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EMPREENDEDORISMO SOCIAL:

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Academic year: 2021

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EMPREENDEDORISMO SOCIAL:

ESTUDO CASO DO “DIVE PROJECT”

Ana Lúcia Rodrigues Campinho

Orientador

Especialista Teresa Dieguez

Coorientador

Doutora Oscarina Conceição

Dissertação apresentada

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Gestão das Organizações, Ramo de Gestão das Empresas

setembro, 2020

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EMPREENDEDORISMO SOCIAL:

ESTUDO CASO DO “DIVE PROJECT”

Ana Lúcia Rodrigues Campinho

Orientador

Especialista Teresa Dieguez

Coorientador

Doutora Oscarina Conceição

Dissertação apresentada

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Gestão das Organizações, Ramo de Gestão das Empresas

setembro, 2020

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DECLARAÇÃO

Nome: Ana Lúcia Rodrigues Campinho

Endereço eletrónico: luciacampinho@gmail.com Título da Dissertação: Empreendedorismo Social Subtítulo da Dissertação: Estudo Caso do “Dive Project”

Orientador: Teresa Maria Leitão Dieguez

Coorientador: Oscarina Susana Vilela da Conceição Ano de conclusão: 2020

Designação do Curso de Mestrado: Mestrado em Gestão das Organizações (APNOR)

Nos exemplares das Dissertações /Projetos/ Relatórios de Estágio de mestrado ou de outros trabalhos entregues para prestação de Provas Públicas, e dos quais é obrigatoriamente enviado exemplares para depósito legal, deve constar uma das seguintes declarações:

☐ É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

☒ É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO (indicar, caso tal seja necessário, nº máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.), APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

☐ DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, ___/___/______

Assinatura: ________________________________________________

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I

EMPREENDEDORISMO SOCIAL ESTUDO CASO DO “DIVE PROJECT”

RESUMO

A abordagem do Empreendedorismo Social apresenta-se como base comunitária para solucionar os problemas existentes na sociedade. As organizações de economia social têm um papel determinante, ao aliar a inovação à execução de relações solidárias da comunidade com o meio ambiente envolvente, evidenciando assim a sua missão e contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Este estudo pretende compreender o empreendedorismo social como fator de inovação e transformação, relacionando o seu propósito enquanto motor do desenvolvimento humano, identificar boas práticas de projetos europeus e nacionais e analisar o impacto social do projeto.

A investigação foi desenvolvida com base numa abordagem qualitativa e quantitativa, através de um estudo de caso do projeto europeu “DIVE”. Para o efeito foram realizados 2 questionários: um destinado aos participantes do projeto e outro aos coordenadores. A amostra obtida foi de 79 participantes e de 21 coordenadores (taxa de resposta de 48% e 70%, respetivamente). O questionário foi feito entre 1 de junho e 22 de setembro de 2019, através do DIVE Alumni (grupo fechado) na plataforma facebook. Como principais resultados conclui-se que os participantes consideram que as competências mais trabalhadas durante o projeto foram o pensamento criativo e as competências interculturais. Após a sua participação, alguns participantes criaram negócios sociais. Os coordenadores alavancaram as parcerias com as entidades envolvidas no projeto, partilhando e disseminando ideias, informações e conhecimentos pelas várias entidades dos países participantes de diferentes regiões do mundo, garantindo a sustentabilidade dos efeitos do projeto. Em concordância, os participantes e os coordenadores afirmam que este projeto teve um impacto significativo, sendo que recomendariam a sua participação. Na sua maioria, consideram que mudar o mundo através do empreendedorismo social não é uma utopia da sociedade contemporânea.

Palavras-chave: Empreendedorismo Social, Sustentabilidade, Inovação, Impacto, Utopia

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III

SOCIAL ENTREPRENEURSHIP CASE STUDY OF “DIVE PROJECT”

ABSTRACT

The Social Entrepreneurship approach is presented as a basis to solve the problems that exist in society, so social economy activities play a fundamental role: they combine innovation with the execution of solidarity relations within the surrounding environment, thus highlighting their mission and contributing to sustainable development. This study aims to understand social entrepreneurship as a factor of innovation and transformation, relating its purpose as an engine of human development, identifying good practices of European and national projects and analyzing the social impact on the project.

The research was developed based on a qualitative and quantitative approach through a case study of the European project “DIVE”. For this purpose 2 questionnaires were conducted: one for project participants and one for coordinators. The sample consisted of 79 participants and 21 coordinators (48% and 70% response rate, respectively). The questionnaire was conducted between June 1 and September 22, 2019, through the DIVE Alumni (closed group) on the facebook platform. As main results it can be concluded that the participants consider that the most worked skills during the project were creative thinking and intercultural skills. After their participation, some participants created social businesses. The coordinators leveraged partnerships within the entities involved in the project, shared and disseminated ideas, information and knowledge among the various entities of the participating countries from different regions of the world, ensuring the sustainability of the project's effects. Accordingly, participants and coordinators state that this project had a significant impact and would recommend others participation on it. Most of them consider that changing the world through social entrepreneurship is not a utopia of contemporary society.

Keywords: Social Entrepreneurship, Sustainability, Innovation, Impact, Utopia

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V AGRADECIMENTOS

Ao IPCA por me receber e proporcionar esta aprendizagem.

À coordenação do Mestrado e aos docentes pela partilha de conhecimentos e vivências.

À Professora Especialista Teresa Dieguez, e à Professora Doutora Oscarina Conceição pelo carácter profissional da sua colaboração, bem como pela paciência, disponibilidade, coerência e compreensão que demonstraram durante a orientação desta Dissertação.

Ao Alexandre Coutinho, Presidente da IAFA, pela oportunidade que me deu em participar neste projeto que me enriqueceu como ser humano e me proporcionou fazer este estudo.

À Biljana Stojceska, Presidente do projeto, pela gentileza e apoio na execução deste estudo.

A cada participante do projeto que respondeu ao questionário.

À minha querida turma de Mestrado. Foi uma honra ser a representante da turma e partilhar conhecimento e experiências com cada um.

Aos meus irmãos Belisa e João, e aos meus cunhados Filipe e Helena, pelo encorajamento.

Ao Sérgio: o meu pilar.

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VII DEDICATÓRIA

Esta secção é facultativa. Se não a utilizar, selecione desde o início do título desta secção até ao início do título da secção seguinte e remova tudo (tecla Del Windows ou Shift + Del Mac).

Se a utilizar, mude a cor do texto deste parágrafo e do título da secção para branco (de modo a que não sejam impressos, mas sejam colocados no índice) e coloque a dedicatória desejada no parágrafo seguinte.

Aos meus pais, Alberto e Maria, por todo o esforço que fizeram para que eu chegasse até aqui. Por todo o apoio que sempre me deram, e dão, ao longo de todos os dias da minha vida. Por todos os ensinamentos, amor e força. Pelo orgulho e exemplo que ambos são para mim.

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IX LISTA DE ABREVIATURAS

E/OU SIGLAS

AD&C – Agência para o Desenvolvimento e Coesão, IP ADV – Close To You Foundation

ANCS – Associação Nacional de Cuidado de Saúde ASID – Ação Social para a Igualdade das Diferenças Belle & Co. – Belle and Company

CAPS – Consciencialização Coletiva para a Sustentabilidade e Inovação Social CASES – Cooperativa António Sérgio para a Economia Social

CDI – Center of Digital Inclusion

COSME – Programa da Europa para as PME CSOS – Civil Society Organization

EASI – Programa de Emprego e a Inovação Social EEN – Rede Europeia de Empresas

EKUI – Equidade, Knowledge, Universalidade e Inclusão EUA – Estados Unidos da América

EY – Ernst & Young

FEEI – Fundos Europeus Estruturais e de Investimento FIS – Fundo para a Inovação Social

FSE – Fundo Social Europeu

IAFA – Associação Intercultural Para Todos

IBC – International Blue Crescent Relief and Development Foundation ICYE – Federação Internacional do Intercâmbio Cultural de Jovens IDEE – Índice de Educação e Desenvolvimento Especial

IES – Instituto de Empreendedorismo Social IGP – Indicação Geográfica Protegida

IIES – Iniciativas de Inovação e Empreendedorismo Social INE – Instituto Nacional de Estatística

IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

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LGP – Língua Gestual Portuguesa LIS – Laboratório de Investimento Social NYF – National Youth Forum of Bulgaria

O.S.C.E. – Organização, Segurança e Cooperação na Europa ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável

OENEF – Association of Active Youths of Florina ONGs – Organizações Não Governamentais ONU – Organização das Nações Unidas PI – Partes Interessadas

PME – Pequenas e Médias Empresas

POISE – Programa Operacional de Inclusão Social e Emprego RSC – Responsabilidade Social Corporativa

SIP – Pacote de Investimento Social UD – U. Dream

UE – União Europeia

VAB – Valor Acrescentado Bruto

WCED – World Commission on Environment and Development YAK – Youth Alliance-Krusevo

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XI ÍNDICE

RESUMO ... I ABSTRACT ... III AGRADECIMENTOS ... V DEDICATÓRIA ... VII LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS ... IX ÍNDICE ... XI ÍNDICE DE FIGURAS ... XIII ÍNDICE DE TABELAS ... XV

INTRODUÇÃO ... 1

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 3

1. EMPREENDEDORISMO SOCIAL ... 3

1.1 CONCEITOS E RELEVÂNCIA ... 4

1.2 SUSTENTABILIDADE, INOVAÇÃO E SOCIEDADE ... 5

1.3 DIFERENTES PERSPETIVAS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL ... 7

1.4 IMPACTO ENCONÓMICO-SOCIAL ... 10

1.4.1 ALGUNS EXEMPLOS ... 11

2. PROGRAMAS E BOAS PRÁTICAS ... 13

2.1 PROGRAMAS DE APOIO NA EUROPA ... 13

2.2 PROGRAMAS DE APOIO EM PORTUGAL ... 18

2.3 BOAS PRÁTICAS NA EUROPA ... 23

2.4 BOAS PRÁTICAS EM PORTUGAL ... 31

PARTE II – ESTUDO DE CASO ... 37

1. METODOLOGIA ... 37

1.1 PARADIGMAS METODOLÓGICOS ... 37

1.2 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO ... 40

2. CARACTERIZAÇÃO DOS DADOS ... 45

2.1 “DIVE” PROJECT ... 45

2.1.1 GÊNESE, ÃMBITO, PROPÓSITO E EDIÇÕES ... 45

2.1.2 PRINCIPAIS ENTIDADES PARCEIRAS ... 48

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ... 50

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 55

3.1 ANÁLISE DA PERCEÇÃO DOS PARTICIPANTES ... 55

3.2 ANÁLISE DA PERCEÇÃO DOS COORDENADORES ... 63

3.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 69

CONCLUSÕES ... 71

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 73

ANEXOS ... 85

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XIII ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Nacionalidade dos participantes ... 50

Figura 2 – Idade dos participantes ... 51

Figura 3 – Gênero dos participantes ... 51

Figura 4 – Habilitações Académicas dos participantes ... 52

Figura 5 – Nacionalidade dos coordenadores ... 52

Figura 6 – Idade dos coordenadores ... 53

Figura 7 – Género dos coordenadores ... 53

Figura 8 – Habilitações Académicas dos coordenadores ... 53

Figura 9 – “Quais foram as principais competências desenvolvidas durante o projeto?" ... 56

Figura 10 – “Que valores foram trabalhados durante o projeto?" ... 56

Figura 11 – “Antes do projeto, eu não conhecia o conceito de Empreendedorismo Social, mas depois do projeto percebi o conceito de Empreendedorismo Social” ... 57

Figura 12 – “Eu desenvolvi as minhas competências interculturais durante o projeto” ... 57

Figura 13 – “O projeto despertou-me para uma mentalidade empreendedora e ajudou-me a ter um pensamento mais criativo” ... 58

Figura 14 – “Não aprendi nada com o projeto" ... 58

Figura 15 – “Após a sua participação neste projeto, abriu alguma empresa? Criou alguma empresa ligada à área social?” ... 59

Figura 16 – “Como foi o impacto do projeto, enquanto individuo?” ... 60

Figura 17 – “Quais são os principais impactos percebidos do projeto?” ... 61

Figura 18 – “Como avalia todas as edições do projeto em geral?”- participantes .... 62

Figura 19 – “Recomendaria a participação neste projeto?”- participantes ... 62

Figura 20 – “Mudar o mundo através do empreendedorismo social é uma utopia da sociedade contemporânea?”- participantes ... 63

Figura 21 – “Fez alguma parceria com organizações/entidades locais?” ... 65

Figura 22 – “Se fez parceria, qual foi a principal área de atuação?” ... 65

Figura 23 – “Como foi o impacto do projeto para a sua organização?”... 66

Figura 24 – “Se respondeu mais de 3, qual foi o impacto mais significativo?” ... 66

Figura 25 – “Como avalia todas as edições do projeto em geral?”- coordenadores 67 Figura 26 – “Recomendaria a participação neste projeto?" - coordenadores ... 67

Figura 27 – “Mudar o mundo através do empreendedorismo social é uma utopia da sociedade contemporânea?”- coordenadores ... 68

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XV ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Programas de Apoio na Europa ...17 Tabela 2 – Programas de Apoio em Portugal ...22 Tabela 3 – Exemplos de Boas Práticas na Europa ...30 Tabela 4 – Exemplos de Boas Práticas em Portugal ...35 Tabela 5 – Características das Abordagens Quantitativa e Qualitativa...39 Tabela 6 – Perceção do impacto pelos participantes ...42 Tabela 7 – Perceção do impacto pelos coordenadores ...43 Tabela 8 – Perceção da utopia de mudar o mundo nos participantes e coordenadores ...43

Tabela 9 – Enquadramento da Primeira Edição ...46 Tabela 10 – Enquadramento da Segunda Edição ...47 Tabela 11 – Enquadramento da Terceira Edição ...48 Tabela 12 – Principais Entidades Parceiras Envolvidas, Missão e Objetivos ...49

Tabela 13 – Análise da Dimensão das competências adquiridas ...55 Tabela 14 – Análise da Dimensão da criação de emprego ...59 Tabela 15 – Análise da Dimensão do impacto para o individuo ...59 Tabela 16 – Análise da Dimensão da avaliação do projeto pelos participantes ...61 Tabela 17 – Análise da Dimensão de Mudar o mundo pelos participantes .63 Tabela 18 – Análise da Dimensão da criação de colaborações/parcerias ..64 Tabela 19 – Análise da Dimensão da criação de colaborações/parcerias ..64 Tabela 20 – Análise da Dimensão do impacto para a organização ...66 Tabela 21 – Análise da Dimensão da avaliação do impacto para os coordenadores ...67

Tabela 22 – Análise da Dimensão de Mudar o mundo para os coordenadores ...68 Tabela 23 – Definições de Empreendedorismo Social ...85 Tabela 24 – Definições de Empreendedor Social ...87 Tabela 25 – Definições de Empresa Social ...89

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INTRODUÇÃO

Atualmente os mercados são cada vez mais globais e competitivos, exigindo uma enorme necessidade de adaptação e aprendizagem. É urgente resolver problemas sociais, ambientais, políticos e económicos, maximizar o capital social e permitir que as regiões se desenvolvam de forma sustentável e as pessoas que nelas habitam tenham melhores condições de vida. A abordagem do Empreendedorismo Social apresenta-se com uma base comunitária de “combate” a estas problemáticas, sendo que as organizações de economia social assentam a sua missão no cumprimento de relações solidárias da comunidade entre o meio ambiente envolvente (Mendes, 2017).

Os desafios que a sociedade enfrenta devem ser analisados numa perspetiva estratégica e sustentável. As mudanças são muitas e os paradigmas alteram-se. Novas soluções são determinantes para potenciar o desenvolvimento humano, permitindo a sua valorização, bem como potenciá-lo como agente de mudança. A educação pode inspirar as mudanças sociais (Ramos, 1993), ao permitir mais possibilidade de escolha e mais consciencialização sobre o poder que o individuo tem na construção de um futuro melhor (Organisation for Economic Co-operation and Development OECD, 2018). Tanto a educação formal, como a educação não- formal constituem um bom meio de criação de iniciativas socias inovadoras para a resolução de problemas socias existentes, uma vez que que os indivíduos concebem novas atitudes em face dos problemas na sociedade, por meio da aprendizagem significativa (Ramos, 1993). Existem investigadores que defendem que “a educação não-formal pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de um ecossistema de apoio, sustentável e inclusivo para o empreendedorismo social” (Stojceska, 2019, p.14). As competências do trabalho com os jovens e a participação em atividades de educação não-formal podem ajudar a promover o empreendedorismo social e contribuir para o desenvolvimento pessoal e a construção de um futuro melhor e mais próspero para a geração jovem (Lockhart, 2016). As instituições de ensino assumem um papel crucial perante a sociedade (Young, 2011) e a difusão e promoção do ensino não-formal, mesmo no seio das instituições de ensino formal, pode potenciar novas iniciativas da aplicação do conhecimento (Mars & Ginter, 2012), sempre ao serviço da mudança social para impulsionar a revolução social (Ferreira, 1997). O conhecimento aumenta o seu valor quando se procede à sua utilização e deprecia-se quando não é usufruído, ao contrário do que acontece com os ativos tangíveis (Sveiby, 2001).

O interesse académico no desenvolvimento sustentável tem vindo a crescer significativamente nos últimos anos, sendo abordado sob várias perspetivas e contextos (Bansal, Garg & Sharm, 2019). Os conceitos de empreendedorismo social e desenvolvimento sustentável cruzam-se (Picciotti, 2017) e os empreendedores sociais têm sido entendidos como agentes de mudança que empregam meios empresariais para fornecer soluções sistémicas para problemas sociais e ambientais (Partzsch & Ziegler, 2011), para além de garantir a sua própria sobrevivência e sustentabilidade (Mair & Martí, 2006). A literatura sobre empreendedorismo social concentra-se na relevância das pequenas e médias empresas (PME) e empreendedorismo para o desenvolvimento económico (Simón, González-Cruz & Contreras-Pacheco, 2017). Nos países em desenvolvimento, onde os recursos são escassos e os bancos e instituições financeiras apresentam relutância em prestar apoio financeiro às PME, os governos têm um papel ainda maior a desempenhar, fornecendo fontes

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de financiamento para o desenvolvimento das PME (Wonglimpiyarat, 2015). Enquanto a falta dos recursos é considerado a principal barreira ou obstáculo às práticas comerciais responsáveis nas PME, os empresários com poucos recursos procuram modelos de negócios inovadores para se sustentarem (Halme & Korpela, 2014).

Para reconhecer oportunidades de desenvolvimento sustentável, o conhecimento empresarial e as habilidades inovadoras desempenham um papel fundamental (Hall, Daneke & Lenox, 2010). O poder inovador dos empreendedores tem um papel importante na garantia de um futuro mais sustentável, sendo os empreendedores reconhecidos como os motores do desenvolvimento sustentável (Patzelt & Shepherd, 2011).

Contudo, embora os empreendedores (atualmente) sejam considerados como veículos para atender às necessidades sociais não atendidas, o discurso académico sobre como esse processo é feito, ainda permanece muito escasso (Hall, Daneke & Lenox, 2010). Atualmente já existe muita oferta educativa de ensino superior orientada para os empreendedores sociais ou para os estudantes que querem especializar-se na área do empreendedorismo social (Parente, 2014) e com este estudo pretende-se divulgar boas práticas nesta área, bem como incentivar à sua aprendizagem.

Neste sentido, a presente Dissertação surge da vontade de querer ver um mundo mais justo e solidário, bem como criar valor público e abordar alguns tópicos relevantes sobre o empreendedorismo social: uma espécie de alerta para a importância que cada individuo tem perante a sociedade e para a responsabilidade do seu contributo no desenvolvimento sustentável. Como objetivo principal pretende-se aprofundar conhecimento sobre o setor da economia social e partilhar informações sobre um projeto europeu (DIVE PROJECT) que possibilitou criar oportunidades para promover o empreendedorismo social, estimulando a capacidade empreendedora dos participantes e organizações parceiras com vista ao desenvolvimento sustentável. Como objetivos específicos planeia-se: 1) compreender o empreendedorismo social como um fator de inovação e transformação, relacionando o seu propósito enquanto motor do desenvolvimento humano, 2) efetuar uma revisão bibliográfica sobre o estado da arte das temáticas envolvidas, 3) identificar boas práticas de projetos europeus e nacionais e 4) fomentar o incentivo às boas práticas sociais. Será feita, consequentemente, uma análise ao impacto social do projeto, através da recolha da opinião dos seus participantes e coordenadores, no sentido de verificar as suas perceções, as competências adquiridas, a criação de empregos, as colaborações e as parcerias criadas.

A presente Dissertação está dividida em duas partes. Na parte I efetua-se um enquadramento teórico sobre o tema do empreendedorismo social, sustentabilidade e inovação social, com vista a conhecer o estado da arte e a sua evolução. Apresenta-se também os programas de apoio a projetos de empreendedorismo e inovação social, bem como alguns exemplos de boas práticas de empreendedorismo social, incluindo alguns que foram partilhados pelos países participantes durante as atividades do projeto DIVE. Na parte II apresenta-se o estudo de caso, referindo a metodologia e recolha de dados utilizada, análise e discussão dos resultados, e por fim, as conclusões, limitações e recomendações para linhas de investigação futuras

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PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. EMPREENDEDORISMO SOCIAL

“A linguagem do empreendedorismo social pode ser nova, mas o fenómeno não o é. Sempre existiram empreendedores sociais, embora não fossem assim designados. Foram eles que fundaram muitas instituições, porém a nova designação é importante, pois implica uma diluição das fronteiras entre setores” (Bornstein, 2007, p.27).

Com efeito, as empresas sociais provaram ser agentes de longa data de crescimento inclusivo em muitos países europeus e não europeus. Operam sob diferentes organizações e modelos jurídicos, tanto no campo do empreendedorismo social quanto no da economia social. Criam novos empregos, inclusive para pessoas desfavorecidas, fornecem soluções inovadoras: soluções para problemas socioeconómicos e/ou ambientais não resolvidos. No entanto, essas entidades frequentemente enfrentam barreiras, que incluem, por exemplo, a falta de reconhecimento, dificuldades no acesso a mercados e finanças e/ou na mensuração dos seus impactos, impedindo-as de desenvolver e florescer (OECD/EU, 2019). Ao longo dos tempos, tem sido evidente que o Estado não consegue satisfazer os seus compromissos sociais perante a sociedade, o que implica a necessidade de rever as noções de serviço público e reinventar o social. Atualmente existem cada vez mais problemas, tanto a nível económico, como ambiental e social, e esta instabilidade é cada vez mais evidente, tanto no contexto nacional, como europeu ou mesmo mundial. São exemplos disso a pobreza, o analfabetismo, a corrupção, o desemprego, a destruição ambiental, a violação dos direitos humanos e a migração dos jovens, entre outros.

Estes problemas remetem para a necessidade de um maior envolvimento da sociedade civil, orientada para a criação de respostas assentes no desenvolvimento, na qualidade de vida e na sustentabilidade.

A crise económica de 2008 nos Estados Unidos e na Europa provocou desvantagens sociais, colocando em discussão questões e conceitos sobre economia social e civil, liberdade e desenvolvimento económico (Gore, 2013). Desde então, assiste-se a uma maior sensibilização e preocupação com a capacidade de futura inclusão social e subsistência da sociedade. A discussão sobre a importância do crescimento e do desenvolvimento económico e social conduz a uma sociedade globalmente unida, não apenas para sistemas políticos e económicos, mas para um projeto de vida mais viável para a sociedade (Henderson, 1999). Assim, de forma a satisfazer as necessidades sociais, o empreendedorismo social surge como um fenómeno emergente de iniciativas e vontade de corrigir desequilíbrios, bem como de construir uma mudança social, assente num trajeto de sustentabilidade e de desenvolvimento do potencial humano (Benigno, 2016). As Organizações Não- Governamentais (ONGs), as empresas empreendedoras, os governos e os órgãos públicos reconhecem a importância estratégica do empreendedorismo social para o desenvolvimento de serviços competitivos (Christie & Honig, 2006). Nos últimos anos, o empreendedorismo social tem recebido maior reconhecimento por parte do setor público e do mundo académico (Nichols 2006): incentivar o empreendedorismo social está na agenda dos governos já há algum tempo (Comissão Europeia, 2003), sendo que vários estados europeus criaram novas estruturas organizacionais dedicadas a estas iniciativas. Também a academia tem dedicado mais atenção à temática e são muitas as organizações que apoiam o empreendedorismo social (Bacq & Janssen, 2011).

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1.1 CONCEITOS E RELEVÂNCIA

O conceito de empreendedorismo social começou a desenvolver-se por volta de 1983, com a publicação de um artigo sobre “empreendedores inovadores sem fins lucrativos” nas linhas da conceção de Schumpeter1 (Young, 1983). Só no final dos anos 90 é que o termo “empreendedorismo social” surgiu no mundo académico nos EUA (Boschee, 1995; Bornstein, 1998; Dees, 1998a; Dees, 1998b, Drayton, 2002; Thompson, Alvy &

Lees, 2000) e no Reino Unido (Leadbeater, 1997).

Somente na década de 1990 é que surgiu o primeiro curso de educação para o empreendedorismo social, coordenado por Gregory Dees, através do incentivo de alguns estudantes da universidade de Harvard para a criação de um programa dedicado ao empreendedorismo social (Brock & Steiner, 2009). Desde então, várias são as Instituições académicas que têm seguido esta ligação e em 2002, já 10 universidades norte-americanas tinham implementado o empreendedorismo social como tema de educação. O primeiro curso europeu foi criado em 2003, na Universidade de Geneve, sob orientação de Maximilian Martin e Pamela Hartigan (Brock &

Steiner, 2009). Em 2004, o número de universidades com programas dedicados à temática aumentou para 23, incluindo 3 universidades europeias, nomeadamente a Universidade de Geneve (Suíça), Universidade de Oxford (Reino Unido), e Universidade de Navarra (Espanha). Em 2007 na Índia, através do Instituto de Ciências Sociais foi criado o primeiro programa de mestrado dedicado ao tema, e em 2011 existiam mais de 500 universidades envolvidas na educação para o empreendedorismo social (Brock & Steiner, 2009; Brock &

Kim, 2011).

A falta de um paradigma unificador sobre o conceito de empreendedorismo social levou a uma reprodução de definições e várias abordagens, bem como diferentes Escolas de Pensamento (Bacq & Janssen, 2011). No mundo de negócios o uso da terminologia tornou-se recorrente, assim como nos livros académicos e artigos científicos. Está associada a um elevado número de conferências, ocupa um lugar de destaque nas principais Escolas de Negócios e existem inúmeras associações dedicadas ao estudo e implementação do empreendedorismo social (Peredo & Mclean, 2006). Num estudo realizado entre 2003 e 2012, por exemplo, verificou-se um crescimento de artigos académicos nas plataformas Proquest (44%), Esmerald (31%) e Springer (24%), sendo que 2010 foi o ano com o maior número de artigos publicados (22) sobre o tema de empreendedorismo social. Foram identificadas contribuições de 37 países, concentrando-se 49,17% na Europa e 26,67% na América. Inglaterra destacou-se com 15 trabalhos publicados, seguida em ex-aequo por França e Itália, com 6 trabalhos. Relativamente aos jornais científicos, há maior destaque no Journal of Business Ethics com 18 publicações sobre competências e empreendedorismo social, representando 17,65% do total de artigos selecionados na última década (Pinto, Brunstein, Martins, Desidério & Sobrinho, 2016), Este aumento de estudos relacionados com o empreendedorismo social e inovação social destaca a necessidade de desenvolver um entendimento conjunto sobre o termo “inovação social” e dos seus vínculos com o empreendedorismo social (Phills, Deiglmeier & Miller, 2008). Contudo, embora tenham sido feitos debates sobre os vínculos entre inovação social e empreendedorismo social, poucas conexões foram feitas (Defourny & Nyssens, 2010).

Neste sentido, o empreendedorismo social continua a ser uma área de interesse que atravessa disciplinas académicas e desafia as premissas tradicionais de desenvolvimento económico e empresarial (Dart, 2004;

1Joseph Alois Schumpeter (1883 – 1950) foi um economista e cientista político austríaco. É considerado um dos mais importantes economistas da primeira metade do século XX, e foi um dos primeiros a considerar as inovações tecnológicas como motor do desenvolvimento capitalista.

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Leadbeater, 1997). Tem um grande contributo na riqueza social, económica e ambiental (Fayolle & Matlay, 2010), está relacionado com a inovação social, mas a pesquisa na área não é coerente e não há consenso sobre a sua definição (Zahra, Gedajlovic, Neubaum & Shulman, 2009). O tema é sensível, pois expressa a integração à atualidade na combinação da paixão de uma missão social com a imagem de disciplina ligada à gestão, inovação e determinação (Dees, 1998a). Se por um lado, existem autores que defendem que o empreendedorismo social é apenas a utilização de procedimentos comerciais para o funcionamento de organizações sem fins lucrativos, por outro lado, há autores que afirmam que o empreendedorismo social é uma abordagem inovadora para lidar com necessidades sociais complexas, contrapondo o “negócio de fazer o bem”. De forma a clarificar o conceito de empreendedorismo social, existem algumas questões que necessitam de esclarecimento. O empreendedorismo social pode exigir padrões de avaliação bastante diferentes dos formatos de empreendedorismo em sentido lato e a exigência no apoio de legislação e políticas sociais deverá ser maior (Peredo & Mclean, 2006).

1.2 SUSTENTABILIDADE, INOVAÇÃO E SOCIEDADE

Atualmente o mundo é definido pela mudança, incerteza e futuro desconhecido. A inovação e a sustentabilidade surgem como fatores primordiais para a sociedade e para o mundo dos negócios (Weidinger, Fischler & Schmidpeter, 2014). Os conceitos de empreendedorismo sustentável e inovação social estão a tornar-se cada vez mais relevantes para as empresas, os governos e as ONGs a nível mundial (Weidinger, Fischler & Schmidpeter, 2016). Pela primeira vez, em 1713, foi usado, por Hannß Carl von Carlowitz, o termo

“sustentabilidade”, no livro Sylvicultura Oeconomica, que fazia referência à explicação do princípio de que, se se quiser preservar a floresta, não se pode colher mais quantidade de madeira das florestas, do que aquela que elas podem fazer crescer (Carlowitz, 1713, citado por Weidinger et al. 2014). Nas décadas seguintes, o conceito permaneceu no setor florestal, e só se tornou prática comum a aplicação da palavra, após a publicação do livro Limits to Growth, através do Clube de Roma (Meadows, Randers & Meadows, 2004).

Com efeito, o conceito de “desenvolvimento sustentável” surgiu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972, e posteriormente alcançou mais evidência através de um relatório das Nações Unidas da Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED, 1987), o relatório Brundtland, que define “sustentabilidade” em termos da perspetiva da empresa, composta pelas seguintes características: conservação de recursos não ambientais, conservação de recursos naturais não renováveis, compromisso e prática da equidade social e justiça, envolvimento e contribuição da comunidade e consideração positiva pelo tratamento do capital humano da empresa, bem como, práticas verdes e éticas e seus resultados financeiros, sociais e ambientais (Edgeman & Eskildsen, 2013). No mesmo relatório é afirmado que o desenvolvimento sustentável atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem, também, as suas próprias necessidades (WCED, 1987). A forma mais indicada de colocar a sustentabilidade em prática na economia é através da Responsabilidade Social Corporativa (RSC), que inclui serviços sociais e ambientais voluntários, padrões privados de sustentabilidade, operações sustentáveis e relações comerciais baseadas na sustentabilidade (Weidinger et al., 2014). A RSC representa, assim, o dever das empresas com fins lucrativos contabilizarem o custo total das suas atividades para a sociedade, para além dos requisitos legais existentes. Nesse sentido, a implementação de estratégias neutras em carbono, por exemplo, pode fazer sentido para as empresas (Santos, 2012).

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Nos últimos anos o conceito de RSC também tem sofrido grandes alterações e hoje visa aumentar o valor acrescentado social e empresarial ao mesmo tempo (valor compartilhado) (Fortes, 2018). Cada vez mais empresas declaram políticas públicas de sustentabilidade e garantem adotar avaliação financeira, ambiental e social (Hall, Daneke & Lenox, 2010). Estes pilares estão ligados ao empreendedorismo sustentável (Kuckertz

& Wagner, 2010) pois só são viáveis se houver um forte sistema de valores, ou uma cultura organizacional baseada em princípios e um claro propósito (Stojceska & Rodrigues, 2018). Para incorporar uma estratégia de sustentabilidade com sucesso, são necessários diferentes tipos de inovação estratégica, sendo que quanto mais fortes são os negócios em sustentabilidade e estratégia, melhor o alinhamento interno dentro da organização.

Os novos produtos energeticamente eficientes e tecnologicamente limpos podem ser criados através da legislação “amiga do ambiente” e de modelos de negócios inovadores. O efeito positivo de políticas sólidas de sustentabilidade na economia e as abordagens de sustentabilidade contribuem para o resultado positivo, tanto para a sociedade, como para os negócios. Então, as empresas que introduzem políticas de sustentabilidade podem obter vantagens competitivas relativamente àquelas que não estão preparadas (Weidinger et al., 2014).

Segundo a Comissão Europeia (2014b), em junho de 2010, os líderes da Europa defenderam a estratégia de crescimento da Europa 2020 para recuperar a economia da UE. Nesse contexto, a construção de uma União da Inovação, tornou-se uma das principais iniciativas dessa estratégia, partindo do consenso de que a pesquisa e a inovação são o caminho para a Europa restabelecer o crescimento sustentável da economia. A inovação pode ser vista como a criação, aceitação e capacidade de uma organização alterar ou adaptar novas ideias, processos, produtos ou serviços (Thompson, 1965) e implementa-los para preparar o futuro dos negócios (Hurley & Hult, 1998); Carvalho, 2013) com o intuito de avançar, competir e efetuar a diferença com sucesso no mercado (Baregheh, Rowley & Sambrook, 2009). Para além do fator económico, Schumpeter (1934), é um dos primeiros autores a reconhecer o papel da inovação nos aspetos culturais, sociais e políticos da sociedade.

Assim, e de acordo com Taylor (1970), a inovação social envolve ativistas e empreendedores sociais para atender às necessidades sociais, fazendo as coisas de forma diferente. Em particular, a inovação social procura novas respostas para problemas sociais, que implicam mudanças de conceitos, processos, produtos e métodos organizacionais, com base em novas relações com as partes interessadas (OCDE, 2010).

Mas enquanto a inovação tecnológica está preocupada com a aplicação de novas tecnologias, a inovação social lida com a aplicação de novos padrões sociais de interação humana (Holt, 1971), sendo um complemento da inovação tecnológica (Drucker, 1987). Segundo Phills et al. (2008, p.36), “a inovação social é uma nova solução para um problema social, que atua de forma mais eficaz, eficiente e sustentável que as soluções existentes, a qual agrega valor a toda a sociedade”. Essa solução é o resultado da experimentação ou implementação de uma ideia de projeto diferenciado (solução inovadora) que gera impacto social positivo, ou seja, que provoca uma melhoria da qualidade de vida ou nas perspetivas de desenvolvimento de um ou vários grupos sociais (Loureiro, 2019), contribuindo com valor positivo para a sociedade, através de métodos mais eficientes, eficazes e sustentáveis (Stojceska & Rodrigues, 2018). Ao assentar na relação entre os agentes sociais que desenvolvem a inovação e os que dela beneficiam, o principal objetivo é dar resposta às necessidades sociais, através da colaboração e envolvimento dos agentes sociais (Bignetti, 2011). Neste sentido, as inovações sociais estão relacionadas com o uso de agentes sociais para alcançar fins sociais criando valor económico e social (Porter & Kramer, 2011).

O processo de mudança é o caminho adequado para o avanço das soluções que resolvam as necessidades sociais, económicas e ambientais tendo em vista um futuro sustentável. Essas soluções podem ser respondidas através de iniciativas de empreendedorismo sustentável, próximo passo dos negócios responsáveis, visto que

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se torna cada vez mais evidente que as empresas são obrigadas a assumir um papel mais ativo quando se trata de resolver problemas sociais e ecológicos. Apesar de existirem diferentes perspetivas na sustentabilidade, os negócios seguirão a mesma regra no que se trata a criar uma sociedade mais sustentável, ou seja, para resolver os desafios mundiais, serão necessárias todas as ferramentas da inovação, dos novos modelos de negócio, da criatividade e da imaginação dos empreendedores (Weidinger et al., 2014). Em consequência, um empreendedor sustentável deve procurar 1) a sustentabilidade ambiental, através da preservação do meio ambiente, 2) a sustentabilidade social, através da preservação da equidade e coesão social, e a 3) sustentabilidade económica, através do crescimento da riqueza e desenvolvimento da satisfação das necessidades humanas. A inovação e a criação de valor sustentável são a chave para o sucesso dos negócios (Carvalho, 2016).

Embora a inovação empresarial seja considerada impulsionadora do mercado (Mulgan et al., 2007), para ser bem-sucedida, deve satisfazer, também, as necessidades sociais (Carvalho, 2013). Então, enquanto a principal motivação para os empreendedores no mercado económico é construir uma empresa lucrativa e obter lucro, a motivação subjacente para os empreendedores sociais é a criação de valor social (Austin, Stevenson &

Wei-Skillern, 2006). Nesse caso, são necessárias a inovação empresarial e social para melhorar a qualidade de vida e promover a sustentabilidade (Comissão Europeia, 2013). O objetivo da Europa, em particular, tem sido criar um equilíbrio entre as necessidades sociais, económicas e ambientais e o mercado atual. O empreendedorismo sustentável deverá ser o mecanismo para usar as ferramentas inovadoras de gestão, cruzando os interesses dos negócios com as necessidades sustentáveis, de forma a desenvolver novos produtos, serviços, processos e mercados (Weidinger et al., 2014).

Em 2010 Portugal apresentou um baixo desempenho no indicador europeu de inovação, maioritariamente devido à sua estrutura económica. Com um nível baixo de inovação nas empresas de rápido crescimento, apresenta um elevado número de empregos em setores menos inovadores (Comissão Europeia, 2014b), mas todos os setores da sociedade são importantes para o desenvolvimento de modelos novos e socialmente inovadores. Por um lado, tem sido exigido às empresas privadas a consciencialização relativa à responsabilidade social e os governos urgem na cooperação com os atores sociais, de forma a inovar na gestão das suas tarefas. Por outro lado, a sociedade tem vindo a ser alertada e incentivada para iniciativas de empreendedorismo e inovação social (Nordic Council of Ministers, 2015), sendo de realçar que a economia social é uma voz efetiva na sociedade e a sua presença é forte no terceiro setor, principalmente na Europa e nos países emergentes (Mendes, 2013).

1.3 DIFERENTES PERSPETIVAS DO EMPREENDEDORISMO SOCIAL

Devido à falta de um paradigma unificador, surgem várias abordagens e diferentes Escolas de Pensamento em todo o mundo (Bacq & Janssen, 2011), onde fica evidente que o conceito de empreendedorismo social está pouco definido (Mair & Martí, 2006) e não é facilmente classificável, sendo chamado de “híbrido” (Santos, 2012, p.338), combinando elementos de empreendedorismo comercial e organizações do setor social (Dees, 1998b). Alguns autores consideram benéfico a abordagem inclusiva para o desenvolvimento do campo académico do empreendedorismo social (Nichols, 2006), pois enquanto existir muita sobreposição entre os domínios convencional, institucional e cultural do empreendedorismo social, também existirão várias oportunidades distintas para os pesquisadores nesta área, na medida em que, os estudiosos e praticantes do empreendedorismo social, tanto podem obter ideias através das aprendizagens do empreendedorismo

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convencional, como das relacionadas ao fracasso empresarial, ou através da perceção dos estudiosos do empreendedorismo institucional e cultural relativamente aos processos de mobilização de recursos. Sendo assim, os avanços adicionais nesta área, ampliarão a compreensão deste fenómeno, o que facilitará o desenvolvimento de estratégias de gestão para auxiliar os empreendedores sociais (Dacin, Dacin & Matear, 2010). Mas outros autores defendem que se o conhecimento do empreendedorismo social for desenvolvido através da elaboração de teorias mais nítidas sobre os conceitos-chave, o campo será melhor servido e poderá competir por atenção e validação (Santos, 2012; Christie & Honing, 2006).

Na Teoria Positiva sobre o Empreendedorismo Social afirma-se que a dicotomia entre valor económico e social provoca dilemas adicionais para o desenvolvimento da teoria. Esse dilema surge porque a criação de valor económico é intrinsecamente social, sendo que as ações que geram valor económico também melhoram a qualidade de vida da sociedade. Note-se também que o valor económico é mais restrito que o valor social, visto que se aplica apenas a benefícios que podem ser medidos monetariamente, enquanto o valor social inclui benefícios intangíveis que desafiam a sua medição. Cria-se então um “dilema metodológico, porque a sua implicação lógica é a necessidade de desenvolver uma teoria baseada em elementos que, por definição, não são facilmente mensuráveis” (Santos, 2012, p.340). O empreendedorismo social preocupa-se com a sustentabilidade para as pessoas e para o planeta, traduzido em boas condições de vida para todos, (Muscat &

Whitty, 2009), com a combinação de novos recursos que criam valor social (Smith & Woodworth, 2012), permitindo conciliar os avanços tecnológicos e outros progressos, através de soluções sustentáveis para problemas que não têm sido atendidos (Santos, 2012). Deste modo, o empreendedorismo social é “uma inevitabilidade comportamental das sociedades contemporâneas” (Almeida & Santos, 2016, p.461), operando como motor de um constante processo de renovação e de inovação social. No entanto, querer melhorar o mundo, através do empreendedorismo social será uma utopia da sociedade contemporânea? Lazzarato (2006) afigura o capitalismo como “captura da proliferação de mundos possíveis (…) a empresa que produz um serviço ou uma mercadoria cria um mundo” (p.99). Então é importante compreender a noção de mundos possíveis, tendo em consideração o momento em que vivemos (o presente) e o futuro, nos quais o empreendedor social assume o papel de agente de mudança social. Segundo Andersen (2005), surge dessa forma a criação de uma comunidade imaginada “assente na transformação, pelo caráter de contornos revolucionários, incorporados à retórica que conjuga o capitalismo com uma visão utópica, por mais paradoxal que possa parecer essa combinação” (citado por Casaqui, 2015, p. 50). De acordo com Morus (2001)

Um dos requisitos para o sucesso do empreendedorismo social é a integração de valores relacionados com uma cultura antiga baseada na caridade com uma visão moderna de uma cultura empreendedora para a solução de problemas (Dees, 2012). Em particular, o empreendedorismo social combina perspetivas inovadoras de negócios com fins sociais (Peredo & Mclean, 2006; Mair & Martí, 2006; Chell, 2007). A abordagem inovadora é considerada um critério importante para o sucesso dos empreendedores sociais (Kramer, 2005), os quais têm sido reconhecidos por contribuírem para a riqueza social, económica, cultural e ambiental (Shaw & Carter, 2007). Todas essas abordagens destacam a ligação entre o empreendedorismo social e o desenvolvimento

Na Utopia, as leis são pouco numerosas; a administração distribui indistintamente os seus benefícios por todas as classes de cidadãos. O mérito é ali recompensado; e, ao mesmo tempo, a riqueza nacional é tão igualmente repartida que cada um goza abundantemente de todas as comodidades da vida (p.66).

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económico e social, bem como a inovação, a orientação empreendedora e a mudança social (Kramer, 2005;

Perrini, Vurro & Costanzo, 2010). Nesse sentido, será necessária uma inovação potencialmente radical (Austin et al., 2006; Witkamp, Raven & Royakkers, 2011) em termos programáticos e fiscais (Harding, 2004; Roberts

& Woods, 2005) para resolver questões sociais mais amplas. Existe também um grande interesse institucional e político no papel do desenvolvimento local e regional das empresas sociais (Chell, Karatas-Ozkan &

Nicolopoulou, 2007; Haugh, 2007) que defende que o empreendedorismo social pode ser "um gerador de desenvolvimento económico socialmente orientado", dependendo do apoio do estado (Kostetska & Berezyak, 2014).

A definição de empreendedorismo social, de acordo com o Nordic Council of Ministers (2015), está ligada a 3 questões, nomeadamente inovação social, empreendedorismo social e empresa social.

1) Inovação Social

Considera-se que a inovação surge na maioria das definições (Dees et al., 2002; Austin et al., 2006;

Nichols, 2006; Light, 2006) e o seu estado da arte em termos teóricos assume a inovação social como a integração de processo e resultado (Moulaert et al., 2013), ou seja, a mudança das relações sociais que trazem inovação e também o produto da própria inovação (Moulaert et al., 2005). Neste ponto, a maioria dos exemplos de empreendedorismo social têm como parceiros os agentes da sociedade civil, através de organizações voluntárias ou grupos de cidadãos que pretendem fazer a diferença (Hulgård & Ferranini, 2010). De acordo com Schumpeter (1934), não é a própria invenção que pode ser caracterizada como empreendedorismo, mas sim a sua implementação prática, visto que enquanto não forem realizadas na prática, as invenções são economicamente irrelevantes;

2) Empreendedorismo Social

Relaciona-se o empreendedorismo social à inovação social, embora os 2 fenómenos não sejam os mesmos.

Os debates sobre empreendedorismo social e empresa social são criticados por ofuscar a inovação social com terminologia restrita de economia de mercado (Moulaert et al., 2013), sendo que se identificou uma lacuna entre as clássicas teorias sociais da mudança e as novas análises da inovação social, nas quais a economia de mercado representa uma estrutura importante para a compreensão do fenómeno e os empreendedores sociais e as empresas sociais são a principal ferramenta para gerar inovação, o que ignora o papel decisivo dos movimentos sociais ao longo da história na criação de mudança;

3) Empresa Social

Relaciona-se o empreendedorismo social com a empresa social, embora não sejam os mesmos conceitos.

Considera-se que o empreendedorismo social seja um conceito amplo sobre a criação de medidas inovadoras para ajudar pessoas necessitadas, enquanto a empresa social consiste em fazê-lo através de meios comerciais (Yunus, 2007). De acordo com Dees, Emerson & Economy (2001), o empreendedorismo assenta na criação de novas e melhores formas de criação de valor social, e não na criação de um negócio. O foco está na mudança social e na criação de valor social, estando ligado à inovação social clássica. Partindo de diferentes objetivos

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principais, todas as organizações devem atender às necessidades económicas, sociais, ecológicas e psicológicas dos seus stakeholders2 através da criação de valor, a qual consiste na característica diferenciadora do empreendedorismo social (Mort, Weerawardena & Carnegie, 2003). Enquanto o empreendedorismo social observa as partes interessadas como o “resultado” e a empresa social como o “meio” do empreendedorismo, o empreendedorismo económico tem uma perspetiva oposta e trata as partes interessadas como o meio para adquirir capital financeiro (Ridley-Duff & Bull, 2013).

Segundo a abordagem de Santos (2012), os empreendedores sociais criam valor, mas não são motivados pela apropriação desse valor. Há uma distinção entre criação de valor e apropriação de valor nas diferentes motivações comportamentais das organizações de negócios, o que permite o desenvolvimento de uma teoria do empreendedorismo social assente nos paradigmas estabelecidos na organização económica e que não utiliza a repetição do conceito “social”, sendo que a criação de valor é uma condição necessária para a apropriação sustentável de valor. Neste caso, a criação de valor surge quando a utilidade dos membros da sociedade aumenta após contabilização dos recursos usados nessa atividade, e a apropriação de valor acontece quando o agente é capaz de reter uma parte do valor criado pela atividade (Mizik & Jacobson, 2003). Existem várias abordagens relativamente ao conceito de empreendedorismo social, bem como aos conceitos relacionados com empreendedor social e empresa social. Os Anexos A, B e C apresentam algumas dessas abordagens. No entanto, ainda existem algumas questões que têm de ser esclarecidas, de forma a clarificar o conceito de empreendedorismo social, questões do foro ligado à avaliação, à legislação, tipos de política social, combinação de aptidões e habilidades apropriadas (Peredo & Mclean, 2006).

1.4 IMPACTO ENCONÓMICO-SOCIAL

A medição do impacto social tem sido objeto de vários estudos (Clifford, Markey & Malpani, 2013) e nos últimos 20 anos diferentes metodologias têm vindo a ser desenvolvidas, abrangendo diferentes pontos de vista, diferentes áreas de prestação de serviços, diferentes jurisdições e necessidades de diferentes grupos de interesse. Vários autores defendem que existem tópicos comuns e ao mesmo tempo grandes diferenças. Têm vindo a ser feitas várias tentativas para encontrar uma metodologia suficientemente abrangente, mas ainda continua a ser um campo de investigação muito pouco explorado (Bahena-Álvarez, Cordón-Pozo, & Delgado- Cruz, 2019). Hoje as empresas sociais sentem grande pressão para evidenciar o seu valor social para atrair financiamento, dado que também cada vez há mais empresas a atuar no mesmo setor. Alguns desses fatores passam por ter que mostrar: a necessidade social, as restrições do financiamento público, a legislação, a evolução do pensamento, a alteração do cenário de entrega de valor, a mudança da paisagem do financiador e o crescimento da cultura de medição na formulação de políticas públicas na vida pública (Clifford et al., 2013).

Existem muitos estudos que tentam medir os resultados provenientes do comportamento social proactivo, como elemento definidor do empreendedorismo social (Nichols, 2006; Kania & Kramer, 2011). Alguns trabalhos comparam as atividades de vários setores, sugerindo que os investigadores tendem a ver o impacto social como um constructo generalizável que só pode ser comparado entre organizações que operam em contextos muito semelhantes (Liston-Heyes & Ceton, 2009). Outros autores, entre os quais Salazar, Husted, &

2 Stakeholder é qualquer pessoa ou grupo que pode afetar (ou ser afetada) pela concretização dos objetivos de uma organização. Stakeholders são elementos a ter em consideração no planeamento estratégico das organizações, sendo também designados por grupos de interesse ou partes interessadas (PI) (Friedeman & Miles, 2006).

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Biehl (2012), exploram fatores que supostamente contribuem para o impacto social dentro de uma indústria única e/ou entre uma população de organizações que procuram iniciativas pró-sociais semelhantes, direcionando uma abordagem de atividade de setor único. Outros, ainda, conceituam o impacto social como um resultado que pode ser medido e comparado em vários contextos, adotando uma abordagem de resultados multissetoriais, conectando o impacto social às práticas ou teorias existentes, incluindo partes interessadas e teoria económica da utilidade (Marom, 2006). Há também quem defenda que a abordagem dos resultados se concentra num ou mais tipos de resultados sociais num contexto específico, impulsionados pelo pressuposto de que os resultados em cada setor são únicos e, portanto, difíceis ou impossíveis de comparar com os outros setores (Brickson, 2007).

De acordo com Khandker et al. (2010), um tópico que está a ser cada vez mais investigado é como medir o impacto social, visto que é um passo óbvio para as organizações que visam um objetivo social. Embora a literatura sobre impacto social seja vasta, não há uma forma ideal de o obter. Uma das principais questões é definir claramente relações de causa-efeito e isolar outras causas que podem ter sido a causa do impacto social.

O processo de inovação social e principalmente a mensuração do impacto social são temas que devem ganhar mais importância devido ao seu papel central no setor que busca um maior nível de profissionalismo e impacto.

Investidores, empreendedores e pesquisadores ainda têm um longo caminho a percorrer para definir processos de inovação social e avançar em metodologias para medir o impacto social (Barki et al., 2015).

1.4.1 ALGUNS EXEMPLOS

Para entender por que as organizações da economia social alcançam um impacto social e económico positivo, é útil considerar a razão pela qual elas surgem. Sendo que o impacto social dessas organizações é, portanto, uma consequência direta da sua missão e da sua estrutura, na medida em que o envolvimento das partes interessadas na gestão da organização garante que a organização permaneça fiel aos interesses dos seus membros e da sua comunidade (Comissão Europeia, 2013). Assim, a contribuição significativa da economia social para o desenvolvimento económico e para o bem-estar foi confirmada pela recente crise económica. Os dados concretos sobre a economia social e as organizações que a compõem são difíceis de encontrar, devido à falta de padronização dos tipos de organizações nos países e à pouca atenção que as entidades de estatística dispensam a esse tipo de organizações.

De acordo com Birchall & Ketilson (2009), há uma ampla evidência histórica da resiliência do modelo de negócios cooperativo em tempos de crise. Desde a Grande Depressão nos Estados Unidos e o colapso dos preços da Suécia nos anos 30, até à reestruturação industrial na Europa Ocidental nas décadas de 1970 e 1980, a criação de cooperativas sempre foi uma das formas mais eficazes de preservar os rendimentos e o emprego.

Por sua vez, a economia social na França, que representa 9,9% de todo o emprego assalariado, criou 18% de todos os novos empregos entre 2006 e 2008. Entre 2008 e 2009, o emprego na economia social aumentou 2,9%, com a criação líquida de 70 mil empregos remunerados, em comparação com uma queda de 1,6% no restante do setor privado e de 4,2% no setor público (Fauer, 2012). Na Espanha, o emprego em cooperativas está a recuperar-se mais rapidamente do que noutras empresas, sendo que após a queda em 2008-2009 e a estagnação em 2010, o emprego em cooperativas de trabalhadores cresceu 4,7% em 2011, enquanto noutras empresas continuou a decrescer pelo quarto ano consecutivo (Roelants, et al., 2012). Num estudo realizado em 2009 consta que no empreendedorismo social esteja envolvida 7,5% população ativa na Finlândia, 5,7% no Reino

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Unido, 5,4% na Eslovénia, 4,1% na Bélgica, 3,1% na França e 3,3% em Itália. Na Europa, cerca de 1 em 4 empresas criadas são empresas sociais, sendo consideradas muito produtivas e competitivas (Terjesen et al.,2009, citado por Comissão Europeia, 2011b).

De acordo com a Comissão Europeia (2013), estima-se que a economia social na Europa (cooperativas, associações e fundações) engloba mais de 14,5 milhões de empregados remunerados, equivalente a cerca de 6,5% da população ativa da UE. A economia social aumentou mais do que proporcionalmente entre 2002-2003 e 2009-2010, sendo que passou de 6% para 6,5% do total de empregos pagos na Europa e de 11 milhões para 14,5 milhões de empregos.

De acordo com o conceito de referência do Instituto Nacional de Estatística para a Conta Satélite da Economia Social, em Portugal, o universo das entidades da Economia Social é cerca de 72 mil ([INE] &

CASES, 2019). Em 2016 o Valor Acrescentado Bruto (VAB) da economia social representou 3% do VAB nacional total, sofrendo um aumento relativamente a 2013. Nesse mesmo ano, a economia social representou 5.3% das remunerações e do emprego total, e 6,1% do emprego remunerado da economia nacional, correspondendo a um aumento que evidencia maior dinamismo que o total da economia. No entanto, a importância do setor da economia social em Portugal não se restringe apenas a estes valores, visto que há um conjunto de externalidades positivas para a sociedade que são difíceis de quantificar.

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2. PROGRAMAS E BOAS PRÁTICAS

Por toda a Europa, tem-se vindo a assistir a uma importância crescente na dinâmica das organizações relacionadas com o empreendedorismo social3. Contudo, observa-se um contexto preocupante nas estruturas e sistemas sociais, políticos e económicos (Comissão Europeia, 2016). Após a crise económica de 2008 aumentaram as desigualdades sociais, o que se torna inevitável a criação de respostas inovadoras que possam melhorar as condições de vida das pessoas. Uma das respostas poderá ser a criação de iniciativas que estimulem o empreendedorismo social, visto que a sua promoção num contexto de instabilidade estimula a captação do potencial do crescimento do setor económico e do valor que desenvolve, o qual se relaciona com o setor social (Rodert, 2011). De acordo com a Comissão Europeia (2014b), o desenvolvimento de abordagens inovadoras na prestação de serviços sociais também pode aumentar as perspetivas de emprego e criação de emprego na UE. As oportunidades de criação de emprego no setor de serviços sociais são essenciais, devido ao desenvolvimento de novas necessidades, impulsionadas pelas mudanças demográficas, consequências económicas e sociais da crise, crescentes desigualdades, desenvolvimentos tecnológicos ou mudanças nos padrões sociais.

Os serviços sociais representam, assim, um investimento inteligente e sustentável, pois ajudam as pessoas.

Têm uma função preventiva e ativadora, os quais podem ser fornecidos por organizações públicas e privadas, especialmente empresas sociais e ONGs que oferecem serviços específicos para as comunidades locais.

Desenvolver novas respostas às necessidades sociais identificadas, a fim de oferecer melhores resultados sociais significa, no caso específico dos serviços sociais, melhorar a qualidade, acesso, cobertura e acessibilidade. É importante referir que a construção de parcerias com esses agentes, principalmente ao nível local, aumenta a coerência da prestação de serviços sociais e melhora os apoios (Comissão Europeia, 2014b).

Numa iniciativa relativa à Plataforma Europa contra a Pobreza e a Exclusão Social e União da Inovação, destacam a inovação social como uma ferramenta essencial para dar resposta às situações de crise atuais consequentes de fatores que já foram referidos, como o envelhecimento, a pobreza, o desemprego e os novos modos e relações de vida.

2.1 PROGRAMAS DE APOIO NA EUROPA

A Comissão Europeia considera que o sistema de financiamento das empresas sociais se encontra subdesenvolvido relativamente àquele de que as outras empresas beneficiam. Todavia, verifica-se que cada vez mais os investidores pretendem aliar resultados sociais ou ambientais à sua obtenção (legitima) de rendimentos financeiros dos investimentos (Comissão Europeia, 2011b). Recentemente têm surgido várias fontes de financiamento para empreendimentos inovadores dos setores público e privado com o objetivo social, o que levou à necessidade urgente de desenvolver métodos para medir os benefícios sociais e económicos gerados pelas empresas sociais. A nível de UE, alguns dos programas e políticas mais importantes de apoio à inovação

3 O número de projetos de pesquisa europeus focados nas empresas sociais, no terceiro setor e no empreendedorismo tem vindo a aumentar nas últimas última décadas. Os exemplos incluem: o projeto SEFORÏS (http://www.seforis.eu/), um projeto multidisciplinar, de âmbito internacional e de multi-método sobre o empreendedorismo que visa entender melhor o papel inclusivo e inovador das empresas que atuam na União Europeia; o Projeto de Impacto no Terceiro Setor (ETI), que visa gerar novos conhecimentos sobre o desenvolvimento socioeconómico da Europa; e o projeto EFESEIIS, que visa proporcionar uma melhor compreensão do empreendedorismo social, utilizando uma análise dos dados coletados em 10 países europeus.

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social e ao empreendedorismo social são: o acesso ao financiamento, a capacitação, o reconhecimento e visibilidade, o acesso ao conhecimento, o acesso a mercados e o enquadramento legal (Tabela 1).

Relativamente ao acesso ao financiamento, destaca-se:

 Programa de Emprego e Inovação Social (EaSI)

O novo programa de financiamento da política social EaSI integra e amplia, nos 3 eixos do programa, a cobertura de 3 programas existentes: PROGRESS, EURES (Serviços Europeus de Emprego) e o Fundo Europeu de Microfinanciamento Progress. Baseia-se nos resultados do seu antecessor programa

“PROGRESS” que expandiu algumas das suas atividades (Comissão Europeia, 2014b). O programa PROGRESS apresentado em 2011 procura assegurar uma ação coletiva e uma coordenação política eficaz entre os Estados-Membros. O programa EURES funciona no melhoramento da transparência do mercado de trabalho, através da divulgação de vagas de emprego disponíveis no Portal da Mobilidade Profissional EURES, e apoiar a prestação de serviços de informação, aconselhamento e orientação. O Instrumento Europeu de Microfinanciamento Progress é um dos recursos disponíveis para desempregados para integrar o mundo do emprego (Comissão Europeia, 2011, citado por Viveiros, 2016). No âmbito do programa PROGRESS entre 2009 e 2011, foram atribuídos cerca de 13 milhões de euros em 36 projetos na experimentação de políticas sociais. Em 2012 foram financiados mais 5 projetos, com um orçamento de 4,2 milhões de euros, e no convite de 2013, foram financiados outros 5 projetos de experimentação de políticas sociais de apoio ao investimento social (orçamento de 4,2 milhões de euros). Várias das iniciativas e experimentação de políticas sociais apoiadas por este programa tornaram-se relevantes para moldar políticas e serviços sociais (Comissão Europeia, 2014b).

O programa EaSI tem um orçamento aproximado de cerca de 919 milhões de euros, com o intuito de 1) apoiar a criação, avaliação e implementação de novas iniciativas de política social, em conformidade com o Pacote de Investimento Social (SIP); 2) explorar o papel das parcerias público-privadas nas reformas do bem-estar e no investimento do capital humano; e 3) testar inovações nas políticas sociais para apoiar as principais orientações políticas do SIP (Tabela 1). O SIP enfatiza a necessidade de incorporar a inovação de políticas sociais na formulação de políticas e conectá-las às prioridades sociais (Comissão Europeia, 2014b).

 COSME - Programa da Europa para as PME

O COSME é o programa da UE para a competitividade das empresas e das PME. Este programa decorre entre 2014 e 2020, com um orçamento de 2,3 mil milhões de euros. O COSME apoia as PME nos seguintes domínios: 1) facilitar o acesso ao financiamento; 2) apoiar a internacionalização e o acesso aos mercados;

3) criar um ambiente favorável à competitividade; e 4) incentivar uma cultura empresarial (Comissão Europeia, 2015a) (Tabela 1). Um dos principais objetivos do programa COSME é melhorar o acesso ao financiamento para as PME em diferentes fases do seu ciclo de vida, nomeadamente na sua criação, expansão ou transferência de atividades. Este programa apoia a concessão de apoio às empresas europeias, para que possam beneficiar do mercado único da UE e tirar maior proveito das oportunidades oferecidas pelos mercados fora da UE (Comissão Europeia, 2015b).

Referências

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