta ainda que as organizações têm um papel importante no momento de trocar experiências com os seus estagiários sendo estas fundamentais para aquisição do conhecimento desses estudantes. Diante disso, pode-se concluir pela pesquisa realizada que o estágio não-obrigatório exerce um papel essencial para a formação profissional e acadêmica do estagiário e as organizações contribuem para que isso aconteça.

A princípio, considera-se que os estagiários se comprometem com as suas atividades de estágio não-obrigatório, pelo fato de que é por meio dele que irão desenvolver as suas habilidades, adquirir experiências e identificarem as suas áreas de interesse. Silva (2008) realizou sua dissertação de mestrado com base no seguinte tema: “Características do comprometimento de estagiários com organizações de trabalho”. A pesquisa apontou que a nova forma de contratação que as organizações estão adotando é o contrato de estágio. O objetivo foi de verificar se há o comprometimento dos estagiários em relação à organização concedente de estágio. A autora chega à conclusão de que há o comprometimento por parte dos estagiários com a organização “[...] por meio de comportamentos que indicam o vínculo normativo e de modo instrumental [...]”, (SILVA, 2008, p. 81), ou seja, os estagiários se remeteram ao comprometimento com a organização, relacionando-o ao cumprimento das regras e às normas que estas possuem, e identificando as organizações como uma oportunidade de inserção no mercado de trabalho. Entretanto, o estagiário, independente de não estabelecer vínculo empregatício com a organização, assume os seus compromissos e responsabilidades que se aproximam com as dos funcionários da organização. A experiência do estágio não-obrigatório desenvolve no estudante uma aproximação com a sua identidade profissional, assumindo para consigo os deveres e obrigações para com a organização.

Percebe-se que o estágio não-obrigatório traz contribuições para a constituição da identidade profissional dos estudantes e colabora também com o processo de escolhas desses sujeitos. Bege (2003) apresentou em sua pesquisa, tendo como tema: “O estágio como uma forma de contribuição para a escolha profissional do estudante do ensino médio de escola

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pública”, dados que mostram que os estudantes que realizam estágio se desenvolvem no que diz respeito as suas competências, habilidades e autoconhecimento, e o fato de desempenharem determinadas atividades os possibilita perceberem se gostam ou não de realizarem aquelas tarefas, o que já contribui para a futura escolha profissional.

Mas, se o estudante não realizar as atividades, durante o seu período de estágio não-obrigatório, relacionadas à sua futura profissão? Será que dessa forma o estágio vai contribuir para a construção da identidade profissional do estudante? Pois, ainda há uma parcela da sociedade que compreende o estágio como um trabalho desqualificado. Com isso, atribuem aos estudantes atividades dissociadas a futura profissão. Por algumas vezes o próprio estagiário percebe essa desqualificação. O fato da organização que concede o estágio não possuir obrigações trabalhistas para com os estagiários, desperta interesse em contratá-los pelo custo baixo que eles representam, dando preferência de contratar um estagiário ao invés de um funcionário, e por esse motivo acaba por descaracterizar o que deve ser o principal objetivo do estágio, do aprendizado.

Sobre este aspecto Santos (2006, p. 78), argumenta que:

O que se observa é que a grande maioria das unidades concedentes de estágio, pressionadas por esta nova realidade socioeconômica, estabeleceram um caldo de cultura de que o estagiário é um empregado [...], fugindo aos objetivos que é de ensino e aprendizagem na linha de formação do estudante, usando como máscara de emprego, pois é economicamente mais viável, mesmo correndo risco de manchar o nome da instituição quando de eventuais reclamações [...].

O estágio não se caracteriza como um ato educativo, por exemplo, quando há o desvirtuamento das atividades realizadas pelo estudante na empresa ou quando este realiza horas de estágio que vão além daquelas pela permitidas pela lei de estágio 11.788/08. O fato de o estudante ser um aprendiz e por algumas vezes aceitar quaisquer condições de trabalho, pode se caracterizar o estágio como uma mão-de-obra desqualificada.

Diante do exposto, a pesquisa que foi desenvolvida pode contribuir para o entendimento do processo de construção da identidade profissional dos estudantes de educação superior diante da experiência do estágio não-obrigatório, tendo em vista que, o estudante que freqüenta a educação superior está mais próximo da sua formação profissional. Identificou-se a necessidade de entender como o sujeito se percebe nesse processo de transição entre a universidade e a inserção no mercado de trabalho, onde vai desempenhar

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diferentes papéis, pois quando se está mais próximo do papel profissional, mesmo sendo estagiário, o sujeito começa a se perceber neste papel e os fatores de contribuições para a carreira profissional são mais efetivos. Esses fatores contribuem para que os futuros profissionais possam deixar de realizar trabalhos mecanizados, sem sentidos atribuídos, e formar profissionais mais conscientes dos seus deveres para com a profissão e a sociedade.

É importante investigar se o estágio não-obrigatório contribui para a construção da identidade profissional dos estagiários, pelo fato de que o estudante, ao antecipar a sua inserção no mercado de trabalho e se identificar com o trabalho desenvolvido, tem a possibilidade de se realizar na futura profissão, não a exercendo como uma mercadoria. Segundo Ferretti (1997),quando a pessoa que produz a atividade tem o intuito de trocá-la por outro produto, por exemplo, somente retorno financeiro, o trabalho se torna uma espécie de mercadoria. Mas, a partir do momento em que o sujeito se identifica com o seu trabalho, este passa a possuir um sentido, ou seja, este futuro profissional se reconhece e é reconhecido como determinado profissional.

Entende-se que o estágio não-obrigatório permite ao estudante conhecer o que verdadeiramente o profissional pode realizar. Pelo fato de que, o estágio desempenha um papel importante e mediador entre o mundo acadêmico e o mercado de trabalho, por se tratar de um complemento para a formação do estudante, dando a possibilidade deste desenvolver suas habilidades, conhecer o funcionamento das organizações em que realizam os estágios, antes mesmo de concluir a sua formação, dando a oportunidade do estudante se profissionalizar, e amenizar a insegurança de se formar e logo se inserir no mundo competitivo do trabalho.

Além disso, a presente pesquisa contribui para a avaliação da qualidade dos estágios que estão sendo oferecidos aos estudantes universitários para se qualificarem e para a formação da identidade profissional dos mesmos. Problematiza, ainda, a imagem que o estudante tem da profissão que desejou seguir, diante desta experiência do estágio; identifica se as atividades que os estagiários desenvolvem estão realmente ligadas à área de atuação profissional.

A pesquisa se torna relevante pelo fato de que a universidade e o estágio têm como objetivo formar profissionais para atuarem na sociedade, pois, dependerá dessas experiências vivenciadas pelo sujeito a sua atuação como profissional. Acredita-se na importância do incentivo aos estudantes para buscarem alternativas que dêem a possibilidade de se aproximarem da realidade profissional. Entender como esses estudantes percebem a sua

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atuação profissional permite compreender como uma parcela dos profissionais de hoje estão se preparando para os desafios da futura profissão.

Portanto, tem-se como problema de pesquisa:

Quais as contribuições do estágio não-obrigatório para a construção das identidades profissionais de estudantes de educação superiores?

2.1 OBJETIVOS

2.1.1 Objetivo geral

Identificar, as contribuições do estágio não-obrigatório para a construção das identidades profissionais de estudantes de educação superiores.

2.1.2 Objetivos específicos

a) Identificar os fatores que influenciam os estagiários na realização do estágio;

b) Identificar os fatores que contribuíram para que os estagiários continuassem no estágio;

c) Identificar as atividades desenvolvidas pelos estagiários no seu estágio;

d) Identificar a relação entre as atividades desenvolvidas no estágio e as atividades inerentes a futura profissão;

e) Verificar as expectativas dos estagiários a respeito do seu futuro profissional;

f) Averiguar a percepção dos estagiários nas contribuições que o estágio não-obrigatório trará para a vida profissional;

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica está organizada de forma a esclarecer os assuntos que possuem a devida relevância para esta pesquisa, sob a perspectiva de diferentes autores, com o principal objetivo de servir para as discussões e as análises dos dados coletados. Desta forma, este capítulo divide-se em duaspartes: a primeira aqui designada “Estágio e educação superior”onde será apresentada a lei que regulamenta os estágios e informações relacionadas à educação superior; na segunda parte apresenta-se o capítulo “Identidade profissional” mostrando a relação entre o estágio não-obrigatório e o processo de construção da identidade profissional dos estudantes da educação superior.

3.1 ESTÁGIO E EDUCAÇÃO SUPERIOR: preparação de alunos para o mercado de trabalho

3.1.1 Os aspectos legais dos estágios

Com a crise no mercado de trabalho e com o aumento nos índices de desemprego, as pessoas estão buscando outras formas de remuneração e colocação no mercado de trabalho, diferentes do emprego formal. De acordo com Santos (2006, p. 22):

[...] cabe a aldeia global aceitar, que deve se adaptar-se a um mundo que está se eliminando empregos de massa, que surgiu uma nova era de pós-mercado, devendo-se encontrar alternativas ao trabalho formal e que a própria sociedade deve encontrar novos modos de obter renda e poder aquisitivo. O estágio é um exemplo claro.

Conforme Pastore (2006 apud SILVA, 2008), o estágio não-obrigatório é uma forma de trabalho que atende a formação e também a preparação dos jovens, e de certa forma maior credibilidade no recrutamento e seleção, por parte das organizações. Com isso, é possível dizer que o estágio não-obrigatório é uma forma de trabalho, ou seja, uma oportunidade diferenciada do trabalho com carteira assinada, que permite às pessoas que freqüentam a educação superior, médio, técnico, por exemplo, uma chance de se inserir no mercado de

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trabalho, e ainda com a possibilidade de ser contratado futuramente, se obtiverem um bom desempenho no decorrer do processo de estágio não-obrigatório.

Segundo Freitas, Giovana e Halasi (2002, p. 17):

O estágio é pensar no futuro, é dar ao estudante a condição de se sentir como cidadão, fazendo a sua aprendizagem; é começar a projetar sua parte como aquele que fará, com a sociedade, as mudanças do mundo. É no meio em que ele se associa em pensamento e ação, em seu tempo, sobre as forças potencialmente geradoras de mudanças. É onde desenvolve o seu crescimento pessoal e profissional, utilizando suas experiências de vida onde poderá exercer seu papel, preparando para os desafios futuros como cidadão do mundo.

Em relação aos aspectos legais do estágio no dia 25 de setembro de 2008 foi decretada e sancionada a nova lei de estágio de número 11.788, e de acordo com a nova lei, alguns benefícios foram concedidos aos estagiários, com o objetivo de valorizar o trabalho prestado por eles nas organizações. Conforme a Lei nº 11.788/08, artigo 1º, “estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular [...].” (BRASIL, 2008, p.1). A realização do estágio é permitida às pessoas que freqüentam regularmente as aulas de educação superior, profissional, de ensino médio, educação especial, da educação de jovens e adultos com objetivo de exercitar na prática o que aprendem na teoria, nas instituições de ensino, para permitir que estas se preparem para enfrentar o mercado de trabalho competitivo com maior segurança.

Na lei número 11.788/08, o artigo 1º, 2º parágrafo cita que o estágio visa o desenvolvimento das competências ligadas às atividades que competem àqueles profissionais, para a vida em sociedade e para o trabalho. Ou seja, ao final do estágio, o estudante deverá ter desenvolvido algumas competências relacionadas ao exercício daquele determinado profissional, tendo assim a possibilidade de retornar ao mercado de trabalho já como profissional mais preparado, devido à experiência anterior. (BRASIL, 2008, p.1).

O estágio poderá ser obrigatório ou não-obrigatório, na primeira modalidade, conforme a lei de estágio de número 11.788/08, o estudante terá obrigatoriamente de realizar as atividades de estágios para obter a graduação, ou seja, é aquele definido no currículo dos cursos e caso o estudante não o realize, não será possível a sua formação. A segunda

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modalidade é o estágio não-obrigatório, sendo este opcional, neste caso se o estudante realizar ou não o estágio poderá ter a sua formação.

A lei de número 11.788/08 descreve que o estágio, independente de ser obrigatório ou não, não cria vínculo empregatício diante das seguintes condições: 1) matrícula e freqüência regular dos estudantes; 2) que celebrem o termo de compromisso de estágio entre estagiário - unidade concedente de estágio – instituição de ensino; 3) compatibilidade entre as atividades a serem desenvolvidas no local do estágio e as descritas no termo de compromisso. Esclarece-se que, o termo de compromisso de estágio é o documento que efetiva a contratação de um estagiário em uma determinada organização. O descumprimento de quaisquer umas dessas condições cria vínculo empregatício entre o estudante e a parte concedente. (BRASIL, 2008).

Em uma das cláusulas da lei número 11.788/08, diz que, o estagiário deverá desenvolver as suas atividades sob a supervisão, de um funcionário com a formação ou experiência na área de formação do estudante, da parte concedente de estágio e também por um professor orientador e supervisor da instituição de ensino, conforme descrito na lei de estágio citada, no artigo 3º do 1º parágrafo. (BRASIL, 2008). Faz-se necessário esta supervisão, para que seja feito o acompanhamento, no que diz respeito à qualidade do estágio oferecida pela unidade concedente e também para identificar o desenvolvimento deste estudante em relação aos conhecimentos aplicados no dia-a-dia do estágio e a vida acadêmica. A falta desta supervisão de qualquer uma das partes obrigatoriamente envolvidas pode acarretar o desvio das atividades do estagiário, e não colaborar com o aprendizado, além dos aspectos ilegais.

Na condição de estágio as partes envolvidas, o estudante, a instituição de ensino e a unidade concedente de estágio, possuem algumas obrigações, dentre essas se encontram: as obrigações das instituições de ensino, conforme a lei nº 11.788/08, é de firmar o termo de compromisso entre o educando e a unidade concedente de estágio, avaliar as instalações da parte concedente, supervisionar as atividades desenvolvidas pelo estagiário na organização, cobrar do estagiário o relatório de atividades realizadas no estágio, com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento do estudante e para identificar as possíveis irregularidades.

No que compete a parte concedente de estágio, podem contratar estagiários “[...] pessoas jurídicas de direito privado e órgãos da administração pública direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como profissionais liberais de nível superior devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional [...].”(BRASIL, 2008, p.3). A unidade

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concedente de estágio devera celebrar o termo de compromisso com a instituição de ensino e/ou com a participação de um agente de integração e o educando, oferecer boas condições de trabalho ao estudante, supervisionar e orientar o estagiário quanto as suas atividades, fornecer ao estudante seguro contra acidentes pessoais, enviar à instituição de ensino o relatório de atividades desenvolvidas pelo estagiário. (BRASIL, 2008)

Por fim, o fato de os sujeitos desta pesquisa se tratarem de estudantes da educação superior, no que se refere aos estagiários é permitido, para estudantes da educação superior, somente uma carga horária máxima de 30 horas semanais e 6 horas diárias de atividades de estágio; a duração do estágio não poderá ser superior há 2 anos na mesma unidade concedente de estágio, ou seja, mesma organização; o estagiário pode receber qualquer forma de contraprestação desde que as partes envolvidas estejam de acordo; auxílio transporte; direito ao recesso remunerado proporcional aos dias trabalhados.(BRASIL, 2008).

3.1.2 Educação superior e estágio não-obrigatório

Esta pesquisa enfatiza o estágio não-obrigatório de estudantes do curso da educação superior, visto que esses estudantes estão em um momento de tomar decisões em relação a sua carreira profissional. Para iniciar este subcapítulo acredita-se na importância de apresentar, conforme a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), como se dá a classificação da Educação Superior de acordo com a educação nacional.

De acordo com a LDB, lei número 9.394 de 26 de dezembro de 1996, no Capítulo 9, apresenta-se alguns dos objetivos da educação superior:

a) Formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

b) Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração. (BRASIL, 1996).

De acordo com Freitas, Giovana e Halasi (2002) não será só o diploma que vai garantir que o estudante se insira no mercado de trabalho, mas o que o estudante possui de competências e habilidades para exercer aquela atividade. Ainda acrescentam que os desafios

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ESTÁGIO COMPETÊNCIAS INTRA-ESCOLARES INTERDISCIPLINARIDADE CONTEXTUALIZAÇÃO HABILIDADES CONTEXTUALIZAÇÃO COMPETÊNCIAS EXTRA-ESCOLARES

das instituições formadoras são de oferecerem nos currículos escolares práticas que venham a colaborar com o desenvolvimento do estudante durante a graduação. O mercado de trabalho se interessa pelos profissionais que são capazes de atuar em diferentes áreas da sua formação.

Para tanto:

O perfil desejado para esse novo milênio é de um profissional crítico, criativo, que domine as novas tecnologias e que seja capaz de uma resposta nova a cada situação nova que se lhe apresentar. Mas, para isso também é imprescindível a atuação do professor que, de simples transmissor de conhecimento, deveria ser um especialista em perguntas, levando o aluno a refletir sobre sua realidade e buscando uma interação constante com a mesma. (FREITAS; GIOVANA; HALASI 2002, p. 51).

A instituição formadora exerce um papel fundamental no processo de aprendizagem do estudante. No caso dos estudantes da educação superior que realizam o estágio não-obrigatório, toda a parte teórica que a instituição de ensino repassa servirá como suporte para a prática, ou seja, a instituição de ensino possibilita ao estudante ter os conhecimentos específicos do curso pretendido. Entretanto, supõe-se que o estudante busca por este estágio para colocar em prática a teoria acadêmica, que pode fornecer ao sujeito uma maior autonomia, comprometimento e responsabilidade.

Pode-se afirmar que o grande objetivo do estágio não-obrigatório é ser a ponte entre as teorias aprendidas nas instituições de ensino em relação ao curso pretendido (“o saber”) e a prática (“o fazer”), de forma que as experiências tanto acadêmicas quanto práticas se misturem sem exatamente separar onde começa e termina um ou outro.

A seguir, mostra-se na figura 1 essa relação próxima entre o estágio não-obrigatório e a teoria repassada pelas instituições de ensino aos estudantes:

Figura 01- Estágio dialético entre saber e fazer, teoria e prática. Fonte: Freitas, Giovani e Halasi (2002, p.69)

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Diante da figura 1 é possível perceber que não deve haver uma separação entre o estágio não-obrigatório, os estágios curriculares, bem como a teoria aplicada pelas instituições de ensino, já que compete a eles prepararem os profissionais para trabalharem futuramente nas suas profissões. Pertence a instituição de ensino a teoria e aos estágios as práticas, havendo assim um complemento de uma com a outra (teoria-prática), para promover uma interação, permitir a interdisciplinaridade e o desenvolvimento de habilidades e competências.

Em uma entrevista com Emídio de Souza (prefeito da cidade de Osasco, São Paulo) na revista Agitação este comenta que, as prefeituras e demais organizações devem oferecer um espaço para que os estudantes possam trabalhar, e, além de oferecer essa oportunidade de inserção do jovem ao mercado de trabalho também estão prestando um serviço social, por que há falta de oportunidades no mercado de trabalho. Segundo Emídio, estas faltas de oportunidades levam os estudantes à margem da sociedade.

Percebe-se que o estágio não-obrigatório deve ir além de uma experiência profissional, mas colaborar com a diminuição dos problemas enfrentados pelos jovens, quando estes não encontram um lugar para trabalhar, ou seja, nas dificuldades encontradas pelos estudantes no momento de arranjarem o primeiro emprego quando encerram os estudos. O estágio é a oportunidade de o estudante iniciar a vida profissional. (MAIS..., 2009).

Na mesma revista em outra entrevista realizada com Maruzan Conrado Oliveira (coordenador executivo de governo da prefeitura de Taboão da Serra), relata que o estágio não-obrigatório é a possibilidade do primeiro emprego aos estudantes, numa época em que o emprego é algo que as autoridades se preocupam devido ao futuro das gerações que ainda estão por vir. E diz que, “[...] cada seção quer ter um estagiário, porque são eficientes e empenhados, contribuindo com a qualidade e eficiência [...].” (MAIS..., 2009, p.23). Maruzan Conrado Oliveira acrescenta ainda que, tanto os estagiários quanto as organizações se beneficiam, pois os estagiários demonstram vontade de aprender e de se desenvolver profissionalmente, em contrapartida, as organizações os preparam nesta profissionalização.

O mercado de trabalho está em constantes mudanças e exige das pessoas um preparo maior para a administração da sua carreira, tendo que buscar o tempo todo por atualizações. O estágio não-obrigatório faz com que o estudante esteja em constante mudança, pelo fato de acompanhar as tendências do mercado ao mesmo tempo na prática e na teoria, ou seja, nas instituições de ensino ele recebe as informações necessárias para desempenhar bem o seu lado profissional e a organização fornece os subsídios necessários para a prática, então a possibilidade deste estudante, que desempenha um bom trabalho na organização, ser efetivado poderá ser maior, o que o torna empregável. A autora Saad (2002) utiliza o termo

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empregabilidade, ou seja, quando a pessoa se torna capaz de ser empregada, porque desenvolve as suas competências técnicas e gerenciais e investe na sua formação profissional. O estudante que desenvolve o estágio não-obrigatório está em vantagem em relação aos estudantes que não possuem essa prática do estágio, visto que o estagiário em contato com as transformações sofridas pelo mercado, que demonstra interesse em crescer dentro da organização que realiza o estágio, tem o aumento das possibilidades de se desenvolver profissionalmente dentro da organização.

Com isso:

O estágio não-obrigatório permite o melhor aproveitamento da vida acadêmica; desenvolve e apresenta as qualidades pessoais; colabora com o processo de transição da fase da adolescência para a adulta e conseqüentemente da vida acadêmica para a profissional; o estudante aprende a conviver com as regras, hierarquias, apresenta uma postura mais adequada, modifica e aprimora o seu modo de se comunicar com as pessoas, o seu modo de se comportar, e também o seu modo de se vestir; consegue perceber a diferença e semelhanças entre a teoria e a prática. (BASSO apud. FREITAS; GIOVANA; HALASI, 2002, p. 72).

Conclui-se assim que, os estudantes que freqüentam o ensino superior pensam paralelamente nas exigências do mercado de trabalho e por isso buscam novas formas de aplicar os seus conhecimentos, dispondo inicialmente de algumas habilidades e vontade de aprender, adaptando-se as novas necessidades, por meio do exercício do estágio não-obrigatório.

3.2 IDENTIDADE PROFISSIONAL

Para entender a identidade de uma pessoa, faz-se necessário primeiramente entender como esta se constrói. A identidade faz parte da constituição do indivíduo, e, de acordo com Ciampa (1999), não se pode isolar o sujeito do seu contexto social, biológico e psicológico, porque estes elementos contribuem para o processo de constituição da identidade da pessoa. Esta idéia Coutinho (1999), para quem a construção da identidade do sujeito se dá por meio das relações que este estabelece no seu meio social, ou seja, a sociedade é um dos elementos que constituem a identidade de uma pessoa, e como este sujeito está inserido neste

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meio acaba por adquirir semelhanças do grupo social ao qual pertence. Cada pessoa vai constituir a sua própria identidade, mas quando compartilha das idéias e costumes de um determinado grupo, as pessoas passam a o identificar como àquele que pertence aquele determinado grupo.

Por exemplo, quando uma pessoa começa a freqüentar as aulas na educação superior, os outros a identificarão como um “aluno”, assim pode-se afirmar que naquele contexto a pessoa tem uma identidade de “aluno”, pois ele próprio e o outro o reconhecem dessa forma, pelo fato de freqüentarem o mesmo ambiente e assim compartilharem da mesma experiência. De acordo com o contexto em que a pessoa está inserida, manifesta-se uma parte da identidade, como por exemplo, identidade de “aluno” no contexto escolar, “filho” no contexto familiar, e as representações que fazem parte do processo de construção da identidade de uma pessoa.

O primeiro momento que a pessoa percebe a sua identidade é quando se diferencia e também se iguala aos demais, por exemplo, conforme Ciampa (1999, p. 63) “vamos nos diferenciando e nos igualando conforme os vários grupos sociais de que fazemos parte: brasileiro, igual a brasileiro, diferente dos estrangeiros”. Neste momento, pode-se fazer uma relação com a pesquisa, tendo em vista que o estagiário se identifica com os demais estagiários quando estes fazem parte do mesmo contexto, e se encontram na mesma condição, e ao mesmo tempo se diferenciam dos seus supervisores de estágio pela sua formação e cargo ocupado, bem como dos estudantes que não compartilham a experiência do estágio.

O mesmo autor Ciampa (1999) afirma que, a identidade não é algo imutável, ou seja, estagnada, é algo que se encontra em constante movimento. Tendo em vista que, os contextos em que as pessoas estão inseridas mudam constantemente, a identidade é algo que se encontra o tempo todo em transformação. É possível observar essa transformação a partir do momento em que se deixa de ser criança e se passa para a adolescência, depois para a juventude, vida adulta, e assim seguindo o ciclo da vida. Da mesma forma a identidade ao mesmo tempo em que é única também é mutável, pelas próprias situações vivenciadas pelas pessoas.

De acordo com Luna e Baptista, (2001), essas mudanças afetam a identidade pessoal dos sujeitos. No que se refere à pesquisa é possível dizer que, a partir do momento em que o sujeito começa a freqüentar a vida acadêmica observa-se uma mudança na sua identidade, pois os estudantes, normalmente, que se formam no ensino médio regular e iniciam uma rotina na vida universitária de maior comprometimento. Essa mudança de rotina,

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compromisso, atividades, responsabilidades, faz com que a identidade profissional desse sujeito comece a ser construída ou transformada.

Normalmente, as mudanças no processo de construção da identidade acontecem lentamente e de forma imperceptível, entretanto, em algumas situações, a identidade também pode mudar repentinamente ocasionando o que Luna e Baptista (2001) identificam como “crise de identidade”. No trabalho em questão, a mencionada “crise” poderia ser observada no momento de transição entre a vida acadêmica e profissional, devido ao fato de que, em um determinado momento este estudante pode-se deparar com uma realidade diferente daquela vivenciada no seu cotidiano. O estágio não-obrigatório pode ser um momento no qual o estudante tem a oportunidade de experimentar um contato próximo com a realidade profissional, assim, passar por uma mudança não tão abrupta no processo de construção da identidade.

É por meio dos processos psicossociais que acontece a construção da identidade, é neste processo que a pessoa se reconhece na sua individualidade, singularidade e como participante da sociedade. Esses processos psicossociais são chamados de socialização. Neste momento, o indivíduo pode adquirir habilidades indispensáveis para conviver em uma sociedade. (LUNA; BAPTISTA, 2001). A socialização faz parte do desenvolvimento da identidade pessoal e social do sujeito, ou seja, a identidade também se constitui com as relações que se estabelecem com os outros, o indivíduo passa a reconhecer a si mesmo quando se diferencia desse outro.

A identidade também se afirma nas relações que as pessoas estabelecem no decorrer da sua vida, e essas experiências vivenciadas possibilitam que as pessoas construam algumas identificações ou modelos de como desejam ser no futuro profissional e pessoal, e esse desejo de ser também faz parte do processo de construção da identidade. (LUNA; BAPTISTA, 2001). Neste caso, o estagiário poderá, no decorrer das suas atividades de estágio não-obrigatório, pelo fato de se aproximar de uma realidade profissional, antes talvez, não conhecida, fazer um projeto de vida em relação a sua profissão de acordo com o conhecimento adquirido na sua experiência.

Portanto, a identidade “é formada por aquilo que percebemos ser (nossa auto-imagem), por aquilo que os outros percebem que somos e, também, por aquilo que percebemos sobre o que os outros percebem a nosso respeito.” (LUNA; BAPTISTA, 2001, p. 46). Partindo dos pressupostos de que a identidade se constrói por meio das relações e que o trabalho faz parte de uma dessas relações que se estabelecem ao longo da vida, então, é possível entender o processo de construção da identidade profissional do sujeito.

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Vê-se a importância de descrever sobre as influências do trabalho na formação da identidade de uma pessoa. O texto de Jacques ([19--]) escreve sobre a dialética entre o subjetivo e o objetivo, este último representado pelo trabalho, e diz que o homem desenvolve a sua identidade por meio do trabalho que executa, pois a relação que o homem estabelece com o seu trabalho é de buscar satisfazer os seus desejos por meio da realização de uma determinada tarefa. Entende-se diante do exposto que, a partir do momento em que o homem se realiza por meio do trabalho que executa, significa dizer que o trabalho influencia também na subjetividade deste sujeito, enquanto trabalhador. Então, o trabalho interfere na identidade do sujeito, já que o trabalho faz parte da constituição dessa identidade. Com isso pode-se afirmar que, a partir do momento em que o homem não se realiza com o seu trabalho, a sua identidade de trabalhador estará em “crise”.

De acordo com Coutinho (1999) o trabalho ainda tem a sua real importância quando se remete a construção da identidade. Pois, o trabalho possui uma importância muito grande diante da sociedade em que se vive, já que é uma forma que a pessoa tem de sobreviver. Corrobora Aranha (1997, p.22) que afirma que “[...] o homem se faz pelo trabalho”, então, o trabalho influencia diretamente na constituição do sujeito.

Por isso, o estágio não-obrigatório tem um papel fundamental para os estudantes, pois esses vão em busca do estágio com a expectativa de poder experienciar a escolha pela futura profissão, realizar o máximo de atividades relacionadas à área de interesse para que, após a sua formação o profissional possa se realizar e se identificar com o trabalho que realizam. A necessidade que o estudante apresenta de buscar um estágio, que não o oferecido pela instituição formadora, para complementar a sua aprendizagem, é a de integrar a sua identidade mais um papel, no caso, de estagiário, pelo fato de que pode se aproximar da identidade profissional desejada.

Conforme Luna e Baptista (2001, p.49):

Identidade profissional, então, é a representação que faço de mim mesmo e que os demais atribuem a mim, no que se refere ao trabalho que realizo, e que reflete todas as outras identidades que também possuo; é a constante reposição que faço da identidade de trabalhador pressuposta para mim; enfim, é a resposta às perguntas: O que faço? Onde? Como? Com quem? Para quem? Quando? Para que (futuro, projeto)? Por que (passado, história)?.

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A identidade profissional não pode ser caracterizada apenas pela afirmação do sujeito sobre quem ele é, pois se a identidade do sujeito também é constituída a partir das suas relações, então o outro faz parte da constituição da sua identidade. Não é suficiente para que a identidade se constitua que o indivíduo se identifique como tal pessoa, é preciso que o outro o identifique também, para que a identidade se consolide. A partir do momento em que o estudante se reconhece ao desenvolver no estágio não-obrigatório um papel profissional, e os outros também o identificam desta forma, a identidade começa a se constituir como de um profissional relacionado ao curso superior freqüentado. Por exemplo, se o estudante freqüentar o curso superior de administração e ao longo da sua atividade de estágio não-obrigatório realizar atividades estritamente relacionadas ao curso, bem como conhecer o funcionamento de um setor administrativo, ele se identificará como “administrador”, se caso este estagiário adotar uma postura mais profissional e os demais os identificarem como um “profissional”, este estudante terá a sua identidade profissional cada vez mais solidificada.

Percebe-se que o estágio não-obrigatório pode ser considerado importante para a formação do estudante quando auxilia na construção da identidade profissional, visto que é uma experiência na qual o acadêmico estabelece um contato mais direto com a profissão, entende-se que o processo de construção da identidade profissional deve-se iniciar na própria graduação com o incentivo dos educadores (BANDUK; RUIZ-MORENO; BATISTA, 2009). Vê-se importância das instituições de ensino fornecer subsídios aos estudantes em relação ao processo de construção das suas identidades profissionais desde o início da graduação, para que ao longo da sua formação acadêmica os estudantes possam refletir sobre a sua escolha, e assim colaborar com o estudante na sua qualificação.

Por meio do estágio não-obrigatório o estudante pode desenvolver as suas competências técnicas e comportamentais, que segundo Saad (2002), são importantes para o sujeito que tem o interesse em se desenvolver profissionalmente. Para as competências técnicas é necessário que a pessoa esteja em constante contato com as informações e conhecimentos do mundo atual, buscando, por exemplo, por uma especialização, cursos de idiomas, e atualizações no próprio curso e em diferentes áreas de atuação. Já as competências comportamentais mais importantes que podem ser desenvolvidas ou então aperfeiçoadas são: possuir perfil de liderança; capacidade de se relacionar com as pessoas; saber se expressar; ser flexível e criativo.

Diante do exposto, o estágio não-obrigatório pode ser uma das formas que permite ao estudante, no caso de educação superior, construir a sua identidade profissional de forma mais segura, diante das expectativas e exigências do mundo moderno. Talvez pelo fato de que

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o estágio não-obrigatório seja uma possibilidade de um futuro emprego, ou ainda, de uma identificação (ou não) das opções de carreira profissional.

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4 MÉTODO

O método abordado nesta pesquisa foi importante para a compreensão desta e teve como objetivo responder ao problema de pesquisa proposto no início deste trabalho. Neste capítulo apresenta-se o método utilizado.

4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Esta pesquisa, sobre os estudantes de educação superior que realizam o estágio não-obrigatório, caracteriza- se como sendo de natureza qualitativa.

Segundo Minayo (2000, p. 21-22), caracteriza-se como pesquisa qualitativa:

[...] trabalho com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização das variáveis.

No que se refere à pesquisa qualitativa, esta apresenta dados que não podem diretamente medidos.

4.1.1 Quanto aos objetivos

O objetivo principal desta pesquisa é “Identificar as contribuições do estágio não-obrigatório para a construção das identidades profissionais de estudantes de educação superiores”. Esta pesquisa caracterizou-se como sendo exploratória, tendo como objetivo fornecer uma visão geral acerca da percepção que os estagiários da educação superior têm em relação ao processo de construção das suas identidades profissionais, enquanto freqüentadores do estágio não-obrigatório, bem como aperfeiçoar conhecimentos e oferecer subsídios para pesquisas posteriores.

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4.1.2 Quanto ao delineamento

Quanto ao delineamento trata-se de uma pesquisa de levantamento. De acordo com Gil (2002),a pesquisa é considerada de levantamento quando alguns fenômenos não são passíveis de observação e de mensuração, para isso é necessário que se torne esses fenômenos possíveis de serem observados.

Freqüentemente neste tipo de pesquisa se utiliza de questionários com os sujeitos participantes que fazem parte do contexto a ser pesquisado. Neste sentido Gil (2002, p. 115) comenta que, este instrumento de coleta de dados é “[...] o meio mais rápido e barato de obtenção de informações, além de não exigir treinamento de pessoal e garantir o anonimato”.

No caso desta pesquisa, os sujeitos investigados foram estagiários da educação superior que realizam estágio não-obrigatório em uma Organização Não Governamental de Santa Catarina. Para obter as devidas informações de acordo com os objetivos específicos foi realizada uma análise quantitativa dos dados coletados e elaboradas, posteriormente, reflexões diante do que foi obtido de forma qualitativa.

Essa técnica tem como aspecto positivo a obtenção das informações sob a perspectiva do sujeito investigado, sobre aquilo que ele acredita a respeito do determinado assunto.

4.2 SUJEITOS DA PESQUISA

4.2.1 Local onde se encontram os sujeitos da pesquisa

Após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa, o trabalho foi apresentado à Coordenadora de Qualidade e RH de uma Organização Não-Governamental de Santa Catarina (ONG/SC). Esta ONG tem como objetivo inserir pessoas no mercado de trabalho por meio do programa de estágio e programas sociais.

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Esta ONG1 é caracterizada como:

“uma associação filantrópica de direito privado, sem fins lucrativos, beneficente de assistência social. Reconhecida de utilidade pública desenvolve vários programas sociais, possibilitando aos jovens brasileiros, uma formação integral”.

A ONG tem como Missão:

“Oferecer à comunidade soluções que contribuam para a capacitação profissional de pessoas, visando a sua integração ao mercado de trabalho”.

Já em relação à Visão da ONG:

“Ser reconhecida como a maior e melhor instituição brasileira na interação educação e trabalho”.

No que se refere aos valores desta ONG/SC tem-se: competência, credibilidade, sustentabilidade, respeito à diversidade, ética, transparência, valorização do capital humano, comunicação, co-participatividade e o aprimoramento contínuo.

Esta ONG se localiza no estado de Santa Catarina com diversas unidades e postos de atendimentos. Dentre as unidades se encontram a de Florianópolis - Matriz; Blumenau; Criciúma; Chapecó; Itajaí; Joaçaba; Joinville; Lages. Os postos de atendimentos que se localizam em Santa Catarina estão em Araranguá; Tubarão; São Miguel do Oeste; Caçador; Concórdia; Brusque; São Bento; Jaraguá do Sul e Canoinhas.

1 Os dados de identificação da ONG/SC tais como: caracterização, missão, visão e valores são dados documentais.

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4.2.2 Participantes

A pesquisa teve como participantes todos os estagiários que estão freqüentando aula na modalidade educação superior, com duração pelo menos de 4 anos de curso, e desenvolvem atividades de estágio não-obrigatório, nas unidades e postos de atendimentos de uma Organização Não Governamental de Santa Catarina (ONG/SC), no segundo semestre de 2009 que totalizaram 23 estagiários. Entretanto, desses sujeitos citados acima 15 estagiários colaboraram com a pesquisa. Sendo assim, diante dos prazos que foram estabelecidos e a falta de algum retorno dos demais sujeitos, iniciaram-se os contatos para averiguar se ainda havia interesse por parte deles em colaborarem com a pesquisa, mas não houve nenhum retorno e, diante deste fato, foram desconsiderados os demais sujeitos.

Quanto ao perfil das pessoas participantes da pesquisa são: estudantes de curso superiores com duração mínima de 4 anos; freqüentadores do estágio não-obrigatório; ambos os sexos; sem restrição quanto às idades, cursos ou semestres freqüentados, setor em que realizam o estágio não-obrigatório, ao tempo em que realizam essa modalidade de estágio, a instituição de ensino que frequentam e a carga horária que realizam no estágio.

A escolha por estudantes que freqüentam a educação superior se deu pelo fato de que assim se caracteriza um momento onde o estudante universitário se aproxima da sua inserção ao mercado de trabalho como profissional formado. Já o motivo que justifica a escolha por estudantes que realizam estágio não-obrigatório se deu pelo fato de ser uma opção, por parte do estudante, de buscar por alternativa para se inserir no mercado de trabalho, visto que não há a necessidade desta prática para a formação na graduação.

O quadro 1 ilustra os dados de identificação dos sujeitos desta pesquisa. Na primeira coluna é apresentado o sexo dos participantes; na segunda coluna as idades de cada participante; na terceira coluna são apresentados os cursos de graduação e a fase que cada participante freqüenta na universidade; quarta coluna a classificaçãoda Instituição de Ensino; quinta coluna refere-se ao tempo de estágio de cada participante está contratado na ONG, por fim, na sexta coluna o setor que cada participante realiza as suas atividades de estágio.

Referências

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