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Neste item é abordado o histórico da intervenção do Serviço Social na APABB/SC, conforme dados apresentados por Viviane Maria Potier (2005), em seu Relatório de Plano de Estágio, elaborado a partir da referida instituição, para o Curso de Graduação em Serviço Social, da Universidade Federal de Santa Catarina, o qual passaremos a relatar, como também após a entrevista, onde foram realizadas inúmeras reflexões, com a profissional do Serviço Social que ali atua.

Constatamos que, para realizar o resgate histórico do Serviço Social do Núcleo/SC, Potier (2005) questionou junto à Sede da APABB em São Paulo, quanto aos profissionais de Serviço Social que atuaram na Associação,

Mantendo também contato com o CRESS. 12ª Região, a fim de obter os dados pertinentes, como números de telefones e/ou endereços, o que possibilitou realizar o resgate histórico da atuação do Serviço Social no Núcleo/SC da APABB.

Vejamos então, a partir de leituras por nós realizadas em Potier (2005), os limites e possibilidades enfrentados pelos profissionais do Serviço Social.

Primeira Assistente Social:

A primeira Assistente Social do Núcleo/SC foi Carmine Cataneo, seu período de contratação foi de novembro de 1997 a julho de 1998.

Por meio de entrevista relatou que sua atuação profissional foi marcada pela “falta de uma estrutura ideal de trabalho”, intensificada pela problemática de não ter instalação física própria, sendo as atividades realizadas na residência da Srª Carmem Beatriz Ziani de Souza, no Centro de Florianópolis que fazia parte da equipe de Coordenação da época.

Comentou também, que devido à falta de recursos para a contração de um Auxiliar Administrativo, ela mesma realizava essas atividades.

Destaca o pouco interesse e participação dos Sócios nas atividades da APABB, pois, organizava reuniões para identificar as expectativas das famílias quanto à busca de informações e trocas de experiências, realizava também “o trabalho de corpo a corpo” para contribuir na aquisição de novos sócios, mas mesmo com essas iniciativas o quadro de desinteresse sofria poucas modificações.

Procurou entrar em contato com a Coordenadora Técnica do Serviço Social na Sede, em São Paulo buscando orientações para realizar “o trabalho de base do Serviço Social” já que as atividades do Núcleo/SC estavam iniciando. Percebendo que as famílias não estavam

interessadas em interagir com a Associação, compreendeu que tinha que procurar meios para fomentar a participação dessas famílias.

Participou do Encontro de Assistentes Sociais da APABB em São Paulo e nesta oportunidade verificou que os Núcleos dos outros Estados realizavam projetos interessantes e a Coordenação não tinha conhecimento. Assim sendo, depois de tomar conhecimento do Projeto de Esportes, buscou colocá-lo em prática, mas foi desacreditado pela Coordenação.

Além disso, realizou visitas na Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil-CASSI, responsável pelo Plano de Saúde dos funcionários, seguindo orientações da Sede para a realização de projetos em conjunto, mas não ocorreram. O contato com a CASSI ao mesmo tempo objetivou a tentativa de conseguir um espaço para o Núcleo/SC no Banco do Brasil.

Apesar das dificuldades mencionou que a “Sede sempre esteve disponível para qualquer necessidade”, mas salienta que foi difícil fazê-los compreender as dificuldades que tinham com os sócios, pois “era complicado exemplificar a falta de interesse dos mesmos”.

Logo após a sua saída a Associação chegou a fechar, pois apresentava muitas dificuldades de recursos financeiros e a participação dos sócios continuava quase que inexistente.

Segunda Assistente Social:

De julho a outubro de 1998, até a contratação da profissional de Serviço Social Ana Elise Meira de Albuquerque que atuou até fevereiro de 2000, o Núcleo/SC permaneceu sem Assistente Social.

Ana Elise relatou que acompanhou duas Coordenações do Núcleo/SC, a primeira foi a Coordenação do Senhor Sandro Sedrez dos Reis, que, resolveu dar continuidade as atividades e reabriu a Associação e a segunda, foi a Coordenação da Srª Carmem Beatriz Ziani de Souza.

O relato desta Assistente Social possibilitou identificar semelhanças com o relato da entrevistada anterior quanto às dificuldades na sua atuação profissional. No período em que trabalhou na APABB “não foram apresentadas propostas significativas na área de Serviço Social”. As dificuldades nas condições de trabalho eram as mesmas, pois o Núcleo continuava instalado na residência da Srª Carmem Beatriz Ziani de Souza. Além disso, atuava na parte administrativa também.

Referente a capacitação profissional comentou que “na época havia poucas oportunidades de formação na área de pessoas com deficiência”.

Salientou que “realizou poucas atividades específicas para os associados, a não ser algumas visitas domiciliares, alguns atendimentos e por fim angariava um ou outro novo sócio para a Associação”.

Recorda que durante a sua permanência na Associação foram realizadas Festas e Atividades de Lazer na sede da AABB em Canasvieiras e Coqueiros.

Terceira Assistente Social:

Novamente o Núcleo passa por um período de ausência do profissional de Serviço Social, pois somente em Julho de 2000 foi contratada a Assistente Social Janine Doederlin Soares permanecendo na Associação até outubro de 2000. O contato com essa profissional não foi possível devido ao número de telefone fornecido pelo CRESS 12ª Região ser inexistente, mas tem-se a informação de que nesse período o Núcleo estava instalado no espaço cultural da CASSI, no Centro de Florianópolis.

Quarta Assistente Social:

A quarta contratada foi a Assistente Social Lílian Mann dos Santos, no período de maio de 2001 a abril de 2002.

Foi realizado inicialmente o contato por telefone e posteriormente encaminhou por e- mail, a descrição das suas atividades enquanto Assistente Social da Associação.

Quando entrou na APABB no Núcleo/SC comentou que a “atuação do Serviço Social era precária”, não havia documentação e teve muitas dificuldades de estruturá-lo na instituição. Inicialmente procurou “estabelecer um plano básico de trabalho para o Serviço Social”, gerenciando suas ações específicas mensalmente. Todas as ações eram realizadas em “consonância com as orientações da Sede da APABB em São Paulo”.

Elaborava um Relatório Mensal de Atividades do Serviço Social, o qual uma cópia permanecia no Núcleo/SC e a outra era remetida para a Sede e, além disso, recorda que “o Serviço Social realizava visitas domiciliares às famílias dos associados, buscando verificar o acompanhamento da pessoa com deficiência no ambiente familiar, as atividades que vinham desenvolvendo, se frequentavam a escola e também propondo para cada caso específico novas formas de atuação”.

Realizava-se visitas a Instituições que atendiam pessoas com deficiência como Clínicas Especializadas, Instituições de Ensino, etc; para a atualização e ou preenchimento do Cadastro Recursos da Comunidade.

O Serviço Social ainda realizava o encaminhamento de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, através da GELRE Agência de Empregos e Trabalho Temporário, além

de promover atividades culturais e recreativas como discotecas, passeios aos Shoppings, cinemas, etc.

Recorda que no mês de Julho de 2001, foi realizada uma Colônia de Férias para as pessoas com deficiência, onde participaram cerca de 12 pessoas, entre Associados e pessoas de outras instituições. Comentou que “foi um momento importante para a atuação do Serviço Social, pois se criou a oportunidade de ter um contato de intervenção mais próximo com as famílias e também com as pessoas com deficiência”.

Em outubro deste mesmo ano teve inicio o Programa de Esportes, realizado na UDESC com apenas seis atletas frequentando a modalidade de Natação aos sábados no período vespertino. Mencionou que “inicialmente a Sede não estava de acordo, devido ao pequeno número de participantes e pelo programa não estar devidamente estruturado”.

Ao final de 2001 o Serviço Social implantou um Grupo de Apoio aos Pais, Familiares e Cuidadores de pessoas com deficiência, que funcionava a cada quinze dias onde se discutia assuntos de interesse dos participantes, com palestras e momentos de relaxamentos. Esse grupo funcionava em parceria com a CASSI, que disponibilizava o acompanhamento de um médico especialista em Geriatria.

Quinta Assistente Social:

Destaca-se um novo período de ausência de Assistente Social, pois somente em Julho de 2002 a Assistente Social Maria Ducelia Turnês foi contratada, atuando até fevereiro de 2003.

Em contato telefônico relatou que “iniciou um período de estruturação do Serviço Social na Associação”.

Comentou que o ponto positivo “foi sua autonomia técnica em relação à atuação junto às famílias e as pessoas com deficiências”. Reorganizou o Grupo com as famílias, não mais em parceria com a CASSI, com reuniões mensais onde era convidado um profissional especializado de acordo com o interesse da família, esclarecendo as dúvidas e promovendo o debate entre os participantes. Mas essa iniciativa ainda era “insuficiente para promover um maior envolvimento com a família, pois havia pouco interesse e participação”.

Outra iniciativa interessante, foi à organização de uma sala de atendimento as famílias na CASSI, sendo ainda insuficiente para promover um maior envolvimento com as famílias.

Atuava no Programa de Esportes na UDESC,onde os atletas poderiam participar em

três modalidades: atletismo, natação e expressão corporal e em relação às Atividades de Lazer, eram realizadas mensalmente.

Sexta Assistente Social:

Ainda de acordo com Potier (2005), a atual Assistente Social contratada, Denise Aparecida Michelute Gerardi elaborou um relatório de suas atividades junto a Associação.

Descrevendo que “em março de 2003 assumiu o cargo de Assistente Social sendo que desta vez não houve espaço de tempo em que o Núcleo ficou sem Profissional. Neste período o Coordenador Administrativo era o Srº Paulo José da Costa e a Srª Carmem Beatriz Ziani de Souza, apesar de ser delegada, atuava em grande parte na Coordenação. Em setembro do mesmo ano, por motivos pessoais o Srº Paulo pediu afastamento e em reunião com os associados foi eleito o novo Coordenador o Srº Murilo Garcia Pereira”.

Destacou a grande dificuldade quanto “às instalações físicas, pois a CASSI solicitou que fosse desocupado o espaço físico que concedia, devido á contenção de despesas, porque precisou entregar o imóvel que era alugado e realizar todas as suas atividades na CLINI CASSI”.

“Assim, em outubro de 2003 o Núcleo foi transferido para uma sala alugada dentro da Clinica da Mente, na Avenida Central do Kobrasol, em São José, sendo que o espaço precisou ser desocupado em março de 2004, por exigência dos proprietários. De março a Junho de 2004 o Núcleo ficou sem instalações físicas, as atividades externas e programas foram sendo executados visando prejudicar o mínimo possível às atividades. Equipamentos como computador e fax foram instalados na residência da Assistente Social, que mantinha contato com a Sede e realizava as demandas administrativas e atendimentos aos associados, via telefone ou e-mail quando solicitado”.

Finalmente, em Junho de 2004 o Núcleo foi instalado na Gerência Regional de Logística - GEREL do Banco do Brasil, no bairro Floresta, em São José. “Com instalações físicas adequadas foi possível atender os usuários e dar continuidade aos trabalhos com mais qualidade”.

Segundo Potier (2005), a Assistente Social Denise afirmou que quando iniciou suas atividades na APABB, “não havia auxiliar administrativo, pois esta havia demitido-se juntamente com a Assistente Social anterior. Assim, prestações de contas, atividades administrativas e trabalhos de digitação eram todos realizados pelo Serviço Social. Somente em dezembro de 2004 ocorreu a contratação de um auxiliar administrativo por parte da Sede”.

Quanto á atuação direcionada às atividades do Serviço Social “o Programa de Esportes que era executado na UDESC já estava sendo realizado no período matutino, por solicitação das famílias dos atletas, segundo informações repassadas pela Assistente Social

anterior. Trabalhou-se na divulgação do Programa e atualmente temos 11 atletas”. Também comentou que havia “muitas dificuldades com a equipe técnica que não aceitava ponderações do Serviço Social e a Coordenação Técnica do Esporte, além de dificuldades como o espaço físico, pois a UDESC concedia apenas uma raia da piscina para a APABB o restante era ocupado pelos alunos da disciplina de Educação Física Curricular, ocorrendo também problemas com a temperatura da água e a falta de comunicação”.

“Assim, após posicionar a profissão dentro do Programa, estabelecer parâmetros e ligação do Serviço Social com a equipe técnica, em setembro de 2004 firmou-se Termo de Cooperação com a Academia Ângelo Zandonai, em São José, que passou a oferecer o espaço físico para os treinamentos do Programa. Sanadas tais dificuldades e com o Serviço Social bem posicionado, os atletas passaram a participar de festivais e competições. Todos os treinamentos são assistidos pelo Serviço Social, que recebe as famílias e os atletas, procura atendê-los quanto a dificuldades que impedem o seu desenvolvimento esportivo e ser o elo de ligação entre família e equipe técnica, visando a inclusão social por meio do esporte”.

O Programa de Lazer continua sendo realizado mensalmente. “Sempre com a participação ativa do Serviço Social no planejamento, organização e execução”. Foram realizadas quatro Colônias de Férias: em julho e dezembro de 2003, julho e dezembro de 2004. Todas foram realizadas na Associação Atlética Banco do Brasil - AABB, em Coqueiros - Florianópolis. Em julho de 2003 e 2004 foram realizadas em parceria com a equipe técnica da AABB e em dezembro de 2004 a APABB assumiu toda a organização da Colônia de Férias da APABB e AABB, “por intermédio de contatos e negociações estabelecidas pelo Serviço Social, sendo um grande sucesso devido á possibilidade de trabalhar com todos os participantes, principalmente aqueles não deficientes, o respeito às diferenças”. Em novembro de 2003 foi realizado um Encontro de Famílias II, em Canasvieiras-Florianópolis, “com a vinda inclusive dos associados do Núcleo do Rio Grande do Sul. O evento totalizou aproximadamente 90 pessoas e foi discutido o tema Inclusão no ambiente familiar”.

A Assistente Social Denise procurou dar continuidade ao Grupo de Apoio para os pais, “mas as mudanças de espaço físico dificultaram muito, tem-se ainda a pretensão de resgate deste Projeto, visando além dos objetivos propostos, reforçar e estabelecer vínculos entre as famílias”.

“Por intermédio de computadores doados pelo Banco do Brasil à Sede e desta direcionados para alguns Núcleos, em outubro de 2004 foi implantado o Projeto SuperAção, que visa a inclusão digital de pessoas com deficiência. A implantação do Projeto foi possível por meio do Termo de Cooperação firmado com o Centro Federal de Educação Tecnológica

–CEFET e Centro Municipal Educacional Interativo Floresta. Em 2004 foram atendidos apenas 07 alunos, devido á implantação ter se dado no final do ano. Atualmente existem 50 alunos inscritos, divididos em 06 turmas, entre eles associados da APABB, alunos do Interativo e alunos do Núcleo de Educação Especial do Município de São José. O projeto conta também com o apoio da Secretaria Municipal de Educação do mesmo município por meio da concessão de um professor, que é auxiliado por um voluntário encaminhado pelo Instituto Voluntários em Ação – IVA”.

Há ainda o Programa de Atenção às Famílias, desenvolvido especificamente pelo Serviço Social, que consiste num “atendimento direto e individual as famílias, visando acolher, orientar e auxiliar nas suas dificuldades em relação ao ente com deficiência, por meio de visitas domiciliares, atendimentos no Núcleo, encaminhamentos a profissionais e instituições, etc” e que será detalhado por nós, no próximo item.

Apontou a participação significativa da APABB, “por meio da atuação do Serviço Social, na realização de alguns eventos, como a Semana da Sociedade Inclusiva, anualmente realizado. Promoveu em julho de 2003, em parceria com o Conselho Regional de Serviço Social – CRES 12º região, um Fórum para discussão sobre a reforma da previdência e a pessoa com deficiência”. Destaca também “a participação na organização da IV Conferencia Estadual de Assistência Social”, sendo a Assistente Social delegada nesta conferência e indicada como delegada para a Conferência Nacional. Mas devido a motivos pessoais não pode participar”. Informou que o “Serviço Social realiza também a representação em conselhos de direitos, pois atualmente a APABB é entidade suplente do Conselho Estadual de Assistência Social – CEAS”.

Reforçou que neste período, “o Serviço Social buscou a visibilidade da APABB, tanto em relação aos seus usuários quanto a instituições afins, percebe-se através de importantes parcerias que foram firmadas, entre elas os já citados e pela participação dos usuários da APABB quanto às atividades propostas que o quadro de desinteresse, anteriormente descrito, está sendo amenizado, pois se demonstram mais motivadas a participar. Além disso, novos sócios e participantes são constantemente buscados. Existe a preocupação em buscar atender também a população excluída do acesso a bens e serviços por ordem financeira, visando estender constantemente para além da comunidade do Banco do Brasil a atuação da APABB”.

As informações registradas sobre todo o histórico da intervenção do Serviço Social junto a APABB, foram retiradas do Plano de estágio de Viviane Maria Potier, (2005, p. 10- 16), denominado: Histórico do Serviço Social na Instituição APABB.

Conforme pode-se observar através do histórico da APABB, a instituição teve o inicio de suas atividades caracterizado pela vontade de pessoas de fazer algo em prol de outros, em que predominou ações amadorísticas, desprovidas de uma base profissional.

A falta de registros do histórico da APABB/SC na própria instituição, tendo que recorrer a sede de São Paulo, para obter informações mais detalhadas; a falta de estrutura física que por longos anos caracterizou a APABB; a carência de recursos humanos e financeiros; a desestruturação administrativa; o pouco interesse que a proposta despertou na comunidade e a indiferença das famílias envolvidas, foram causas que retardaram ações mais efetivas por parte da instituição.

Outro aspecto fundamental que dificultou os trabalhos da APABB foi a descontinuidade e a alternância de profissionais de Serviço Social, pois para desenvolver um trabalho com planejamento, organização voltado para a sua execução necessita-se de tempo e continuidade, além de parcerias. As parcerias mostram-se seguras com propostas mensuráveis e realizáveis, encabeçadas por profissionais eficientes e comprometidos.

Os trabalhos desenvolvidos pela APABB-SC, desde 2004 até os dias atuais, estão sob a coordenação de Denise Aparecida Michelute Gerardi.

Hoje a APABB, continua construindo sua história através do trabalho que realiza, com parcerias imprescindíveis, que objetivam a concretização de direitos legalizados em políticas sociais.

Isso posto, este trabalho volta-se para a apresentação dos procedimentos metodológicos que possibilitaram concluir este Trabalho de Conclusão de Curso.