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Tipos de mão de obra, desemprego e mercado formal

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Academic year: 2021

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Tipos de mão de obra, desemprego e mercado formal

Teoria

Trabalho e seus conceitos

A palavra trabalho tem sua origem no latim tripálio, que significa, literalmente, "três paus", tri (três) e palus (pau). Era um instrumento romano de tortura, o qual supliciava os escravos. Sem dúvidas, a questão do trabalho atual vai muito além de uma discussão geográfica, sendo uma realidade que todos enfrentam ou terão de enfrentar um dia. É muito difícil, porém, que exista um país onde o número de vagas de emprego atenda à toda população. Além disso, as relações de trabalho se alteraram muito ao longo do tempo, sobretudo a partir do advento da Revolução Industrial. Para entender as relações de trabalho hoje, é importante retomarmos alguns conceitos:

Trabalho artesanal: feito pelos artesãos, refere-se ao período pré-industrial, no qual o trabalhador

desenvolvia suas próprias técnicas de produção e dominava todas as etapas do processo produtivo.

Mão de obra especializada: quando o trabalhador passa a ser um especialista na execução de uma tarefa. Porém, ele conhece apenas uma parte do processo produtivo.

Mão de obra alienada: termo muito usado no Fordismo para se referir à fase na qual o trabalhador perde domínio sobre todas as etapas do processo produtivo, a partir da assalariação. Marca a passagem do trabalho artesanal para a manufatura. Chama-se alienada, pois o trabalhador não consegue visualizar o seu trabalho como parte do produto. No Fordismo, a mão de obra era muito fragmentada, de modo que cada trabalhador tinha apenas uma função bem definida.

Mão de obra qualificada/não qualificada: a qualificação profissional se relaciona com o nível de estudo

e técnica embutidos no trabalho. Há maior concorrência para os empregos que não demandam qualificação profissional, devido à dificuldade de acesso à educação de qualidade no Brasil.

Setores da economia e o trabalho

Pode-se dividir o trabalho, ainda, de acordo com os setores econômicos:

Setor primário: o setor primário da economia corresponde à extração de matéria-prima, seja por

atividades puramente extrativistas, como a mineração, ou também a agricultura e pecuária, que envolvem uma produção.

Setor secundário: é o setor responsável por transformar a matéria-prima em produto. Corresponde à

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Setor terciário: corresponde à venda do produto; é o setor de comércio e serviços que atualmente se

concentra no meio urbano. Foi a partir das trocas comerciais que surgiram também as cidades. Atualmente é o setor que mais emprega.

O que se pode notar é que as transformações tecnológicas não alteram somente as indústrias e os meios de produção, mas também o próprio espaço geográfico e as relações humanas, sejam em âmbito estrutural, econômico, social ou cultural. No Fordismo, modelo produtivo da Segunda Revolução Industrial, não se tinha muitas das formas de trabalho que existem atualmente.

A mudança do trabalho, do Fordismo para o Toyotismo

FORDISMO TOYOTISMO

Não demandava qualificação profissional para

contratação Passou a exigir uma mão de obra mais qualificada Trabalho fragmentado, onde cada trabalhador tinha

uma única função específica Trabalhador responsável por diversas tarefas O operário modelo era aquele que obedecia às

diretrizes dos superiores, se preocupando apenas com as tarefas imediatas

O melhor operário é aquele que identifica problemas e propõe soluções, se preocupando também com a aplicação do produto após vendido.

Contratava em massa

Frequentemente há redução de postos de trabalho, uma vez que o trabalhador é substituído por máquinas

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Alteração na organização produtiva. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/596867756839232324/?lp=true

A flexibilização nas formas de contratação

Sabe-se que, com o desenvolvimento tecnológico, há novas formas de desenvolver produtos personalizados, de acordo com o gosto de cada cliente. A segurança da informação, ou segurança dos dados virtuais, se tornou uma questão urgente. Muitos dados com informações pessoais dos clientes circulam na rede e podem ser usados para prever nossas vontades, de modo que as empresas trabalham no desenvolvimento de mecanismos de venda até então não conhecidos. Além disso, com a globalização econômica, as empresas têm mais liberdade para atuar de acordo com a demanda do mercado, criando novos setores de atuação. Nesse sentido, vamos ver outras e novas formas de contratação atuais.

Terceirização trabalhista: terceirizar é passar a terceiros uma parte do trabalho necessário a um empreendimento. Por exemplo, numa escola, é comum que os trabalhadores da segurança e da limpeza sejam partes de uma empresa de fora, que presta esse serviço de maneira terceirizada. Dessa forma, empresas se organizam para captar essa mão de obra, no geral não qualificada, e distribuir os terceirizados nos diversos setores que demandam por isso. Além do mais, são empresas que tomam conta de um setor essencial, mas que encara muita precariedade no Brasil. Dessa forma, com a alta procura, baixa qualificação e remuneração, a rotatividade tende a ser maior nessas empresas, e as condições de trabalho, instáveis.

Trabalhador 0h (zero hora): o trabalho 0h é uma forma de contratação que distribui tarefas de acordo

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Home office: os trabalhadores são contratados, mas trabalham de suas casas, o que economiza para o

dono da empresa todo um gasto de infraestrutura, e pode dar maior autonomia ao trabalhador.

Subcontratações ou “trabalhador parceiro”: são empregos por aplicativo, que difundem, por meio de um

discurso eufêmico de empreendedorismo e autonomia, o cenário do desemprego e da precarização trabalhistas, com baixíssimos ganhos e ausência de direitos trabalhistas e sociais. É a chamada

uberização das relações de trabalho. Sabemos que o Uber tem sido uma empresa que dá autonomia para o trabalhador escolher sua carga horária e sua jornada de trabalho, sendo ele responsável também pela obtenção e manutenção do seu instrumento de trabalho, o carro. Além disso, esse fato cria um distanciamento entre empresa e trabalhador, de modo que questões como segurança do trabalho se tornam precárias. Também não há direitos trabalhistas básicos, como férias e contribuição previdenciária. Com o crescente número de desalentados – pessoas que desistem de procurar emprego – no Brasil, devido à recessão econômica, ou estagnação do crescimento, que enfrentamos desde 2013, muitas pessoas precisam recorrer a esses empregos para obter renda. O que foi criado para fazer parte de uma renda extra, uma complementação, acaba se tornando o trabalho oficial. Além disso, estamos falando de um serviço que surge suprindo partes vitais do funcionamento urbano, como a questão da mobilidade e transporte.

Fonte: https://www.cartacapital.com.br/economia/proletariado-digital-apps-promovem-trabalhos-precarios-a-brasileiros/

Os tipos de desemprego

A automatização de processos produtivos é uma grande causa para o desemprego crescente, somando-se à dificuldade de acesso à educação de qualidade no Brasil. A geração de empregos fica a cargo também do Governo Federal, que deve sempre estimular a criação de indústrias que contratem mão de obra, além de dar incentivo a microempresas, que atualmente empregam mais da metade dos trabalhadores do setor privado. Sobre a situação do desemprego nos países, existem duas classificações diferentes:

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Exercícios

1.

(Fatec 2019) Leia os textos.

- Francisco tem pouca esperança no futuro. Depois de cinco anos em busca de trabalho e após três entrevistas de emprego, todas infrutíferas, decidiu parar de procurar. Passou assim a fazer parte de um contingente cada vez maior de brasileiros: os desalentados.

- Um indicador fundamental para observar o nível da confiança do trabalhador no mercado de trabalho é a taxa de desalento.

- O Brasil iniciou o terceiro trimestre com queda na taxa de desemprego pela quarta vez seguida, mas registrou número recorde de desalentados diante das incertezas atuais em tomo da economia, segundo dados divulgados no dia 30 de agosto de 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa de desemprego atingiu 12,3% no terceiro trimestre de 2018, depois de ter ficado em 12,4% no trimestre anterior, na quarta queda seguida, de acordo com o IBGE. "O desemprego vem caindo no Brasil por conta do desalento, principalmente neste ano de 2018", afirmou o coordenador do IBGE, Cimar Azeredo. O IBGE estimou em 4,8 milhões o número de pessoas desalentadas no trimestre maio - julho. Acesso em: 03.10.2018. Adaptado. De acordo com os textos, o cidadão desalentado é aquele que

a) conquista um emprego formal, mas sofre com a desigualdade de gênero, em que mulheres ganham menos e ocupam a maioria dos empregos vulneráveis.

b) precisa de trabalho e trabalharia se houvesse possibilidade, entretanto, desiste de procurar emprego porque sabe que não encontrará um posto de trabalho.

c) troca voluntariamente o trabalho formal pelo trabalho terceirizado, abandona a carteira de trabalho e opta pela previdência social estatal.

d) consegue emprego formal com rendimento equivalente a dois terços do salário-mínimo vigente. e) possui um emprego com carteira assinada, mas está desprotegido das leis trabalhistas.

2.

(Enem) O governo de Singapura, que vem enfrentando reclamações de residentes que precisam competir com estrangeiros por emprego, endureceu as regras para que empresas contratem funcionários de outros países para posições de nível médio. A partir de janeiro de 2012, um estrangeiro precisa ganhar 3 000 dólares cingapurianos (2 493 dólares americanos) ou mais por mês antes de se qualificar para um visto de trabalho que lhe permitirá trabalhar em Singapura.

Singapura endurece regras para contratação de estrangeiros. Disponível em: www.estadao.com.br. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado). As medidas adotadas pelo governo de Singapura objetivam favorecer a

a) inserção da mão de obra local no mercado de trabalho. b) participação de população imigrante no setor terciário. c) ação das empresas estatais na economia nacional.

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3.

A divisão da população economicamente ativa por setores de atividades, ainda que imprecisa, é um dos indicadores das relações de produção e de trabalho em cada país. O processo retratado no gráfico e uma explicação adequada para sua ocorrência, no momento histórico considerado, estão contidos na seguinte alternativa:

a) Terciarização da economia - reorganização do modelo industrial no mundo.

b) Precarização do emprego - aumento da estratégia de subcontratação de empresas. c) Diminuição da riqueza - carência de profissionais para setores essenciais da economia. d) Especialização da mão-de-obra - elevação do nível médio de qualificação dos trabalhadores.

4.

A desregulamentação, que aumenta no mercado de trabalho brasileiro, faz crescer um fenômeno econômico que vem sendo bastante estudado pela Geografia Humana e Econômica. Com esse fenômeno, proliferam as pequenas empresas sem funcionários com vínculo empregatício que prestam serviços. De 2002 a 2008, esse fenômeno cresceu aproximadamente 22% nas regiões metropolitanas do país. A que fenômeno estamos nos referindo?

a) Desqualificação Profissional b) Crescimento do Setor Binário c) Expansão da Terceirização

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5.

O capitalismo financeirizado e globalizado, particularmente nas últimas quatro décadas, vem apresentando um movimento tendencial em que informalidade e precarização tornaram-se mecanismos recorrentes. E a terceirização irrestrita do trabalho vem se consolidando como uma ferramenta que elimina a distinção entre atividades-meio e atividades-fim.

(Adaptado de Ricardo Antunes, A sociedade da terceirização total. Revista da ABET, v. 14, n. 1, jan./jun. 2015, p. 9.)

a) Terceirização e precarização são fenômenos interligados, porém distintos. O que é terceirização e o que é precarização do trabalho?

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Gabarito

1. B

Com a crise econômica dos últimos anos, aconteceu um aumento da taxa de desemprego, que ultrapassou a marca de 12% em relação à PEA (população economicamente ativa). Além dos desempregados, também existem os desalentados, pessoas que precisam de trabalho, mas desistiram de procurar, devido ao longo tempo de procura, falta de perspectiva de encontrar, desestruturação familiar e falta até de recursos financeiros para se deslocar (transporte coletivo) em busca de emprego.

2. A

A forte economia de Singapura faz com que o país seja um polo de atração migracionista, pois os migrantes de outros países procuram o país em busca de melhores condições de vida e de empregos. Para evitar a concorrência dos imigrantes com a população local, o governo resolveu adotar medidas para incentivar a contratação de mão de obra local.

3. A

No gráfico, é possível observar o crescimento do setor terciário, processo denominado terceirização da economia. Na França, tal momento decorre da reorganização da produção em escala mundial, em que as indústrias migraram para países em desenvolvimento em busca de mão de obra barata.

4. C

O processo em que se observa funcionários sem vínculo empregatício e que prestam serviços é denominado de terceirização.

5.

a) A terceirização ocorre quando uma empresa principal contrata outra empresa para realizar determinado trabalho. Assim, um terceiro entra nessa relação, e os trabalhadores não possuem vínculo empregatício com a empresa principal. O objetivo seria reduzir custos com trabalhadores, aumentar a lucratividade e a competitividade. No Brasil, trabalhadores terceirizados ganham menos, apresentam maior instabilidade no emprego, tem jornadas de trabalho mais longas e ficam mais expostos a acidentes de trabalho. Com o avanço do processo de terceirização, observa-se uma precarização do trabalho no país. Porém, essa precarização é um fenômeno mais amplo e se relaciona também com o crescimento do trabalho informal e do trabalho degradante.

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Práticas empresariais e a economia mundial

Teoria

Uma das características mais importantes do Capitalismo Financeiro foi a formação de grandes empresas industriais e comerciais, além da proliferação de instituições financeiras. Assim, para as empresas garantirem o lucro e o retorno dos investimentos, começaram a se organizar de forma a obter cada vez mais uma fatia do mercado. Diversos mecanismos foram criados para facilitar e instituir esses grandes blocos empresariais, garantindo a lucratividade e impedindo a livre concorrência. Embora as atividades monopolistas (domínio do mercado por uma empresa) sejam combatidas por meio de leis em diversos países, é muito comum observá-las na economia, através de práticas como o truste, o cartel e a holding.

Truste

Quando duas ou mais empresas se unem ou se fundem, controlando o capital de forma conjunta e centralizando as decisões. Forma uma organização mais ampla e lucrativa, podendo assim estabelecer uma política de preços mais elevados, assegurando altas margens de lucro.

Disponível em: https://4.bp.blogspot.com/. Adaptado.

Abaixo, alguns exemplos de empresas que sofreram fusões e atuam no Brasil.

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Cartel

Não muito diferente do truste, o cartel é uma prática financeira em que as empresas também fazem acordos (informais), estabelecendo um preço comum e mais elevado, dividindo o mercado e a produção. Ajuda a evitar a concorrência e garante a lucratividade. É mais comum em setores já oligopolizados (poucas empresas dominam o mercado), e a grande diferença do truste é que não há fusão e, portanto, as empresas não perdem independência financeira. Muitos países definem essa prática como ilegal. No caso brasileiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é o órgão governamental responsável pelo julgamento de casos relacionados à formação de trustes e cartéis. No primeiro caso, de truste, precisa ser analisado se a fusão não irá prejudicar a livre concorrência, e o segundo caso é considerado ilegal.

Disponível em: https://www.tjdft.jus.br. Adaptado.

Holding

Pode-se entender a holding como uma empresa administrativa. Geralmente, não possui nenhuma atividade produtiva, mas é responsável por centralizar e administrar a política do grupo que controla, formando assim um conglomerado (empresas que atuam em diversos setores). Na prática, a holding detém um controle acionário de outras empresas (subsidiárias) e é o estágio mais avançado de concentração do capital. Mas é importante destacar que esse é um tipo de holding e podem existir variações, como uma holding mista, que possui capital investido em outras empresas, mas também exerce alguma atividade empresarial. Geralmente, os vestibulares vão adotar o referencial abaixo, de controle acionário.

(12)

A Unilever é uma holding. Logo abaixo, algumas das marcas controladas pela Unilever.

O dumping é uma prática comercial em que uma ou mais empresas vendem seus produtos e serviços abaixo do preço do mercado, inviabilizando o modelo de negócios de uma outra empresa. O objetivo é eliminar a concorrência e conquistar uma fatia maior de mercado. Geralmente, é associado a vendas no exterior, por exemplo, quando agricultores da Europa e dos Estados Unidos recebem subsídios governamentais, conseguindo produzir e exportar abaixo do custo de produção, o que prejudica as vendas brasileiras no exterior.

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Exercícios

1.

(Uerj 2010) Associação chinesa pede boicote a mineradoras

O presidente da Associação de Ferro e Aço da China pediu ontem que os importadores licenciados do país boicotem as três grandes empresas de minério de ferro nos próximos dois meses. O pedido é uma clara referência à brasileira Vale e às anglo-australianas BHP Billiton e Rio Tinto, que vêm impondo mudanças nos acordos de compra e venda do minério, determinando preços mais elevados.

(Adaptado de O Globo, 03/04/2010) O comportamento adotado pelas três empresas mineradoras, caso seja comprovado, configuraria a seguinte prática econômica:

a) cartel b) holding c) dumping d) incorporação

2.

(Unicamp 2017) A presença de empresas globais que dominam o mercado de tecnologia no mundo costuma gerar atritos com os governos nacionais e impactos de diferentes dimensões em sua indústria cultural e na privacidade dos indivíduos. Diante do poder dessas grandes empresas, os Estados nacionais buscam estabelecer regras antitrustes para o setor.

(Adaptado de Farhad Manjoo, The New York Times/Folha de São Paulo, 11/06/2016, p. 1 e 2.)

Com relação ao poder econômico e político das empresas globais de tecnologia digital e as ações dos governos nacionais, é correto afirmar que:

a) A tecnologia digital representou uma expressiva reestruturação da ordem global. Houve maior democratização da circulação de informações pela internet e os Estados nacionais perderam totalmente o controle do conteúdo transmitido pelas redes digitais.

b) O poder das grandes empresas de tecnologia predomina apenas nos países pobres, cujos Estados dispõem de limitadas legislações para o controle desses grupos econômicos em seus territórios, sobretudo no que diz respeito às mídias globais.

c) As leis antitrustes surgiram no final do século XX e foram criadas pelos Estados nacionais para o controle do poder econômico das empresas globais do mercado de tecnologia digital, setor que costuma desenvolver práticas de mercado anticompetitivas.

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3.

(CEDERJ 2017)

Bayer e Monsanto assinam acordo definitivo de fusão por US$ 66 bilhões

O acordo criará uma empresa que dominará mais de um quarto do mercado mundial combinado para sementes e pesticidas, reforçando a rápida consolidação da indústria de insumos agrícolas.

Disponível em: http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,bayer-e-monsanto- -assinam-acordo-definitivo-de-fusao-por-us-66-bilhoes,10000075913. Acesso em: 03 out. 2017. A concentração empresarial com a fusão da Bayer e Monsanto preocupa muito os agricultores devido às ameaças de encarecimento dos insumos. A prática mencionada é coibida por muitas nações do mundo e recebe o nome de

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4.

(UFU 2019) O Brasil comumente é “vendido” como um país com múltiplas regiões e com diversidade na produção de alimentos. Para alimentar a população com sabor, saúde e abundância, os meios de comunicação repetem por meio de imagens coloridas o sucesso do agronegócio brasileiro: “Agro é Tec”, “Agro é Pop”, “Agro é Tudo”

SANTOS, Marueem, GLASS, Verena (orgs.). Altas do agronegócio: fatos e números sobre as corporações que controlam o que comemos. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Boll, 2018, p. 28. (Adaptado)

A partir do texto e da figura acima, responda.

a) Conforme apresentado na figura, quais são os impactos do monopólio das empresas-rede para a segurança alimentar da população mundial?

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5.

(ESPM 2014) As provas oferecidas pela Siemens e por seus executivos ao Cade são contundentes. Entre elas, consta um depoimento bombástico prestado no Brasil em junho de 2008 por um funcionário da Siemens da Alemanha. A ISTOÉ teve acesso às sete páginas da denúncia. Nelas, o ex-funcionário, que prestou depoimento voluntário ao Ministério Público, revela como funciona o esquema de desvio de dinheiro dos cofres públicos e fornece os nomes de autoridades e empresários que participavam da tramoia.

Istoé, 19/07/2013. A matéria retrata:

a) um esquema de corrupção existente na prefeitura municipal de São Paulo em relação ao monopólio que algumas empresas de transportes detêm e que motivou a revolta comandada pelo Movimento Passe Livre.

b) um milionário propinoduto mantido há quase 20 anos por sucessivos governos do Estado em São Paulo para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos.

c) um novo capítulo do caso “Mensalão” cuja verba desviada das obras do Metrô era utilizada para comprar votos de parlamentares para que aprovassem projetos do governo federal.

d) um milionário caso de corrupção na prefeitura municipal de São Paulo relacionado a desvios de recursos para obras do Metrô e trens metropolitanos da CPTM.

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Gabarito

1. A

A notícia informa que três empresas distintas vêm impondo mudanças nos acordos de compra e venda do minério, determinando preços mais elevados, o que se configura como uma formação de cartel. 2. D

As empresas de tecnologia são bons exemplos de empresas globais que controlam complexas redes de informação. Com isso, debates como a segurança dos dados e da informação cresceram entre os países. Apesar de possuírem muito poder, não estão isentas das legislações e restrições impostas pelos estados nacionais para comercializarem seus produtos e serviços.

3. B

A fusão da Bayer e da Monsanto foi duramente criticada por especialistas, uma vez que a última possui amplo domínio sobre um setor problemático do ponto de vista da saúde do trabalhador e do consumidor, enquanto a Bayer é uma gigante farmacêutica. Por se tratar da fusão de empresas, damos o nome de truste.

4.

a) Apesar de muitos países subdesenvolvidos emergentes, como Brasil e Argentina, serem grandes exportadores de commodities agrícolas, poucas empresas transnacionais, cujas matrizes estão em países desenvolvidos, são responsáveis por parte significativa da intermediação e comercialização em escala global. Portanto, este oligopólio pode ser prejudicial para a segurança alimentar mundial, devido à influência sobre os preços e controle de parte da logística de distribuição.

b) Entre as consequências econômicas, a dependência em relação às empresas transnacionais e a concentração de riqueza (poucos e grandes proprietários e empresas rurais).

5. B

(18)

Geopolítica da Guerra Fria

Teoria

Contexto

Após as primeiras revoluções industriais, a partir de 1848, a ideologia comunista se alastrou por diversos países. Isso quer dizer que, com a divisão de classe entre patrão e proletário, estabelecida a partir da assalariação trabalhista das indústrias, que revolucionou o mundo do trabalho, diversos movimentos que questionavam a exploração fabril e os métodos de acumulação de capital emergiram. A China, por exemplo, passou pela Grande Marcha de Mao Tsé Tung, que buscava disseminar a ideologia da união da classe proletária aos camponeses da China, numa disputa política com os Kuomitangs, o partido nacionalista. Movimentos políticos organizados emergiram em diversos países, defedendo que a união da classe trabalhadora deveria prevalecer e transcender a ideia de pertencimento nacionalista. Sobretudo na Rússia, o movimento político comunista se deu de forma muito forte, sendo um importante exército a combater o nazismo de Hitler ao longo da 2ªGM.

⮚ Mas o que é comunismo?

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A Guerra Fria (1947-1991)

Após o fim da 2ª Guerra Mundial (1945), importantes órgãos foram criados, a exemplo da ONU, que objetivava guiar a paz mundial, para que o planeta não passasse pelas situações vividas ao longo desse conflito. Além disso, o Banco Mundial, a Organização Mundial do Comércio e o Fundo Monetário Internacional foram criados na conferência de Bretton Woods, que marcou também a instalação do padrão Dólar Ouro para ser o lastro da economia do mundo. Acontece que foram os exércitos dos EUA, da Federação Russa, da França, do Reino Unido e da República Popular da China que haviam ganhado a 2ª GM, sendo inclusive os países que compõem a instância máxima de poder de decisão na ONU por esse motivo. China e Rússia, à época, possuíam governos comunistas, o que ia de encontro aos planos ocidentais de continuidade do sistema. Em 1945, os EUA também bombardearam Hiroshima e Nagasaki no Japão, o que fez com que essa nação oriental estivesse do lado dos capitalistas ao longo do conflito da Guerra Fria. Guarde essa informação, care alune, pois ela será importante.

A Guerra Fria foi uma guerra desenvolvimentista, onde o mundo se dividiu em dois sistemas. Países aliados ao sistema comunista soviético, proposto sobretudo pela Rússia, comercializavam apenas entre si. Países aliados ao sistema capitalista, proposto sobretudo pelos EUA, comercializavam apenas entre si. Rússia e EUA até hoje são as nações com maior poderio bélico de exército do mundo. Possuir exército foi um ponto extremamente relevante na história de constituição dos estados nacionais, e naquele período significava perigo. O Fordismo estava desenvolvido e a pleno vapor, propiciando novas invenções tecnológicas, estimuladas pela competição da guerra. Pelo mundo estar dividido dessa forma, chama-se:

Velha Ordem Mundial: refere-se ao período da Guerra Fria, onde o mundo era dividido por dois sistemas

políticos em disputa.

Nova Ordem Mundial: refere-se ao período pós-Guerra Fria, onde o mundo se torna de fato um sistema global único sob a perspectiva capitalista. Essa perspectiva de Nova Ordem é questionada e satirizada por diversos artistas, incluindo a canção do Caetano Veloso, chamada Fora da Ordem.

Por que se chamou Guerra Fria?

Chama-se a guerra de fria por não ter tido confronto direto entre EUA e União Soviética, apesar de que muitas guerras na prática ocorreram. Um grande exemplo é a questão das Coréias, divididas, dominadas e disputadas por EUA e União Soviética ao longo da Guerra Fria, o que se perpetua na história e cultura dessas duas nações até hoje.

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capitalista, deixariam seus exércitos à disposição em caso de conflito direto. O Pacto de Varsóvia é o acordo criado nos mesmos moldes, mas para o lado comunista.

A corrida bélica e produtiva foi intensa, levando a fatos históricos, como o homem chegando na lua e o desenvolvimento da internet. O termo mundo bipolar era utilizado para caracterizar essa divisão ideológica entre o bloco capitalista e o bloco socialista. A Europa Oriental fazia parte ou estava sob domínio da União Soviética, enquanto a Europa Ocidental estava sob influência dos EUA. Na época, essa divisão ficou conhecida como Cortina de Ferro. O Brasil estava do lado dos capitalistas, no período que correspondeu desde o governo de JK até a ditadura militar, onde a perseguição, assassinatos e torturas eram cometidos em prol da anulação de ideologias supostamente comunistas, outro exemplo de que essa guerra não era tão fria assim.

Não confundir Cortina de Ferro com muro de Berlim!

Cortina de Ferro: divisão simbólica da Europa

entre ocidente, defendendo o capitalismo, e oriente, defendendo o comunismo

Muro de Berlim: divisão física e material, um

muro erguido que dividiu a cidade de Berlim, na Alemanha. Manifestação física dessa separação.

O filme Adeus Lênin mostra como funcionava Berlim com o muro. Até hoje existem muitas diferenças entre o lado que foi comunista e o lado que permaneceu capitalista na cidade.

No campo da influência econômica, a União Soviética criou o Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comicon), com o objetivo de fortalecer a economia dos países socialistas do Leste Europeu. Economicamente, os Estados Unidos ficaram conhecidos por lançar diversos planos econômicos, como o Plano Marshall, para a Europa, e o Plano Colombo, para o Japão e os Tigres Asiáticos, fomentando e fortalecendo o capitalismo nessas áreas.

(21)

conhecido como Vale do Silício, mas era uma antiga base militar para a Guerra Fria, a União Soviética continuava investindo no exército, por medo do conflito. Numa última tentativa de respiro, a URSS lança mão de dois planos econômicos, a Glasnot e a Perestroika, que representavam na prática uma abertura econômica. É como se a queda de braço entre as duas nações houvese chegado ao fim.

Portanto, no caso americano, esses gastos na corrida desenvolvimentista possibilitaram a Terceira Revolução Industrial, enquanto para os soviéticos, que investiram no setor bélico, não significou um grande desenvolvimento e resultou no fim da União Soviética, em 1991, e dissolução e recriação de diversos países. A queda do Muro de Berlim, em 1989, é outro fato destacado por muitos historiadores para simbolizar o fim da Guerra Fria.

A Nova Ordem Mundial na prática

Os países ao redor do mundo tinham fortes estados fazendo investimentos ao longo do período da Guerra Fria. Com o Toyotismo e desenvolvimento das tecnologias de comunicação e transporte ao redor do mundo, somados à abertura dos mercados para todos os países, há uma intensificação dos fluxos internacionais de mercadorias, pessoas, capitais, acordos.... configurando um período de fortalecimento da globalização. Muitos autores consideram que a Globalização começa aqui. A Nova Ordem Mundial se associa também ao neoliberalismo e à desregulamentação econômica, num contexto de estados profundamente endividados e aumento dos fluxos de comércio. Empresas antes locais passam a poder comercializar em diversos países, se tornando multinacionais, alcance esse viabilizado pelo desenvolvimento tecnológico. Nesse novo mundo, era demandado um sistema que retomasse a liberdade empresarial.

O Consenso de Washignton foi estabelecido, onde o FMI recomenda que países emergentes abram seus mercados e adotem o neoliberalismo, a fim de reorientar gastos públicos, recomendados a privatizar empresas públicas, eliminar barreiras fiscais para investimento estrangeiro, desregulamentar mercados e proteger a propriedade privada. Isso colocou muitos países subdesenvolvidos numa condição problemática a médio prazo no comércio internacional. Os EUA vão guiar esse processo de globalização cultural e econômica, sobretudo num primeiro momento, o que explica sua influência ao redor do mundo até os dias de hoje, guiando a revolução tecnológica pós anos 90, que influencia também nossa cultura. Esse papo, sobre as consequências do pós-Guerra Fria, será visto agora na aula de globalização cultural e econômica.

Mundo bipolar: refere-se à época da Guerra Fria, onde existia uma disputa entre dois sistemas, duas nações.

Mundo unipolar: corresponde ao período imediato após a Guerra Fria, onde apenas os EUA eram a maior nação desenvolvida do mundo

(22)

Exercícios

1.

(Enem) Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única européia. Leia a notícia destacada a seguir.

“O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1 de janeiro, é possivelmente a mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada do Muro de Berlim, à reunificação das Alemanha, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade européia. A “Euroland”, região abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro vai disputar com o dólar a condição de moeda hegemônica.”

(Gazeta Mercantil, 30/12/1998) A matéria refere-se à “desmontagem das estruturas do passado” que pode ser entendida como a) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos

ideológicos opostos.

b) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de exercer o controle ideológico no mundo.

c) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização ideológica da antiga URSS.

d) a confrontação dos modelos socialistas e capitalista para deter o processo de unificação das duas Alemanhas.

(23)

2.

(FUVEST adaptada)

O poder do cidadão, o poder de cada um de nós, limita-se, na esfera política, a tirar um governo de que não gosta e a pôr outro de que talvez venha a se gostar. Nada mais. Mas as grandes decisões são tomadas em uma grande esfera e todos sabemos qual é. As grandes organizações financeiras internacionais, os FMIs, a Organização Mundial do Comércio, os bancos mundiais, tudo isso. Nenhum desses organismos é democrático. E, portanto, como é que podemos falar em democracia, se aqueles que efetivamente governam o mundo não são eleitos democraticamente pelo povo?

Discurso de José Saramago, disponível em www.revistaforum.com.br. Acessado em 11/09/2009. Na charge acima, o cidadão sentado representa o presidente de um país emergente.

(24)

3.

(MACKENZIE 2011)

As imagens em destaque evidenciam as condições do espaço geográfico do pós 2a Guerra Mundial em diversos países. Frente a tantos efeitos nefastos, o mundo assumia o preço da reconstrução da Europa e da Ásia, além de se preocupar em evitar que outra guerra com essas proporções pudesse ocorrer novamente. Neste sentido, surge a ONU (Organização das Nações Unidas), oficializada em 24 de outubro de 1945 em substituição à antiga Liga das Nações. Mesmo em guerra, o bloco capitalista já desenvolvia planos e projetos de restauração, como ocorreu na Conferência de Bretton Woods que reuniu 44 países aliados em Junho de 1944.

A respeito dos fatos citados no texto, considere as afirmações I, II e III abaixo.

I. A ONU tem como objetivo manter a paz, defender os direitos humanos e as liberdades fundamentais e promover o desenvolvimento dos países. Atualmente, discute-se a necessidade de reformas na Organização, que reflita a realidade do pós-guerra e da Guerra Fria, cenários já superados.

II. Pelo acordo de Bretton Woods, foram criadas instituições financeiras como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o World Bank (Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento).

III. Decorridos mais de 60 anos do acordo de Bretton Woods, verifica-se que os objetivos e as intenções originais diIuíram-se ao longo do tempo. As instabilidades econômicas continuam existindo, principalmente nos países pobres, e os países ricos não precisam mais das condições e dos recursos oferecidos pelo FMI.

Dessa forma,

(25)

4.

(UERJ)

As imagens acima apresentam propagandas soviéticas durante a Guerra Fria. Na Imagem I, o cartaz de 1968 afirma “Se isso é liberdade, o que é prisão?”. Na na imagem II, a propaganda de 1955, traz um retrato do que seria a educação soviética e a americana. Já na imagem III, o cartaz de 1957 traz a afirmação: “Eles só têm abundância para os ricos”.

A partir das imagens, analise a propaganda comunista durante a Guerra Fria. Compare-a, ainda, a visão acerca docomunismo difundida nos países que, nesse contexto, estavam sob a hegemonia norte americana.

5.

(UERJ) “No atual momento da história mundial cada nação deve escolher entre os modos de vida opostos. A escolha não é frequentemente livre. Um modo de vida baseia-se na vontade da maioria e se caracteriza por instituições livres, governo representativo com eleições livres, garantias de liberdade individual, liberdade de expressão e de religião, e pela supressão das formas de opressão política. Uma outra forma de vida baseia-se na vontade de uma minoria imposta à força à maioria. Ela se apoia no terror e na opressão, no controle da imprensa e do rádio, em eleições manipuladas e na supressão das liberdades individuais. Acredito que a política dos Estados Unidos deve ser de apoiar os povos livres que estão resistindo a subjugação por minorias armadas ou por pressões exteriores. Acredito que nossa ajuda deve ser primeiramente através da estabilidade econômica e da ordenação do processo político”.

(Harry Truman, 12 de março de 1947)

(26)

Gabaritos

1. A.

A alternativa B está equivocada, seu enunciado não faz muito sentido. A C também, pois, tirando 1929, não houve uma crise grande no capitalismo para polarizar ideologicamente a URSS (lembrando que o jornal é de 1998!). A D é específica demais, com a cortina de ferro e fim da união soviética só ocorrendo depois da unificação das Alemanhas. E a E está errada: com o fim da URSS, há um fim da economia socialista.

2. A Nova Ordem Econômica Mundial refere-se ao período pós-Guerra Fria. Esse período foi marcado por intenso desenvolvimento tecnológico, associado à 3ª Revolução Industrial. Esse desenvolvimento tecnológico produziu verdadeiros avanços no meio da comunicação e do transporte, o que permitiu a intensificação do fenômeno da globalização. O aumento de fluxos, sejam eles materiais ou imateriais (produtos, pessoas, capital, transferência de sedes empresariais e industriais...) impulsionou a adoção de medidas neoliberais ao redor do mundo, a fim de desregulamentar a economia. A divisão do trabalho internacional nesse momento aumentou a disparidade entre países ricos e pobres, onde os primeiros desenvolvem tecnologia, e os países mais pobres ficam dependentes desse tipo de fluxo.

3. E.

Com o desenvolvimento da Guerra Fria, a posição dos dispositivos americanos de controle financeiro se mostraram úteis para fazer aliados e recuperar a economia de países instáveis. Com a dissolução da guerra, vemos esses organismos criados em Bretton Woods tomando força e poder no cenário internacional.

4. A propaganda soviética apontava as enormes desigualdades sociais, a miséria, o desemprego do mundo capitalista. Em contrapartida, ressaltava a superioridade do regime comunista, em que o Estado garantia emprego, educação e moradia para o cidadão. Valorizava o espírito coletivista da sociedade soviética, em que a produção industrial e agrícola era distribuída de maneira equitativa à população. Destacava, ainda, que a economia comunista era planificada, evitando crises econômicas e oscilações financeiras, tão comuns nos países capitalistas. A propaganda capitalista e anticomunista, por sua vez, exaltava a liberdade de expressão, as facilidades de consumo e as oportunidades de enriquecimento proporcionadas pelo capitalismo, denunciando que no comunismo não havia liberdade.

(27)

China: socialismo de mercado e a guerra comercial

Teoria

Uma civilização

Antes de estudar a China como Estado Moderno, é importante entender que ela é uma das civilizações mais antigas do mundo. Sua história remonta a mais de quatro mil anos. Alguns historiadores até defendem que os primeiros sinais dessa civilização emergiram há 5800 anos. Porém, para uma melhor didática do assunto abordado pela Geografia, esse estudo sobre as dinastias imperiais chinesas não será privilegiado. Assim, o que nos interessa é o estudo da China Moderna.

Guerreiros de Terracota no Mausoléu de Qin Shi Huang, primeiro imperador da China

Fonte: https://veja.abril.com.br/cultura/china-fixa-oficialmente-a-idade-de-sua-civilizacao-5-800-anos/

República da China (1912-1949)

Na época moderna, por mais de dois séculos, a China foi governada pela dinastia Manchu ou Qing (1644-1911). A partir do século XIX, passou a ser alvo da ação imperialista ocidental. Os ingleses foram os principais a conquistarem territórios e impor tratados. A Guerra do Ópio, em 1838, é um exemplo disso. A derrota para os ingleses em dois conflitos resultou na imposição de diversos tratados, como o Tratado de Tianjin, que forçava a abertura de seus portos para os europeus, e o Tratado de Nanquim, que entregou o conjunto de ilhas de Hong Kong para a Inglaterra.

(28)

Fotografia de Sun Yat-sen

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

A Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945)

Observando a disputa pelo poder entre os dois principais grupos do país, o Japão aproveitou o momento e invadiu a China, embora já ocupasse alguns territórios do país, como a ilha de Formosa. A ocupação japonesa ocorreu a partir de um massacre de Xangai a Pequim, com o intuito de mostrar a força dos invasores. Toda a ação, mais prolongada que o esperado, forçou uma aliança temporária entre os dois partidos, para, pelo menos, atrasar a invasão japonesa. Dominado durante a Segunda Guerra Mundial, a ocupação do país só acabou com a derrota dos japoneses, em 1945.

Japoneses celebram a captura de Nanquim, em dezembro de 1937

(29)

Duas Chinas (1945 -1949)

Após o fim do domínio japonês, as tropas de Mao Tsé-tung e as de Chiang Kai-shek voltaram a se enfrentar, até que os comunistas venceram, em 1º de outubro de 1949, fundando a República Popular da China, que compreende todo o território continental chinês. Apoiado pelos Estados Unidos, o general Chiang Kai-shek e seus seguidores fugiram para a ilha de Formosa, onde fundaram a China Nacionalista (República da China), ou Taiwan. Desde então, os dois representantes, da China continental e da China insular, contestam o título de legítimo governo da China.

Território controlado pela República Popular da China (em roxo), e pela República da China (em laranja). O tamanho das ilhas foi exagerado para facilitar a identificação

(30)

A China de Mao Tsé-tung (1949-1976)

Fotografia de Mao Zedong, ou Mao Tsé-tung

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

Após a vitória dos comunistas chineses, foi realizado um tratado de amizade e cooperação com a antiga União Soviética. Com a morte de Stalin, em 1953, a relação entre os dois países foi abalada e eles começaram a se distanciar. Mesmo assim, o PCC continuou com a adoção de políticas econômicas, com o objetivo de planificação da economia, seguindo basicamente uma cartilha soviética.

Primeiro Plano Quinquenal (1953-1958)

Entre as características desse plano, destacam-se:

• Estatização dos meios de produção (terra, água, agricultura, indústria, mineração, transportes);

• Desenvolvimento industrial (prioridade para a indústria de base);

• Planejamento econômico, político e social centralizado.

(31)

Grande Salto para a Frente (1958-1961)

O principal objetivo desse plano era gerar um grande crescimento industrial, concentrando todos os esforços nesse setor, diminuindo a dependência chinesa do comércio exterior. O plano não funcionou. A questão agrária não foi bem resolvida pelo primeiro plano e, com a concentração de investimentos no setor industrial, a produção agrícola chinesa caía ano após ano. Em pouco tempo, a China não tinha alimentos para abastecer sua já enorme população. Estima-se que entre 15 a 55 milhões de chineses morreram nesse período, denominado a Grande Fome Chinesa.

Revolução Cultural Chinesa (1966-1976)

Após esses fracassos, o poder de Mao Tsé-tung dentro do PCC foi minado. Tentando retomar o controle sobre o partido, Mao Tsé-tung promoveu um movimento denominado Revolução Cultural. Seu objetivo era revitalizar a Revolução Chinesa contra os privilégios de classes e o modo de vida burguês. Não demorou muito para o movimento assumir sua verdadeira feição autoritária, mobilizando a Guarda Vermelha (jovens estudantes) contra os inimigos políticos de Mao, despertando um clima de terror sobre os oposicionistas. Tais ações duraram até a morte de seu líder.

A China de Deng Xiaoping (1977-1997)

Fotografia de Deng Xiaoping

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

Após a morte do líder da Revolução Chinesa, os partidários mais antigos foram afastados do poder, e novos dirigentes começaram a construir um novo plano de crescimento para a China. Entre esses, Deng Xiaoping, que chegou à conclusão de que nem o modelo comunista nem o capitalista atenderiam às necessidades da China. Era necessário continuar com o projeto de modernizar a agricultura, a indústria, a defesa do país e o setor de ciência e tecnologia, porém, essa modernização deveria usar métodos capitalistas. Assim, ele criou o que alguns especialistas denominam socialismo de mercado, uma combinação entre controle estatal dos meios de produção e adoção de mecanismos de mercado.

(32)

Zonas Econômicas Especiais (ZEEs)

Com as reformas econômicas propostas por Deng Xiaoping, revertendo, inclusive, as reformas iniciadas por Mao Tsé-tung, observou-se uma maior liberalização da economia chinesa, adotando-se, inclusive, o modelo de desenvolvimento industrial japonês e dos Tigres Asiáticos. Esse modelo, denominado plataforma de exportação, é caracterizado pela produção industrial de bens de consumo duráveis. Sua produção busca atender à exportação, e não às necessidades do mercado interno, aproveitando-se da oferta de mão de obra barata dos chineses. Todavia, tal concepção foi implantada em determinadas partes do território chinês, em zonas específicas.

Assim, foram criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs). Geralmente, estão localizadas em cidades litorâneas, cujo regime econômico foi adaptado para a abertura de mercado ao capital estrangeiro. A produção industrial voltada para a exportação é isenta de impostos, e essas cidades são destinos de grandes investimentos nas áreas portuárias e urbanas, buscando-se facilitar a circulação de mercadorias e capital. Devido ao sucesso dessa política, ela também foi ampliada e adaptada para outras áreas, como exemplo temos a criação das cidades abertas, cuja circulação de capital e investimentos também é facilitada.

China: cidades e regiões abertas à entrada de investimentos estrangeiros – 2014

Em um primeiro momento, essas ZEEs se caracterizavam pela formação de joint ventures: uma empresa estrangeira se aliava a uma empresa chinesa, controlada pelo Estado, para produzir. Corresponde ao famoso período “Made in China”, caracterizado por produtos baratos e de baixa qualidade. Com os investimentos em desenvolvimento tecnológico e educação, essas zonas passaram a sofrer uma transformação, iniciando-se um segundo momento. A China, hoje, consegue produzir novas tecnologias e inovar o processo produtivo a partir de uma mão de obra qualificada, cada vez menos barata.

Assim, as cidades se tornam mais tecnológicas, e o país consegue se introduzir de forma mais competitiva na economia. Recentemente, observa-se uma mudança na direção de sua economia, que, antes, era voltada para atender às demandas externas e, hoje, busca atender ao mercado interno, criado com o desenvolvimento econômico e tecnológico.

(33)

Guerra Comercial entre Estados Unidos e China

Considerando-se todo esse crescimento econômico chinês, fica mais fácil entender a guerra comercial que Donald Trump começou a disputar com a China. Olhando para a balança comercial dos Estados Unidos, Donald Trump percebeu que era deficitária para o país, e superavitária para a China. Isso significava que a China vendia mais para os Estados Unidos do que ele vendia para a China. Assim, Trump adotou medidas protecionistas, impondo sobretaxas aos produtos chineses. Em tese, isso aumentaria o custo desses produtos e faria as indústrias voltarem a produzir dentro dos Estados Unidos. Em resposta, a China também começou a impor tais sobretaxas aos produtos americanos, criando uma verdadeira guerra comercial entre os dois países e preocupando o mundo com uma possível redução do comércio global.

Fonte: https://www.opeu.org.br/

O 5G e a Huawei

(34)

One Belt, One Road – A Nova Rota da Seda

Esse nome faz alusão à antiga Rota da Seda, que conectava Europa e Ásia. Com uma roupagem atual, o governo chinês lançou um plano que pretende gastar até 4 trilhões de dólares para ampliar sua influência econômica sobre os continentes asiático, africano e europeu, a partir da construção de uma densa infraestrutura de transportes (portos, ferrovias, aeroportos) e comunicações (fibra óptica).

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/03/1596528-china-ambiciona-poder-global-com-nova-rota-da-seda.shtml

(35)

Exercícios

1.

(Uem 2019) A República Popular da China é o país mais populoso do mundo e o terceiro maior em termos de extensão terrestre. Recentemente tem se destacado como uma das maiores potências econômicas do mundo globalizado. A respeito desse país, assinale o que for correto.

01) Apesar da grande extensão, o território chinês é pobre em recursos minerais, tornando-se altamente vulnerável a recessões e a crises econômicas que porventura atinjam os países de onde importam tais matérias-primas.

02) Entre os séculos XVI e XX, a China sofreu forte influência de diversas potências europeias, como Portugal, Holanda, Reino Unido, França, além das influências soviética e japonesa.

04) A Revolução Cultural chinesa diz respeito a um grande movimento popular ocorrido nas décadas de 1960 e 1970, liderado por Mao Tsé-Tung, resultando em imposição de pensamento, em perseguição a pessoas e em isolamento político em escala internacional.

08) Zonas Econômicas Especiais (ZEE) criadas a partir da década de 1980 ficaram conhecidas como “oásis capitalistas”, devido à receptividade à tecnologia, à experiência e a capitais estrangeiros. 16) No início da década de 1980, algumas cidades costeiras foram abertas ao capitalismo, tais como

Xangai e Guangzhou, tornando-se conhecidas como áreas ou cidades costeiras abertas, e mais tarde essa experiência foi estendida para outras áreas do país.

(36)

2.

(FGV 2020) O governo chinês, com a Iniciativa do Cinturão e da Rota (Belt and Road Initiative – BRI), prevê uma mega conexão de portos, ferrovias, estradas e aeroportos para alavancar os negócios da China com a Ásia, Europa, Oriente Médio e África. A iniciativa tem duas partes principais: o Cinturão (Belt), formado por uma série de corredores terrestres que ligam a China à Europa, via Ásia Central e Oriente Médio, e a “Rota da Seda do Século XXI” (Road), o corredor marítimo que liga a costa sul da China ao leste da África e ao Mediterrâneo. Sobre a Iniciativa do Cinturão e da Rota, analise o mapa a seguir.

Com base no mapa, analise as afirmações a seguir.

I. O BRI deve consolidar o protagonismo chinês nas relações internacionais e alterar as dinâmicas geopolíticas, incrementando seu soft power nos espaços euro-afro-asiáticos.

II. O Cinturão, por um lado, deve impulsionar o desenvolvimento das províncias do oeste chinês e, por outro, pode tornar dependente os países que receberam investimentos em infraestrutura física e digital.

III. A Rota deve estabelecer novas interconectividades entre a China e os países banhados pelo Índico, cujos recursos naturais são estratégicos para manter o crescimento econômico chinês.

Está correto o que se afirma em a) I, II e III.

(37)

3.

(Uerj 2020)

Adaptado de vox.com, acesso em 26/08/2014. O centro de gravidade econômica do mundo é calculado ponderando-se as localizações do Produto Interno Bruto de cada país. Esse cálculo é projetado por meio de um ponto na superfície da Terra. Na prática, isso significa que esse centro está sempre mais próximo das principais potências econômicas do mundo.

(38)

4.

(Uerj 2019)

Mudança no comércio de bens dos Estados Unidos: importações por países

Adaptado de piie.com. O processo de globalização das últimas décadas vem redefinindo os fluxos de bens entre os países. A partir do gráfico, a mudança dos locais de origem dos bens pode ser explicada pela seguinte característica do processo de globalização:

a) difusão espacial das fontes de matéria-prima b) integração nacional dos centros de tecnologia c) redistribuição territorial das atividades industriais d) concentração regional dos mercados consumidores

5.

(Unicamp 2013) Graças ao tamanho continental e à imensa população do país, as políticas implementadas pelo governo permitiram à China combinar as vantagens da industrialização voltada para a exportação, induzida em grande parte pelo investimento estrangeiro, com as vantagens de uma economia nacional centrada em si mesma e protegida informalmente pelo idioma, pelos costumes, pelas instituições e pelas redes, aos quais os estrangeiros só tinham acesso por intermediários locais. Uma boa ilustração dessa combinação são as imensas ZPEs que o governo da China ergueu do nada e que hoje abrigam dois terços do total mundial de trabalhadores em zonas desse tipo.

(Adaptado de Giovanni Arrighi, Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008, p.362.)

a) Indique duas ações políticas do governo chinês que produziram as condições internas para a ascensão econômica do país.

(39)

Gabarito

1. Soma = 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

Apenas o item 01 está incorreto, uma vez que o território chinês, dada a sua extensão, apresenta uma grande riqueza mineral.

2. A

A Nova Rota da Seda é um gigantesco investimento proposto pela China, com o objetivo de aumentar o comércio e a dependência econômica dos países da Eurásia e da África em relação a tal país. O financiamento será feito pelo Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, controlado pela China. A iniciativa irá proporcionar o aumento da influência geopolítica chinesa pela via da cooperação econômica e comercial. Esse tipo de poder é denominado soft power, enquanto o poder militar é denominado hard power.

3. Gabarito oficial

Pelo menos desde as Grandes Navegações, a riqueza mundial está muito mais concentrada no Hemisfério Norte do que no Sul, o que explica a localização do centro de gravidade da economia mundial nessa porção do planeta. Na primeira metade do século XX, o centro de gravidade da economia mundial deslocou-se em direção aos Estados Unidos da América. A principal razão para esse fenômeno foi o crescimento muito mais acentuado do PIB desse país diante dos PIBs dos países da Europa, continente que, até então, era o grande polo econômico do planeta.

No período de 1950 a 1980, a acelerada recuperação europeia do pós-Guerra reverteu levemente essa tendência da primeira metade do século XX e realocou o ponto médio da economia mundial novamente para o norte da Europa.

A partir de 1990, contudo, é nítido e acelerado o deslocamento do eixo econômico do mundo em direção à China. Entre as justificativas mais relevantes para essa tendência recente, estão: o acelerado processo de industrialização do país, a partir da década de 1980; a ampliação expressiva do mercado consumidor interno; o crescimento das exportações de bens; o ritmo de crescimento do PIB superior ao dos demais países do mundo; os investimentos chineses diretos no exterior (empresas, compra de terra), revertidos em remessas econômicas para o país investidor; e os volumosos investimentos em infraestruturas (transportes, comunicações, moradia, saneamento, etc.) gerando milhões de empregos.

4. C

Conforme é possível observar no gráfico, houve um aumento dos produtos importados de países emergentes, como México e China, e uma diminuição das importações de países desenvolvidos, como Japão, Canadá e membros da União Europeia. Nesse sentido, a redistribuição territorial das atividades industriais para esses países emergentes, possibilitada pela evolução dos transportes e comunicações, é a característica do processo de globalização que melhor explica tais mudanças.

5.

(40)

e moderna produção industrial e relativa abertura econômica, voltadas para a exportação e espalhadas pelo território nacional, fazendo uso intensivo de mão de obra e tecnologia de ponta. b) Entre as estratégias geopolíticas chinesas para a obtenção de recursos naturais que garantem a

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