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(1)12. UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO. NILSETE MIRNA TAINO. A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA E SUPORTE SOCIAL NO ABSENTEÍSMO POR LESÕES OCUPACIONAIS. São Bernardo do Campo 2007.

(2) 13. NILSETE MIRNA TAINO. A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA E SUPORTE SOCIAL NO ABSENTEÍSMO POR LESÕES OCUPACIONAIS. Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como requisito para conclusão do Curso de Mestrado. Área de Concentração: Psicologia da Saúde Orientadora: Dra. Camila Bernardes de Souza. São Bernardo do Campo 2007.

(3) 14. FICHA CATALOGRÁFICA T136i. Taino, Nilsete Mirna A influência da qualidade de vida e suporte social no absenteísmo por lesões ocupacionais / Nilsete Mirna Taino. 2007. 141 f. Dissertação (mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade de Psicologia e Fonoaudiologia da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007. Orientação : Camila Bernardes de Souza 1. Qualidade de vida 2. Apoio social 3. Saúde ocupacional 4. Absenteísmo I.Título. CDD 157.9.

(4) 15. NILSETE MIRNA TAINO. A INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DE VIDA E SUPORTE SOCIAL NO ABSENTEÍSMO POR LESÕES OCUPACIONAIS. Dissertação apresentada ao Curso de Pós Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como requisito. para. conclusão. do. Curso. de. Mestrado. Orientadora: Prof Dra Camila Bernardes de Souza.

(5) 16 Área de Concentração: Psicologia da Saúde Data da Defesa: Resultado:____________________________. BANCA EXAMINADORA. Prof.. Prof. Dr.. ______________________ Universidade Metodista de São Paulo Prof.. Prof. Dr.. ______________________ Universidade Metodista de São Paulo Prof.. Prof. Dr. ______________________.

(6) 17. DEDICATÓRIA. Para Myrna, Nicole, Pietra, Paçoca, Limonzi, Gabi e Isabelly. Em cada um desses rostos se encontra minha esperança de dias melhores! Ao meu taurino de ascendente em escorpião que percorre as terras do meu coração, da minha vida. Entre um copo d’água, uma dancinha, um chamego e uma página virada do meu caderninho tão íntimo das minhas idéias e rabiscos, que vão para o computador frio e chato - ou mesmo no lanchinho preparado com tanto carinho por você mesmo naqueles finais de semana ensolarados, sem a atenção da esposa. Daniel, valeu! Te amo! Agora enfim terei mais TEMPO! Para brincar com as crianças, dar a atenção que elas precisam. Cuidar mais do meu marido e sorrir ao lado dele. “Tomar uma” e bater papo com os meus amigos sem fazer a consciência pesar pelo tempo que não estava estudando... Voltar a cuidar melhor da casa. Empenhar-me no meu trabalho. Fazer aulas de dança e aprender a bordar... Cozinhar. Ficar mais tempo com meus pais, avós, com a família toda e também ficar sem fazer absolutamente nada. Ler qualquer coisa que não seja “científica” (por algum tempo). Porque tudo isso é importante pra mim e me fez falta, porque me faz feliz e “AMO MUITO TUDO ISSO”. Tenho mesmo muita sorte de ter gente tão boa ao meu lado. O mestrado me fez crescer, mas foi muito duro me privar dessas coisas.. AGRADEÇO MUITO A TODOS PELA COMPREENSÃO E APOIO ESSE TRABALHO É DEDICADO A VOCÊS!.

(7) 18 AGRADECIMENTOS Ao Biu e a Bah os verdadeiros mestres na arte de amar e educar, por me ensinarem a nunca desistir, por me prepararem para as adversidades da vida, e me embutirem o conceito de luta. Por todo amor, carinho atenção dedicada a mim e as minhas filhas! Verdadeiros Mestres da vida! Ao meu marido Daniel, sem ele esse trabalho não seria possível. Por me motivar todos os dias, ter me ajudado em tudo o que pode, pela sua admiração, companheirismo e amizade. Por dividir todos os momentos comigo, por respeitar minha ausência, me ajudar a cuidar das meninas e tudo o mais. Mestre na arte de amar! As minhas filhas peço desculpas pela ausência em especial para Myrna que acredito ser quem mais tenha sofrido com o decorrer do curso, mesmo porque a Nicole fez meio mestrado comigo. Vocês são a minha vida, meu coração. Mestres na arte de se divertir! A minha querida Maria Porque sem ela não seria possível a conclusão desse trabalho, por me ajudar no cuidado com as meninas e me deixando tranqüila para estudar. Mestre na arte do cuidar! A minha querida Deise por toda ajuda e paciência. Não a $ que pague MESMO. Mestre da “computerlândia”...espero ter ganhado uma nova amiga! A minha Mãe por estar sempre ao meu lado com um bom conselho nas mais adversas situações! Mestre da vida! As minhas amigas “Gorda”, Dri, Nina, Sandra, Wagner e Daniele (Sim! Sim! Eu tenho AMIGAS) por agüentarem meus “pitis”, meu mau humor, por me ouvirem, por estarem do meu lado em qualquer situação, torcerem por mim. E é claro por me darem lindos “sobrinhos”. Mestres da amizade! Coisa rara... Ao meu Pai pelo voto de confiança, pelo incentivo e pelo “paitrocínio”. Mestre da persuasão! A minha amada Tia Rosana, não pelas diversas vezes que revisou meu trabalho, mas por ser uma “estrela guia!” Alguém em quem.

(8) 19 sempre me espelhei, que admiro muito, que sempre esteve do meu lado! Mestre na arte de perdoar! Ao meu chefe Dr. Amaury e minha orientadora Dra. Camila que me deram dicas valiosas, a cerca do conteúdo desse trabalho e todo o suporte que precisei para pesquisa. Mestre das artes médicas! A todos aqueles que entrevistei agradeço imensamente. “O mestre nas artes da vida faz pouca distinção entre seu trabalho e seu lazer, sua mente e seu corpo, sua educação e sua recreação, seu amor e sua religião. Ele dificilmente sabe distinguir um do outro. Ele simplesmente persegue sua visão de excelência em tudo o que faz”. Texto Zen – Budista.

(9) 20. RESUMO Esta pesquisa é uma proposta de aproximação das diversas áreas de conhecimento e flexibilização de suas fronteiras, a fim de estabelecer interfaces entre os diversos campos conceituais engendrando novas práticas que ensejam formas mais abrangentes e holísticas de aproximação com a realidade. Através da avaliação da qualidade de vida, suporte social e sua relação com o absenteísmo por lesão ocupacional. Materiais e Métodos: Participaram desta pesquisa 47 trabalhadores, do sexo masculino, com idade variável entre 30 e 60 anos, que trabalham no setor de centrifugação dentro de uma fundição em uma indústria metalúrgica do ramo de autopeças em São Bernardo do Campo. Instrumentos: Foi analisado o prontuário médico de cada um desses trabalhadores, sendo analisadas como variáveis: se esses trabalhadores apresentaram lesões ocupacionais avaliadas e diagnosticadas pelos médicos. Avaliação de um questionário social, composto por quatro questões abertas: idade, nível de escolaridade, estado civil e número de dependentes. Instrumento de Avaliação da Qualidade de Vida WHOQOL – Bref. e Instrumento de Avaliação de Suporte Social: Escala de percepção de suporte social (EPSS). Análise dos Resultados: Os dados coletados dos prontuários foram agrupados em quatro grupos chamados de: grupo de absenteísmo 1, grupo de absenteísmo 2, grupo de absenteísmo 3 e grupo de absenteísmo 4. Sendo o primeiro composto por 15 trabalhadores que não apresentaram lesões ocupacionais. O segundo grupo composto por 10 trabalhadores apresentou de uma hora até seiscentas horas de absenteísmo por lesão ocupacional. O terceiro grupo composto por 11 trabalhadores apresentou absenteísmo de seiscentas e uma horas até mil horas, e o quarto grupo constituído de 11 trabalhadores tiveram absenteísmo superior a mil horas. Resultados: Nas comparações entre os grupos de absenteísmo e as variáveis do questionário social não foram encontradas diferenças significantemente estatística, o mesmo tendo ocorrido na comparação entre grupos de absenteísmo e os escores do EPSS Analisando os grupos de absenteísmo e os domínios do WHOQOL – Bref. Foi detectada diferença com significância estatística de P = 0,01 maior dentro do domínio físico no grupo de absenteísmo 1 que não apresentou absenteísmo em relação ao grupo de absenteísmo 4 com maior número de absenteísmo. Conclusão: Visto que as lesões ocupacionais interferem na qualidade de vida dos indivíduos, o que se pode constatar é que o modelo biomédico ainda é muito forte, principalmente dentro da saúde ocupacional que na busca de soluções ergonômicas defronta com os interesses econômicos imediatistas que não contemplam os investimentos indispensáveis à garantia da saúde do trabalhador. Sintetizando as análises conceituais e os resultados deste trabalho, mostrou-se que os problemas de saúde ocupacional são conhecidos há muito tempo. Apesar da crescente produção de trabalhos acerca da construção , conhecimento das características da saúde do trabalhador e a existência de uma tônica predominante que sugere a mudança das situações encontradas, há um escasso empenho em efetuar as transformações necessárias, num descompasso entre avanço do conhecimento e perpetuação de práticas insalubres. Para tanto é necessária uma compreensão das determinantes da saúde. Além do investimento material se faz necessário emergir um verdadeiro diálogo entre as ciências. Ressalta-se a necessidade de estudos longitudinais para elucidar a complexidade das relações entre qualidade de vida, suporte social e lesões ocupacionais. Os achados apontam para a relevância de estudos futuros acerca dessas associações..

(10) 21. ABSTRACT This research is a proposal of approaching of the diverse areas of knowledge and flexibilization of its borders, in order to establish interfaces among many conceptual fields producing more embrancing and holisticals approaching forms with reality through life quality and social support evaluation and its relation with absenteeism caused by occupational injury. Materials and Methods: Were invited 47 workers, male sex, ages varying from 30 to 60 years, who work at the centrifugalization sector of a autoparts froundy industry in São Bernardo do Campo, SP. Instruments: The medical handbooks of each one of these workers were studied being analysed as changeable: if there was occupational injuries evaluated and diagnosised by the doctors. Social questionnaire evaluation which was composed by four opened questions: age, schoolling livel, civil state and dependents number. Life Quality evaluation Instrument WHOQOL Bref. and evaluation Instrument of Social Support: Perception Scale of Social Support (PSSS). Results Analysis: The collected data from handbooks were divided in four groups nomed: absenteeism group 1, 2, 3 and 4. Absenteeism group 1, composed by fiftteen workers who didn´t present occupational injuries. Absenteeism group 2, composed by ten workers who presented fron one hour to six hundred hours of occupational injury absenteeism. Absenteeism group 3, constituted by eleven workers who presented six hundred and one hours toone thousand hours of occupational injury absenteeism. Absenteeism group 4, composed by eleven workers who presented occupational injury over a thousand hours.Results: Comparing the absenteeism group and the social questinnaire changeables were not found significantly statistical differences, the same occured in the comparision between absenteeism groups and PSSS scores. Analyzing the absenteeism groups and the WHOQOL - Bref.domains was detected difference with statistical significance of P= 0.01 higher between absenteeism group 1 and 4. Conclusion: Since the occupational injuries interfere with individuals life quality, what we can notice is that the biomedical model still to strong, mainly concerning to occupational health which in search of ergonomic solutions confronts to immediate economic interests that do not contemplate indispensable investments workers health guarantee. Synthecizing conceptual analyses and this work results in shown that occupational health problems are known for too bong.Although, increasing production of academic research related to construction, workers health caracteristics and the existence of a predominant tonic that suggest current situations changing there is a scarce concern in effecting the necessary changes, manifesting a disarrange between knowledge advance and perpetuation of unhealthy practices. Therefore it is necessary a healthy determinants comprehension.Beyond financial investiment it is necessary to promote true dialogue between sciences. It is standed out the need of longitudinal studies in order to elucidate the complexity of relations among life quality, social support and occupational injuries. The findings point to the relevance of future studies about these associations. Keywords: Quality of Life, Social Support, Occupational Injury, Absenteeism..

(11) 22. LISTA DE TABELAS. TABELA 1 – Dados estatísticos das lesões ocupacionais e do absenteísmo....................... 91 TABELA 2 – Dados referentes as idades e horas de absenteísmo...................................... 94 TABELA 3 – Dados referentes aos grupos de absenteísmo e a média da idade dos trabalhadores de cada grupo .............................................................................................. 94 TABELA 4 – Dados referentes ao estado civil e os grupos de absenteísmo ....................... 95 TABELA 5 – Dados referentes ao número de dependentes e os grupos de absenteísmo .... 96 TABELA 6 – Dados referentes ao nível de escolaridade e os grupos de absenteísmo ........ 97 TABELA 7 – Dados referentes aos grupos de absenteísmo e a soma dos escores do questionário EPSS dos trabalhadores pertencentes a cada grupo de absenteísmo ............... 98 TABELA 8 – Tabela referente aos dados dos domínios do questionário WHOQOL – Bref. aplicado a todos os trabalhadores ............................................................................. 100 TABELA 9 – Tabela comparativa entre os domínios do WHOQOL – Bref. e os grupos de absenteísmo.................................................................................................................. 101.

(12) 23. SUMÁRIO Lista de Tabelas.................................................................................... Resumo................................................................................................. Abstract ................................................................................................ INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12. CAP. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................... 25 1.1. QUALIDADE DE VIDA................................................................................. 27 1.1.1.Cronologia Conceitual............................................................................ 27 1.2. SUPORTE SOCIAL ........................................................................................ 30 1.3.CONTEXTO SOCIAL ..................................................................................... 32 1.3.1. Evolução dos Métodos de Organização do Trabalho e sua influência nos dias de Hoje..................................................................................... 33 1.4. AS LESÕES OCUPACIONAIS...................................................................... 40 1.4.1. Histórico das Lesões Ocupacionais........................................................ 41 1.4.2. Doenças Osteo Músculo Ligamentares Relacionadas ao Trabalho: ........ 47 1.4.3. Queimaduras ......................................................................................... 49 1.4.4. Ferimentos de Corto Contuso ................................................................ 50 1.4.5. Traumas ................................................................................................ 50 1.4.6. Trauma Ocular por Corpo Estranho....................................................... 50 1.5. SAÚDE OCUPACIONAL............................................................................... 53 1.5.1. Primórdios da Saúde Ocupacional .......................................................... 53 1.5.2. Influência Sindical na Saúde Ocupacional .............................................. 54 1.5.3. Saúde Ocupacional nos dias de Hoje ...................................................... 55 1.6. A SAÚDE COM ENFOQUE DA PSICOSSOMÁTICA .................................. 57 1.6.1. Cronologia da difusão da Psicossomática ............................................... 57 1.6.2. A Psicossomática e a Saúde Ocupacional ............................................... 60 1.6.3. Contribuições da Cultura Social e Organizacional para a Construção do Trabalhador Doente .......................................................................................... 74 1.6.4. Simulação e Iatrogênia nas Lesões Ocupacionais ................................... 76 CAP. 2 OS CAMINHOS PERCORRIDOS NESTA DISSERTAÇÃO ........................... 82 2.1. JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 84 2.2. OBJETIVOS .................................................................................................... 84 2.3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................. 85 2.3.1. Ambiente da Pesquisa ............................................................................. 85 2.3.2. Dados de Características da População a ser estudada e fatores de Inclusão e Exclusão................................................................................. 85 2.3.3. Instrumentos ........................................................................................... 86 2.3.4. Aplicação do Questionário ...................................................................... 87 2.3.5. Análise dos Resultados............................................................................ 87.

(13) 24. CAP. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 89 CAP. 4 CONCL REFERÊNCIAS.............................................................................................................. .114 APÊNDICES ................................................................................................................... .132 Apêndice A – Questionário Social .................................................................. .133 ANEXOS ......................................................................................................................... .134 Anexo A - WHOQOL-Abreviado ...................................................................... .135 Anexo B - Escala de Percepção e Suporte Social ............................................... .140 Anexo C - Termo de Consentimento Livre E Esclarecido .................................. .141.

(14) 25. “O Conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois a sabedoria. armazena suavidade para o amanhã.” Leonardo da Vinci.

(15) 26. INTRODUÇÃO. No trabalho como fisioterapeuta, em uma indústria metalúrgica do ramo de fabricação de peças automobilísticas há três anos, chamou-nos à atenção um posto de trabalho específico: um dos setores de fundição da fábrica chamado de Centrifugação, onde são moldadas peças. Em princípio, fomos buscar informações sobre o posto, devido à grande demanda de trabalhadores que procuravam o serviço de fisioterapia, o que nos levou a priorizar uma intervenção ergonômica.. Foi encontrado um posto de trabalho no qual apesar da empresa dar suporte referente aos equipamentos de proteção individual e coletivo, o trabalho não deixa de ser excessivamente pesado, por tratar-se de um local onde os trabalhadores têm que suportar alta temperatura, trabalho fisicamente pesado, com grandes cargas e repetições, além disso, as ferramentas são ergonomicamente inadequadas, e existe grande número de trabalhadores realizando hora extra, pois há uma grande pressão organizacional para a produção das peças.. Pesquisando nos prontuários dos trabalhadores nos deparamos com o paradoxo de existirem muitos deles que estão neste mesmo posto de trabalho há anos e não se afastaram nem um só dia por lesão ocupacional, em contrapartida foi encontrado trabalhadores com muitas horas de absenteísmo por lesão ocupacional.. Tendo em vista esse achado e por acreditarmos que o modelo biomédico não responda a todas as questões em relação às doenças ocupacionais, viemos buscar na área de psicologia da saúde algumas respostas, pesquisando a qualidade de vida e o suporte social desses trabalhadores por meio de questionários validados..

(16) 27 Foram escolhidas essas variáveis por ser a qualidade de vida um conceito complexo que dá cobertura a todos os campos da vida e o suporte social por ser um conceito que pouco tem sido estudado mas demonstrou influência na saúde, não sendo encontrada na literatura nada a respeito de sua influência no absenteísmo e nas lesões ocupacionais.. Segundo definição dos dados descritivos da fonte de dados LILACS, suporte social é um dos sistemas de suporte que proporcionam assistência e encorajamento para os indivíduos com inaptidão física ou emocional para que eles possam melhor superá-la. Apoio Social informal normalmente é providenciado por amigos, parente ou semelhante, enquanto ajuda formal é providenciada por igrejas, grupos, etc.. Qualidade de vida é uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores dos indivíduos e de coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto uma construção social com a marca da relatividade cultural. Auquier et.al.. (1997) a qualificam como um conceito equívoco como o de inteligência, ambos dotados de um senso comum variável de um indivíduo ao outro. Martin e Stockler (1998) sugerem que qualidade de vida seja definida em termos da distância entre expectativas individuais e a realidade (sendo que quanto menor a distância, melhor)..

(17) 28 A história das representações de saúde e doença foi sempre pautada pela interrelação entre os corpos dos seres humanos e as coisas e os demais seres que os cercam. Elementos naturais e sobrenaturais habitam estas representações desde tempos imemoriais até os dias de hoje em determinadas crenças, provocando os sentidos e impregnando a cultura e os espíritos, os valores e as crenças dos povos e de suas respectivas culturas. Sentimentos de culpa, medos, superstições, mistérios, envolvendo o fogo, o ar, a terra, os astros, a organização da natureza, estão indissoluvelmente ligados às expressões da doença das mais diversas formas. Manifestam-se através da fé, a ocorrência de epidemias, a dor, o sofrimento, as impressões de desgaste físico e mental, a visão da deterioração dos corpos e a perspectiva da morte (Sevalho, 1993)., o que nos leva a considerar a importância de abordarmos o processo saúde doença levando em conta os aspectos sócio – culturais relevantes para o indivíduo e sua crença, questão abordada no questionário WHOOQOL – Bref., o que nos permitirá avaliar a qualidade de vida dos indivíduos levando em consideração a ponderação individual do que é importante para o mesmo.. Sendo qualidade de vida um conceito com tamanha amplitude, nos remete certo encanto, por permitir avaliar o indivíduo a partir da sua própria ótica e não com a ótica estreita de quem avalia somente o sentido do homem e seu trabalho e o processo trabalho – saúde – doença. Há descrito em psicopatologia do trabalho de Dejours (que será abordada no decorrer da pesquisa) diversas considerações sobre a relação do homem e seu trabalho, a representação social da doença, o trabalho como gerador de sofrimento que tem influencias, não sobre um trabalhador, mas sobre um indivíduo com todas suas particularidades (DEJOURS, 1992).. A preocupação com o conceito de qualidade de vida remete-se à evolução das ciências humanas e biológicas, cuja intenção é valorizar parâmetros mais amplos que o controle de sintomas, diminuição da mortalidade ou aumento da expectativa de vida (CICONELLI et.al. 1999).. Cabe aos profissionais da saúde compreender o conceito qualidade de vida, pois as atitudes que norteiam o sistema de saúde e as decisões médicas individuais, em.

(18) 29 relação aos pacientes, devem ser justificadas por parâmetros bio-psico-sociais. A complexa evolução social da atualidade não permite que se compreenda o processo saúde – doença apenas na sua dimensão biológica, desvinculada das determinantes associadas às relações humanas e sociais (BERGNERR et.al. 1976).. Na discussão deste ponto sobre as representações sociais da doença, a opinião de Herzlich (1991), é interessante. “É impossível reduzir o funcionamento das representações ao princípio objetivo da distância que separa leigos e médicos, detentores do saber dominante. [...] a doença está hoje nas mãos da medicina, mas ela permanece sendo um fenômeno que a ultrapassa. [...] Em um plano mais geral, a história da medicina nos mostra de que modo as relações entre saber médico e concepções do senso comum podem estabelecer-se nos dois sentidos, sem uma dependência em sentido único, mas com vaivens entre o pensamento erudito e o pensamento de senso comum.”p. 23. As representações sociais da doença não são levadas em consideração na determinação das práticas médicas, uma vez que conformam um conjunto aberto e heterogêneo que é continuamente refeito, ampliado, deslocado e problematizado durante as interações indivíduo-indivíduo e indivíduos e meio. Nesse sentido, recomenda-se uma análise que contemple “as formas temporalmente circunscritas pelas quais os atores imputam e negociam significados para suas experiências, vivenciam dificuldades de sustentar esses significados, delineiam e levam a cabo projetos e estratégias para se (re) situar no mundo social da do o evento/problema da doença” (ALVES; RABELO, 1998:119).. Com esse debate, oriundo da reflexão e das práticas sociológica e antropológica, acreditamos que as ações em saúde coletiva possam dar continuidade ao seu repensar para contemplar, ao mesmo tempo, as dimensões social e individual da doença, refletidas nas permanências culturais das representações e presentes nas experiências individuais que ocorrem no processo de adoecer..

(19) 30 Diferentemente de algumas décadas atrás, quando grande esforço foi concentrado na documentação do ganho de anos vividos, mais recentemente, tem havido um grande esforço dos profissionais da saúde em registrar uma melhora da qualidade de vida, ou seja, o foco mudou de acrescentar anos a vida para o de acrescentar vida aos anos (PATRICK et.al. 1999).. Embora qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho sejam distintas, elas são mutuamente influenciadoras; as insatisfações no trabalho podem causar desajustes na vida familiar e nas relações sociais extra trabalho, enquanto satisfações fora do trabalho exercem um papel adaptador sobre o trabalho (GOULART,2004).. As “marcas” do trabalho, que aparecem sob a forma de modificações de conduta no ambiente fora do trabalho, de sofrimento psíquico ou mesmo de doenças físicas e psíquicas, têm, como uma de suas fontes, a rigidez do taylorismo, no qual à distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real é quase inexistente e onde não está prevista a iniciativa por parte do trabalhador (TEIGER, 1980).. Pois o indivíduo leva influência do seu trabalho para sua vida pessoal, não funciona como se quando saísse do trabalho por exemplo, deixasse uma mala com suas angústias, e fosse para sua vida social com a cabeça livre do que passou no seu dia corporativo, e muitas vezes o que encontramos no discurso no trabalhador de “chão de fábrica” é como o citado por Dejours (1992):. “Do discurso operário podem-se extrair vários temas que se repetem obstinadamente como um refrão obsessivo. Não há um só texto, uma só entrevista, uma só pesquisa ou greve em que não apareça, sob suas múltiplas variantes, o tema da indignidade operária. Sentimento experimentado maciçamente na classe operária: o da vergonha de ser robotizado, de não ser mais que um apêndice da máquina, às vezes de ser sujo, de não ter mais imaginação ou inteligência, de estar despersonalizado, etc. É do contato forçado com uma tarefa desinteressante que nasce uma imagem de indignidade. A falta de significação, a frustração narcísica, a inutilidade dos gestos, formam, ciclo por ciclo, uma imagem narcísica pálida, feia, miserável ... A vivência depressiva condensa de alguma maneira os sentimentos de.

(20) 31 indignidade, de inutilidade e de desqualificação, ampliando-os. Esta depressão é dominada pelo cansaço... Executar uma tarefa sem investimento material ou afetivo exige a produção de esforço e de vontade, em outras circunstâncias suportada pelo jogo da motivação e de desejo. A vivência depressiva alimenta-se da sensação de adormecimento intelectual, de aniquilose mental, de paralisia da imaginação e marca o triunfo do condicionamento ao comportamento produtivo” p.49. Essas considerações permitem perceber a estreita relação entre a administração científica taylorista e a apropriação do conhecimento do trabalhador. O trabalho é transformado em atividade parcelada, repetitiva e sem sentido, retirando do indivíduo a sua capacidade criativa militando para uma baixa qualidade de vida e rotulando o sofrimento do indivíduo como doença:. “Taylor de fato exprime, com cinismo brutal, o fim da sociedade americana; desenvolver no trabalhador, no máximo grau, atitudes maquinais e automáticas, despedaçar o velho nexo psicofísico do trabalho profissional qualificado, que exigia uma certa participação ativa da inteligência, da fantasia, da iniciativa do trabalhador e reduzir as operações produtivas ao seu único aspecto físico maquinal (GRAMSCI, 1978, p. 328)”.. Todos os estudos em qualidade de vida e trabalho apontam como uma reação ao taylorismo e instrumentos de humanização no trabalho, bem – estar e participação dos trabalhadores no processo decisório, com origem na abordagem comportamental (SANTÁNNA, 1998).. As formas de adoecimento pelo trabalho vêm sendo modificadas ao longo do tempo, devido às transformações nos processos de produção e de organização do trabalho, decorrentes da incorporação de tecnologias e de estratégias gerenciais (LIMA, 1997).. Pode-se afirmar que a questão da organização do trabalho tem sua responsabilidade nos elevados índices de lesões ocupacionais por causa da articulação entre pressões por: redução de custos que resulta em redução de equipes e aumento do número de horas extras com aumento de sobrecarga dos trabalhadores, pressão organizacional, condição dos maquinários e condições ambientais insalubres que não favorecem os trabalhadores (LIKERT, 1971)..

(21) 32 A percepção de que o trabalho tem conseqüências sobre a saúde dos indivíduos é antiga. Pode-se encontrá-la no clássico Tempos Modernos, de Charlie Chaplin – sensível às degradações física e mental provocadas pela implementação do modelo taylorista/fordista sobre os trabalhadores –, e nas pesquisas da Sociologia do Trabalho de Friedmann e Naville (1962), que relataram as conseqüências do trabalho na linha de montagem, na França dos anos 50 do século passado, ou ainda, mais remotamente, nos estudos de Ramazzinni, considerado o fundador da Medicina do Trabalho no século XVIII (MERLO; LAPIS, 2007).. O processo da gênese e da consolidação do capitalismo compreendeu diversos ciclos de crescimento e de crises. As suas diferentes fases de desenvolvimento foram marcadas por importantes mudanças em termos de inovações tecnológicas, qualificação do trabalhador, modos de organização do trabalho e da produção, estratégias empresariais, formas de controle sobre os trabalhadores, desempenho dos sindicatos e papel do Estado (MERLO; LAPIS, 2007).. A produção em série atingia seu ápice ligado, inevitavelmente, ao triunfo da sociedade de consumo e à melhoria do nível de vida norte-americano de 1920 a 1929. O modelo fordista foi recebido, no mundo, como o “american way of life” no final da Segunda Guerra Mundial, fundado no hedonismo – na busca da felicidade por meio do aumento do consumo como uma meta a ser alcançada (Merlo e Lapis, 2007), o que predomina até os dias de hoje, vivemos em uma sociedade que visa à acumulação de bens e se quanto maior a produção maior a remuneração e maior o poder de compra, se estabelece então uma relação direta entre o capitalismo, o indivíduo como cidadão consumidor e sua relação com o trabalho.. Apesar do contexto social em que esses indivíduos estão inseridos nota-se que enquanto parte deles adoece, parte se mantém saudáveis e sobre isso Cacciamali et.al. (2003) afirma que o bem estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as suas atividades, podem impedir qualquer dano causado pelas condições de trabalho e proteger contra os riscos resultantes de agentes prejudiciais a saúde..

(22) 33 Sobre a mesma idéia Dejours (1992) afirmava:. “O trabalho nem sempre aparece, como tendíamos a considerar há dez anos nas pesquisas de Psicopatologia do Trabalho, como uma fonte de doença ou de infelicidade; ao contrário, ele é às vezes operador de saúde e de prazer. [...] o trabalho nunca é neutro em relação à saúde, e favorece seja a doença, seja a saúde” (p.13).. Pode-se identificar esse discurso também com Nietzsche (1978), que afirma não haver fato patológico. Para o filósofo alemão, nem a saúde nem a doença são entidades; em última instância, são valores, da mesma forma que o bem e o mal, o verdadeiro e o falso.. A saúde e a doença não podem ser conceituadas apenas pela ausência ou pela presença de determinados agentes etiológicos e sintomas. Como observa Minayo (1996): “os sintomas e os agentes etiológicos trazem uma carga histórica, cultural, política e ideológica e não podem ser contidas apenas numa fórmula numérica ou num dado estatístico” p.12. Da mesma forma, o processo saúde-doença não pode ser reduzido a um conjunto de significados determinado pela cultura da empresa e pelo discurso médico hegemônico. É necessário pensar nesta determinação, para além dos sujeitos do significado, aproximando-a do conceito de sujeito do significante.. Sobre isso, Laplantine (1991) chama atenção para o fato de a língua francesa só dispor de um vocábulo (maladie) para designar a doença e pode-se acrescentar que no Brasil só existe a palavra doença para designa-lá, enquanto na língua inglesa há três expressões: “disease (a doença tal como ela é apreendida pelo conhecimento médico), illness (a doença como é experimentada pelo doente) e sickness, (um estado muito menos grave e mais incerto que o precedente [...] de maneira mais geral, o mal-estar)”.p. 15. O autor destaca também que a expressão illness pode ser entendida por dois pontos. de. vista. clássicos:. doença-sujeito. e. doença-sociedade,. refletindo,.

(23) 34 respectivamente, a experiência subjetiva do doente e comportamentos sócio-culturais ligados à doença. Para integrar as noções de doença-objeto (disease), doença-sujeito (um ponto de vista de illness) e doença-sociedade (outro ponto de vista de illness), ele propõe que se avance no debate de sickness, uma vez que essa terminologia pode articular, ao mesmo tempo, “as condições sociais, históricas e culturais de elaboração das representações do doente e das representações do médico e isso qualquer que seja a sociedade considerada” (LAPLANTINE, 1991). No presente estudo, entendemos doença no sentido predominantemente refletido na expressão illness, sem, contudo estabelecermos dicotomia entre os pontos de vista de ser uma experiência subjetiva ou um comportamento sócio-cultural, referidos por Laplantine (1991).. Aqui empregamos doença ou enfermidade como reflexo da combinação de aspectos da experiência dos indivíduos e situações sócio-culturais. Isso, por sua vez, não significa que desconsideremos os aspectos biológicos presentes no processo do adoecer. Assim, junto a esses aspectos, buscamos desenvolver uma perspectiva interdisciplinar na abordagem das lesões ocupacionais.. A doença, por sua vez, deve ser compreendida como um atributo da vida, constituindo-se em processo biológico tão antigo quanto à vida. O processo saúde – doença consiste a expressão da instabilidade a que um organismo vivo esta exposto no mundo em constante mudança. A doença esta associada às dimensões biológicas, psicológicas, sociais, culturais e econômicas, no entanto, o adoecimento provocado pelo trabalho não deve ser entendido como algo natural ou normal (MUROFUSE, 2000).. No entender de Herzlich (1991), ao tratar das representações de saúde e doença: “por ser um evento que modifica, às vezes irremediavelmente, nossa vida individual, nossa inserção social e, portanto, o equilíbrio coletivo, a doença engendra sempre uma necessidade de discurso, a necessidade de uma interpretação complexa e contínua da sociedade inteira.”p. 26.

(24) 35 A lógica da análise social sobre a complexidade da experiência da enfermidade está em outro percurso metodológico: são as estratégias ou bricolagens que se formam entre pré-textos, textos, eventos e significados expressos nos mais diversos suportes discursivos (lingüísticos e corporais), comunicados e negociados socialmente. As representações sociais, então, passam a expressar estratégias e experiências humanas, tanto particulares quanto universais. As representações sociais e as categorias que as sintetizam só podem ser pensadas com base nas instâncias de regulação que permitem sua formação, não mais como categorias explicativas, mas como o lugar do verdadeiro ou das narrativas científicas vigentes (RABINOW, 1999). A compreensão dos significados exige um movimento da interpretação sobre a experiência, entendendo que esta é um processo de feedback do próprio processo de interação (SEVALHO, 1993).. O conceito de experiência ganha, então, uma outra perspectiva, a de experiência socialmente constituída, na qual se apresentam estratégias que só são passíveis de análise quando se expressam como narração individual e intersubjetiva (portanto social), mas entendendo nessa condição a presença de uma situação dialógica (e dialética). Os significados são negociados também em um espaço comunicacional e político, em que a enunciação coletiva reflete a atualização de um universo discursivo e experiências vividas e projetadas ( MERLO; LÁPIS, 2007). Ação com significado polissêmico, a reclamação pode ser tanto protesto, reivindicação, oposição, demanda e exigência, como também queixa, lamento, clamor, pedido e descontentamento. Reclama-se nas organizações sobre o chefe, os colegas de trabalho, sobre o salário, as condições de trabalho ou a empresa de modo geral. As reclamações, geralmente, apresentam-se no discurso dos empregados como variações sobre o mesmo tema. Como uma cadeia significante que se retroalimenta permanentemente, quem conta um conto aumenta um ponto ao que o outro diz. A reclamação como posicionamento - ativo ou passivo, de reivindicação ou lamento permite ao sujeito se estabelecer e se restabelecer no grupo, na medida em que, ao reclamar, ele compartilha com seus pares o fato de a organização do trabalho o fazer sofrer como faz a eles, ainda que a vivência do sofrimento seja algo eminentemente singular (HALLACK; SILVA, 2005)..

(25) 36 Mello et.al. (1992), ressalta que o surgimento do processo de adoecer, está ligado à biografia do ser humano, haja visto que esse vive em uma sociedade, em situação recíproca com outros sistemas, que é parte ativa de uma microestrutura familiar inserida em uma macroestrutura social e cultural dentro de um ambiente físico que vai resultar na seu nível de qualidade de vida.. Corroborando com a idéia Dejours (1949), conclui que a organização do trabalho, antes de tudo aparece como uma relação intersubjetiva e uma relação social, o vivenciado e as condutas são fundamentalmente organizadas pelo sentido que os sujeitos atribuem à sua relação com o trabalho.. Mello et.al.. (1992) e Fontes (1995), explicam que é fundamental a insistência de se levar em consideração a totalidade do ser humano bio – psico – social para termos uma concepção mais ampla do processo de adoecer.. Pelo já exposto até aqui compreende-se que, investigar a influência da qualidade de vida e suporte social desse grupo de trabalhadores, poderá contribuir nas ações de prevenção e controle das lesões ocupacionais e conscientizar os profissionais da área em relação à psicoergonomia..

(26) 37. Capítulo 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.

(27) 38. “O conhecimento nos faz responsáveis” Ernesto Che Guevara.

(28) 39. Capítulo 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 1.1. QUALIDADE DE VIDA. Tornou-se lugar-comum, no âmbito do setor saúde, repetir, com algumas variantes, a seguinte frase: “saúde não é doença, saúde é qualidade de vida”. Por mais correta que esteja, tal afirmativa costuma ser vazia de significado e, freqüentemente, revela a dificuldade que temos, como profissionais da área, de encontrar algum sentido teórico e epistemológico fora do marco referencial do sistema médico que, sem dúvida, domina a reflexão e a prática do campo da saúde pública. Dizer, portanto, que o conceito de saúde tem relações ou deve estar mais próximo da noção de qualidade de vida, que saúde não é mera ausência de doença, já é um bom começo, porque manifesta o malestar com o reducionismo biomédico. Porém, pouco acrescenta à reflexão.. O trabalho tem sua parcela de responsabilidade no nível de qualidade de vida do indivíduo porque condições de trabalho insalubres remeterão há uma má qualidade no meio ambiente do trabalhador, a falta de reconhecimento, monotonia, baixo salário dentre outros fatores também podem ter influência na qualidade de vida.. Para uma melhor compreensão do construto qualidade de vida será apresentada uma abordagem histórica do mesmo.. 1.1.1. Cronologia Conceitual. Já na década de 70 Campbel (1976, p. 2 apud Zannon e Seid, 2004) tentou explicar as dificuldades que cercaram o conceito de qualidade de vida:“[...] qualidade de vida é uma vaga e etérea entidade algo sobre o qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é”..

(29) 40 Tal afirmação mostra a ênfase dada já naquela época às controvérsias sobre o conceito dado à qualidade de vida.. Qualidade de vida é um conceito fortemente marcado pela subjetividade envolvendo todos os componentes essenciais da condição humana (SEID; ZANNON, 2004; MARTINS et. al.1996; ROCHA et. al., 2000).. Essa concepção holística do homem é o fundamento básico que permeia toda a assistência dos profissionais da saúde lembrando que em qualquer trabalho destinado seja para promoção, prevenção, tratamento ou reabilitação é realizado a atender as expectativas de uma pessoa como tal, não é um ser isolado, não abandona todo seu contexto de vida, ou seja, o cuidado a ser prestado dependerá, entre outros fatores, da percepção que ele e seu grupo tem, o significado que a experiência tem para ele (MARTINS et.al., 1996).. Em 1990 consolidou-se um consenso entre os estudiosos da área quanto a dois aspectos relevantes do conceito de qualidade de vida, o da subjetividade e multicausalidade. Trata-se de considerar a percepção da pessoa sobre seu estado de saúde e sobre aspectos não médicos do seu contexto de vida (ZANNON; SEID, 2005).. Farquhar em 1995 propôs uma taxonomia das definições sobre qualidade de vida divididas em quatro tipos: (1) definição global que refere-se às primeiras definições que apareceram na literatura predominam até meados da década de 80. São gerais e não abordam possíveis dimensões do construto. (2) definição com base em componentes que surgiram a partir dos anos 80 dando início ao fracionamento do conceito global em várias dimensões ou componentes. (3) definição focalizada ou seja essas são as que valorizam componentes específicos, em geral voltados para habilidades funcionais ou de saúde. A partir deste ponto desenvolvem-se instrumentos de avaliação global e fatorial.. Estudiosos enfatizam, então, que qualidade de vida só pode ser avaliada pela própria pessoa Rocha et.al. (2000, p. 2), tem uma definição quase poética do conceito:.

(30) 41 “Qualidade de vida é de estilo cultural, mais que tecnológico; lúdico, mais que eficiente; sábio, mais que científico. Diz respeito ao mundo tão tênue quanto vital da felicidade. Não se é feliz sem a esfera ter, mas é principalmente uma questão de ser. Não é a conquista de uma mina de ouro que nos faria ricos, mas, sobretudo a conquista de nossa capacidade de autodeterminação, do espaço, da criação. É o exercício da competência política”.. Minayo (2006), afirma que qualidade de vida é ver o ser humano do ponto de vista biológico – social. Dentro de seu contexto devem-se analisar as condições materiais, condições primárias e fundamentais da vida humana; as forças materiais de produção e transformações das condições materiais; qual o modo de produção da estrutura global e regional (econômica, jurídica, política e ideológica) e a formação social (divisão de trabalho, desenvolvimento de forças produtivas, relações sociais de produção, classes sociais básicas e luta de classes),. (grifo meu) formas de. produção, circulação e consumo de bens, população, migrações, o Estado, o desenvolvimento da sociedade civil, relações nacionais e internacionais de comércio e produção, formas de consistência real, o modo de vida.. Conceituar qualidade de vida é uma tarefa difícil porque cada um de nós tem a impressão de que já sabe o que esta expressão quer dizer, ou quando não, sente o que ela exprime. Isto se deve provavelmente ao fato de tratar-se de um conceito que remota há tempos e de ter sofrido, ao longo da história, várias transformações em seu sentido.. Como sintetiza Buarque (1993, p.157):. “[...] talvez nenhum conceito seja mais antigo, antes mesmo de ser definido, do que qualidade de vida. Talvez nenhum seja mais moderno do que a busca da qualidade de vida”. p. 157.

(31) 42 1.2. SUPORTE SOCIAL. Pode-se afirmar que o suporte social é uma das facetas abordadas em qualidade de vida, porém foi optado em realizar uma pesquisa mais detalhada a cerca do tema porque várias pesquisas apontam na direção de que um bom nível de suporte social diminui a propensão de ficar doente, sendo escassas pesquisas sobre esse tema no Brasil.. Lin apud Motta (1999) começa a definição de suporte social pela análise das palavras que compõe a expressão. Sobre “social” afirma que este componente representa a ligação entre o indivíduo com seu meio social e sobre “suporte” que este se relaciona com as atividades percebidas como instrumentais e expressivas. Sendo a dimensão instrumental o que envolveria o uso das interações sociais para atingir metas e a dimensão expressiva relaciona-se com um nível adequado de suporte emocional.. House et.al. (1985) propõe uma estrutura para suporte social alicerçada em três pilares: sendo o primeiro referente a relacionamentos sociais (existência, quantidade e tipo); o segundo pilar é suporte social (tipo, fonte, qualidade e quantidade) e o terceiro é tangente à rede social (tamanho, densidade, reciprocidade, intensidade e outras).. Em contrapartida Jou e Fukado (1995) considera suporte social um conceito que deve ser analisado em quatro aspectos: o primeiro refere-se ao número de membros da rede de suporte social e suas características, o segundo esta ligado ao suporte social percebido pelo indivíduo, o terceiro compreende o suporte percebido ou avaliação de suporte disponível e o quarto inclui o suporte disponível recebido anteriormente.. Segundo Rodrigues e Cohen apud Siqueira (2007), os indivíduos podem receber diferentes tipos de apoio social, porém três são mais pesquisados: o primeiro é o suporte emocional que se refere ao relacionamento interpessoal do indivíduo, em segundo esta o suporte instrumental que está relacionado às ajudas de pessoas ou.

(32) 43 instituições no que diz respeito à ajuda com cuidados aos filhos, as tarefas diárias, ajuda financeira entre outras, e a terceira é Suporte Informacional que é a ajuda para tomar decisões, aconselhamento etc.. Sobre o suporte social e sua relevância no desencadeamento de doenças, Cobb (1974), Araújo et.al.. (1973), Hagburag e Malmquist (1974), já realizavam pesquisas que apoiavam a noção de que o “apoio social” milita contra a propensão de ficar doente.. O fato de pertencer, ser aceito no grupo deve ter influência sobre a adaptação do indivíduo no trabalho, essa relação dentro da empresa, por exemplo, quando um indivíduo, adoece e é afastado e não enxerga alguma possibilidade próxima ou um apoio social para retomar sua capacidade produtiva, ele sente-se desvalorizado, ignorado e desgarrado. Essa situação pode afetar sua auto-estima e torná-lo depressivo. Alguns estudos têm demonstrado que o ser humano tende a adoecer quando percebe que sua rede social foi reduzida ou rompida nos campos da amizade, do trabalho, da família, da cultura, da comunidade, do lazer, da vizinhança, do estudo e dos acessos aos serviços de saúde. Porém, quando o sujeito sofre uma redução significativa do seu vínculo em uma dessas áreas, mas encontra suporte afetivo, material, religioso e solidário em outros espaços da sua rede de relações, ele tende a enfrentar seus problemas e sofrimentos com maior habilidade, criação e segurança, pois se percebe incluído e reconhecido na sociedade em que vive (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL, 2003). Nas organizações, as subjetividades são fortemente influenciadas pela intersubjetividade do grupo de funcionários. Qualquer que seja o trabalho numa organização, ele no mínimo proporcionará ao sujeito um bem precioso: a possibilidade de identificação social e cultural através da atmosfera de afiliação a grupos e incorporação de valores (HALLACK; SILVA, 2005). Ainda que haja competição, formação de subgrupos e grupos rivais, eleição de bodes expiatórios, etc., os sujeitos compartilham pela empresa os mesmos sentimentos que os fazem buscar afiliação a grupos: idealização, necessidade de identificação, de valorização e de reconhecimento. Expectativa bastante corroborada pelas próprias.

(33) 44 organizações, quando estas prometem, sub-repticiamente, que ali o sujeito encontrará a realização, a satisfação e a felicidade (HALLACK; SILVA, 2005).. 1.3. CONTEXTO SOCIAL. Acredita-se ser importante destacar o contexto social em que esses trabalhadores estão inseridos, porque este é fator influenciador tanto na qualidade de vida quanto no suporte social desses indivíduos o que se pode justificar, por exemplo, esclarecendo que em relação ao suporte social pode-se supor que quanto maior o número de horas extras menor a convivência que esse indivíduo terá com sua família e/ou amigos, ou ainda dependendo do contexto social da própria empresa os diálogos entre os colegas de trabalho são reprimidos, isso quando há na empresa a filosofia organizacional que parte do principio que o indivíduo tem que estar cem por cento do tempo em estado de vigília, com atenção exclusiva para o trabalho. Pode parecer extremista tal comentário, mas temse como exemplo disso descrição realizada por Beyon (1995) sobre a fábrica de Ford nos anos 30 e 40 no século XX, onde é retratado o sofrimento físico e psíquico no qual estavam entregues os trabalhadores submetidos a uma severa disciplina e no que concerne a proibição de falar, cantarolar, assobiar e sorrir no trabalho, os trabalhadores adotaram diferentes habilidades que ficaram conhecidas como “a fordização da face” Beyon (1995), ainda retrata a situação:. “... de um mecânico muito inteligente (...) que inventou um tipo de linguagem própria: aprendeu a falar com o ventríloquo. Depois de passar dez anos trabalhando na Ford, esse homem tranformou-se em objeto de ridículo para a esposa e os amigos, pois o hábito de falar pelo lado da boca sem mover os lábios acabou-se por tornar ingovernável; ele passou a falar dessa maneira inconscientemente, em casa ou em conversas com os amigos fora do ambiente de trabalho.” p. 54. E na perspectiva de elucidar as questões do contexto social dos trabalhadores e a maneira como esse contexto pode influenciar a qualidade de vida e o suporte social dos mesmo que se faz necessário apresentar uma revisão sobre os métodos de organização do trabalho e suas influências até os dias de hoje..

(34) 45 1.3.1. Evolução dos Métodos de Organização do Trabalho e sua influência nos dias de Hoje. Segundo Couto (2005), se fala em melhorias no trabalho desde a.C., porém foi em 1.950 com Taylor que surgiu o primórdio da organização do trabalho que tinha como postulado quatro princípios:. Análise racional do trabalho e instituição correta da técnica de trabalho (constituía na análise de movimentos, cronometragem dos mesmos e organização da única forma correta de executá-los, contemplando basicamente a alta produtividade);. Autoridade técnica do Engenheiro Industrial para realizar a análise do trabalho;. Adaptação do indivíduo ao trabalho e ;. Pagamento diferenciado por produção.. No entanto esqueceram das variabilidades, as pessoas são diferentes; O indivíduo que não tem voz ativa no processo sente-se infeliz no seu trabalho, muitas vezes eles são bem mais capazes para falar e solucionar problemas referentes a sua atividade do que qualquer Engenheiro; Leva à exclusão social por idade, sexo, raça, por esse motivo Taylor foi parar no Congresso Norte Americano (COUTO, 2005)..

(35) 46 Logo Ford começou o aprimoramento dos princípios de tempo e método de Taylor. “Diz a lenda” que Ford apostou com o então dono da General Motors, que aumentaria em 200% sua produção e diminuiria o custo de seus veículos tornando-os acessível a todos. Os princípios que Ford seguiu foram:. Organização do trabalho em uma linha de montagem, com diminuição do tempo de deslocamento do trabalhador até a peça;. Ritmo de trabalho determinado pela velocidade da esteira com a possibilidade de estipular a quantidade de peças produzidas por tempo;. O trabalho era fixo em determinada função com a repetição do movimento o trabalho desenvolvia padrões de motricidade automática, alta precisão e rapidez devido à memória sinestésica;. Produção de grandes volumes e aumento do consumo por causa do baixo custo.. Porém não contabilizaram que a esteira com tempo apertado que desrespeita a individualidade do trabalhador pode gerar um alto índice de lesões e absenteísmo, monotonia e infelicidade no trabalho (bem demonstrado no filme de Chaplin, Tempos Modernos); A posição fixa era a causa de muitas lesões ocupacionais principalmente as “doenças osteo-musculares relacionadas ao trabalho” (DORT), hoje chamadas aqui no Brasil; O trabalho era especializado em uma só tarefa, para se ter mais agilidade no processo o que gerava monotonia (COUTO, 2005).. Ford pagava muito bem seus funcionários e pagava por produção, ou seja, quanto maior a produção maior o salário e, sendo maior o salário, o indivíduo que esta inserido num regime capitalista, onde todo o marketing é voltado para a acumulação de bens, consome mais e isso se faz como um círculo porque consumindo mais há um aumento geral na produção portanto mais trabalho (MERLO; LAPIS, 2007)..

(36) 47 Destaca-se que muitos dos problemas decorrentes dessa época são conseqüências diretas da má aplicação do ferramental de Taylor e Ford. Como, por exemplo:. O aumento da velocidade das esteiras diante da necessidade do aumento de produção,. Colocação da pessoa mais hábil na primeira posição da linha de montagem, ocasionando correria e sobrecarga tensional nos demais trabalhadores,. Pagamento adicional por produtividade sem análise da condição de execução do trabalho, ocasionando sobrecarga e fadiga.. Nesse contexto a ergonomia aproveita uma síntese do que houve de positivo na época da 2º. Revolução Industrial e a necessidade de saúde do trabalhador.. Pode-se concluir que Taylor e Ford deram uma enorme contribuição para o impulso da atividade industrial, com ganhos significativos de produtividade, reduzindo o custo final do produto ao consumidor e criando a possibilidade de inserção do trabalhador como cidadão enquanto consumidor no cenário produtivo do mundo.. Em contrapartida para Dejours (1949), a psicopatologia do trabalho é uma ruptura com a concepção Taylorista da organização do trabalho, que opõe, tradicionalmente, concepção e execução e não vê, na defasagem entre as duas, mais que anomalias de funcionamento, a psicopatologia tem a tendência assim como a de alguns ergonomistas, de ver sobre tudo os compromissos de uma propensão decisiva entre concepção e reconcepção.. Castro (1986), afirma que a partir do momento em que a gerência percebeu que as deficiências do taylorismo estavam comprometendo a acumulação capitalista, a mesma empenhou-se na busca de alternativas que permitissem superar tais dificuldades..

(37) 48 O mesmo autor refere o agrupamento de 3 correntes pós – tayloristas, que são:. 1 – Movimento de Relações Humanas e pelo Enriquecimento de Cargos, que teve origem nos trabalhos de Elton Mayo e colaboradores, na Psicologia Industrial. Após pesquisa sobre produtividade, demonstraram que o rendimento esta relacionado à motivação para o trabalho (FLEURY; VARGAS, 1987).. Essa corrente visa uma. ampliação do trabalho, baseia-se em estudos realizados por Maslow, Argyris e Herzberg.. 2 – A segunda corrente visa os grupos de autoformação e o Desenvolvimento das Organizações que diverge da primeira no que diz respeito a participação dos trabalhadores no diagnóstico dos problemas e na implementação de soluções, e se identifica com a primeira corrente no que diz respeito a concepção do homem no trabalho, relacionada a motivação, sociabilização, aspiração de que o trabalho seja para ele um instrumento de realização pessoal.. Castro (1986), considerava que essas correntes não questionam a organização Taylorista do processo de trabalho, deixando os fundamentos intactos, como sendo inevitáveis.. 3 – A terceira corrente baseia-se na idéia que o sistema produtivo só atingirá seu máximo de produtividade quando se otimizar o conjunto do sistema técnico e do sistema industrial (FLEURY; VARGAS, 1987). Esta se baseia na idéia de trabalhadores semi – autônomos, ou seja, uma equipe de trabalhadores que executa cooperativamente as tarefas que são designadas ao grupo sem que haja uma pré-definição de tarefas para os mesmos. O grupo tem autonomia no processo, desde que a tarefa seja cumprida no tempo determinado com a qualidade desejada e dentro do custo previsto.. As contribuições dessas correntes segundo Castro (1986) são:. O resgate do trabalho como processo coletivo,.

(38) 49 Um abalo da concepção taylorista da separação entre planejamento e execução,. A dúvida que lança sobre o papel da supervisão e da hierarquia como um todo.. Nessa busca pelo aumento de produtividade e melhoria da qualidade, emerge o modelo japonês que segundo Coriat (1993), surge nos anos 50 no final da guerra, quando há uma grande escassez de trabalhadores adultos qualificados e uma abundância de mão de obra jovem e de pouca formação.. Nesse contexto Coriat (1993) destaca que os americanos continuaram seguindo o modelo Taylorista apostando na fragmentação e repetitividade do trabalho. Enquanto os japoneses na “des – especialização” dos trabalhadores qualificados por meio do incentivo a uma polivalência e plurifuncionalidade dos homens e das máquinas, essa corrente é definida como a busca de um conjunto de inovações organizacionais cuja importância é comparável ao que foram em suas épocas as inovações trazidas por Ford e Taylor.. O modelo japonês trouxe algumas práticas de gestão como “just – in – time”, que é um sistema criado na indústria automobilística para aumentar a sincronia entre produção e demanda, reduzindo estoques e custos de produção, onde o volume de produção é determinado pela demanda da operação seguinte realizada interna ou externamente (ARAÚJO; GITAHY, 1998).. Muitas vezes esse sistema é implementado sem outros conceitos do modelo japonês que é o caso da empresa em que estão inseridos os trabalhadores pesquisados. Para tanto a produção tem que ser flexível para corresponder ao número de pedidos. Pode-se dizer que as empresas adotam os conceitos do modelo japonês que contribuam para o aumento da produção e a redução de custos.. A estratégia para alcançar esse objetivo é a terceirização, que segundo o Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de.

(39) 50 Trabalho ( DIEESE/ DIESAT, 1994 ) tem sido mais uma estratégia de redução de custos pelas empresas e tem contribuído para diminuir os benefícios sociais, aprofundando o processo de exclusão social.. Observa-se no exercício da profissão que essa estratégia de terceirização é usada para que se faça “turn over”, ou seja, os trabalhadores mais antigos com maiores salários na empresa são demitidos e ficam os mais novos “de casa” com salários mais baixos. Esse é um fator que contribui para um medo generalizado de demissão pelos funcionários com mais “tempo de casa” até mesmo porque é de conhecimento que aqui no Brasil por causa da legislação trabalhista há uma maior dificuldade em conseguir um novo emprego após os quarenta anos.. Outras conseqüências desse processo de reestruturação é a mudança nas relações entre clientes e fornecedores que interferem diretamente na produção ao longo da cadeia automotiva citado por Araújo e Gitahy (1997), a enorme pressão dos clientes no sentido da formalização do sistema de qualidade de seus fornecedores, a crescente exigência de capacidade de atender prontamente às freqüentes mudanças na programação dos pedidos de seus clientes e foco em redução de custos aparecem fortemente associados ao movimento pela qualidade.. Araújo e Gitahy (1998), destacam que a partir das mudanças freqüentes por parte dos fornecedores na programação da produção das empresas clientes, ou seja, cancelamentos, adiamentos ou aumentos repentinos de pedidos, decorrente a instabilidade dos mercados é gerado um aumento de pressão na linha de produção e conseqüente sobrecarga de trabalho que incide maior índice de lesão ocupacional nos trabalhadores. Além do significante aumento do número de horas extras há de se levar em conta também que a contratação de terceiros que por falta de tempo não recebem treinamento adequado para função faz colaborar para o aumento do número de lesões e conseqüente aumento do número de absenteísmo.. Esse conjunto de mudanças sugere um novo perfil de trabalhador, com mais nível de escolaridade, melhor relacionamento interpessoal e comprometimento..

(40) 51 Para tanto, as empresas tem investido em programas de treinamento e sistemas participativos. O conteúdo desses treinamentos é bastante variado, com predominância dos que estão relacionados ao sistema de ferramentas de qualidade e produtividade, também oferecem cursos de supletivo, que dentro da empresa em que estão inseridos os trabalhadores dessa pesquisa tem baixo índice de adesão.. A articulação entre as pressões por:. Redução de custos,. Formalização da qualidade,. Elevação da produtividade e. Flexibilização nas entregas, provoca transformações significativas na divisão do trabalho. Num contexto que implica na intensificação do trabalho, maiores exigências de escolaridade sendo desfavorável aos trabalhadores que vê seu trabalho intensificar-se dentro de uma conjuntura de desemprego generalizado.. A partir de um dos estudos precursores realizados por Kern e Schumann em 1984 na Alemanha, muito tem sido falado sobre as transformações do mundo do trabalho. Sem entrar nas extensas polêmicas sobre o nome a dar-se a essas novas formas de organizar o trabalho, é importante salientar que tais modificações ainda se apresentam no Brasil como uma tendência, pois o que se encontra são empresas implementando alguns aspectos dessas novas propostas.. Assim o que se constata, em geral, é o que segundo Merlo (1999), poderia chamar de “modelo Frankstein”, onde são incorporados alguns instrumentos usados pelo método japonês da organização do trabalho, tais como “kanban”, “Just –in-Time”e, Programas de Qualidade Total, dentro de políticas de gestão que se mantém verticalizadas, autoritárias e muito hierarquizadas e, em geral, em ambientes insalubres.

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