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Acima de 1000 Horas de Absenteísmo

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Friendrich Nietzsche

Grupo 4- Acima de 1000 Horas de Absenteísmo

6 4 Grupo 3 - 601 a 1000 Horas de Absenteísmo 5 6

Grupo 4- Acima de 1000 Horas de Absenteísmo

7 4

Total 26 21

A variável, nível de escolaridade foi estudada considerando-se a hipótese de que pessoas com um maior nível cultural sofressem mais com o processo por sentirem-se pior com o contexto social do trabalho que impõe uma separação entre o saber fazer, entre a concepção, o planejamento e a execução; entre o trabalho manual dos operários e o trabalho intelectual das gerências, tornando o trabalho uma atividade parcelada, repetitiva e sem sentido, retirando do indivíduo a sua capacidade criativa. No entanto, nesta pesquisa, o nível de escolaridade apresentou-se hegemônico entre os grupos o que pode significar que a amostra estudada foi insuficiente para evidenciar esta hipótese.

TABELA 7 – Dados referentes aos grupos de absenteísmo e a soma dos escores do questionário EPSS escore mínimo, máximo e médio dos trabalhadores pertencentes a cada grupo de absenteísmo sendo que o valor mínimo que pode dar o escore do EPSS é 29 e o valor máximo 116: Grupos de Absenteísmo No. de pessoas Soma do escore do EPSS Escore médio Escore mínimo Escore máximo Grupo 1 0 Horas de Absenteísmo 15 1.137 75,8 41 112 Grupo 2 1 a 600 Horas de Absenteísmo 10 825 82,5 60 113 Grupo 3 601 a 1000 Horas de Absenteísmo 11 915 83,18 65 108 Grupo 4 Acima de 1000 Horas de Absenteísmo 11 897 81,45 47 115

Se for considerada uma classificação intervalar no escore do EPSS (que varia de 29 a 116) poderá classificar o suporte social como : (escore variando de 29 -46,3) muito baixo, (escore variando 46,4-63,7) baixo, (escore variando 63,8-81,1) razoável, (escore variando 81,2-98,5) bom e (escore variando 98,6 -116,0) muito bom.

Levando em consideração esse critério de classificação em cinco faixas tem – se como resultado que em uma média geral o suporte social do grupo de indivíduos estudados é razoável tendo média de 80,7325.

Com relação ao suporte social foi encontrado um escore mais baixo no grupo de absenteísmo 1, que é o grupo que não possui horas de absenteísmo que seguindo a classificação tem-se como resultado um suporte social razoável, os grupos de absenteísmo 2, 3 e 4 apresentaram uma média bem próxima entrando na classificação de bom nível de suporte social, o que nos leva a concluir que foi o grupo de absenteísmo 1 que abaixou a classificação geral de boa para razoável.. Apesar dessa diferença entre o grupo de absenteísmo 1 e os grupos de absenteísmo 2, 3 e 4 não teve diferença significantemente estatística.

Bloom (1990), Cobb (1974), Araújo et.al. (1973), Hagburag e Malquimist (1974) em seus estudos apontam uma associação entre suporte social e níveis de saúde, nesta pesquisa não foi encontrada associação, pelo contrário obtivemos como resultado um menor suporte social no grupo que não apresentava absenteísmo por lesões ocupacionais. No entanto esse resultado pode estar ligada ao número de participantes dessa pesquisa, talvez com uma amostra maior fossem encontrados resultados com maior significância.

Segue os dados obtidos em relação à qualidade de vida dos indivíduos participantes da pesquisa.

TABELA 8 - Resultados dos domínios do questionário WHOQOL –Bref. aplicado a todos os trabalhadores, sendo que os escores podem ir de 0 a 100.

Domínios do WHOQOL- Bref. Escore Mínimo Escore Máximo Escore Médio Desvio Padrão Domínio Físico 42,86 100,00 74,7148 14,30096 Domínio Psicológico 33,33 100,00 74,5006 14,95530 Domínio Social 33,33 100,00 78,6672 16,51003

Domínio Meio Ambiente 31,25 87,50 58,8772 10,70218

Se for considerada uma classificação intervalar no escore do WHOQOL – Bref. (que varia de 0 a 100) como foi realizado na análise de resultados do EPSS poderemos classificar também os níveis de qualidade de vida como : (escore variando de 0 -20) muito baixo, (escore variando 21-40) baixo, (escore variando 41-60) razoável, (escore variando 61-80) bom e (escore variando 81 -100) muito bom.

Seguindo essa classificação em uma média geral o escore do WHOQOL – Bref. gerou o resultado um escore médio de 71,68995 então baseando –se na classificação podemos dizer que a os indivíduos estudados tem uma boa qualidade de vida. Dividindo por domínios encontramos um escore nos domínios físico, psicológico e social (como demonstrado na Tabela 8) condizentes com a média geral de boa qualidade de vida, já o domínio do meio ambiente esta em uma classificação de razoável.

Nota-se que a média no domínio do meio ambiente é menor o que pode estar ligado ao ambiente insalubre que estão inseridos esses trabalhadores, os baixos salários que recebem e o baixo nível de escolaridade da população estudada. Apesar do domínio referente ao meio ambiente ser menor do que os outros não foi apresentada diferença com significância estatística.

TABELA 9 - Comparativa entre os domínios do WHOQOL – Bref. e os grupos de absenteísmo. 95% Porcentagem De Confiança Domínios Grupos de Absenteísmo Grupos De Absenteísmo Diferença Estatística Desvio

Padrão Significância Limite Inferior

Limite Superior

2 2,14400 5,32644 ,978 -12,0536 16,3416 3 1,47886 4,84844 ,990 -11,4446 14,4024 Grupo 1 0 Horas de Absenteísmo 4 16,94691(*) 5,17914 ,011 3,1419 30,7519 1 -2,14400 5,32644 ,978 -16,3416 12,0536 3 -,66514 5,40200 ,999 -15,0641 13,7339 Grupo 2 1 a 600 Horas de Absenteísmo 4 14,80291 5,70067 ,059 -,3922 29,9980 1 -1,47886 4,84844 ,990 -14,4024 11,4446 2 ,66514 5,40200 ,999 -13,7339 15,0641 Grupo 3 601 a 1000 Horas de Absenteísmo 4 15,46805(*) 5,25681 ,025 1,4560 29,4801 1 -16,94691(**) 5,17914 ,011 -30,7519 -3,1419 2 -14,80291 5,70067 ,059 -29,9980 ,3922 Domínio Físico Grupo 4 Acima de 1000 Horas de Absenteísmo 3 -15,46805(*) 5,25681 ,025 -29,4801 -1,4560 2 3,89000 5,93673 ,913 -11,9343 19,7143 3 2,40143 5,40396 ,970 -12,0028 16,8057 Grupo 1 0 Horas de Absenteísmo 4 13,35909 5,77255 ,110 -2,0276 28,7458 1 -3,89000 5,93673 ,913 -19,7143 11,9343 3 -1,48857 6,02094 ,995 -17,5374 14,5602 Grupo 2 1 a 600 Horas de Absenteísmo 4 9,46909 6,35384 ,452 -7,4670 26,4052 1 -2,40143 5,40396 ,970 -16,8057 12,0028 2 1,48857 6,02094 ,995 -14,5602 17,5374 Grupo 3 601 a 1000 Horas de Absenteísmo 4 10,95766 5,85912 ,255 -4,6598 26,5751 1 -13,35909 5,77255 ,110 -28,7458 2,0276 2 -9,46909 6,35384 ,452 -26,4052 7,4670 Domínio Psicológico Grupo 4 Acima de 1000 Horas de Absenteísmo 3 -10,95766 5,85912 ,255 -26,5751 4,6598 2 5,00167 6,42858 ,864 -12,1337 22,1370 3 ,59610 5,85167 1,000 -15,0015 16,1937 Grupo 1 0 Horas de Absenteísmo 4 15,91012 6,25079 ,066 -,7513 32,5716 1 -5,00167 6,42858 ,864 -22,1370 12,1337 3 -4,40557 6,51977 ,906 -21,7840 12,9728 Grupo 2 1 a 600 Horas de Absenteísmo 4 10,90845 6,88024 ,397 -7,4308 29,2477 1 -,59610 5,85167 1,000 -16,1937 15,0015 2 4,40557 6,51977 ,906 -12,9728 21,7840 Grupo 3 601 a 1000 Horas de Absenteísmo 4 15,31403 6,34454 ,089 -1,5973 32,2254 1 -15,91012 6,25079 ,066 -32,5716 ,7513 2 -10,90845 6,88024 ,397 -29,2477 7,4308 Domínio Social Grupo 4 Acima de 1000 Horas de Absenteísmo 3 -15,31403 6,34454 ,089 -32,2254 1,5973 2 2,91633 4,43015 ,912 -8,8922 14,7249 3 1,44262 4,03258 ,984 -9,3062 12,1915 Grupo 1 0 Horas de Absenteísmo 4 5,35879 4,30763 ,603 -6,1232 16,8408 1 -2,91633 4,43015 ,912 -14,7249 8,8922 3 -1,47371 4,49299 ,988 -13,4498 10,5023 Grupo 2 1 a 600 Horas de Absenteísmo 4 2,44245 4,74141 ,955 -10,1957 15,0807 1 -1,44262 4,03258 ,984 -12,1915 9,3062 2 1,47371 4,49299 ,988 -10,5023 13,4498 Grupo 3 601 a 1000 Horas de Absenteísmo 4 3,91617 4,37224 ,807 -7,7380 15,5703 1 -5,35879 4,30763 ,603 -16,8408 6,1232 2 -2,44245 4,74141 ,955 -15,0807 10,1957 Domínio Meio Ambiente Grupo 4 Acima de 1000 Horas de Absenteísmo 3 -3,91617 4,37224 ,807 -15,5703 7,7380 * Média de Diferença com Limite Inferior de Relevância . ** Média de Diferença com Limite Superior de Relevância.

Foi verificada diferença com significância estatística no domínio físico entre o grupo de absenteísmo 1 (grupo com zero horas de absenteísmo) e o grupo de absenteísmo 4 (grupo com mais de mil horas de absenteísmo). O domínio físico é composto pelas seguintes facetas: dor e desconforto, energia e fadiga, sono e repouso, mobilidade, atividades de vida cotidiana, dependência de medicação ou tratamento e capacidade para o trabalho.

Esse resultado é compatível com pesquisa realizada por Martinez et.al. (2004), que conclui que a satisfação no trabalho esta associada à saúde dos trabalhadores nos seus

aspectos: saúde mental e capacidade para o trabalho. Pesquisa realiza por Martins et.al. (1996) também ressalta a interferência do domínio físico em pacientes com doenças crônicas como sendo a faceta mais significativa.

Diferentemente do que diz Merlo et. al. (2001), Sato (1993), Maciel (1986) que identificam nos trabalhadores com lesões ocupacionais um sofrimento associado à culpa e à revolta pela aquisição da doença, gerando sentimento de baixa auto – estima no presente estudo a relação entre domínio psicológico e lesões ocupacionais não foi associada. O domínio psicológico é composto pelas seguintes facetas: sentimentos positivos, pensar, aprender memória e concentração, auto – estima, imagem corporal e aparência sentimentos negativos e espiritualidade, religião e crenças pessoais.

O domínio relativo ao meio ambiente que apresenta como facetas: segurança física e proteção, ambiente no lar, recursos financeiros, cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade, oportunidade de adquirir novas informações e habilidades, participação e oportunidades de recreação e lazer, ambiente físico (poluição, clima, ruído) e transporte aparece com a média de escore abaixo dos outros domínios o que pode ter como motivos o baixo nível de escolaridade, baixo salário e ambiente de trabalho insalubre como já mencionado.

O elevado índice de absenteísmo que foi encontrado no posto de trabalho que estão inseridos os trabalhadores que participaram dessa pesquisa, pode ser justificado dentre outros fatores ao contexto social da organização do trabalho á que eles estão submetidos.

Corroborando com estudos realizados por Araújo e Gitahy (1998), Merlo (1999) e Castro (1986). No que confere ao modelo “Frankstein” (citado por Merlo, 1999) que define o modelo de organização do trabalho como carregando influências do modelo Taylorista e japonês, gerando aumento de várias pressões por produção e qualidade em um ambiente insalubre com um sistema extremamente hierarquizado e autoritário.

Pode se entender com a concepção desses autores que, o que vem se constatando é uma superposição de agressões, umas oriundas das formas tradicionais de gestão e outras impostas pelo processo de reestruturação produtiva.

Por outro lado verifica-se que apesar da epidemiologia social e da psicossomática estar cada vez mais se ocupando do estudo do processo saúde – doença, e visto que as lesões ocupacionais interferem na qualidade de vida dos indivíduos, o que se pode constatar é que o modelo biomédico ainda é muito forte, principalmente dentro da saúde ocupacional que na busca de soluções ergonômicas defronta com os interesses econômicos imediatistas que não contemplam os investimentos indispensáveis à garantia da saúde do trabalhador que teria que estar sob uma visão holística.

Cleland (1987), Hall (1988), Bell (1989) e Lucire (1986) entendem que a prevalência da doença por simulação, cresce principalmente por causa do sistema de compensação. Apontando que o trabalhador explora o governo, apropriando–se indevidamente dos benefícios da lei de indenizações por danos no trabalho.

Embora exista uma diferença básica entre essas argumentações, posto que em Lucire (1986) a neurose é passível de determinações inconscientes e para Bell (1989), na maioria das vezes, o comportamento para obter ganhos secundários é consciente, os dois mostram subsídios de estudos psiquiátricos, sobre dados de personalidade dos pacientes.

Cullum (1989) e Hopkins (1986), criticaram tais afirmações de Bell, considerando-as insensíveis por rotular todos os casos de lesões ocupacionais como histeria, embora concordem com a possibilidade de alguns pacientes apresentarem dores triviais. Além disso acusam Bell de ignorar as condições de trabalho como elemento de nexo causal.

Pode-se sintetizar que os autores como Bell (1989) e Cleland (1987) não acreditavam na doença, pois, para eles a queixa do desconforto pode acometer qualquer pessoa em momentos de sua vida. Analisam os sintomas dos trabalhadores como base comportamental, exibida com a obtenção de ganhos secundários.

Parece nítido que se desconsidera que no processo de trabalho lida-se com histórias de vida, um conjunto de crenças e valores, a própria subjetividade do indivíduo que requer soluções sustentadas sócio culturalmente.

A noção de sujeito, produzia nesse contexto discursivo, remete a um sujeito dado como predisposto ao adoecimento ou ao que ficou designado na história psi como um perfil, uma natureza, uma disposição determinada, no caso em questão, uma natureza mórbida de um sujeito-doente (VERTHEIN; MINAYO – GÓMEZ, 2001).

De um lado, tal idéia pressupõe técnicas coletivas de intervenção para higienizar e moralizar os trabalhadores; e, de outro, instiga reivindicações por melhores condições de trabalho, acesso aos cuidados médicos e indenizações em caso de doença ou acidente de trabalho. Lutas, perdas e vitórias descrevem essa história, em que algumas conquistas são expressivas: jornada de oito horas, férias e adicionais por horas extras de trabalho; leis relacionadas ao acidente de trabalho; leis sobre o trabalho de mulheres e crianças; leis sobre melhorias ergonômicas nos locais de trabalho; medidas de prevenção de acidentes (MERLO; LAPIS, 2007).

Esses ganhos, sempre efetivados pela participação solidária dos trabalhadores, são as expressões coletivas do combate nas relações saúde e trabalho. Essa mesma luta, no entanto, torna-se frágil quando a doença do trabalho é instalada. Além da estratégia do silêncio, muitas vezes arma dos vencidos e dos vencedores, o que se observa é a demissão sumária (OLIVEIRA; VASCONCELOS, 2002)

Assim, plagiando o princípio taylorista “o homem certo no lugar certo”, defrontamo- nos com a construção de “um certo sujeito-produtivo para o lugar certo da saúde”, em que o sujeito-doente, preconcebido e legitimado como inútil ou incapaz, é afrontado pela impossibilidade do nexo da doença com o trabalho.

Estas construções estão relacionadas a um perfil que sedimenta e cristaliza características, disposição e natureza de um corpo-doente. Comumente, essas são incorporadas pelo próprio trabalhador com Lesão Ocupacional como reflexo de um espelho, onde se reconhecem, também, em discursos legitimados na sociedade, como “perfeccionistas e exigentes, de grande eficiência em suas atividades, sentimentos de extrema lealdade, baixa

estima e sentimentos exagerados de culpa” (Moreira e Carvalho, apud NTAT/INSS/1977). Se essa, no entanto, é uma descrição do perfil do sujeito predisposto para as Lesões Ocupacionais

– como diz o autor da pesquisa a respeito de seus pacientes com fibromialgia e como se

apropria do tema o INSS -, podemos inquirir se não seria também o perfil dos sujeitos moldados para ocuparem o lugar certo do sistema de racionalização do trabalho de herança taylorista. Tal procedimento também pode ser observado quando o atual modelo japonês investe em uma subjetividade perfeccionista, inquieta, disciplinada e atenta. Modelo que, conforme Gorender (1997,), ressalta:

O Kaizen – norma de aperfeiçoamento ininterrupto, a qual fustiga o empregado com a inquietação da busca incessante. O objetivo de zero-defeitos, visando à qualidade ótima da produção, disciplina os trabalhadores na medida em que lhes impõe concentração mental estafante na tarefa a realizar. A tudo isso adiciona-se o Andon – dispositivo visual que orienta os trabalhadores de cada seção a respeito do ritmo de trabalho e permite à gerência acelerá-lo quando conveniente.p. 319

Pode-se denominar “sujeito-doente” em Lesões Ocupacionais ao fixar, no (pré)conceito de uma natureza humana, de forma generalizada entre os trabalhadores lesionados, a constituição mórbida de uma tipologia codificada como ansiosa, tensa, obsessiva, histérica, entre outros rótulos. Ou ainda de natureza simuladora, representando pessoas que fingem estar doente para não trabalhar. Dessa forma estratégica-mente, a análise do nexo acerca da doença do trabalho vincula noções psiquiátricas de degenerescência mental, orgânica e social, selando na natureza humana o seu próprio destino (VERTHEIN; MINAYO

– GÒMEZ, 2001)..

Esta polêmica põe em xeque o campo da doença do trabalho, e extrapola a própria discussão diagnóstica. Seu desdobramento cria passividade, ao expandir a ilusão de um trabalho asséptico, sem doenças e sem paixões, sem resistências do corpo, ao descontextualizar no processo da enfermidade o ritmo intenso das atividades, a precariedade do processo de trabalho diante das demandas de saúde do trabalhador e da irracionalidade da produtividade sem limites.

Ressalta-se aqui a dificuldade de acesso a material estatístico a cerca das lesões ocupacionais a análise dos mecanismos de notificação, e dos dados deles resultantes, não é

voltada para a produção de informações capazes de serem trabalhadas epidemiologicamente. Mais uma vez, contraria-se a lei, mantendo-se na estrutura do INSS o poder de deter informações que, embora pudessem alimentar um sistema riquíssimo de vigilância epidemiológica, têm servido apenas aos objetivos financeiros de atender às obrigações pecuniárias decorrentes dos agravos à saúde dos trabalhadores.

A persistência desta lógica parcializada faz com que tanto a política de execução das ações como o próprio indivíduo permaneçam fragmentados. O trabalhador, já comprometido pelo dano à sua saúde imposto pelas condições inadequados dos processos de produção é jogado de um lado a outro numa peregrinação institucional irracional e perversa.

Concluí-se, portanto, que o problema dos acidentes do trabalha assume, no Brasil proporções bem mais graves do que as estatísticas existentes permitem sequer vislumbrar.

Capítulo 4

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