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– PósGraduação em Letras Neolatinas

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A REALIZAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NA FALA DOS

ESTUDANTES DE ITALIANO LÍNGUA ESTRANGEIRA

PRISCILA NOGUEIRA DA ROCHA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Neolatinas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para obtenção do Título de Mestre em Letras Neolatinas (Estudos Lingüísticos Neolatinos, opção: Língua Italiana)

Orientador: Profª. Drª. Annita Gullo Co-Orientador: Profª. Drª. Maria Eugênia Lamoglia Duarte

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, por ser a razão da minha vida e por acreditar sempre em mim

A realização deste trabalho devo, sem dúvida nenhuma, à minha orientadora, Annita Gullo, que lhe dispensou atenção minuciosa em todas as suas fases. Além disso, o agradecimento diz respeito à confiança que em mim depositou e que me incentiva a continuar. A sua generosidade, carinho e a sua amizade foram fundamentais para que eu conseguisse chegar até o fim. A ela, minha eterna gratidão.

À Maria Eugênia, minha co-orientadora, um exemplo de dedicação, prática de parceria. Agradeço por contribuir, de forma relevante, com discussões e sugestões acerca das questões relacionadas ao sujeito nulo, agradeço também o carinho e a confiança no meu trabalho, pelo apoio constante e por proporcionar-me aprender tanto com a sua sabedoria.

Reconheço ainda que o apoio e carinho das professoras Sonia Cristina Reis, Flora de Paoli, Maria Lizete dos Santos, Claudia Fátima Martins, foram essenciais para a minha formação acadêmica e para a minha formação de mundo, que juntas me proporcionaram beber em inesgotável fonte de sabedoria.

Às amigas de curso: Luciana Nascimento, Albaní Alves Guimarães, Marinês Cardoso e Edvige DI Paolo pelo apoio, solidariedade e principalmente incentivo que nelas encontrei.

À Wendel, pela compreensão por eu não ter compartilhado de todos os fatos e horas importantes de sua vida, pela paciência comigo, pelo seu amor e por me ajudar nas questões computacionais.

A meus companheiros de mestrado, que seguiram de mãos dadas comigo trilhas de descobertas e descobrimentos, desejos, lutas e conquistas.

Aos alunos que participaram das entrevistas, pela gentileza e pela disponibilidade para que as gravações das entrevistas que formam esse corpus fossem realizadas. Sem eles, esse trabalho não poderia ser realizado.

(3)
(4)

FICHA CATALOGRÁFICA

Rocha, Priscila Nogueira da

A realização do sujeito pronominal na fala dos estudantes de italiano língua estrangeira

Priscila Nogueira da Rocha. Rio de janeiro, 2008. 178 fls. Dissertação (Mestrado em Língua Italiana)

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras. Orientador: Profa. Dra. Annita Gullo

Co-orientador: Profa. Dra. Maria Eugênia Lamoglia Duarte

Introdução. 1. Pressupostos teóricos. 2. O português do Brasil e o italiano em relação ao parâmetro do sujeito nulo (PSN). 3. Metodologia de análise: os grupos de fatores. 4. Análise dos resultados. Conclusão. Referências bibliográficas.

Dissertação de Mestrado Gullo, Annita (Orientadora).

Duarte, Maria Eugênia Lamoglia (Co-orientadora).

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ROCHA, Priscila Nogueira da. A realização do sujeito pronominal na fala dos

estudantes de italiano língua estrangeira. Dissertação de Mestrado em Língua Italiana –

curso de Pós-Graduação em Letras Neolatinas. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras/ UFRJ, 2008, 178 p.

RESUMO

Este trabalho objetiva verificar a influência do português brasileiro como língua materna (L1) no processo de aprendizagem da língua italiana como língua estrangeira (LE) no que concerne à representação do sujeito pronominal. Como a mudança no português brasileiro (PB) em direção ao sujeito pronominal pleno está bastante avançada e o italiano é uma língua de sujeito nulo, partimos do pressuposto de que haveria influência de L1 nos estágios iniciais da aprendizagem. A pesquisa se sustenta em pressupostos teóricos da Lingüística Contrastiva e o instrumental da Sociolingüística Variacionista.Para testar a influência da L1 nos estágios iniciais da aprendizagem, utilizamos os resultados de pesquisas empíricas sobre a realização do sujeito pronominal nas variedades culta e popular do português. Tais estudos utilizam a Teoria da Variação Lingüística e a Teoria de Princípios e Parâmetros. Nossos procedimentos foram os mesmos, no sentido de tornar os resultados comparáveis. O corpus utilizado para a análise, constituído pela pesquisadora, consta da fala de oito informantes em diferentes níveis de escolaridade. Parte-se da hipótese de que com o avanço na fluência, a ocorrência de sujeito nulo aumente, tendo valores semelhantes aos da língua alvo (um sistema [+sujeito nulo]). Embora haja uma predominância de sujeitos nulos, os resultados não confirmam nossa hipótese, indicando que os aprendizes apresentam influência da língua materna mesmo nos estágios mais avançados, mostrando que o grau de escolaridade não é o fator determinante para a realização do sujeito. Pode ser que seja necessário maior contato e prática para atingir índices compatíveis com os da língua-alvo

Palavras-chave

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ROCHA, Priscila Nogueira da. A realização do sujeito pronominal na fala dos

estudantes de italiano língua estrangeira. Dissertação de Mestrado em Língua Italiana –

curso de Pós-Graduação em Letras Neolatinas. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras/ UFRJ, 2008, 178 p.

ABSTRACT

This work intends to verify the influence of Brazilian Portuguese (BP) as first language (L1) in the learning process of the Italian language as a foreign language (FL), concerning the question of the grammatical subject representation. As the change in BP towards the full pronominal subject is quite advanced and Italian is a null subject language, the hypothesis underlying the analysis is that there is an L1 influence at the initial stages of learning. The research lays on the theory of Contrastive Linguistics and the instruments of Variationist Sociolinguistics. To test the L1 influence in the initial stages of learning, we used the results of empiric researches about the pronominal subject realization on the cult and popular varieties of BP. These studies use the Linguistic Variation Theory and the Principles and Parameters Theory. Our proceedings were the same, in the sense of making possible a comparison between the results. The used corpus for the analysis, constituted by the researcher, is composed by the speak of eight informers at different instruction levels. The initial hypothesis is that with the advance of fluency, the null subject occurrences increases, reaching values similar to the target language (a [+pro-drop] system). Although there is null subject predominance, the results do not confirm our hypothesis, indicating that the learners present L1 influence even in the highest stages, showing that the instructional level is not the determining factor on the subject realization. Maybe it is necessary to have more contact and practice to reach compatible indexes to compare with the target language.

Key-words

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ROCHA, Priscila Nogueira da. A realização do sujeito pronominal na fala dos

estudantes de italiano língua estrangeira. Dissertação de Mestrado em Língua Italiana –

curso de Pós-Graduação em Letras Neolatinas. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras/ UFRJ, 2008, 178 p.

RIASSUNTO

Il presente studio si propone l’obiettivo di verificare l’influenza del portoghese brasiliano come lingua materna (L1) nel processo di apprendimento della lingua italiana come lingua straneira (LE) per quanto riguarda la presenza del soggetto pronominale. Dal momento che nel portoghese brasiliano (PB) l’uso del soggetto pronominale esplicito è molto piú freqüente, mentre nell’italiano è usato il soggetto sottinteso, siamo partiti dal presuppposto che dovrebbe esserci un’influenza della L1 negli stadi iniziali dell’apprendimento della lingua italiana. La ricerca si basa sui presupposti teorici della Linguistica Contrastiva e strumentale della Sociolinguistica Variacionista. Per verificare l’influenza della L1 negli stadi iniziali dell’apprendimento, ci siamo serviti di risultati di ricerche pratiche sull’uso del soggetto pronominale nella lingua portoghese popolare e colta. Tali studi utilizzano la Teoria della Variazione Linguistica e la Teoria di Principi e Parametri. Il nostro procedimento iniziale ha avuto come obiettivo quello di rendere comparabili i risultati ottenuti. Il corpus analizzato, raccolto dalla stessa ricercatrice, è costituito da conversazioni di otto persone indagati di differenti livelli di istruzione. Si parte dall’ipotesi che con una maggiore fluenza della lingua, sia sempre più possibile l’uso del soggetto sottinteso, come avviene con la lingua materna alvo (un sistema [+soggetto nullo]). Nonostante si sai verificata una prevalenza del soggetto sottinteso nei dati raccolti, i risultati, tuttavia, non confermano la nostra ipotesi. Ciò indica che gli alunni risentono l’influenza della lingua materna anche negli stadi più avanzati, mostrando, altresí, che il grado di istruzione non è un fattore determinante per l’uso del soggetto sottinteso nella comunicazione. Si ritiene che sia necessaro un maggior contatto e una pratica più intensa per ottenere risultati più compatibili con quelli della lingua materna

Parole chiavi

(8)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 12

CAPÍTULO 1 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ... 15

1.1 INTRODUÇÃO ... 15

1.2 AQUISIÇÃO E APRENDIZAGEM DE LE ... 16

1.3 DIFERENÇAS ENTRE A AQUISIÇÃO DE LM E A APRENDIZAGEM DE LE ... 17

1.4 PROBLEMAS NA AQUISIÇÃO/ APRENDIZADO DE LE ... 20

1.5 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LE ... 21

1.6 TRÊS PERSPECTIVAS TEÓRICAS SOBRE O FENÔMENO DE AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DE LE ... 23

1.6.1 Relação entre Gramática Universal (GU) e Aprendizagem de LE ... 23

1.6.1.1 A GU está disponível: acesso parcial ... 24

1.6.1.2 A GU está disponível: acesso total ... 24

1.6.1.3 A GU está morta ... 25

1.6.2 Reestruturalismo ... 25

1.6.3 A Lingüística Contrastiva ... 26

1.7 LINGÜÍSTICA CONTRASTIVA E SEUS TRÊS MODELOS ... 27

1.7.1 Modelo de Análise Contrastiva ... 28

1.7.2 Modelo da Análise de Erros ... 29

1.7.3 Interlíngua ... 31

CAPÍTULO 2 - O PORTUGUÊS DO BRASIL E O ITALIANO EM RELAÇÃO AO PARÂMETRO DO SUJEITO NULO (PSN) ... 34

2.1 TEORIA DE PRINCÍPIOS E PARÂMETROS ... 34

2.1.1 O parâmetro do sujeito nulo ... 35

(9)

2.3.1 Os pronomes pessoais em italiano ... 42

2.3.2 O quadro pronominal do italiano ... 43

2.3.3 O sujeito pronominal em italiano ... 45

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA DE ANÁLISE: OS GRUPOS DE FATORES 49 3.1 INTRODUÇÃO ... 49

3.2 AMOSTRA ANALISADA ... 49

3.3 A SELEÇÃO DOS DADOS ... 50

3.4 GRUPOS DE FATORES LEVANTADOS ... 52

3.4.1 A variável dependente ... 53

3.4.2 As variáveis independentes ... 53

3.4.2.1 Grupos de fatores ligados a traços morfológicos ... 53

3.4.2.1.2 Desinência verbal ... 53

3.4.2.1.3 Forma verbal ... 54

3.4.2.2 Grupos de fatores ligados a traços sintáticos ... 54

3.4.2.2.1 Função sintática da oração ... 54

3.4.2.2.2 Estrutura do Sintagma Complementizador (CP) ... 56

3.4.2.2.3 Elementos entre o sujeito e o verbo ... 58

3.4.2.3 Grupos de fatores ligados à referência ... 59

3.4.2.3.1 Padrão sintático ... 59

3.4.2.4 Grupo relacionado ao traço semântico ... 60

3.4.2.4.1 Traço semântico do sujeito de 3ª pessoa ... 60

3.4.2.5 Grupo relacionado aos diferentes tipos de discurso ... 61

3.4.2.5.1 Tipo de discurso ... 61

3.4.2.6 Grupo relacionado ao nível de instrução em ILE ... 62

3.4.2.6.1 Entrevistado ... 62

(10)

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 64

4.1 A REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO PRONOMINAL NO ILE ... 64

4.2 OS GRUPOS DE FATORES SELECIONADOS QUE APRESENTAM VALORES PERCENTUAIS MAIS SIGNIFICATIVOS ... 64

4.2.1 Nível de instrução ... 66

4.2.2 Traço semântico ... 67

4.2.3 Padrão sintático ... 68

4.2.4 Elementos entre o sujeito e o verbo ...69

4.2.5 Pessoa gramatical ... 71

4.2.6 Função sintática da oração ... 74

4.3 GRUPOS DE FATORES COM VARIAÇÃO PERCENTUAL POUCO SIGNIFICATIVA ... 75

4.3.1 Desinência verbal ... 76

4.3.2 Tipos de discurso ... 76

4.3.3 Forma verbal ... 76

4.3.4 Estrutura de CP ... 77

4.4 DUPLO SUJEITO ... 78

4.5 COMENTÁRIOS ... 79

CONCLUSÃO ... 80

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 85

(11)

ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS

Quadro 1a: Diferenças entre aquisição e aprendizagem ... 23

Quadro 2a: Expletivos nulos e plenos ... 37

Quadro 2b: Quadro pronominal do PB ... 38

Quadro 2c: Paradigmas Pronominais e Flexionais em PB (cf. Duarte 1993,1995)... 38

Quadro 2d: O quadro pronominal nominativo (sujeito) do italiano ... 43

Quadro 2e: Comparação entre os paradigmas verbais do Francês, Inglês e Italiano ... 45

Tabela 3a: Estruturas não consideradas ... 52

Gráfico 3a: Estruturas não consideradas ... 52

Quadro 3a: Nível de instrução dos informantes ... 62

Tabela 4a: Sujeitos nulos vs preenchidos na amostra analisada ... 64

Tabela 4b: Grupos de fatores com diferença percentual mais significativa ... 65

Gráfico 4a – Percentual esperado vs. obtido de sujeitos nulos...66

Tabela 4c: Ocorrência de sujeitos nulos segundo o nível de instrução ... 67

Gráfico 4b: Ocorrência de sujeitos nulos (vs plenos) segundo o nível de instrução (%) 67 Tabela 4d: Sujeitos nulos segundo o traço semântico do sujeito de 3ª pessoa ... 67

Tabela 4e: Sujeito nulo segundo o padrão sintático ... 69

Tabela 4f: Ocorrências de sujeito nulo nos elementos entre o sujeito e o verbo...71

Tabela 4g: Sujeito nulo de acordo com a pessoa gramatical ... 71

Gráfico 4c: Sujeito nulo segundo a pessoa gramatical ... 73

Gráfico 4d: Sujeitos de 2ª pessoa em declarativas, interrogativas e uso de “tu” indeterminador. ... 74

Tabela 4h: Sujeito nulo segundo a função sintática da oração...74

Tabela 4i: Grupos de fatores com variação percentual pouco significativa ... 76

(12)

INTRODUÇÃO

O processo de aquisição/aprendizagem de uma língua tem sido objeto de estudos

de várias pesquisas, na tentativa de melhor compreendê-lo. Uma das questões centrais

no tocante à pesquisa de aquisição/aprendizagem de língua estrangeira, doravante LE, é

como se dá a aprendizagem de uma nova língua, tendo em vista a existência de outra na

mente do aprendiz. Este é um assunto que divide os teóricos. Por exemplo, ainda não há

consenso se a Língua Materna (LM) do aprendiz influencia este processo ou não. As

pesquisas de Canato (2003) e Durão (1999) demonstram que essa influência ocorre e

pode ser percebida na produção de alunos quando estudada com base na Lingüística

Contrastiva e da Teoria de Princípios e Parâmetros. Outras pesquisas também já haviam

comprovado essa influência como as de Selinker (1969), Kellerman (1977), Gass (1979,

1984), Gass e Selinker (1983) e Odlin (1989), entre outros.

O objetivo deste trabalho é verificar até que ponto a gramática do PB influencia

o processo de aprendizagem do italiano LE no que diz respeito á representação do

sujeito pronominal.

Considerando–se o fato de que o português brasileiro revela mudanças na

marcação do parâmetro do sujeito nulo, rumo às línguas não pro–drop, ou seja, com o

preenchimento do sujeito em situações onde não seriam necessárias; poderíamos esperar

que tais aprendizes optassem por preencher mais os sujeitos, refletindo–se assim, a

influência de L1 no aprendizado de LE nos estágios mais iniciais da aquisição. No

entanto, espera–se que os aprendizes de italiano como LE, conforme se tornem mais

fluentes e proficientes na língua alvo passem a transferir construções pertencentes à L1

em menor quantidade, fruto do aprendizado a que o indivíduo está exposto.

Utilizaremos como suporte teórico a Lingüística Contrastiva. Serão revisados os

estudos sobre a aquisição/aprendizagem de L1 e LE (Corder 1967, Durão 1999). Para

(13)

influência de L1 na aprendizagem, utilizaremos os resultados de pesquisas sobre a

realização do sujeito pronominal no português (Duarte, 1995, 2003, 2005). Esses

estudos usam a Teoria da Variação Lingüística e a Teoria de Princípios e Parâmetros

(Chomsky, 1981). A descrição do sistema pronominal e da realização do sujeito em

italiano utiliza a gramática de Dardano & Trifone (1995) e as propostas teóricas de

cunho gerativista, que tratam da expressão do sujeito em línguas de sujeito nulo vêm de

Calabrese (1986) e Fernandes Soriano (1999).

O corpus do estudo foi realizado com aprendizes brasileiros aprendendo italiano

em contexto formal (sala de aula), através de seu discurso oral. Foram realizadas

entrevistas com esses aprendizes provenientes de oito diferentes níveis de proficiência

dos cursos de graduação e pós-graduação de italiano da Universidade Federal do Rio de

Janeiro no ano de 2007.

Para a análise quantitativa dos dados será utilizado o instrumental da

Sociolingüística Variacionista, com os moldes desenvolvidos por Labov (1972), a fim

de saber qual a forma mais freqüentemente utilizada pelos falantes do português

brasileiro aprendendo italiano como LE. Esta análise permitirá verificar quais são os

fatores que favorecem ou inibem o sujeito pronominal. Os dados foram computados

segundo fatores lingüísticos, semânticos e sociais e submetidos ao pacote de programas

VARBRUL.

Esta dissertação está dividida em quatro capítulos. O capítulo 1 destina–se à

apresentação dos pressupostos teóricos que nos serviram de base, entre eles, os que

norteiam a distinção entre aprendizagem e aquisição; os problemas de aquisição de LE e

as diferenças concernentes à L1 e LE; e como suporte teórico usaremos a Lingüística

Aplicada.

O capítulo 2 apresenta o comportamento do português do Brasil e do italiano em

(14)

No capítulo 3 serão apresentadas as hipóteses que orientam esta pesquisa, a

metodologia empregada na coleta e análise dos dados e a descrição detalhada da

amostra utilizada a fim de contemplar nossos objetivos.

O capítulo 4 expõe a análise e interpretação dos resultados obtidos no tocante

aos sujeitos de referência definida, sendo comparados (quando possível) com os

resultados apresentados em Duarte (1995).

A conclusão é o espaço destinado às reflexões finais acerca do tema estudado e

tem por objetivo consolidar os resultados obtidos e as respostas encontradas para as

perguntas aqui levantadas.

Encontram-se no anexo uma ficha com cada informante entrevistado e o corpus

(15)

CAPÍTULO 1

PRESSUPOSTOS TEÓRICOS

1.1 INTRODUÇÃO

A teoria de aquisição, dentro da teoria gerativa de N. Chomsky, parte do

pressuposto de que a capacidade para falar é geneticamente determinada, mostrando,

portanto, que os seres humanos possuem um componente na mente ao qual Chomsky

intitula “Dispositivo de Aquisição de Linguagem” (LAD) 1, através do qual a Língua

Materna (LM) se desenvolve. Para o autor a criança que aprende a LM é dotada desse

dispositivo (LAD) inato, que a permite de formular regras sobre a língua e produzir

criações criativas que não podem ser reconduzidas a um simples condicionamento da

parte do input; justamente porque tem o objetivo de formular explicitamente tais regras

que geram as frases, essa teoria de Chomsky é chamada de gramática gerativa.

O objetivo fundamental de Chomsky é de delimitar qual seja a “Gramática

Universal” (GU) que cada ser humano traz consigo desde o nascimento e que o

permitirá adquirir as línguas. Segundo Chomsky, é necessário postular a existência

desse dispositivo inato (LAD) porque a simples exposição ao input mais a pesquisa a

mecanismos cognitivos gerais, como a capacidade de indução ou de formas análogas,

não são suficientes para explicar como as crianças adquirem tudo, em poucos anos; um

sistema complexo e único, sendo uma língua natural. Quando as crianças falam, elas

empregam as regras gramaticais que inferiram mediante a observação intuitiva do input

recebido em um processo de interação com falantes nativos da língua materna.

Assumimos nesse trabalho, a proposta de Chomsky, a qual estabelece que

existam na gramática universal, princípios lingüísticos gerais que representam as leis

absolutas, universais, que se manifestam em modo negativo: não existe nenhuma língua

(16)

que viole os princípios da GU; e parâmetros, que dão conta da diversidade das línguas,

levando não a uma variação totalmente livre, mas a um restrito sistema de opções

pré-determinadas. Em outras palavras, os princípios lingüísticos gerais desencadeiam uma

‘gramática mental nuclear’ a partir da interação das crianças com adultos, já os

parâmetros levam à elaboração de uma ‘gramática periférica’ que consiste nos

elementos específicos de cada língua.

Pallotti (1998:94) faz uma metáfora dizendo que podemos imaginar a GU como

um circuito onde certas conexões são fixas (princípios) enquanto que outras dependem

de interruptores que podem selecionar uma entre mais possibilidades de posição

(parâmetros).

1.2 AQUISIÇÃO E APRENDIZAGEM DE LE

Segundo Kato (1999) “a aquisição é o processo pelo qual o falante entra em

contato com a língua por meio do input natural externo e aprendizagem aquele processo

em que há algum tipo de intervenção ou estímulo externo.” Para que possa ocorrer a

aquisição de linguagem, o falante deve estar inserido dentro de certa comunidade de

fala, para que possa ter acesso às informações necessárias e assim desenvolver o sistema

lingüístico pertinente à língua a ser adquirida. Sendo assim, a aquisição lingüística é

comum a todos os seres humanos, todos podem realizá-la, pois são dotados de uma

capacidade lingüística-biológica-mental, que lhes permite adquirir, produzir e

compreender uma língua. (cf. Chomsky, 1981). Podemos concluir que, a aquisição é um

processo natural, em que não há a necessidade de correções e/ou instruções para que ela

se desenvolva. Já quando falamos de aprendizagem de uma língua fora da sua

comunidade de fala, que ocorre em sala de aula, é um processo pelo qual o aprendiz

(17)

Muitos teóricos divergem em relação aos conceitos de aquisição e

aprendizagem. Para Ellis (1997), o termo segunda refere-se à segunda língua aprendida

logo após a língua materna, não importando se é uma terceira ou quarta língua, por

exemplo. Ellis também não vê diferenças entre segunda língua ou língua estrangeira.

Para ela “se a pessoa está aprendendo a língua no país de origem ou em sala de aula, por

meio de instruções, é costume dizer aquisição de segunda língua.”

Entretanto, para este trabalho, adotaremos a posição de Kato (1999),

principalmente na questão da aprendizagem, motivados pela natureza de dados de que

dispomos para essa pesquisa. Como nossas entrevistas são feitas com brasileiros que

estão submetidos ao processo de aprendizagem, expostos às instruções e correções do

professor, seria relevante seguir a posição defendida pela autora, já que, segundo ela, o

processo de aprendizagem engloba não só correções, mas também estímulo externo, que

são as instruções feitas pelo professor. Adotaremos também a terminologia língua

estrangeira (LE) por julgarmos segunda língua somente aprendizagem na comunidade

da fala, em contexto de imersão.

1.3 DIFERENÇAS ENTRE A AQUISIÇÃO DE LM E A APRENDIZAGEM DE LE

Embora haja similaridades entre o processo de aquisição de L1 e LE, há algumas

diferenças que devem ser mencionadas (cf. White, 1989). São elas:

1.3.1 Sucesso ao final do processo de aquisição / aprendizagem

A principal diferença para o grau de sucesso no domínio da língua alvo é que os

falantes de L1 são considerados bem sucedidos ao final do processo de aquisição de sua

gramática, diferentemente aos falantes de LE. Os aprendizes de LE podem não adquirir

a língua alvo completamente. Para White (1989) a produção final de aprendizes de LE

(18)

entre os próprios aprendizes, cada um atingindo um grau dentro deste processo de

aprendizagem.

1.3.2 A língua materna

Outra diferença significativa no que se refere à aquisição de LE, diz respeito a

língua materna. Quando a criança adquire sua LM, não possui nenhum conhecimento

lingüístico, porém quando um adulto aprende uma LE, já domina a sua LM, ou seja, um

conhecimento anterior que pode influenciá–lo no processo de uma segunda língua.

1.3.3 Fossilização

Os aprendizes de uma LE em algum momento de sua aprendizagem podem

produzir estruturas consideradas agramaticais na LE e que é, na maioria das vezes, um

reflexo da língua materna, independente de seu grau de escolaridade. Embora passem

por diversos estágios até atingir a gramática final de sua língua, os aprendizes de L1 não

passam pelo fenômeno de fossilização.

1.3.4 A natureza do input

Quando os falantes de L1 adquirem sua língua, há dados naturais de sua

comunidade lingüística. Todo o momento a criança é estimulada para que o

conhecimento de sua LM se concretize. O próprio ambiente no qual a aquisição

acontece é um eficiente propiciador de inputs. Já os dados a que o aprendiz de LE está

exposto, podem não ser naturais por serem, muitas vezes, provenientes do contexto

formal de sala de aula ou introduzidos por meios de métodos de ensino, não sendo

(19)

1.3.5 Idade dos falantes

A maior parte dos aprendizes de LE começa o processo de aquisição/

aprendizagem da linguagem em uma idade mais avançada do que os falantes de L1 e

mais maduros em termos de desenvolvimento cognitivo.

Além dessas diferenças, Durão e Canato (2003) acrescentam outras também

bastantes relevantes. Vejamos a seguir:

1.3.6 Sistema fonológico

Os aprendizes de LE quando começam sua aprendizagem já dominam o sistema

fonológico de sua L1, devendo aprender outro sistema diferente daquele que já

possuem. Não é uma coisa tão óbvia, como dizem as autoras, pois, os aparelhos auditivo

e fonador desses aprendizes já se adaptaram “às estruturas de sua LM.” Está se tornando

consensual a idéia da existência de um período crítico, uma etapa pela qual, há

limitações na capacidade de apreensão da LM. Para os que acreditam nessa hipótese,

antes desse período, as crianças estão aptas para desenvolver sons de qualquer língua,

ou seja, se forem expostas a uma língua durante esse período, são capazes de

internalizá-las e usá-las com facilidade. Porém, passado esse período, a aquisição de

novos sons se torna mais complexa.

1.3.7 Interesse na aprendizagem

Para algumas pessoas, a aprendizagem de uma língua não é uma questão de

interesse, mas sim de uma obrigação de fatores externos ao aprendiz. Além disso, certas

pessoas se sentem cobradas por si mesmas, pela família, pelos colegas, e até mesmo

pelos professores, que deveriam propiciar um ambiente adequado para a aprendizagem,

mas são obrigados a estabelecer normas rígidas de conduta, fazendo com que alguns

(20)

1.3.8 Erros

Os erros que aparecem na aquisição no falante são diferentes dos produzidos por

aprendizes da LE no processo de aprendizagem dessa língua. No caso da aquisição da

LM, os erros aparecem das hipóteses feitas pelas crianças (“vô no colo de você.”);

dentro dos processos formais da aprendizagem de LE, os motivos que induzem o erro

vão desde a interferência da LM com a LE às dificuldades dos aprendizes com relação

aos aspectos específicos da própria LE. (DURAO, 1999)

1.4 PROBLEMAS NA AQUISIÇÃO/ APRENDIZADO DE LE

White (1989) aponta alguns problemas que ocorrem com os aprendizes de LE e,

que são bastante semelhantes àqueles enfrentados pelos aprendizes de L1, porém com

algumas diferenças. São eles:

1.4.1 A subdeterminação do input

Aprendizes de LE apresentam similaridades aos aprendizes de LM em relação a

segunda língua. Tanto os aprendizes de L1 quanto os de LE demonstram um

conhecimento da língua alvo muito superior aos dados à que foram expostos. A

diferença é que, para o aprendiz de LE, estes dados são introduzidos de maneira formal,

através de estratégias de aprendizagem ou solução de problemas.

1.4.2 A imperfeição dos dados

Mais uma vez de modo semelhante aos aprendizes de L1, os aprendizes de LE

também enfrentam a exposição de dados imperfeitos, muitas vezes provenientes de

discurso oral. Porém, para o aprendiz de LE o input pode vir da fala de um professor ou

de um estrangeiro, mas isso não garante a compreensão das propriedades abstratas da

gramática internalizada, o que nos induz a pensar que o aprendiz já possui

conhecimento inato destas propriedades, identicamente ao que ocorre em L1.

(21)

O terceiro problema é relacionado ao input e refere–se à evidência negativa. A

maioria dos aprendizes de LE tem acesso à evidência negativa, através da correção feita

pelo professor, embora nem sempre façam uso da mesma. Entretanto, nem todos os

aprendizes são expostos à evidência negativa, e mesmo aqueles que a possuem, não

fazem uso da mesma.

1.5 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE LE

Em línguas não maternas, ou estrangeiras (LE), o processo de aprendizagem não

é involuntário e também não é simples. Em primeiro lugar o aprendiz precisa ter o

desejo (motivação) de fazê-lo, seja por interesse próprio ou por forças das

circunstâncias, uma vez que as condições físicas e mentais nas quais a aprendizagem se

processa são diferentes das encontradas no desenvolvimento de LM (Corder, 1973). O

ambiente onde se dá a aprendizagem de LE geralmente não é tão propicio quanto o

ambiente no qual ocorre a aquisição de LM. Além disso, como o aprendiz já domina os

sistemas fonológicos, morfossintático e léxico-semântico de sua LM, inevitavelmente

reflete sobre suas regras e mesmo as emprega no momento de propor produções na

língua-alvo. O aprendiz, neste processo, desenvolve “interlínguas”, que são línguas

intermediarias entre LM e língua-alvo. Os erros apresentados são diferentes dos que

aparecem no processo de aquisição de LM, uma vez não são decorrentes

exclusivamente das hipóteses criadas pela criança, devendo-se a causas bastante

diversas, podendo oscilar entre a distração, a influência da LM ou mesmo refletir

aspectos mais complexos da própria LE. Tratando-se da LE, há também a possibilidade

da cristalização de erros (fossilização), possibilidade que não existe no caso da LM

(Selinker 1972, Canato, 2005).

Sabe-se que Chomsky não desenvolveu seus estudos tendo em vista a aquisição de LE,

(22)

trabalho. Krashen (1982), em seus estudos, confirma alguns pressupostos da abordagem

gerativa. O autor propõe que a aquisição de uma LE se dá de forma semelhante à de L1,

de modo que o ambiente ideal para o ensino da língua-alvo seria aquele o mais próximo

possível das condições da aquisição da língua materna. Ou seja, se os aprendizes de LE

forem expostos a um “input compreensível”, direcionando o foco para os significados e

mensagens, ao invés de priorizar a correção das formas gramaticais e estruturais, eles

serão capazes de adquirir qualquer LE similarmente aos aprendizes de L1, ao

aprenderem sua língua materna.

Entretanto, o grau de influência dos parâmetros da L1 sobre a formação do

conhecimento de LE é considerado, por alguns autores, como questionável, embora

amplamente aceito, uma vez que implica em verificar-se a transferência dos parâmetros

de L1 para a nova língua. White (1989) afirma mesmo que “ao considerarmos o

potencial da GU na aquisição de LE, o fato de aprendizes de LE já conhecerem uma

língua os leva à transferência”.

Considerando-se esta afirmativa, Flynn (1989) infere que a aquisição de um

parâmetro é facilitada quando L1 e LE apresentam, para o parâmetro a ser apreendido, a

mesma marcação, sendo retardada quando ocorre o contrário, sendo necessário um novo

ajuste para o parâmetro a ser adquirido. González (1994) também é favorável a essa

tese. Para a autora, “quanto maior a distância entre duas línguas, menor a possibilidade

de ocorrerem empréstimos da L1, e menor a probabilidade de erros de aprendizagem”.

Considera também que, entre duas línguas relativamente próximas, como é o caso do

Português e do espanhol, a incidência de erros de empréstimo é consideravelmente

maior2.

2 Vale a pena ressaltar que a sustentação para esse tipo de afirmação se baseia em considerações de

(23)

O quadro a seguir baseado em Pallotti (1998, 238) resume as principais

diferenças entre aquisição e aprendizagem de língua estrangeira.

AQUISIÇÃO APRENDIZAGEM

Aprender a LE

Inconscientemente Conscientemente

Implicitamente Explicitamente

Usando a LE para comunicar-se Prestando atenção a forma lingüística

De modo incidente, por acaso Intencionalmente

Conhecimento da LE

Inconsciente Consciente

Informal Formal, metalingüístico

Sem consciência das regras Consciência das regras gramaticais Sensações do que é certo ou errado Recorre às regras explicitas para decidir o

que é certo ou errado Quadro 1a: Diferenças entre aquisição e aprendizagem

1.6 TRÊS PERSPECTIVAS TEÓRICAS SOBRE O FENÔMENO DE AQUISIÇÃO/APRENDIZAGEM DE LE

O processo de aquisição/ aprendizagem de línguas tem sido objeto de estudo de

várias pesquisas, na tentativa de melhor compreendê-lo. Muitos teóricos se dividem

para explicar qual seria a melhor teoria. Nesta seção apresentaremos as principais

teorias que explicam como ocorre esse processo de aprendizagem.

1.6.1 Relação entre Gramática Universal (GU) e Aprendizagem de LE

Dentro da hipótese de como o falante acessa a faculdade da linguagem durante a

aquisição/aprendizagem, as pesquisas sobre a GU se preocupam em reconstruir todos os

princípios e parâmetros que formam o estado inicial inato de onde cada ser humano

parte na aprendizagem de LM. Alguns teóricos criticam a teoria de Chomsky por

acharem que a teoria não dá conta dos fatores pragmáticos, das relações entre linguagem

e outras dimensões de vida social. Os pesquisadores têm certa razão, porém Chomsky se

preocupava mais com os conhecimentos que um sujeito tem das regras gramaticais3 e

3

(24)

observava o uso das regras nos contextos concretos. Quando falamos, produzimos frases

agramaticais, o que não quer dizer que não conheçamos as regras, mas que existem

outros fatores que influenciam esta frase, tais como cansaço, distração, inconsciência e

outros. Em um primeiro momento a GU foi proposta para dar conta da aquisição de L1,

porém poderíamos averiguar a sua relevância para os estudos de LE ou L2, buscando

evidenciar se as interlínguas também obedecem aos princípios da GU, a partir de

parâmetros pré-definidos.

Em White (1989) são apresentadas hipóteses que investigam o acesso à GU na

aquisição de L2 ou LE, para esse trabalho. São elas:

1.6.1.1 A GU está disponível: acesso parcial

Se existe acesso a GU, os valores paramétricos diferentes entre L1 e L2 poderão

ser remarcados durante o processo de aquisição (o acesso à GU via L1). Se

considerarmos que os parâmetros da GU são somente binários, ou seja, que só há dois

valores paramétricos a serem adotados, haverá duas situações: (i) caso os valores

paramétricos de L1 e L2 sejam iguais, o falante não os remarca, mantendo a

configuração paramétrica da L1; (ii) caso os valores paramétricos sejam diferentes , o

falante irá em um primeiro momento , manter o valor de L1 e em um segundo

momento, por meio de evidência positiva, remarcar o valor do parâmetro para a

configuração da língua alvo.

1.6.1.2 A GU está disponível: acesso total

Os valores paramétricos de L1 não influenciam de nenhuma forma na aquisição

(25)

língua independente dos valores de L1. Para White (1989), o fato do aprendiz de L2 já

ter conhecimento de uma língua é considerado irrelevante.

1.6.1.3 A GU está morta

Nessa teoria, a GU não estaria disponível para a aquisição de L2. Os processos

de aquisição de L1 e L2 são paralelos, mas não há qualquer conexão com a GU.

Acredita-se que a competência na L1é diferente da competência na L2, porque são

criadas de maneiras diversas. A aprendizagem de acordo com essa perspectiva poderia

ser vista como um processo explícito, no qual as características da língua são ensinadas

através de diferentes métodos de ensino e adquiridas por eles de forma consciente. Em

resumo, poderíamos dizer que a L2, segundo essa hipótese, seria apreendida como outro

conhecimento qualquer (como digitar ou costurar), não chegando a ser internalizado

para o uso inconsciente, como ocorre em L1.

A questão do acesso a GU é amplamente discutida e de todas as experiências,

cada uma traz um tipo de resultado, o que nos faz pensar que não existe uma forma certa

ou errada; sendo a teoria geral aberta a contínuas revisões e reinterpretações e

suscitando sempre discussões sobre a metodologia apropriada para revelar a

competência dos falantes, pois, os mesmos dados podem ser interpretados de formas

diferentes trazendo com isso diferentes versões da teoria.

1.6.2 Reestruturalismo

Observamos acima que apesar das diferenças, a GU está disponível de alguma

(26)

estudante precise refixar os parâmetros. Para Liceras (2006) essa idéia não é boa, pois a

autora crê que refixar parâmetros é o mesmo que voltar ao LAD e marcar novas regras

para fazer surgir outra gramática interna, ou seja, seguir os mesmos procedimentos de

aquisição de LM para fazer crescer uma língua I novamente. Gerar outra gramática

interna daria a possibilidade de uma nova língua I. Liceras (1996 apud Yokota, 2007:

20) defende que os adultos não são sensíveis aos desencadeadores (presentes no input),

que levam a ativação inconsciente do traço a partir dos quais se fixa um parâmetro, e

por esse motivo acredita que com os adultos, não se produza um processo de seleção de

desencadeadores, como ocorre em uma LM, por isso as interlínguas são línguas

naturais, mas não línguas I no sentido chomskyano.

Os procedimentos que fazem com que um estudante adquira uma L2 não têm a

mesma sensibilidade ao input que o LAD. A autora atesta que existe uma reestruturação

em que, o estudante, em contato com o input, põe em funcionamento um mecanismo

que reorganiza unidades específicas das representações lingüísticas pré-existentes.

Defende a idéia de que a aquisição da linguagem não nativa se dá através da experiência

lingüística prévia, que seriam a LM e as outras línguas que o falante tenha adquirido;

dos procedimentos que possibilitam a reestruturação de unidades específicas das

representações lingüísticas da LM e de outras línguas adquiridas e do sistema de

resolução de problemas.

1.6.3 A Lingüística Contrastiva

Uma das áreas mais preocupadas com o processo de aprendizagem de LE. Lado

(27)

características fáceis e outras difíceis, dependendo do grau de semelhança da língua

alvo em relação a sua LM (Lado, 1957). Fries (1945) é considerado o instituidor do

modelo como componente fundamental da metodologia de ensino de LE, afirmando que

os materiais didáticos se baseariam na descrição da LE comparada com a LM do

aprendiz (Fries apud James 1983). A lingüística contrastiva possui três vertentes:

Analise Contrastiva, Modelo de Analise de Erros e Interlíngua.

Diante dessas teorias, optamos por explicar sobre o aprendizado de LE à luz da

Lingüística Contrastiva (LC) por reconhecermos nessa teoria lingüística pressupostos

úteis em nossa situação de ensino, na qual a língua materna dos alunos e a língua objeto

de estudo são muito próximas. Explicaremos sobre os modelos de análise para melhor

compreendê-los.

1.7 LINGÜÍSTICA CONTRASTIVA E SEUS TRÊS MODELOS

A Lingüística Contrastiva (LC), nasceu de estudos situados na década de 40, a

partir da 2ª Guerra mundial e das necessidades derivadas das mudanças que tal guerra

gerou, o que provocou em muitos professores uma preocupação cientifica por revisar os

materiais e técnicas de instrução com o fim de satisfazer a urgência de novos alunos,

que não era outra senão comunicar-se numa língua que não era a sua nativa (Gargallo,

1993, p.42)

Com a entrada dos EUA na 2ª guerra, houve uma mudança significativa no

panorama de ensino de línguas. Os lingüistas se preocupavam cada vez mais com o

ensino de inglês como LE. Os EUA surgiam nesse contexto mundial como um país

poderoso e havia um aumento crescente para o processo de ensino/aprendizagem de

inglês. Naquele momento, milhares de estrangeiros estudavam nos EUA e para

(28)

A preocupação subjacente nesta época com o método de contrastar línguas para

melhorar o ensino de LE sustentava que o conhecimento das áreas de dificuldade

mediante o contraste poderia proporcionar a informação necessária para o professor

orientar a instrução, saber que aspectos deveria enfatizar ou omitir (Gargallo, 1993,

p.43)

Dessa forma, nasceu a LC, que partindo de visões diferentes sobre o que é a

língua e de como se aprende uma língua, desenvolveu modelos de análises.

Durão (1999, 45) explica que: “A LC interessa-se pelos efeitos que as diferenças

e semelhanças existentes entre a estrutura da língua materna e a língua-alvo produzem

na aprendizagem de LE, estabelecendo uma relação de causalidade entre o grau de

dificuldade de aprendizagem desta LE e o grau de divergência contrastiva com LM.”

Podemos acrescentar que a LC tem um caráter lingüístico, já que investiga a

estrutura das línguas e um caráter psicológico, pois se preocupa com o processo de

aprendizagem de LE.

A LC possui três vertentes: O Modelo da Analise Contrastiva (AC), O Modelo

da Analise de Erros (AE) e a Interlíngua (IL).

1.7.1 Modelo de Análise Contrastiva

Um dos primeiros modelos a serem desenvolvidos no âmbito da LC foi o

modelo de Análise Contrastiva (AC), que nasce a partir de idéias da corrente

comportamentalista da psicologia, que concebe o processo de aprendizagem de uma LE

como a aquisição de uma série de hábitos baseados no binômio estímulo-resposta, ou

seja, propõe-se que "a linguagem humana se aprende a partir da reprodução e da

memorização de informação procedente do contexto" (MORENO, 2002). Um dos

principais conceitos deste modelo é o da “interferência lingüística”, que seria a

(29)

sintáticos. Com esta perspectiva, o erro era visto de forma negativa, como algo que

deveria ser evitado através do uso de materiais oriundos do contraste sistemático da LM

do estudante com a LE que ele pretende aprender, na tentativa de prever o que

potencialmente poderia resultar em erro na LE em virtude da divergência com a LM do

aluno. Os trabalhos baseados nos pressupostos de AC foram demonstrando que muitos

dos erros previstos não aconteciam, e em muitos casos apareciam erros que não podiam

ser explicados unicamente pelo fenômeno da interferência em virtude da distância ou

proximidade entre LM e LE. Tal fato suscitou muitas críticas ao modelo, entre elas sua

escassa aplicabilidade ao ensino, a abstração das descrições, a limitação na

determinação na causa do erro, a falha nas previsões, a utilização de uma teoria de

ensino já superada (estímulo-resposta), entre outras. Apesar das críticas, este modelo

supõe o início de uma linha de pesquisa preocupada com o aluno e com seu processo de

aprendizagem, constituindo-se com base sobre a qual se seguiu o modelo de AE,

permitindo entender os atuais estudos de Interlíngua e a análise da produção global do

estudante de LE. (Gargallo, 1993 p. 73; Durão 2004 p.6)

1.7.2 Modelo da Análise de Erros

O modelo de Análise de Erros (AE) foi concebido, entre 1915 e 1933, nos

Estados Unidos, inicialmente, para a didática da LM (Cortés, 2002). No final dos anos

60, passou a ser aplicado à didática da LE, tentando superar algumas limitações do

modelo de AC, assim como para servir como respaldo para a elaboração de materiais

didáticos para a proposição de estratégias de ensino a partir da constatação das

dificuldades sistemáticas dos aprendizes. Esse modelo aplicado ao ensino de línguas

tem como ponto de partida o ano da publicação e um artigo de Corder (1967), intitulado

"The significance of learners errors" (O significado dos erros dos aprendizes de

(30)

marco teórico, estabelecendo e definindo os pressupostos e procedimentos que as

pesquisas baseadas nesse modelo devem seguir.

O fundamento teórico do modelo de AE é a Teoria de Aquisição Lingüística, de

Chomsky. Como contraponto dos conceitos de competência e performance propostos

por esse autor, Corder (1967) elabora a dicotomia 'erros sistemáticos' / 'erros não

sistemáticos', ressaltando o fato de que assim como os falantes de uma língua nativa

cometem "deslizes", os aprendizes de LE também poderão vir a cometê-los. Portanto,

existem "erros” que podem ser considerados "deslizes" ou erros casuais, que, nas

palavras do autor, são "artefatos acidentais da atuação lingüística que não refletem

problemas de conhecimento da língua" (Corder, 1967). Corder (1973) diz, ainda, que:

[...] a probabilidade de cometer deslizes [...] aumenta quando estamos cansados, nervosos, em situação de estresse ou incerteza, quando nossa atenção esta dividida, ou, ainda, quando estamos absortos em alguma atividade não lingüística. Deve-se, portanto, esperar que alguém que tente se comunicar em uma língua estrangeira ou esteja sob tensão, na ou fora da sala de aula, seja especialmente passível de tais fracassos de desempenho.

Esse tipo de erro é classificado pelo autor como não sistemático. Os erros não

sistemáticos não são importantes no que se refere ao processo de ensino/aprendizagem

de línguas posto que, normalmente, podem ser corrigidos pelo próprio falante. Existem

ali erros que se devem ao conhecimento deficiente da língua alvo. Estes, denominados

pelo autor 'erros sistemáticos', são os que devem preocupar aos que ensinam idiomas.

Analisar e c1assificar erros é uma maneira de avaliar o processo de

aprendizagem e os métodos de ensino, assim como de determinar os fatores que os

influenciam; também é uma forma de ver o que é igual e o que é diferente em processos

naturais de aprendizagem e processos de instrução formal (Vazquez, 1994). Graças ao

modelo de AE, houve uma mudança de opinião com relação aos erros, que deixaram de

ser vistos unicamente como indicadores do fracasso dos aprendizes e passaram a ser

entendidos como indicadores do estágio de aprendizagem lingüística, ou seja, o estudo

(31)

sistemático em cada etapa do desenvolvimento. Alem disso, também se compreendeu

que os erros são inevitáveis e que acontecem como resultado das tentativas dos

aprendizes ao se expressar. Entretanto, apesar do modelo de AE representar uma

evolução incontestável com relação ao modelo de AC, ele também tem limitações,

como o fato de basear-se unicamente no estudo dos erros, deixando de lado, portanto,

questões relacionadas aos êxitos de aprendizagem. Na tentativa de depuração desta

proposta teórica, chega-se ao modelo de Interlíngua.

1.7.3 Interlíngua

Selinker (1972), o principal proponente do modelo de Interlíngua (IL), assume

que há uma estrutura psicológica latente na mente dos seres humanos, que, apesar de ser

geneticamente determinada, não oferece garantia de aprendizagem da língua em

questão. Esta estrutura, que entra em funcionamento quando alguns aprendizes se

introduzem no estudo de uma LE, e diferente da estrutura latente da linguagem, que,

segundo esse pesquisador, é a contrapartida biológica da gramática universal que a

criança transforma na gramática de uma língua particular. A estrutura psicológica

latente, de acordo com esse autor, contém cinco processos psicológicos centrais e quatro

secundários que interferem na produção lingüística desses estudantes. Entre os

processos centrais, estão: a) a transferência de elementos da LM para a LE; b) a

transferência de instrução; c) O uso de estratégias de aprendizagem; d) O uso de

estratégias de comunicação; e) a generalização de regras. E entre os secundários, estão:

f) a pronúncia ortográfica; g) a pronúncia cognata (ou afim); h) a aprendizagem de

holófrase4; i) a hipercorreção.

Entre as características da interlíngua de aprendizes de idiomas está o fato de a

mesma ser permeável, estar sujeita a um contínuo estado de evolução, ter

(32)

sistematicidade, poder fossilizar algumas estruturas. Entre essas características,

gostaríamos de ressaltar a fossilização, determinada por Selinker (1972) como o

fenômeno mais característico da interlíngua de aprendizes de línguas, definida como o

reaparecimento de estruturas lingüísticas da LE que supostamente já teriam sido

erradicadas. O autor afirma que a fossilização de erros acontece quando a atenção do

aprendiz esta voltada para um tema intelectual novo ou difícil; quando o aprendiz está

ansioso ou excitado; quando o aprendiz está muito relaxado ou ainda quando o aprendiz

fica sem falar a língua durante algum tempo.

O modelo de IL, entre outros benefícios, incidiu no estudo das línguas em

contato, ampliou o conhecimento sobre mudanças lingüísticas, além de ter sido útil para

constituir elementos para a descrição de tipos específicos de linguagem, como a fala do

imigrante ou a do afásico, entre outros (Nemser, 1971; Corder, 1971; Richards. 1974;

Sridhar, 1981). Considera-se que sua contribuição mais significativa se encontra no

campo da reflexão didática, uma vez que introduz elementos como o tratamento dos

erros. A tentativa de identificação das operações cognitivas subjacentes as produções

lingüísticas e das estratégias de aprendizagem e de comunicação, assim como a noção

de fossilização como componentes do processo de ensino/aprendizagem, modificou a

própria postura dos docentes em relação à produção, a expressão e a recepção

lingüística de seus aprendizes.

O quadro a seguir, resume as principais características de cada um dos modelos

associados à LC de acordo com os teóricos mencionados:

Modelo de

Análise Análise Contrastiva Análise de Erros Interlíngua

Bases Teóricas

Lingüística Estrutural e

Comportamentalismo

Lingüística Gerativo-transformacional e

Cognitivismo

Lingüística Gerativo-transformacional e

Cognitivismo

Interesses Descrição das línguas

e previsão do erro Aquisição de L2 / LE Aquisição de L2 / LE

Conceito de erro

O erro é negativo, pois é um desvio da norma

da língua que se está

O erro é positivo, pois demonstra em que estágio

da aprendizagem está o

(33)

aprendendo aprendiz que o causaram

Possíveis causas do

erro

Interferência da língua materna.

Interferências da LM, a própria língua que se está aprendendo, as

estratégias de aprendizagem, os materiais e técnicas utilizadas

pelo professor

Interferências da LM, fenômenos psicolingüísticos,

fossilização.

Quadro 1b: Comparativo entre os modelos de análise da LC

Muitos teóricos consideram que estudar a Lingüística Contrastiva (LC) nos dias

de hoje é um assunto fora de propósito, por ser uma teoria antiga. Mas, se pensarmos

bem, veremos que não é bem assim. Sabendo que os estudantes não separam

completamente os idiomas, que procuram pontos em comum e pontos divergentes, que

fazem transferências (positivas e negativas), porque não aproveitar se sabemos que esse

contato acontecerá? Apropriar-se desse contato de maneira eficiente é o que faz a LC.

Em muitas situações, os professores evitam comparar as línguas envolvidas e pedem

que os alunos “esqueçam” sua L1. Porém, não é uma situação fácil, pois mesmo de

forma inconsciente, se utiliza a L1. Ora, porque não aproveitamos a L1 em beneficio

próprio? Devemos analisar em que situações a língua materna pode ser uma aliada e

usá-la como ponto de partida para obter sucesso.

Como dito anteriormente, sabemos que o estudante faz comparações entre o

código antigo e o que ele aprende, buscando em sua memória regras de língua materna

que tenham correspondentes na LE, e quando não encontra a informação na L1 fica na

dúvida. Normalmente, nesse momento, os professores explicam como acontece na

língua materna para depois prosseguir com a aula de LE. Prova de que essa teoria é

eficiente, é que muitas vezes o aprendiz passa a entender certos aspectos da língua

materna, que desconhecia antes, depois do aprendizado de LE. E mesmo que não

percebamos, nesse momento estamos usando o princípio da LC.

Canato (2005) em seu estudo sobre a influência do PB na aprendizagem de

inglês como LE comprova que os aprendizes de inglês independente de sua proficiência

(34)

paramétrica, os estudantes brasileiros preenchem o sujeito, não encontrando dificuldade

de preenchimento na língua inglesa, como mostra no exemplo, tirado de seu corpus,

abaixo:

(1) I live near the scholl. (Eu moro perto da escola)

Porém em casos em que o sujeito não é preenchido no PB, o aprendiz também

não preenche no inglês, construindo frases agramaticais:

(2) [...] *pro is raining (pro está chovendo)

Percebeu também que ocorrências de duplo sujeito, cada vez mais comuns no

PB, foram encontradas em seus aprendizes:

(3) [...] the course it’s perfect. [...]

Seria uma frase correta se nesse exemplo o aprendiz não tivesse usado o

pronome it, que tem como função a substituição do sintagma nominal e, não deve se

usado com ele. Concluiu, então, que o uso do sujeito na LE está intimamente

relacionado ao seu uso na LM do aprendiz. E é isso que queremos observar nessa

pesquisa. Se essa influência do PB persiste ou se diminui com o avanço da instrução e

como a LC pode auxiliar o ensino da realização do sujeito pronominal.

Passemos agora à conceituação do Parâmetro do Sujeito Nulo e como o

português do Brasil e o italiano se comportam diante dele.

CAPÍTULO 2

O PORTUGUÊS DO BRASIL E O ITALIANO EM RELAÇÃO AO PARÂMETRO DO SUJEITO NULO (PSN)

(35)

A Teoria de Princípios e Parâmetros (TPP) foi desenvolvida para buscar

identificar os princípios universais e os parâmetros de variação possíveis nas línguas

humanas. Segundo Chomsky (1981) esta seria a forma da Gramática Universal (GU).

Os princípios podem ser entendidos como responsáveis pelas propriedades lingüísticas

universais, ou seja, aquelas que são comuns a todas as línguas humanas; eles se referem

a universais absolutos, noções e propriedades que não variam de língua para língua (por

exemplo, toda sentença tem um sujeito). Por outro lado, os parâmetros são postulados

para explicar diferenças existentes entre as línguas, ou seja, ao mesmo tempo em que

existem princípios universais que não divergem de língua para língua, existem variações

interlingüísticas que precisam ser explicadas.

A fixação dos valores de um parâmetro envolve uma escolha binária (positivo,

negativo, por exemplo, as línguas representam foneticamente o sujeito ou podem

omiti-lo ou não a depender de condições estruturais) e se baseará na evidência lingüística ou

dados lingüísticos produzidos e fornecidos por uma dada comunidade, falante de uma

determinada língua.

2.1.1 O parâmetro do sujeito nulo

Até o presente momento, um dos parâmetros mais estudados é o que implica que

as línguas podem ter sujeitos nulos ou expressos. Este parâmetro é conhecido como

parâmetro do sujeito nulo.

O Parâmetro do Sujeito Nulo foi inicialmente postulado para explicar diferenças

existentes entre o italiano e o inglês. Como é sabido, o italiano permite e, às vezes,

exige que o sujeito sintático de uma oração finita permaneça “não expresso” na

sentença, enquanto que em inglês, isso não pode ocorrer. Para explicar essa diferença

foi postulado o Parâmetro do sujeito nulo, também conhecido como Parâmetro

(36)

sujeito referencial pode ser omitido na sentença e, em Inglês, o valor do parâmetro é

negativo pois isso não pode acontecer.

Nas línguas de sujeito nulo, a alternância sujeito nulo/sujeito lexical não ocorre

livremente, havendo contextos em que o uso de uma das formas é preferencial. Existe

na gramática um princípio responsável por regular essa distribuição que ficou conhecido

como Evite Pronome (Avoid Pronoun) (CHOMSKY,1981). Este principio estabelece o

seguinte: Sempre que a interpretação de um sujeito nulo for possível, sem qualquer

ambiguidade, o falante de uma língua de sujeito nulo não realiza um pronome expresso.

Entre as propriedades associadas ao parâmetro do sujeito nulo, que interessam a

esta pesquisa estão:

(i) A Expressão do Sujeito Referencial:

Em línguas com valor [+ pro-drop], o sujeito referencial pode ser pleno ou nulo,

conforme já mencionado:

(1a) Eles acordaram cedo. (1b) pro acordaram cedo.

(2a) Eu comi pipoca. (2b) pro comi pipoca.

(3a) Io compro un gelato. (3b) pro Compro un gelato.

Em línguas com valor [- pro-drop], construções com sujeitos referenciais nulos

são agramaticais:

(4a) they woke up early. (4b) *pro woke up early.

(ii) A Expressão do Sujeito Expletivo:

Em línguas que não licenciam o sujeito nulo - [- pro-drop] - há o

preenchimento, em certas construções, da posição de sujeito com itens lexicais

desprovidos de conteúdo semântico: são os chamados pronomes expletivos, conforme

foi visto acima.

Observe no quadro 2a as construções com pronomes expletivos em línguas com

(37)

com sujeitos nulos expletivos em línguas com o valor [+ pro-drop] como o português, o

italiano e o espanhol.

pro expl. Chove It rains.

pro expl. Piove. Il pleut. pro expl. Llueve. Es regnet

Quadro 2a: Expletivos nulos e plenos

Se o sujeito expletivo for nulo em línguas do tipo [- pro-drop], a construção

torna-se agramatical:

(5a) It is cold here. (5b) * pro is cold here.

(6a) There are a lot of people here. (6b) * pro are a lot of people here.

Em línguas que não licenciam o sujeito nulo, o pronome referencial, assim como

o pronome expletivo, são obrigatoriamente realizados. Em línguas que licenciam o

sujeito nulo, em contrapartida, o pronome referencial é opcionalmente pleno ou nulo,

enquanto que o pronome expletivo é obrigatoriamente nulo.

(7a) pro faz frio aqui. (7b) *Ele faz frio aqui.

(8a) pro há muita gente aqui. (8b) *Ele / Isso há muita gente aqui.

2.2 O PORTUGUÊS DO BRASIL E O PARÂMETRO DO SUJEITO NULO

Define-se pronome uma palavra que tem como função substituir um nome

(substantivo). Para o nosso caso específico, trataremos apenas daqueles que podem,

dentro do português utilizado no Brasil (PB), realizar a função de sujeito de uma

proposição. O PB sofreu, ao longo dos anos, uma modificação em seu quadro

pronominal, no que se refere aos pronomes que exercem correntemente função de

(38)

exercida também por outros pronomes e locuções pronominais, como mostra o quadro

2b, a seguir:

pessoa pronome

Pessoal caso reto Função de sujeito

1a singular eu eu

2a singular tu tu / você

3a singular masculino ele ele

feminino ela ela

1a plural nós nós / a gente

2a plural vós vós / vocês

3a plural eles eles

Quadro 2b: Quadro pronominal do PB

Duarte (1995) estudou o comportamento do parâmetro do sujeito nulo no PB,

constatando que a preferência atualmente é pelo preenchimento do sujeito pronominal

referencial e não pelo sujeito nulo, como na variante européia (PE), podendo esta

mudança inclusive ser observada nas gramáticas do PB (cf. DUARTE 1993, 1995). Essa

observação levou a autora a assumir que o PB está perdendo a propriedade que

caracteriza as línguas do tipo [+ pro-drop], ou seja, que o PB se encontra em processo

de mudança paramétrica. As mudanças no sistema de pronomes pessoais, vistas

anteriormente, bem como processos tecnológicos que resultaram na redução do

paradigma flexional podem ser considerados como causas do processo de mudança na

marcação do Parâmetro do Sujeito Nulo de [+pro-drop] para [- pro-drop]. Ao quadro

2c resume a mudança do paradigma flexional e do sistema pronominal em PB:

Pes./Num. Pronomes Paradigma 1 Paradigma 2 Paradigma 3

1ª. Singular Eu am o am o am o

2ª. Singular Tu

Você

am a s am a

am a s / am a am a

am a am a

3ª. Singular Ele/Ela am a am a am a

1ª. Plural Nós

A gente

am a mos -

am a mos am a

- am a

2ª. Plural Vós

Vocês

am a is am a m

- am a m

- am a m

3ª. Plural Eles/Elas am a m am a m am a m

(39)

O quadro 2c indica

passou a ter apenas quatro

Indica, ainda, que a distinç

desapareceu completamente

Em estudo diacrônic

expressos de 20% na prim

século XX. O PB reduziu s

aparecer (20%) e, por esse

sendo de sujeito nulo residu

Gráfico 2a: Ocorrênc

Pode se perceber no

ocorrência de sujeitos nulo

índice de sujeitos nulos cai

Com a troca da 1ª pessoa do

nulos caiu ainda mais. Es

paradigma verbal que, por

nulos.

Duarte (1993, 1995)

orais sincrônicos de fala cu

0 10 1845 1882 1918 1937 1955 1975 1992

ca que o PB, que tinha, no Paradigma l, seis f

tro no Paradigma 2 e três flexões distintas n

tinção entre as formas verbais de 2a e 3a pes

nte.

nico, Duarte (1993) detectou uma taxa de sujei

imeira metade do século XIX, subindo para 8

iu significativamente os contextos em que o su

se motivo, Duarte (1993, 1995) caracterizou es

idual. Confira os resultados de Duarte (1993) no

ncia de sujeito nulo em PB através de sete perío

no gráfico acima que nos períodos de 1845,

ulos era alta - em torno de 75% a 80%. A pa

caiu. Essa mudança se deve à perda da segund

do plural - nós - pela forma a gente, a porcenta

Essa redução no quadro dos pronomes levou

or sua vez, ficou inapropriado para a identifica

95) mostra ainda, a partir de um estudo prove

culta e popular, respectivamente, que a tendê

20 30 40 50 60 70

54 50 33

26

s formas distintas,

no Paradigma 3.

essoa do singular

jeitos pronominais

a 80% no final do

sujeito nulo pode

essa língua como

no gráfico 2a:

eríodos. (%)

5, 1882 e 1918, a

partir de 1937, o

nda pessoa direta.

ntagem de sujeitos

vou à redução do

ficação de sujeitos

veniente de dados

ndência ao uso do 80

Imagem

Gráfico 2a: Ocorrênc Pode  se  perceber  no ocorrência  de  sujeitos  nulo índice de sujeitos nulos cai Com a troca da 1ª pessoa do nulos  caiu  ainda  mais
Tabela 3a: Estruturas não consideradas
Tabela 4b: Grupos de fatores com diferença percentual mais significativa
Gráfico 4a – Percentual esperado vs. obtido de sujeitos nulos
+7

Referências

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