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1.1 O enunciado do Problema - Tese Concluida Parte II

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I – INTRODUÇÃO

“A presença de alunos que não se enquadram no “menu” existente na Escola pode

proporcionar um incentivo para explorar culturas mais colaborativas, nos quais os

professores se apoiam uns nos outros, experimentando novas respostas de ensino”

(Ainscow, 2007, pp.18).

Foi esta afirmação de Ainscow que teve na génese do trabalho de investigação e

desencadeou a elaboração da presente tese.

O estudo analisa as culturas, políticas e práticas inclusivas de dois contextos educativos.

Será um estudo de caso, de natureza analítica e comparativa de duas escolas regulares do 1.º

Ciclo do Ensino Básico, do concelho de Sintra, uma do sector privado e outra do público.

1.1 O enunciado do Problema

Esta investigação “não consiste em avaliar as competências de alguém, mas em

encontrar formas de apoiar o aperfeiçoamento da escola e dos profissionais” (Booth &

Ainscow, 2002, pp.18).

Para tal, foi importante escutar as perspectivas das Direcções Executivas, dos

Professores Titulares de Turma, dos pais/EE e dos alunos sobre as culturas, políticas e

práticas inclusivas das respectivas escolas.

A pergunta de partida para esta investigação é “Quais as culturas, políticas e práticas

inclusivas adoptadas nestas duas escolas?”

Esta pergunta de partida respeita os critérios de clareza, exequibilidade e pertinência.

(2)

1.2 Objectivos do Estudo

O Índex for Inclusion (Booth & Ainscow, 2002) foi o ponto de partida para a

formulação dos objectivos desta investigação.

O Índex “tem sido usado para estruturar aspectos específicos de investigação realizada

nas escolas, por professores ou por grupos criados para tal. Qualquer utilização é legítima

desde que promova a reflexão sobre a inclusão e conduza a uma maior participação dos

alunos na cultura, no currículo e na comunidade das suas escolas.” (Booth & Ainscow,

2002, pp.8).

O objectivo geral do estudo consiste em analisar e comparar as culturas, políticas e

práticas inclusivas das escolas.

Os objectivos específicos pretendem:

1. Caracterizar as escolas: identificação, aspectos físicos e materiais;

2. Caracterizar os recursos humanos: professores, auxiliares de acção educativa,

professores de ensino especial;

3. Caracterizar a população escolar: número de alunos, turmas, alunos com NEE,

alunos repetentes, problemas sociais;

4. Caracterizar o relacionamento com o meio, nomeadamente com os pais/EE e com a

comunidade local;

5. Caracterizar os documentos legais – Projecto Educativo de Escola e o Regulamento

Interno.

Serão analisados os documentos que regem as duas instituições assim como as opiniões

recolhidas nas entrevistas/questionários junto das comunidades educativas (responsáveis,

(3)

1.3 Desenho da Investigação

Tendo em consideração todos os objectivos da investigação, o presente estudo optará

pelo método qualitativo, descritivo e comparativo para aprofundar as questões relacionadas

com a cultura, política e prática inclusiva das duas escolas. Procurar-se-á entender realidades

particulares e descrever contextos, analisando as variáveis envolvidas e compreendendo

todos os processos dinâmicos inerentes ao grupo estudado.

O método da análise de conteúdo dos dados recolhidos permitirá “tirar partido de um

material dito «qualitativo» (…) que fornecem um material verbal rico e complexo” (Bardin,

2008, pp.89).

Recorremos a este método de análise das mensagens escritas “porque estas são mais

estáveis e constituem um material objectivo ao qual podemos voltar todas as vezes que

desejarmos” (Triviños, 1987, pp.160).

Assim os dados não serão apenas descritos, procurar-se-á reflectir e inferir sobre eles.

Conforme defendem os autores “os investigadores qualitativos não reduzem as muitas

páginas contendo narrativas e outros dados a símbolos numéricos. Tentam analisar os dados

em toda a sua riqueza, respeitando, tanto quanto o possível, a forma em que estes foram

(4)

1.4 Relevância do Estudo

Esta linha de investigação é pertinente, pois é indubitável a urgência de reformar a

educação, procurando “inovar práticas e modificar valores inerentes à escola pública

tradicional” (Rodrigues, 2008, pp.34).

Analisar as práticas desenvolvidas no ensino, tanto no sector público como no privado,

constitui uma mais-valia para enriquecer o conhecimento sobre a Educação em Portugal.

Sobretudo numa época onde continuamente se debatem os valores da Educação; o respeito

pela Diferença, procurando respostas adequadas para atender às especificidades de cada

criança.

Os resultados da investigação possibilitarão às escolas estudadas “assumir um grau de

controlo no seu próprio desenvolvimento, analisando o que fazem, determinando prioridades

(5)

II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1. Perspectiva Histórica sobre a Educação

1.1Escola Tradicional

No século XIX constituiu-se a escola universal (entendida neste âmbito como a escola

tradicional) para garantir a todos os cidadãos igualdade de oportunidades, “tentando

solucionar o problema que as diferenças económicas, sociais e culturais, disseminadas pelo

modelo da industrialização nascente, tinham tornado insustentável” (Rodrigues, 2001,

pp.16).

Neste modelo desenvolveram-se práticas e ideais que acentuaram ainda mais as

diferenças, pois a educação tinha unicamente um carácter selectivo.

O que se pretendia era oferecer a toda a população uma base cultural idêntica, com uma

formação semelhante, mas no final seleccionar os indivíduos mais competentes.

Neste modelo os alunos com determinadas necessidades educativas não eram

contemplados, porque fugiam à homogeneização que era pretendia. Para solucionar esta

questão criaram-se as escolas especiais, que agrupavam e categorizava as crianças de acordo

com as suas problemáticas.

A escola tradicional desenvolveu-se e tornou-se cada vez mais restritiva. Afastou crianças

e jovens diferentes, acreditando “no mito da homogeneidade dos alunos, organizando-se

para responder ao “aluno médio” e rejeitando (pela reprovação ou pelo abandono) os alunos

(6)

1.2 Escola Integrativa

Em Portugal, no decorrer da década 70, mais propriamente em 1976 com a criação das

escolas de ensino especial integrado, emergiu um modelo educativo mais integrador. De

“uma escola tradicional, onde a deficiência era identificada, rotulada e excluída para as

instituições ou escolas especiais, passou-se para uma escola que procurou responder à

diferença, trazendo-a para dentro dos muros da escola” (Rodrigues, Ferreira, Trindade,

Rodrigues, Côloa, Nogueira, Magalhães, 2007, pp. 21).

A escola integrativa teve um crescimento acentuado em Portugal e um longo percurso

legislativo.

Várias opiniões influenciaram este modelo, conforme defende Rodrigues (2001, pp. 17),

nomeadamente:

• A convicção de uma “educação no meio menos restrito possível” (Lilly 1970),

chamando todos os alunos à escola regular, uma convicção amparada legalmente nos

Estados Unidos;

• A perspectiva “não categorial” (Smith e Neisworth, 1975), que desvalorizava as

categorias atribuídas aos alunos;

• O conceito de “normalização” (Nirjke, 1978), que proporcionava aos alunos com

NEE as condições para uma actividade e participação em pleno na escola;

• A concepção dos apoios (Warnock, 1978), centrados sobretudo na análise do

currículo e não somente nas características ou “problemáticas” dos alunos com NEE.

Correia (2008, pp.14) corrobora esta ideia mas sublinha o papel decisivo do

envolvimento parental no desenvolvimento da escola integrativa. Afirma que o modelo

(7)

• “Introduziu o conceito de “necessidades educativas especiais”, baseado em critérios

pedagógicos, propondo, assim, a descategorização, tal como ela era concebida, até

então, sedimentando-se no défice do aluno;

• Privilegiou a máxima integração do aluno com NEE na escola regular;

• Responsabilizou a escola pela procura de respostas educativas eficazes;

• Reforçou o papel dos pais na educação dos seus filhos, determinando direitos e

deveres que lhe são conferidos para esse fim.”

As primeiras experiências integrativas foram feitas com alunos com deficiências de

carácter motor e sensorial, que recebiam o apoio de equipas especializadas (psicólogos,

professores de apoios, etc.). Estas equipas criaram-se para acompanhar os alunos nesta

adaptação e na integração ao meio escolar. No entanto, a aproximação das crianças com

NEE à escola era sobretudo de cariz social e a integração académica surgia somente para as

problemáticas consideradas ligeiras.

Em 1986 “com a publicação da Lei de Bases do Sistema Educativo (LBSE), começa-se a

assistir a transformações algo profundas na concepção da educação integrada” (Correia,

2008, pp. 14). Desta forma, “os pais dos alunos com NEE severas e o reconhecimento

público de que a Escola não estava desempenhar o seu papel ao não providenciar respostas

educativas para todos os alunos forçaram a reestruturação do sistema educativo” (Correia,

2008, pp. 15).

Com a publicação do Decreto-Lei nº 319/91 reafirmou-se a ideia da educação como

gratuita, obrigatória e de qualidade para todos alunos. Definiu-se ainda uma rede de

(8)

Como resultado deste longo percurso, “em 1997, 75% dos alunos com dificuldades

estavam enquadrados na escola regular” (Rodrigues, 2001, pp.18).

Apesar dos avanços que o movimento integrativo proporcionou à Educação, muitas

críticas lhe foram feitas. Acusaram-no, como cita Rodrigues (2001) de “daltonismo cultural”

(Cortesão e Stoer, 1996), acentuou ainda mais as diferenças entre os alunos com e sem NEE

e não providenciou os apoios necessários. Por exemplo, os alunos sem NEE, que

apresentavam dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais ou outras

problemáticas, e que necessitavam naturalmente de respostas educativas, “permaneceram

esquecidos e muitas vezes marginalizados” (Rodrigues, 2001, pp.18).

A integração era entendida como um bónus. A intervenção orientava-se para o aluno,

para as suas áreas mais frágeis e não para as diferenças que existiam numa sala de aula.

Surgem então convicções de que não bastava integrar, era necessário algo mais, um

esforço colectivo e social, uma reforma global da Educação, que permitisse “actuar na área

curricular, na organização académica da escola, nos métodos de ensino, no desenvolvimento

profissional dos técnicos, no envolvimento dos pais e na aquisição e utilização de recursos”

(Hegarty, S in Rodrigues, 2001, pp.82).

A insuficiência da escola integrativa, como refere Rodrigues (2001, pp.18), podia ser

explicada por “se ter preocupado exaustivamente com o apoio (com a intervenção no aluno)

e não ter cuidado a intervenção sobre o sistema escolar”.

1.3 Escola Inclusiva: Um Novo Paradigma

“A proclamação da Declaração de Salamanca (Unesco, 1994) é uma verdadeira “magna

carta” de mudança de paradigma da escola integrativa para a educação inclusiva”

(9)

Os delegados à Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais

reafirmaram:

“O direito à educação de todos os indivíduos (…) assegurando esse direito

independentemente das diferenças individuais, relembrando as diversas declarações

das Nações Unidas (…), notando com satisfação o envolvimento crescente dos

governos, dos grupos de pressão, dos grupos comunitários e, em particular das

organizações de pessoas com deficiência, na procura da promoção do acesso à

educação para a maioria dos que apresentam necessidades especiais e que ainda não

foram por ela abrangidos; e reconhecendo, como prova deste envolvimento, a

participação activa dos representantes de alto nível de numerosos governos, agências

especializadas e de organizações intergovernamentais nesta Conferência Mundial.”

(Declaração de Salamanca, 1994, pp.7).

A inclusão centrou-se sobretudo na concepção educacional, no currículo, tal como já

havia sucedido com conceito e modelo de apoio subjacente às NEE, avançado pelo relatório

de Warnock em 1978 (Rodrigues, 2001). A inclusão focalizou-se também nos processos de

aprendizagem e valorizou o meio envolvente dos indivíduos, reconhecendo-o como um

factor estruturante e decisivo para gerar mudanças positivas.

A educação para todos, e não somente para alguns, fez despoletar a Inclusão. Uma

educação que aposta na diversidade, reconhecendo estilos diferentes de aprendizagem e

diversos padrões cognitivos. Valoriza os interesses e as histórias de vida de cada criança.

A educação inclusiva (EI) é dirigida “a cada um (no sentido de responder capazmente às

(10)

Este novo paradigma implica mudanças radicais e complexas no Sistema de Ensino

Português. Por esta razão, como menciona Rodrigues (2008, pp.35) “alguns países

delimitaram as populações com NEE, em “categorias de deficiência”, para dotar as escolas

dos recursos humanos e técnicos mais adequados”. Uma política controversa porque as

“pessoas com uma mesma condição de deficiência podem ter necessidades educativas

completamente diferentes, podem necessitar de apoios, estratégias, objectivos e serviços

distintos” (Rodrigues, 2008, pp.36).

Como argumenta Correia (2008), a inclusão deve atender às especificidades do indivíduo

e responder de forma ajustada a cada um, assumindo de forma positiva a heterogeneidade

entre alunos. Para este autor, a inclusão pode ser definida como “a inserção do aluno com

NEE na classe regular onde, sempre que possível, deve receber todos os serviços educativos

adequados, contando-se, para esse fim, com um apoio adequado (técnicos, pais, etc.) às suas

características e necessidades (Correia, 1994 in Correia 2003, pp.16). Estes apoios devem

preocupar-se com o futuro da criança/jovem e planear modelos eficazes para a inserção dos

alunos nas actividades comunitárias.

O modelo de apoio prestado aos alunos com NEE sofreu algumas alterações nas últimas

décadas.

Inicialmente as crianças com NEE eram retiradas da sala de aula e recebiam este apoio

com técnicos especializados, centrando a intervenção nas fragilidades ou nas incapacidades

do indivíduo. Mais tarde, e com o movimento da escola integrativa, protegeu-se o meio

envolvente do aluno, não o retirando da sala de aula. A intervenção centrava-se

essencialmente no professor, nas suas práticas educativas e nas parcerias estabelecidas com

outros técnicos. Desta forma, aperfeiçoava-se o desempenho do docente na procura de

(11)

Nas escolas inclusivas o aluno com NEE é reconhecido como um todo “e como o centro

de atenção por parte da Escola, da Família e da Comunidade” (Correia, 2008, pp.9). Todos

são co-responsáveis pela procura de soluções ajustadas e acertadas para cada criança/jovem

da comunidade escolar. Também o Estado deve assegurar um sistema inclusivo eficaz.

1.4. Enquadramento Legal e Avaliação

Em termos legais, publicou-se o Decreto de Lei nº 3/2008 de 7 Janeiro, reafirmando a

necessidade de integrar os alunos com NEE nas escolas regulares, sobretudo nas zonas de

residência, tanto para a rede pública como privada, definindo as medidas educativas e os

apoios necessários.

A avaliação dos alunos segue um criterioso processo (Referenciação, Checklist, Relatório

Técnico - Pedagógico, PEI, Relatório Circunstancial de final de ano), utilizando uma

linguagem comum e universal: Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) para se

definir o perfil de funcionalidade de cada criança.

Este processo avaliativo, efectuado em equipas multidisciplinares, tem como objectivo a

concepção de projectos educativos com respostas eficazes.

O professor tem um papel decisivo nesta avaliação. Analisa o aluno em “termos

comportamentais e de realização, e de interpretar os dados recolhidos, por si e pelos outros,

convertendo-os em actividades diárias que vão de encontro às necessidades da mesma

criança” (Correia, 1997, pp.73).

Algumas críticas foram apontadas ao ME sobre este Decreto-Lei (Correia, 2008).

Acusaram-no de ter sido pensado com fins políticos e financeiros, subestimando o debate

(12)

especiais dos alunos surdos, cegos, com autismo e com multideficiência” (Correia, 2008,

pp.73). Mais uma vez, esquecendo tantos alunos com NEE, como por exemplo os alunos

com Dificuldade Intelectual e Desenvolvimental, Dificuldades de Aprendizagem

Específicas, PHDA, entre outros.

Perante este cenário é fundamental rever e compreender o conceito de “necessidades

educativas especiais”. As NEE contemplam alunos com “problemas sensoriais, físicos e de

saúde, intelectuais e emocionais e, também, com dificuldades de aprendizagem específica

(factores processológicos/processamento de informação) derivados de factores orgânicos ou

ambientais” (Correia, 2008, pp.22-23).

Torna-se urgente repensar este enquadramento legal, procurando uma resposta eficaz para

todos. Para além disso, existem questões ainda por resolver, nomeadamente:

• Validar e traduzir a CIF-CJ, adequando a Classificação Internacional de

Funcionalidade às crianças e jovens. Neste ponto, Rodrigues (2008, pp.36) alerta que

a CIF “é uma excelente ferramenta para identificar a população com deficiência, mas

revela-se insuficiente para a identificação profunda e precisa das necessidades

educacionais que devem ser consideradas no programa educativo.”

• A checklist como instrumento de recolha de informação tem por base um rating

scale. Rodrigues (2007, pp.5) refere que não será “um instrumento fiável para fazer

esta identificação de forma adequada (ref. Audiência na Assembleia da República de

16 de Julho 2007 sobre “Intervenção Precoce”), uma vez que deveria ser concebida

com base em critérios pedagógicos. Como refere Correia (2008, pp.75), “o mesmo

aluno avaliado em dois locais diferentes, teve duas interpretações diferentes”.

Quanto à avaliação dos alunos, Correia (2008) realça a importância de uma análise

preliminar da criança/jovem antes de ser encaminhada para as NEE ou para o serviço de

(13)

aprendizagem, poderá utilizar diversos métodos informais (grelhas de observação,

inventários de comportamentos, análise de tarefas, entre outros) para recolher informações

sobre a área académica e social desse aluno. Nesta fase, deverá ainda reflectir sobre as

mudanças pedagógicas a serem implementadas, as estratégias de ensino e as adaptações

curriculares, de modo a vencer as dificuldades observadas.

O envolvimento dos pais, através de uma entrevista com o professor, é mais um elemento

decisivo na recolha de informação sobre a história de vida da criança. Todos estes passos

permitem “minorar ou até suprimir os problemas de muitas crianças que, de outra forma,

seriam objecto de encaminhamento para os serviços de educação especial, com toda a carga

que tal mudança poderia significar” (Correia, 1997, pp.87).

Num segundo momento, em que o aluno é encaminhado para NEE, far-se-á uma

avaliação compreensiva, com a participação activa de uma equipa multidisciplinar. Esta

consiste numa “observação directa da criança nos seus ambientes naturais, a avaliação dos

seus desempenhos académicos e sociais através do uso de instrumentos e técnicas formais e

informais, com base na observação efectuada e a elaboração de uma Programa Educativo

Individual (PEI), (Correia, 1993 in Correia, 2008, pp.75).

A equipa multidisciplinar deverá constituir-se de acordo com as necessidades específicas

do aluno, podem participar nela elementos dos serviços de educacionais, psicológicos,

terapêuticos, sociais ou clínicos (Correia, 2008). É fundamental que cada escola analise os

recursos, tantos humanos como materiais, que possuiu e identifique quais é que pode utilizar

e quais necessita de requerer, envolvendo sempre que possível a comunidade próxima da

(14)

1.5. Os benefícios da Inclusão e as Mudanças Necessárias

Tal como sintetiza Rodrigues (2001, pp. 19), na “escola tradicional a diferença é

proscrita para a escola especial. A escola integrativa procura responder à diferença desde

que ela seja uma deficiência no sentido tradicional. A escola inclusiva procura responder, de

forma apropriada e com alta qualidade, à diferença em todas as formas que ela possa

assumir”.

A escola inclusiva é alvo de diversas polémicas. Rodrigues (2001) refere quem há afirme

que ela é utópica e inatingível, criticando-a por ser demasiado permissiva e pouco selectiva.

Os alunos com NEE são sobretudo “credores de uma escola mais eficaz e mais aberta que

vai beneficiar largos extractos de alunos que de outra forma estariam excluídos do sucesso”

(Rodrigues, 2001, pp.21).

Os benefícios da inclusão são múltiplos, favorecem todos os elementos que participam

no dia-a-dia de uma escola.

Aos alunos permite-lhes desenvolver atitudes positivas, aprendem a “ser sensíveis, a

compreender, a respeitar e a crescer confortavelmente com as diferenças e semelhanças

individuais entre os seus pares” (Karagiannis, Stainback & Stainback, 1999, pp.23). Permite

também ganhos nas habilidades académicas e sociais e prepara-os para a vida em

comunidade, evitando os efeitos prejudiciais da exclusão e da segregação. A escola é o palco

perfeito para os alunos aprenderem e aperfeiçoarem as trocas sociais entre todos os

indivíduos de uma sociedade.

Mas a inclusão também traz benefícios para os professores, dando-lhes oportunidade

para colaborar uns com os outros. Nesta cooperação os “professores melhoram as suas

habilidades com efeitos visíveis sobre a aprendizagem dos alunos” (Karagiannis, Stainback

& Stainback, 1999, pp.26). Para conseguirem esta resposta educativa ampla, é essencial que

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“porto de abrigo”, um grupo de pessoas “que se reúne para debater, resolver problemas e

trocar ideias, métodos, técnicas e actividades para ajudar os professores e/ou alunos a

conseguirem o apoio de que necessitam para serem bem-sucedidos em seus papéis”

(Schaffner & Buswell, 1999, pp.74) Desta forma, reflectem em conjunto, sentindo-se

apoiados e mais confiantes nas suas habilidades profissionais.

Também a sociedade é privilegiada pela inclusão. Longe está em tempo em que a

segregação era aceite. Hoje na sociedade de informação, com o desenvolvimento do mundo

tecnológico, os erros do passado ajudam-nos a delinear novos caminhos, mais estreitos e

sinuosos, mas mais verdadeiros. A igualdade de oportunidades, a aceitação da diferença e o

reconhecimento dos direitos humanos, são três premissas básicas nesta nova era social. “Se

queremos apoio e igualdade para todas as pessoas, a segregação nas escolas não pode ser

justificada” (Karagiannis, Stainback & Stainback, 1999, pp.29).

Perante tamanhos benefícios, a inclusão obrigou as escolas a transformações profundas

em todo o Sistema Educativo, a definirem novas culturas, políticas e práticas, mais centradas

na dinâmica de escola como um todo, e não apenas no aluno ou na criança com deficiência.

O próprio termo “deficiência” mudou para o conceito de “diversidade”, para evitar a

estigmatização e valorizar a diferença.

Uma educação focada “na aprendizagem, no currículo comum, nas interacções de grupo,

no desenvolvimento de métodos activos e com recurso às TIC e na implementação de

modelos de diferenciação pedagógica para todos os alunos” (Pró - Inclusão, 2009).

Na escola inclusiva as dificuldades, muitas vezes designadas como limitações, são

entendidas como possibilidades para o progresso, oportunidades de aprendizagem para um

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no contexto natural de aprendizagem, isto é, na sala de aula, proporcionando modelos de

ensino diferenciado, identificando e removendo as barreiras que impedem a actividade e

participação de todos os alunos.

Quando não se entende esta concepção da educação corre-se o risco de segregar ainda

mais os alunos. Incluir não é somente integrar os alunos com NEE e responsabilizar o

professor pela adopção de metodologias diversas, que garantam o sucesso a todos os alunos.

A inclusão deve ser entendida num sentido mais lato, uma vez que exige uma mudança

radical da sociedade em geral e da escola, “que devem estar preparadas para dar resposta a

essa heterogeneidade, tendo por base a multiplicidade de serviços e de apoios adequados a

essas mesmas capacidades e necessidades” (Correia, 2008, pp.9).

“O desenvolvimento bem-sucedido de programas de educação com qualidade e, portanto,

inclusivos passa incontornavelmente pela capacidade do professor operacionalizar processos

de diferenciação” (Morgado, 2003, pp.79).

1.6. Os dilemas da Inclusão

Os dilemas da inclusão foram investigados por Norwich (1993), como defende Marchesi

(2001, pp. 95). Se por um lado se pretende proporcionar as mesmas oportunidades de

aprendizagem, através de um currículo aberto e acessível a todos os alunos, por outro, este

currículo precisa de ser analisado, mediante adaptações curriculares.

Também a identificação/avaliação dos alunos com NEE é inquietante. Se por um lado

assume um papel decisivo na selecção dos apoios/recursos para responder aos alunos e

garantir o sucesso escolar, por outro coloca uma carga negativa, excluindo e rotulando os

(17)

A resposta para estes dilemas centra-se, mais uma vez, ao nível global da escola, onde o

professor de sala é o recurso principal. Para tal, precisa de ser bem apoiado por outros

técnicos e beneficiar de uma formação adequada e enriquecedora. Muitos dos programas e

práticas que mostram baixos níveis de eficácia devem-se a formações insuficientes dos

professores (Morgado, 2009, Mesquita & Rodrigues, 1994).

A EI fomenta o diálogo entre os membros e permite perceber melhor os desafios

colocados pelos alunos. A planificação que é feita em cooperação também se demonstra

mais eficaz. Os apoios facultados não estão centrados no trabalho individual e

“compensatório”, mas sim na articulação do professor titular de turma com outros técnicos.

Esta articulação voluntariosa e espontânea (Correias, 2008, Morgado 2004) permite-lhes

superar muitas dos problemas/barreiras.

A EI exige “uma maior reflexão sobre como pode ser enriquecido o currículo, como

adaptar o ensino à diversidade dos alunos e como favorecer uma aprendizagem cooperativa”

(Marchesi, 2001, pp. 100).

Relativamente à formação dos docentes vale a pena referir um estudo desenvolvido por

Trindade e Rodrigues (2006), onde foram inquiridos professores do 1.º Ciclo Ensino Básico

(CEB); especializados (DAEE) e não especializados (DAENE), que desempenhavam

funções de docentes de Apoio Educativo. Constatou-se que todos eles, ao nível da formação

inicial, não tinham tido nenhuma aprendizagem relacionada com as NEE´S. O contacto com

esta área surgiu somente ao nível da formação continua.

Este estudo, tal como outros (Mesquita & Rodrigues, 1994), alerta para a importância de

uma formação organizada e estruturada. Formações em contexto (Correia, 2008), de

(18)

políticas e práticas da escola. Uma “tarefa” difícil, como se verificou no estudo das

percepções dos professores do 1º CEB e educadores de infância sobre os valores inclusivos e

suas práticas (Almeida & Rodrigues, 2006). Ainda há uma inconsistência nos valores e nas

práticas inclusivas, reconhecendo-se “intenções sobre eventuais práticas desejadas mas não

implementadas” (Almeida & Rodrigues, 2006, pp. 41). Em certas escolas ainda predomina

um ensino marcadamente tradicionalista onde a diferença e participação de todos nem

sempre induz práticas inclusivas.

Esta mudança assenta também num ideal político. Nem sempre se reconhece a educação

como um direito humano e frequentemente se desvaloriza o papel do professor. É

fundamental que os apoios financeiros do Estado possibilitem aos doentes uma formação

profissional contínua, a fim de dotar o corpo profissional de conhecimentos e de segurança

para responder às dúvidas do quotidiano. As comunidades escolares tornam-se cooperantes,

aprendentes e mais autónomas, mudando atitudes e desmistificando crenças, criando-se

novas oportunidades para uma vida social activa e digna.

Uma mudança urgente e rápida, pois os estudos verificam que a visão progressiva,

passo-a-passo “pode atrasar a aceitação e dar aos que se opõem à mudança mais tempo para

organizarem-se” (Noblit & Johnson, 1982 in Schaffner, & Buswell., 1999). A única forma

de mudar atitudes é fomentando nos indivíduos a mudança de comportamentos.

Reforçamos a ideia, de que o movimento inclusivo obriga ao olhar atento para um

financiamento correcto, que não seja limitativo, com apoios centrais e estáveis, beneficiando

todos os alunos e não somente alguns. Esta estabilidade foi corroborada no estudo sobre as

percepções dos docentes (Ferreira e Rodrigues, 2006), que identificou como barreiras à

cultura inclusiva a mobilidade dos docentes. Esta inconstância impossibilitava uma coesão

grupal e o desenvolvimento de um trabalho continuado. Também a falta de recursos

(19)

outro entrave. Verificou-se também que havia uma insuficiente formação de base nos

professores, que era assente em “filosofias académicas que, ainda hoje, não contemplam

sensibilidades e preocupação pedagógicas que os novos tempos exigem” (Ferreira e

Rodrigues, 2006, pp.67).

O grande desafio é estender a inclusão a “um maior número de escolas e comunidades, e

ao mesmo tempo, ter em mente que o principal propósito é facilitar e ajudar a aprendizagem

e o ajustamento de todos os alunos, os cidadãos do futuro” (Stainback & Stainback, 1999,

pp.31).

Como conclusão é “importante relembrar que os países europeus que mais têm avançado

em inclusão dispõem de percentagens de alunos com deficiência na escola regular que

ultrapassa os 95%” (Rodrigues, 2008, pp. 39). Para tal, há que apostar na “qualificação

profissional inicial e contínua, melhoria de condições laborais, mais recursos para as escolas,

melhoria de condições do seu funcionamento” (Rodrigues, 2008, pp.40).

1.7. Escola Inclusiva/Qualidade na Educação

Na EI a atenção à individualidade e à diversidade, presente na comunidade educativa,

promove um ambiente de contenção e de satisfação, prevenindo comportamentos desviantes

nos alunos.

Os princípios gerais para a construção de uma escola inclusiva foram defendidos por

Correia (2003), sendo eles:

Sentido de comunidade: uma filosofia de pertença de todos os elementos que a

constituem, com uma visão coesa sobre a educação, onde professores aprendem uns com os

outros. O conselho executivo partilha ideias e inquietações e os pais são membros activos.

(20)

providenciando formação e recursos necessários, concedendo tempo para os professores

debaterem ideias e reflectirem sobre intervenções eficazes para atender à diversidade na sala

de aula.

Colaboração e cooperação: a escola é promotora de valores de entreajuda e respeito,

proporcionando um ambiente empático e facilitador de aprendizagens. Um envolvimento

assente num relacionamento saudável entre todos; alunos, profissionais e pais.

Serviços e flexibilidade curricular: facultar os apoios necessários e considerar currículos

flexíveis, apostando em diversas medidas educativas; apoio pedagógico personalizado,

adaptações curriculares, adequações de avaliação e tecnologias de informação e

comunicação.

Formação: vários autores têm ressaltado a importância da formação inicial incluir os

aspectos relacionados com a intervenção educativa aos alunos com NEE (Mesquita e

Rodrigues, 1994). No entanto, é necessário também que os profissionais adquiram e

aperfeiçoem a sua formação profissional, dotando-se de competências que lhes permitam

sentirem-se mais confiantes e proactivos no processo de ensino-aprendizagem. Todos os

técnicos de uma instituição têm de aprender a trabalhar numa escola inclusiva (Rodrigues,

2008).

Apoios educativos: constituídos pelos professores de apoio e pelos auxiliares de acção

educativa, definem um “conjunto de intervenções prescritas pelas planificações,

destinando-se a munir o aluno com NEE com um rol de competências que possam contribuir para a sua

inserção futura na sociedade, automatizando-o e responsabilizando-o” (Correia, 2003,

pp.36).

Serviços de Educação Especial: uma equipa multidisciplinar que colaborativamente

responda às necessidades de cada aluno, com um papel activo e colaborativo com os

(21)

pedagogias diferenciadas e gestão curricular.

Analisando todos estes princípios concluímos que a presença de instituições escolares

inclusivas pressupõe modelos de ensino eficazes e uma formação cívica que combate as

eternas questões de exclusão escolar e social.

Seguindo esta linha de pensamento, Morgado (2004, pp.18) fala-nos do conceito de

Qualidade na Educação. Identifica nove factores essenciais à eficácia e qualidade no

desempenho do professor:

1. “Liderança reconhecida ao nível da escola e da sala de aula;

2. Dispositivos eficazes de ensino:

3. Preocupação com a aquisição pelos alunos de competências de autonomia e

estratégias metacognitivas;

4. Clima e cultura de escola orientado para uma perspectiva de funcionalidade e

produtividade.

5. Expectativas elevadas face ao desempenho dos alunos;

6. Apoio ao desenvolvimento profissional dos professores;

7. Iniciativas e dispositivos consistentes para promover o envolvimento parental;

8. Outros aspectos: Atenção à multiculturalidade; Formação pessoal e dos alunos;

Equidade nas práticas dirigidas aos alunos.”

Para tal, a cultura da escola, aqui entendida como “sistema de crenças e convicções

que os professores e a comunidade educativa em termos mais latos possuem relativamente

aos processos de ensino e educação, à aprendizagem dos alunos e aos modelos de

(22)

Morgado (2004, pp.23-24) identifica dimensões para uma cultura de escola inclusiva e

portanto de qualidade:

1. Liderança dos órgãos máximos da escola, desempenhando o seu papel de forma

motivada, emanando as linhas orientadoras da escola e tomando decisões em

consonância com o Projecto Educativo de Escola. É essencial que as escolas sintam

que têm os meios para vencer os obstáculos com que se deparam diariamente e que,

através dos seus Projectos Educativos, possam avaliar e tomar decisões adequadas à

sua realidade escolar. Escolas com boas práticas, estruturadas de acordo com o seu

meio envolvente; pais, alunos, professores e a comunidade em geral. Práticas

circunscritas às suas próprias especificidades e que não devem, por tal facto, ser

implementadas noutros contextos escolares, porque cada caso é um caso.

2. Planificação tendo por base a definição de objectivos institucionais. Definem-se

mediante um processo colaborativo da comunidade e segundo um quadro referencial

de valores. As escolas devem ter uma comunicação fluida, com uma linguagem

comum, pondo fim às expressões “eu acho que…” ou “eu penso que…”. A Educação

é uma ciência, que também ela, não pode viver de subjectividades mas sim do

conhecimento sustentado dos seus representantes.

3. Cooperação uma dimensão essencial, onde alunos e professores adoptam um espírito

colaborativo. Ninguém pode trabalhar de forma isolada, porque é na partilha das

dúvidas, inquietações e de conhecimentos, que reside o valor da Educação. A

capacidade de trabalho em equipa contribui para perfis mais assertivos e empáticos

no relacionamento interpessoal, pilares essenciais para a integração na sociedade em

que vivemos.

4. Investigação – Acção a fim de potenciar no professor uma motivação para

(23)

aprendizagens.

5. Valorização profissional da equipa, reconhecendo e desenvolvendo as competências

dos professores. Importa referir que o docente deverá sentir-se forte na relação com

os alunos. Como agente de aculturação, terá de encarar as dificuldades de

comunicação e de aprendizagem em sala de aula como oportunidades de crescimento

profissional.

A formação profissional dos professores é ainda decisiva no processo de observação,

avaliação e intervenção. Considera-se fundamental a revisão dos modelos de

formação inicial dos professores, dotando-os de mais informações/conhecimentos

sobre a intervenção educativa com crianças com NEE. É sabido que “a fragilidade

das suas competências provocará insegurança e, simultaneamente, desenvolverá nos

professores de ensino regular uma atitude de reserva e baixa expectativa” (Morgado,

2003, pp. 83)

Quanto ao conceito de Diferenciação ele pode ser enquadrado na Qualidade na Educação,

como resposta às necessidades individuais de cada aluno (Morgado, 2004).

A diversidade de alunos exige que os docentes sejam capazes de diferenciar

metodologias, sempre com expectativas elevadas de sucesso, promovendo autonomia e

auto-reflexão nos alunos. O clima positivo em sala, onde o “erro pode ser visto como positivo,

isto é, como a resposta que o indivíduo encontrou face ao entendimento e nível de

desempenho que tem numa dada situação” (Rodrigues, 2001, pp.27) promove uma

comunicação aberta e fluida entre alunos e professores. Este diálogo clarifica as normas de

(24)

aprendizagens dos alunos e a concretização das mesmas por parte das escolas” (Morgado,

2004, pp.57). Deve ser único, pois se fossem aceites currículos diferentes para os alunos

com NEE, então também seria razoável ter diversos currículos para os restantes alunos,

porque todos eles sentem dificuldades no seu percurso escolar, em dados momentos ou

certas disciplinas.

O currículo deve ser aberto, isto é, trabalhado à medida das necessidades de cada aluno e

com a convicção de que todos eles podem realizar progressos nos seus percursos educativos

(Morgado, 2003).

Tal como defende Rodrigues (2001, pp.30), o desenvolvimento curricular “situacional”

“determina objectivos a curto prazo e em função de uma avaliação prévia das capacidades

actuais e do potencial do aprendiz”. Esta análise da gestão curricular possibilita o

ajustamento e a alteração dos objectivos definidos para o aluno, regulando o nível de

“qualidade, compreensão e funcionalidade das aprendizagens” (Morgado, 2004, pp.59).

Sendo assim e corroborando Morgado (2004, pp.59) existe “um consenso em torno da

ideia de que deverá existir uma estrutura curricular única, definida de forma flexível e aberta

e cuja gestão diferenciada permita o acolhimento da diversidade presente em todos os

grupos de alunos”.

O modelo de gestão de diferenciação na sala de aula proposto por Morgado (2004)

depende de seis pontos cruciais:

1. Planeamento

Planear o trabalho de acordo com as NEE de cada aluno e do grupo, estabelecendo

claramente e coerentemente os objectivos, sempre em articulação com os conteúdos

curriculares. O professor deverá reflectir sobre as metodologias mais eficazes e avaliar as

suas práticas, a fim de regular actuações pedagógicas de qualidade. O currículo terá de

(25)

funcionalidade dessas aprendizagens deve ser clara, tendo em consideração o vasto universo

cultural das crianças e jovens.

2. A organização do trabalho dos alunos

Na organização do trabalho dos alunos, os professores têm de considerar formas

diferentes de aprendizagem, com ritmos e motivações distintas, com períodos de trabalho

individual e de cooperação. Momentos de trabalho em grupo, que aumentam a auto-estima e

as competências sociais, com claros benefícios em termos cognitivos, sociais e afectivos.

Mas também tempos de trabalho individual, para que os alunos possam ser avaliados e desta

forma regular a sua aprendizagem, sempre com o apoio individual do professor.

Importa referir que a organização da sala de aula não deve ser estática, terá de ser pensada

consoante as actividades planeadas pelo professor, com trabalhos em grupo e trabalhos

individuais. Não se pode pensar que todos os alunos têm de “encaixar-se” nos lugares que

lhes são designados.

3. Avaliação e regulação

Este processo de dimensão formativa permite regular e certificar. Para tal, é importante

que sejam definidos claramente os seus objectivos, deixando de lado valores ou ideais de

cada professor que contaminam este processo. Assim “mais fácil se tornará encontrar os

dispositivos mais adequados, logo mais eficazes e também mais económicos, por bem

direccionados e menos dispersos” (Morgado, 2004, pp.82).

Na avaliação há que pensar nos impactos que ela terá no universo de cada aluno. O

professor poderá criar distintos momentos de avaliação de forma a compreender, no decorrer

do ano lectivo com notas normativas e de progressão, o progresso alcançado por cada aluno,

(26)

atender à diversidade. Tarefas propostas de acordo com diferentes níveis de competência

para que se garantir o sucesso. Devem ser actividades activas e estimulantes, que envolvam

os alunos, num desafio metacognitivo, respeitando os ritmos diferentes de aprendizagem.

Desta forma, desenvolve-se a capacidade de indagar, resolver os problemas, comunicar,

partilhar e colaborar. Esta diferenciação exige ao professor altos níveis de criatividade e

improviso, com um domínio claro das técnicas/estratégias a aplicar em sala de aula.

5. Os materiais e recursos à aprendizagem

Os materiais e recursos à aprendizagem devem ser diversificados e motivantes,

estimulando os alunos pela busca do conhecimento. Também o espaço não deve ser estático,

poderá permitir a mobilização dos alunos e o fácil acesso aos materiais disponíveis. A

selecção dos materiais necessários em sala de aula terá de considerar obrigatoriamente os

objectivos definidos pelo professor.

6. Clima Social

Um clima social positivo caracteriza-se pelas relações entre professor/aluno com trocas

afectivas securizantes, onde cada um destes elementos é aceite e respeitado. Para tal, é

importante que as expectativas sejam elevadas entre alunos e professores e que exista uma

comunicação fluida e eficaz, utilizando o elogio e o reforço como pedras basilares ao

sucesso educativo.

2. Modelo de Escola Inclusiva – Índex for Inclusion

O Índex for Inclusion é um recurso que oferece às escolas uma oportunidade para se

analisarem, auto-avaliarem em diversos domínios e proporem mudanças que visem os

valores inclusivos, num “improvement optimist” (Ainscow, 2002). Fomenta a comunicação

e a colaboração na resolução dos problemas entre membros da comunidade educativa

(27)

Este instrumento não se foca apenas nas crianças que apresentam necessidades

educativas especiais, tem um olhar mais abrangente, centra-se na educação de todas as

crianças e jovens inseridas numa instituição educativa.

O Índex foi elaborado, ao longo de três anos, por uma equipa multidisciplinar experiente,

envolvendo profissionais, pais, alunos, elementos da comunidade e representantes de

organizações de pessoas com deficiência. Foi traduzido em mais de 26 línguas, sendo

utilizado com diversos fins, não só para projectos de desenvolvimento das escolas mas

também em investigações.

“Qualquer utilização é legítima desde que promova a reflexão sobre a inclusão e

conduza a uma maior participação dos alunos na cultura, no currículo e na comunidade das

suas escolas”(Booth e Ainscow, 2002, pp. 8).

O Índex é composto por quatro elementos:

1. Conceitos chave

2. Estrutura da avaliação: dimensões e secções

3. Materiais de avaliação: indicadores e perguntas

4. Um processo inclusivo

2.1 Conceitos Chave

Relativamente aos conceitos chave deste instrumento importa analisar atentamente cada

um deles.

O primeiro conceito é a Inclusão, um termo alvo de diversas interpretações. Entendido

como um processo contínuo, envolve todos os membros da escola e da comunidade a fim de

(28)

é reconhecido, num quadro de valores social, onde a exclusão não tem lugar nem se

perpetuam desigualdades.

Este conceito tem implícito a reestruturação das políticas, culturas e práticas da escola,

para se atender à diversidade de alunos, promovendo o sucesso escolar de todos.

O segundo conceito chave reconhecido é o termo barreiras à aprendizagem e

participação, um conceito alternativo às “necessidade educativas especiais”. Esta mudança

de linguagem é essencial, porque deixa para trás a concepção de que só as crianças com

limitações (necessidades) têm dificuldades educativas. Considera que há tantas outras que

também podem experimentar essas mesmas dificuldades ao longo do seu percurso

educativo. Nesta óptica o problema não é colocado no sujeito mas sim na dinâmica escolar.

As barreiras à aprendizagem e participação são compreendidas de uma forma mais

abrangente, exigem a identificação dos factores, que dentro da escola, impedem o progresso

na aprendizagem. Para tal, analisa o meio envolvente do aluno, procura as barreiras que

condicionam a actividade e a participação e propõe alternativas para as minimizar.

O terceiro conceito analisado no Índex é o apoio à diversidade, isto é, o apoio e as

respostas dadas pela escola para ajudar todas as crianças e não somente algumas. Um apoio

que reconhece ritmos de aprendizagem distintos e “joga” com essas diferenças na sala,

utilizando-as para promover conhecimentos e mais autonomia nos alunos.

2.2 Estrutura da Avaliação: Dimensões e Sectores

No que concerne à estrutura da avaliação: dimensões e secções, o Índex propõe uma

análise mediante três dimensões; culturas, políticas e práticas. A avaliação da cultura da

(29)

As culturas inclusivas desenvolvem um sentido de comunidade e um quadro de valores

universal, onde a partilha, o respeito e a colaboração entre todos; pais, alunos e professores,

são essenciais para o sucesso escolar.

As políticas inclusivas pressupõem mudanças que promovam a participação de todos,

aumentando as respostas e os apoios dados a todos os alunos. Um apoio organizado,

coordenado e entendido como uma estrutura única e sólida.

Como resultado das culturas e das políticas inclusivas a escola adopta, naturalmente,

práticas que atendem à diversidade de alunos.

Cada dimensão do Índex é composta por diversas secções: (Booth e Ainscow, 2002, pp.

16):

Dimensão A - Criar culturas inclusivas

Secção A.1 Construir o sentido de comunidade

Secção A.2 Estabelecer valores inclusivos

Dimensão B - Implementar políticas inclusivas

Secção B.1 Desenvolver escola para todos

Secção B.2 Organizar o apoio à diversidade

Dimensão C - Promover práticas inclusivas

Secção C.1 Organizar a aprendizagem

Secção C.2 Mobilizar os recursos

2.3 Materiais de Avaliação: Indicadores e Perguntas

Cada secção é composta entre 5-11 indicadores, organizados em perguntas tipo, que

(30)

seu contexto. Desta forma, desenham o caminho que pretendem seguir, tendo como

objectivo a progressão, mesmo que isso implique o confronto com mudanças complexas e

com problemas de difícil resolução.

2.4 Um Processo Inclusivo

O processo do Índex é composto por cinco etapas que rumam à inclusão. Permite às

escolas “assumir um grau de controlo no seu próprio desenvolvimento, analisando o que

fazemos, determinando prioridades para a mudança e pondo-as em prática” (Booth e

Ainscow, 2002, pp.20).

A primeira etapa deste processo é “Começar a trabalhar com o Índex”, em que se dá

conhecimento dos materiais a todos os membros da comunidade educativa, sendo eles

professores, directores, alunos, pais, etc. Este envolvimento é crucial para se garantir um

bom trabalho e deve ser levado a cabo por grupo coordenador, que se constituí para divulgar

e organizar o processo. Este grupo é composto por elementos que espelham e representam a

diversidade da escola; professores, pais, alunos, direcção, técnicos e pessoal não docente.

Torna-se útil também incluir um amigo crítico, alguém externo à escola, que apoia o grupo,

acompanhando-o em todo este processo, com um olhar crítico e construtivo para o

desenvolvimento da instituição.

Esta primeira fase está organizada em 12 actividades e foca-se em três pontos:

• Avaliação do Projecto Educativo de Escola;

• Definição de conceitos chave;

• Análise profunda e reflexiva sobre os indicadores.

A segunda fase do processo denomina-se “Conhecer a escola”, visa escutar os diversos

(31)

opinião de todos eles, sem censurar, mediante entrevistas ou questionários. É importante

respeitarem-se as individualidades de cada elemento, para que todos eles se sintam

confortáveis em exprimir ideias.

Depois de reunida e analisada esta informação, decidem-se as prioridades das mudanças

ao nível da cultura, política e prática da escola. Elabora-se uma lista de prioridades, a longo

e curto prazo, tendo em conta a opinião de todos os intervenientes.

A terceira fase do processo consiste em “Elaborar um plano de desenvolvimento

inclusivo” que inclua as prioridades anteriormente mencionadas. Isso implica reunir os

elementos e tomar decisões, efectuando as adaptações necessárias para um desenvolvimento

inclusivo da escola.

O quarto momento consiste em “Implementar as prioridades”. No fundo pretende-se

passar à prática todas as questões que foram definidas anteriormente. Esta fase pode ser

demorada, porque é necessário ouvir diferentes opiniões, observar, reflectir, sempre com um

envolvimento pleno de todos os profissionais, pais e alunos. Os resultados desta análise,

assim como os progressos alcançados devem ser avaliados, registados e dados a conhecer à

comunidade educativa.

O último momento do processo implica “Avaliar o processo do Índex”. A equipa deve

examinar todos os progressos conseguidos ao nível da cultura, política e prática e propor as

alterações num plano de desenvolvimento. Este passo pressupõe a discussão sobre a

utilização do Índex, uma auto-avaliação da equipa para compreender se o instrumento

(32)

5.5 Estudos Realizados com o Índex

O Índex mostra-se eficaz para modificar práticas, tornando-as mais inclusivas e dirigidas

a todos os alunos. Ainscow (2000) identificou seis “ingredientes” fundamentais nestas

práticas: “starting with existing practices and knowledge; seeing differences as opportunities

for learning; scrutinizing barriers to participation; making use of available resources to

support learning; developing a language of practice and creating conditions that encourage

risk-taking” (in Vislie, 2003).

Na última década vários esforços foram feitos, por todo o mundo, para tornar a educação

mais inclusiva (Mittler, 2000 in Ainscow, 2005). Alguns utilizaram o Índex, como veremos

em seguida, recorrendo aos seus materiais e actividades. Seguiram os cinco passos por ele

descritos, com vista à reflexão sobre as prioridades de mudança e as oportunidades de

desenvolvimento das escolas.

Mencionamos o estudo desenvolvido na África do Sul (Engelbrecht, Oswald & Forlin,

2006), em que a utilização deste instrumento permitiu, às três escolas envolvidas, identificar

as seguintes barreiras à aprendizagem e participação:

• Bullying - onde as estratégias utilizadas pelas escolas eram insuficientes;

• Colaboração – os alunos não se ajudavam mutuamente;

• Respeito – os alunos e os professores não tinham uma relação de respeito mútuo;

• Comunidade – não era partilhada uma filosofia inclusiva das escolas;

• Formação – não respondia às necessidades dos professores.

As perguntas abertas, no final dos questionários, possibilitaram também identificar as

áreas prioritárias de mudança: “democratic leadership; parental and community

involvement; buildings; bullying and language problems” (Engelbrecht, Oswald & Forlin,

(33)

Outras investigações, desenvolvidas nas escolas do Reino Unido, referem estas e outras

prioridades, nomeadamente; o desenvolvimento de metodologias e actividades que

respondam à diversidade; a promoção de atitudes multiculturais positivas para evitar o

racismo; a criação de programas que ajudem os docentes a compreenderem as diferentes

perspectivas dos alunos; o aperfeiçoamento da comunicação entre escola/família envolvendo

mais os pais/EE e pôr fim aos rótulos e más reputações das escolas (Vaughan, 2002).

Para se vencer estas barreiras rumo à inclusão, o professor deve centrar-se no currículo;

na pedagogia diferenciada e nas relações cooperantes entre alunos, para garantir um

processo ensino/aprendizagem que responda à diversidade. É essencial promover e enaltecer

“culture of innovation and high teachers morale”, para que de uma forma cooperativa se

alcance uma cultura, política e prática mais inclusiva (Carrington, Robinson, 2004, pp. 152).

Outras investigações corroboram estas ideias. Afirmam que uma visão inclusiva das

escolas pressupõe uma filosofia de inclusão compartilhada; boas lideranças; docentes

experientes e bem apoiados, recursos apropriados, onde há respeito/valorização pelas

diferentes formas de aprendizagem (Corbett, 2001).

Estes exemplos argumentam mais uma vez a utilidade do Índex. Na verdade, este

instrumento é versátil, sensibiliza e promove uma compreensão inter-grupos. Os

questionários estão bem adaptados; os conceitos são universais e possibilita mudanças

sustentadas às escolas, mesmo ao nível do referencial de valores e crenças (Vaughan, 2002).

Por esta razão, nunca é demais relembrar que a “utilização é legítima desde que promova a

reflexão sobre a inclusão e conduza a uma maior participação dos alunos na cultura, no

(34)

III – METODOLOGIA

1. Instrumentos e Recolha de Dados

1.1 Entrevista

O primeiro passo consistiu em enviar uma carta aos directores das escolas solicitando a

colaboração neste estudo (Anexo I).

Posteriormente realizou-se uma entrevista individual semi - estruturada às pessoas –

chave das instituições, nomeadamente ao Director Executivo (E.PRIV) e à Coordenadora

(E.PUB.). Utilizou-se o Questionário 1 proposto no Índex. Estas entrevistas foram gravadas

e posteriormente transcritas.

A entrevista semi - estruturada pode ser definida como “aquela que parte de certos

questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa”

(Triviños, 1987, pp.146).

Este tipo de entrevista foi a mais indicada para o presente estudo uma vez que “ao

mesmo tempo que valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas

possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias,

enriquecendo a investigação” (Triviños, 1987, pp.146).

Através destas entrevistas “fica-se com a certeza de se obter dados comparáveis entre os

vários sujeitos”(Bogdan & Biklen, 1994, pp. 135).

Importa relembrar alguns comportamentos que foram adoptados durante as respectivas

entrevistas, tal como defende Quivy (1992, pp.75):

• “ Pôr o mínimo de perguntas possível;

• Intervir da forma mais aberta possível;

• Abster-se de se implicar a si mesmo no conteúdo;

• Procurar que a entrevista se desenrole num ambiente e num contexto adequados;

(35)

1.2 Questionários

Neste estudo era essencial ouvir também os alunos, professores e pais, e posteriormente

cruzar esta informação com a dos responsáveis, enriquecendo a análise.

Aos professores das escolas solicitou-se também o preenchimento do Questionário 1 do

Índex. Nem todos os questionários foram devolvidos. A adesão ao mesmo foi variável nas

duas escolas.

Os pais/EE preencheram o Questionário 2 do Índex. O grupo de pais envolvido neste

estudo é referente a uma turma de 3.º (E.PUB.) e 4.º Ano (E.PRIV.).

Aos alunos das respectivas turmas, foi pedido que respondessem ao Questionário 3 do

Índex.

2. Caracterização da Amostra

Para este estudo a amostra é não probabilística (conveniência), envolvendo duas escolas

do 1º Ciclo, do Concelho de Sintra, com sensivelmente o mesmo número de alunos. Uma

das escolas pertence ao sector público e outra ao privado. Ambas colaboraram com

entusiasmo neste trabalho.

2.1Identificação

O Agrupamento da E.PUB. localiza-se no Concelho de Sintra e é composto por três

escolas: Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclos - (Escola Sede); Escola Básica 1.º Ciclo e

Jardim-de-infância e Escola Básica 1.º Ciclo e Jardim-Jardim-de-infância (E.PUB.)

(36)

Esta localidade desenvolveu-se após a inauguração da linha de comboio de Lisboa –

Sintra, tendo sido exponencial nos últimos trinta anos. O tipo de habitação é quase

exclusivamente constituído prédios, de custos acessíveis, sem um plano de ordenamento

adequado às necessidades da população. É considerada uma zona dormitório. Há escassas

zonas de lazer promotoras de estilos de vida saudáveis.

As crianças ali residentes, de uma diversidade étnica e cultural, frequentam Ateliers de

Tempos Livres ou estão ao cuidado de amas. O contacto com os pais é normalmente a partir

da hora do jantar, visto que a maioria deles trabalha durante todo o dia.

A população integra diversos grupos culturais, oriundos de vários países e continentes

(África, Europa do Leste, América do Sul). A imigração recente, para esta zona

economicamente mais acessível, trouxe diversidade cultural mas também problemas de

integração social. O desemprego tem sido um factor preocupante.

Salienta-se ainda, que perante o crescimento urbano da freguesia, as escolas não

acompanharam este ritmo. Não foram construídas novas instalações educativas, as que já

existiam foram ampliadas para dar resposta à rede escolar.

O Colégio (E.PRIV.) é um estabelecimento de ensino particular e cooperativo, situado em

Sintra, no Distrito de Lisboa, numa quinta com cerca de 4,5 há. Serve Belas e outros

concelhos como Mafra, Oeiras, Amadora e Lisboa.

Localiza-se numa zona urbana, bastante povoada, embora com características rurais e

com problema de ordenamento urbano associado ao rápido crescimento demográfico.

A maioria dos alunos vive com os pais e os irmãos. Uma percentagem significativa dos

(37)

2.2Aspectos Físicos e Materiais

A E.PUB. é constituída por dois edifícios, com dois pisos. O edifício original é composto

por salas do 1º Ciclo; uma sala de Jardim-de-infância; uma sala de computadores; um

gabinete de direcção; uma sala de professores; um gabinete das auxiliares da acção

educativa; uma cozinha e um polivalente que funciona como refeitório. O edifício mais

recente é constituído por salas de Jardim-de-infância; salas de A.T.L; sala de serviços

administrativos; Biblioteca; um polivalente para actividades diversas; uma arrecadação e um

sanitário para professores. Existe ainda um contentor provisório, onde funcionam os apoios

e terapias (APA, Educação Especial).

No exterior há um espaço de recreio, um campo de jogos vedado e um espaço coberto

assente em 42 colunas esquinadas. As aulas de Educação Física são dadas no campo de

futebol, quando o tempo permite, caso contrário são leccionadas numa sala de aula, que não

está devidamente adequada ao efeito.

O interior do edifício não respeita as questões de acessibilidade. No exterior, a entrada

na escola e o acesso ao campo de futebol pode ser feito através de uma rampa.

Relativamente aos recursos tecnológicos, existe uma sala destinada à apresentação de

filmes, utilização de computadores e trabalhos de pesquisa. A escola não está preparada para

garantir internet em todas as salas de aulas, o que dificulta a utilização dos computadores

pessoais Magalhães pelas crianças.

No material pedagógico, utilizam os manuais escolares de acordo com as indicações do

Ministério da Educação.

O E.PRIV. é formado por distintos blocos onde se lecciona o Pré-escolar, 1º, 2º e 3º

(38)

curricular obrigatória. Tem ainda dois campos de Ténis, vários campos de jogos, um ring de

patinagem, um picadeiro e uma pista de obstáculos.

No edifício principal situa-se o Auditório (onde são realizadas conferências e

exposições), a Biblioteca, as Secretarias, Salas de Reuniões, Gabinetes de Direcção,

Secretariado de Direcção e Administração, de Contabilidade, de Enfermagem, de Psicologia,

três salas de aula e uma sala “Open Space”, onde os alunos podem usufruir da utilização das

Novas Tecnologias.

No que concerne às adequações arquitectónicas dispõe de rampas e de elevadores que

permitem o acesso aos diversos blocos. No entanto, tanto o edifício do 2º Ciclo como o do 3º

não têm elevadores que permitam o acesso de pessoas como mobilidade reduzida.

Relativamente às Novas Tecnologias houve um desenvolvimento significativo, conforme

é descrito no Projecto Educativo. Existe fibra óptica entre edifícios, rede cablada e wireless,

que permite o acesso à internet em qualquer lugar da instituição e instalou-se um Servidor da

Internet para alojar os websites e plataformas estáticas (Vasquinho, Página do Colégio) e

plataforma E-learing – Moodlee.

Quanto ao material didáctico o Colégio utiliza dois métodos diferenciados. Para a

aprendizagem da leitura recorre Método Fonovisual, tendo uma cartilha própria para este

ensino. Na área de Matemática o ensino é complementado com os Programas Próprios, no 1º

Ciclo, mediante a manipulação do Calculador Multibásico e os Cubos Barra Cor.

No que concerne ao espaço exterior tem amplos jardins para os alunos desfrutarem, para

(39)

2.3Recursos Humanos

2.3.1 Professores

Na E.PUB. o grupo de professores é formado por 16 professoras e 1 educadora do

Quadro do TEIP; 4 professores e 2 educadoras contratadas. Há ainda uma coordenadora de

Estabelecimento.

O corpo docente da E.PUB. beneficia pontualmente de acções de formação internas,

usualmente em parceria com o Agrupamento, e por vezes facultadas pela Associação

Nacional de Professores, essencialmente na área de Língua Portuguesa e Matemática.

Sempre que precisam de outro tipo de aprofundamento/formação têm de procurar

externamente e pagar, porque não são comparticipadas pelo Ministério da Educação nem

pelo Agrupamento.

O E.PRIV. conta com um corpo de docentes de 80 professores e quase todos

desempenham cargos de gestão intermédia, como Directores de Turma, no caso do 2º e 3º

Ciclo.

Em cada ciclo existe um coordenador que apoio e lidera a sua equipa de docentes,

fazendo a ponte com a Direcção.

No que concerne ao 1.º Ciclo, o corpo de docentes é composto por 14 docentes, 8

auxiliares de acção educativa, uma psicopedagoga e os docentes responsáveis pelas

disciplinas de música, informática, inglês, educação física e expressão plástica.

Há uma grande aposta quer na formação interna quer externa, expressa no Projecto

Educativo, onde se privilegia novos conhecimentos, o trabalho de equipa e o acesso

facilitado aos meios audiovisuais, com a “preocupação de gizar estratégias conducentes a

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