Fósforo e adubação
fosfatada
Prof. Dr. Gustavo Brunetto DS-UFSM
Aula 3: Fósforo e adubação fosfatada
9 Fósforo na planta 9 Fósforo no solo
9 Avaliação da disponibilidade de fósforo 9 Recomendação da adubação fosfatada 9 Filosofia da adubação
FÓSFORO NOS CULTIVOS
9 Macronutriente pouco exigido pelas plantas 9 Existe em grande quantidade total no solo
9 Fornecido em grande quantidade na fórmula de adubos
?
9 Algumas formas de P na planta
ATP
DNA
FOSFOLIPÍDIOS
9 P mineral
- HPO4-- ou H
2PO4- na solução do solo
- adsorvido nos colóides ou componente estrutural 9 P orgânico
- componente da matéria orgânica e resíduos vegetais
Fase sólida orgânica Resíduos orgânicos N, S, B e P Fase sólida mineral ...Ca ...Mg ....K ...PO4 H2PO4 -Fase líquida (solução)
Gráfico 1. Concentração do íon fosfato relacionado ao pH da solução
pH
Concentração do íon fosfato H
3PO4
H2PO4
-HPO4
Carga variável (não possui carga permanente) superfície de óxidos OH2 Fe OH Fe OH2 óxido OH Fe OH Fe OH óxido O Fe OH Fe O óxido + H+ - H+ + OH O P = O OH Adsorção específica
Ligação química entre o átomo de ferro do óxido e o átomo de oxigênio do fosfato.
PROTONAÇÃO
9 Quanto menor o pH → maior é a facilidade para ocorrer a reação e mais forte é a ligação.
CONSEQUÊNCIAS
9 Teor total de P: pode ser alto no solo (depende do
material de origem e histórico de adubações)
9 Teor na solução do solo: baixo (forte interação com os
colóides = baixa solubilidade dos compostos).
9 Uma parte do P ligado aos colóides está em equilíbrio
com a solução do solo: P lábil
9 Restante do P adsorvido fortemente aos colóides (alta
energia de ligação) ou fazendo parte da estrutura dos minerais (lentamente liberado): P não lábil
9 P orgânico: depende da ciclagem da MOS e resíduos e
P solução do solo Po rápido Po Lento PROTOZOÁRIO S FUNGOS BACTÉRIAS Pi rápido Pi Lento Pi alta energia
9 FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE DE P
- quantidade das formas de P (fonte e dreno de fosfatos) - teor e tipo de argila (presença de óxidos de Fe e Al)
- pH
- teor de matéria orgânica e dinâmica dos resíduos no solo - Manejo da adubação fosfatada
9 MECANISMOS DE SUPRIMENTO - interceptação radicular
- fluxo de massa = [nutriente] x taxa transpiração
- difusão = coef. dif. área raízes x água x (conc. sol. – conc. raiz) distância
Tabela 1. Valores médios da contribuição relativa dos mecanismos de
suprimento para plantas de milho durante 13 dias em 12 solos do RS.
0 89,1 10,9 Mg 0 65,0 35,0 Ca 89,0 10,1 0,9 K 93,9 2,6 3,5 P ...%... Difusão Fluxo de massa Interceptação radic. Nutriente
Concentração do nutriente Distância da raiz a) P e K Distância da raiz b) Ca e Mg
Gráfico 2. Gradiente de concentração de nutrientes na proximidade das
9 ESTIMATIVA DA DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO
Como se pode avaliar a disponibilidade de P?
9 Sintomas visuais de deficiências 9 Análise de solo e planta
- Análise de solo: Estimar o que o solo tem
capacidade de fornecer
- Análise de planta: Avaliar o que a planta
Tabela 2. Extratores de “P-disponível” destrutíveis mais freqüentemente usados Troug (1930) 1:100 H2SO4 0,001 mol L-1 + (NH 4)2SO4 (pH3,0) Troug Olsen et al (1954) 1:20 NaHCO3 0,5 mol L-1 (pH 8,5) Olsen Morgan (1941) 1:10
HOAc 0,54 mol L-1 + NaOAc 0,7 mol L-1 (pH 4,8)
Morgan
Mehlich (1984) 1:10
NH4F 0,015 mol L-1 + HOAc 0,2 mol L-1 + NH
4NO3
0,25 mol L-1 + HNO
3 mol L-1 + EDTA 0,001 mol L-1
Mehlich-3
Mehlich (1978) 1:10
NH4F 0,015 mol L-1 + HOAc 0,2 mol L-1 + NH 4Cl 0,2 mol L-1 + HCl 0,025 mol L-1 Mehlich-2 Mehlich (1953) 1:4 HCl 0,025 mol L-1 + H 2SO4 0,02 mol L-1 Mehlich-1 Catani e Gargantini (1954) 1:10 H2SO4 0,025 mol L-1 IAC Egner et al (1954) 1:20
Lactato de Ca 0,01 mol L-1 + HCl 0,2 mol L-1
Egner Schofield (1955) CaCl2 0,01 mol L-1 CaCl2 Bray e Kurtz (1945) 1:17 HCl 0,1 mol L-1 + NH 4F 0,03 mol L-1 Bray-2 Bray e Kurtz (1945) 1:10 HCl 0,025 mol L-1 + NH 4F 0,03 mol L-1 Bray-1 Deyer (1894) 1:10 Ácido cítrico a 1% Ac. Cítrico Autor Rel. Composição Nome
Tabela 3. Extratores de “P-disponível” não destrutíveis
Métodos de troca isotópica com P32 (E) P-solo e P32 (A) P-solo e P32 avaliado por planta
e (A) quantidade de P absorvido de uma fonte padrão marcada com P32
Raij et al (1986) cm3/cm3 ou
cm2/g
Resina de adsorção aniônica + Resina de saturação catiônica (MIXTA)
Resina
Amer et al (1955)
cm3/cm3 ou
cm2/cm3
Resina de adsorção aniônica – base forte saturada com –HCO
3 (grânulos ou lâminas) Resina Van der Zee et al (1987) cm2/cm3 40,2/2,5 Papel de filtro impregnado com Fe(OH)3
Papel -aniônico Autor Unidades Composição Nome
9 ESTIMATIVA DA DISPONIBILIDADE DE P ÀS PLANTAS
- Inúmeros métodos testados
9 Método oficial de extração no RS/SC
- Mehlich 1 Æ H2SO4 0,0125 mol L-1 e HCl 0,05 mol L-1
Como se pode saber se o método usado para extração de P é adequado?
9 Calibração
Gráfico 2. Relação entre rendimento relativo e teor de P no solo, RS/SC, 2004. 30 50 75 90 100 Teor crítico Muito
Baixo Baixo Médio Alto
Muito Alto
Rendimento Relativo (%)
Aula 3: Parte 2- Adubação Fosfatada
Gráfico 1. Relação entre rendimento relativo e teor de P no solo, RS/SC, 2004. 0 30 50 75 90 100 CLASSE % ARGILA mg P dm-3 1 > 60 2 4 6 12 2 41- 60 3 6 9 18 3 21- 40 4 8 12 24 4 0- 20 7 14 21 42 Teor crítico
Muito Baixo Baixo Médio Alto Muito Alto
Alagados 3 6 12
Rendimento Relativo (%)
Como está a disponibilidade de P?
Argila 34
P Mehlich 1 9,3
9 TIPOS DE ADUBAÇÃO
Adubação manutenção
Dose do nutriente para manter os níveis de fertilidade do solo nos anos subseqüentes (exigência da cultura +
perdas).
Adubação corretiva
Dose do nutriente para elevar o nível do solo até a condição ótima ( a classe de disponibilidade do solo Æ acima do teor crítico).
Adubação reposição
Dose do nutriente para repor as exportações da cultura com a colheita.
Gráfico 2. Relação entre o rendimento relativo das culturas em função do teor
de um nutriente no solo e as indicações de adubação para cada faixa de teor no solo. (extraído de CQFS-RS/SC (2004) a partir de Gianello e Wiethölter, 2004)
CORREÇÃO (C)
pg. 77 - Manual...
Tabela 7.1. Quantidades de fósforo e potássio a serem adicionadas ao
solo para a adubação de correção total(1)
30 30 Médio 60 60 Baixo 120 120 Muito baixo kg de K2O ha-1 kg de P2O5 ha-1 Potássio Fósforo Interpretação do teor de P ou de K no solo
(1)Quando a opção for a adubação corretiva total, devem ser adicionados também as
quantidades de manutenção indicadas na Tabela 7.2 (colunas 3 e 4) para os rendimentos de referência da cultura. Para rendimento maior do que o indicado na tabela, adicionar por tonelada adicional de grãos a serem produzidos, as quantidades indicadas nas colunas 5 e 6 para o fósforo e potássio, respectivamente.
No estabelecimento das doses da tabela acima, considerou-se a capacidade tampão dos solos em P e K (kg de P2O5 ou K2O necessários para aumentar, na análise, 1 mg de P ou K dm-3 de solo) e a quantidade necessária para elevar a concentração desses elementos no
MANUTENÇÃO (M) pg. 78 - Manual...
Tabela 7.2. Valores de adubação de manutenção de P e de K das culturas de grãos para os
rendimentos especificados e quantidades a serem adicionadas por tonelada de grãos produzidos acima do rendimento de referência. 10 15 20 30 2 Triticale 10 15 20 30 2 Trigo 25 15 45 25 2 Tremoço 10 15 25 35 3 Sorgo 2 30 45 15 25 Soja 10 15 15 20 1,5 Painço 20 15 40 30 2 Nabo forrageiro 10 15 25 35 3 Milho pipoca 4 45 30 15 10 Milho 15 15 40 30 1,5 Linho 15 15 30 30 2 Girassol 20 15 30 25 1,5 Feijão 1 20 30 20 25 Ervilhaca 20 15 40 30 1,5 Ervilha seca e Ervilha forrageira 10 15 20 30 2 Cevada 2 30 20 15 10 Centeio 15 20 25 30 1,5 Canola 10 15 20 30 2 Aveia preta 10 15 20 30 2 Aveia branca 2 20 20 10 10 Arroz sequeiro 10 10 20 20 4 Arroz irrigado 20 15 40 30 2 Amendoim kg de K2O ha-1 kg de P2O5 ha-1 kg de K2O ha-1 kg de P2O5 ha-1 t ha-1
Quantidade a acrescentar por tonelada adicional de grãos a serem produzidos Valores de manutenção (M)
para o rendimento referência(1)
Rendimento referência Cultura
REPOSIÇÃO (R)
Tabela 10.1. Teores médios de N, P (P2O5) e K (K2O) nos grãos de algumas culturas
6 8 22 Triticale 6 10 22 Trigo 15 12 30 Tremoço 4 8 15 Sorgo 20 14 60 Soja 4 8 21 Painço 18 11 20 Nabo forrageiro 6 8 17 Milho pipoca 6 8 16 Milho 9 14 30 Linho 6 14 25 Girassol 15 10 50 Feijão 19 15 35 Ervilhaca 12 9 36
Ervilha seca e ervilha forrageira
6 10 20 Cevada 5 9 20 Centeio 12 15 20 Canola 5 7 20 Aveia preta 5 7 20 Aveia branca 3 5 14 Arroz 14 11 50 Amendoim --- kg t-1 ---K2O P2O5 N Culturas pg. 119 - Manual...
9 ADUBOS FOSFATADOS
9 Classificação dos adubos fosfatados:
1) Insolúveis em água
- Fosfatos Naturais
- Termofosfatos e escórias - Farinha de ossos, etc.
2) Parcialmente solúveis em água (parcialmente acidulados)
3) Solúveis em água (acidulados)
- Superfosfatos simples, triplo, duplo e amoniado - Fosfatos de amônio: Mono-amônio (MAP) e
9 Fosfato Natural
Rocha fosfatada moída e concentrada
- Fluorapatitas Ca10(PO4)6F2
- Hidroxiapatitas Ca10(PO4)6OH2
- Carbonatoapatitas Ca10(PO4)6CO3 . Origem ígnea (duros)
- brasileiros (Araxá, Patos de Minas, Catalão)
- alta cristalinidade e baixa substituição isomórfica baixa solubilidade em água ou ácido
baixa eficiência como fonte de P às plantas Para usar esses fosfatos deve-se romper a estrutura com ácidos (solúveis) ou temperatura (termofosfatos)
. Origem sedimentar (moles)
- Arad (Israel), Gafsa (Tunísia), Marrocos
Rede cristalina frágil e alta substituição isomórfica baixa solubilidade em água mas média solubilidade em ácido
Eficiência para as plantas?
- Depende da dissolução do fosfato e a liberação de P Ca10(PO4)6X2 + H+ → Ca2+ + HPO
4
2-Para que a reação seja favorecida:
- solo deve estar ácido (mas Al não pode ser limitante)
9 Termofosfato
Ca10(PO4)6F2 + Fund. (Silic. Mg) + Energ. → Termofosfato (1000º - 1450 ºC)
Insolúveis em água...
Solúveis em água...
9 Superfosfato Simples (SFS)
Ca10(PO4)6F2 + H2SO4 → Ca(H2PO4)2 + CaSO4 + 2HF 9 Ácido fosfórico
9 Superfosfato triplo (SFT)
Ca10(PO4)6F2 + H3PO4 → Ca(H2PO4)2 + 2HF
9 Fosfato de amônia
Solúveis em água...
Mono-amônio fosfato/MAP NH3 + H3PO4 → NH4H2PO4 Di-amônio fosfato/DAP 2NH3 + H3PO4 → (NH4)2HPO4
9 Cálculo do teor de P para uso do fertilizante
Baseado na unidade de P2O5 solúvel
Para SFS, SFT, MAP, DAP e Fosf. parcialmente acidulados:
usar teor de P por citrato neutro de amônio CNA + água
Para fosfatos naturais, termof., farinha de ossos, escórias:
usar teor de P por ácido cítrico a 2% (relação 1:100) fosfatos naturais reativos aplicados em pó (até 2x)
Para misturas contendo P:
depende da fonte de P usada
Aplicar em linha em solos argilosos e a lanço em solos arenosos
Funciona melhor com a aplicação a lanço a
incorporado
Aplicar na forma granulada Aplicar na forma de pó ou
farelado
Para qualquer cultura Mais indicado em culturas
de longo ciclo (perene e semi-perene)
Para solos com qualquer teor de cálcio e fósforo
Funciona melhor em solos pobres em cálcio e fósforo
Aplicar depois da calagem Não pode haver
recomendação de calagem
Para solos corrigidos e com qualquer textura
Funciona melhor em solos mais ácidos e argilosos
Fosfato solúvel Fosfato natural
Aula 3
9
Preparo deste material
Professores:
- Gustavo Brunetto
- Leandro Souza da Silva - Carlos Alberto Ceretta
- Danilo Rheinheimer dos Santos
Aluna de Pós-Graduação:
- Elisandra Pocojeski