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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. ANDRÉA ISABEL LOTTO. A BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE: UM ESPAÇO DAS HISTÓRIAS VIVAS. SÃO PAULO 2020.

(2) ANDRÉA ISABEL LOTTO. A BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE: UM ESPAÇO DAS HISTÓRIAS VIVAS. Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Educação, Arte. e História da Cultura, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito à obtenção do título de Mestre em. Educação, Arte e História da Cultura. Orientadora: Profa. Dra. Ingrid Hötte Ambrogi. SÃO PAULO 2020.

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(4) ¹Bolsista de novembro/2019 a agosto/2020..

(5)

(6) Dedico à cara Sra. Norma Shizue Haru, aos colaboradores das Bibliotecas Públicas, em Hemeroteca BMA.. especial `a equipe da.

(7) AGRADECIMENTOS. A dream you dream alone, is just a dream. A dream you dream together is reality. Yoko Ono. À minha querida orientadora Dra. Ingrid Hötte Ambrogi; ao corpo docente do programa de Pós-graduação em Educação, Arte e História da Cultura; em especial, aos meus caros professores, Dra. Claudia Coelho Hardagh, Dra. Maria da Graça Nicoletti Mizukam, Dra. Maria de Fátima Ramos de Andrade, Dra. Marili Moreira da Silva Vieira, Dra. Mirian Celeste Ferreira Dias Martins, Dr. Paulo Fraga da Silva, Dra. Rosana Maria Pires Barbato Schwartz, Dra. Rosângela Patriota Ramos, Dra. Suzana Ramos Coutinho. Especial agradecimento aos caríssimos professores, Dr. Marcel Mendes e Dr. Marcelo Bueno, por vossa atenção e incentivo à pesquisa; Dr. Norberto Stori e Dr. Marcos Rizolli, pela entrevista do processo seletivo, e oportunidade. Às caríssimas secretárias Mariana Minguini Rodrigues e Dagmar Dollinger; aos colaboradores da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e colegas Mackenzistas. Às prezadas equipes, Biblioteca George Alexander e Secretaria Geral da PósGraduação. À comissão do Edital “150 anos Mackenzie”, e à Universidade Presbiteriana Mackenzie, pela bolsa de estudos concedida a partir de novembro de 2019, permitindo assim, a minha permanência no Mestrado até 2020. À banca de qualificação, pelas ilustrações e indicações do caminho a ser trilhado nesta pesquisa. Aos colaboradores da Biblioteca Mário de Andrade que de forma direta ou indireta, me auxiliaram nesta pesquisa; em especial à equipe da Hemeroteca- BMA. Aos queridos amigos, Valquíria Aparecida Gomes e Wilson Santana Silva; Anita F. Vasques e Eli Leão Catachunga; e caríssimos colegas da UPM. Gratidão ao meu companheiro Hélio, por sua confiança e amor, à minha irmã Luciana, aos meus pais Benê e Mário Lotto, aos meus sogros Fernanda e Hélio Lima..

(8) “May your choices reflect your hopes, not your fears” Nelson Mandela.

(9) RESUMO. A presente pesquisa busca compreender a importância das Bibliotecas Públicas brasileiras para o cidadão, em especial, a Biblioteca Mário de Andrade, cujo objetivo principal é trazer parte da historiografia, que permanece viva pelas histórias das quais se preservaram ao longo do tempo, e possibilitar a discussão sobre o papel das bibliotecas públicas como um espaço de apoio para a comunidade na contemporaneidade. Alguns dos autores que serviram de baliza são Hannah Arendt; Herman Reipert; Lillia M. Schwarcz; May B. Negrão; Pierre Nora, Roger Chartier e Milton Santos. Nota-se que a Seção Circulante recebe um maior número de visitantes por ano, e em julho, é o mês de maior público. Não obstante as mudanças públicas alterarem algumas normas da BMA, ela permanece um lugar democrático, que oferece ao visitante, desde periódicos até obras raras, como também, muita cultura e lazer. Apesar da BMA estar temporariamente fechada ao público, em tempos de pandemia, a biblioteca híbrida inova e promove uma agenda plena de atividades interessantes, relevantes para o momento atual; aproximando o público, mediante a inclusão da informação digital, com conteúdos culturais e socioeducativos para todos. Palavras-Chave: Biblioteca Mário de Andrade; bibliotecas públicas; história; acolhimento democrático; memória..

(10) ABSTRACT. This research seeks to understand the importance of Brazilian Public Libraries, in particular, the Mário de Andrade Library, whose main objective is to bring part of the historiography, which remains alive through the stories from which they have been preserved over time, and to enable the discussion about the role of public libraries as a support space for the contemporary community. Some of the authors who served as a goal are Hannah Arendt; Herman Reipert; Lillia M. Schwarcz; May B. Negrao; Pierre Nora, Roger Chartier and Milton Santos. It should be noted that the Circulating Section receives a greater number of visitors per year, and in July, become the largest audience. Despite the public changes altering some BMA rules, it remains a democratic place, offering visitors, from periodicals to rare works, as well as a lot of culture and leisure. Although BMA is temporarily closed to the public, in the pandemic times, the hybrid library innovates and promotes a full agenda of interesting activities, relevant to the current moment; bringing the public closer by including digital information, with cultural and socio-educational content for all. Keywords: Mário de Andrade Library; public libraries; history; democratic fortress; memory..

(11) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Figura 1_ BMA (2019). 18. Quadro 1_ Compartilhamento de recursos em bibliotecas híbridas. 65. Figura 2_ Mapa do Brasil e número de bibliotecas por Estados. 23. Quadro 2_ Integração de bens e serviços prestados em bibliotecas híbridas. 66. Figura 3_ População do Brasil (2020). 23. Figura 4_ Programa da UNESCO no Brasil (2013). 26. Figura 5_ Biblioteca de Alexandria (48 a. C.). 37. Figura 6_ Jean Miélot, escriba europeu em seu escritório. 39. Figura 7_ Scriptorium do Mosteiro São Salvador de Tábara (Espanha). 40. Figura 8_ As Mui Ricas Horas do Duque de Berry (1410). 41. Figura 9_ Exemplar da Bíblia de Gutemberg. 43. Figura 10_ São Jerônimo (Geoges da la Tour, século XVII). 44. Figura 11_ Sede da Primeira Biblioteca Pública (a partir de 1919). 53. Figura 12_ Adelpha de Figueiredo. 55. Figura 13_ Rubens Borba de Moraes. 56. Figura 14_ Sérgio Milliet. 57. Figura 15_ Antônio de Alcântara Machado. 58. Figura 16_ Mário de Andrade. 59. Figura 17_ Rua 25 de Março e Ladeira do Porto Geral (Século XIX). 71. Figura 18_ Rio Tamanduateí. 72. Figura 19_ Biblioteca Pública Municipal (1926). 76. Figura 20_ Ata da Inauguração. 77. Figura 21_ Impressões de Mário de Andrade. 79. Figura 22_ Ofício de Mário de Andrade. 80. Figura 23_ Projeto da Biblioteca Ambulante. 82. Figura 24_ Biblioteca Municipal (22 andares). 84. Figura 25_ Entrada Principal (Rua da Consolação). 84. Figura 26_ Coleção Circulante (1945). 85. Figura 27_ Sala de Estudos (1945). 85. Figura 28_ A conversa ao pé da Estátua (1953). 86. Figura 29_ Entrada Principal da BMA (Rua da Consolação). 88.

(12) Figura 30_ Edifício de 22 andares (BMA). 88. Figura 31_ Estrutura em Concreto Vibrado. 90. Figura 32_ Entrada principal (1945). 91. Figura 33_ Escadas em mármore. 91. Figura 34_ Hall da entrada principal. 91. Figura 35_ Design modernista. 91. Figura 36_ PARALER. 92. Figura 37_ PARALER (Rua da Consolação). 93. Figura 38_ Sala Circulante. 97. Figura 39_ Adesivo BMA 24 horas. 102. Figura 40_ Biblioteca Viva. 103. Figura 41_ #pessoasdamario. 103. Figura 42_ Adiamento dos eventos culturais. 104. Figura 43_ Equipamentos culturais fechado. 104. Figura 44_ Projeto Memória Oral. 105. Figura 45_ Sinopse-Mapa Afetivo-Exp. em relação a BMA- Ficha Técnica. 107. Figura 46_ BMA- Feliz Aniversário (95 anos). 111.

(13) LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS. Tabela 1_ Dados econômicos, demográficos e números de bibliotecas. 25. Gráfico 1_ Número de Visitantes por ano. 97. Tabela 2_ Relatório anual referente ao número de visitantes da BMA. 96. Gráfico 2_ Número de visitantes na Circulante (BMA). 98. Tabela 3_ Relatório dos meses de maior público da BMA. 99. Tabela 4_ Relatório dos meses de menor público da BMA. 99.

(14) LISTA DE SIGLAS. BN. Biblioteca Nacianal. BMA. Biblioteca Mário de Andrade. CGI. Comitê Gestor da Internet. DEA. Drug Enforcement Administration. DLLLB. Departamento do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. EUA. Estados Unidos da América. FBN. Fundação Biblioteca Nacional. FESP-SP. Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. IPAC. Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. HIV. Vírus da Imunodeficiência Humana (da sigla em inglês). IDH. Índice de Desenvolvimento Humano. INL. Instituto Nacional do Livro. IFLA. International Federation of Library Association and Institutions. MinC. Ministério da Cultura. PNDA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. PNE. Pessoa com Necessidade Especial. PNLL. Plano Nacional do Livro e da Leitura. PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. PROLER. Programa Nacional de Incentivo à Leitura. SARS-CoV-2. Coronavírus. SEBPs. Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas. SEC. Secretaria da Economia Criativa. SECULT. Secretaria Especial da Cultura. SIsEB. Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas de São Paulo. SNBP. Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. SPLAN. Supervisão de Planejamento. TIC. Tecnologia da Informação e Comunicação. UBL. Unidade de Bibliotecas e Leitura. UDBL. Unidade de Difusão, Bibliotecas e Leitura. UNESCO. Org. das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura..

(15) SUMÁRIO INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 16. CAPÍTULO 1. BIBLIOTECAS PÚBLICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 20. 1.1 UMA VIAGEM NO TEMPO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 33. 1.2 A ORIGEM DAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS NO BRASIL. . . . . . . . . . . . . . . .. 47. 1.2.1 A Primeira Biblioteca Pública Brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 53. 1.2.2 O Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 61. 1.3 A BIBLIOTECA NA CONTEMPORANEIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 63. CAPÍTULO 2. BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 70. 2. 1 HISTÓRIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 2. 2 ARQUITETURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 2. 3 ESTRUTURA E ACERVO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 94. 2.3.1 Dados Estatísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 96. 2.4 PROJETOS CULTURAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 CONSIDERAÇÕES FINAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 108. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 113. ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119.

(16) 16. INTRODUÇÃO. A Biblioteca, é um sistema constituído por pessoas, coleções, equipamentos, mobiliários e serviços; cada elemento do sistema precisa atuar de maneira convergente para que todos os usuários, visitantes e colaboradores da biblioteca, adquiram um excelente aproveitamento. A sua localização, suas boas condições de uso, e a ordem dos materiais, são definitivos para que o sistema funcione apropriadamente. “A informação é o principal fator de interação entre a biblioteca pública e a comunidade e, é difusa da informação que propicia o enriquecimento da comunidade” (SUAIDEN, 1995, p. 16). A História das Bibliotecas no ocidente é indissociável da história da cultura, e do pensamento; não só como lugar de memória, no qual se depositam os estratos das inscrições deixadas pelas gerações passadas, mas também como espaço dialético, no qual cada etapa dessa história se negociam os limites, e as funções da tradição; as fronteiras do dizível, do legível e do pensável; a continuidade das genealogias e das escolas; a natureza cumulativa dos campos do saber, ou as suas fraturas internas e as suas reconstruções (JACOB, 2000, p. 11). Para Lefebvre a cidade constituiria a “ordem próxima”, enquanto o urbano se expunha ao que chamaríamos de uma “ordem distante”. Nesta dimensão, se revelaria o processo de generalização da urbanização, e da formação de uma sociedade cosmopolita; enquanto possibilidade posta no horizonte, capaz de dominar a autenticidade civilizada dividida, como é vivenciada nos dias atuais (CARLOS, 2007, p. 12). Podemos compreender melhor a problemática dos lugares, entre a Memória e a História, entendendo o autor Pierre Nora (2012), quando retoma uma expressão da retórica, e da mnemótica da Antiguidade, cuja referência de “lugares de memória” é usada para chamá-los de partes simbólicas, testemunhos de tempos esquecidos, em que a oscilação cada vez mais rápida do passado inexistente promove a percepção global, de algo como desaparecida, surgindo uma ruptura de equilíbrio. Esta pesquisa busca compreender a importância das Bibliotecas Públicas brasileiras ao cidadão, em especial, a Biblioteca Mário de Andrade ; cujo objetivo principal é trazer parte da historiografia, que se mantém viva, pelas histórias que se preservaram ao longo do tempo, e repensar sobre o papel das bibliotecas públicas como um espaço de apoio para a comunidade, mostrando que o local físico não se sustenta somente em consideração a uma infraestrutura para abrigar os livros, mas também, para.

(17) 17. promover o encontro entre as diversidades de pessoas, culturas e histórias, mesmo que esse encontro esteja, atualmente, disponível somente por meios tecnológicos. A história biográfica e anedótica é a menos explicativa, mas a mais rica do ponto de vista da informação, já que considera indivíduos nas suas particularidades e detalha, para cada um deles, as nuances do caráter, a sinuosidade de seus motivos, as etapas de sua deliberação (VEYNE, 1998, p. 26).. Visto que a memória tradicional desaparece com o passar do tempo, nós nos sentimos obrigados a acumular os vestígios dos testemunhos ao longa da vida, mantendo as histórias vivas; cujos documentos, as imagens seletivas, e os discursos, são sinais visíveis desse dossiê cada vez mais prolífero, tornando-se uma prova intensa dos acúmulos de relevantes ocorrências da nossa própria história; relacionando-o também, com as experiências das outras pessoas. Podemos observar que as experiências referentes à memória e à pressão do grupo sobre o indivíduo encontra-se determinado, em grande medida, pelo que é socialmente aceito como real... Logo, a “realidade” não é absoluta. Ela difere de acordo com o grupo a que o indivíduo pertence [...]. Assim, em cada época de cada sociedade, há uma hierarquia dos objetos de estudo legítimos que consegue impor-se de maneira tanto a mais total, por não haver a necessidade de ser explicitada uma vez que ela aparece como se estivesse depositada nos instrumentos de pensamento que os indivíduos recebem no curso de sua aprendizagem intelectual (LEWIN, Kurt in BORDIEU, 1982, p.212).. A BMA traz a sua história-memória (memória arquivo), que nos presenteia com a sua historiografia relevante para o país, e se mantém viva, também, por sua história do dia a dia, promovida pelos seus inúmeros visitantes que por ela percorrem, seja este caminho nos corredores dos andares repletos de estantes com livros de diversos gêneros literários; ou até mesmo vivenciando a materialização desta memória dinâmica (aqui agora), e arquivo do momento. Não percebemos que a todo o momento a memória é ativada como palavra de significado que remete sempre à algum fato que já ocorreu, ou seja, do passado remoto ou recente. A distância pressupõe memória; o objeto, que neste caso poderá ser descrito como, por exemplo, um livro, pressupõe o “sujeito”; e a interação entre o objeto e o observador promove o registro físico, ou imaterial deste momento, visando sistematizar a compreensão deste indivíduo, e nomear qual é o tipo de função “real” da BMA exercida em nossas vidas..

(18) 18. Com isso, a BMA (Figura 1) torna-se o objeto desta memória coletiva, mas talvez seja interessante, ou até mesmo significativo lembrar que, a palavra memória, tem como sinônimos algumas das seguintes palavras: lembrança e recordação; relembrança; e rememoração. 2_ BMA (2019). Fonte: o autor (2019). Recordar (memória) sempre nos remete `a compreensão de sentido de tempo no passado, e aos nossos sentidos neste tempo; saber que eu estou no presente, facilita agir. A proposta metodológica é bibliográfica, feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos ou eletrônicos; livros, artigos científicos, páginas de web sites; e documental, que recorre `as fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas,.

(19) 19. jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas etc. (GERHARD; SILVEIRA, ,2009 p. 37). Algumas histórias das quais são mantidas vivas, tornam-se fundamentais para o percurso desta pesquisa, porque promoverá a compreensão dos fatos que existiram e fizeram a transformação no tempo e no espaço; desta maneira, ao manter viva a história da cultura brasileira, a BMA é um espaço vivo para a contemporaneidade. “A morfologia, que serve para a realização da função na prática social, revela uma história em que o tempo que se concretiza, e no uso produz a identidade, materializandose na memória” (CARLOS, 2007, p. 61). Para compreender e apreciar o momento presente; averiguando as hipóteses, os objetivos, e problemas de forma atenta, respeitaremos o método qualitativo indutivo (BIKLEN; BOGDAN, 1989). [...] o desenvolvimento do processo de reprodução da sociedade produz, concomitante às novas formas de relações sociais, um novo espaço e uma nova relação entre este e a sociedade através das transformações nos modos de apropriação do espaço – passíveis de serem lidas nas mudanças dos usos e sentidos dos lugares de realização da vida. A aceitação das novas condições de existência a partir da constituição de uma rotina altamente organizada da vida, transforma radicalmente a sociabilidade, empobrecendo as relações sociais na medida em que as relações entre as pessoas passam a ser substituídas por relações mediadas pela mercadoria. Tal situação coloca-nos diante de redefinições importantes na articulação entre o lugar da realização da vida – da identidade criada entre as pessoas no lugar – e do cotidiano onde a vida ganha dimensão real (CARLOS, 2007, p. 43).. Devido às circunstâncias, poderá estabelecer as relações entre as pessoas e a cidade, é por isso que no espaço se lê a continuidade da história enquanto existência, bem como as mudanças que se manifestam e se exprimem em diferentes funções (que permanecem ou se transformam). “Os modos de produção tornam-se concretos sobre uma base territorial historicamente determinada. Deste ponto de vista, as formas espaciais seriam uma linguagem dos modos de produção. Daí, na sua determinação geográfica, serem eles seletivos, reforçando dessa maneira a especificidade dos lugares” (SANTOS, 1977, p.87)..

(20) 20. CAPÍTULO 1. AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS "A vida das bibliotecas reflete tanto o progresso quanto as crises econômicas e sociais do meio em que se encontra" (FONSECA, 1954 in NEGRÃO, 1979 p. 205).. É impraticável ter um modelo original, exclusivo e exemplar, de biblioteca pública, que possa ser utilizada como um conceito único, e acolhida integralmente por todos. Ela é um local de informação, na qual disponibiliza aos usuários, todo o tipo de conhecimento possível. Conceituada como uma instituição pública que agrega e organiza inúmeras coleções de documentos, também tem como propósito, divulgar e disponibilizar esses materiais para o público em geral (ARAÚJO, FRANCELIN, 2016, P. 47); e os seus serviços baseiam-se na igualdade de acesso para todos, cujas propostas são um reflexo das pressuposições governamentais da época, e das inferências sociais presentes na contemporaneidade. De fato, os ajustes são feitos de acordo com a compreensão das necessidades das diversidades culturais existentes, e das inúmeras demandas da população, mas também pelas diferentes categorias de origem, financiamento e performance das bibliotecas chamadas de públicas. A Biblioteca Pública, segundo Suaiden (1995, p.22), “é o principal meio de dar a todo mundo, livre acesso à soma de informações, conhecimentos e das ideias do homem às criações de sua imaginação”. A instituição das Bibliotecas Públicas é uma das mais importantes ações que o progresso humanitário tem realizado com o fim de promover o desenvolvimento da inteligência, facilitando os meios de instruções `as populações, que nelas vão encontrar todos os instrumentos de que carecem para o seu aperfeiçoamento intelectual (MUNIZ, 1878, p. 10).. Elas podem ser de origem estatal, criadas e sustentadas pelo Estado, em seus diversos níveis territoriais; outras possuem um caráter misto ou privadas e, também, conseguimos encontrar as de iniciativas comunitárias. As doze missões-chaves, organizadas pela IFLA (1994), em parceria com a UNESCO, foram criadas com o objetivo de promover o desenvolvimento das diferentes áreas do conhecimento, para fortalecer o hábito da leitura, a auto-formação educacional,.

(21) 21. em que abrange tanto o nível de ensino formal e informal1; e procurar sustentar a tradição oral e a busca, por disponibilizar informações aos usuários, para responder às necessidades de informação envolvidas ao seu dia a dia. Também, destacam-se algumas funções face às mudanças decorrentes da absorção de novas tecnologias na área da informação, e que apontam em nosso cotidiano: agente essencial na promoção e salvaguarda da democracia, através do livre acesso a todo tipo de informação proporcionando, desta forma, matéria de reflexão para a geração do verdadeiro conhecimento; instituição de apoio à educação e formação do cidadão em todos os níveis, através da promoção e incentivo à leitura e à formação do leitor crítico e seletivo capaz de usar a informação como instrumento de crescimento pessoal e transformação social; centro local de tecnologias da informação, através do acesso às novas tecnologias da informação e da comunicação, familiarizando os cidadãos com o seu uso; instituição cultural, através da promoção do acesso à cultura e do fortalecimento da identidade cultural da comunidade local e nacional (SNBP, 2010).. Além disso, é comum esbarrar em modelos de funcionamento que mesclem as bibliotecas de origem estatal, administradas pelo setor privado, e as bibliotecas comunitárias apoiadas pelo Estado. Segundo o pesquisador Antônio Miranda (1978, p. 69), nenhuma biblioteca é igual a outra; podemos compreender que, em linhas gerais, os objetivos que inspirariam as bibliotecas públicas em suas missões, seriam promover o idioma nacional, fornecer publicações oficiais, fornecer livros e outros materiais para o estudante; apoiar a alfabetização; ser depositária do acervo da inteligência e da história local; e fornecer serviços de informação técnica e comercial. “É também um ponto de encontro para a comunidade debater sua participação econômica e política, e onde se oferecem informações práticas para a população” (SUAIDEN, 1995, p. 23). São principalmente, instituições que prestam serviços `a comunidade, e buscam colaborar com a execução de pesquisas bibliográficas e difusão de seu acervo. O livre acesso ao conhecimento registrado é pré-requisito para a formação de comunidades autoconscientes, integradas na cultura de sua nação, ajustadas ao seu tempo e aptas a encontrar o equilíbrio na síntese das ideologias possíveis, que tornam tão variadas as opções de vida na sociedade contemporânea (SUAIDEN, 1980, p. 2). 1. Ensino formal é a maneira institucionalizada e estruturada de aprendizagem escolar. O informal procede através dos conhecimentos adquiridos na vivência cotidiana (lar, emprego, viagens, lazer) (ARAÚJO, FRANCELIN, 2016, P. 47)..

(22) 22. O caráter público não é deliberado pela submissão institucional das bibliotecas ou por seu financiamento, mas pela observância de um conjunto de circunstâncias, características, e missões pelas quais se chamam de públicas. São um serviço público; seus serviços são gratuitos; atendem todo o tipo de usuários e grupos etários [...] inclui aqueles que são tradicionalmente marginalizados do acesso à cultura escrita; oferecem igualdade de oportunidades à cultura, à informação e ao conhecimento; atendem às necessidades locais e enfatizam o conhecimento e a interpretação do entorno; vão além de suas fronteiras em busca do leitor e usuário em potencial; planejam e oferecem serviços para diferentes segmentos da população; oferecem serviços múltiplos e representativos da diversidade cultural e linguística; conhecem a comunidade, suas características e necessidades e, em função delas, oferecem seus serviços coleções e programas; estão articuladas com outras instituições da comunidade e são reconhecidas como um dos principais lugares para acesso à informação, leitura e conhecimento; estão comprometidas com a educação permanente e as diferentes etapas da vida; tem variedade de coleções que respondem `a diversidade de interesses e leitores [...] (RODRÍGUEZ, 2013, p. 12, 13).. As bibliotecas públicas são instituições democráticas2 que desejam manter um potencial de modificação social propulsivo; também permitem que os indivíduos possam aprender novas competências, evoluírem suas capacidades, das quais os transformarão em cidadãos conscientes; e se tornam territórios de experiências vivenciadas de maneiras individuais e coletivas. Jean Gottmann (2012, p. 523) afirma que “território é uma porção do espaço geográfico que coincide com a extensão espacial da jurisdição de um governo. Ele é recipiente físico e o suporte do corpo político organizado sob uma estrutura de governo [...] podemos, portanto, considerar o território como uma conexão ideal entre espaço e política”. Por ser um espaço social, aspira-se que suas dinâmicas possam estender intramuros, nas quais são realizadas dentro das bibliotecas públicas (ex. oficinas, mediação de leituras etc.); e extramuros, cujas atividades ocupam os espaços determinados onde se designa uma coleção de materiais (ex. bosques de leitura, ônibusbiblioteca) (ARAÚJO, FRANCELIN, 2016, P. 47-48); auxiliando sobretudo, na propagação do domínio público do conhecimento e da informação, independente do benefício e do serviço executado em prol da comunidade. 2. (do Greco) demos (povo), kratos (poder). Em geral, democracia é a prática política de dissolução, de alguma maneira, do poder e das decisões políticas em meio aos cidadãos. Os gregos antigos criaram a ideia de cidadania (direitos e deveres do indivíduo habitante), que se estendia àquele que é considerado cidadão e poderia, portanto, exercer o seu poder de participar da política da cidade..

(23) 23. A Comunidade é uma área de vida dotada de certo grau de coesão social; cujas bases são, a localidade e consciência de si mesma, porque ocupa sempre uma área territorial, geralmente extraindo um forte laço de solidariedade; e é o lugar onde compartilham a vida e a terra em comum (SUAIDEN, 1995, p. 13); As bibliotecas públicas brasileiras, segundo a pesquisa de Silva e Sabbag (2019), estão gradativamente mais longes da realidade das comunidades em seu entorno, e da era digital. Esses distanciamentos colocaram as bibliotecas públicas, em muitos dos estados brasileiros, como lugares por vezes esquecidos pela sociedade e negligenciados pelo poder público [...] A pesquisa teve caráter descritivo com abordagem quantitativa a partir da aplicação de questionário nas bibliotecas públicas cadastradas no SNBP e com o objetivo de tentar diagnosticar a situação atual delas. Os resultados demonstram que mais da metade (54%) dos responsáveis pela biblioteca não tem formação na área de Biblioteconomia, quase metade (44%) contam com apenas um funcionário, impossibilitando o desenvolvimento de diversas atividades na unidade. Cerca de 64% tiveram seu espaço adaptado para ser uma biblioteca, tal dado representa uma barreira para o usuário em potencial pela falta de acessibilidade ao prédio (SILVA; SAGGAB, 2019). Figura 2_ Mapa do Brasil. Figura 3_ Número de bibliotecas por Estados. Fonte: SNBP (2020). Podemos verificar que, na região sudeste, há uma concentração bem maior de bibliotecas públicas, um número aproximado de 1.957 unidades, em comparação `as outras regiões do país (Figura 2); a região norte, com apenas 462 unidades, e permanece com um número bem abaixo..

(24) 24. Com o intuito de apoiar o desenvolvimento das políticas culturais nacionais voltadas para bibliotecas públicas municipais e estaduais, o SNBP, em 2015, realizou o levantamento dos dados desses equipamentos culturais. Verificamos que existem cerca de 6.057 Bibliotecas Públicas Brasileiras, para 211.601.325 milhões de habitantes (IBGE, 3 de junho de 2020). O Sudeste é a região que possui o maior número de bibliotecas públicas, com 1.957; Nordeste possui 1.844; a região Sul 1.293; no centro-Oeste encontramos 501; e na região Norte há 462 bibliotecas públicas SNBP (2020). Já, no Estado de São Paulo, temos 855 instituições disponíveis ao público; deste modo, só na capital e região metropolitana de São Paulo, apresenta um número de 115 bibliotecas públicas em funcionamento, para uma população estimada de 12.252.023 pessoas (IBGE, 2010). A Biblioteca Mário de Andrade, uma das principais bibliotecas do país; fundada no ano de 1925, localiza-se na cidade de São Paulo. Segundo Herman José Reipert (1972,p. 63) , o primeiro relatório de frequência da biblioteca relatam os seguintes dados: dos 90 % do público frequentador da BMA, eram estudantes; depois, em ordem decrescente: professores; comerciantes; bancários; contadores; funcionários públicos; engenheiros; diversos; havia 536 servidores públicos (com tipos de contratos distintos); a média de leitores por dia era de 1.482 pessoas; e eram consultados cerca de quase 64 mil livros por ano. A Coordenadora Geral do SNBP/ FBN, Ilce G. M. Cavalcanti, descreve que os serviços da biblioteca pública devem ser oferecidos com base na igualdade de acesso para todos, sem distinção de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou condição social. É preciso, todavia, ter em mente que tanto a bibliografia especializada como a experiência apontam para a necessidade urgente do aprimoramento e atualização constante dos profissionais que atuam nas Bibliotecas Públicas a fim de que os serviços e produtos disponibilizados aos usuários cheguem com qualidade e em tempo hábil para atender as suas necessidades de informação e propiciar que as metas de desenvolvimento do indivíduo e da comunidade sejam alcançados (SNPB, 2010).. Entretanto, as incontáveis mudanças “sociais, políticas, econômicas, culturais e informacionais ocorridas nas últimas décadas, principalmente no Brasil, acarretaram muitos problemas e indefinições para os estudos em Bibliotecas Públicas” (ACHILLES; SILVA, 2019)..

(25) 25. Portanto, essa inquietação pode ser causada pela observância da ausência de apoio, e ressonância social que as bibliotecas públicas brasileiras vêm tolerando na contemporaneidade. Se fizermos uma breve comparação entre o Brasil e os Estados Unidos, observamos (Tabela 1) que o Brasil, apesar de tudo, tenta manter as suas bibliotecas públicas vivas, mesmo com a situação econômica desfavorável. Tabela 1_ Dados econômicos, demográficos e números de bibliotecas (Brasil; EUA) Brasil. EUA. 0,761. 0,92. 79º. Lugar (2019). 15º. Lugar (2019). 8.510.820,623 km 2. 9.834.000 km 2. 211,6 milhões. 328,2 milhões. 11,90% (Jan/2020_ IBGE). 4,40% (Mar/2020). Salário Mínimo (2020). R$ 1.045,00. R$ 4.964,80. Número de Bibliotecas Públicas. 6.057 (2020). 9.057 (2017). IDH. Área Territorial População Estimada (2020) Taxa de Desemprego. Fonte: o autor (2020). Como suporte para vencer esses obstáculos, a UNESCO3, em 2013, incorporou em sua agenda, um programa específico para o Brasil, que aborda alguns pontos fundamentais para transformar vidas através da educação e sustentabilidade. A nosso sociedade necessita de um cuidado especial, um olhar carinhoso para os problemas sociais que surgem a cada momento; e acreditamos que a educação é o melhor caminho para que jovens possam se engajar na sociedade com uma visão de mundo apropriada, e pela base de conhecimento adquirido anteriormente, poderá enfrentar o mundo mais adequadamente.. 3. A UNESCO é a agência das Nações Unidas que atua em diversas áreas do saber. Foi fundada em 16 de novembro de 1945, tendo como prioridades a defesa de uma educação de qualidade para todos, e a promoção do desenvolvimento humano e social..

(26) 26. Ao elaborarem o “Programa da UNESCO no Brasil 2013”, ele foi dividido em quatro partes: Análise da situação (ANEXO I); Cooperação passado e presente (lições aprendidas); Cenário proposto de cooperação; e Parcerias em que buscam direcionar aos diferentes setores e categorias da Educação; Ciências Naturais, Humanas e Sociais; à Cultura, à Comunicação e à Informação; fronecendo o suporte aos envolvidos (alunos , professores, pesquisadores etc. Figura 4_ Programa da UNESCO no Brasil (2013- 2015). Fonte: em https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000224265. .. Este programa (Figura 4) apresenta quatro metas principais: desenvolvimento das estratégias descritas no programa; metas a serem alcançadas (médio prazo); resultados esperados; e por fim, os desafios. A sua meta de desenvolvimento apresentada para a educação, descreve que “todos os cidadãos brasileiros têm o direito fundamental `a educação de qualidade garantida pelo Estado ao longo de suas vidas”. Mas, mesmo com tantas dificuldades administrativas e políticas, essa meta, importantíssima, deve ser observada pelas autoridades competentes do governo, e dos municípios do país, com a função de demonstrar que, cada indivíduo necessita ter acesso à educação, e é de seu total direito. Pois, está descrita na nossa.

(27) 27. Constituição (ANEXO II )4;e certamente, com um desenvolvimento educacional de maneira igualitária e bastante significativa, trará benefícios futuros, para este indivíduo em sociedade, promovendo também sua auto-estima e trazendo conhecimentos importantes para se tornar um cidadão mais atuante e mais presente em sua comunidade. Os objetivos determinados pela Unesco, médio prazo, se resumem em três: Governança educacional aprimorada por meio de ações para promover a eficácia, a transparência e a participação dos processos educacionais. Equidade ampliada nas condições de acesso e nos resultados do sistema educacional brasileiro Qualidade fortalecida dos processos educacionais para o desenvolvimento da aprendizagem (UNESCO, 2013, p. 13).. Alguns resultados são esperados; um dos principais deles seria a possibilidade de manter possíveis estratégias para alcançar a igualdade de acesso, sem perder a qualidade do aprendizado, e assim, garantir, obtenção à educação, em todos os níveis de ensino fundamental, médio e ensino superior. Equidade no acesso e qualidade da aprendizagem garantidos em todos os níveis da educação (educação básica e superior); Políticas de alfabetização na idade certa, assim como alfabetização de jovens adultos fortalecidas, garantindo a melhoria na eficiência e continuidade dos programas e ações; Capacidades nacionais em prol da formação e valorização dos docentes fortalecidas; Ferramentas de gestão, de planejamento e de avaliação consolidadas tendo como objetivo a melhoria na eficácia dos recursos aplicados na educação e nos resultados na aprendizagem; Políticas públicas consolidadas em prol da eficiência do sistema educacional brasileiro, levando em consideração o pacto federativo e as diretrizes do PNE, nas três esferas: municipal, estadual e federal; Educação técnica e vocacional (ou profissional) fortalecida e articulada com o ensino fundamental e médio. Princípios de educação ao longo da vida reconhecidos e fortalecidos.; Políticas públicas sobre educação preventiva de HIV/Aids implementadas nas escolas, tanto no âmbito da educação formal, quanto no que se refere a políticas especiais de educação preventiva de HIV/Aids, adaptadas à linguagem do público-alvo, às especificidades culturais e religiosas, assim como a promoção de valores e práticas relativos à saúde, de modo geral; Diretrizes curriculares da educação das relações étnico-raciais aplicadas nos sistemas de ensino. Educação para o desenvolvimento sustentável aprimorada. Políticas educacionais para a juventude revisadas e fortalecidas (UNESCO, 2013, p. 14). Os desafios para este programa são diversos, e buscam basicamente aprimorar a qualidade do ensino; ampliar o acesso à educação infantil de qualidade; introdução universal à educação para todos sem distinção; extinguir a exclusão escolar e, por meio desta educação de base, aprender a conviver com as diferenças, adquirindo o conhecimento dos direitos humanos (UNESCO, 2013, p.14; 15). 4. Título VIII. Da Ordem Social. Capítulo III. Da Educação, da Cultura e do Desporto. Seção I. Da Educação. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho..

(28) 28. O programa também promove diversas ações para garantir o acesso universal à informação pública, e procura manter a transparência, o exercício da cidadania, buscando alcançar a consolidação das bibliotecas e políticas nacionais de arquivos, “com foco na melhoria da gestão de documentos e de arquivos públicos e na democratização do acesso à informação pública” (UNESCO, 2013,p. 20). Percebemos que “as bibliotecas públicas nos países desenvolvidos são as responsáveis, em grande parte, pela formação de hábitos de leitura na comunidade, e a principal fonte de estímulo para o desenvolvimento da indústria editorial” (SUAIDEN, 1995, p. 20). Infelizmente, no Brasil, a discrepância entre a educação privada e pública, em termos de liberdade de acesso às informações e conhecimentos para obtê-las, é desmedida; o acesso as informações estão desproporcionalmente distribuídos; ou seja, um terço dos domicílios brasileiros não possuem acesso à internet. A tese de uma educação internacional já existia deste 1899, quando foi fundado, em Bruxelas, o Bureau Internacional de Novas Escolas, por iniciativa do educador Adolphe Ferrière; como resultado atual, existe uma grande uniformidade nos sistemas de ensino, em quepraticamente todos os sistemas educacionais, contam com uma estrutura básica muito parecida. No final do século XX, o fenômeno da globalização concedeu um novo impulso à ideia de uma educação igual para todos, agora não como princípio de justiça social, mas apenas como parâmetro curricular comum (GADOTTI,2000, p. 4; 5). Mais de um terço dos domicílios brasileiros ainda não têm nenhuma forma de acesso à internet; segundo a pesquisa TIC Domicílios 2017 (MELLO, 2018), cerca de 27 milhões de residências desconectadas, enquanto outras 42,1 milhões acessam a rede via banda larga ou dispositivos móveis. O índice de residências sem acesso é ainda maior nas classes D e E, é de 70%; na classe A, 99% dos domicílios têm alguma forma de acesso, na classe B, 93% e na classe C, 69%. A globalização, o mundo da modernidade líquida, desestimula o espaço físico como fator importante para os encontros, esses, sendo “interindividuais ou corporativos sem coordenadas espaciais, não levarão ao estabelecimento de práticas que sejam sustentáveis e inclusivas” (KUIPER, 2019, p. 286)..

(29) 29. Talvez, por este percurso, a tendência é de que as pessoas se afastem fisicamente das bibliotecas públicas, quando elas não oferecerem algo, além de seu acervo5. A própria sociedade apreende o lugar do caos que a globalização continua movendo, onde o “desenvolvimento” dá lugar ao progresso; a ordem cronológica dos fatos, troca de lugar com a importância da história; e, o acaso, se apropria da lógica. Pois, apesar da essência da sobrevivência ser conservadora, segundo Bauman (2011, p. 63) descreve, certamente que os princípios serão sempre, de certa forma, necessários para a sagacidade sair do controle. O Brasil figura na 79ª. posição (2019), com um IDH de 7,61; ou seja, em uma sociedade em que se vive mais e se passa mais tempo na escola, há um melhor ambiente em relação aos lugares com menor expectativa de vida e escolaridade. Contudo, isso não representa, necessariamente, condições para o desenvolvimento humano, como o índice espera mensurar. As baixas condições de saúde e educação oferecidas pelos países com os menores indicadores de desenvolvimento humano contrapõem-se aos elevados números obtidos pelos países mais desenvolvidos do globo. Assim, pode-se concluir que ainda que o IDH se proponha a fazer uma avaliação com um menor peso do critério econômico, este se mostra cada vez mais determinante na definição de seus indicadores (MOTA, 2019).. O IDH baseia-se em três principais indicadores: a Educação (quantidade média de anos de estudo de uma população); a Saúde (taxa de expectativa e vida); e a Renda (medese o valor médio do rendimento dos cidadãos com base na média do PIB6. O PIB per capita Brasil, divulgado em 2017, foi de R$ 31.833,50; taxa acumulada em 4 trimestres, e 1,1%; quarto trimestre (2019) (IBGE, 2020). A importância desses indicadores é a abrangência das quais eles possuem, pois, de modo geral, todos os cidadãos de qualquer país e em alguma medida, são alcançados por uma dessas variáveis. Nas palavras do filósofo e Político James Skillen: A ordem política realiza uma função de integração pública e não meramente uma função de diferenciação política para indivíduos e instituições na sociedade. Por isso, uma ordem política é uma comunidade, uma comunidade política...A obrigação do governo é guardar os “comuns”, e defender a comunidade (SKILLEN, 1990, p. 206 in KUIPER, 2019 p. 229).. 5 Esta pesquisa descreve sobre o quanto diminuiu, de 2016 para 2018, o número de visitantes na Seção Circulante da BMA (Gráfico 2, p. 96). 6. O PIB é a soma de toda a riqueza produzida por um país em determinado período (normalmente anual) dividida pelo número de habitantes ); sendo que o PIB per capita (Brasil -2017) foi de R$ 31.833,50; PIB (taxa acumulada em 4 trimestres) 1,1%; quarto trimestre: 2019) (IBGE, 2020).

(30) 30. Apesar de todo esse cuidado, “o problema atual é que se tornou difícil estabelecer e manter a rede cotidiana das conexões sociais necessárias. A sociedade pós-moderna se transformou num mundo desregulado” (KUIPER, 2019, p. 19). Segundo Gilberto Dupas (2007), o progresso, promovido pela globalização, traz também a “exclusão, a concentração de renda, o subdesenvolvimento e graves danos ambientais, agredindo e restringindo direitos humanos essenciais; no fundo o progresso é uma utopia, e não se confirma no sentido pleno. As tecnologias alteram espaço e tempo, “você pode entrar em contato com alguém em qualquer lugar e circunstâncias, mas relacionar-se com os outros implica dedicar tempo e espaço específicos a isso. É paradoxal, as redes sociais estão destruindo as relações sociais” (AUGÈ, 2019); em que as notícias falsas, mais popularmente descritas com o termo em inglês: Fake News; contribuem, perigosamente, para alimentar a sociedade da informação, com dados prejudiciais, principalmente no momento atual, em que parte da população está assustada com o número de mortos pela Covid, e buscam qualquer saída para a cura. Em outra pesquisa, desta vez, divulgada pelo IBGE (2017), descreve que 46% da população brasileira possui computador ou tablete em casa; 74,9% possuem acesso à internet; 93,20% celulares; e 96,7% possuem televisores. Os Cientistas Sociais falam sobre a desintegração social, e a respeito de uma sociedade individualizada; promovendo uma suposta desmoralização da cultura, e desvalorização das práticas sociais genuínas (KUIPER, 2019, p. 8; 32). Marc Augè (2012), antropólogo francês, emprega o termo “não lugar”, como lugares de passagem, cuja ligação com o indivíduo não é estruturada, e `as transformações pelas quais a sociedade atual passou, decorrente do processo de globalização, em que diminuiu as distâncias, e acelerou os deslocamentos, consequentemente, modificando a nossa relação com o tempo e com o outro, ele chama “não lugar” que surge em certa oposição ao “lugar antropológico”. Augè caracteriza o lugar antropológico como lugar simbólico por si, identitário, relacional e histórico [...] A relação entre o sujeito e o lugar antropológico não necessita de mediação simbólica, o próprio lugar já é reconhecido por aqueles que o vivenciam (AUGÈ, 2012 apud ACHILLES, 2019). Nessa perspectiva, ele destaca que há um esvaziamento de sentido, no qual reflete a não construção de relação entre as partes; e o processo de construção histórica é mínimo..

(31) 31. Consequentemente, se estabelece, aqui, uma relação não identitária em decorrência do sujeito e lugar, não participarem de uma narrativa comum. Portanto, os elementos simbólicos representativos do lugar, e da sua condição, não são acolhidos; visto que não há entre os grupos sociais, a frequência adequada que faça o relato de substituição das experiências individuais e coletivas. Segundo as pesquisadoras, Achilles e Silva (2019) é relevante explicar que a classificação de um lugar em antropológico, ou em um não lugar, é determinada perante a “conexão construída com o indivíduo que a vivência, diante do seu modo de apropriação. Na relação das práticas sociais que ali são estabelecidas; os vínculos sentimentais, sociais, psicológicos ou históricos que irão construir a caracterização dessa relação”. Na opinião de Bauman (2005, p. 56), fazer da “identidade” uma tarefa, e o objetivo do trabalho de toda uma vida, em relação a incumbência e estados da era pré-moderna, tornou-se uma realização de “libertação”; e nos alerta sobre a acelerada “liquefação” das estruturas e instituições sociais. Portanto, não há mais a crença de que a “sociedade” seja um mediador das experiências e erros do homem, de quem se espera ser íntegro e pleno de convicções. As Bibliotecas Públicas Brasileiras, instituições do Estado, cuidam também do vínculo de comunidades naturais (famílias e parentescos) e algumas delas, promovem uma agenda cultural vasta e comprometida em divulgar e acolher artistas das artes plásticas, literatura, música, dança; que é o caso da Biblioteca Mário de Andrade; mas a BMA é uma das raridades no país. O conhecimento é o grande capital da humanidade. Não é apenas o capital da transacional que precisa dele para a inovação tecnológica. Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. Esta é a função de instituições que se dedicam ao conhecimento apoiado nos avanços tecnológicos (GADOTTI,2000, p. 8).. A função de informar, muitas vezes não é democrática, na vida real, as experiências promovidas pelas bibliotecas públicas brasileiras não ocorrem de forma homogênea; sendo a política, o bem comum para poucos. Infelizmente, o Brasil precisa desenvolver melhor suas políticas públicas, voltadas ao acesso da informação e mantendo um apoio fundamental, ao priorizar às suas bibliotecas públicas..

(32) 32 O resultado desse descaso de décadas é o atual panorama de bibliotecas vistas como repartições municipais de pouco e decrescente uso. Elas, nominalmente, existem em quase todos os municípios brasileiros. No entanto, a maioria delas não se vincula às atividades culturais e nem mesmo à informação. A tendência é que se extingam [...] (MILANESI, 2013, p. 66).. Campello (1998,p. 35) descreve que a expressão “informação utilitária”7 tem sido usada por bibliotecários brasileiros para instituir as informações de indicação prática, que assessorem na resposta de problemas que regularmente aparecem no dia a dia dos indivíduos, desde os mais banais até os mais complicados, afetando, por exemplo, assuntos ligados à educação, saúde, emprego, segurança pública, direitos humanos e outros. Na esfera das bibliotecas, este tipo de informação foi inicialmente suprido pelos chamados “serviços de informação para a comunidade” (community information services); que se ampliaram, sobretudo, em alguns países da Europa, e nos Estados Unidos, sob a influência do Manifesto da Unesco, lançado em 1949, e foi revisto na década de 70 (ANEXO III) para as Bibliotecas Públicas. Ressaltava, dentre outros pontos, a necessidade de que as bibliotecas públicas implantassem serviços voltados para todos os membros da comunidade - sem distinção de raça, cor, nacionalidade, idade, sexo, religião, língua, situação social ou nível de instrução - para serem utilizados livremente e em igualdade de condições por todos os cidadãos [...] Implicitamente, o Manifesto sugeria que as bibliotecas públicas abandonassem sua postura tradicional, de servir exclusivamente à população que domina a leitura (e que utiliza, principalmente, a informação registrada), passando a atender a uma clientela que, por suas deficiências sócio-econômicas e culturais, depende, especialmente, da comunicação oral para obter informação. O conceito de informação utilitária incorpora, portanto, a dimensão da oralidade, que influirá, consequentemente, na escolha das fontes a serem usadas (CAMPELLO, 1998, p. 35).. O conceito de informação utilitária está também ligado à ideia de que o atendimento ao público pode ser feito de maneira a integrá-la no processo, tornando o usuário em sujeito da ação, ou seja, a implementação de um serviço de informação utilitária precisa dispor, em todas as suas etapas, da participação dos membros da comunidade para a qual é idealizado; assim, os resultados de um aprendizado constante, integrador e eficaz, estará envolvendo cada vez mais a comunidade e aos visitantes itinerantes (CAMPELLO, 1998, p. 35). No Brasil, em 1978, com o objetivo de definir informações utilitárias para um segmento específico de usuários (estudantes de 1º e 2º graus) elaboraram uma. 7. Informação para a sobrevivência; conceito de informação utilitária, para a comunidade, que esteve muito ligado à ideia de atendimento popular, às pessoas de baixa renda, que não tem fácil acesso às informações.

(33) 33. categorização que identificou algumas informações serem essenciais, tais como, assistência psicológica, esportes, educação, empregos, lazer, saúde; serviço militar, organização do país, profissões e tecnologias. “Estas categorias ilustram a variedade de assuntos passíveis de cobertura por um serviço de informação utilitária e dá a dimensão da diversidade de fontes necessárias para o atendimento adequado de seus usuários” (CAMPELLO, 1998, p. 38). A crença de que “uma nação cresce e se fortalece na medida em que seus habitantes são capazes de participar de um projeto comum” (RODRÍGUEZ SANTA MARIA, 2013, p. 9), é certamente um desafio para todos nós, mas sem a criação e seguimento das políticas públicas apropriadas e fornecidas pelo Estado, podemos chegar à um cataclismo, ou seja, sem a educação e a cultura, dificilmente todos esses esforços terão algum resultado. No início deste século, o escritor britânico Herbert George Wells, já dizia que “a História da Humanidade é cada vez mais a disputa de uma corrida entre a educação e a catástrofe" (apud GADOTTI, 2000, p.3), portanto a educação merece respeito e um cuidado atencioso para não ser arruinada.. 1.1 UMA VIAGEM NO TEMPO A tradição da subsistência do conhecimento como algo sagrado, tem sido conservada por séculos até chegar às sociedades ocidentais. A curadoria do conhecimento é mantida como se fosse um sacerdócio; também em busca da conquista pelo conhecimento “sagrado” e “laico” consagrando a separação da Igreja e do Estado (GALINDO, in FERREIRA, 2012, p. 16). A palavra “biblioteca” surgiu da junção de duas palavras gregas: biblio e têke, que teriam o significado conjunto de ‘prateleira ou depósito para guardar livros, escritos, rolos de papiros e de pergaminho arrumados em estantes. Hoje em dia, uma biblioteca é essencialmente uma coleção de livros, em geral, aberta ao público, mas seu sentido nem sempre foi esse. As bibliotecas mais antigas nasceram no Oriente, e abrigaram basicamente documentos gravados em pedra. No entanto, com o surgimento do pergaminho e a maior disseminação da escrita, fundamenta-se os primeiros estabelecimentos de formato semelhante ao que hoje conhecemos (SCHWARCZ, 2017, p. 123).. É importante salientar que nem sempre foi assim, as bibliotecas eram usadas pelos estudiosos que, no íntimo era um grupo muito elitista e restrito, no qual, absorviam e geravam sapiência, e esse processo se materializou nas variadas estratégias de conquista.

(34) 34. do acesso ao produto do saber, por exemplo, os papiros e pergaminhos mantidos em Alexandria na Europa medieval. Se fizermos uma viagem no tempo, podemos imaginar como, ao longo da história da humanidade, o conhecimento se propagava, entre as diversas linguagens que, de certa forma, se tornam um fato social porque classifica de maneira ou de outra ou sujeito que fala. Sem dúvida, ela o classifica individualmente antes de classificá-lo socialmente; além disso, quando o classifica num grupo, esse grupo é uma realidade mal definida, não possui a rigidez de uma classe social no sentido estrito da palavra: é apenas um meio... o meio em que vive ou de onde provém o indivíduo com exclusão de outros [...] (MARTINS, 2001, p. 25). Visto que o homem somente percebe os objetos exteriores através dos sentidos, mesmo que as suas manifestações materiais e mecânicas, sejam consideradas psicológicas segundo Saussure (MARTINS, 2001, p. 25); a linguagem promove a prática de desenvolver conhecimentos, e de acordo com os estudos de Joseph Vendryès (1968, p.19), ela é um instrumento de análise do pensamento, é assim do ponto de vista psicológico (a atribuição de um valor simbólico ao sinal)8, e também nos remete aos homens das cavernas, utilizando as mãos nas primeiras tentativas de talhar a pedra, exercia na realidade um prodigioso esforço de abstração [...]o nome ou o grito, a frase ou a palavra que tenham aparecido inicialmente, a linguagem representava o princípio de grande dominação do homem sobre as coisas. O que os filósofos chamaram de razão não é senão o conjunto da capacidade abstrativa do homem: e se ele pode definir com o um “animal social” é que a definição essencial está em ser um animal abstrativo (MARTINS, 2001, p. 19).. A escrita é apenas um, entre inúmeros outros sistemas de linguagem visual, mas sabemos que a maior parte das linguagens visuais de que hoje dispomos, deriva-se da linguagem auditiva (MARTINS, 2001, p.33). O “homem” percorreu um longo caminho para estabelecer, o que encontramos hoje, a “comunicação tecnológica”; enxergamos que a história da escrita não se cristalizou, em uma única vez. o homem primitivo dispõe de uma multiplicidade de meios de expressão, que vão da linguagem oral ao desenho, passando pelos gestos, pelos nós, pelos entalhes sobre a matéria dura etc. desses meios de expressão, uns transitórios, outros são duráveis [...] entre os primeiros sobre a linguagem articulada; entre os segundos, a escrita propriamente dita [...].Os esboços dessa espécie de escrita podem ser qualificados de sintéticos. Os alemães chamam-nos de Ideenschrift, “escrita de ideias” [...]:o sinal não evoca mais uma frase, mas 8. O suíço, Ferdinand de Saussure (1857-1913), um dos fundadores da Semiótica, defende a ideia de que o homem aprende sobre a existência dos signos, constituídos pelos seus significados e significantes (SAUSSURE, 2002). A “guerra” semiótica da contemporaneidade, traz uma avalanche de códigos subliminares, sendo muitos deles tóxicos para a humanidade..

(35) 35. anota uma palavra [...]; a escrita de torna analítica ou ideográfica. Os alemães dizem, nesse caso, Wortschrift, “escrita de palavras” [...]. Enfim, uma nova simplificação aparece. Da mesma maneira que há menos frases, o número de sons ou de elementos fonéticos contidos nas palavras é muito menor que os das próprias palavras. [...] A escrita será dita, então, fonética, porque ela não registra senão os sons (FEVRIÈR, 1948, p. 10 apud MARTINS, 2002, p. 34). Próximo das espécies pictográficas da escrita, encontramos os chamados sistemas mnemônicos diversificados; mas, quando o homem busca manter e transmitir o pensamento, surge a escrita fonética, sendo possível transformar a imagem visual pela sonora. A ideográfica inicia-se a partir da ideia de representar os objetos por um sinal que se faz ser compreendido graficamente; e esta viagem ainda não se conclui, encontrando ainda outros tipos de escrita: a cuneiforme, que aparece na Mesopotâmia, e que coincide com a introdução do selo real e com as novas formas arquitetônicas; os hieróglifos, considerada grandiosa, ela “se prolonga até ao terceiro século da nossa era, tendo sofrido poucas modificações em sua longa existência, superior a três milênios”. Portanto, podemos refletir que um desenvolvimento natural guia a escrita para o fonetismo, um sistema singular, que se harmoniza de uma função natural que é interpretar a língua falada (a oral), considerada como som; surgindo o alfabetismo como o último aperfeiçoamento da escrita; segundo Vendryès, já se atribui a invenção do alfabeto à civilização egeia, seria então dos egeus que, tanto os gregos, quanto os fenícios, teriam recebido o alfabeto (apud MARTINS, 2001, p. 49). Pela importância histórica em si mesmo, e pelos textos que o papiro9 conteve, historiadores afirmam que, se tornou o mais memorável de todos os produtos vegetais empregados na escrita. Com o nome de chartœ, e já pronto para ser usado, o papiro servia para a escrita, sendo o texto executado em colunas; os umbilicus, eram bastonetes que armazenavam os papiros, constituíam os primeiros rolos, antepassados dos de pergaminho, por seguimento, o próprio livro. O pergaminho, com a proibição da exportação do papiro (ano de 301), os habitantes de Pérgamo10, foram obrigados a inventarem um novo material de escrita. Eles. 9. O Museu do Louvre, conserva um papiro de 273 anos a.C., escrito em hieróglifos demóticos, que são a última transformação da escrita egípcia (MARTINS, 2001, p. 61). 10. 130 a.C., possuía a segunda maior biblioteca do Mundo Antigo; mesmo Marco Antônio tendo dado a maior parte dela `a Cleópatra, há alguns séculos antes..

(36) 36. eram rivais de Alexandria e, por isso, extraíram peles de animais (nome de membrana pergamena, pergamum, pergaminho; material do reino animal). Também é um dos protagonistas da história da escrita, foi sempre um material de valor exorbitante; o fabricado na Idade Média diferenciava-se da era na Antiguidade por qualidades e defeitos. “Foi inventado por volta de 175 a.C., feito de pele de carneiro, de cabra ou de bezerro; possibilitando a escrita em ambos os lados, e a costura de suas folhas juntas. Ele abriu caminho para o códice, o precursor do livro” (FLOWER, 2002, p. 130). A Biblioteca de Pérgamo, da cidade do mesmo nome, capital do reino dos atálidas, que ficava a atual província de Izmir, Turquia Asiática, foi um adas mais importantes do mundo helenístico, depois da biblioteca de Alexandria. [...] também a Biblioteca de Pérgamo desempenhou importante papel na recuperação e reprodução de muitas obras trazidas de todos as partes do mundo helenístico. Mas, ao contrário de seus colegas do Egito, os mestres e bibliotecários de Pérgamo não tinham como preocupação fundamental a fixação dos textos sobre os quais trabalhavam, mas sim a fidelidade às nuanças e singularidades das línguas em que as obras haviam sido escritas. Homero e Hesíodo merecem deles especial atenção (CAMPOS, 1994, p. 108; 109).. Por mais incoerente que se pareça, as bibliotecas, são anteriores aos livros, e até mesmo aos manuscritos; esclarecendo que as bibliotecas medievais são consideradas simplesmente a continuação, ou seja, um prolongamento das bibliotecas antigas, “tanto na composição, quanto na organização, na natureza, no funcionamento: não se trata de dois ‘tipos” de bibliotecas, mas de um mesmo tipo que sofreu modificações insignificantes decorrentes de pequenas divergências de organização social” (MARTINS, 2001, p. 71). A origem de Alexandria data de 331 a.C., fundada por Alexandre Magno, conhecida como a “cidade nova”; era um centro urbano Grego, de cultura helênica entre terras egípcias, que pretendiam criar a sua própria memória. Segundo Schwarcz (2017, p. 123), a Biblioteca de Alexandria11 “nascia em meio a imagens distintas, que guardava o conhecimento laico, com uma memória sagrada e uma noção pouco terrena do tempo”. Sua biblioteca, que se unia a um museu e ao túmulo do imperador [...] com uma memória sagrada e uma noção pouca terrena do tempo. Com efeito, boa parte das bibliotecas da Antiguidade situa-se em templos, sem ter, contudo, função eminentemente religiosa. 11. Seus 700 mil volumes sumiram com parte do conhecimento da Grécia, perda devida ao incêndio que acabou com toda a coleção e inúmeros documentos, além de livros e muita história (SCHWARCZ, 2017, p. 418)..

(37) 37. Segundo os especialistas, só com Aristóteles (384-322 a. C.) é que se alteraria a definição dos livros, reconhecendo-se como fonte de informação e de ensino. O temor da perda não se limitou, porém, apenas ao fogo; ele incentivou a busca de textos ameaçados, a cópia de livros considerados preciosos, a impressão de manuscritos e a construção de grandes edifícios capazes de armazenar impressos, originais, mas também mapas e estampas (SCHWARCZ, 2017, p. 121-123). Mais que isso, resultante de um esforço coletivo, ela emerge como protótipo e modelo de todas as suas sucessoras. Isto é, estabelece em torno de si e em função das necessidades de seus leitores e usuários, um anova relação com o tempo e com o espaço: tempo de proliferação do saber e espaço de produção de conhecimento; tempo de desejo, de posse e de conservação e espaço de experiências individuais e coletivas que nos relembra, com certa existenciais (SILVEIRA, 2012, p. 202).. Sem a presença do público, e com a ilusão de poder acumular o conhecimento de todas as ciências do mundo, a Biblioteca de Alexandria (Figura 5) durou apenas um século; e foi um local em que os sábios da Antiguidade podiam se reunir para discutir sobre filosofias e outras ciências, e tradicionalmente dominada por homens. Figura 5_ Biblioteca de Alexandria (Pintura hipotética, antes de ser destruída pelo fogo em 48 a. C.). Fonte: Wikipedia (2020).

Referências

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