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Sistemas dinâmicos de eventos discretos com aplicação ao fluxo geodésico em superfícies hiperbólicas

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Academic year: 2021

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Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao

Departamento de Telem´atica

Sistemas Dinˆamicos de Eventos Discretos com Aplicac¸˜ao

ao Fluxo Geod´esico em Superf´ıcies Hiperb´olicas

Autor: Daniel Pedro Bezerra Chaves

Orientador: Prof. Dr Reginaldo Palazzo J´unior

Tese de Doutorado apresentada `a Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao como parte dos requisitos para obtenc¸˜ao do t´ıtulo de Doutor em Engenharia El´etrica. Area de concentrac¸˜ao:´ Telecomunicac¸˜oes e Telem´atica.

Banca Examinadora

Prof. Dr Reginaldo Palazzo J´unior

UNICAMP

Prof. Dr. Jos´e Roberto Rios Leite

UFPE

Prof. Dr. Cecilio Jos´e Lins Pimentel UFPE

Prof. Dr. Henrique Lazari

UNESP

Prof. Dr. Carlos Eduardo Cˆamara

FATEC-AM

Campinas, SP

2011

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Chaves, Daniel Pedro Bezerra

C398S Sistemas dinˆamicos de eventos discretos com

aplicac¸˜ao ao fluxo geod´esico em superf´ıcies hiperb´olicas /Daniel Pedro Bezerra Chaves. – Campinas, SP:[s.n.], 2011.

Orientadore: Reginaldo Palazzo J´unior.

Tese de Doutorado - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao.

1. Sistemas dinˆamicos. 2. Grupos fuchsianos. 3. Geometria hiperb´olica. 4. Teoria da informac¸˜ao. 5. Teoria dos autˆomatos. I. Palazzo J´unior, Reginaldo. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia El´etrica e de Computac¸˜ao. III. T´ıtulo

T´ıtulo em Inglˆes: Discrete event dynamical systems with application to the geodesic flow on hyperbolic surfaces

Palavras-chave em Inglˆes: Dynamical systems, Fuchsian groups, Hyperbolic geometry, Information theory, Automata theory ´

Area de concentrac¸˜ao: Telecomunicac¸˜oes e Telem´atica

Titulac¸˜ao: Doutor em Engenharia El´etrica

Banca Examinadora: Jos´e Roberto Rios Leite, Cecilio Jos´e Lins Pimentel, Henrique Lazari, Carlos Eduardo Cˆamara

Data da defesa: 05/12/2011

Programa de P´os Graduac¸˜ao: Engenharia El´etrica

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Resumo

Neste trabalho apresentamos um m´etodo de descric¸˜ao combinatorial para o fluxo geod´esico sobre uma regi˜ao hiperb´olica compacta, tendo como objetivo associar a sequˆencias de codificac¸˜ao, parˆametros topol´ogicos oriundos destas superf´ıcies. Isto permite conjugar conceitos topol´ogicos e combinatoriais oriundos das superf´ıcies estudadas com conceitos de teoria da informac¸˜ao e codificac¸˜ao.

Demonstramos como a propriedade de completude de um sistema dinˆamico de eventos discretos invariantes no tempo se reflete na topologia do espac¸o de trajet´orias do sistema, quando especificadas por sequˆencias bi-infinitas e descritas sobre um alfabeto finito. A mesma estrutura obtida pelo pro-cesso de codificac¸˜ao do fluxo geod´esico, e a qual passamos a chamar de sistema simb´olico fechado (ssf).

Identificamos como um ssf pode ser caracterizado globalmente, atrav´es do seu conjunto de res-tric¸˜oes irredut´ıveis, ou localmente, por conjuntos de resres-tric¸˜oes dependentes do contexto. Ambas derivadas de relac¸˜oes de ordem parcial. Disto determinamos m´etodos de representac¸˜ao do ssf.

Atrav´es da relac¸˜ao entre os m´etodos de codificac¸˜ao aritm´etico e geom´etrico, propomos processos de codificac¸˜ao sobre superf´ıcies hiperb´olicas, determinando como as representac¸˜oes m´ınimas das sequˆencias c´odigo do fluxo geod´esico podem ser constru´ıdas a partir das propriedades topol´ogicas e combinatoriais da superf´ıcie.

Palavras-chave: Sistemas Dinˆamicos, Dinˆamica Simb´olica, Linguagem Formal, Conjunto de

Restric¸˜oes, Grafos Direcionados, Fluxo Geod´esico.

Abstract

In this work we present methods for a combinatorial description of the geodesic flow on a hyper-bolic compact surface, with the intent of identifying how the topological parameters of the surface may be associated with discrete sequences. This approach allows to conjugate the topological and combinatorial properties of a surface with concepts of information theory and coding.

We determine the intrinsic topological property of complete and time-invariant discrete dynami-cal systems whose trajectories are bi-infinite sequences over a finite alphabet. The same structure generated by the geodesic flow coding methods, that we call shift space.

We show how a shift space can be completely characterized by the irreducible forbidden set and locally by the constraint sets, and how both can be obtained through partial order relations. As consequence of these results, some constructions to represent the shift spaces are proposed.

Methods for coding source sequences on hyperbolic surfaces are proposed, based onΓ-piecewise and common-sets relations that exist between these methods. We conclude by specifying a construc-tion procedure for presentaconstruc-tions of arithmetic codes that is related with the topological and combina-torial properties of the hyperbolic surface.

Keywords: Dynamical Systems, Symbolic Dynamics, Formal Language, Constraints Set,

Direc-ted Graph, Geodesic Flow.

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Agradecimentos

Ao meu orientador Professor Doutor Reginaldo Palazzo J´unior pela oportunidade e incentivo para o desenvolvimento deste trabalho.

A Fundac¸˜ao de Amparo `a Pesquisa do Estado de S˜ao Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro (Bolsa DR-II, processo 06/60976-8) concedido durante o per´ıodo de marc¸o de 2007 a fevereiro de 2011, sem o qual n˜ao seria poss´ıvel a realizac¸˜ao do Programa de Doutoramento em Engenharia El´etrica.

A receptividade e acolhimento da FEEC / UNICAMP.

Aos Professores Cecilio Jos´e Lins Pimentel e Jos´e Roberto Rios Leite pela parceria e coment´arios relevantes durante a realizac¸˜ao do trabalho.

Aos membros da banca pelos coment´arios e sugest˜oes para o enriquecimento deste trabalho. Aos colegas de p´os-graduac¸˜ao pelo apoio.

Pela ajuda e est´ımulo constante dos meus pais.

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Aos meus pais e irm˜as

DEDICO

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Sum´ario

Lista de Figuras xv

Lista de Tabelas xvii

Lista de S´ımbolos xix

Trabalhos Publicados Pelo Autor xxi

1 Introduc¸ ˜ao 1

2 Sistemas Dinˆamicos, C´odigos e Dinˆamica Simb´olica 5

2.1 Estrutura B´asica . . . 10

2.1.1 Linearidade . . . 10

2.1.2 Invariante no tempo . . . 10

2.1.3 Simetria . . . 10

2.2 O Conceito de Mem´oria . . . 11

2.2.1 Concatenac¸˜ao e mapa n˜ao-antecipativo . . . 11

2.2.2 Completude . . . 12

2.2.3 Extens˜ao da mem´oria . . . 13

2.2.4 Dividindo vari´aveis . . . 15

2.2.5 Sistema de vari´aveis de estado . . . 15

2.2.6 Sistemas autˆonomos, control´aveis e essenciais . . . 16

2.3 Leis de Evoluc¸˜ao . . . 17

2.3.1 A lei de evoluc¸˜ao induzida por uma representac¸˜ao via espac¸o de estados . . . 19

2.3.2 Lei de evoluc¸˜ao de um sistema determin´ıstico . . . 20

2.3.3 Fluxos . . . 21

2.3.4 Exemplos de casos cont´ınuos e discretos . . . 24

2.4 A Topologia de Sistemas Dinˆamicos Discretos Invariantes no Tempo e Completos . . 29

2.4.1 Homeomorfismo e codificac¸˜ao . . . 33

2.5 A Dinˆamica Simb´olica dos Sistemas Dinˆamicos . . . 34

3 Dinˆamica Simb´olica e Autˆomatos 37 3.1 Monoide e Semigrupo . . . 38

3.2 Relac¸˜oes e Congruˆencias . . . 41

3.3 C´alculo de Divis˜ao . . . 44

(12)

3.4 Linguagens Regulares . . . 47

3.5 Autˆomato M´ınimo . . . 50

3.6 Morfismo Sint´atico e Monoide Sint´atico . . . 55

3.7 Conceitos sobre Relac¸˜ao de Ordem Parcial . . . 58

3.8 Alguns Conceitos Sobre Linguagem Formal . . . 59

3.9 Conjuntos Proibidos e Conjuntos de Restric¸˜ao . . . 60

3.10 C´alculo dos Conjuntos Proibidos e Conjuntos de Restric¸˜oes . . . 67

3.11 Obtenc¸˜ao da Estrutura Alg´ebrica atrav´es dos Conjuntos de Proibic¸˜oes e Restric¸˜oes . 71 3.12 O Autˆomato Minimal de uma Linguagem FPR . . . 83

4 Geometria Hiperb´olica 87 4.1 Conceitos Preliminares . . . 87

4.2 O Plano Hiperb´olico . . . 89

4.3 Grupo de Isometrias do Plano Hiperb´olico . . . 92

4.4 Grupo Fuchsiano . . . 95

4.5 Superf´ıcies Hiperb´olicas e Regi˜oes Fundamentais . . . 97

5 C´odigos Geod´esicos 105 5.1 Conceitos Preliminares . . . 106

5.2 C´odigos de Koebe-Morse e Artin: Estudo de caso . . . 110

5.2.1 O m´etodo de codificac¸˜ao de Koebe-Morse . . . 111

5.2.2 O m´etodo de expans˜ao do bordo . . . 112

5.2.3 Representac¸˜ao do fluxo geod´esico . . . 113

5.2.4 Aplicando os conceitos . . . 115

5.3 Codificac¸˜ao do Fluxo Geod´esico . . . 116

5.3.1 Determinando uma regi˜ao fundamental apropriada . . . 116

5.3.2 C´odigo de Koebe-Morse . . . 117

5.3.3 C´odigo de Artin . . . 119

5.4 Representac¸˜ao Geom´etrica e Aritm´etica do Fluxo Geod´esico . . . 122

5.4.1 Estendendo o conjunto de sequˆencias c´odigo . . . 124

5.5 Estrutura e Entropia do SFT Inerente ao C´odigo Aritm´etico . . . 126

5.5.1 Definindo a estrutura da regi˜ao fundamental . . . 127

5.5.2 Maior ssf-completo . . . 128

5.5.3 Entropia Topol´ogica . . . 130

6 Representac¸ ˜ao de C´odigos Geod´esicos 133 6.1 Ciclos de V´ertices . . . 134

6.2 Representac¸˜ao Simb´olica de Pontos sobre∂D2 . . . 136

6.3 C´odigos de Artin para o Caso da Tesselac¸˜ao{12, 4} . . . 145

7 Conclus˜oes 153 7.1 Encaminhamentos e Trabalhos Futuros . . . 154

(13)

SUM ´ARIO xiii

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(15)

Lista de Figuras

2.1 Modelo apresentado por Willems. . . 6

2.2 Modelo Cl´assico. . . 6

2.3 Modelo do comportamento t´ermico do circuito el´etrico. . . 7

2.4 Relac¸˜ao entre as posic¸˜oesw~1ew~2. . . 7

2.5 Representac¸˜ao de um sistema control´avel. . . 16

2.6 Somador completo serial representado via espac¸o de estados. . . 27

2.7 Autˆomato do sistema de eventos discretos associado ao somador completo serial. . . 28

3.1 Diagramas de comutac¸˜ao das express˜oesRCRB = RBC,LXRC = RCLX, eLXB = LXLB. . . 46

3.2 AC-trie. . . . 76

3.3 AD-trie. . . . 76

3.4 AutˆomatoΣ(O) obtido atrav´es do algoritmo L-AUTOMATON. . . 78

3.5 O autˆomatoM(O). . . . 85

4.1 Exemplo de geod´esicas em H2. . . 90

4.2 Exemplo de geod´esicas em D2. . . 91

4.3 Angulo hiperb´olico. . . .ˆ 92 4.4 Triˆangulos hiperb´olicos. . . 92

4.5 Tesselac¸˜ao{8, 4}, mostrando a identificac¸˜ao de arestas realizada pelos geradores. . . 103

4.6 Tesselac¸˜ao{8, 4}, mostrando ac¸˜ao transitiva de Γ, onde ¯g = g−1. . . 104

5.1 Fluxo geod´esico sobre D2. . . 107

5.2 Regi˜ao fundamental. . . 108

5.3 Curvas fechadas emM. . . 108

5.4 Codificac¸˜ao do fluxo geod´esico. . . 109

5.5 Esfera com trˆes buracos. . . 110

5.6 Cobertura deM em D2. . . 111

5.7 Imagem das arestas deF , com v´ertices pares, sobre a superf´ıcie associada. . . 118

5.8 Geod´esica atrav´es de um v´ertice. . . 118

5.9 Geod´esica emT . . . 118

5.10 Poss´ıveis deformac¸˜oes de uma geod´esica orientada quando intercepta um v´ertice. . . 122

5.11 Poss´ıveis discrepˆancias entre os conjuntosA e R. . . 123

5.12 Modelo de sistema para sequˆencias c´odigo restritas aA ∩ R. . . 124

5.13 Modelo de sistema para sequˆencias emR. . . 126

(16)

5.14 Regi˜ao fundamental. . . 128

6.1 Relac¸˜ao entre ciclo de v´ertices e sequˆencia de geradores. . . 135

6.2 L-ciclo consecutivos. . . 138

6.3 R-ciclo consecutivos. . . 138

6.4 Configurac¸˜ao ao considerar-se umR-ciclo como fator de uma L-cadeia. . . 139

6.5 Configurac¸˜ao ao considerar-se uma sequˆenciagg−1 como fator de umaL-cadeia. . . 139

6.6 Regi˜ao fundamental e identificac¸˜ao de arestas da tesselac¸˜ao{12, 4}. . . 146

6.7 Autˆomata inicial parcial do c´odigo para tesselac¸˜ao{12, 4}. . . 149

(17)

Lista de Tabelas

2.1 RELACIONANDO CONCEITOS DEMEMORIA.´ . . . 14

2.2 FORMAS APRESENTADAS PARA REPRESENTAC¸ ˜AO DE SISTEMAS DINAMICOS.ˆ . . . 29

3.1 CLASSES DE EQUIVALENCIAˆ A` DIREITA. . . 74

3.2 CLASSES DE EQUIVALENCIAˆ A` ESQUERDA. . . 74

3.3 REPRESENTANTES DAS CLASSES NAO NULAS E PARES ORDENADOS˜ (ij)ASSOCIADOS. . 82

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Lista de S´ımbolos

Σ - Sistema dinˆamico

B - Comportamento de um sistema dinˆamico

Σa - Sistema dinˆamico com vari´aveis latentes

ΣS - Sistema dinˆamico na forma de espac¸o de estados Σ∂ - Sistema dinˆamico descrito por lei de evoluc¸˜ao Bcompl - Complementac¸˜ao deB

(X, σ) - Sistema simb´olico fechado (ssf)

X - Conjunto de sequˆencias bi-infinitas de um ssf

σ - Func¸˜ao deslocamento

(w)i - Conte´udo da posic¸˜aoi de w

d(x, y) - Distˆancia entre os pontosx, y em um espac¸o m´etrico M CAZ

k (u) - Conjunto cilindro

B(X) - Linguagem deX

(S,·) - Semigrupo com operac¸˜ao “·”

1 - Elemento identidade de um monoide

A∗ - Monoide livre com baseA

ϕ - Morfismo

r - Relac¸˜ao de equivalˆencia ∼r - Relac¸˜ao de equivalenciar

X/r - Conjunto quociente deX por r

Σa - Autˆomato acess´ıvel

L - Linguagem ou comportamento de um autˆomato

ϕL - Morfismo sint´atico de L

(X,) - Conjunto parcialmente ordenado V Y - Maior limite inferior deY , se existir W Y - Menor limite superior deY , se existir FPR - Fatorial prolong´avel e regular

FTR - Fatorial transitiva e regular S(·) - Conjunto de sufixos P(·) - Conjunto de prefixos

O - Conjunto proibido irredut´ıvel Ow - Conjunto minimal dew-proibic¸˜oes

R(w, L) - Contexto `a direita dew com relac¸˜ao a linguagem L L(w, L) - Contexto `a esquerda dew com relac¸˜ao a linguagem L

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Cw - Conjunto de restric¸˜oes `a direita dew Dw - Conjunto de restric¸˜oes `a esquerda dew Ci - i-´esimaC-classe de equivalˆencia

Di - i-´esimaD-classe de equivalˆencia

T - trie (tree like automaton)

(G,·) - Grupo com operac¸˜ao “·”

G1× G2 - Produto direto dos gruposG1 comG2 G1×

σ G2 - Produto semi-direto deG1porG2 com homomorfismoσ X/G - Conjunto de ´orbitas deX sobre ac¸˜ao de G

H2 - Modelo do semi-plano superior do plano hiperb´olico D2 - Modelo do disco de Poincar´e do plano hiperb´olico

∂H2 - Fronteira de H2

∂D2 - Fronteira de D2

µ(A) - Area hiperb´olica de uma regi˜ao´ A contida em H2 ou D2 SL(2, R) - Grupo especial linear

PSL(2, R) - Grupo especial linear projetivo Isom(H2) - Grupo de isometrias de H2

Tr(T ) - Trac¸o de uma transformac¸˜ao de M¨obiosT

Γ - Grupo fuchsianoΓ

Λ(Γ) - Conjunto limite deΓ

Dp(Γ) - Regi˜ao de Dirichlet paraΓ com centro em p Γ0 - Conjunto sim´etrico de geradores deΓ

SM - Fibrado tangente unit´ario de uma superf´ıcieM

T - Tesselac¸˜ao L D - Conjunto deL D-ciclos L H - Conjunto deL H-ciclos R H - Conjunto deR H-ciclos L S - Conjunto deL S-ciclos L H C - Conjunto deL H-cadeias

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Trabalhos Publicados Pelo Autor

1. D. P. B. Chaves, R. Palazzo Jr., J. R. R. Leite. “Properties of an Arithmetic Code for Geodesic Flows”.

Journal of Physics: Conference Series, vol. 285, pp. 1-10, 2011.

2. D. P. B. Chaves, R. Palazzo J´unior. “Presentations of Constrained Control Sequences for Symbolic Models of Systems”. Anais of The 2nd International Multi-Conference on Complexity, Informatics and Cybernetics (IMCIC 2011), Orlando, EUA, pp. 72-77, Marc¸o 2011.

3. D. P. B. Chaves, R. Palazzo J´unior. “Properties of an arithmetic code for geodesic flows”. Proceedings of

the Dynamics Days South America, S˜ao Jos´e dos Campos: INPE, Brasil, Julho 2010.

4. D. P. B. Chaves, R. Palazzo J´unior. “About the syntatic monoid ofFP-languages”. Proceedings of The XXI

School of Algebra, Bras´ılia: UNB, Brasil, Julho 2010.

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Cap´ıtulo 1

Introduc¸˜ao

Ao restringirmos as propriedades de uma estrutura matem´atica, ou equivalentemente, tornarmos seu comportamento mais r´ıgido e suas propriedades mais inflex´ıveis, muitas vezes abrimos caminho para resultados que descrevem-na com uma riqueza de detalhes estonteante, conduzindo o obser-vador `a perplexidade e contemplac¸˜ao que muitas vezes o inibem de perceber de forma imparcial as implicac¸˜oes inexor´aveis, a saber, a rigidez do modelo e a limitac¸˜ao de sua abrangˆencia.

Este fato foi reconhecido por Willems, sendo o elemento motivador para a proposic¸˜ao de uma abordagem mais geral para sistemas dinˆamicos [1], que tem como premissa reconhece-los como es-truturas que apresentam comportamento e propriedades espec´ıficos, o que torna merit´orio os esforc¸os visando seu entendimento e aplicac¸˜ao, mas que n˜ao faz uso de pr´e-suposic¸˜oes que visam estabelecer condic¸˜oes de necessidade para aplicac¸˜ao de ferramentas anal´ıticas poderosas.

Empregando a abordagem de Willems, Forney e Trott interpretaram um c´odigo sobre grupo C como um sistema dinˆamico [2] (o c´odigo C pode ser um c´odigo de bloco, c´odigo convolucional, reticulado, c´odigo de trelic¸a, c´odigo geometricamente uniforme, sistema linear discreto no tempo, entre outros), que quando completo, permite a caracterizac¸˜ao consistente do c´odigo a partir de um diagrama de trelic¸a ou codificador minimal. Como decorrˆencia dessa abordagem, os autores determi-naram m´etodos sistem´aticos para construc¸˜ao de codificadores, al´em de especificarem parˆametros bem definidos para avaliac¸˜ao do desempenho e complexidade do c´odigo e do codificador. Esta abordagem tamb´em permitiu que fossem generalizados alguns resultados para um maior conjunto de tipos de c´odigos, que antes s´o haviam sido determinados para sistemas sobre corpos e invariantes no tempo.

Um ponto fundamental ressaltado em [2] ´e a necessidade da completude dos c´odigos sobre grupo para a efetiva construc¸˜ao dos codificadores. Este fato foi reconhecido por Rossin, Sindhushayana e Heegard em [3], ao proporem a extens˜ao dos c´odigos de Slepian [4] para c´odigos sobre trelic¸a. Neste trabalho os autores partem do caso introduzido por Slepian, a saber, consideram uma semente x0 ∈ Rn e um grupo finito de transformac¸˜oes linearesG a partir do qual definem o c´odigo de grupo

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de SlepianG(x0). Como extens˜ao natural para o caso de uma trelic¸a bi-infinita, consideram o produto direto bi-infinitoGZ

deG, gerando o c´odigo de grupo sobre trelic¸a GZ

(x0). Os grupos de trelic¸a n˜ao triviais surgem quando consideramos a ac¸˜ao sobre x0 de subgrupos pr´oprios Λ de GZ, neste caso, para que possamos garantir a determinac¸˜ao de codificadores paraΛ(x0) e respectivos decodificadores n˜ao catastr´oficos, como demonstrado em [3], ´e necess´ario queΛ seja um sistema simb´olico fechado sobre grupo, o caso central abordado em [2]. Entre os v´arios problemas em aberto identificados pelos autores, destacamos a necessidade de m´etodos algor´ıtmicos para a construc¸˜ao de sistemas simb´olicos fechados sobre grupos que representem todas as simetrias de um c´odigo de grupo sobre trelic¸a.

Assim como os c´odigos de Slepian estabeleceram os elementos geminais para posterior introduc¸˜ao por Forney dos c´odigos geometricamente uniformes [5], os conceitos apresentados em [3] formam a base para a generalizac¸˜ao dos c´odigos geometricamente uniformes para espac¸os de sequˆencias em [6]. A generalizac¸˜ao d´a-se pela substituic¸˜ao da estrutura euclidiana por um sistema simb´olico fechado homogˆeneoYque sofre a ac¸˜ao de um sistema simb´olico fechado sobre grupoX, nesse caso dizemos queX ´e o sistema sim´etrico deY.

Muitos dos resultados relevantes em [2, 3, 6] s˜ao estabelecidos pela aplicac¸˜ao de representac¸˜oes minimais canˆonicas atrav´es de grafos direcionados dos sistemas simb´olicos fechados sobre an´alise. Essa ´e uma abordagem comum no desenvolvimento da teoria de dinˆamica simb´olica, que com a ex-tens˜ao de seu escopo para aplicac¸˜oes de natureza combinatorial, passou a adotar resultados e m´etodos oriundos da teoria de autˆomato para abordar problemas de natureza algor´ıtmica, e a adotar ´algebra linear como ferramenta para determinar parˆametros globais invariantes a conjugac¸˜ao dos sistemas simb´olicos fechados, como a entropia topol´ogica. Nesse contexto, como primeira contribuic¸˜ao, in-troduzimos no Cap´ıtulo 3 um m´etodo combinatorial derivado da estrutura topol´ogica dos sistemas simb´olicos fechados, obtido pela aplicac¸˜ao de relac¸˜oes de ordem parcial. Ao contr´ario dos m´etodos anteriores, que aplicam ferramentas oriundas da teoria de autˆomato em dinˆamica simb´olica, deriva-mos uma ferramenta combinatorial baseada na teoria de autˆomata e linguagens formais a partir das propriedades topol´ogicas intr´ınsecas dos sistemas simb´olicos fechados. Como resultados dos concei-tos apresentados, al´em de propormos novos m´etodos para a determinac¸˜ao de representac¸˜oes canˆonicas minimais, pudemos especificar o mon´oide sint´atico do sistema simb´olico fechado e um m´etodo para implementarmos sua operac¸˜ao a partir de autˆomatos. Acreditamos que a maior relevˆancia deste re-sultado reside tanto no potencial das ferramentas introduzidas para an´alise e determinac¸˜ao de sis-temas simb´olicos fechados com propriedades espec´ıficas estabelecidas pelas aplicac¸˜oes citadas nos par´agrafos anteriores, como para construc¸˜ao de codificadores para estes sistemas.

Em seguida, consideramos a possibilidade de associar `as sequˆencias c´odigo especificadas por um sistema simb´olico fechado propriedades topol´ogicas herdadas possivelmente da estrutura alg´ebrica subsequente `a topologia da superf´ıcie. Essa abordagem ´e motivada pelos trabalhos desenvolvidos no

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3

grupo de pesquisa que visam estabelecer um modelo para sistema de comunicac¸˜ao concebido sobre um espac¸o hiperb´olico. Como referˆencia inicial, citamos a extens˜ao do conceito de c´odigos geo-metricamente uniformes para espac¸os hiperb´olicos [7]. A partir desse trabalho, v´arios outros foram desenvolvidos que estenderam os resultados, ou inovaram com a aplicac¸˜ao da geometria hiperb´olica a outros elementos constituintes de um sistema de comunicac¸˜ao t´ıpico. Em nosso trabalho, procuramos identificar formas de atribuir a nossas sequˆencias c´odigo propriedades topol´ogicas de uma superf´ıcie hiperb´olica (de gˆenero maior que dois). Estas propriedades se refletem nas classes homot´opicas ob-tidas a partir de uma dada superf´ıcie, que por sua vez dever˜ao induzir padr˜oes nas sequˆencias c´odigo obtidas a partir dessas curvas. Estas relac¸˜oes s˜ao verificadas no processo de codificac¸˜ao geom´etrico, aqui denominado c´odigo de Koebe-Morse [8]. No entanto, as sequˆencias c´odigos obtidas por este processo s˜ao demasiadamente complexas, no sentido de n˜ao possuirem uma representac¸˜ao atrav´es de grafo direcionado. Como alternativa, h´a os c´odigos aritm´eticos, aqui denominados c´odigos de Artin, que apesar de n˜ao refletirem de forma t˜ao evidente as propriedades topol´ogicas da superf´ıcie, ´e sabido (apesar de n˜ao determinado na literatura) que possuem uma representac¸˜ao atrav´es de grafos direcionados. A partir de resultados apresentados em [8], propomos no Cap´ıtulo 5 duas poss´ıveis abordagens que conduzam a representac¸˜oes de sequˆencias c´odigo do fluxo geod´esico, ambas basea-das na determinac¸˜ao de uma representac¸˜ao para o c´odigo de Artin. Assim, no Cap´ıtulo 6 desenvolve-mos um m´etodo baseado unicamente nos ciclos de geradores da regi˜ao fundamental para construc¸˜ao de uma representac¸˜ao minimal para o c´odigo de Artin, exemplificando nosso m´etodo atrav´es dos c´odigos propostos em [9]. Estes resultados estabelecem elementos iniciais necess´arios a aplicac¸˜ao da abordagem de Willems e teoria de dinˆamica simb´olica, assim como realizado em [2, 3, 6], para an´alise e proposic¸˜ao de c´odigos e codificadores aos quais possamos atribuir propriedades de natureza topol´ogica.

A seguir apresentamos uma breve descric¸˜ao dos t´opicos e resultados apresentados nos cap´ıtulos que comp˜oem a tese. Onde todos os resultados n˜ao referenciados explicitamente, decorrem do desen-volvimento do nosso trabalho.

No Cap´ıtulo 2 empregando a abordagem topol´ogica para dinˆamica simb´olica, na Proposic¸˜ao 6 formalizamos a equivalˆencia entre sistemas dinˆamicos invariantes no tempo e completos, introduzidos em [1], e sistemas dinˆamicos simb´olicos fechados (ssf), este ´ultimo o objeto central de estudo da teoria de dinˆamica simb´olica.

No Cap´ıtulo 3 demonstramos como as propriedades topol´ogicas de um ssf podem ser representa-das combinatorialmente atrav´es de um conjunto irredut´ıvel de sequˆencias proibirepresenta-das, especificado por uma relac¸˜ao de ordem parcial apropriada. A mesma id´eia que permite-nos determinar um conjunto irredut´ıvel de sequˆencias proibidas para o ssf pode ser estendido para a determinac¸˜ao de um conjunto irredut´ıvel de sequˆencias proibidas para qualquer fator de uma sequˆencia em ssf. Demonstramos

(26)

como essas caracterizac¸ ˜oes combinat´orias global e local, respectivamente, podem ser empregadas para a construc¸˜ao de estruturas alg´ebricas (mon´oide sint´atico) e representac¸˜oes m´ınimas (autˆomato m´ınimo) para o ssf. Resultados que estabelecem os fundamentos para aplicac¸˜ao dos ssf em sistemas de codificac¸˜ao realiz´aveis.

No Cap´ıtulo 4 apresentamos os elementos necess´arios para apreciac¸˜ao dos resultados posteriores sobre c´odigos geod´esicos. Em particular, apresentamos os conceitos fundamentais sobre geometria hiperb´olica bidimensional, com ˆenfase no modelo do disco de Poincar´e. Explicitamos a relac¸˜ao que h´a entre as propriedades alg´ebricas e topol´ogicas dos elementos do grupo fuchsiano e as propriedades topol´ogicas da superf´ıcie hiperb´olica associada.

No Cap´ıtulo 5 apresentamos as duas classes de c´odigos do fluxo geod´esico, os aritm´eticos e os geom´etricos. Explicitamos a diferenc¸a entre estas e o reflexo dessa nas propriedades do c´odigo, prin-cipalmente na complexidade do c´odigo gerado, o que ´e transcrito na capacidade ou n˜ao de representar-se o c´odigo atrav´es de um grafo direcionado rotulado. Nossa abordagem ´e barepresentar-seada em [8], que permite uma clara comparac¸˜ao entre estes m´etodos de codificac¸˜ao. Nas Sec¸˜ao 5.5 derivamos propri-edades estruturais e determinamos a topologia do caso particular apresentado em [9], a saber, de uma tesselac¸˜ao regular{8g − 4, 4}, onde g ´e o gˆenero da superf´ıcie. Cuja importˆancia deve-se a possibili-dade de especificar-se explicitamente a medida invariante do fluxo geod´esico associado `as respectivas superf´ıcies.

No Cap´ıtulo 6, empregando os resultados apresentados no Cap´ıtulo 3, derivamos um m´etodo sim-ples, baseado nas propriedades topol´ogicas do grupo fuchsiano associado a superf´ıcie, para gerar uma representac¸˜ao m´ınima para o c´odigo do fluxo geod´esico discutido no Cap´ıtulo 5. ´E sabido que esse c´odigo possui uma representac¸˜ao, contudo, at´e onde sabemos, sua determinac¸˜ao (n˜ao necessariamente m´ınima) empregando os m´etodos disponibilizados na literatura envolve etapas cuja complexidade ´e exponencial em relac¸˜ao ao n´umero de estados. Nosso m´etodo de determinac¸˜ao de uma representac¸˜ao m´ınima n˜ao necessita de c´alculos adicionais, a n˜ao ser a determinac¸˜ao de um subconjunto finito de sequˆencias proibidas decorrentes das propriedades topol´ogicas do grupo fuchsiano associado `a su-perf´ıcie, seguido pela determinac¸˜ao dos v´ertices e ramos da apresentac¸˜ao derivados diretamente do conjunto de proibic¸˜oes.

(27)

Cap´ıtulo 2

Sistemas Dinˆamicos, C´odigos e Dinˆamica

Simb´olica

Considerando uma abordagem cl´assica, a descric¸˜ao dos sistemas dinˆamicos ´e realizada pela especi-ficac¸˜ao da evoluc¸˜ao do seu espac¸o de estados. Como exemplo not´orio e importante, tˆem-se o estudo dos sistemas dinˆamicos no contexto de equac¸˜oes diferenciais. Nesta abordagem ´e pressuposto que o estado evolui de maneira autˆonoma, ou seja, o caminho descrito no espac¸o de estado s´o depende do estado inicial e das leis de movimento. Portanto, a n˜ao ser para algumas situac¸˜oes bem definidas em sistemas mecˆanicos e el´etricos, a abordagem cl´assica n˜ao deixa claro como as vari´aveis de estado de-vem ser especificadas. Al´em do que, esta abordagem n˜ao formaliza como influˆencias externas dede-vem ser incorporadas, equivalendo a uma evoluc¸˜ao do sistema com base unicamente nas forc¸as internas. Decorre da suposic¸˜ao que o estado evolui de forma determin´ıstica, que o sistema encontra-se iso-lado do ambiente, contudo n˜ao existem sistemas isoiso-lados. A abordagem cl´assica assume que a forma como o ambiente influencia o sistema ´e conhecida, como tamb´em as condic¸˜oes de contorno e como s˜ao geradas as influˆencias externas. Em s´ıntese, ao modelar-se um sistema dinˆamico real atrav´es de uma abordagem cl´assica, em ´ultima instˆancia, deparamo-nos com a imposs´ıvel suposic¸˜ao de termos que modelar o ambiente.

Um contraponto aos m´etodos cl´assicos ´e apresentado por Willems em [1]. Inspirado em abor-dagens t´ıpicas de teoria de circuitos, controle e processamento digital de sinais, como tamb´em de ciˆencia da computac¸˜ao; sua abordagem considera o sistema dinˆamico como uma caixa preta que re-cebe est´ımulos do meio (entradas), e como reac¸˜ao a estes produz uma sa´ıda. O conceito ´e similar ao empregado em teoria de controle, incorporando vari´aveis de estado a estrutura especificada pelas entradas e sa´ıdas. O sistema dinˆamico passa a ser visto como um objeto que est´a inserido em seu meio e interage com este, no entanto ´e abstra´ıdo deste, como ilustrado na Figura 2.1. Nesta abordagem, desejamos determinar a evoluc¸˜ao de certos atributos em func¸˜ao do tempo, para isso o conjunto de

(28)

Modelo do Sistema DinˆamicoΣ Meio Desconhecido w Vari´aveis de Interac¸˜ao

Figura 2.1: Modelo apresentado por Willems. Modelo do Sistema DinˆamicoΣ Modelo do Meio w Vari´aveis de Interac¸˜ao

Figura 2.2: Modelo Cl´assico.

tantes de tempo relevantesT ´e selecionado e o conjunto W onde os valores de tais atributos podem ser observados. As leis que regem a evoluc¸˜ao da dinˆamica no tempo determinam quais trajet´orias podem ocorrer e quais n˜ao podem, especificando o comportamento do sistema.

Nesta abordagem, quaisquer relac¸˜oes que especifiquem a dinˆamica (e.g., as equac¸˜oes do modelo) s˜ao empregadas como os elementos b´asicos para o processo de an´alise, determinando as considerac¸˜oes iniciais a partir das quais a an´alise deve prosseguir, e que devem ser empregados na fundamentac¸˜ao te´orica do sistema dinˆamico. Quaisquer pr´e-considerac¸˜oes sobre o modelo devem ser justificadas pelo aparato te´orico empregado na modelagem. Esta vis˜ao contrasta com a cl´assica, onde o meio tamb´em ´e visto como um sistema dinˆamico espec´ıfico, o que torna poss´ıvel considerar-se o sistema dinˆamico sobre an´alise como autˆonomo, como consequˆencia o meio deve ser modelado, como ilustrado na Figura 2.2.

Em consonˆancia com a proposta apresentada, um sistema dinˆamico ´e interpretado como uma fam´ılia de regras que restringem o conjunto de sinais produzidos pelo sistema dinˆamico, e por-tanto, que determinam o comportamento do sistema. O conjunto de todos os sinais compat´ıveis com estas regras definem o comportamento do sistema. No entanto, regras e modelos derivados de princ´ıpios fundamentais conter˜ao invariavelmente vari´aveis adicionais `aquelas modeladas, denomi-nadas de vari´aveis latentes. Algumas vari´aveis latentes podem ter propriedades importantes relacio-nadas a captura da estrutura da mem´oria do sistema, o que conduz ao importante conceito de estado do sistema dinˆamico. Estes elementos s˜ao ilustrados no Exemplo 1.

Definic¸ ˜ao 1. Um sistema dinˆamicoΣ ´e definido por uma tripla Σ = (T, W,B)

ondeT ⊆ R ´e o tempo; W ´e um conjunto abstrato chamado de alfabeto de sinais; e B ⊆ WT ´e o

comportamento.

(29)

Usual-7 RL RC C L V I Sistema Meio

Figura 2.3: Modelo do comportamento t´ermico do circuito el´etrico.

~ w2 ~ w1 m L F~ ~1z

Figura 2.4: Relac¸˜ao entre as posic¸˜oesw~1 ew~2.

mente,T ´e igual a R ou R+no caso de sistemas em tempo cont´ınuo, e Z ou Z+no caso de sistemas em tempo discreto, tamb´em sendo definido em intervalos de R e Z. O conjuntoW especifica os atributos do sistema dinˆamico que s˜ao formalizados como elementos de um conjunto, sendo estes atributos as vari´aveis cujas evoluc¸˜oes no tempo est˜ao sendo descritas. Tais atributos s˜ao uma combinac¸˜ao de vari´aveis observadas e das vari´aveis que propiciam a interac¸˜ao do sistema com o meio. O comporta-mentoB constitui a fam´ılia de trajet´orias descritas no tempo com valores no alfabeto W . Assim, os elementos deB s˜ao as trajet´orias compat´ıveis com as regras ou leis que governam o sistema, de outra forma, s˜ao sinais definidos no tempo compat´ıveis com o modelo do sistema dinˆamico. Em muitas aplicac¸˜oesB ´e determinado atrav´es de equac¸˜oes diferenciais, a diferenc¸a ou integrais. Neste caso, podemos considerar um mapa b : WT → E com E = {0, 1}, ou ainda, de forma mais geral, um espac¸o vetorial ondeB = b−1(0). Denotando as equac¸˜oes que especificam o sistema por equac¸˜oes de

comportamento.

Exemplo 1. A an´alise do comportamento t´ermico de um circuito el´etrico ´e um caso t´ıpico de

constru-c¸˜ao de um modelo dinˆamico a partir de princ´ıpios f´ısicos fundamentais ou princ´ıpios primeiros1. O

circuito interage com o meio externo atrav´es de suas portas externas, o que ´e descrito pela corrente I atrav´es do circuito e a tens˜ao V nos seus terminais externos. Desta forma, obtemos queW = R2 e T = R. Para especificar o comportamento t´ermico do circuito, ser˜ao introduzidas a corrente atrav´es dos ramos e a tens˜ao sobre os ramos do circuito Figura 2.3, de forma a serem satisfeitas as equac¸˜oes constituintes em (2.1).

VR

C = RC IRC; VRL = RLIRL; C ˙VC = IC; L IL = VL (2.1)

(30)

Al´em de satisfazer a lei de Kirchhoff para corrente (2.2) e a lei de Kirchhoff para tens˜ao (2.3). I = IR

C + IRL; IRC = IC; IRL = IL (2.2)

V = VC+ VR

C = VL+ VRL (2.3)

Portanto, o comportamento da porta ´e formalmente definido em (2.4).

B ={(I, V) : R → R2|∃ (IRC, VRC, IRL, VRL, IC, VC, IL, VL) : R → R

8 satisfazendo as equac¸˜oes de comportamento (2.1), (2.2) e (2.3)}.

(2.4)

Ap´os a eliminac¸˜ao das vari´aveis IRC, VRC, IRL, VRL, IC, VC, IL, VL, obt´em-se como equac¸˜ao de

comportamento a equac¸˜ao diferencial (2.5).

RCLC¨I + (L + RCRLC)˙I + RLI = LC ¨V+ (RC + RL)C ˙V+ V (2.5) Permitindo a especificac¸˜ao expl´ıcita do comportamento em (2.6).

B = {(I, V) : R → R2| satisfazendo a equac¸˜ao (2.5)} (2.6)

No Exemplo 1 a descric¸˜ao das vari´aveis b´asicas V, I foi obtida a partir de princ´ıpios fundamentais. Contudo, o processo de modelagem envolveu vari´aveis auxiliares adicionais `aquelas descritas, neste caso IRC, VRC, IRL, VRL, IC, VC, IL, VL, correspondendo `as vari´aveis latentes. A inserc¸˜ao destas

vari´aveis ocorre essencialmente por tornarem-se convenientes na escrita das equac¸˜oes de movimento, ou por serem essenciais ao expressar as leis de constituic¸˜ao2ou de conservac¸˜ao3que definem o com-portamento do sistema. Vari´aveis latentes ocorrem invariavelmente quando o sistema modelado for tratado como uma interconex˜ao de subsistemas, uma abordagem comum na determinac¸˜ao de mode-los. Este procedimento ´e mais uma vez exemplificado no Exemplo 2, onde as vari´aveis externas dos subsistemas tornam-se vari´aveis latentes para o sistema interconectado.

Exemplo 2. Considerando o pˆendulo da Figura 2.4. Deseja-se modelar a relac¸˜ao entre as posic¸˜oes

~

w1da massa ew~2do suporte do pˆendulo, podendo ser interpretado como o passo inicial no projeto de um controlador que estabilizew~1 em uma dada trajet´oria pelo emprego dew~2como controle. Como 2Expressas por relac¸˜oes entre quantidades f´ısicas que s˜ao espec´ıficas de um material ou substˆancia, aproximando

a resposta do material a forc¸as externas. Ao serem combinadas com equac¸˜oes que expressam leis f´ısicas, permitem a soluc¸˜ao de problemas f´ısicos como a resposta de um cristal a um campo el´etrico. Em muitos casos s˜ao expressas por proporc¸˜oes simples, como ´e o caso da condutividade el´etrica ou constante de elasticidade de uma mola.

3Especifica quando uma propriedade mensur´avel de um sistema f´ısico isolado n˜ao muda enquanto o sistema evolui,

(31)

9

ocorre quandow~1 representa o centro de massa de um ve´ıculo lanc¸ador de sat´elites ew~2 a sa´ıda do sistema de propuls˜ao. Para obtenc¸˜ao de um modelo para este sistema, inserimos a forc¸a ~F na barra de comprimento L e o fator de proporcionalidade a entre ~F e ~w1 − ~w2 como vari´aveis auxiliares. Obt´em-se as equac¸˜oes de comportamento (2.7).

md 2w~ 1 dt2 = mg~1z+ ~F || ~w1− ~w2|| = L ~ F = a( ~w1− ~w2) (2.7)

Ondem e a massa do pˆendulo, g ´e a constante gravitacional e ~1z ´e o vetor unit´ario na direc¸˜aoz. As equac¸˜oes em (2.7) especificam completamente o comportamento definido em (2.8).

B = {( ~w1, ~w2) : R→ R3× R3|∃ ~F : R → R3 ea : R→ R satisfazendo (2.7)}. (2.8) Assim como as tens˜oes e correntes sobre os elementos resistivos, capacitivos e indutivos do Exem-plo 1 foram empregados como vari´aveis auxiliares `a determinac¸˜ao de um modelo, a forc¸a ~F na barra do pˆendulo e o fator de proporcionalidadea cumpre papel similar. Novamente, a an´alise do sistema envolve a interconex˜ao de seus componentes constituintes, cujas especificac¸˜oes dos comportamentos atrav´es das relac¸˜oes entre vari´aveis de entrada e sa´ıda sabemos descrever, cujas descric¸˜oes parciais envolvem vari´aveis latentes empregadas na determinac¸˜ao da soluc¸˜ao global.

N˜ao s´o na an´alise de sistemas reais, como tamb´em em abordagens puramente te´oricas, as vari´aveis latentes assumem um papel relevante. Pois, assim como as vari´aveis de estado ou as vari´aveis livres, s˜ao necess´arias na reduc¸˜ao de equac¸˜oes de movimento `a express˜oes puramente locais no tempo.

Em uma primeira an´alise, podemos considerar dois tipos de vari´aveis: as diretamente observ´aveis (expl´ıcitas) e as latentes (impl´ıcitas). Como exemplo, em termodinˆamica a press˜ao, temperatura e volume s˜ao vari´aveis expl´ıcitas, enquanto a energia interna e entropia podem ser consideradas como vari´aveis latentes, cujo valor ´e deduzido a partir das vari´aveis expl´ıcitas. Em um contexto econˆomico, o n´umero de vendas pode ser visto como uma vari´avel expl´ıcita, enquanto a demanda dos consu-midores como uma vari´avel latente. Especificar que vari´aveis s˜ao observ´aveis ou mensur´aveis est´a relacionado a disponibilidade instrumental e tecnol´ogica, sendo um conceito flex´ıvel que adequa-se aos objetivos da an´alise. O conceito de vari´aveis latentes ´e formalmente estabelecido na Definic¸˜ao 2.

Definic¸˜ao 2. O sistema dinˆamico com vari´aveis latentes ´e uma qu´adrupla

(32)

comT, W j´a especificados na Definic¸˜ao 1; A ´e o conjunto de vari´aveis latentes eBa⊆ (W × A)T o

comportamento (estendido).

O sistemaΣa ´e chamado de um modelo com vari´aveis latentes para o sistema dinˆamico induzido Σ = (T, W, PwBa), onde Pw : (W × A)T → WT satisfaz (Pww)(t) = Pw(w(t)), reduzindo-se a uma projec¸˜ao quando aplicado a um elemento deW × A, ou seja, Pw(w, a) := w. Na abordagem considerada, pode-se interpretarBacomo o comportamento interno do sistema, enquantoPwBacomo o comportamento externo.

2.1

Estrutura B´asica

Muitos conceitos gerais em matem´atica podem ser aplicados a sistemas dinˆamicos quando introduzi-dos atrav´es da Definic¸˜ao 1.

2.1.1

Linearidade

Um sistema dinˆamicoΣ = (T, W,B) ´e dito linear se W ´e um espac¸o vetorial e B ´e um subespac¸o linear de WT, este ´ultimo um espac¸o vetorial obtido pela adic¸˜ao ponto-a-ponto e multiplicac¸˜ao por escalar.

2.1.2

Invariante no tempo

Um sistema dinˆamicoΣ = (T, W,B) ´e dito invariante no tempo se T ´e um semigrupo aditivo em R (∀ t1, t2 ∈ T ⇒ t1 + t2 ∈ T ) e σtB ⊆ B para todo t ∈ T , onde σt ´e ot-deslocamento `a esquerda, ou seja,(σtf )(t) := f (t+ t). Ambos os exemplos introduzidos acima s˜ao casos t´ıpicos de sistemas invariantes no tempo.

2.1.3

Simetria

Seja Σ uma fam´ılia de sistemas dinˆamicos. Cada elemento em Σ ´e um sistema dinˆamico de acordo com a Definic¸˜ao 1. Seja G um grupo e G = (Sg, g ∈ G) um grupo de transformac¸˜oes em Σ, ou seja, cadaSg : Σ → Σ ´e uma bijec¸˜ao com Sg1◦g2 = Sg1 ◦ Sg2. O par ordenado(Σ, G) ´e chamado

de estrutura de simetria. Um elemento Σ ∈ Σ ´e dito G-sim´etrico se SgΣ = Σ para todo g ∈ G. De modo informal, diz-se queΣ possui G como uma simetria. Como exemplo de simetrias comuns, pode-se citar:

(33)

2.2 O Conceito de Mem´oria 11

(1) SejaT =G um subgrupo aditivo de R e Sg(T, W,B) = (T + g, W, σgB). Neste caso, os sistemas sim´etricos s˜ao aqueles invariantes no tempo.

(2) Seja (Sw

g , g ∈ G) um grupo de transformac¸˜oes sobre W e Sg(T, W,B) = (T, W, SgB), onde SgB = {Sg(w(·)) : T → W |w ∈ B}. A simetria resultante sugere um comportamento que ´e invariante sobre algumas mudanc¸as de sinal ou permutac¸˜oes dos componentes das vari´aveis externas, e.g., a permutac¸˜ao de part´ıculas em um sistema comn part´ıculas idˆenticas.

(3) SejaG = {0, 1} e considere S1(T, W,B) = (−T, W, RB) onde R ´e a invers˜ao do eixo do tempo: (Rf )(t) := f (−t). O sistema de simetria resultante ´e dito invers´ıvel no tempo, como exemplos, tˆem-se os sistemas descritos por equac¸˜oes diferenciais contendo s´o derivados de ordem par. (4) Seja J uma involuc¸˜ao sobre W (i.e., J = J−1). Considerando G = {0, 1} e S1(T, W,B) =

(−T, W, JRB). A simetria resultante ´e algumas vezes chamada de revers˜ao do tempo. A involuc¸˜ao J ´e empregado para expressar que pode ser necess´ario alterar o sinal da velocidade, em alguns sistemas mecˆanicos, quando realiza-se uma revers˜ao no tempo.

Nas considerac¸˜oes que seguem, nos restringiremos a explanac¸˜ao de sistemas invariantes no tempo, particularmente nos casos T = R ou Z. Esta considerac¸˜ao deve-se principalmente ao enfoque em dinˆamica simb´olica e a caracter´ıstica conceitual do texto, o que faz destes casos mais adequados para apresentac¸˜ao dos resultados.

2.2

O Conceito de Mem´oria

Um dos aspectos dos sistemas dinˆamicos que justificam o grande esforc¸o a estes dedicado pela co-munidade cient´ıfica ´e o fato de apresentarem mem´oria, ou seja, a evoluc¸˜ao futura do sistema ser influenciada pela sua evoluc¸˜ao at´e o presente. Este aspecto ´e o que o diferencia de mapas e relac¸˜oes arbitr´arias. As propriedades da estrutura de mem´oria do sistema, nos permite classific´a-lo em quatro tipos n˜ao excludentes.

2.2.1

Concatenac¸˜ao e mapa n˜ao-antecipativo

Quanto ao estudo de sistemas dinˆamicos, o conceito de interac¸˜ao entre o passado e o futuro de fam´ılias de func¸˜oes temporais assume papel fundamental, pela concatenac¸˜ao do passado e do futuro, e pelo modo como o passado e o futuro interagem com mapas.

(34)

SejamT ⊂ R e W conjuntos. Para um dado mapa w : T → W definem-se os mapas: w− := w|T ∩(−∞,0) (o passado estrito de w)

w−0 := w|T ∩(−∞,0] (o passado e presente de w) w+:= w|T ∩[0,∞) (o futuro estrito de w) w0+ := w|T ∩(0,∞) (o presente e futuro de w)

ParaB ⊆ WT, estes conceitos conduzem `as extens˜oesB−,B−0,B0+, eB+de significado imediato. Sejamw1, w2 : T → W e t ∈ T . As concatenac¸˜oes em t de w1, w2 : T → W , representadas por w1Λ

t−w2ew1Λ t+

w2, s˜ao definidas como

 w1Λ t− w2  (t′) :=    w1(t′) para t′ < t w2(t′) para t′ ≥ t  w1Λ t+ w2  (t′) :=    w1(t′) para t′ ≤ t w2(t′) para t′ > t ParaB1,B2 ⊆ WT obtˆem-se as extens˜oesB1Λ

t−B2 eB1Λ t+B2

de significado imediato.

Estas definic¸˜oes podem ser facilmente estendidas para os casos em que os mapas considerados j´a possuem restric¸˜oes. Assim,w−1 Λ

0− w20+ := w1Λ 0− w2ew−01 Λ 0+ w2+ := w1Λ 0+

w2, etc. Sendo pertinente sali-entar que para o caso discreto(T = Z) observa-se Λ

(t+1)− = Λ t+

, de tal forma que n˜ao h´a a necessidade de introduzirem-se ambos Λ

t−

t+

. Ressaltando a necessidade de ambos no caso cont´ınuo.

SejaT ⊆ R, W1 eW2conjuntos, como tamb´emB1 ⊆ W1T,B2 ⊆ W2T. Consideremos o mapaF : B1 → B2. O mapaF seja denominado n˜ao-antecipativo sew′1, w1′′ ∈ B1, t ∈ T, e w1′(t′) = w′′2(t′) parat′ ≤ t ⇒ (F w

1)(t′) para t′ ≤ t . O mapa F ser´a chamado estritamente n˜ao-antecipativo se w′

1, w′′1 ∈ B1, t∈ T, e w′1(t′) = w1′′(t′) para t′ < t ⇒ (F w′1)(t′) = (F w′′1)(t′) para t′ ≤ t .

2.2.2

Completude

Relacionado com a possibilidade das equac¸˜oes de comportamento serem escritas atrav´es de equac¸˜oes a diferenc¸a, portanto, as equac¸˜oes de comportamento n˜ao podem se estender indefinidamente para o passado, no sentido −∞, como tamb´em para o futuro, no sentido +∞. Dito isso, um sistema dinˆamicoΣ = (T, W,B) ´e dito completo se,

(35)

2.2 O Conceito de Mem´oria 13

Sendo chamado deL-completo se,

{w ∈ B} ⇔ {w|[t,t+L] ∈ B|[t,t+L]:∀ t ∈ T }.

Se um sistema ´eL-completo para todo L > 0, ser´a chamado especificado localmente. Se um sistema ´e0-completo, ser´a chamado especificado instantˆaneamente. Estas noc¸˜oes conduzem a interpretac¸˜oes intuitivas. Um sistema dinˆamico discreto no tempo ´e governado pelo conjunto de equac¸˜oes a diferenc¸a

f (w(t + L), w(t + L− 1), . . . , w(t)) = 0, t ∈ Z,

se, e somente se, ele ´e L-completo. Para o mapa f : WL → R pode-se tomar qualquer um que satisfac¸af−1(0) = B|

[0,L] ∈ WL, o que formalmente equivale a especificar uma equac¸˜ao a diferenc¸a que defina o comportamentoB = {w : Z → W | a equac¸˜ao a diferenc¸a ´e satisfeita para todo t ∈ Z}. Neste contexto, o inteiro L ∈ Z+ ´e dito a latˆencia. Similarmente, desconsiderando inicialmente maiores considerac¸˜oes sobre a continuidade da variedade considerada, um sistema cont´ınuo no tempo governado por um conjunto de equac¸˜oes diferenciais

f d nw dtn (t), dn−1w dtn−1 (t), . . . , w(t)  = 0, t∈ R,

tamb´em ´e localmente especificado. Como ´e de se esperar, um sistema ´e especificado instantˆaneamente se, e somente se, ele ´e governado por leis n˜ao-dinˆamicas, ou seja, se ele ´e governado por equac¸˜oes de comportamento da formaf (w(t)) = 0, t∈ T .

2.2.3

Extens˜ao da mem´oria

Extens˜ao de mem´oria expressa o intervalo de tempo no qual h´a uma conex˜ao entre o passado e o futuro. Mais formalmente, diz-se que um sistema dinˆamicoΣ = (T, W,B) possui mem´oria ∆-finita (ou que sua mem´oria possui extens˜ao∆) se

w1, w2 ∈ B, e w1|[0,∆) = w2|[0,∆) ⇒ n w1Λ 0−w2 ∈ B o ,

sendo dito de mem´oria finita se possui mem´oria∆-finita para algum ∆ > 0; ou mem´oria local se pos-sui mem´oria∆-finita para todo ∆ > 0. Ao nos referirmos a extens˜ao da mem´oria, como geralmente adotado, referimo-nos implicitamente a∆min, o m´ınimo∆∈ Z+apresentando a propriedade acima. Quando a mem´oria s´o ´e constitu´ıda do valor presente, ela recebe uma denominac¸˜ao proveniente da

(36)

Tabela 2.1: RELACIONANDOCONCEITOS DEMEMORIA.´

Especificac¸˜ao

Instantˆanea =⇒

Especificac¸˜ao

Local ⇒ t-completo ⇒ Completo

⇓ ⇓ ⇓ Sem Mem´oria ⇒ Markoviano ⇒ Mem´oria Local ⇒ Mem´oria t-finita ⇒ Mem´oria Finita

teoria de processos estoc´asticos:Σ ´e dito Markoviano se

w1, w2 ∈ B, w1(0) = w2(0) ⇒ w1Λ

0−w2 ∈ B .

O sistema ´e dito sem mem´oria seB ´e fechado sobre concatenac¸˜ao, i.e., se w1, w2 ∈ B ⇒ w1Λ

0−w2 ∈ B .

Para o caso de sistemas dinˆamicos discretos no tempo, os conceitos de completude e extens˜ao de mem´oria est˜ao intimamente relacionados. Considerando um tal sistema Σ = (Z, W,B), se Σ ´e t-completo ent˜ao, segue dos conceitos de completude e expans˜ao de mem´oria, este ´e completo e possui mem´oriat-finita, o que estabelece uma relac¸˜ao de implicac¸˜ao direta. Agora, com o objetivo de estabelecer a relac¸˜ao de implicac¸˜ao contr´aria, assuma que Σ possui mem´oria t-finita e que w : T → W possui a propriedade w|[t′,t+t) ∈ B|[t,t+t) para todot′ ∈ Z. Neste caso, h´a w1, w2, w3, w4

satisfazendow1 Λ

(t′

−1)−w Λ(t′ +t)−w2 ∈ B e w3(t′ )−Λ w(t′+t+1)−Λ w4 ∈ B. Segue de supormos que o sistema

´e de mem´oria t-finita que w1 Λ

(t′ 1)−w(t′+t+1)−Λ w4 ∈ B. Logo, w|[t ′ ,t′ +t+1) ∈ B|[t′ ,t′ +t+1) para todo t′ ∈ Z, consequentemente w|

[t′,t+t] ∈ B|[t,t+t] para todot′ ∈ Z. Segue da definic¸˜ao de um sistema

L-completo que Σ ´e t-completo. Este resultado ´e resumido na Proposic¸˜ao 1.

Proposic¸˜ao 1. [1] SejaΣ = (Z, W,B) um sistema dinˆamico discreto. Ent˜ao Σ ´e t-completo ⇔ Σ ´e completo e possui mem´oria t-finita .

Podendo ser demonstradas implicac¸˜oes associadas a conceitos distintos de mem´oria, como espe-cificado na Tabela 2.1.

SeT = Z, e se Σ ´e completo, ent˜ao as setas verticais da Tabela 2.1 tamb´em podem ser revertidas, o que seguir´a da Proposic¸˜ao 1. Destes resultados, a n´ıvel de aplicac¸˜ao temos o resultado: Um sistema

discreto no tempo pode ser descrito atrav´es de uma equac¸˜ao a diferenc¸a com latˆenciaL se, e somente

(37)

2.2 O Conceito de Mem´oria 15

2.2.4

Dividindo vari´aveis

A interac¸˜ao entre as vari´aveis latentes e a estrutura da mem´oria de um sistema propicia elementos relevantes `a an´alise dos sistemas dinˆamicos. Inicialmente, consideramos o conceito onde o valor presente das vari´aveis latentes determinam o comportamento futuro da vari´avel associada ao sinal ex-terno. SejaΣa = (T, W, A,Ba) um sistema dinˆamico com vari´aveis latentes. Diz-se que as vari´aveis latentes dividem o comportamento externo se

(w1, a1), (w2, a2)∈ Ba, e a1(0) = a2(0) ⇒ n w1Λ 0−w2∈ PwBa o .

2.2.5

Sistema de vari´aveis de estado

Refere-se a vari´aveis latentes que parametrizam o conte´udo da mem´oria do sistema. Se combinarmos a propriedade de divis˜ao introduzida na Sec¸˜ao 2.2.4 com a Markoviana da Sec¸˜ao 2.2.3, obt´em-se a importante classe de sistemas apresentada na Definic¸˜ao 3.

Definic¸˜ao 3. SejaΣS = (T, W, X,BS) um sistema dinˆamico com vari´aveis latentes. Este ser´a cha-mado um sistema dinˆamico na forma de espac¸o de estados, com espac¸o de estados X, se o com-portamento BS ⊆ (W × X)T satisfaz o que ´e chamado de axioma de estado. Significando que a implicac¸˜ao(w1, x1), (w2, x2)∈ BS, e x1(0) = x2(0) ⇒ (w1, x1)Λ

0−(w2, x2)∈ BS ´e verificada.

Neste casoPwBS ´e chamado de comportamento externo deΣS, enquanto(T, W, PwBS) o sistema

induzido porΣS. Reciprocamente,ΣS = (T, W, X,BS) ´e chamado de uma representac¸˜ao via espac¸o

de estados (ou realizac¸˜ao via espac¸o de estados) de Σ = (T, W, PwBS). Por fim, Bx = PxBS ser´a chamado de comportamento dos estados, ondePx : (W × X) → X ´e a projec¸˜ao Px(w, x) = x. Em ocasi˜oes onde for necess´ario considerar todos os estados de um sistema, considerar-se-a o sistema de

estadosΣx = (T, X,Bx).

Pode-se verificar que em um sistema de espac¸o de estadosx divide w, que (T, W, X,BS) ´e Mar-koviano, e que o sistema de estados Σx = (T, W,Bx) tamb´em ´e Markoviano. Percebe-se que em um sitema de espac¸o de estados x divide conjuntamente w e x. Os conceitos at´e ent˜ao apresenta-dos, encontram-se entre os que apresentam-se como os mais prof´ıcuos para an´alise e modelagem de sistemas dinˆamicos. A maioria dos modelos encontrados na f´ısica, economia, simulac¸˜ao dinˆamica, controle e estimac¸˜ao dinˆamicos, etc., s˜ao apresentados na forma de espac¸o de estados. Valendo res-saltar que o conceito de estado, de acordo com o meu entendimento, n˜ao deve ser interpretado como um princ´ıpio fundamental, mas com uma vari´avel que deve ser constru´ıda de acordo com o modelo apresentado, ou seja, baseada em seu comportamento externo, ou do modelo que incorpora vari´aveis latentes. Esta ´e uma forma que conduz a determinac¸˜ao de modelos matem´aticos a partir de princ´ıpios f´ısicos ou econˆomicos, portanto, o ponto de partida para de uma teoria matem´atica para dinˆamica.

(38)

0 W t w− 1 w T σ−tw0+ 2

Figura 2.5: Representac¸˜ao de um sistema control´avel.

2.2.6

Sistemas autˆonomos, control´aveis e essenciais

As noc¸˜oes de sistemas autˆonomos e control´aveis tˆem como objetivo classificar com que extens˜ao o passado influencia o futuro. Em sistemas autˆonomos o passado especifica o futuro. Em sistemas control´aveis o passado n˜ao influˆencia o futuro “distante”.

Seja Σ = (T, W,B) um sistema invariante no tempo com T = R ou Z. Ele ´e dito autˆonomo se h´a um mapaf :B→ B0+ tal que para todow∈ WT tem-se que{w = wΛ

0−w

0+

∈ B} ⇔ {w− B e w0+ = f (w)}. O sistema Σ ´e dito control´avel se para todo w

1, w2 ∈ B h´a um t ∈ T , t ≥ 0, e umw : T ∩ [0, t) → W tal que w1Λ

0−wΛt−σ

−tw

2 ∈ B, como mostrado na Figura 2.5. Como definic¸˜oes equivalentes, poder´ıamos ter definido f : B−0 → B0+

para sistemas autˆonomos, e quaisquer das concatenac¸˜oesw1Λ 0−wΛt+σ −tw 2,w1Λ 0+wΛt−σ −tw 2 ouw1Λ 0+wΛt−σ −tw

2para sistemas control´aveis.

Nesta abordagem, o conceito de controlabilidade ´e uma propriedade do comportamento externo do sistema dinˆamico. Em um sistema dinˆamico control´avel ´e poss´ıvel direcionar o sistema para seguir qualquer trajet´oria futura, independentemente da trajet´oria passada.

Considerando as especificac¸ ˜oes comuns de sistemas a dinˆamicos atrav´es de equac¸˜oes diferenc¸a e diferenciais. Se uma equac¸˜ao a diferenc¸a possui uma soluc¸˜ao para um valor de latˆencia m´aximo, i.e., se ´e da forma

w(t + L) = f′(w(t + L− 1), . . . , w(t)),

ent˜ao o sistema dinˆamico resultante ser´a autˆonomo. No caso cont´ınuo, um sistema dinˆamico descrito pela equac¸˜ao diferencial

dnw dtn (t) = f ′ dn−1w dtn−1 (t), . . . , w(t)  ,

ser´a autˆonomo (assumindo quef′ ´e suficiente cont´ınuo), tal que, a equac¸˜ao diferencial possui soluc¸˜ao ´unica para toda a condic¸˜ao inicial

 w(0),dw dt(0), . . . , dn−1w dtn−1 (0)  .

(39)

2.3 Leis de Evoluc¸˜ao 17

Os conceitos de linearidade, simetria, autonomia, controlabilidade, etc., inicialmente apresentados para sistemas dinˆamicos definidos em func¸˜ao do seu comportamento externo, podem ser natural-mente extendidos para uma representac¸˜ao via espac¸o de estados de um sistema dinˆamico, ou sistemas envolvendo vari´aveis latentes. Neste contexto, pode-se provar que um sistemaΣS = (T, W, X,BS) ´e autˆonomo se, e somente se, h´a um mapa ˜f : X → B0+

S tal que{(w, x) ∈ BS} ⇒ {(w, x)0+ = ˜

f (x(0))}. Este resultado ´e apresentado na Proposic¸˜ao 2.

Proposic¸˜ao 2. [1] Um sistema representado por um espac¸o de estados ΣS = (T, W, X,BS) ´e

autˆonomo se, e somente se, existe um mapa ˜f : X → B0+

S tal que{(w, x) ∈ BS} ⇒ {(w, x)0+ = ˜

f (x(0))}.

Considerando um sistema dinˆamico invariante no tempo Σ = (T, W,B) com T = Z ou R. Ele ser´a dito essencial se para todow ∈ W h´a um w ∈ B tal que w(0) = w. Em um sistema essen-cial todos os valores ou atributos externos ocorrer˜ao. Como exemplo comparativo, em um sistema especificado instantˆaneamente, n˜ao ser um sistema essencial ´e o que determina as propriedades ou regras do sistema. Este conceito pode ser generalizado para o caso de sistemas com vari´aveis latentes. Neste caso, diz-se que um sistema ´e essencial nas vari´aveis latentes quando o sistema(T, W, PaBa) ´e essencial. Como as vari´aveis latentes s˜ao vari´aveis auxiliares, ´e natural assumir que o comporta-mento interno (nas vari´aveis latentes) ´e essencial, caso contr´ario, s´o precisamos redefinir o conjunto A. Quando as vari´aveis latentes s˜ao vari´aveis de estado, falaremos em sistemas que possuem espac¸o de estados essencial.

Retornando ao caso de um sistema control´avel. O conceito apresentado aqui e o caso cl´assico de controlabilidade do espac¸o de estado s˜ao intrinsecamente relacionados. Seja Σx = (T, X,Bx) o sistema de estados de um sistema. Ou seja, assumiremos que ele ´e Markoviano. Diz-se que Σx ´e

estado control´avel se, para todox0, x1 ∈ X, h´a um x ∈ Bx e umt ∈ T , t ≥ 0, tal que x(0) = x0 ex(t) = x1. O conceito de controlabilidade, como usualmente empregado na literatura de teoria de controle, de forma geral, corresponde ao conceito de estado control´avel de um sistema de estados. O que ´e formalizado na Proposic¸˜ao 3.

Proposic¸˜ao 3. [1] SejaΣxessencial. Ent˜ao ele ´e control´avel se, e somente se, ´e estado control´avel.

Al´em disso, seΣx ´e estado control´avel, ent˜aoΣ ´e control´avel.

2.3

Leis de Evoluc¸˜ao

A maioria dos modelos pr´aticos de sistemas dinˆamicos est˜ao na forma de equac¸˜oes a diferenc¸a ou diferencial. Sendo que equac¸˜oes a diferenc¸a ou diferenciais de maior ordem podem ser reduzidas a equac¸˜oes de ordem um pela redefinic¸˜ao das vari´aveis de latˆencia ou derivadas como novas vari´aveis.

(40)

Portanto, restringir nossa abordagem ao caso de equac¸˜oes a diferenc¸a e diferenciais de primeira ordem n˜ao limita o escopo dos resultados aqui apresentados. Tais modelos s˜ao definidos automaticamente quando o sistema ´e representado na forma de espac¸o de estados.

Definic¸ ˜ao 4. Uma lei de evoluc¸˜ao discreta no tempo ´e definida como uma qu´adrupla

Σ∂ = (T, W, X, ∂)

ondeT ⊆ Z o eixo do tempo, sendo que comumente T = Z; W ´e o alfabeto de sinais; X o espac¸o

de estados; e⊆ X × W × X a relac¸˜ao pr´oximo-estado.

A interpretac¸˜ao intuitiva de ∂ ´e dada por: (x0, w, x1) ∈ ∂ implica que se o sistema est´a no estadox0, ent˜ao ele pode prosseguir para o estadox1 enquanto produz o valor de sinal externow. O

comportamento induzido por∂ ´e definido comoB∂ :={(w, x) : Z → W ×X| (x(t), w(t), x(t+1)) ∈ ∂ para todo t∈ Z}. Podendo ser verificado que B∂ satisfaz o axioma de estado e que ´e invariante no tempo. Obt´em-se deB: O sistema na forma de espac¸o de estadoΣS = (Z, W, X,B∂) induzido por Σ∂; o comportamento externoB = PwB∂; e o sistema dinˆamicoΣ = (Z, W, PwB∂) induzido por Σ∂. O que ´e denotado por

⇒ B∂ ⇒ B e Σ∂ ⇒ ΣS ⇒ Σ.

A vers˜ao cont´ınua no tempo an´aloga a uma relac¸˜ao pr´oximo-estado ´e uma relac¸˜ao diferencial de

primeira-ordem. Neste caso, no lugar do pr´oximo estado onde o sistema ´e permitido estar,

especifica-se em que direc¸˜ao e com que velocidade ele pode prosespecifica-seguir.

Definic¸ ˜ao 5. Uma lei de evoluc¸˜ao cont´ınua no tempo ´e definida pela qu´adrupla

Σ∂ = (T, W, X, ∂)

onde T ⊆ R ´e um intervalo, o eixo do tempo, sendo que comumente T = R; W ´e o alfabeto de

sinais;X o espac¸o de estados, uma variedade cont´ınua; e ∂ ⊆ T X × W a relac¸˜ao campo-vetorial, ondeT X ´e o fibrado tangente de X.

Como caso mais comum, X pode ser pensado como um subconjunto aberto do Rn e identificar T X com X × Rn. A interpretac¸˜ao a ser dada para tal estrutura ´e que ((x, v), w) ∈ ∂ significa que quando o sistema est´a no estado x, ele poder´a prosseguir com velocidade v enquanto produz o valor de sinal externow. Definindo o comportamento induzido por ∂ como B∂ := {(w, x) : R → W × X| x ´e absolutamente cont´ınuo e ((x(t), ˙x(t)), w(t)) ∈ ∂ para todo t ∈ R onde ˙x(t) existe}. Portanto, o comportamento de uma lei de evoluc¸˜ao discreta no tempo pode ser vista como o conjunto de soluc¸˜oes de uma equac¸˜ao a diferenc¸a que ´e de primeira ordem em x e de ordem zero em w:

(41)

2.3 Leis de Evoluc¸˜ao 19

f (x(t), w(t), x(t + 1) = 0 (∂ = f−1(0)). Enquanto uma lei de evoluc¸˜ao cont´ınua no tempo pode ser vista como descrita por equac¸˜oes diferenciais que s˜ao de primeira ordem em x e de ordem zero em w: f (x(t), ˙x(t), w(t)) = 0 (∂ := f−1(0)).

Como no caso discreto,B∂ satisfaz o axioma de estado, al´em do que tamb´em verifica-se que:

⇒ B∂ ⇒ B e Σ∂ ⇒ ΣS ⇒ Σ.

Ao definir-se um sistema em termos de seu comportamento, em essencia, se estabelece uma regra, uma especificac¸˜ao, uma lei, atrav´es da qual pode-se verificar se uma trajet´oria em particular no tempo sobreW ´e ou n˜ao compat´ıvel com o sistema. Uma lei de evoluc¸˜ao ∂, por outro lado, fornece uma

gram´atica, um procedimento, um algoritmo atrav´es do qual elementos de B podem ser gerados4.

Portanto, se um por (w, x) ´e compat´ıvel com o comportamento, isso pode ser verificado completa-mente atrav´es dos valores dos pontos adjacentes, ou seja, em func¸˜ao do comportamento local (onde o conceito de localidade foi considerado em relac¸˜ao ao tempo, no entanto, conceitos e id´eias similares podem ser considerados no contexto espacial).

2.3.1

A lei de evoluc¸˜ao induzida por uma representac¸˜ao via espac¸o de estados

Construc¸˜ao de leis de evoluc¸˜ao que simulam um sistema representado via espac¸o de estados. Consi-derando, inicialmente, o caso discreto. SejaΣS = (Z, W, X,BS) um sistema representado via espac¸o de estados, discreto no tempo e invariante no tempo. A lei de evoluc¸˜ao induzida porΣS ´e definida porΣ∂ = (Z, W, X, ∂), onde

∂ := {(x0, w, x1)∈ X × W × X|∃ (w, x) ∈ BS tal quex(0) = x0, x(1) = x1, e w(0) = w}.

(2.9)

Decorrendo do discutido na Sec¸˜ao 2.3 que ∂ induz um sistema via espac¸o de estados, o qual ter´a o comportamento representado por ¯BS, observamos que BS ⊆ ¯BS. Um caso t´ıpico onde ocorre a inclus˜ao estrita ´e o das Rq-sequˆencias cuja soma dos quadrados existe,l2(Z, Rq) (podendo ser escrita como o sistema (Z, Rq, 0, l2(Z, Rq)). Neste caso ¯B

S ´e igual a (Rq)Z, o que inclui l2(Z, Rq) como um subconjunto estrito. Este caso conduz a quest˜ao: Quando BS = ¯BS? Para um sistema dinˆamico Σ = (T, W,B) a complementac¸˜ao de seu comportamento ´e definida por

Bcompl:={w : T → W | w|[t0,t1]∈ B|[t0,t1]para todo − ∞ < t0 ≤ t1 <∞}.

(42)

Podendo ser demonstrado que Bcompl ´e o menor subconjunto de WT que ´e completo e cont´em B. Sendo uma consequˆencia direta que Bcompl ser´a invariante no tempo e/ou linear se B for. Estes conceitos definem os elementos necess´arios para a demonstrac¸˜ao do Teorema 4.

Teorema 4. [1] Seja ΣS = (Z, W, X,BS) um sistema representado via espac¸o de estados e ¯BS o

comportamento da lei de evoluc¸˜ao induzida por ele. Portanto, ¯BS = BcomplS . Tˆem-se como

con-sequˆencia que{BS = ¯BS} ⇔ {ΣS ´e completo}. Ou seja, um comportamento BS s´o ´e integralmente

representado por uma lei de evoluc¸˜ao se, e somente se, ele ´e completo.

Demonstrac¸˜ao: Como consequˆencia deΣS ser uma representac¸˜ao via espac¸o de estados, o com-portamento BS ´e Markoviano. Portanto, BcomplS possui mem´oria 1. Considerando os conceitos da Sec¸˜ao 2.2 e a Proposic¸˜ao 1, BScompl pode ser descrito por equac¸˜oes de comportamento com latˆencia de primeira ordem. Sejaf (x(t), w(t), x(t + 1), w(t + 1)) = 0, e f−1(0) =Bcompl

S |[0,1] =BS|[0,1] tal equac¸˜ao. Decorrendo do axioma de estado que{(x(t), w(t), x(t + 1)) ∈ ∂ e (x(t + 1), w(t + 1), x(t + 2)) ∈ ∂} ⇒ {(w(t), x(t)), (w(t + 1), x(t + 1)) ∈ BS|[0,1]}.

Segue o resultado final do fato que∂ ={(x0, w0, x1)|∃ w1tal quef (x0, w0, x1, w1) = 0}.  Seja ΣS = (R, W, X,BS) um sistema dinˆamico invariante e cont´ınuo no tempo, representado via espac¸o de estados, sendo X uma variedade diferenci´avel satisfazendo a implicac¸˜ao {(w, x) ∈ BS} ⇒ {x ´e absolutamente cont´ınuo}. A lei de evoluc¸˜ao induzida por ΣS ´e definida por ∂ := {((x, v), w) ∈ T X × W | ∃(w, x) ∈ BS tal que(x(0), ˙x(0)) = (x, v) e w(0) = w}. Com a definic¸˜ao de ¯BSsendo an´aloga `aquele do caso discreto, valendo tamb´em a relac¸˜aoBS ⊆ BScompl ⊆ ¯BS, contanto que condic¸˜oes relacionadas a continuidade tamb´em sejam satisfeitas, completando as de completude.

2.3.2

Lei de evoluc¸ ˜ao de um sistema determin´ıstico

Um sistema representado por um espac¸o de estadosΣS = (T, W, XBS) ´e dito determin´ıstico (com relac¸˜ao ao espac¸o de estados) se {(w1, x1), (w2, x2) ∈ BS, x1(0) = x2(0), t ∈ T , e w1|[0,t) = w2|[0,t)} ⇒ {x1(t) = x2(t)}. Ou seja, nos sistemas determin´ısticos trajet´orias de estados s´o podem bifurcar em decorrˆencia da bifurcac¸˜ao da trajet´oria externa.

Uma consequˆencia extensivamente aplicada no Cap´ıtulo 3 decorrente do conceito de determi-nismo restrito a sistemas descritos por leis de evoluc¸˜ao discretas no tempo, sendo esta a representac¸˜ao de ∂ pelo grafo de uma func¸˜ao parcial5 δ : X × W → X, significando que {(a, w, b) ∈ ∂} ⇔

{(a, w) ∈ Dom(δ) e b = δ(a, w)}. Podemos introduzir dois mapas f : X × W → X e c : X × W → R tal quec(x, w) = 0 define o dom´ınio de δ e f corresponde a ac¸˜ao de δ no seu dom´ınio. O que fica expl´ıcito neste caso, ´e que uma lei de evoluc¸˜ao discreta no tempo de um sistema determin´ıstico ´e

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