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Escolas de governo no estado do Rio Grande do Norte: um estudo acerca das relações interorganizacionais (RIOS) na perspectiva de redes

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Academic year: 2021

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(1)0. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. IÊDA ISABELLA DE LIRA SOUZA. ESCOLAS DE GOVERNO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: um estudo acerca das Relações Interorganizacionais (RIOs) na perspectiva de redes. Natal-RN 2017.

(2) 1. IÊDA ISABELLA DE LIRA SOUZA. ESCOLAS DE GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: um estudo acerca das Relações Interorganizacionais (RIOs) na perspectiva de redes. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande Norte – UFRN como requisito para obtenção do título de doutora.. Orientadora: Profa. Dra. Dinah dos Santos Tinoco.. Natal-RN 2017.

(3) 2. Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA Souza, Iêda Isabella de Lira. Escolas de governo no estado do Rio Grande do Norte: um estudo acerca das relações interorganizacionais (RIOS) na perspectiva de redes / Iêda Isabella de Lira Souza. - Natal, RN, 2017. 194f. : il. Orientador: Profa. Dra. Dinah dos Santos Tinoco. Tese (Doutorado em Administração) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências Administrativas. Programa de Pós-graduação em Administração. 1. Escolas de Governo - Tese. 2. Relações Interorganizacionais - Tese. 3. Análise de Redes Sociais - Tese. I. Tinoco, Dinah dos Santos. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA CDU 37.07:004.

(4) 3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO. ESCOLAS DE GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE: um estudo acerca das Relações Interorganizacionais (RIOs) na perspectiva de redes. __________________________________________________________ Iêda Isabella de Lira Souza. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Doutora em Administração.. Aprovada em 24 de fevereiro de 2017.. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________________ Profa. Dra. – Dinah dos Santos Tinoco. (Orientadora/Presidente – Universidade Federal do Rio Grande do Norte) _________________________________________________________ Prof. Dr. Hironobu Sano (Membro Interno ao Programa – Universidade Federal do Rio Grande do Norte) __________________________________________________________ Profa. Dra. Pamela de Medeiros Brandão (Membro Externo ao Programa – Universidade Federal do Rio Grande do Norte) __________________________________________________________ Prof. Dr. Lenin Cavalcanti Brito (Membro Externo ao Programa – Instituto Federal de Educação, ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte) ______________________________________________________________________. Profa. Dra. Marli de Fátima Ferraz da Silva Tacconi (Membro Externo ao Programa – Instituto Federal de Educação, ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte).

(5) 4. Dedico este trabalho a DEUS, que sempre esteve ao meu lado e nas horas mais difíceis enviou verdadeiros ANJOS em forma de gente para ajudar nesta trajetória..

(6) 5. AGRADECIMENTOS. Para que eu alcançasse esse título, muitas pessoas foram importantes, então dedico este espaço para agradecer a todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste trabalho. Dentre os quais agradeço em especial: . Primeiramente a Deus, pela força que me proporcionou para suportar minhas limitações e diversidades vividas ao longo deste processo;. . A minha família, pela compreensão das infinitas ausências;. . A minha orientadora, por todos os ensinamentos, que levarei para minha vida acadêmica e profissional;. . Aos membros das bancas de seminários e qualificação, Professora Dra. Jomária, Professor Dr. Hiro, Professor Dr. Lenin, Professora Dra. Marli e a Professora Dra. Pâmela Brandão pelas importantes contribuições ao trabalho;. . Ao PPGA/UFRN, aos professores que contribuíram com o meu crescimento e aos funcionários pela disponibilidade;. . A todas os representantes das organizações que participaram da pesquisa, em especial aos representantes da Escola de Governo do Rio Grande do Norte;. . A Maurício pelas infinitas ausências ao longo do processo de escrita da tese e pelo companheirismo na última semana;. . A Roosevelt Filho, pela longa trajetória que traçamos juntos e por toda ajuda na minha carreira acadêmica, e a sua família por todo carinho e orações;. . A família Unifacex, em especial a Professora Ana Járvis, Professor Ronald Campos e Professora Alice Dantas pelo apoio institucional que permitiu a conclusão desta tese;. . Aos meus amigos Helano, Monique, Lana e Leonardo que direta ou indiretamente contribuíram;. . A família Tábua de Carne, em especial a Karla Angélica que fez parte do início da minha trajetória acadêmica;. . Todos os professores da graduação, em especial ao Professor Sandro Valença; e. . Aos meus alunos da base de pesquisa, Rafaela, Eduardo, Anielly, Marília e, em especial a Fernanda..

(7) 6. “Você ganha força, coragem e confiança através de cada experiência em que você realmente para e encara o medo de frente”. Eleanor Roosevelt.

(8) 7. RESUMO Esta tese teve como objetivo geral analisar as relações interorganizacionais das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte que fazem parte da Rede Nacional a partir da Análise de Rede Sociais (ARS). Partiu-se do pressuposto de que as relações interorganizacionais desenvolvidas entre as Escolas de Governo (EGRN, CEAF e EMGESP), por meio da participação na Rede Nacional, contribuem para o desenvolvimento de suas ações, mas de maneira distinta a depender das relações estabelecidas por cada escola e suas especificidades de atuação. Esta análise utilizou-se da Teoria de Redes Sociais como base conceitual e a Análise de Redes Sociais (ARS) como ferramenta analítica. Essa base conceitual e metodológica permitiu analisar as relações interorganizacionais da aludida Rede, a partir do mapeamento dos relacionamentos estabelecidos entre as Escolas de Governo potiguares e entre essas e os outros atores organizacionais que se relacionam para o desenvolvimento de suas atividades. Com relação aos aspectos metodológicos utilizou-se do paradigma interpretativista, da abordagem qualitativa no estudo de caso da Rede das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte. Como resultados, foram identificados que as relações interorganizacionais formam uma rede com baixo grau de conectividade e de relações assimétricas, que pode ser considerada coesa, pois a maioria dos seus atores estão conectados por laços fortes. A EGRN, apesar de ter diminuído suas ações por falta de recursos, é o ator central por intermediação e grau, conectando atores antes desconectados como: a EGESP e a ENAP e, por consequência, detém o maior controle das ações da rede. Outra característica da Rede das Escolas é o baixo grau de relação entre os atores, o que a classifica como difusa (esparsa), com pouca geração de novas informação (não redundantes). A configuração atual da Rede permite gerar contribuições para as ações, mas também, limitações, considerando que as escolas menos conectadas também se configuram como as escolas com menor número de ações desenvolvidas, a exemplo da EGESP. E, por outro, a escola com maior conectividade na rede, a EGRN possui também um maior número de ações desenvolvidas. Embora todas as escolas analisadas façam parte da Rede Nacional, observou-se que essas se relacionam de maneira distinta. Assim, os resultados levam a concluir que o desenvolvimento das ações das Escolas de Governo recebe influências do nível de relacionamentos por elas estabelecidos.. Palavras-chave: Escolas de Governo. Relações Interorganizacionais. Análise de Redes Sociais..

(9) 8. ABSTRACT This thesis had as general objective to analyze the interorganizational relations of the Schools of Government of Rio Grande do Norte that are part of the National Network from Social Network Analysis (ARS). It was assumed that the interorganizational relations developed between the Government Schools (EGRN, CEAF and EMGESP), through participation in the National Network, contribute to the development of their actions, but in a different way depending on the relations established by Each school and its specific features. This analysis used the Social Networks Theory as a conceptual basis and the Social Networks Analysis (ARS) as an analytical tool. This conceptual and methodological basis made it possible to analyze the interorganizational relations of the aforementioned Network, from the mapping of relationships established between the Government Schools of Potiguares and between these and other organizational actors that are related to the development of their activities. With regard to methodological aspects, the interpretative paradigm was used, from the qualitative approach in the case study of the Rio Grande do Norte Government School Network. As results, it was identified that interorganizational relationships form a network with low degree of connectivity and asymmetric relations. This can be considered cohesive because most of its actors are connected by strong ties. And the EGRN, despite having diminished its actions for lack of resources, is the central actor (intermediary), connecting previously disconnected actors and consequently has the greater control. Another feature of the School Network is the low degree of relationship between the actors, which classifies it as diffuse (sparse), with little information generation. The current configuration of the Network allows generating contributions to the actions, but also, limitations. Considering that the less connected schools are also configured as the schools with the lowest number of developed actions, such as EGESP. And on the other hand, the school with the greatest connectivity in the network, the EGRN, also has a greater number of actions developed. Thus, the results lead to the conclusion that the development of the actions of the Government Schools receives influences from the level of relationships established by them. Although all the schools analyzed are part of the National Network, it was observed that these are related in a different way.. Keywords: Government Schools. Interorganizational Relations. Analysis of Social Networks.

(10) 9. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Temas abordados nas pesquisas sobre redes sociais ............................... 36 Figura 2: Relações de Rede como Perspectiva de Governança ............................... 52 Figura 3: Fatores que contribuem/ impedem as relações interorganizacionais ......... 60 Figura 4: Rede Geral das Escolas de Governo do RN: grafo da Rede das Escolas de Governo do RN, participante da Rede Nacional das Escolas de Governo junto ao ENAP. ....................................................................................................................... 85 Figura 5: Rede Geral das Escolas de Governo do RN: graus de centralidade.......... 89 Figura 6: Rede Geral das Escolas de Governo do RN: centralidade de intermediação. ........................................................................................................... 93 Figura 7: Rede Geral das Escolas de Governo do RN por centralidade de proximidade ............................................................................................................... 94 Figura 8: Rede Geral das Escolas de Governo do RN: troca de informações........... 97 Figura 9: Rede Interorganizacional da EGRN ........................................................... 99 Figura 10: Rede Interorganizacional da EGRN: atores desconectados .................. 107 Figura 11: Rede Interorganizacional do CEAF ........................................................ 108 Figura 12: Rede Interorganizacional do CEAF: atores desconectados ................... 115 Figura 13: Rede Interorganizacional da EMGESP. ................................................. 117 Figura 14: Rede Interorganizacional da EMGESP: atores desconectados ............. 122.

(11) 10. LISTA DE QUADROS Quadro 1: Abordagens da NSE ................................................................................. 31 Quadro 2: Premissas para analisar redes ................................................................. 40 Quadro 3: Vantagens e desvantagens das redes, segundo sua densidade. ............ 41 Quadro 4: Análise da Posição na Rede .................................................................... 44 Quadro 5: Arquitetura e Posição na Rede ................................................................. 49 Quadro 6: Análise de Poder e Influência ................................................................... 49 Quadro 7: Tipos de relações e suas características .................................................. 59 Quadro 8: Selecionados para responder à pesquisa ................................................ 64 Quadro 9: Processo de Operacionalização da Pesquisa .......................................... 66 Quadro 10: Modelo Analítico ..................................................................................... 68 Quadro 11: Cursos Ofertados com outras Instituições de Ensino. ............................ 74 Quadro 12: CONGESP`s realizados no período de 2010 a 2016. ............................ 77 Quadro 13: Ações desenvolvidas pelo CEAF............................................................ 81 Quadro 14: Índices de centralidade de proximidade ................................................. 95 Quadro 15: Relações estabelecidas com base nos tipos de laços de Granovetter. 103 Quadro 16: Relações que a EGRN mantém, grau de importância e o que é transacionado. ......................................................................................................... 106 Quadro 17: Relações que o CEAF mantém, grau de importância e o que é transacionado. ......................................................................................................... 113 Quadro 18: Relações estabelecidas com base nos tipos de laços de Granovetter. 114 Quadro 19: Relações que a EMGESP mantém, grau de importância e o que é transacionado. ......................................................................................................... 120 Quadro 20: Relações estabelecidas com base nos tipos de laços de Granovetter. 121.

(12) 11. LISTA DE SIGLAS. ACADEPOL. Academia de Polícia Civil. ARS. Análise de Redes Sociais. CAP. Curso de Administração Pública. CAPES. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. CDEMP. Colégio de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional dos Ministérios Públicos do Brasil. CEAF. Centro de Aperfeiçoamento Funcional. CEB. Câmara de Educação Básica. CEFOPE. Centro de Formação de Pessoal para os Serviços de Saúde. CEMURI. Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves. CNE. Conselho Nacional de Educação. CRA. Conselho Regional de Administração. CTE. Centro de Treinamento do Estado. CTFP. Centro de Treinamento e Formação de Pessoal. DOE. Diário Oficial do Estado. DOM. Diário Oficial do Município. EaD. Educação a Distância. EBAPE. Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas. ECPSL. Escola de Contas Professor Severino Lopes. EGESP. Escola de Gestão da Prefeitura de Natal. EGRN. Escola de Governo do Rio Grande do Norte. EMGESP. Escola Municipal de Gestão Pública. ENA. École Nationale D’Administration. ENAP. Escola Nacional de Administração Pública. EUA. Estados Unidos. FGV. Fundação Getúlio Vargas. FUNDESPE. Fundo de Desenvolvimento de Sistema de Pessoal do Estado. IBAM. Instituto Brasileiro de Administração Municipal. IBDFAM. Instituto Brasileiro de Direito de Família. IES. Instituição de Ensino Superior. IFRN. Instituto Federal do Rio Grande do Norte.

(13) 12. ILP. Instituto do Legislativo Potiguar. INA. Instituto Nacional de Administração. INAP. Instituto Nacional de Administração Pública. INSNA. International Network for Social Network Analysis. LDB. Lei de Diretrizes e Bases. LNT. Levantamento da Necessidade de Treinamento. MP. Ministério Público. MPRN. Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte. NSE. Nova Sociologia Econômica. OAB. Ordem dos Advogados do Brasil. PADS. Plano Anual de Desenvolvimento do Servidor. PPA. Plano Plurianual. PPP. Plano Político Pedagógico. SAGP. Secretaria Adjunta de Gestão de Pessoas. SEARH. Secretaria de Estado da Administração e dos Recursos Humanos. SEGELM. Secretaria Municipal de Gestão de Pessoas, Logística e Modernização Organizacional. SEMAD. Secretária Municipal de Administração. SENAC. Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. SUREC. Subcoordenadoria de Recrutamento, Seleção e Capacitações. SURES. Subcoordenadoria de Recrutamento e Seleção. SUTEPE. Subcoordenadoria de Treinamento e Pessoal. SUTRED. Subcoordenadoria de Recrutamento, Seleção, Formação, e Desenvolvimento de Pessoal. TCU. Tribunal de Contas da União. UAB. Universidade Aberta do Brasil. UERN. Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. UFRN. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

(14) 13. SUMÁRIO. 1.1 O PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO ................................................................... 15 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 24 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 24 1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 24 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................... 24 1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE.................................................................................. 28 2 TEORIA DE REDES SOCIAIS E AS RELAÇÕES INTERORGANIZACIONAIS ... 30 2.1 NOVA SOCIOLOGIA ECONÔMICA .................................................................... 30 2.2 REDES SOCIAIS ................................................................................................ 34 2.3 ANÁLISE DE REDES SOCIAIS (ARS) ............................................................... 53 2.4. RELAÇÕES. INTERORGANIZACIONAIS. NO. DESENVOLVIMENTO. DE. PARCERIAS LOCAIS ............................................................................................... 56 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 62 3.1 PERSPECTIVA DA PESQUISA, ABRANGÊNCIA E SELEÇÃO DOS CASOS ... 62 3.2 PROCESSO DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ......................................... 65 3.3 MODELO ANALÍTICO DA PESQUISA ................................................................ 68 4 ESCOLAS DE GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE............. 70 4.1 ESCOLA DE GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE CARDEAL DOM EUGÊNIO DE ARAÚJO SALES (EGRN) ....................................... 71 4.2 ESCOLA DE GOVERNO DO MINISTÉRIO PÚBLICO (MP) - O CENTRO DE ESTUDOS E APERFEIÇOAMENTO FUNCIONAL (CEAF) ...................................... 79 4.3 ESCOLA MUNICIPAL DE GESTÃO PÚBLICA DA PREFEITURA DE NATAL (EMGESP)................................................................................................................. 82 4.4 REDE GERAL DAS ESCOLAS DE GOVERNO DO RIO GRANDE DO NORTE: A PARTIR DA EGRN, CEAF E EMGESP ..................................................................... 84 4.5 REDE DAS ESCOLAS DO RIO GRANDE DO NORTE QUE COMPÕEM A REDE NACIONAL DE ESCOLAS DE GOVERNO JUNTO AO ENAP ................................. 98.

(15) 14. 4.5.1 Rede da Escola de Governo do Estado do Rio Grande do Norte – Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales (EGRN) .................................................................. 98 4.5.2 Rede do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF) ........ 108 4.5.3 Rede da Escola Municipal de Gestão Pública da Prefeitura de Natal (EMGESP)............................................................................................................... 116 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 123 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 130 Apêndice A............................................................................................................. 141 Apêndice B............................................................................................................. 153 Apêndice C............................................................................................................. 154 Apêndice D............................................................................................................. 155 Apêndice E ............................................................................................................. 157 ANEXO A ................................................................................................................ 163 ANEXO B ................................................................................................................ 172.

(16) 15. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS. 1.1 O PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO. Com a instabilidade econômica mundial da década de 1970, mais precisamente em 1973, oriunda da crise do petróleo e de acumulação de capital financeiro, os Estados começam a entrar em desequilíbrio e a busca por uma redefinição do seu papel passa a ser prioridade. Sendo assim, nas diferentes nações, os Estados buscam melhorias nos aspectos econômicos, sociais, bem como na redução dos gastos públicos, pondo fim à era de prosperidade, iniciada pós Segunda Guerra Mundial. A instabilidade mundial da década de 1970 possuía três dimensões: a econômica, a social e a administrativa (ABRUCIO, 2007). Neste mesmo período, na Inglaterra, no que tange ao funcionamento interno (crise administrativa) do Estado, o modelo burocrático weberiano sofria esgotamento e uma das ações a serem pensadas foi uma reforma do aparelho do Estado, caracterizada, principalmente, pela mudança do modelo de gestão de burocrático para o modelo gerencial. Este modelo gerencial apresenta características inovadoras, orientadas para fora, focadas no desempenho dos servidores. A dinâmica desse novo modelo tem uma postura orientada para o “cliente” consumidor, transparente e busca resultados, os gestores são pragmáticos, facilitadores, estratégicos e estáveis (HOOD, 1991). Assim, busca realizar mudanças organizacionais e de gestão com foco no alcance de mais eficiência de recursos, inclusive dos recursos humanos. E, para o alcance dessas novas práticas de gestão para Administração Pública, deve-se investir na profissionalização dos servidores públicos, criando uma cultura organizacional voltada para o gerencialismo1, com foco na efetividade (CARVALHO et al, 2009). Nessa ideia de reorganização administrativa do Estado, as Escolas de Governo começaram a se proliferar, assumindo um papel importante na busca de uma maior eficiência na gestão pública, vista como um desafio. Para Pacheco (2000, p. 36), o termo Escolas de Governo “vem sendo usado indistintamente por organizações públicas, privadas ou não governamentais, 1. Gerencialismo é um termo que se refere à adoção de ferramentas gerenciais (ABRUCIO, 2007)..

(17) 16. destinadas à formação de quadros [...] nas três esferas de governo”, como nas universidades, em que o processo de formação não é destinado unicamente a servidores públicos, nas instituições estatais ou financiadas pelo Estado; e nas instituições que fornecem cursos pagos para área pública (PACHECO, 2000). Partindo deste contexto, esta tese assumirá o termo Escola de Governo como sinônimo de instituições voltadas para o desenvolvimento dos servidores públicos, financiada pela esfera pública. As Escolas de Governo começam a ganhar maior visibilidade a partir da década de 1940, sendo instituídas em diversos países. Na Europa, dentre tantas escolas, o destaque é dado na França, através da École Nationale D’Administration (ENA), que teve sua fundação em 1945, e tinha por finalidade formar a futura elite do setor público (ALENCAR, 2006). A ENA surgiu com o intuito de modernizar o aparelho administrativo, juntamente com uma carreira genérica, em que todos os servidores tinham a mesma formação, independente de qual função ocupasse ou onde estaria lotado na máquina pública. Ainda na Europa, entre os anos de 1960 e 1980, novas escolas surgiram, como, por exemplo, o Instituto Nacional de Administração (INA), em Portugal, em 1979. Nos Estados Unidos da América (EUA), na década de 1960, as Escolas de Governo começaram a surgir nas Universidades, como proposta de pós-graduação, com diferentes currículos, organizadas em dois grupos: um mais tradicional, voltado para Microeconomia, e o segundo grupo voltado para Ciência Política (SOUZA, 1996). No final da década de 1960, já haviam sido constituídas 15 (quinze) escolas para assuntos públicos nos países da América Latina. Nesse contexto, as Escolas de Governo surgem em décadas distintas no mundo: no México em 1955, com o Instituto Nacional de Administração Pública (INAP) e, como exemplo, na Argentina em 1973, com o também denominado Instituto Nacional de Administração (INAP) (ALENCAR, 2006). Em 1964, a partir de um levantamento, Machado (1966) registrou no Brasil algumas escolas, cursos ou programas que atendiam às demandas do serviço público, como: Escola de Administração Pública (EBAP), atual EBAPE – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a escola de Administração da Universidade da Bahia, cursos na universidade de Minas Gerais, Paraíba, Pará, Pernambuco e São Paulo. As capacitações nessas.

(18) 17. instituições eram desenvolvidas mediante as demandas dos órgãos e de forma paralela às atividades das escolas/universidades. Unicamente com o objetivo de capacitar e desenvolver gestores públicos (servidores públicos do alto escalão da administração federal) dentro dos princípios da gestão pública, em 1986 surge a Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, por meio do Decreto nº 93.277/1986. A sua criação é marcada como uma tentativa de minimizar os graves problemas de administração e corrupção que atingiam o país. Trata-se, desse modo, de uma instituição voltada exclusivamente para formação de servidores públicos, cuja criação foi inspirada no modelo da ENA, no que tange a profissionalização do setor público, tendo recebido também apoio dessa escola para sua institucionalização. (PACHECO, 2003). A década de 1980, no Brasil, foi marcada pelas transformações na Gestão Pública, entre elas: a descentralização do poder e o perfil ideal de profissional para a gestão pública (BRASIL, 1998). A necessidade de maior profissionalização dos recursos humanos nos aparelhos públicos coadunava-se com a ideia de que uma efetiva redemocratização envolveria não apenas o retorno de eleições livres, mas de regras claras de acesso e gestão do Estado (ABRUCIO, 2007). Duas mudanças marcaram essa trajetória no Brasil, uma no final da década de 1980 e a outra em meados da década de 1990, sendo respectivamente a Constituição de 1988 e o plano de reforma do aparelho do Estado em 1995. Nesse contexto, a Constituição de 1988 se caracterizou como a reforma do serviço civil, havendo “... ações importantes, como o princípio da seleção meritocrática e universal, consubstanciada pelo concurso público” (ABRUCIO, 2007, p. 69). A Constituição de 1988, entre outras transformações, definiu as novas formas de entrada para o serviço público nacional, surgindo também a discussão acerca da profissionalização no setor público. Passou-se a discutir não só o desenvolvimento profissional dos servidores públicos estatutários, mas também de todo o corpo de servidores que tomam decisões nos órgãos públicos devido à globalização e crescimento acelerado de mudanças e complexidade instalada no âmbito das organizações (BITTENCOURT; ZOUAIN, 2010). O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado criado em 1995 foi outro marco para diagnosticar dentro dos quadros técnicos, gerenciais e operacionais, a necessidade de capacitação/formação para os servidores públicos “...a ausência de.

(19) 18. uma política orgânica de formação, capacitação permanente e de remuneração condizente com a valorização do exercício da função pública” (BRASIL, 1995, p. 28). Esse plano elaborou alguns projetos básicos de avaliação estrutural, agências autônomas e de organizações sociais e publicização, bem como projetos adicionais, em que o destaque é dado àquele que prevê a implementação do Desenvolvimento de Recursos Humanos. Dessa forma, a presente tese tem expectativa que as Escolas de Governo assumem o papel de ator fomentador da eficiência da gestão pública, buscando: (...) viabilizar a estratégia de modernização da gestão pública. Tem como objetivo a formação e capacitação dos servidores públicos para o desenvolvimento de uma administração pública ágil e eficiente. (BRASIL, 1995, p. 65).. Ainda sobre esse aspecto, Bittencourt e Zouain (2010) colocam que essas mudanças, na Constituição de 1988 e do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, trouxeram avanços para a gestão pública. No entanto, em alguns momentos não se concretizaram como planejados, devido a outros fatores, como os concursos públicos, pois, muitas vezes, os candidatos são avaliados por parâmetros distintos daqueles por eles utilizados no exercício profissional. Observa-se que a alta rotatividade dos gestores públicos nas organizações, que, a maior parte dos cargos são ocupados por pessoas em funções comissionados, e em sua maioria sem formação técnica. Isso acaba por favorecer, entre outras características, ao clientelismo em detrimento de uma gestão profissionalizada, bem como emprega gestores sem conhecimento de administração pública (PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO, 1995). Os estudos de Klein e Mascarenhas (2016) apontam que a administração pública brasileira, mesmo com o advento do concurso, ainda passa por problemas relacionados à evasão e insatisfação profissional em várias carreiras, devido aos baixos salários e à natureza do trabalho. Exigindo, assim, dinâmicas motivacionais com vistas a contribuir com a permanência dos servidores em suas funções. A medida de viabilizar estratégias de modernização da gestão pública, através da formação e capacitação, mostra-se adequada, considerando que, nessa época (1995), parte significativa dos servidores públicos não passavam por concursos públicos. Em sua maioria, eram oriundos de cargos comissionados,.

(20) 19. geralmente, por indicações políticas e sem exigência de formação profissional 2. Uma parcela significativa desses profissionais ainda integra a administração pública, evidenciando a necessidade, da formação e capacitação, conforme Klein e Mascarenhas (2016, p. 34): (...) consolidar políticas de desenvolvimento da carreira alocando os gestores em atividades compatíveis com a descrição da carreira e de maior impacto social, por meio de políticas adequadas de mobilidade das pessoas, além da adoção de incentivos à formação e capacitação e da definição de critérios mais atrativos para promoção, progressão e evolução salarial. Transformando as carreiras modernizantes, deve-se reconhecer que aspectos culturais e estruturantes das organizações públicas podem impactar a motivação intrínseca dos servidores.. O governo, reconhecendo a necessidade de viabilizar a estratégia de modernização da gestão pública, passou a investir no processo de formação e desenvolvimento dos servidores públicos e, percebendo que a profissionalização é uma condição sine qua non para o melhor desempenho das políticas públicas, inicia um processo de fomento de instituições que capacitem os servidores públicos, em que muitas são denominadas de Escolas de Governo, tanto no nível federal quanto no estadual e municipal (PLANO DIRETOR DA REFORMA DO APARELHO DO ESTADO, 1995). Nessa mesma direção, Abrucio (2007) destaca que a profissionalização do serviço público é um eixo principal para a modernização administrativa brasileira. No Brasil, as Escolas de Governo estão espalhadas em todo o território nacional. Com o objetivo de articular e melhorar a eficiência dessas escolas, em 2003, a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) instituiu a Rede Nacional de Escolas de Governo, que se constitui em uma arena de debates, difusão de informações e trocas de recursos para fortalecer as ações das organizações públicas. O objetivo dessa rede é prover o incremento das instituições que lidam com a formação e aperfeiçoamento profissional dos servidores públicos, nos três níveis de governo,. 2. tendo. como. perspectiva. de. trabalho. a. busca. sistemática. do. Formação profissional é definida como sendo o conjunto de ações educativas capazes de desenvolver os conhecimentos, habilidades e atitudes dos servidores público, mediante os cursos presenciais, à distância, em nível de graduação e pós-graduação; palestras; congressos; fóruns; mesas redondas, entre outras..

(21) 20. compartilhamento de conhecimentos e de experiências acerca das boas práticas, alicerçadas no trabalho em conjunto (ENAP, 2013). De acordo com a ENAP (2013), em julho de 2012 havia 194 instituições governamentais participando da rede, com diferentes trajetórias e formatos, tais como: Escolas de Governo, centros de treinamentos e capacitação, universidades, universidades corporativas, secretarias de administração de estados e municípios, e outras instituições governamentais interessadas. Vale ressaltar que boa parte dessas instituições surgiu depois do processo de redemocratização e da Constituição Federal de 1988. Assim, até dezembro de 2016 existem 262 instituições participando da rede, um crescimento aproximado de 35% em quatro anos, ou seja, tal avanço demonstra a preocupação com a efetividade dessas instituições e, por consequência, a reestruturação da máquina pública, em consonância com o objetivo da rede (ENAP, 2016). Dando continuidade aos dados da ENAP (2016) mais de 70% dessas instituições pertencem ao Poder Executivo, enquanto as demais fazem parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, distribuídas entre as cincos regiões do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste), com a maior concentração na região Sudeste. Já no Centro-Oeste, o Distrito Federal se destaca, somando um quantitativo de 38 instituições, sendo 33 em âmbito federal e cinco em âmbito estadual. No Nordeste, participando da Rede Nacional de Escolas de Governo, existem doze instituições federais, vinte e oito estaduais e oito municipais. O estado que mais se destaca é o Ceará, pois possui duas escolas federais, oito estaduais e uma municipal. Como maneira de fortalecer as relações das escolas da região nordeste e superar os desafios pelas possibilidades conjuntas, em 2012, no 9º Encontro Nacional de Escolas de Governo, houve uma sistematização orgânica e surgiu a rede das escolas do Nordeste. Essa rede surgiu a partir da necessidade de união das escolas para superar as limitações. Dessa forma, na tentativa de fortalecer a rede, esta promove, anualmente, o Encontro Nordestino de Escolas de Governo, como uma arena de discussão para definir estratégias de atuação, bem como, trocas de experiências, sejam elas em âmbito regional ou até mesmo estadual (ESCOLA DE GOVERNO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2016). No Rio Grande do Norte, mais especificamente na capital potiguar, existem seis Escolas de Governo, com objetivos e estruturas similares, que são: a Escola de.

(22) 21. Governo do Estado do Rio Grande do Norte – Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales (EGRN); o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF); a Escola Municipal de Gestão Pública (EMGESP); a Escola do Poder Legislativo Estadual – Instituto do Legislativo Potiguar (ILP); a Escola de Contas – Professor Severino Lopes de Oliveira, e a Escola do Legislativo Miguel Arraes. Existe uma 7ª (sétima) instituição, porém tem estrutura diferente das demais, caracterizando-se como um setor de treinamento dentro do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). Das sete instituições apenas quatro instituições integram a Rede Nacional de Escolas de Governo, junto ao ENAP: uma a nível federal, o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN); duas a nível estadual, o Centro de Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), que é um órgão auxiliar do Ministério Público e a Escola de Governo Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, também conhecida como Escola de Governo do Rio Grande do Norte (EGRN), vinculada à Secretaria de Estado da Administração e dos Recursos Humanos (SEARH); e uma a nível municipal, a Escola Municipal de Gestão Pública (EMGESP), vinculada à Secretaria Municipal de Administração da Prefeitura de Natal-RN. Mitchell (1969) definiu rede como sendo as relações estabelecidas entre um conjunto de pessoas, organizações, eventos e/ou objetos com o mesmo objetivo, ou seja, as pessoas ou organização buscam se relacionar para compartilhar entendimentos, realizar atividades conjuntas na busca de alcançar objetivos comuns. Esses conjuntos de relacionamentos são denominados de relações interorganizacionais e cada participante da rede pode ser chamado de ator ou nó (JOHNSEN et al, 2014; KENIS e OERLEMANS, 2014). Os benefícios das redes são percebidos tanto de forma individual quanto para o conjunto de atores (nós), através das informações que são produzidas, o que pode influenciar os comportamentos dos participantes. Assim, as redes podem ser vistas como um ambiente que gera informações e conhecimento coletivo (GULATI e GARGIULO, 1999). As fontes podem gerar inovação e aumentar a capacidade de aprendizagem das organizações, quanto mais densa for a rede, maior a possibilidade de adquirir conhecimentos tácitos, bem como o uso dos buracos estruturais3 podem proporcionar novas informações (AHUJA, 2000). 3. Os buracos estruturais são os espaços vazios em uma estrutura social, o que implica que atores de qualquer lado de um buraco estrutural circulam em fluxos de informação diferentes. O valor é, assim, criado no caso em que um grupo estruturalmente autônomo consiste de pessoas fortemente conectadas umas às outras, com extensas relações de ponte além do grupo (KENIS e OERLEMANS, 2014, P. 264)..

(23) 22. Os estudos de Uzzi (1996) apontam que as organizações que fazem parte de redes interorganizacionais com muitos atores apresentam menores taxas de falhas se comparadas a redes com poucos autores. As ações desses atores (organizações) que fazem parte da rede apresentam uma propagação, e outro aspecto é o impacto nas taxas de sobrevivência das organizações. Dessa maneira, relacionar-se na rede com membros com alto status afeta a sobrevivência de maneira positiva, “...uma vez que aumenta o grau de legitimidade 4” (KENIS e OERLEMANS, 2014, P. 273). A. maior. parte. da. literatura. considera. positivo. compor. uma. rede,. estabelecendo relações interorganizacionais, pois a partir das redes as organizações participantes aumentam as possibilidades de desenvolvimento de ações. Entretanto, em alguns casos, a rede pode reprimir a ação de um ator (KENIS E OERLEMANS, 2014),. minimizando. o. poder. informacional. (GOMES-CASERES,. 1994).. O. relacionamento limitado a poucos atores na rede, bem como, a inércia e a oposição à mudança (KIM e SWAMINATHAN, 2006) podem constituir resistências à adoção de novas ações, o que é passível de dificultar o funcionamento da rede. Essa tese está embasada no paradigma da Nova Sociologia Econômica (NSE), com a ideia concreta da participação social na construção do mercado, “...constituindo-se numa contraposição empiricamente apoiada da ideia de autonomização do mercado perante a vida social” (LOPES JUNIOR, 2002, p. 40). Utilizando-se da teoria redes, seguindo a corrente de Granovetter e seus seguidores, em que o foco se desloca da ação individual para as estruturas das relações sociais, desenvolvidas pelos atores organizacionais. As escolas que fazem parte da rede das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte têm um papel fundamental, atuando como atores impulsionadores de uma gestão ágil e voltada para o cidadão. Nesse contexto, é fundamental que as escolas se posicionem como centros de excelência no desenvolvimento do servidor público, buscando melhores práticas de gestão adotadas por outras escolas em âmbito nacional ou até mesmo internacional (PACHECO, 2002). Logo, tem-se a expectativa de. 4. que. a. participação. na. rede. influencie. na. eficácia5 das escolas. e,. Legitimidade entendida como a percepção generalizada ou suposição de que as ações de uma entidade são desejáveis, próprias ou apropriadas dentro de algum sistema socialmente construído de norma, valores crenças e definições (SUCHMAN, 1995, p. 574). 5 Eficácia significa fazer as coisas certas, de modo certo, no tempo certo (SILVA, 2008, p. 18)..

(24) 23. consequentemente, na eficiência6 da Gestão Pública, conforme os próprios objetivos da rede, como preconiza a literatura: Granovetter, 1973, 2005; Nohria,1992; Burt, 1992; Powell e Smith-doer, 1994, 2003; Carvalho, 2002; Marques, 2006, 2016; Rossoni et al, 2014; Johnsen et al, 2014; Jones e Lichtenstein, 2014. Diante desse contexto, tem-se como problema de pesquisa: De que maneira as relações interorganizacionais das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte que fazem parte da Rede Nacional afetam as suas ações a partir da Análise de Rede Sociais (ARS)? Vale ressaltar que as ações a qual se refere o questionamento são as voltadas a formação/ desenvolvimento dos servidores. O problema de pesquisa parte do pressuposto de que as relações interorganizacionais desenvolvidas entre as Escolas de Governo (EGRN, CEAF e EMGESP), por meio da participação na Rede Nacional, contribuem para o desenvolvimento de suas ações, mas de maneira distinta a depender das relações estabelecidas por cada escola e suas especificidades de atuação, ou seja, pressupôs-se que essa contribuição podia sofrer variações a depender das relações estabelecidas por cada escola e suas especificidades de atuação, de tal modo que a participação da rede não se configuraria por si só como garantia para o desenvolvimento das ações das escolas. Entendem-se relações interorganizacionais como sendo os relacionamentos7 estabelecidos entre as organizações e nesta tese foram consideradas as relações estabelecidas entre as Escolas de Governo no Rio Grande do Norte. Porém, para caracterizar cada escola, foi necessário mapear outras organizações dentro e fora do Estado que promovam ações conjuntas voltadas para o cumprimento dos objetivos. Portanto, para responder ao problema de pesquisa, emprega-se a teoria de redes e seu correspondente instrumental metodológico, Análise de Redes Sociais (ARS), para compreender relações interorganizacionais e suas contribuições no processo de estruturação das escolas.. 6. Eficiência é operar de modo que os recursos sejam utilizados de maneira mais adequada (SILVA, 2008, p. 17). 7 Relacionamento é a interconexão entre os atores ou nós, classificando-se em forma e informal e pode ser direcionado, se dá conselhos; ou não direcionados – uma comunicação informal (KENIS e OERLEMANS, 2014)..

(25) 24. 1.2 OBJETIVOS. 1.2.1 Objetivo Geral. Analisar de que maneira as relações interorganizacionais das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte que fazem parte da rede nacional afetam as suas ações a partir da Análise de Rede Sociais (ARS).. 1.2.2 Objetivos Específicos. a) Caracterizar as Escolas de Governo do Estado do Rio Grande do Norte, no âmbito estadual e municipal, que fazem parte da Rede Nacional de Escolas de Governo; b) Caracterizar a rede interorganizacional das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte, no âmbito estadual e municipal; c) Identificar os elos entre as escolas e as demais instituições que não fazem parte da rede nacional de Escolas de Governo; d) Identificar as ações realizadas para a formação/ desenvolvimento dos servidores; e e) Investigar como as Escolas de Governo se estruturam e se organizam em nível organizacional e na rede para alcançar seus objetivos.. 1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO. Para. expor. a. importância. teórico-empírica. dos. objetivos. sugeridos,. demonstra-se, a priori, que discorrer sobre as ações das Escolas de Governo requer uma análise transdisciplinar, buscando uma nova compreensão da realidade, bem como articulando outros elementos que fazem parte das escolas, obtendo, assim, uma melhor compreensão da complexidade das escolas. Desse modo, justificando a relação entre gestão pública, Escolas de Governo e capacitações, os estudos.

(26) 25. evidenciam que as Escolas de Governo surgiram no ambiente organizacional com os atores capazes de promover um aumento na profissionalização dos servidores públicos, através de capacitações, gerando mudanças em prol da melhoria do desempenho do setor público (GAETANI, 1994; PACHECO, 2002; ROUANET, 2005; ABRUCIO, 2007; BITTENCOURT E ZOUAIN, 2010; AIRES et al, 2012). No atual contexto em que as Escolas de Governo estão inseridas, marcadas pelos modelos de gestão tradicionais, a preocupação é eminente aos impactos negativos causados pelos modelos de gestão utilizados – o que tem levado os autores a se debruçarem sobre os estudos acerca do papel e das tendências das Escolas de Governo, no Brasil (ENAP, 2016). Porém, os níveis de estudos científicos no Brasil encontram-se em uma etapa preliminar, apesar dos autores dos acharem os constructos acerca das Escolas de Governo importantes. Alguns temas apresentam conhecimento incompleto ou mesmo poucos estudos, como no caso das relações interorganizacionais das Escolas de Governo. A busca se deu em livros, teses, dissertações, periódicos nacionais e internacionais, com base nas publicações científicas disponíveis na web, no Portal de periódicos da CAPES, Emerald Insigth, e no Scopus, Science Direct. No âmbito das relações interorganizacionais das Escolas de Governo, tema central dessa tese, apenas um trabalho foi encontrado, oferecendo uma análise restrita, pois teve como problema de pesquisa: “Que tipos de arranjos das relações institucionais caracterizam os relacionamentos do TCU na área de TD&E?”, ou seja, um olhar unidirecional no caso do Tribunal de Contas da União (TCU), na sede em Brasília (ALVES, 2009). Análise essa que demostrou limitações, devido às fontes das coletas de dados, no que tange o banco de dados em que ficam registradas as ações de treinamentos. Desse modo, não contemplar se as ações foram desenvolvidas por meio das relações interorganizacionais, acarretou numa incipiência nos métodos de investigação e análise. Desta maneira, o problema se propõe a verificar os tipos de arranjos interorganizacionais e os resultados apenas relatam os treinamentos que foram desenvolvidos, não atendendo ao objetivo inicial do trabalho. No que se refere às relações interorganizacionais em outros objetos de estudo, muitos trabalhos apontam que as relações interorganizacionais são relevantes para fortalecer a estrutura, o desenvolvimento e as ações conjuntas nas redes (CORRÊA, 2005; OLIVEIRA, 2005; SOUZA, 2008; ZANCAN, 2010; SOUSA,.

(27) 26. 2010; entre outros). O fato é que o desenvolvimento das ações organizacionais “... estão cada vez mais influenciados pela dinâmica dos relacionamentos entre atores sociais e do contexto em que estes se inserem” (BRANDÃO, 2014, p. 28). Não foram identificados trabalhos sobre as relações interorganizacionais nas Escolas de Governo, portanto, fez-se necessário o emprego de instrumentos teóricometodológicos apropriados para gerar marcos interpretativos e fornecer informações que admitam tratamentos analíticos apropriados às complexas características dessa temática. Portanto, para melhor compreensão dessas relações será defendida a premissas da teoria de redes e, para isso, será utilizado a Análise de Redes Sociais (ARS) como forma de operacionalização metodológica da rede. No Brasil, os estudos - utilizando-se análise de redes - são recentes e pouco desenvolvidos, nas mais diversas áreas, sobretudo, no que se refere às pesquisas que avaliam as dinâmicas do Estado e as interações entre os atores no cerne de uma comunidade de política pública exclusiva (MARQUES, 2006; BRANDÃO, 2014). “Na verdade, são muito raras as análises da ciência política de forma mais geral que utilizam redes como método [...] quase sempre quando se fala em redes, o uso é meramente metafórico”. (MARQUES, 2006, p.7). Desse modo, a relevância teórica desta tese, baseia-se, principalmente, na contribuição que a discussão teórica metodológica na ótica da teoria de redes exerce na compreensão das Escolas de Governo. Como tais instituições têm em sua essência a disseminação de conhecimentos e de práticas gerenciais em uma ampla gama de órgãos da administração pública, a aplicação das teorias (Redes e Grafos) apresentadas permite compreender as implicações das relações inteorganizacionais sobre o desempenho no próprio delineamento das ações das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte. Assim, as escolhas das categorias analíticas para construção das figuras (grafos) da rede, permitiram a construção de um modelo teórico/ metodológico a partir de critérios na literatura específica associados a outros critérios para a construção da rede, como: ações conjuntas, execução de ações formativas, infraestrutura, execução de ações formativas, assessoria técnica, intercâmbio de instrutores e participantes. Outra contribuição teórica que cabe frisar é que os estudos de rede na gestão pública, por estarem conectados a relações de poder, acabam privilegiando a visão.

(28) 27. de um dos atores, ou seja, a análise permanece em uma organização (nó 8) e não nas relações interorganizacionais (WASSERMAN e FAUST, 2007). É exatamente nesse contexto que essa tese se insere, contribuindo com os avanços teóricos e metodológicos sobre a temática, permitindo melhor compreender as relações interorganizacionais a partir da teoria de redes. Além da relevância teórica, a contribuição empírica permeia dois focos: as instituições participantes da pesquisa terão um subsídio para verificar quais as características e/ou ações devem permanecer ou ser melhoradas para o alcance do melhor desempenho organizacional a partir da rede de escola de governo a qual pertence; e o outro foco será a contribuição para as demais instituições/escolas que não trabalham sob a perspectiva de redes passarem a conhecer o funcionamento de uma rede. Os resultados encontrados irão oportunizar insights capazes de melhorar a tomada de decisão para a elaboração das ações das escolas. Além disso, dá maior foco ao planejamento das instituições, no que tange a ação em rede. Em linhas gerais, esta tese se posiciona num arcabouço analítico-metodológico, visando entender as relações interorganizacionais estabelecidas na Rede de Escolas de Governo do Rio Grande do Norte, assim, contribuindo empíricamente para pesquisa. É pertinente ressaltar que motivação e interesses pessoais conduziram a tese, tanto em relação ao objeto de estudo, quanto sobre a temática. Vale ressaltar que as inquietações a respeito das relações interorganizacionais surgiram ainda na pesquisa de mestrado e constituíram o objeto da dissertação intitulada: “Relações interorganizacionais e eficiência coletiva: um estudo de caso no Arranjo Produtivo Local de confecções do agreste de Pernambuco”. Isso influenciou a permanência dos estudos no âmbito do doutorado, porém com outro objeto (Escolas de Governo). No que tange os estudos acerca das Escolas de Governo, acrescenta-se a oportunidade de ter sido gestora pública no período de 2009-2012 e ter colaborado para o processo de constituição da Escola de Governo da Prefeitura Municipal de Natal, denominada na época de Escola de Gestão da Prefeitura de Natal (EGESP), bem como, representando a escola junto a ENAP. As inquietações acerca de como as relações interorganizacionais das Escolas de Governo do Rio Grande do Norte estavam acontecendo naquele período foi outra 8. O nó é o ator ou a organização que faz parte da rede (WASSERMAN e FAUST, 2007)..

(29) 28. influência estimulante para o desenvolvimento da tese na busca de um maior aprofundamento sobre a Rede do RN. Assim, a partir do estudo acerca desta temática é possível vislumbrar uma melhor compreensão no que tange a promoção de um crescimento das Escolas de Governo do RN em Rede.. 1.4 ORGANIZAÇÃO DA TESE. A presente tese foi organizada em cinco capítulos, incluindo este, que primeiro apresenta uma breve discussão sobre o tema, contextualizando o problema de investigação, seguido do objetivo geral, objetivos específicos, apresentando depois a importância do estudo e as contribuições da tese no âmbito teórico, prático e pessoal. E, para fechar esse capítulo, criou-se o tópico organização da tese para dar ao leitor uma melhor compreensão. O segundo capítulo foi construído na perspectiva de referenciar teoricamente o problema de pesquisa, iniciou-se pela Teoria de Redes, apresentando o horizonte epistemológico da NSE, como raízes desta teoria. Em seguida, os conceitos, as escolas de pensamento, a aplicabilidade da Teoria de Redes, a Análise de Redes Sociais (ARS) e seus indicadores. Posteriormente, a literatura acerca das Relações Interorganizacionais foi abordada com destaque para seus objetivos, benefícios, desafios, vantagens e desvantagens, bem como as suas aplicabilidades e os seus resultados. No terceiro capítulo, foram apresentados os procedimentos metodológicos. Nesse capítulo foi contemplada a perspectiva da pesquisa, abrangência e seleção dos casos; o processo de coleta e análise dos dados; o modelo analítico e a definição das dimensões constitutivas e operacionais. No capítulo quatro foi apresentada a análise dos resultados com destaque para a caracterização das instituições investigadas e da rede interorganizacional; a descrição do processo de formação profissional realizada pelas instituições no período investigado; como também as influências das relações interorganizacionais mapeadas para o processo de formação. No capítulo cinco, foram feitas as considerações finais, abordando os principais resultados alcançados a partir do problema de pesquisa, de modo a.

(30) 29. responder o questionamento inicial do trabalho, bem como suscitar novos questionamentos para futuras pesquisas. Em. seguida,. foram. apresentadas. as. referências. utilizadas. para. o. desenvolvimento do trabalho, os apêndices compostos pelos roteiros de entrevistas semiestruturados, check-list – e, por fim, os anexos..

(31) 30. 2 TEORIA DE REDES SOCIAIS E AS RELAÇÕES INTERORGANIZACIONAIS. Os estudos acerca de redes sociais nas diversas áreas e campos do conhecimento vem apresentando um crescimento, como na antropologia, na sociologia, na ciência política e psicológica. Partindo disso, esta tese irá se utilizar dos constructos de redes sociais e das relações interorganizacionais, a fim de promover um olhar sobre o desenvolvimento das instituições que trabalham com a formação dos servidores públicos no estado do Rio Grande do Norte, e, ainda, perceber a necessidade de se empregar alguns elementos teóricos que potencializem as análises sobre a criação dos mecanismos de cooperação e seus métodos de gestão. O tópico a seguir apresenta as raízes da teoria de redes que são desenvolvidas a partir do horizonte epistemológico da Nova Sociologia Econômica (NSE), criando uma trajetória evolutiva, bem como sua validade cognitiva e seus paradigmas estruturais.. 2.1 NOVA SOCIOLOGIA ECONÔMICA. A Nova Sociologia Econômica (NSE) se manifestou no início da década de 1980, baseada na ideia da associação entre economia e sociedade. Porém, em 1944, Polanyi, no seu clássico “A grande transformação”, contribuiu com a análise dos sistemas econômicos na sociedade pré-capitalista, explicando o motivo do homem. enquanto. ser. social. (POLANYI,. 1957).. O. autor. acredita. que,. independentemente da configuração da organização social, o sistema econômico é sempre guiado por razões não econômicas. Diante dos seus estudos, o teórico é considerado o precursor da Sociologia Econômica, abrindo um novo campo de pesquisa nas Ciências Sociais (VINHA, 2001). A NSE retoma e aprimora conceitos da Sociologia Econômica de Polanyi, fazendo uma reversão da antiga sociologia econômica, em que o foco é no determinismo econômico da sociedade e passa para uma determinação social da economia, reconsiderando clássicos como Weber, Durkheim e Simel. Assim, percebe-se que a Sociologia Econômica de Polanyi e a NSE, buscam a integração das teorias sociais às econômicas, diferenciando-se das demais correntes do.

(32) 31. pensamento sociológico, por considerar a dimensão histórica, bem como os estudos empíricos (VINHA, 2003). Sobre esse aspecto, Lévesque (2009, p. 109) afirma que ...a antiga Sociologia Econômica tratava exclusivamente do que se passava na origem das atividades econômicas (as condições do desenvolvimento) ou nos seus efeitos (as consequências sociais), confirmando assim a separação entre o econômico e o social.. A NSE apresenta um novo olhar sobre a economia, o da interdependência entre o econômico e o social, focando na importância das relações sociais, tornando a economia cada vez mais relacional (GADREY, 1996 apud LÉVESQUE, 2009). Dentro do paradigma da NSE existem diversas abordagens, nas quais a literatura se divide entre a língua francesa e inglesa, conforme quadro 1, a seguir: LÍNGUA FRANCESA MAUSS: contra o utilitarismo; paradigma da dádiva (Caillé e Godbout) Economia social e solidária, economia plural (Laville e Roustang) Regulacionistas: instituições e compromissos sociais, modelo de desenvolvimento (Aglietta, Boyer e Lipietz) Economia da grandeza: mundos e cidades (Boltanski, Chapiello, Thévenot) Economia das convenções: mundo da produção e mercado como organização (Favereau, Orléan, Salais). LÍNGUA INGLESA Nova Sociologia Econômica: redes e imersão social da economia (Granovetter) Evolucionistas e neoschumpeterianos: sistemas sociais de inovação (Nelson, Winter, Dosi, Freeman) Neocorporativistas: governança e democracia social (Schmitter e Streeck, Hollingsworth) Novos institucionalistas: bifurcação e especialização flexível (Piore, Sabel, Hodgson) Socioeconomia: nova disciplina e dupla dimensão da economia (Etzioni, Lawrence e Coughlin). Quadro 1: Abordagens da NSE. Fonte: LÉVESQUE (2007, p. 113). As correntes francesas abordam as teorias de Mauus, (Economia social e solidária, as regulacionistas, a economia de grandeza e a economia das convenções) que propõem um novo paradigma, baseado no conceito de dádiva 9 para interpretar a importância da relação social na economia. Segundo Lévesque (2007, p. 52): O desdobramento dos trabalhos do MAUSS propõe uma reconstrução do objeto da economia partindo do paradigma da dádiva. Esta se torna, ao mesmo tempo, um elemento revelador da relação social e da troca mercantil, que é considerada posterior à dádiva, contrariando os diversos mitos defendidos pelos economistas. Se a troca mercantil libera as partes 9. Dádiva, objeto que se dá gratuitamente, ou seja, o ato de oferecer de forma espontâneo algo de valor material ou não.  Dádiva, objeto que se dá gratuitamente, ou seja, o ato de oferecer de forma espontâneo algo de valor material ou não..

(33) 32 de qualquer dívida, a dádiva cria uma obrigação, como atesta o ciclo dádiva–contradádiva, ou melhor, dar–receber–ofertar.. Na perspectiva da Mauus, os fatos sociais são vistos como elementos econômicos, políticos, religiosos, imaginários e familiares. A economia solidária e plural busca a equidade a partir da democracia e da participação dos cidadãos. Dessa forma, a teoria de Mauus visa que a relação entre as pessoas é determinante na troca de bens, reafirmando que a economia é imersa na sociedade. Já a teoria da regulação acredita que as relações sociais são assimétricas, devido às divergências de interesses e atividades, incorporando a dimensão política da economia, como forma de moldar a regulação e a competição. A economia da grandeza é vista como o suporte para definir o mercado em termos de organização, em que acontecem as interações sociais. E, por fim, e, não menos importante, a economia de convenções coordena as ações da economia da grandeza, caracterizando o mundo da produção, das conexões em redes, de uma cidade ou até mesmo um território (LÉVESQUE, 2007). Na literatura de língua inglesa, Granovetter (1985) é compreendido como o principal autor da NSE, baseando sua abordagem na crítica da concepção do indivíduo atomizado. Granovetter (1985) faz uma crítica a Polanyi por ter superestimado a imersão social nas atividades econômicas e acredita que o mercado só funciona quando mobilizado em redes. Granovetter (2000) estabelece três princípios para análise da economia: 1) toda ação econômica é uma ação social; 2) a ação econômica é socialmente situada; e 3) as instituições econômicas são construções sociais. Esses princípios foram construídos a partir dos estudos de Berger e Luckmann (1966) que defendem a participação das ações sociais na construção dos mercados. Partindo desses princípios, Granovetter (2000) argumenta que a sociologia econômica deve oferecer meios para explicar a economia alternativa, “... àquela dada pelos economistas neoclássicos, principalmente os neoinstitucionalistas, os quais sustentam que as instituições se impõem pela sua eficiência e que são apenas substitutas para o mercado” (LÉVESQUE, 2007, P. 120). Outra abordagem da língua inglesa é a dos novos institucionalistas, que apresenta três suposições: 1) que a economia não pode ser considerada uma ciência; 2) a principal força é a tecnologia, vista como um instrumento para agregar linguagem e comportamento; e 3) a economia é algo substantivo e encontra-se.

(34) 33. inserida na sociedade e nas instituições (HODGSON, 1988). O autor coloca que a grande contribuição dessa teoria se fundamenta na combinação da hierarquia estatal e do mercado, focando em novas formas de cooperação a partir de pequenas redes. Já a abordagem Evolucionista inspirada na schumpeteriana defende que a ciência econômica se guia num modelo mecanicista de forma errônea. Para os autores dessa teoria, a biologia é mais apropriada para analisar as mudanças da economia (DOSI, 1991). Os neoschumpeterianos têm o foco na inovação e seu paradigma é o tecnológico e dos sistemas sociais de inovação baseados nos institucionalistas (FREMAN, 1995). Nessa abordagem, as organizações tanto podem fomentar como prostrar os processos de inovação, criando uma dependência, e constituindo, assim, as inovações sociais que são a busca por novas soluções para um problema social, solução mais efetiva e sustentável. Os neocorporativistas focam no governo e na democracia social a partir das relações sociais que são formalizadas pelo conjunto de regras, eles também destacam o potencial dos bens coletivos, bem como os bens públicos, representando uma vantagem para economia nacional. Desse modo, os fatores extraeconômicos e os sociopolíticos são decisivos para boa parte das ações econômicas (LÉVESQUE, 2007). Por fim, a abordagem da socioeconômica centra-se na afirmação que a economia é parte integrante da sociedade, visando um paradigma que relacione as variáveis da ciência econômica com as demais abordagens das ciências sociais e humanas. Essa abordagem é vista como complementar à ciência econômica neoclássica, porém, “... a socioeconômica defende a inserção da economia e do mercado na sociedade...reconhece a multiplicidade das lógicas das ações...” (LÉVESQUE, 2007, P. 124), ou seja, considera seus próprios interesses, mas prevê outras motivações como: moral, emoção, obrigação, confiança e laços sociais, focada na ética dos negócios e na sociedade (TURCOTTE E SALMON, 2005 APUD LÉVESQUE, 2007). Diante das abordagens apresentadas anteriormente, as de língua inglesa e as de língua francesa, percebe-se uma forte crítica aos fundamentos da economia neoclássica, bem como a semelhança que discorre que a economia é social. Dessa forma, apresenta uma forte dependência das relações sociais, ou seja, da.

Referências

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