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O serviço social na Associação de pais, amigos e pessoas com deficiência funcionários do Banco do Brasil e da comunidade - Núcleo Regional Santa Catarina - APABB/SC

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LILIANE DA SILVA

O SERVIÇO SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL E DA COMUNIDADE

– NÚCLEO REGIONAL SANTA CATARINA - APABB/SC: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Palhoça, 2009

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O SERVIÇO SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL E DA COMUNIDADE

– NÚCLEO REGIONAL SANTA CATARINA - APABB/SC: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profa. Msc. Vera Nícia Fortkamp de Araújo .

Palhoça, 2009

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O SERVIÇO SOCIAL NA ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL E DA COMUNIDADE

– NÚCLEO REGIONAL SANTA CATARINA - APABB/SC: POSSIBILIDADES E DESAFIOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do Título de Bacharel em Serviço Social e aprovado em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 19 de novembro de 2009.

___________________________________________________________________ Profª. e Orientadora Msc. Vera Nícia Fortkamp de Araújo

Universidade do Sul de Santa Catarina -UNISUL

___________________________________________________________________ Profª Eli Terezinha

Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL

___________________________________________________________________ Profª. Regina Panceri

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Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso, à tia Carmen (in memoriam), por ter ensinado durante toda minha vida, com amor, que existem obstáculos que devem ser superados. Também aprendi com ela, que sonhos podem ser alcançados. Obrigada.

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Este Trabalho de Conclusão de Curso representa, o alcance de um objetivo e a superação de mais uma etapa pessoal e profissional. Nesta caminhada ultrapassei obstáculos, venci preconceitos, convivi com alegrias e dificuldades, mas seria impossível chegar até aqui, se não fossem as pessoas que partilharam comigo desta caminhada. Por isso agradeço:

Aos meus queridos filhos Danielli e Leonardo, pelo amor, compreensão e parceria em todos os momentos, dessa longa trajetória;

Aos meus irmãos, companheiros e motivadores incansáveis ao longo da minha jornada; À Professora Msc. e Orientadora Vera Nícia Fortkamp de Araújo, que dedicou preciosos momentos de sua vida, orientando-me na construção do trabalho;

À Professora e Coordenadora do Curso de Serviço Social Regina Panceri, pelo estímulo e amizade nas horas difíceis;

A toda a equipe de trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina, especialmente à equipe de professores e amigas, em especial à Rosângela, que passaram pela minha vida acadêmica, construindo o meu saber com dedicação e competência, não medindo esforços em sua luta diária, para oferecer as melhores condições na transmissão do conhecimento;

A Assistente social da APABB Denise Aparecida Michelute Gerardi, por contribuído na elaboração deste Trabalho de Conclusão de Curso.

Agradeço de forma muito especial e carinhosa ao meu marido Adriano, pelo apoio, companheirismo e suporte familiar. Sua presença e suas atitudes permitiram que me dedicasse com responsabilidade e assiduidade ao compromisso que assumi, ou seja, ser uma Assistente Social.

Agradeço a Deus, acima de tudo, por iluminar meu caminho, conduzindo-me à realização deste meu grande sonho.

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Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer, devia ter arriscado mais, e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer...

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O presente Trabalho de Conclusão de Curso versa sobre o tema que envolve as possibilidades e desafios da intervenção do Serviço Social na Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade – APABB - Núcleo Regional de Santa Catarina. Este tem como intuitouma reflexão através de um estudo sobre a intervenção do Serviço Social frente aos programas desenvolvidos na APABB/SC, identificando as possibilidades e desafios. Para alcançar o objetivo proposto, foram descritos: a caracterização da APABB, mais especificamente do Núcleo Regional Santa Catarina; exposição da ética como instrumentalidade do Serviço Social para a intervenção da prática profissional; explanação, em bases teóricas, sobre famílias compostas por membros que apresentam deficiência; configurando os tipos e os aspectos legislativos referentes ao tema estudado; reflexão sobre a intervenção do Serviço Social em bases teóricas, metodológicas, ético-político e técnico-operativo que permeiam a profissão. Os procedimentos metodológicos adotados para alcançar o objetivo proposto consistem em uma pesquisa exploratória, de caráter indutivo, onde a coleta de dados deu-se através de intensa pesquisa bibliográfica e documental. Este estudo encerra-se com a apresentação da entrevista aplicada pela acadêmica junto à profissional de Serviço Social da instituição, cujos dados analisados possibilitaram realizar um paralelo entre o início da trajetória do Serviço Social com os dias atuais, de modo a correlacionar a entrevista com a teoria estudada.

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1 INTRODUÇÃO ... 8

2 CARACTERIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL E DA COMUNIDADE - APABB ... 11

2.1 APRESENTAÇÃO DA APABB CONSIDERANDO SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS...11

2.1.1 Missão...12

2.1.2 Visão...13

2.2 ÁREA DE ATUAÇÃO E FUNDAÇÃO DOS NÚCLEOS REGIONAIS DA APABB DESTACANDO O NÚCLEO REGIONAL DE SANTA CATARINA ... 14

2.2.1 Núcleo Regional de Santa Catarina....15

2.3 PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELA APABB E AS AÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL ... 15

2.3.1 Programa de Atenção ás Famílias e às Pessoas com Deficiência......17

3 REFLEXÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL ... 20

3.1 CONFIGURAÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL ... 20

3.2 A ÉTICA COMO INSTRUMENTO DO SERVIÇO SOCIAL ... 28

3.3 REFLEXÃO SOBRE CONCEITOS DE FAMÍLIA: FAMÍLIAS COM FILHOS QUE APRESENTAM DEFICIÊNCIA... 32

3.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ... 37

3.4.1 Tipos de deficiência.......40

3.5 LEGISLAÇÕES RELACIONADAS ÀS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ... 43

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 52

5 HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL NA APABB/SC ... 55

6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 63

REFERÊNCIAS ... 70

ANEXO 1 - ENTREVISTA SOBRE A IDENTIFICAÇÃO DAS POSSIBILIDADES E DESAFIOS DA INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA APABB/SC ... 76

ANEXO 2 - ESTATUTO SOCIAL DA APABB ... 83

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1 INTRODUÇÃO

A pessoa portadora de deficiência em um país emergente tem sua cidadania capturada pela inexistência de infra-estrutura, que atenda suas necessidades mais básicas, pelas limitações econômicas e também, pelas barreiras preconceituais.

Almeida (2008) informa, com base em dados da Organização Mundial de Saúde - OMS, que “cerca de 10% da população mundial, ou 650 milhões de pessoas, têm deficiência [...].” Para a autora, esse número vem aumentando devido ao desenvolvimento da medicina e a consequente longevidade, que levam ao crescimento populacional global, torna o grupo de indivíduos com deficiência, “a maior minoria do mundo”.

No Brasil, segundo Macena (2009), esta “minoria” é estimada em aproximadamente 30 milhões de indivíduos, ou 15% da população brasileira.

De acordo com dados divulgados pela Secretaria Internacional do Trabalho. (2006), o desemprego entre as pessoas portadoras de deficiência - PPD’s - com idade para trabalhar, é extremamente maior do que para as pessoas ditas "normais", significando até 80% da população de alguns países em desenvolvimento. A exclusão social, neste contexto, é duplamente agravada, o que leva à reflexão sobre a intimidade entre a pobreza e a deficiência, que será aprofundada durante o desenvolvimento deste trabalho.

Mas houve avanços, e na realidade brasileira o maior de todos foi a Constituição Cidadã de 1988, onde muitas barreiras foram derrubadas e direitos foram garantidos.

A sociedade atualmente conta com inúmeras instituições que visam atender necessidades das pessoas e das famílias, entre as quais a APABB/SC, que será objeto de estudo do presente Trabalho de Conclusão de Curso. A vivência no contexto familiar naturalmente coloca lado a lado diferenças de gostos, personalidades, caráter, gênero entre tantas outras, e quando surge uma anomalia, as pessoas têm certa dificuldade de lidar com a situação. Muitos desconhecem os recursos disponibilizados, os direitos e as políticas públicas voltadas para atender essa demanda. Uma instituição como a APABB tem na sua estrutura organizacional o profissional do Serviço Social, que através de sua intervenção, desenvolve ações que vem ao encontro da satisfação dessas necessidades, orientando, e assessorando as pessoas com deficiência assim como as pessoas do seu entorno, através de programas e projetos. Salienta-se que em princípio, a APABB é um serviço que envolve o exercício de cidadania e solidariedade consciente, criado por funcionários de uma Instituição de alta representatividade junto à sociedade brasileira, o Banco do Brasil, que buscaram através desse

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ato socialmente responsável, engajar-se na luta pela melhoria da qualidade de vida de pessoas que além de enfrentar dificuldades típicas da deficiência, enfrentam também a exclusão do mercado de trabalho.

Considerando nosso trabalho no Banco do Brasil, que de certa forma, vem proporcionando acompanhar os programas sociais em desenvolvimento por organizações da sociedade não governamental, e os conhecimentos que vem sendo adquiridos ao longo da formação acadêmica, despertou-nos para conhecer o trabalho do Serviço Social na APABB.

Para tanto, partiu-se para a comunicação com a Assistente Social da Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade/Núcleo Regional Santa Catarina - APABB/SC. No decorrer dos contatos mantidos pela acadêmica, refletiu-se sobre os objetivos dessa associação e o fato de a APABB/SC, estar incluída como uma Organização Não Governamental - ONG, que defende as políticas sociais na perspectiva da efetivação de direitos de uma parcela da população, as pessoas com deficiência.

Os contatos que se sucederam com a profissional, motivaram a acadêmica a realizar uma entrevista com perguntas pré-estabelecidas sobre a APABB/SC, para melhor compreensão da atuação do Serviço Social. Os motivos expostos justificam a escolha do tema do presente estudo, sobre o Serviço Social na APABB/SC.

Sendo assim, o segundo item deste estudo tem como intuito elaborar a caracterização da APABB/SC.

O terceiro item apresenta conceitos pertinentes a presente abordagem, como: a questão ética como instrumento do Serviço Social; considerações sobre portadores de deficiência e suas relações familiares; assim como o aspecto legal relacionado às pessoas com deficiência, servindo como base teórica para a reflexão e o debate sobre as práticas profissionais do Serviço Social desenvolvidos na APABB/SC.

O quarto item traz as considerações finais sobre a pesquisa realizada.

O quinto item apresenta os procedimentos metodológicos adotados para a realização deste estudo.

Após, são descritas as referências das fontes citadas na pesquisa bibliográfica.

Por fim; são apresentados como anexos: 1 - Entrevista sobre a identificação das possibilidades e desafios da intervenção do serviço social na APABB/SC; 2 - Estatuto Social da APABB; 3 - Regimento Interno da APABB.

Acreditamos que é importante para o Serviço Social, enfatizar que o presente trabalho apresenta indiscutível importância, pelo fato de permitir um estudo teórico para a

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reflexão e o debate sobre as práticas interventivas em programas desenvolvidos em uma Organização do Terceiro Setor, a APABB/SC, a torná-la mais fortalecida.

Diante do exposto, o trabalho desenvolvido pela acadêmica pretende sobretudo proporcionar um espaço para visualizar a importância de se ter profissionais do Serviço Social nos programas e projetos na APABB.

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2 CARACTERIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS, AMIGOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DE FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL E DA COMUNIDADE - APABB

Para descrever a caracterização da organização estudada (APABB/SC) utilizou-se como principal fonte de pesquisa a bibliografia, com informações retiradas do Site da APABB (2009)1

2.1 APRESENTAÇÃO DA APABB CONSIDERANDO SEUS ASPECTOS HISTÓRICOS

De acordo com o Portfólio da APABB (2005, p. 1),

A APABB é uma Associação fruto da iniciativa de pais e amigos de pessoas com deficiência, numa luta permanente pela superação de estigmas e preconceitos. Ao longo de sua existência, a APABB, organização não governamental, tem acumulado importantes conhecimentos que contribuem de forma significativa para o desenvolvimento das pessoas com deficiência, e para consolidar seus serviços como referência de qualidade. Desenvolve ações com o intuito de melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência e suas famílias, através de programas e projetos que contemplam o desenvolvimento global, da infância até a fase adulta, do público atendido. Cada ano que passa ultrapassa o número de usuários atendidos, bem como amplia as suas atividades.

As ações da APABB vêm ao encontro de uma realidade vivenciada por um número cada vez maior de pessoas na sociedade. Wolkmer (1994) considera que existe uma grande demanda por direitos que cobrem um largo espectro de necessidades e privações relacionadas ao direito à água; saúde; saneamento; assistência médica; igualdade para mulher; direito a creche para os filhos de mães que trabalham; direito dos índios por suas terras; direito das minorias étnicas; da população por proteção e segurança contra as mais variadas formas de violência. Considerados novos direitos, defendidos principalmente por movimentos sociais organizados, que têm na luta para legitimá-los duas frentes: a primeira legitima os direitos já conquistados oficialmente e a segunda busca o reconhecimento destas novas necessidades que emergem com a caminhada da sociedade.

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Cabe esclarecer, de acordo com a ABONG, (2007), que a sigla ONG – Organização Não Governamental é utilizada pelas pessoas para denominar toda e qualquer organização solidária, quando na verdade, as ONGs podem juridicamente ter apenas duas formatações, respectivamente, associações e fundações. Essas sim, dependendo de sua finalidade e qualificação como pessoas jurídicas, podem ser: Organização Sem Fins Lucrativos (OSFL); Organização da Sociedade Civil (OSCs); ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

Na atualidade, as instituições são assim classificadas, segundo Kanit (2009):

O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público.

Com as características acima descritas, surge no cenário brasileiro a instituição objeto do presente estudo: a Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade.

Fundada no ano de 1987, no Estado de São Paulo, a APABB está sediada na Av. São João, 32 – 11º Andar - Centro – CEP 01036-000 - São Paulo/SP. Tel.: (11) 3105-4214 / 3491-4150 fax: (11) 3107-7799 e atualmente é gerida em âmbito nacional pelo seguinte colégio de diretores:

Presidente: Roberto Paulo do Vale Tiné.

Diretoria: Deni Carlos Alves de Freitas, Christovão Colombo, João Leopoldo Silva Petry; Urbano de Moraes Brunoro;

2.1.1 Missão

“Tornar-se referência no acolhimento da pessoa com deficiência e sua família, bem como na defesa de seus direitos, contribuindo para sua inclusão social e melhoria de sua qualidade de vida.”

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2.1.2 Visão

“Realizar ações, desenvolver projetos, estabelecer parcerias, captar recursos, garantir a visibilidade e a credibilidade da organização, em prol das pessoas com deficiência e suas famílias.”

Para ampliar a compreensão sobre a APABB, buscou-se conhecer a sua história por meio do site da APABB (2009):

A partir de junho de 1986, um grupo de funcionários do Banco do Brasil, em São Paulo, constituído de pais de pessoas com deficiência, começaram a se reunir, tendo por motivação a genérica vivência dos mesmos problemas e enfrentamento dos mesmos desafios.

Nesta primeira fase, embrionária, tratava-se simplesmente de unir pessoas, trocar experiências, idéias, procedimentos, indicações educacionais, médicas, terapêuticas, enfim, apoiarem-se mutuamente, caminhar na direção do rompimento do isolamento e criar novas alternativas. Os encontros foram consolidando uma prática solidária e útil.

A evolução deste movimento fez com que, em 08 de Agosto de 1987, fosse oficialmente fundada a "Associação de Pais e Amigos de Pessoas Portadoras de Deficiência dos Funcionários do Banco do Brasil “(APABB). Posteriormente, “Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência, de Funcionários do Banco do Brasil e da Comunidade”, num reconhecimento à crescente participação da comunidade nas atividades da Associação.

A notícia da existência do "grupo" foi se espalhando e outros funcionários do Banco do Brasil, inclusive de outros Estados, tendo ou não parentes com deficiência, foram se aproximando, em busca de informações, participando das reuniões, sugerindo e se propondo a trabalhar para fazer o movimento avançar.

A experiência, de início, conjuntural e geograficamente localizada, foi sendo positivamente levada a se estruturar de modo mais consistente e institucional. A partir de 1991, a APABB iniciou o processo de expansão abrindo Núcleos Regionais em outras cidades, estando hoje presente em 13 Estados e no Distrito Federal.

Em 03 de fevereiro de 1997, a APABB tornou-se oficialmente de utilidade pública federal, e recebeu em 15 de maio 1998 o certificado de entidade com fins filantrópicos. Sua atuação na defesa dos direitos das pessoas com deficiência consolidou-se quando passou a integrar a bancada da sociedade civil no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE - representando o segmento das múltiplas deficiências.

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Além da colaboração dos funcionários do Banco do Brasil e de pessoas da comunidade, a APABB conta ainda com as seguintes parcerias: CDI - Comitê pela Democratização da Informática - http://www.cdi.org.br; - Rebrates http://www.redesocialsaopaulo.org.br/rebrates/; - Rede entre amigos - http://www.entreamigos.com.br; - Sorri Brasil - http://www.sorri.com.br; - Fundação Banco do Brasil - http://www.fbb.org.br; - CASSI - http://www.cassi.com.br; - Cooperforte - http://www.cooperforte.org.br; - Banco do Brasil - http://www.bb.com.br; - Hotel Marante - http://www.marante.com.br; - IBRAD- Instituto Brasileiro de Administração para o Desenvolvimento - http://www.ibrad.org.br; - FENABB- Federação das AABBs - http://www.fenabb.com.br; - AABB São Paulo - http://www.aabbsp.com.br; - Mapa do 3º setor - http://www.mapa.org.br; - SEGASP - http://www.segasp.com.br; - CCBB - http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr2/index.jsp; - PUC-SP - http://www.pucsp.br; - AABB-RS - http://www.aabbportoalegre.com.br; - OIT Brasil - http://www.oitbrasil.org.br - Corde http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/principal.asp; Ministério da Justiça -http://www.mj.gov.br/data/Pages/MJA21B014BPTBRIE.htm; - Crio Publicidade - http://www.criopublicidade.com.br/; - Previ - http://www.previ.com.br/; - CEFID - http://www.cefid.udesc.br/; - AABB Recife - http://www.aabbrecife.com.br/; - Sicorde - http://www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/sicorde/default.asp#conteudo; - Conade - http://www.mj.gov.br/conade; - Centro de Musicoterapia Benenzon do Brasil - http://centrobenenzon.com.br; - Academia Atlântida - http://academiaatlantida.com.br/; - Porto Alcobaça - http://www.alcobaca-sp.com.br/

2.2 ÁREA DE ATUAÇÃO E FUNDAÇÃO DOS NÚCLEOS REGIONAIS DA APABB DESTACANDO O NÚCLEO REGIONAL DE SANTA CATARINA

As ações da APABB penetraram em todo o território brasileiro, podendo ser classificada quanto a sua área de atuação e a data de fundação dos núcleos regionais, a saber: Ceará – Instalado em 18/01/91; Espírito Santo - Instalado em 16/10/93; Santa Catarina - Instalado em 28/05/94; Rio de Janeiro - Instalado em 30/06/94; Goiás - Instalado em 11/03/95; Distrito Federal - Instalado em 16/03/95; Sergipe - Instalado em 21/06/95; Pernambuco - Instalado em 06/11/095; Mato Grosso do Sul - Instalado em 07/12/96; São Paulo - Instalado em 02/03/87; Rio Grande do Norte - Instalado em 30/07/97; Minas Gerais -

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Instalado em 12/07/98; Paraná - Instalado em 04/08/98; Rio Grande do Sul - Instalado em 09/12/99; Bahia - Instalado em 12/04/2003.

A APABB, é uma organização estruturada, com cargos definidos, realiza trabalho em equipe, apresenta suas ações de forma transparente, e atua em parceria, o que permite ampliar e qualificar o leque dos serviços prestados junto às pessoas com deficiência, seus familiares e amigos.

2.2.1 Núcleo Regional de Santa Catarina

O Núcleo Regional de Santa Catarina, fundado em 28 de maio de 1994, a APABB/SC, está atualmente sediado na rodovia Br 101 – Km 205 nº 357 – Floresta – CEP 88117-500 - São José/SC. Telefone: (48) 3258-4900. Fax: (48) 3281-5329. Email: apabb_sc@apabb.org.br. O horário de funcionamento é das 8:00 às 18:00 horas. Atualmente o núcleo regional de Santa Catarina é gerido pelos seguintes membros: Gerente de Núcleo/Assistente Social: Denise Ap. Michelute Gerardi ; Delegado: Sandro Sedres dos Reis e Therezinha Liége de Pelegrini Flores - Suplente - Coordenadora Administrativa. A equipe de trabalho do referido núcleo é formada ainda pelos seguintes profissionais: Roseli Lins Pires - Auxiliar Administrativa; James Douglas do Nascimento - Técnico de Esportes; Fábio Rodrigo Leal - Técnico de Lazer.

2.3 PROGRAMAS DESENVOLVIDOS PELA APABB E AS AÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL

De um passado recente com extremas dificuldades que envolviam sede, pessoal, gestão e legitimidade, a APABB, vem se transformando em uma Instituição que desenvolve um trabalho de Assistência em todo o Território Nacional, aos funcionários do Banco do Brasil, familiares que dela necessitam e à comunidade. Entre os serviços prestados, os seguintes programas são desenvolvidos em grande parte do território nacional:

1 - Programa de atenção às famílias e às pessoas com deficiência 2 - Superação

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3 - Centro de convivência 4 - Caminhando com as escolas 5 - Grupo de apoio às famílias 6 - Tratamento diferenciado na saúde 7 - Ciclo de Oficinas "Ligados pela Arte" 8 - Oficina de Arte

9 - Projeto Corpo e Movimento 10 - Projeto Talentos Especiais 11 - Programa de lazer

12 - Programa de esporte 13 - Projeto movimento 14 - Campeonatos

15 - Programa de capacitação e qualificação profissional 16 - Projeto enter-jovem

17 - Conviver 18 - Ação Dignidade

19 - Programa de voluntariado

Pode-se dizer, diante do elenco dos Programas desenvolvidos pela APABB acima mencionados, que muitos desses são desenvolvidos pelas ações de intervenção profissional do Serviço Social com a inclusão dos demais profissionais de outras áreas específicas, em decorrência da visão interdisciplinar do momento.

Como confirmam Silva (apud IAMAMOTO, 2000, p. 118)

O Serviço Social é uma atividade que, para realizar-se no mercado, depende das instituições empregadoras, nas quais o assistente social dispõe de uma relativa autonomia no exercício de seu trabalho. Dela resulta que nem todos os trabalhos desses profissionais são idênticos, o que revela a importância dos componentes ético-políticos no exercício profissional

Após conhecer os Programas desenvolvidos pela APABB, através da pesquisa em documentos, entre eles o Relatório de Plano de Estágio de Potier (2005), realizado junto à Instituição, a abordagem volta-se para a explanação do Programa de Atenção ás Famílias e às Pessoas com Deficiência.

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2.3.1 Programa de Atenção ás Famílias e às Pessoas com Deficiência.

De acordo com informações do site Apabb (2009) o Programa de Atenção ás Famílias e às Pessoas com Deficiência, “consiste no atendimento de pessoas com deficiência e suas famílias, com ações de acolhimento, orientação, encaminhamento e acompanhamento.” O trabalho realizado junto as famílias objetiva levantar questões relacionadas a própria vivência e experiências pelas quais estas pessoas passam. Com suporte profissional, voltado para dar orientação, realizar estudos, reflexões e esclarecimentos de dúvidas, os profissionais buscam conduzir os grupos no sentido de encontrar alternativas e soluções para os problemas a partir da realidade de vida de cada um.

A dinâmica de trabalho consiste em atendimento individual, familiar, grupal, visitas domiciliares, visitas à hospitais, contato pessoal na própria Associação, ligações telefônicas, cartas ou por e-mail. Estes são instrumentais que possibilitam a realização do trabalho da profissional em Serviço Social para alcançar os objetivos da Instituição. Atualmente o contato é muito mais próximo e a variedade de possibilidades são maiores que no passado, o que permite ao profissional a utilização de vários caminhos para chegar aos usuários, ao seu problema ou mesmo às suas particularidades e poder contribuir na resolução daquilo que mais os aflige.

Realizam-se ações em forma de projetos, com o objetivo de promover a inclusão social das pessoas com deficiência e suas famílias, tais como: Tratamento Diferenciado na Saúde; Projeto Oficinas de Artes; Projeto Várias formas de Expressão; Projeto de Dança; Musicoterapia e Projeto Centro de Convivência.

De acordo com o site da APABB (2009), os projetos estão assim discriminados: - Tratamento Diferenciado na Saúde: Esse projeto é desenvolvido através de parcerias, que viabilizam o acesso dos usuários da APABB à profissionais ou serviços especializados na área da saúde.

- Projeto Oficinas de Artes: Este projeto tem por finalidade desenvolver a capacidade para o trabalho manual para pais e pessoas com deficiência.

- O Projeto Centro de Convivência: tem como objetivo oferecer ao público alvo da APABB um local com todo o suporte para desenvolver capacidades nas áreas educativa, cognitiva, afetiva e ocupacional, além de oferecer oficinas de capacitação para o trabalho e ocupacional.

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Não pode-se negar os avanços alcançados pela APABB, no que diz respeito ao atendimento das pessoas com deficiência. Os programas desenvolvidos pela instituição demonstram isto, pois, além da quantidade, os programas também contemplaram a qualidade, o olhar para a pessoa portadora de deficiência em seus mais variados aspectos. Não apenas a deficiência como doença, mas as possibilidades, os anseios e os desejos destas pessoas enquanto cidadãos. Lazer, esporte, cultura, relacionamento, saúde são abordagens que envolvem os projetos da APABB.

Os programas desenvolvidos na APABB pelo Serviço Social são no sentido de: - apoio às famílias em situações diversas como no acompanhamento do: momento da notícia, situações de crise vivenciadas, dúvidas sobre tratamentos e recursos especializados;

- orientação, encaminhamento e acompanhamento do desenvolvimento da pessoa com deficiência e sua família;

- promoção do convívio e troca de experiências através de encontros de lazer e atividades de recreação e/ou esportes para a pessoa com deficiência;

- defesa e disseminação da concepção de inclusão da pessoa com deficiência na sociedade;

- defesa e disseminação do direito ao exercício da cidadania; - estabelece inter-relações com entidades afins;

- fomenta estratégias que garantam a participação da pessoa com deficiência nas políticas públicas;

- participa e acompanha os conselhos de Políticas Públicas, municipal e estadual; - promoção de debates, palestras, seminários, etc;

- divulgação do trabalho realizado, no site da APABB.

Portanto, tais ações, vão de encontro às atribuições do Serviço Social cujos serviços estão estreitamente conectados à percepção de cidadania, como expressão dos direitos sociais do cidadão.

No dizer de Silva (2000, p. 120):

O Serviço Social, como profissão, situa-se no processo da reprodução das relações sociais, como mediador na relação Estado, instituição e usuários, desenvolvendo uma ação sócio-educativa, distribuindo recursos materiais, atestando carências, realizando triagens, possibilitando o acesso aos serviços e benefícios sociais, esclarecendo os usuários sobre seus direitos, enfim, participando da criação e viabilização das condições para a sobrevivência material da classe trabalhadora, além de influir no modo desta classe pensar, viver e se posicionar.

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Após conhecer o histórico e a estrutura na qual vem se mantendo a APABB e os programas que a instituição desenvolve, o item 3 deste estudo abordará os fundamentos teóricos relativos ao tema deste estudo.

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3 REFLEXÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL

O presente estudo abordará uma breve reflexão sobre o Serviço Social em sua trajetória histórica e o instrumental utilizado pelos profissionais Assistentes Sociais em sua intervenção junto as Organizações Sociais Sem Fins Lucrativos, em especial a APABB, junto às Pessoas com Deficiência. Para um melhor entendimento do assunto, aspectos como famílias que apresentam filhos com deficiência, ética, cidadania e políticas públicas estarão sendo levantados por considerar, que todos, de alguma forma, compõem o cenário das relações estabelecidas entre profissional, instituição e o usuário.

3.1 CONFIGURAÇÃO HISTÓRICA DO SERVIÇO SOCIAL

Para a realização deste estudo, considerou-se que diante do interesse em refletir sobre o Serviço Social em bases teóricas, o mais adequado seria consultar autores que fazem uma abordagem histórico-social a partir da exclusão social, oriunda das formas de exploração do trabalho de sociedades capitalistas.

As palavras de Minayo (1994) justificam as considerações supracitadas, quando esclarecem que Leis beneficentes, como a “lei dos pobres” criada na Inglaterra, caracterizavam o assistencialismo. No século XX ocorreu a associação da cidadania com as práticas dos serviços sociais. Com a evolução do mercado, a liberdade individual, a igualdade de todos perante a lei, passaram a ser fundamentais na nova organização da sociedade. Os cidadãos, isto é, participantes integrais da sociedade, têm sua relação contratual generalizada, onde direitos civis e políticos são confirmados e posteriormente as questões sociais adquirem o status de direitos sociais. Mas o estigma do assistencialismo permanece até os dias atuais.

Iamamoto e Carvalho (2008) corroboram afirmando que o Serviço Social era entendido como os braços benevolentes do Estado para atender a sociedade civil. Na prática, o Serviço Social era uma ferramenta de controle da sociedade voltada para a preservação do poder dominante.

Quanto às finalidades, Portes; Portes e Orlowski (2001, p. 157), explicam que em principio, o Serviço Social foi adotado como estratégia da igreja católica para controlar a sociedade, garantindo a hegemonia das classes que ocupavam o poder. Estabelecido como

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uma obra educativa e preventiva contra as mazelas sociais. O Serviço Social inicialmente surgiu com o objetivo de minimizar os conflitos nas relações entre as classes dominantes e a classe operária, ao mesmo tempo em que continha a disseminação do pensamento socialista entre o proletariado. Sendo assim, a profissionalização do Serviço Social não ocorreu simplesmente como uma nova prática assistencialista, mas como uma ferramenta de controle social, especialmente sobre a classe operária, com a finalidade de ajustar o comportamento dos operários às relações comerciais que vigoravam na época, fortalecendo a dinâmica entre capital e trabalho. Os autores lembram que o Serviço Social tem em suas origens influências do assistencialismo católico, da cultura excludente européia e do capitalismo americano.

Esse rompimento do Serviço Social com as antigas práticas assistencialistas da Igreja Católica, segundo Iamamoto e Carvalho (2008), foi promovido por pessoas abastadas, que integravam a alta burguesia e tinham a possibilidade de contar com a ajuda do Governo em suas ações, devido à proximidade que a burguesia mantinha com o Estado, obviamente, por questões econômicas. Deste modo, as classes dominantes formaram instituições voltadas para a assistência social, que constituem o que hoje se entende como “protoformas do serviço social”.

Ainda de acordo com Iamamoto e Carvalho (2008), a profissão de Serviço Social foi inserida na sociedade, no momento histórico em que ocorre a divisão de trabalho. Ao longo do tempo, o Serviço Social enquanto profissão passou a existir em condições e relações sociais historicamente determinadas. O homem ao executar seu trabalho além de estabelecer relações sociais também construía a sua própria vida, mas deve-se ter em mente que este processo era realizado sob a égide da alienação, onde o criador não podia dispor da sua criação. O Serviço Social então surge sob o manto de atender a demanda crescente das inúmeras sequelas sociais consequentes do capitalismo, com caráter caritativo, descontínuo e disperso em suas ações. Era a introdução do conhecimento científico no Serviço Social.

Sendo assim, segundo Guerra (1995, p. 22),

os ‘modos de aparecer’ do Serviço Social, manifestados no ‘fazer’ dos profissionais são redefinidos ao longo do processo histórico da profissão, processo este complexo e contraditório, gestado no confronto das classes sociais que a intervenção profissional polariza.”

Seguindo as tendências mundiais, de acordo com Correia (2006), o Serviço Social surge no Brasil, durante a década de 1930, em consequência da industrialização, que promoveu o desenvolvimento da economia nacional, trazendo à tona preocupações com a classe operária. A autora explica que a industrialização promoveu a concentração da

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população no meio urbano, transformando o aspecto sócio-econômico do Brasil, que até então era predominantemente agrícola. A concentração de riqueza deixou de ser exclusividade do meio agrário e de quem tratava das exportações da matéria prima produzida no país, passando para as mãos dos industriais, o que promoveu o desenvolvimento do mercado de trabalho, em consequência da necessidade de conectar a economia nacional à industrialização mundial.

Neste contexto, cabe lembrar que a introdução do Serviço Social no Brasil tem na sua base fundamentos históricos, derivados de uma tradição de exclusão social, que remonta o Período Colonial. Conforme explica Gerardi (2000), inicialmente os povos oriundos da Europa, discriminavam os índios, não reconhecendo sua cidadania ou seus direitos sociais. Depois os negros foram trazidos para o país para serem escravizados, e neste caso, além de os Europeus não os reconhecerem como cidadãos, nem se quer os consideravam seres humanos, eram simplesmente mercadoria. Para a autora o fim da escravidão e a proclamação da República Federativa do Brasil, não contribuíram significativamente para modificar essa situação de exclusão social, que só começaria a mudar, graças aos manifestos de trabalhadores no início do século XX, quando as causas sociais deixaram de ser tratadas como ocorrências policiais.

Guerra (1995, p. 128), complementa afirmando que:

[...] a mediação fetichizadora que a mercadoria assume nas relações sociais no capitalismo desenvolvido é recolocada ao nível da legitimação do Estado, que se vê compelido a intervir diretamente nas tensões engendradas dessas relações, e o faz, implantando ou implementando programas e estratégias que passam a se construir em políticas sociais/públicas.

O contexto histórico referente ao surgimento do Serviço Social no Brasil justifica que a abordagem sobre o tema Serviço Social, leve a reflexão sobre três conceitos que permeiam a trajetória histórica de suas ações, sempre voltadas para a inclusão, o combate as desigualdades, a luta intermitente pela justiça social, entre tantos outros aspectos responsáveis, em muito, pela construção da cidadania. Os referidos aspectos são: hegemonia, sociedade civil e espaço público.

De acordo com Antônio Gramsci (apud Garcia 2002, p. 16), “um modo específico de exercício de poder”, denominado hegemonia, está nas entranhas das relações sociais, caracterizada pela adesão das massas, que viabilizou a reversão da condição de submissão ideológica do povo perante o estado. O poder hegemônico trouxe a transformação, através da participação e das negociações com os diferentes setores da sociedade, construindo assim o homem que Gramsci idealizou, ou seja, o homem transformador e participativo.

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Cabe esclarecer o significado da palavra hegemonia. Conforme Cancian (2007)2: O termo hegemonia deriva do grego egemonía, que significa "direção suprema". [...] Porém, no marxismo, o termo hegemonia é empregado de modo mais recorrente na análise das relações entre as classes sociais, no intuito de desvelar a dominação ou hegemonia que uma classe social (a classe dominante) exerce sobre as demais, valendo-se de recursos políticos baseados no emprego da coação (ou seja, uso da força) e/ou ideológicos, baseados em recursos culturais, morais e intelectuais. Retomando Gramsci (apud Garcia 2002), a Sociedade Civil, enquanto espaço de heterogenia, aflora os pressupostos de desigualdade econômica, política e social, nesta última incluem-se as desigualdades de raças, gêneros e outras.

Ainda segundo o autor, o espaço público constitui o cenário da co-participação da sociedade em projetos sociais, sem desconstruir o Estado, mas sendo partícipe do fortalecimento da democracia.

Gerardi (2000) corrobora ressaltando que a luta pela validação da cidadania no cenário sócio-político, ocorre por meio da participação popular, que só é possível em regimes democráticos.

O conceito de cidadania desenvolvido por Marshall (apud Gerardi 2000, p. 19) é condizente com os objetivos do serviço social, quando envolve três componentes essenciais:

_ o civil - referente aos direitos relacionados à liberdade individual de cada pessoa, sendo que sua guarda depende dos tribunais de justiça;

_ o político - relativo aos direitos da população em participar do exercício do poder político, assegurados pelos organismos representativos de âmbito locais e nacionais que procuram manter acesso à legislação e decisões política;

_ o social - que corresponde “... a tudo o que vai desde o direito de participar, por

completo, na herança social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade” (ANDRADE)3.

É neste contexto de correlação de forças, de espaço público que a sociedade civil se torna o principal objeto de estudo e de trabalho do Serviço Social.

Para Iamamoto e Carvalho (2008, p. 16),

O serviço social só pode afirmar-se como prática institucionalizada e legitimada na sociedade ao responder as necessidades sociais derivadas da prática histórica das classes sociais na produção e reprodução dos meios de vida e de trabalho de forma socialmente determinada.

Seguindo tais princípios, Lopes (2007) demonstra que a profissão de Assistente Social no Brasil, regulamentada há mais de meio século, é legitimada durante todos esses

2 Não paginado. (cf. QUINTAS, 2001, p.10).

3 Andrade, Vera Regina P. de. Cidadania: do direito aos direitos humanos. Editora Acadêmica, São Paulo, 1993.

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anos, quando se verifica que o combate ao desemprego; às desigualdades sociais e à violência têm sido uma constante no dia a dia desses profissionais.

Tal afirmação vem consolidar os princípios norteadores do Serviço Social, gerado pela necessidade de intervenção profissional diante dos conflitos sociais, engajado na luta para a promoção hegemônica da sociedade civil no espaço público.

No decorrer do período em que o Serviço Social foi reconhecido como profissão, Gerardi (2000, p. 21), afirma que “com o projeto de desenvolvimento e consequente crescimento industrial, da urbanização e da escolaridade, a exclusão social parecia gradativamente diminuir”.

Como a prática de qualquer atividade profissional sempre está conectada ao cenário político, econômico e social, no contexto político, Netto (1998, p. 107), observa que:

pelo menos até meados da década de cinquenta, a precária acumulação do pensamento marxista no Brasil estava diretamente vinculada à elaboração teórica, política e ideológica de intelectuais situados no PCB - [Partido Comunista Brasileiro] as dissidências e divisões que até então tinham se registrado nesse partido não chegaram a configurar um veio significativo de reflexão inspirada em Marx para além das fronteiras do marxismo ‘oficial’, menos que a uma eventual força dos intelectuais organizados no e pelo PCB, este fenômeno relaciona-se a nosso ver, à debilidade da tradição do pensamento socialista em nosso país. De fato, afora alguns ‘precursores’ do final do século XIX e o incipiente trabalho de personalidades do anarquismo nos primeiros anos [do século XX], é o PCB que inaugura no Brasil a vertente do socialismo revolucionário que se reclama apoiado em Marx.

Correia (2006) esclarece que naquele momento surgiu a necessidade de ajustar as técnicas do Serviço Social às necessidades de um país subdesenvolvido. A nova configuração sócio-econômica apresentava demandas decorrentes da disputa entre os detentores do capital e a classe trabalhadora.

Suguihiro (2009, p. 5) corrobora, afirmando que:

Diante de todo este movimento, pode-se constatar que o Serviço Social é uma profissão dinâmica inserida no próprio contexto sócio histórico. Por tanto, cabe ao assistente social modificar a sua forma de atuação profissional, em decorrência da demanda que lhe é colocada e da necessidade de responder às exigências e às contradições da sociedade capitalista. É preciso acompanhar o movimento da sociedade e visualizar os novos espaços como possibilidades de intervenção sobre uma realidade social concreta.

Almeida (1997, p. 5) explica que “Longe de recuperar velhas polêmicas como a que se discute se possui ou não o Serviço Social uma teoria própria, a sistematização de sua atividade profissional se constitui uma etapa fundamental das elaborações teóricas dentro da profissão.”

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Retomando a trajetória histórica da instituição do Serviço Social no Brasil, Netto (1998) esclarece que esta foi obstruída pelo golpe militar que se iniciou no ano de 1964, quando o regime de governo democrático vigente, foi deposto pelas lideranças militares do país, que assumiram o governo, impondo o regime ditatorial, pelo qual a sociedade brasileira foi dominada até o ano de 1979

O mesmo autor explica que, no principio, a ditadura militar impossibilitou qualquer manifestação popular em prol das garantias dos direitos sociais conquistados até então. Faltava legitimação política para o governo militar, pelo fato de seus representantes não articularem com uma ampla base social que sustentasse suas iniciativas. Com o passar do tempo, a classe operária urbana entra na cena política, mobilizando-se na busca por seus direitos, o que a torna oponente do regime militar. Apesar da intensa repressão, decretos como o fim da estabilidade de emprego, e políticas salariais depreciativas fizeram com que o proletariado rompesse seu vínculo com o governo militar, e, guiado pelo pensamento marxista, passasse a formar a oposição contra tal regime, o que renovou as forças do Serviço Social, cujos estudiosos tornaram-se as lideranças da oposição contra o governo ditador. Neste contexto, a ditadura perdeu forças, até chegar ao ponto de afrouxar as rédeas do governo, cedendo espaço a um novo regime democrático no Brasil.

As modificações ocorridas nas relações sociais, principalmente aquelas advindas das ações contrárias ao autoritarismo, exerceram influencias no Serviço Social.

Segundo Cardoso e Namo (2008, p. 13),

Ao analisar o cenário brasileiro entre os anos de 1985 e 1988, compreende-se que essa época foi decisiva para se entender o jogo de forças do período constituinte. Compreender esse período da história do país é fundamental para entender a passagem de vinte anos de ditadura militar para a democracia. A perpetuação de determinadas oligarquias políticas no poder, aliada ao desenvolvimento econômico e social desigual durante os governos militares, contribuiu para influenciar o esboço de proteção social que se pretendia construir no Brasil com a nova Constituição. Havia uma busca por uma nova Constituição capaz de oferecer condições concretas para a realização de um país justo, democrático e igualitário, transformando o espaço constituinte em um momento singular na história do Brasil, momento esse, consagrado pela promulgação de uma nova Constituição Federal. Segundo Raichelis (1998), em outubro de 1988, o Brasil promulgou a Constituição da República Federativa do Brasil/1988, que trouxe em seu plano jurídico a afirmação e extensão dos direitos sociais à população, visando minimizar a grande desigualdade social existente.

De acordo com Borges et al (2004, p. 2-3),

A profissão passou por um processo de renovação de sua base político-filosófica, que articulada ao projeto social democrático procurou integrar as lutas e

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reivindicações da classe trabalhadora que anteriormente ficava relegada apenas à benesse e ao assistencialismo. Tendo na democracia um valor ético-político capaz de assegurar os princípios de liberdade, equidade e justiça social, bem como o estabelecimento de formas de controle social e de participação, que hoje estão regulamentados por legislações específicas como o Código de Ética da profissão, a Lei Orgânica da Assistência Social, a lei que regulamenta a profissão, entre outras. Bourguignon (2007) destaca importantes marcos históricos do Serviço social no Brasil, como a comemoração no ano de 2003 dos 10 anos da promulgação da Lei Orgânica de Assistência Social -LOAS, os dez anos do Estatuto da Criança e do Adolescente no ano em 2000, o Código de Ética Profissional do Serviço Social de 1993.

De acordo com a autora, estes acontecimentos traduzem importantes conquistas para os direitos da sociedade brasileira, especialmente pelo fato de estarem relacionados com a proteção das pessoas que fazem parte de grupos que vinham sendo excluídos das políticas sociais até a criação destes mecanismos de defesa, como: a família, a infância e juventude, os idosos e portadores de deficiências.

Segundo Borges et al (2004, p. 4), embora haja problemas que dificultam a garantia dos direitos sociais, deve-se considerar que a democracia exerceu uma função primordial e “passou a ser tomada como valor ético-político para o Serviço Social”, quando possibilitou o envolvimento profissional nas lutas sociais por liberdade política, pela garantia e ampliação dos direitos sociais e da cidadania, que tiveram como consequências um sistema legislativo que normatiza as relações sociais, baseado em liberdade e igualdade.

Esse processo de confirmação dos direitos sociais continuou através da regulamentação de artigos da Carta Magna de 1988, consubstanciados em Leis Orgânicas como o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, a Loas - Lei Orgânica da Assistência Social, o SUS - Sistema Único de Saúde. Despertou-se também, para a luta por novos direitos, estes, foco dos movimentos sociais, principalmente voltados para negros e índios. Neste contexto, o cenário público foi berço de debates sobre preconceitos e discriminações do qual são alvo amplos segmentos na sociedade brasileira. A Constituição de 1988 veio reparar um passado secular de desigualdades acumuladas, de domínio das classes dominantes sobre a coisa pública.

Raichelis (1998, p. 19), complementa:

A ampliação dos direitos consagrados pela Constituição se expressa principalmente no campo dos direitos trabalhistas e na introdução do capítulo da Seguridade Social, inovação que significou, pelo menos em tese, uma das maiores conquistas no âmbito dos direitos sociais.

Sendo os serviços sociais a expressão concreta dos direitos dos cidadãos, quando uma sociedade passa a satisfazer estas necessidades, ela está a caminho de tornar-se uma

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sociedade cidadã. É injusto que ainda exista, em pleno século XXI, pessoas que tenham esses direitos negados, principalmente aqueles que mais necessitam.

As condições que de fato são estabelecidas para que o cidadão usufrua de seus direitos sociais, não é condizente com a definição dada pela Lei, conforme verifica-se, de acordo com Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (1993, p. 1):

CAPÍTULO I - DAS DEFINIÇÕES E DOS OBJETIVOS

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de seguridade social não contributiva, realizada por meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.

Se a assistência social “é política de seguridade social não contributiva”, as palavras de Iamamoto e Carvalho (2008, p. 90), demonstram a diferença entre o que está definido por Lei e a realidade, quando afirmam que os serviços sociais são “efetivamente dirigidos àqueles que participam do produto social por intermédio da cessão de seu trabalho”. Deste modo, a proteção social que por Lei deveria ser acessível ao cidadão independente de contribuição, na prática, é direcionada àqueles que contribuem para o poder público com o produto de seu trabalho. Aqueles que por qualquer motivo são impossibilitados de “pagar” com seu trabalho, acabam sendo excluídos dos serviços sociais. O atendimento das necessidades básicas dos cidadãos que não contribuem para a Previdência, apesar de ações pontuais do governo, como as que serão destacadas ao longo deste estudo, ficam a cargo da sociedade civil, na maioria das situações.

Realmente é incontestável o salto que a sociedade brasileira conseguiu dar em seus textos legais para diminuir a desigualdade, objetivando a inclusão social das minorias. Mas faz-se necessário ressaltar, que por inúmeros motivos, dentre eles, vontade política, ineficiência administrativa, incapacidade ética e moral dos dirigentes, os aguardados direitos sociais praticamente não chegaram a quem realmente precisa, e quando chegam, muitas vezes existem barreiras quase intransponíveis para acessá-los. A nossa realidade demonstra no cotidiano da saúde, educação, infra-estrutura, entre outros, a precariedade da situação. A opção dos dirigentes políticos é, na maioria das vezes, por uma solução mais imediatista como bolsa escola, bolsa família, bolsa gás e o universo das cotas. Talvez em função desta postura, a ciência continue tentando responder ainda por longo tempo, os mesmos questionamentos conforme demonstra Minayo (1994, p. 10),

A ciência na sociedade ocidental é considerada a forma hegemônica, de construção de critérios de verdades. Mas, se tal mito corresponde à realidade porque questionamentos continuam a ser realizados com relação a problemas essenciais como a pobreza, a miséria, a fome e a violência.

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Segundo a autora, este fato decorre por razões de ordem externa da própria ciência, como questões técnicas e tecnológicas colocadas pelo desenvolvimento industrial e de ordem interna, que:

consiste no fato dos cientistas terem conseguido estabelecer uma linguagem fundamentada em conceitos, métodos e técnicas para a compreensão do mundo, das coisas, dos fenômenos, dos processos e das relações. Essa linguagem é utilizada de forma coerente, controlada e instituída por uma comunidade que a controla e administra sua produção.

Gerardi (2000 esclarece que o Estado pertence atualmente a um meio econômico globalizado, e como tal, tem limitações no desempenho de suas funções. Neste cenário o Estado não controla mais o fluxo de dinheiro, informações, mercadoria e câmbios, cabendo-lhe primordialmente, a formação dos seus cidadãos e a manutenção da ordem pública. A realização destas tarefas depende da situação econômica, aspecto este, caracterizado pela lógica globalizada, onde ocorre a da transferência de investimentos sociais da área pública, para a privada.

Com esta função limitada do Estado, ele se descaracteriza como “Estado de bem estar social”, não priorizando as questões de bem estar social.

Com a configuração exposta, observa-se que tem sido constantemente veiculado nos meios de comunicação, a situação de todas as atividades que cabem ao estado atender. Precariedade, impunidade, injustiça, falência social, entre tantos outros adjetivos, tem rotulado as ações estatais, e apenas uma postura diferenciada, responsável e ética fará com que as leis sejam cumpridas e toda a pessoa se torne um cidadão na plenitude da palavra. Este momento chegará quando todos os dirigentes públicos respaldarem suas ações, principalmente, na ética, assunto abordado a seguir no contexto do Serviço Social.

3.2 A ÉTICA COMO INSTRUMENTO DO SERVIÇO SOCIAL

No desenvolvimento do presente estudo faz-se necessário aprofundar conhecimentos teóricos sobre as questões éticas que envolvem o Serviço Social, assim como os assuntos e as ferramentas utilizadas pelo Serviço Social, em especial a APABB, na relação com os deficientes e suas famílias, na operacionalização dos instrumentais técnicos e operacionais do Serviço Social, no atendimento aos deficientes e sua inclusão nas políticas públicas.

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Para introduzir o assunto sobre a ética no Serviço Social, faz-se necessário primeiramente refletir sobre o equívoco para muitos quanto ao significado da palavra “ética”, constantemente entendida como sinônimo do termo “moral”, relativo aos costumes, ditados pela civilização humana, que apresentam configurações diferentes, de acordo com o período em que vigoram, e com as características de cada sociedade.

Segundo Gimenez (2005, P. 61), “Tratada há 2.500 anos como tema nobre no campo da filosofia, a ética ganhou o status de ciência há pouco mais de um século. É a ciência que estuda a moral”.

Para compreender a relevância da ética sobre a existência da vida, pode-se partir da descoberta do oxigênio no século XVIII, pois, segundo Dias (2003, p. 26), o oxigênio é “o elemento-chave das interligações dos sistemas vivos na Terra.”

Em uma analogia à importância do oxigênio para qualquer organismo vivo, obviamente inclusive o homem, Vieira (in Sorrentino; Trajber e Braga 1995) informa que a ética é um elemento igualmente fundamental para a manutenção da vida no contexto global, pois, os sistemas vivos que integram o universo, são guiados pela geração e pela reação de trocas interiores, que são percebidos pelo conhecimento humano (apesar da existência da ética ser anterior à humanidade), pela complexidade sistêmica da vida. Para o autor : “[...] os traços materiais, concretos, de uma necessidade ética primitiva, surge no comportamento das espécies vivas que partilham uma função necessária à permanência do vivo: a preocupação com a prole (e em alguns casos com qualquer prole).”

Observando-se as formas de vida mais primitivas, é possível verificar, segundo Teixeira (1999), que “Costumes, hábitos e manifestações comportamentais são selecionados por seus efeitos adaptativos.” Sendo assim, o único ser que extrapola os limites de adaptação com os demais seres vivos, é o homem, que desde o inicio de sua existência, utilizou artifícios para escravizar seus semelhantes e modificar a natureza em benefício próprio, ignorando as necessidades futuras, tanto da própria prole, quanto de qualquer outra espécie viva.

Vieira (in Sorrentino; Trajber e Braga 1995), explica que a ética sempre foi considerada aplicável somente aos sistemas humanos, no entanto, quando se avalia a proteção de todas as espécies vivas com a prole, verifica-se que o comportamento ético está impregnado em todas as formas de vida, já a ausência de ética, essa sim ocorre somente entre os seres humanos.

Sendo assim, pode-se concluir que as pessoas confundem ética com moral, e acreditam que a ética é uma característica exclusiva da espécie humana, quando na realidade a ética é inerente a todas as formas de vida e já existia muito antes de o homem surgir na Terra,

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pois a vida segue padrões éticos para continuar e preservar sua existência. Já a moral, diferentemente, é ditada de acordo com os costumes de cada grupo social.

Após estas considerações vejamos a ética e o Serviço Social a partir do Código de Ética do Assistente Social Lei n° 8.662/93. Para fins deste estudo é importante elencarmos os onze princípios fundamentais que norteiam a prática de intervenção profissional.

Princípios Fundamentais

• Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes – autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;

• Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo;

• Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda a sociedade, com vistas á garantia dos direitos civis, sociais e políticos das classes trabalhadoras;

• Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida;

• Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática;

• Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; • Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual;

• Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero;

• Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores;

• Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional;

• Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física.

Dentre os princípios fundamentais do Código de Ética do Serviço Social, destaque-se o exercício da profissão desprovido de discriminação em relação à própria profissão, assim como ao universo atendido. Independente de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade ou condição física, este universo é composto por seres

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humanos, e como tal, portadores antes de tudo, de sentimentos e histórias de vida que os fazem construtores do mundo em que vivem. Merecem respeito, dignidade e solidariedade. Merecem ser capacitados e respeitados na sua diversidade, de forma íntegra a continuarem sua caminhada com qualidade de vida e com acesso aos direitos que os tornam cidadãos. O Assistente Social, como intermediador das possibilidades de acesso aos direitos das pessoas diante da realidade da sociedade excludente, tem um papel fundamental na construção de uma sociedade mais democrática.

A visão interdisciplinar, citada anteriormente, deve ser reconhecida como aspecto primordial da ética profissional do indivíduo que escolhe engajar-se na luta pela inclusão social, pois, a princípio, vale a afirmação de Rocha (in Lessa, 2007, p. 22),

Vencer a desigualdade e a pobreza e todos os problemas sociais advindos dela como a fome, a violência, o desemprego, a má qualidade da educação e da saúde dentre outros, é uma questão que vai além das velhas e conhecidas "políticas públicas", da intervenção social das ONGs, da ajuda dos países desenvolvidos... O movimento em busca da mudança deve ser outro. È algo mais pessoal, introspectivo. A mudança deve acontecer primeiro na consciência humana. É uma questão de enxergarmos e compreendermos o outro enquanto SER-HUMANO.

A partir deste ponto de vista, a ética somente será validada como instrumento do Serviço Social, se aqueles que optam por atuar profissionalmente em favor da Assistência Social, o fizerem motivados pela preservação da vida, ambicionando a continuidade do sistema vivo, onde dignidade e igualdade de direitos são tidos como garantias de interação entre todos os seres, sendo necessário o reconhecimento da necessidade dos mais diversos saberes, para que o conhecimento acerca das demandas sociais aponte soluções.

Deve-se ter em mente que a profissão de Assistente Social, como qualquer outra, geralmente é praticada em conformidade com interesses de instituições ou organizações, o que pode limitar as ações desses profissionais às necessidades apresentadas pelas organizações às quais estão vinculados.

Segundo Guerra, (2000, p. 12), “Neste âmbito, a competência profissional fica restrita ao atendimento das demandas institucionais, e a intervenção profissional se identifica à adoção de procedimentos formais, legais e burocráticos”. Quando na realidade, o profissional de Serviço Social deve ir além nas suas práticas, contemplando todo um universo de diversidades e pluralidades do contexto social.

Iamamoto (2004, p. 26) afirma que os princípios éticos apresentam pluralismo em seus limites, o que, segundo a autora:

supõe o reconhecimento da presença de distintas orientações na arena profissional assim como o embate respeitoso com as tendências regressivas do Serviço Social, cujos fundamentos liberais e conservadores legitimam o ordenamento social instituído. Porém o pluralismo propugnado não se identifica com a sua versão

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liberal, em que todas as tendências profissionais são tidas como supostamente paritárias, mascarando os desiguais arcos de influência que exercem na profissão, os diferentes vínculos que estabelecem com projetos societários distintos e antagônicos, apoiados em forças sociais também diversas.

Os princípios que compõem o Código de Ética consistem no fundamental instrumento de trabalho do Assistente Social, que deve incorporá-los no cotidiano profissional, no atendimento de suas demandas e necessidades, viabilizando direitos de cidadania.

3.3 REFLEXÃO SOBRE CONCEITOS DE FAMÍLIA: FAMÍLIAS COM FILHOS QUE APRESENTAM DEFICIÊNCIA

O presente estudo passará a abordar o assunto família. Célula social, cenário de vida e morte de culturas, sentimentos e relacionamentos, entre tantos outros aspectos da vida das pessoas. Berço de transformações causa e efeito de situações, mas acima de tudo, é no convívio familiar, que desde pequeno aprende-se que existe um caminho para se viver em sociedade.

Mioto (1997, p. 114) explica que a família constitui o objeto de intervenção dos assistentes sociais.

Segundo Carvalho; et al. (1998. p. 9) “A família reflete as mudanças que ocorrem na sociedade, mas também atua sobre ela. É isso que torna a família um centro importante da vida social.” A mesma autora esclarece que ao abordar o tema família, é importante ter claro que passa-se a pensar em vivências carregadas de significados afetivos e cognitivos recheados de representações, opiniões, juízos e expectativas que podem ser ou não atendidos. É rememorar a identidade e o espaço mais íntimo de existência e local de origem da história de vida das pessoas. É na família que nasce o afeto, a subjetividade, a sexualidade, a sociabilidade grupal e acontecem todas as fases da vida, que leva a construção da própria identidade. Todos de uma forma ou de outra, independente do tempo e do lugar, já viveram nesta esfera da vida social.

Szymanski (2002, p.09) define família como: “uma associação de pessoas que escolhe conviver por razões afetivas e assume um compromisso de cuidado mútuo e, se houver, com crianças, adolescentes e adultos.”

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A Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento assinado em Assembléia Geral das Nações Unidas, no ano de 1948, em seu Artigo XVI, item 3, reconhece que a família é “o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.” (NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL, 2009)

Sendo assim, as famílias são constituídas por pessoas que se comprometem naturalmente a cuidar umas das outras, formando o núcleo das sociedades, o grupo social em que se inserem tem o dever de protegê-las.

De acordo com Ponciano e Féres-Carneiro, (2003, apud MILANI RODRIGUES e VICENTE, 2006), a cultura encontra na família seu agente condutor e a responsável pela consolidação das características culturais na personalidade do sujeito. Para essa transmissão e consolidação ocorrer, é preciso novas relações de infância e transformação no papel feminino. A partir do século XIX os papéis feminino e masculino não são mais os mesmos, portanto não se enquadram mais após as mudanças tecnológicas e industriais. Crianças passam a ser responsabilidade dos pais, a mulher deixa de apenas criar filhos, ser companheira do marido e dona de casa. O feminismo causou a “desordem” e a mulher passou ter sonhos e aspirações e a correr atrás.

Segundo Acosta e Vitale (2008, p. 12),

A forma que a família assume jamais é linear. Ela se desenha no seu tempo e espaço de vida. Ocorrem a todo o momento mudanças, processos de dissociação e associação, gerando novos arranjos e dinâmicas para responder a novas demandas de produção, trabalho, consumo, socialização, urbanização, etc.

De acordo com Mioto (1997), se for considerada a história do movimento crescente no âmbito familiar e as lutas para conseguir inserir-se no contexto social, encontra-se na verdade, uma grande batalha pela sobrevivência, no sentido de preservação do grupo. É o reconhecimento na verdade de ser na família o lugar da própria vida.

Acosta e Vitale (2008), corroboram quando ensinam que são inúmeras as alterações no desenho das famílias, resultado das demandas contemporâneas, como: a opção pelo casamento e maternidade em idade mais avançada, causando deslocamento dos estágios de reprodução da mulher; o crescimento de divórcios; uniões livres; famílias que contam com apenas um dos pais; menor número de filhos; a descaracterização das uniões apenas para procriação; ao concubinato; uniões livres e experimentais tendo hoje maior aceitação em relação ao passado; alteração dos papéis do homem e da mulher praticamente em todos os aspectos de suas vidas e principalmente em relação aos filhos, ao mercado de trabalho e a vida

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