Aquário de Água Salgada O Mito I. Aquário de salgada O MITO

Aquário de salgada “O MITO”

O hobby

Vou tentar desmistificar algumas dúvidas no fabuloso mundo de aquariofilia de água salgada. Estes apontamentos vão abordar os temas de forma muito directa, sem entrar naqueles pormenores teóricos e formulas químicas, que fazem com que muitos interessados desistam do hobby, levando-os a pensar que é algo muito complicado e que isto é só para alguns. Dai atribuir o nome de MITO, para as linhas que vou escrever.

O meu objectivo principal nesta apresentação é poder partilhar algumas dúvidas e decisões que teremos de efectuar durante todo o processo decisório, quanto ao sistema que se pretende criar e a explicação das variáveis que poderão influenciar as escolhas.

Não existe um aquário igual, nem “receitas” milagrosas para se colocar um sistema destes a funcionar e podermos dizer que não vamos ter problemas. Mas se respeitarmos algumas regras básicas que vão ser abordadas nesta apresentação, as probabilidades de sucesso estão garantidas.

Este hobby teve nos últimos anos um grande avanço tecnológico. Com os equipamentos e produtos disponíveis no mercado, é possível manter de forma mais fácil (comparativamente há 10 anos) um aquário de recife.

Como todos os hobbys, este devera ser feito respeitando todos os seres vivos. Assim devemos escolher os melhores equipamentos de forma a podermos proporcionar a melhor qualidade e estabilidade num sistema.

Escumador Bombas de circulação com controlo electrónico

Tive aquários de água doce durante 22 anos o que se revelou muito gratificante. Mas o fascínio pela vida marinha sempre me atraiu. Desde o ano 1999 que faço mergulho (Portugal Continental, Madeira e Caraíbas), e desde esse momento que a literatura de aquariofilia de água salgada tem sido um “vício”.

No início deste ano vi um dos meus sonhos concretizar-se. Finalmente tinha um aquário de recife em casa. Um pequeno “pedaço” mar cheio de vida ali mesmo ao pé de mim.

Eremita de patas brancas

Se juntarmos todos os aquários de recife existentes no nosso planeta, eles já representam um pequeno “oceano”. Neste momento nem todos os corais são recolhidos directamente da natureza. Eles são “propagados” através de “frags” (falarei mais à

maioria da comunidade de aquáriofilos também utiliza os fragmentos de coral para troca ou venda. Desta forma estamos a contribuir para o aumento de corais no planeta sem danificar o ecossistema natural.

Frag de coral Montipora caprocornis.

Coral Montipora caprocornis.

Na figura da esquerda podemos observar o mesmo “frag” de coral “Montipora capricornis vermelha” em Junho, e na figura da direita, o mesmo fragmento no mês de Outubro. É notório o seu crescimento (3 cm) obtido em 4 meses.

Neste momento é um hobby em grande expansão no nosso país. Temos cada vez mais casas da especialidade a aderir e com grande qualidade. São vendidos todos os equipamentos, peixes e corais (há 10 anos não era assim….), e se necessário existe serviço de montagem e manutenção na casa.

Não pretendo com esta divulgação considerar-me um perito na matéria, mas simplesmente posso partilhar os conhecimentos adquiridos de uma forma muito prática, de um dos hobbies mais fascinantes que o ser humano dispõe.

1. Antes de entrar na aventura…..

Realmente quando se fala de aquários de água salgada, o senso comum tem tendência a comentar que é algo só para as elites.

Comentários mais usuais e completamente errados:

• “Para ter um aquário desses primeiro tem que se passar pelos de água doce.” • “Consegui manter com sucesso “discos”, logo estou preparado para avançar para

os de água salgada”. • “Isso dá muito trabalho”.

• “Aquários de água salgada é só para aquáriofilos muito experientes em água doce”

Naso – cirurgião Fromia Monilis-red (Pink Star)

Antes de avançar para este hobby convém ter em mente o seguinte:

• Ler muito, pesquisar muito… Os livros, revistas e a Internet são os nossos melhores consultores.

• Ter a noção que o equipamento base a adquirir para o arranque é um pouco mais dispendioso, que o de um aquário de água doce.

• Não deverá poupar na aquisição de equipamento, ou adquiri-lo sobredimensionado.

• Para quem vem de aquariofilia de água doce, vai ter aprender novos conceitos dos vários subsistemas que fazem parte do aquário de água salgada,

equipamentos e seres.

• A conta da electricidade em casa vai sofrer um pequeno aumento (a maior percentagem da despesa é no sistema de iluminação).

• Devera criar rotinas de verificação semanais, de 15 minutos no máximo para verificação do equipamento e alguns valores (PH, Salinidade, PO4, NH, etc).

Mas a satisfação de ter um recife é de longe elevadíssima.

As maiores retribuições que recebemos do “recife”:

• É o centro das atenções em casa para toda a família e visitas.

• Temos o privilégio de ter um quadro vivo na verdadeira acepção da palavra. • A descoberta de novos habitantes surge a cada dia que passa.

• Sem nos apercebemos, os nossos conhecimentos em biologia marinha vão aumentado de dia para dia. E no nosso caso, com um “laboratório” real no nosso apartamento.

• Os nossos descendentes são ensinados desde tenra idade a respeitar o ambiente e todos os seres que dele fazem parte. O interesse e respeito pela vida de outros seres é fomentado.

• Com o decorrer do tempo, o aquário passa a ser a jóia mas valiosa em casa (aqui cada um dá o valor devido ao que mais preserva…. e gosta…).

• O aquário de recife, ao longo da sua vida, está em constante mutação. Não só devido à aquisição de novos corais, mas essencialmente na sua expansão e crescimento.

2. Que tipos de aquário existem na água salgada?

Apesar de termos uma longa extensão de costa marinha, esta não é no entanto a opção que os nossos aquariofilistas de água salgada fazem. Fazendo uma analogia com a água doce, não são muitos os aquários do nosso país representativos de peixes de um certo habitat (ex. uma ribeira com bogas, carpas ou lagostins, sendo esta uma introdução recente nos nossos rios e ribeiras). As pessoas preferem habitats tropicais, onde a fauna existente é representada com vida e cores exuberantes.

Existem aquários bonitos da nossa costa, mas são muito raros. Uma das opções que se acaba por adoptar é a montagem de aquário mediterrânico. Muitos dos nossos peixes e corais são de origem mediterrânica. Aqui a opção vai de igual modo para os seres de outras latitudes e de cores indescritíveis, apesar de literalmente podermos captar todos os seres da nossa costa de forma gratuita, mas consciente para casa. Os equipamentos e montagem dos sistemas são muito diferentes em relação ao aquário de recife.

Chelmon rostratus Zebrasoma Flavescens

2.2 Aquário de peixes de água tropical

Os aquários de peixes tropicais de água salgada, não necessitam de tanta rocha viva (RV) nem corais e invertebrados em relação aos de recife. Trata-se de facto de um aquário de peixes com pouca rocha e poucos corais. A razão é o facto da grande maioria dos peixes de água salgada se alimentar de pólipos de coral e invertebrados.

2.3 Aquário de recife.

O aquário de recife é o rei dos aquários. É onde se pode observar num espaço tão limitado algumas centenas de seres vivos, nos seus micro sistemas, com tantas cores e movimento. Sim movimento! A beleza de alguns corais está no seu movimento, não só devido à corrente de água, mas devido principalmente ao seu próprio pulsar. Um exemplo muito comum é o constante pulsar das Xenias para se alimentarem.

Xenia branca _{Euphilia ancora}

Uma nota importante: Os aquários de água salgada têm que ser totalmente abertos. A troca de gazes entre a superfície da água e o ar tem de ser máxima. Devido à temperatura e composição da água, um aquário de água salgada não tem muito oxigénio dissolvido. As trocas gasosas dão-se com a forte movimentação da água junto à superfície. A “perca” de água por evaporação é constante (abordarei este assunto mais a frente).

Texto e fotografias de Luis Marçal. Continua em Dezembro