• Nenhum resultado encontrado

O PAPEL DAS REDES NAS ATIVIDADES DE EXPLORATION E EXPLOITATION COMO FACILITADORAS DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO: UM ESTUDO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA NO BRASIL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "O PAPEL DAS REDES NAS ATIVIDADES DE EXPLORATION E EXPLOITATION COMO FACILITADORAS DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO: UM ESTUDO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA NO BRASIL"

Copied!
110
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FUMEC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

CAROLINA MIRANDA BICALHO

O PAPEL DAS REDES NAS ATIVIDADES DE EXPLORATION

E EXPLOITATION COMO FACILITADORAS DO PROCESSO

DE INTERNACIONALIZAÇÃO:

UM ESTUDO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE

BIOTECNOLOGIA NO BRASIL

Belo Horizonte

(2)

O PAPEL DAS REDES NAS ATIVIDADES DE EXPLORATION

E EXPLOITATION COMO FACILITADORAS DO PROCESSO

DE INTERNACIONALIZAÇÃO:

UM ESTUDO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE

BIOTECNOLOGIA NO BRASIL

Dissertação sobre o tema

“Internacionalização” apresentada à Universidade FUMEC para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração, realizada sob a orientação científica do Prof. Suzana Braga Rodrigues.

Belo Horizonte

(3)

“Exploitation é relacionado à eficiência, aumento de produtividade, controle e certezas. Exploration é relacionado à busca, descobertas e inovação. Ambidestria é fazer ambos ”

(4)

RESUMO

A presente pesquisa tem como objetivo analisar a influência das relações de rede no processo de internacionalização de pequenas e médias empresas brasileiras, tanto nas atividades referentes à inovação e desenvolvimento de produtos, quanto em sua capacidade de comercializá-los. Utilizando o estudo de caso múltiplo em uma amostra de oito empresas de biotecnolgia, a pesquisa integra empiricamente os modelos tradicionais de incremento de internacionalização com a perspectiva de rede e instituições, para construir um conjunto de proposições sobre esta dinâmica. A pesquisa é de natureza qualitativa e tem por base, a coleta de dados, através de documentação e entrevistas feitas com executivos chaves de micro e pequenas empresas de biotecnologia brasileiras. A metodologia utilizada foi o estudo de casos múltiplos, entre uma amostra de oito PME’s brasileiras do segmento da biotecnologia, com uma média de 50 funcionários. A abordagem investigativa constrói-se em argumentos de que a teoria e análise de rede são capazes de impulsionar ou inibir o processo de internacionalização, por um conjunto de relações formais e informais de alianças e relacionamentos, que impactam diretamente no desempenho do processo de imersão e expansão em mercados externos, bem como, em seu modo de entrada e capacidade de inovação constante.

(5)

ABSTRACT

This research aims to analyze the influence of network relations in the process of internationalization of small and medium-sized Brazilian companies, both in activities related to innovation and product development, and in its ability to market them. Using the multiple case study on a sample of eight companies of biotechnology present, the research empirically integrates traditional models of internationalization increase with the network perspective and institutions to build a set of propositions about this dynamic. The research is qualitative in nature and is based on the collection of data through documentation and interviews with key executives of micro and small enterprises of Brazilian biotechnology. The methodology used was the multiple-case study, among a sample of eight Brazilian SMEs in the biotechnology segment, with an average of 50 employees. The investigative approach builds on arguments that the theory and network analysis are able to boost or inhibit the process of internationalization, by a set of formal and informal relationships of alliances and relationships that directly impact in the immersion process performance and expansion into foreign markets as well as in its input mode and innovative strength.

Keywords: Networks. Internationalization process. SMEs. Biotechnology. Brazil.

(6)

SUMÁRIO

1.0 Introdução ... 02

1.1 Contextualização ... 04

1.2 Justificativa da linha de pesquisa ... 06

1.3 Objetivos ... 09

1.3.1 Objetivo geral ... 09

1.3.2 Objetivos específicos ... 09

2.0 Revisão de literatura ... 09

2.1 Exploitation e Exploration ... 09

2.2 Ambidestria Organizacional...11

2.3 Internacionalização ... 12

2.4 Internacionalização de pequenas e médias empresas brasileiras ... 14

2.5 Fatores facilitadores da Internacionalização ... 15

2.5.1 Motivações...15

2.5.2 Fatores organizacionais internos ... 17

2.5.3 Fatores organizacionais externos (ambientais) ... 17

2.5.4 Fatores interorganizacionais (redes) ... 18

2.6A Importância das redes ... 19

2.6.1 Parcerias com universidades e institutos de ciência e tecnologia...23

2.6.2 Parcerias corporativas...24

3.0 Características da Indústria de Biotecnologia...25

3.1 Biotecnologia no Brasil...27

3.2 Panorama do setor de Biotecnologia no Brasil...29

3.3 Segmentos da Biotecnologia...34

(7)

3.5 Realização de ensaios clínicos no Brasil...39

3.5 Principais redes de exploration no Brasil...40

3.5.1 Principais Institutos de Pesquisa no Brasil...40

3.5.2 Principais Universidades e Incubadoras no Brasil...44

3.6 Principais agências de fomento para o setor de Biotecnologia no Brasil...47

3.6.1 Empresas de capital de risco brasileiras que investem em Biotecnologia...50

3.7 Principais redes de exploitation no Brasil...51

3.8 Ambiente favorável para a Biotecnologia no Brasil...53

4.0 Metodologia...56

4.1 Descrição das variáveis...57

5.0 Pesquisa e amostra...59

5.1 Roteiro de entrevistas...59

5.2 Coleta de dados...60

5.3 Análise de dados...61

5.4 Tabelas de análise de dados...83

6.0 Discussão...87

8.0 Proposições...95

9.0 Limitações...98

10.0 Conclusão...98

(8)

1.0 INTRODUÇÃO

Com a globalização e o acréscimo da concorrência internacional, empresas procuram encontrar novas formas de entrar ou permanecer no mercado global. Desta forma, a internacionalização tem se tornado, nas últimas décadas, uma atividade ascendente e vital para a sobrevivência das empresas à longo prazo. Mesmo que os mercados domésticos possam ser suficientes para atingir metas almejadas por empresas, a expansão para novos mercados, descortinam um cenário favorável e surpreendente, de oportunidades derivadas de tal integração, potencializadas pelas facilidades de comunicação, relacionamentos e novas tecnologias. Da mesma maneira, apesar da competitividade internacional representar uma ameaça à sobrevivência das empresas, surgem à cada instante inúmeras chances neste cenário em constante mudança, que equalizam tal ameaça.

Os principais estudos sobre processos de internacionalização focam em empresas sólidas, descrevendo trajetórias de sucesso de multinacionais, porém, já se sabe que, os responsáveis pelo impacto e índices crescentes desta atividade na economia mundial, são compostos pelos resultados conjuntos de micro e pequenas empresas. As PME’s, vêem surpreendendo o mercado de uma forma autêntica, deixando de produzir commodities, apesar dos fatores inerentes à seu porte, como a escassez de recursos, pequeno número de funcionários e falta de arcabouço teórico, ou seja, informação e exemplos práticos à cerca de empresas do mesmo segmento ou porte, que se internacionalizaram anteriormente. Criadas com formatos organizacionais inéditos e produtos inovadores com alto valor agregado, como por exemplo, já é observado nas empresas do segmento de biotecnologia, novas empresas surgem propulsionadas pelo novo panorama de troca de informação, acesso à educação e tecnologias, conseguindo desta forma, driblar seus pontos desfavoráveis e a concorrência internacional.

(9)

regularidade no lançamento de novos produtos, quanto na capacidade de comercializá-los e expandir negócios em novos mercados (exploitation). Tais conceitos foram introduzidos na literatura em 1991, por March: “Exploration diz respeito às atividades de pesquisa, à busca, experimentação, descobertas e inovação, enquanto exploitation refere-se a eficiência, aumento de produtividade, controle, seleção e implementação.” (MARCH, 1991)

Por ser um processo que demanda muito investimento e tempo, uma empresa pode potencializar sua capacidade de exploration, desenvolvendo parcerias de co-desenvolvimento de produtos, para dissolver tal investimento inicial, através da co-participação em projetos e trocas de tecnologias entre outras empresas, universidades nacionais e internacionais e institutos de pesquisa ou através de fundos advindos de instituições de fomento à pesquisa e inovação.

A capacidade de uma empresa inovar, também pode ser potencializada pela busca de qualificação acadêmica por parte da liderança organizacional, já que este vínculo promove novos relacionamentos entre empresas e universidades nacionais e internacionais.

O mesmo acontece no caso da empresa ter sido fundada em incubadoras universitárias, já que este laço mantém a empresa atualizada à cerca de novas tecnologias e inovações. Em ambas situações, o vínculo entre empresa e universidade poderá se tornal o diferencial que otimizará a capacidade da empresa de desenvolver e submeter projetos à órgãos de fomento ou a publicação de artigos em anais nacionais e internacionais, que geralmente traz grande visibilidade para a empresa, no mercado doméstico e externo, bem como poderão ser determinantes para definir o modo de entrada em mercados estrangeiros.

(10)

Portanto, à partir de exemplos práticos do contexto brasileiro, de pequenas e médias empresas e suas respectivas performances em relação aos conceitos citados, competências específicas e os fatores ambientais, pretende-se com este estudo de caso múltiplo, identificar o quanto, como e por quê, as redes de relacionamentos podem impulsionar ou inibir o desempenho no processo de internacionalização.

Por meio de uma amostra de oito empresas do segmento de biotecnologia, tem-se também como meta, a identificação dos diversos segmentos que compõem tal segmento, bem como a identificação das principais redes institucionais brasileiras que auxiliam as atividades organizacionais de exploration e exploitation, inerentes à esta área.

As proposições encontradas poderão futuramente, ser trabalhadas sob o ponto de vista estratégico de pequenas e médias empresas brasileiras e embasar novas pesquisas sobre este tema, ainda pouco conhecido, onde os desempenhos relacionados à rede, ainda não foram estudados. Desta forma, o presente estudo pretende contribuir para o avanço teórico e prático deste campo, aumentando o fomento à internacionalização de organizações inovadoras, que contribuam efetivamente com o desenvolvimento do cenário econômico do Brasil.

Assim definiu-se o problema de pesquisa – De que maneira as redes impactam nas atividades de “exporation” e “exploitation” das empresas no processo de internacionalização?

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

(11)

com outras instituições ou outras empresas. Este último fator, ainda pouco estudado, se torna cada dia mais relevante para a concretização deste processo, devido às facilidades de comunicação trazidas por novas tecnologias, bem como pela globalização como um todo.

Figura 2: Quadro Teórico de Fatores. Elaborada pelo autor.

(12)

organizacional podem ser corroboradas por diversas citações de estudiosos sobre o assunto, como as seguintes: “A ambidestria ajuda as empresas a desenvolver uma vantagem competitiva superior (Zahra e George (2002), o que, portanto, afeta o desempenho das mesmas (Jansen, Bosch e Volberda, 2006), e, por implicação, afeta no acesso destas empresas aos mercados internacionais (Prange e Verdier 2011)”.

Portanto, a estrutura organizacional, pode ter um efeito direto sobre a eficácia e extensão da internacionalização e as empresas que desejam se internacionalizar possuem grande desafio, em gerir equipes ambidestras, onde seja estimulado o desenvolvimento de canais de relacionamentos e expansão de parcerias em ambos departamentos. A estrutura institucional das empresas, ou seja, como estas dividem organogramas, distribuem investimentos e incentivam ações ambidestras de sua equipe, para criar um ambiente favorável à formação de redes de relacionamentos que incrementem ambas atividades, impactam diretamente em seus respectivos desempenhos perante às oportunidades e aberturas de novos mercados, por isso se torna relevante estudar sobre esta possibilidade, como corroborado pela citação de Luo: “Os estudiosos defendem a importância de se investigar, quais os tipos de estrutura organizacional

podem vir a maximizar a ambidestria”. (Luo, 2009)

Com base na literatura sobre aprendizagem de novas capacidades organizacionais e nas teorias sobre internacionalização argumenta-se neste trabalho que a combinação equalizada de exploração e “exploitação”, através de uma abordagem integrada de pesquisa e desenvolvimento de produtos e do departamento de desenvolvimento de negócios, poderá contribuir para a internacionalização da empresa, através do desenvolvimento de redes relevantes.

1.2 JUSTIFICATIVAS DA LINHA DE PESQUISA

(13)

atividades de “exploration” e “exploitation”. A análise sistemática sobre as trajetórias e práticas entre organizações, poderão servir como um arcabouço teórico, e resultados positivos poderão ser replicados em outros cenários e setores organizacionais. Segundo pesquisadores, este assunto "exige mais investigação com base em estudos de caso, para entender melhor a natureza e os procedimentos da empresa no início do processo de internacionalização" (Rialp et al, 2005;.162 p.). A escassez de literatura sobre o papel das redes no processo de internacionalização também pode ser corroborado pela citação abaixo, de John Child e Suzana Rodrigues: “No entanto, pouco se sabe sobre as relações de rede e como elas contribuem para a internacionalização das pequenas e médias empresas” (Child & Rodrigues, 2010).

O impacto das redes sobre o processo de internacionalização, pode ser analisado à partir de uma perspectiva entre as atividades de “exploration” e “exploitation”. Para a expansão de mercado, ou seja, “exploitation”, é preciso construir laços de confiança entre contatos nacionais e internacionais, para potencializar a distribuição de produtos em novos mercados e expansão de negócios. Para a “exploration”, é necessário possuir uma rede de contatos para diminuir os investimentos necessários em inovação e criação de novos produtos, e se for necessário, terceirizar a pesquisa e desenvolvimento dos mesmos, através das chamadas CRO`s (Contract Research Organizations), que hoje representam uma solução viável para P&D. Segundo pesquisadores especializados no assunto, “as fornecedoras de inovação, ou seja, as CRO’s têm se tornado os principais motores do desenvolvimento de produtos clínicos na indústria farmacêutica” (Lowmann M.;Trott, P.; Hoecht, A.& Sellan, Z., 2012).

Ambos os tipos de relacionamento, têm um papel diferenciado para a internacionalização das pequenas e médias empresas. A capacidade das organizações de equilibrar suas atividades de inovação e comercialização, não é apenas relevante para a aprendizagem, mas também para o próprio contexto da estrutura organizacional (O'Reilly & Tushman, 2004; Gibson & Birkinshaw, 2004).

(14)

na literatura torna-se especialmente evidente, no que diz respeito ao uso de redes para as atividades de exploração e exploitation (Dittrich & Duysters, 2007).

A pesquisa também aborda o papel da estrutura organizacional para a internacionalização das pequenas e médias empresas. A maior parte dos estudos no âmbito da internacionalização está centrada nas grandes empresas sendo que, no que se refere à economia mundial, são as pequenas empresas que impulsionam a economia global e mesmo este dado já ser compreendido e a importância das PME’s ser indiscutível neste panorama, poucos estudos se fixam nos desempenhos obtidos por elas.

Os estudiosos reconhecem a necessidade de saber mais sobre as estruturas institucionais organizacionais adequadas para a internacionalização das pequenas e médias empresas, a fim de se conhecer mais sobre o seus processos de expansão (Rialp et al., 2005). De acordo com a literatura existente sobre Internacionalização, as organizações e suas respectivas gestões podem ser ambidestras, concentrando-se em ambas as atividades de exploitação e exploração (Gibson & Birkinshaw, 2004; Mom et al, 2009).

O papel de apoio da estrutura ambidestra organizacional, continua a ser um tópico a ser pesquisado. Outras pesquisas são necessárias, sobre, por exemplo, se a ambidestria organizacional, leva a um desenvolvimento real de sucesso internacional. “É necessário um estudo minucioso, que determine combinações específicas de atividades profissionais e padrões de desenvolvimento internacional” (Jones, 1999). Enfim, os estudiosos defendem a importância de se investigar, quais os tipos de estrutura organizacional podem vir a maximizar a ambidestria (Luo, 2009). Portanto, o presente estudo pretende, coletar informações relevantes, que possam vir a comprovar tal hipótese.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

(15)

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar os principais tipos de redes de pequenas e médias empresas brasileiras, em relação à sua estratégia de “exporation” e “exploitation”.

b) Identificar qual o papel das redes na sustentação e otimização das atividades de “exporation” e “exploitation” no processo de internacionalização de empresas brasileiras.

c) Levantar proposições para pesquisas futuras, visando a ampliação do conhecimento nesta área.

2.0 REVISÃO DE LITERATURA

A abordagem investigativa constrói-se em argumentos de que a teoria e análise de rede são capazes de impulsionar ou inibir o processo de internacionalização, por um conjunto de relações formais e informais de alianças e relacionamentos, que impactam diretamente no desempenho do processo de imersão e expansão em mercados externos, bem como, em seu modo de entrada e capacidade de inovação constante.

2.1 “EXPLOITATION” E “EXPLORATION”

(16)

As organizações normalmente buscam a especialização na exploitation, ao usar com mais eficiência o que já sabe. O retorno incerto e mais demorado de exploration o torna vulnerável comparado a exploitation (MARCH, 1991). A organização que foca somente na exploration tende à obsolescência e a organização que tem envolvimento exclusivo na exploration não tem retorno do seu conhecimento (LEVINTHAL e MARCH, 1993). O conceito de “exploration”, pertencente ao campo da literatura de aprendizagem organizacional, é definido como a geração de novos conhecimentos e inovações, e capitalização do conhecimento gerado (Andriopoulos & Lewis, 2009), introduzidos pela primeira vez, por March em 1991. No contexto da gestão do conhecimento, organizações tem se tornado ambidestras ao adotarem ações que envolvem exploitation (transferência de conhecimento, troca de experiência e otimização) e também ações que abrangem exploration (desenvolvimento de novos produtos e estratégias de inserção em novos mercados) (FILIPPINI; GÜTTEL; NOSELLA, 2012).

Reconhecer e administrar a tensão entre exploration e exploitation são dois desafios críticos das organizações, argumentam Crossan, Lane e White (1999). Os autores explicam que o processo dinâmico da internacionalização acarreta em demandas significativas para pesquisadores e gestores ao provocarem a busca para novos entendimentos. Estas tensões necessitam de soluções que requerem vínculos entre gestão de recursos humanos, gestão estratégica, gestão de tecnologia da informação e sistemas como meios para facilitar o fluxo de aprendizagem. Assim, o processo dinâmico de internacionalização pode produzir importantes insights estratégicos de relacionamentos estratégicos - um dos desafios centrais de uma organização.

2.2 AMBIDESTRIA ORGANIZACIONAL

(17)

Apesar disto, alguns estudos também mostraram que “ter apenas tal departamento bem estruturado, não é uma condição suficiente para alcançar um bom resultado final no desempenho e ganho de mercado” (O'Reilly & Tushman, 2004).

Sendo assim, alguns autores sugerem que a ambidestria, ou seja, a capacidade de combinar pesquisa e comercialização destes produtos inovadores, é essencial para o desempenho organizacional (Jansen et al, 2006;. Tushman e O'Reilly, 1996), e este conceito é apropriado para as empresas de base tecnológica, já que estas, precisam gerar negócios internacionais, por terem seu mercado local restrito por uma demanda insuficiente (Fontes & Coombs, 1997).

Deste modo, parte-se do pressuposto de que a ambidestria é o ativo-chave para a construção de uma organização internacionalizada competitiva e inovadora. Segundo pesquisadores especializados neste assunto, “a ambidestria ajuda as empresas a desenvolver uma vantagem competitiva superior (Zahra e George (2002), o que, portanto, afeta o desempenho das mesmas (Jansen, Bosch e Volberda, 2006), e, por implicação, afeta no acesso destas empresas aos mercados internacionais (Prange e Verdier 2011)”.

Segundo Dittrich & Duysters, “há pouca compreensão sobre as práticas, ou seja, como, as empresas combinam atividades ambidestras para se internacionalizar. Esta lacuna na literatura torna-se especialmente evidente, no que diz respeito ao uso de redes para as atividades de exploração e exploitation” (Dittrich & Duysters, 2007). Portanto, torna-se necessário, haver pesquisas que analisem as práticas que compõem um processo de internacionalização ambidestro, analisando os relacionamentos chaves para as atividades de exploração e também à “exploitação”, ou seja, o alcance de seu network internacional, que é diretamente responsável pela moderação da sua capacidade de instaurar a ambidestria organizacional, e consequentemente, a permanência e ascensão de tais empresas em um contexto internacional.

(18)

Exploitation é relacionado à eficiência, aumento de produtividade, controle e certezas. Exploration é relacionado à busca, descobertas e inovação. Ambidestria é fazer ambos (O´REILLY III; TUSHMAN, 2008).

O estudo sobre o impacto da ambidestria estratégica sobre o desempenho das empresas perante a internacionalização se torna relevante, pois quanto maior o nível de internacionalização de um país, mais estável se torna o mercado interno do mesmo. Também é relevante analisar, o desempenho das empresas no acesso aos mercados internacional, quando existem pressões antagônicas, pois, “a ambidestria também é definida, como a capacidade da empresa de forma simultânea ou em seqüência para lidar com as tensões contraditórias” (Luo e Rui 2009; Gupta et al 2006). Tais pressões, podem ser enumeradas como, pressões longo e de curto prazo, a capacidade de conciliar pressões locais e internacionais, a alavancagem de competência juntamente com a capacidade de se construir novas competências, concentrar-se em atividades de inovação, além das atividades que implicam em sua eficiência e por fim, ter um organograma estruturado que contemple a “exploration” e a “exploitation”.“ Quanto mais a empresa enfatiza a gestão de desempenho e de apoio social, o mais provável é que seus funcionários se comportem de forma ambidestra (alinhados e adaptáveis) e maior a probabilidade da empresa alcançar alta performance Birkinshaw e Gibson (2004), aput Hien Le (2014).

2.3 INTERNACIONALIZAÇÃO

(19)

de exportação, estabelecimento de subsidiárias de vendas e estabelecimento de subsidiárias de produção no próprio país estrangeiro (JOHANSON e VAHLNE, 1977).

Entre as diversas definições de internacionalização, podem ser destacadas as de Meyer (1996), que define a internacionalização como o processo pelo qual uma empresa incrementa o nível das suas atividades de valor acrescentado fora do país de origem; seguida da definição de Calof e Beamish (1995), que referem que a internacionalização é o processo de adaptação das operações da empresa, como sua estratégia, estrutura e recursos, aos ambientes internacionais. Já Freire (1997), considera que a internacionalização de uma empresa consiste na extensão das suas estratégias de produtos-mercados e da integração vertical para outros países, de que resulta uma replicação total ou parcial da sua cadeia operacional. Finalmente, segundo Chetty e Campbell-Hunt (2001), a internacionalização não pode ser vista apenas como um processo de “progressão crescente” mas como um fenômeno com retrocessos, em que as empresa se podem “des-internacionalizar”, quer deixando de trabalhar um produto quer desistindo do investimento direto estrangeiro, reduzindo ou até mesmo cessando suas atividades internacionais.

Existe também, uma ordem de escolha de novos mercados com os quais as empresas vão iniciar operações. Esta ordem está relacionada com o que eles denominam distância psíquica entre o país de origem da empresa e o país com o qual esta vai realizar operações internacionais. “A distância psíquica, que parece estar relacionada com a ordem de escolha dos países aos quais é dirigida a exportação ou onde fixam subsidiárias, inclui diferença de idioma, educação, prática de negócios, cultura e desenvolvimento industrial. Dentro deste pressuposto, as firmas escolheriam inicialmente aqueles mercados com menor distância psíquica com relação à firma matriz” (HEMAIS; HILAL, 2004). Alguns exemplos desses fatores são as diferenças de idioma, a cultura, o sistema político, a prática de negócios, o desenvolvimento industrial e o nível educacional.

(20)

mediado pelo fenômeno da distância psicológica, que pode acelerá-lo ou retardá-lo. Assim, distância psíquica deverá ser definida como distância pela qual é percebida para existir entre o mercado doméstico e o mercado estrangeiro com a qual a companhia faz negócios internacionais.” (CHILD, RODRIGUES; FRYNAS, 2006 aput TEIXEIRA, LAA; SILVA, J.T.M; LESSA, CARVALHO, 2011). A semelhança cultural estaria associada a possibilidades mais concretas de atuação em outros mercados, favorecendo os fluxos de investimento, por exemplo, entre países em desenvolvimento com língua comum.

2.4 INTERNACIONALIZAÇÃO DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS BRASILEIRAS

A temática da internacionalização tem sido estudado pelos pesquisadores das áreas de gestão estratégia, negócio internacional e empreendedorismo. Os dois primeiros centram a análise nas grandes empresas sendo que os investigadores na área do empreendedorismo, consideram que a entrada em novos mercados externos é condinzente à um perfil empreendedor e logo estaria ligado à empresas em fase de criação (Bulgelman,1983; Barringer e Greenning, 1998). Muitos estudos nesta área focaram os antecedents e processos de internacionalização (Special Issues in Entrepreunership Theory and Pratice, 1996 ,1996 e Academy Management Journal, 2000; Preece, Miles e Baetz, 1999; Wilff e Pett 2000). Há também os modelos nórdicos de se estudar a internacionalização, que são os modelos de Uppsala e o Modelo das Redes, que são convergentes aos de Gankema, Snuif e Zwart (2000) que defendem que o Modelos dos estágios pode ser aplicado às PME’s. Segundo estes autores, a duração dos estágios, no caso das PME’s, é de cerca de dois anos.

(21)

Por outro lado, é dado que a internacionalização de uma empresa deve ser enquadrada tendo em foco, as competências e vantagens competitivas desenvolvidas no seu mercado doméstico (Freire, 1997), se torna relevante analisar alguns dos fatores que são determinantes para a competitividade de tais empresas. Tendo em atenção o risco inerente na abordagem de mercados menos conhecidos, os recursos ainda baixos das organizações, em especial das PME’s, faz com que a competitividade passe crescentemente para a responsabilidade de uma gestão eficiente em diversos setores, como a marca, desenvolvimento de produto e sua capacidade de estabelecer alianças estratégicas.

2.5 FATORES FACILITADORES DA INTERNACIONALIZAÇÃO

2.5.1 MOTIVAÇÕES

As principais motivações para a internacionalização, são descritas por Czinkota ET al.(1999), como um conjunto de fatores, como as motivações pró-ativas, que incluem as vantagens de lucrabilidade, produtos diferenciados, tecnologia, gestão, informação exclusiva, benefícios fiscais e economias de escala; e as motivações reativas, que contemplam a proximidade de clientes e portos de desembarque, ou seja, uma localização estratégica, as pressões do mercado concorrente, o excesso da capacidade produtiva e a saturação do mercado doméstico.

De natureza mais abrangente e complementar, Lorga e Brito (1999) sugerem a existência de três tipos de motivações: as proativas, reativas e as mistas. Em relação às motivações proativas, destacam-se as estratégias de crescimento da empresa e o aproveitamento de oportunidades criadas por novos mercados. Nas motivações reativas incluem a internacionalização por arrastamento, ou seja, o resultado da necessidade da empresa em acompanhar a deslocação do seu cliente para um novo mercado, e os imperativos do próprio negócio, já que existem negócios que são por natureza internacionais, sendo exemplo as empresas de transporte aéreo; por outro lado há atividades que não têm uma procura regular ou que exigem uma dimensão de mercado superior à do mercado nacional. Nas motivações mistas, são consideradas por exemplo, a proximidade geográfica e afinidades culturais e lingüísticas

(22)

gestores, a dinâmica organizacional e a gestão da mudança da organização. Na dinâmica da organização são consideradas as competências centrais, o acesso aos mercados (proximidade do cliente), a integridade da empresa (capacidade de ser mais rápida, flexível ou viável), a funcionalidade do produto, a capacidade de adaptação a novos processos pela aprendizagem e a herança e/ou crise organizacional. Na gestão da mudança estão implícitos os métodos de educação e comunicação, participação e envolvimento, negociação e acordos, manipulação e coação. Viana e Hortinha (2005) apontam seis razões para que muitas empresas sem tradição no mercado internacional estejam atualmente, em pleno contexto de globalização, a procurar mercados externos: aumento de faturamento; sinergias em termos de estruturas de custos (economias de escala); redução de risco de negócio pela diversificação de mercados; colaboração com empresas e instituições públicas (o poder público é um dos maiores clientes mundiais); domínio dos mercados (mesmo que não vantajoso financeiramente, é em termos de imagem) e vantagens absolutas (a nível de domínio de recursos).

(23)

que é dependente da análise dos custos de produção mais baixos no exterior e ao cesso a conhecimentos tecnológicos. Por fim, os últimos fatores estão ligadaos aos incentivos governamentais, ou seja, ao apoio dos governos, do país de origem ou do país de acolhimento. As motivações para a internacionalização, estão muito ligadas a fatores internos ou externos à empresa e dependendo da fase do processo de expansão internacional em que a empresa se encontra.

2.5.2 FATORES ORGANIZACIONAIS INTERNOS

Os fatores organizacionais internos, são vantagens únicas de dada empresa, que a permite ter desempenho bem sucedido, diferenciação da concorrência para conquistar mercados. Kotler e Keller (2006) citam diversos fatores internos, como a reputação da empresa, a eficiência na determinação do preço, a cobertura geográfica, a estabilidade financeira, as instalações, a capacidade de produção, inovação e a liderança. Tais vantagens, podem ser ainda características com, rapidez, flexibilidade ou tecnologia diferenciada.

2.5.3 FATORES ORGANIZACIONAIS EXTERNOS (AMBIENTAIS)

Segundo Bethlem (2009) o ambiente externo exerce muita influência no desempenho da empresa. Desta forma, a empresa precisa realizar uma análise das ameaças e oportunidades, que só é possível a partir de um conhecimento prévio do ambiente em que ela atua ou deseja atuar, como afirmam Barney e Hesterly (2009, p. 28):

“Qualquer análise das ameaças e oportunidades com que uma empresa depara

deve começar com um entendimento do ambiente geral em que ela opera. O

ambiente geral consiste de tendências amplas, no contexto em que uma

empresa opera, que podem ter impacto nas escolhas estratégicas dessa

empresa. [...] o ambiente geral consiste de seis elementos inter-relacionados:

mudanças tecnológicas, tendências demográficas, tendências culturais, clima

econômico, condições legais e políticas e acontecimentos internacionais

específicos.”

(24)

bem como fatores como, acesso à financiamentos, instabilidade econômica, acesso à mão de obra qualificada, oportunidades de mercado, capacidade de infra-estrutura e instabilidade de mercado. Existem ainda algumas considerações sobre o ambiente externo que não são tão focadas pelas bibliografias de administração, mas que são muito importantes, tais como a estabilidade, a complexidade, a diversidade de mercado e a hostilidade (MINTZBERG, 2009).

Dentro do ambiente externo, existem cinco forças que determinam a competição em um setor, mas que podem ser amenizadas mediante uma boa estratégia que imponha a elas uma barreira. Essas cinco forças são definidas como clientes, fornecedores, rivalidade entre concorrentes, novos entrantes em potencial, e produtos substitutos (PORTER, 1998).

2.5.4 FATORES INTERORGANIZACIONAIS (REDES)

Na medida em que há uma busca de eficiência coletiva por intermédio de sistemas de empresas, a questão da formação de competências e da escolha de estratégias assume características específicas. Embora seja fenômeno recente, as redes interempresariais já dispõem de considerável corpo de conhecimento. Diversos aspectos merecem discussão, como, por exemplo, quais são os determinantes para uma organização vir a estabelecer uma rede (Oliver, 1990), o impacto da estrutura de uma rede na capacidade de inovação de uma firma (Ahuja, 2000), a influência das relações de uma organização em sua capacidade de formar novas alianças (Gulati,1999), as peculiaridades de redes de PMEs (Human & Provan, 1997) e a centralidade da colaboração entre empresas para a inovação em setores de rápido desenvolvimento tecnológico (Powell et al., 1996).

(25)

Por fim, é importante analisar se o país incentiva e fomenta o intercâmbio de informações e negócios inovadores entre Instituições governamentais, universidades e empresas privadas.

Figura 3: Principais redes facilitadoras da Internacionalização. Figura elaborada pelo autor.

2.6 A IMPORTÂNCIA DAS REDES

As redes podem vir a ajudar as empresas a se expor à novas oportunidades, obter conhecimento, aprender com as experiências, e se beneficiar do efeito sinérgico de recursos reunidos, por isso se torna relevante pesquisar sobre a dinâmica de como as empresas interagem com seus parceiros de rede para expadir negócios nos mercados, nacional e internacional. Segundo Britto, “redes de empresas estão associadas a configurações interorganizacionais conduzidas por um relacionamento de caráter cooperativo e recíproco entre empresas formalmente independentes, gerando uma nova forma de coordenação das atividades econômicas (BRITTO, 2002).

Embora seja fenômeno recente, as redes interempresariais já dispõem de considerável corpo de conhecimento. Diversos aspectos mereceram discussão, como, por exemplo, os determinantes para uma organização vir a estabelecer uma rede (Oliver, 1990), o Internacionalização

Instituições Governamentais

Universidades

(26)

impacto da estrutura de uma rede na capacidade de inovação de uma firma (Ahuja, 2000), a influência das relações de uma organização em sua capacidade de formar novas alianças (Gulati, 1999), as peculiaridades de redes de PME’s (Human & Provan, 1997) e a centralidade da colaboração entre empresas para a inovação em setores de rápido desenvolvimento tecnológico (Powell et al., 1996). (Fleury e Fleury, 2003)

A reciprocidade nas relações de rede de negócios é essencial no desenvolvimento de sistemas de fluxo de trabalho entre empresas interdependentes que queiram promover a criação de valor em seus produtos. Isto também implica que, através da sua interação em rede de relacionamentos de negócios, as empresas se organizam e compartilham uma estrutura ilimitada de atividades interdependentes, que lhes oferecem mais vantagens do que se não se envolvessem em tal desenvolvimento de relacionamentos. Segundo, Fleury e Fleury (2003), “para se tornarem membros de arranjos interorganizacionais, as firmas devem negociar seus recursos: infra-estrutura, bens intangíveis e competências organizacionais”.

A perspectiva das redes foi desenvolvida por diversos autores, principalmente Jan Johanson e Lars-Gunnar Mattsson (1988). Tal perspectiva descreve os mercados industriais como redes de relacionamento entre empresas. Segundo a Teoria das Redes, as empresas de mercados industriais estabelecem, desenvolvem e mantêm relações negociais duradouras com outras empresas. A vantagem competitiva de uma empresa é medida pelos seus recursos e/ou pela sua capacidade de mobilizar e coordenar recursos de outros, como, fornecedores, clientes, concorrentes e centros de P&D, isto é, a posição de uma empresa na rede é que determina suas oportunidades, bem como as suas estratégias.

Aplicando a perspectiva de rede à internacionalização, é necessário observar o contexto das redes de relações interorganizacionais e interpessoais (Coviello e McAuley, 1999). O fenômeno da internacionalização resulta do estabelecimento e desenvolvimento de posições da empresa face a parceiros que estejam em redes estrangeiras. O grau de internacionalização pode ser medido pelas posições detidas pelos parceiros da rede em que a empresa está, sendo que se estes estiverem muito internacionalizados, maior será o grau de internacionalização da rede.

(27)

investimentos crescentes em redes do exterior em que a empresa já detinha penetração. Tais relações irão comprometer seu grau de internacionalização, também influenciadas pelas características do mercado em que se encontra.

As redes influenciam inclusive a entrada inicial da empresa no mercado internacional e o seu modo de entrada. As redes podem ser a base da internacionalização “para dentro”, que ao longo do tempo se pode tornar em internacionalização “para fora”, segundo Coviello e Martin (1999). Apesar de explicar de forma mais completa a internacionalização das PME’s, esta teoria não detém capacidade de previsão, sendo que as bases para a internacionalização que propõe parecem ad hoc, ou seja, não explicam a internacionalização de empresas que não estão em redes, segundo Malhotra et AL. (2003)

Segundo uma pesquisa feita por Johanson e Vahlne (2001), vinte e quatro anos após a publicação do artigo pioneiro, algumas deficiências do modelo de internacionalização por estágios são apontadas. Tais estudos empíricos mostram que empresas que atuam no mercado industrial estabelecem, desenvolvem e mantém relacionamentos de negócios duradouros. Esses relacionamentos são baseados na confiança, no conhecimento e no comprometimento. Uma empresa específica se conecta a uma rede de relacionamentos com outros inúmeros atores, tais como clientes, concorrência, fornecedores, distribuidores, agentes, consultores, e agentes regulatórios e públicos, dentre outros. Um observador externo não é capaz de compreender toda a complexidade das conexões das redes de negócios, e somente a experiência da interação pode fazer com que este entenda o funcionamento da rede de relacionamentos. A entrada de uma empresa estrangeira em um mercado ou em uma rede de relacionamentos é muito mais determinada pelo resultado da iniciativa de atores internos a esta rede do que das ações macro que um pais propicia à suas empresas. O modelo original, no qual o mecanismo dinâmico envolve comprometimento, conhecimento, operação corrente e decisões de comprometimento era unilateral, ou seja, acontecia somente dentro da empresa, deve se tornar multilateral e acontecer também entre empresas e instituições.

(28)

Geralmente possuem três possibilidades para alcançar as redes internacionais: estabelecer relacionamentos com redes de países fornecedores ou países próximos, desenvolver outros relacionamentos nestas redes (penetração); e conectar-se a redes em países diferentes (integração internacional).

Em setores de atividades instáveis e de alta tecnologia, as redes de relacionamentos pessoais e de negócios são especialmente importantes. Estudos empíricos (LINDQVIST, 1988) mostram que algumas pequenas empresas de alta tecnologia iniciam seu processo de internacionalização em países psicologicamente distantes e rapidamente estabelecem subsidiárias. A razão para esse comportamento, apontada pela pesquisa, é a rede de relacionamentos pessoais do empreendedor.

A rede, então, passa a ser a vantagem da empresa e sua exploração traz receitas que podem ser investidas no desenvolvimento de uma nova tecnologia. Além disto, o fornecedor estrangeiro deve ser visto como um parceiro, pois ele é uma ponte entre a empresa e a rede de relacionamentos no mercado externo. A rede de relacionamentos do fornecedor passa a ser, assim, uma fonte de contatos e conhecimentos do tipo possíveis clientes, concorrência e métodos apropriados de entrada nos mercados que podem e devem servir ao interesse da empresa. Esta situação exige um esforço para estudar aspectos do comportamento das empresas (cooperativos e competitivos) como aspectos compatíveis, complementares a uma realidade única, pois as relações de uma empresa podem vir a se tornar a fonte de sua própria força competitiva como pode ser corroborado por Nielsen, citado por Pereira e Pedrozo (2003:10):

(29)

Para se tornarem internacionalmente competitivas, as pequenas e médias empresas enfrentam dois principais problemas: a escassez de recursos e a falta de um arcabouço teórico específico sobre o processo de internacionalização. A escassez de recursos aumenta ainda mais a necessidade de desenvolvimento teórico, pois dificulta a capacidade destas empresas de absorver o risco de experimentar diferentes estratégias e de enfrentar crises temporais.

2.6.1 PARCERIAS COM UNIVERSIDADES E INSTITUTOS DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Segundo a Building the Bioeconomy - Examining National Biotechnology Industry Development Strategies, da Pugatch Consilium, de abril de 2014, três pilares fundamentais constituem o marco regulatório brasileiro para inovação tecnológica: estímulo à inovação na própria empresa; incentivo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; e constituição de ambiente propício às parcerias estratégicas entre institutos de ciência e tecnologia e empresas.

Sabe-se que o processo de interação entre empresas e instituições ligadas à pesquisa e desenvolvimento avançou significativamente nos últimos anos no Brasil, impulsionado pela Lei Federal de Inovação nº 10.973 de 2004 (Lei de Inovação) e regulamentada pelo Decreto nº 5.563 de 2005. Dentre outros pontos, essa legislação estabeleceu mecanismos de transferência e licenciamento de tecnologias geradas a partir de ICTs (Instituições de Ciência e Tecnologia) e instituiu a criação de NITs (Núcleos de Inovação e Tecnologia), responsáveis pela gestão da política de inovação nas ICTs e principal ponte da interação com o setor empresarial. Apesar da constatação de que as empresas interagem com as ICTs, sabe-se, porém, que ainda é preciso otimizar esse processo, por meio da execução de outras atividades, além de co-desenvolvimento, otimizando o processo de apoio à Transferência de Tecnologia (TT) dentro das universidades.

(30)

em parceria com a Biotechnology Industry Organization (BIO), diagnosticou-se 24 NITs nacionais, com o intuito de levantar informações sobre o volume de transferências, as necessidades e os desafios desses órgãos. A análise revelou que um dos gargalos refere-se à falta de experiência e conhecimento dos NITs em relação a análise de tecnologias, definição de estratégias de propriedade intelectual e transferência de tecnologia e network com empresas e investidores. Apesar dessas questões estarem relacionadas a finalidade da criação dos NITs, percebe-se que o seu processo de abertura não foi acompanhado pela capacitação e formação de pessoal na área. Como resultado, existem atualmente disparidades entre os NITs nacionais das diferentes ICTs, principalmente no que se refere às taxas de transferência e licenciamento de tecnologias.

Segundo o “Diretório de Empresas de Biociências do Brasil” de 2011, a conclusão central em relação às parcerias entre universidades e empresas é de que o processo tem ocorrido, sobretudo para fins de codesenvolvimento, mas que precisa avançar, seja em relação a ampliação de outras formas de parceria (como prestação de serviços) e também em relação a dimensão dessa interação, expandindo-a para outras regiões. (BIOMINAS, 2011)

A Transferência de Tecnologia (TT) é um dos indicadores de maior relevância mundial para a concretização e o avanço de áreas tecnológicas no mundo. No Brasil, muito ainda precisa ser feito para efetivamente viabilizar este processo de TT, em especial, aquelas desenvolvidas nas ICTs para que as empresas nacionais ou internacionais possam transformar o conhecimento geradoem tecnologia e/ou produtos/processos para o mercado. Na área de Biotecnologia isto ainda se encontra em fase incipiente,necessitando de uma abordagem inteligente e racional para que as informações sobre os projetos que envolvem a biotecnologia, sejam na área de Saúde, Agropecuária, Industrial ou Ambiental, possam ser disponibilizadas para as empresas/bioindústrias com a finalidade de avaliar a possibilidade de TT para o setor privado e sociedade.

2.6.2 PARCERIAS CORPORATIVAS

(31)

adicional relevante, principalmente para empresas de base tecnológica, exatamente por se apresentarem como uma alternativa para diluir o risco do investimento, agregar competências e ampliar o espectro de soluções relacionadas ao desenvolvimento.

Há, sobretudo, uma ampla janela de oportunidades para colaborações entre as empresas de pequeno porte com as de médio e grande porte, dada as complementaridades entre competências e obstáculos enfrentados por elas. Enquanto as menores enfrentam problemas regulatórios, de financiamento e entendimento do mercado, as empresas de maior porte se deparam com processos internos mais rígidos e onerosos, dificultando o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores. Por outro lado, as micro e pequenas empresas possuem agilidade em seus processos internos, bem como domínio de plataformas tecnológicas. Já as maiores têm acesso a recursos financeiros, altas taxas de penetração no mercado e conhecimento sobre os processos regulatórios. Desse modo, além de ser uma resposta aos entraves, tal modelo tem o potencial de alavancar o desenvolvimento das empresas, dividindo custos e riscos e agregando conhecimento e competências. “Da mesma forma como acontece com as parcerias entre universidade-empresa, as parcerias corporativas também têm sido utilizadas pela maior parte das empresas de Biotecnologia”. (Biominas-Sebrae, 2014).

É possível constatar que, embora as parcerias corporativas estejam sendo implementadas pelas empresas de biotecnologia, ainda é preciso melhorar a qualidade dessa interação, sobretudo com o intuito de potencializar a sinergia de competências não só relacionadas ao desenvolvimento tecnológico, mas também de entendimento de mercado, propriedade intelectual, modelagem de negócios, entre outros. Uma das grandes barreiras a essa implementação é o fato de ainda ser incipiente a cultura colaborativa entre grande parte dos empreendedores, o que dificulta o acúmulo de experiência sobre os processos e questões jurídicas exigidas para formalização dessas parcerias.

3.0 CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA DE BIOTECNOLOGIA

(32)

processos para usos específicos. A aplicação em escala industrial e empresarial dos avanços científicos e tecnológicos advindos da pesquisa biológica constituiria o chamado “setor de biotecnologia”. Embora a definição adotada seja relativamente simples, o tratamento analítico do tema muitas vezes tem enfrentado uma série de problemas práticos. A dificuldade advém da natureza multisetorial da biotecnologia, que envolve um conjunto diverso de tecnologias em grandes áreas de saúde humana e animal, agricultura, meio ambiente, alimentícia etc. A aplicação deste conceito para definição de empresas fica especialmente difícil devido à pobre especificação de derivados deorganismos vivos, que na prática, pode ser todo e qualquer tipo de molécula. (http://www.mma.gov.br/biodiversidade/convencao-da-diversidade-biologica, acessado em 26 de outubro de 2014).

Desta forma, foram estabelecidos critérios para o termo ser usado de maneira coerente e a evolução do conceito por: “uma empresa de biotecnologia é aquela que tem como atividade comercial principal, a aplicação tecnológica que utilize organismos vivos, sistemas ou processos biológicos, na pesquisa e desenvolvimento, na manufatura ou na provisão de serviços especializados” (Revista Nature Biotechnology 2).

Nesse sentido, muitas empresas que investem e têm projetos em biotecnologia, mas nao têm nisso sua atividade principal, nao são consideradas empresas de biotecnologia. O universo de empresas que está diretamente relacionado com saúde animal e humana, agricultura e meio ambiente e que não se enquadra na categoria biotecnologia foi definido como biociências. Por exemplo, uma empresa dedicada à condução de ensaios pré-clínicos ou ensaios clínicos, empresas que comercializam, mas não desenvolvem kits de diagnóstico ou equipamentos laboratoriais de pesquisa são consideradas empresas de biociências. Neste contexto, toda empresa de biotecnologia é também uma empresa de biociências, mas nem toda empresa de biotecnologia se enquadra como empresa de biotecnologia.

(33)

intimamente ligado à bases institucionalizadas, como a universidade, que detém grande estímulo à inovação, quanto à empresas, que possam investir, divulgar e comercializá-las futuramente.

Já na fase de desenvolvimento da pesquisa, tal inovação poderá ser testada internamente, ou terceirizada através das chamadas “Contract Research Organizations”, ou CRO’s, que possuem metodologias de testes em diversas fases, para regulamentação da aprovação do novo produto. Posteriormente, na fase de produção, o produto poderá ser fabricado pela própria empresa ou ter sua produção feita por subsidiárias. Na quarta fase, a distribuição, poderá ser ambidestra, ou seja , ser feita pela própria empresa que criou o produto, ou poderá ter sua produção terceirizada no pais hospedeiro. E por fim, o produto é testado por seu consumidor final, ou médicos e hospitais, que irão lhe fornecer um feedback, da eficiência ou efeitos colaterais do mesmo

3.1 BIOTECNOLOGIA NO BRASIL

(34)

uma série de fatores macro que a concretizem, bem como fatores que são mais específicos e direcionados ao nível micro. Isso não é diferente para setor de biotecnologia. Através do mapeamento de políticas e das melhorias práticas que estão em vigor no Brasil, será possível desenvolver um setor que seja nacionalmente competitivo, mesmo que à princípio, seja adotado um conjunto de políticas protecionistas. A consequência de uma estratégia deste tipo, no entanto, tende à limitar a capacidade dos agentes locais à ter independência e sucesso nos mercados mundiais.

Segundo o “V plano Diretor da Embrapa-2008-2013-2023”, publicado em abril de 2008, identificar o setor de biotecnologia, como uma área de importância estratégica, é o primeiro passo para se construir um cenário de sucesso na nacional política. A existência e criação de um plano nacional estratégico e o estabelecimento de metas, para as aspirações nacionais do setor de biotecnologia, é uma poderosa ferramenta na visibilidade do Brasil em termos de inovação. Existem muitos maneiras pelas quais os governos podem fornecer direcionamento e liderança, para a construção de uma capacidade biotecnológica. O estudo mostra que em alguns países uma abordagem mais descentralizada, indireta tem provado ser eficaz, tal como no EUA, enquanto em outros a abordagem direta da liderança do governo, tem sido fundamental na criação das condições necessárias para a obtenção de sucesso, o que certamente, inclui o Brasil, principalmente nos setores de agronegócios e de biocombustíveis. Portanto, independentemente do tipo de liderança, uma forte interação governamental é necessária para dar suporte ao desenvolvimento de forma geral.(EMBRAPA, 2008).

A mensuração do desempenho do setor de biotecnologia de forma transparente e sistemática, é de importância real para a compreensão dos desafios e progressos feitos recentemente, a fim de permitir correções que poderão ser necessárias, através de recorrentes trocas de informação e revisões do governo ou de forma independente através de iniciativas privadas, entre empresas, academia e instituições não-governamentais.

(35)

3.2 PANORAMA DO SETOR DE BIOTECNOLOGIA NO BRASIL

No campo específico da biotecnologia, o Brasil acumulou um know-how respeitável no decorrer do século 20. O país desenvolveu expertise de classe mundial e uma posição técnica forte, em uma série de tecnologias facilitadoras essenciais, como a pesquisa com células-tronco, estudos genômicos, biotecnologia vegetal e vacinas. Desta forma, o Brasil já está sendo considerado como uma potência genômica, passando a ser um dos principais produtores de dados de sequenciamento de genes do mundo. Este resultado está sendo conseguido, por reunir um grande número de laboratórios individuais e pesquisadores locais que estão usando seu talento coletivo para prosseguir a investigação de ponta no Brasil.

Segundo o Estudo das Empresas de Biociências - Brasil 2011, realizado pela Fundação Biominas, identificou no ano acima citado, 253 empresas privadas de biociências no Brasil, das quais 43% são de biotecnologia. A região sudeste se destaca e concentra 71,9% das empresas de biociências, sendo que os estados de São Paulo (37,5%) e Minas Gerais (27,7%) lideram as estatísticas. Em segundo lugar aparece a Região Sul, que abriga 15% das empresas. As principais áreas de atuação são: Saúde Humana (30,8%) e Agricultura (18%).

O setor é composto, principalmente, por micro e pequenas empresas jovens e de estrutura reduzida: A maior parte das empresas (44,4%) gerou receitas de até R$1 milhão em 2008. Outra fatia significativa (17,3%) representa empresas que não faturaram ainda. Quase metade (47,7%) tem menos de 10 funcionários e 72,7% tem menos de 20 funcionários e 67,7% foram concebidas na última década, sendo que nos últimos cinco anos foram criadas 83 novas empresas.(BIOMINAS, 2011)

(36)

empresas afirmaram possuir parcerias formais com Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs).

Constatou-se o importante papel da interação universidade-empresa na ampliação da capacidade de inovação das empresas. 66% das que interagem com ICTs depositaram, ao menos, uma patente, enquanto a atividade de depósito de patentes entre as empresas que não interagem foi bem menor, de 25%. Somente 11,2% das empresas nacionais de biociências reportaram atividade exportadora recorrente, enquanto 22,4% o fazem esporadicamente. 30,7% das empresas possuem como meta para os próximos dois anos competir internacionalmente, indicando um novo movimento das empresas do setor: a entrada e expansão no mercado externo. 68,4% das empresas declararam se beneficiar de políticas públicas, entre as quais, subvenções (48,4%), crédito facilitado (9,5%) e isenção fiscal (5,3%). O governo é a principal fonte de recurso alternativo ao capital pessoal no financiamento de empresas nascentes, tendo contribuído na origem de 22,9% das empresas. (Estudo das Empresas de Biociências – Brasil, Fundação Biominas, 2011).

Em termos de iniciativas políticas promissoras relacionadas à construção de capital humano, o Brasil, em 2011 introduziu um intercâmbio internacional entre estudantes, através do “Programa Ciência sem Fronteiras” que visa o intercâmbio de experiências e troca de tecnologias entre instituições de pesquisa e a internacionalização do ensino superior brasileiro à partir da promoção de parcerias e colaboração com instituições de outros países.

O Brasil é um grande investidor em pesquisa e desenvolvimento na América Latina e também tem um nível competitivo relativamente alto de investimento em P&D em relação ao PIB, se comparado à outros países que compõem o BRICS. Em relação aos índices de registro de patentes no Brasil, o resultado ainda é considerado muito baixo em geral, porém no setor de biotecnologia, já possui um número significativo se comparado à outras áreas.

(37)

Instituições de fomento como o BNDES, FAPEMIG e FINEP estão cada vez mais, apoiando o crescimento e o desenvolvimento dos biocombustíveis e indústria de etanol de cana-de açúcar através do plano PAISS, uma iniciativa para desenvolver uma segunda geração bio-etanol e novas utilizações da cana e biomassa. Essas parcerias também estão crescendo no setor de biotecnologia da saúde humana e saúde animal. O BNDES fornece um montante significativo do financiamento para biotecnologia, pesquisa biofarmacêutica, fabricação e inovação. A agência oferece financiamento direto, empréstimos e capital inicial. Por exemplo, no âmbito de seu “Programa Profarma”, um orçamento de 5 bilhões foi alocado para o setor de saúde farmacêutica até 2017. Em 2013, a agência anunciou o financiamento específico para o setor de biotecnologia, denominado “Profarma-Biotecnologia”, que terá como alvo o aprofundamento em P&D. A FINEP é também uma importante fornecedora de bolsas de investigação para empresas de biotecnologia e tem vindo a fornecer apoio ao setor da biotecnologia desde 2001.

Já o programa INOVAR atua como uma fonte de capital de risco e capital privado. A equidade das empresas de biotecnologia brasileiras parecem estar se beneficiando com este apoio, mas também estão requisitando mudanças na regras do programa. Por exemplo, em uma pesquisa realizada em 2008, pela Revista Nature Biotechnology 2, o apoio do governo, através de agências e bancos de desenvolvimento, como BNDES e FINEP foi significativa, com mais de metade das empresas pesquisadas citando-os como maiores parceiros em termos de financiamento.

Embora ainda tenha muito a se fazer, o Governo brasileiro já considera estrategicamente as atividades de inovação e tecnologia como prioridade, para se transformar pesquisas e novas tecnologias em produtos concretos. Por isso o incentivo em biotecnologia por tende a aumentar.

(38)

Comissão de Ética em Pesquisa, e a ANVISA, Agência de Vigilância Sanitária, o que pode estender o prazo em mais de um ano, em relação ao três meses em que países como os EUA e a Europa concedem a suas empresas tal certificação.(BIOMINAS, 2011)

A proteção e aplicação da propriedade intelectual dos direitos de propriedade no Brasil ainda é um desafio, particularmente no espaço biofarmacêutica. O Brasil é signatário do acordo TRIPS (do inglês Agreement on Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights, Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio) e fornece patente no padrão de 20 anos de proteção e um mínimo de 10 anos para o prazo de concessão da patente. No entanto, a ANVISA, Agência de Vigilância Sanitária, tem o direito de fornecer consentimento prévio da patente para a empresa farmacêutica que serão examinados pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Por conseguinte, as decisões sobre a concessão de uma patente farmacêutica não são baseadas únicamente no exame feito por especialistas em patentes e funcionários no INPI, mas também pela Anvisa. O Brasil também não permite patentes de reivindicações secundárias para novas utilizações.

Com relação à biotecnologia, regras de patenteabilidade de biotecnologia são feitas à partir de comparações internacionais. Por exemplo, áreas de investigação fundamentais na industrial e biotecnologia ambiental, como microorganismos isolados (incluindo bactérias e leveduras) não são patenteáveis. A lei existente, permite patentes de microorganismos transgênicos, mas não inclui produtos inovadores, como os novos microorganismos biotecnológicos que estão sendo desenvolvidos. Ao contrário de muitas economias e do crescente número de países de renda média, o Brasil apenas fornece proteção de dados regulamentares de ensaios clínicos apresentados para fertilizantes, produtos agroquímicos e produtos farmacêuticos para uso veterinário. Os produtos farmacêuticos para uso humano não são cobertos por regulamentações existentes.

(39)

universidades brasileiras, tem aumentado tanto seu número de patentes como o número de licenciamento de atividades.

Embora, se comparado com os índices internacionais, ainda seja bastante limitada, tem havido um crescimento na utilização de direitos de propriedade intelectual por universidades e instituições públicas brasileiras de pesquisa. Uma pesquisa de 2011 feita entre 07 universidades no Brasil, apontou que, o patenteamento, o licenciamento e colaboração entre universidades e indústria, eram recorrentes, mas que ainda estava em um estágio incipiente, de uma forma geral. Ainda assim, há regulamentação e exigências formais em vigor que limitam a atratividade pelo licenciamento.

Em relação ao mercado e incentivos comerciais, os produtos do segmento da biotecnologia são relativamente estritos à um controle de preços internacional. O IRP (Intenção de Registro de Preços) é amplamente utilizado e é calculado à partir do menor preço médio de produtos biofarmacêuticos produzidos em um grupo de países. Os países incluídos neste grupo são, Austrália, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Grécia, Itália, Nova Zelândia e Portugal, bem como o país de origem do medicamento. Além disso, há um cálculo de preços especial para os chamados "medicamentos excepcionais" para que o Coeficiente de Adequação de Preço (CAP), seja aplicado. O CAP é calculado comparando o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil com o PIB do país de referência selecionado e pode ser aplicado quando o produto, que está sendo fixado o preço, não atua no mercado em pelo menos três países do Grupo IRP.

O Brasil tem créditos fiscais em vigor para pesquisa e desenvolvimento nos termos da Lei No. 11.196, com um porcentual de 60% de dedução no imposto e contribuições sociais para as empresas. Esta dedução pode aumentar, se houver um aumento da despesa em pesquisa e desenvolvimento acumulado ano após ano. Há um adicional de 20% na dedução prevista, se a invenção for patenteada. No entanto, esta é disponível apenas uma vez, referente à uma patente emitida.

(40)

prorrogadas para a indústria farmacêutica em 2012, sob decretos 7.709 e 7.713, com margens que variam de 8 a 20%.

Já em relação à segurança jurídica, incluindo o Estado de Direito, é sabido que o sistema judiciário brasileiro é independente embora os tribunais estejam sobrecarregados e que disputas para resoluções de contratos podem se estender em um longo processo. Estes desafios são refletidos no ranking do Brasil em índices de medição internacionais, como por exemplo, em 2014, onde o Índice do Estado de Direito, apontou que o Brasil ficou colocado no 42º lugar, dos 99 países mapeados. A lei anti-corrupção entrou em vigor em 2014, e embora seus efeitos permaneçam incertos, possui potencial para melhorar o ambiente legal e empresarial do cenário brasileiro.

3.3 SEGMENTOS DA BIOTECNOLOGIA

Um estudo realizado pela Fundação BIOMINAS, intutulado Diretório de empresas de biociências do Brasil, de 2011, identificou que as empresas de biotecnologia brasileira são fundamentalmente envolvidas com o fornecimento de produtos e podem ser divididas de acordo com a sua atividade da seguinte forma: os setores mais populares são a agricultura e reagentes. O segundo segmento é composto por animais e Saúde Humana; seguida pelo setor Ambiental. Por fim, Bioenergia e atividades mistas constituem o último segmento.

1) Meio-ambiente: Desenvolvimento e oferta de produtos e serviços para biorremediação, tratamento biológico de resíduos e recuperação de áreas degradadas, análise de amostras ambientais através de sistemas biológicos. Métodos para controle de pragas ou conservação de alimentos, clonagem de plantas, diagnósticos bioquímicos, imunológicos ou moleculares, produção de fertilizantes e/ou inoculantes a partir de microorganismos) e bioenergia (empresas que desenvolvem tecnologias para produção de etanol e/ou biodiesel).

(41)

assistida, testes genéticos e moleculares e etc.

3) Agronegócio: Empresas dedicadas ao desenvolvimento e comercialização de tecnologias nas áreas de saúde animal (diagnósticos, vacinas, produtos terapêuticos, transferência embrionária, inseminação artificial, engenharia genética, clonagem), agricultura (sementes e plantas modificadas por engenharia genética ou transgênesis, novos

4) Insumos: Desenvolvimento e comercialização de reagentes e/ou enzimas para fins industriais, métodos para isolamento, identificação e tipagem de microorganismos, meios de cultura, biopolímeros, biomateriais, etc.31

5) Misto: Empresas que permeiam mais do que uma das categorias acima; por exemplo, desenvolvimento de kits de diagnóstico para doenças humanas e animais, empresas de bioinformática, CRO, CMOs, etc.

(42)

biológicos, quer como em pesquisa interna e desenvolvimento, na fabricação ou na prestação de serviços especializados (adotado de Nature Biotechnology). As empresas que não se enquadram na categoria de biotecnologia, mas desenvolvem atividades em saúde humana e animal, agricultura ou meio ambiente foram definidas como empresas de “ciências da vida”.

Segundo o Building the Bioeconomy - Examining National Biotechnology Industry Development Strategies, de abril de 2014, mais de um quarto delas são até 2 anos de idade (26,7%); enquanto 2, 9% têm 2 a 5 anos de atividade e 21% têm atuado de 5 a 10 anos. Os dados demonstram claramente a juventude do setor e da sua taxa de crescimento acelerado, uma vez que 51% das empresas foram criadas a partir de 2002. Apenas 28% das empresas de biotecnologia brasileiras pesquisadas foram fundadas antes de 1997.

(43)

faturamento de até R$10 milhões, enquanto que apenas 5,4% estavam no em um nível mais alto, com faturamento superior a R$10 milhões.

Uma vez que os níveis de receitas estão diretamente correlacionados com a idade, jovens empresas terão receita menor e empresas consolidadas terão receitas mais altas. Assim, todas as empresas que relataram não ter receitas, possuem até dois anos de idade, ao passo que todas as empresas comrecitas altas, já atuam no mercado há pelo menos 15 anos.

Imagem

Figura 3: Principais redes facilitadoras da Internacionalização. Figura elaborada pelo autor
Figura 10: Níveis de Internacionalização. Figura elaborada pelo autor à partir da fonte: LE,  Hien

Referências

Documentos relacionados

[r]

◦ Os filtros FIR implementados através de estruturas não recursivas têm menor propagação de erros. ◦ Ruído de quantificação inerente a

O objetivo deste trabalho foi avaliar épocas de colheita na produção de biomassa e no rendimento de óleo essencial de Piper aduncum L.. em Manaus

A mãe do Roberto, antes de sair – tem sempre alguma coisa para fazer, o seu curso de Italiano, a inauguração de uma exposição, um encontro no clube de ténis –, faz- -lhe

As regiões em cinza indicam regiões onde não houve quebra de safra, ou seja, ou a produtividade aumentou em relação ao ano anterior, ou houve uma queda de produtividade inferior a

Crop failures are apparently more frequent in the case of maize because it is a lower technology crop compared to soybeans, and because it is a crop commonly used for the

• For MATOPIBA, it is an Agricultural Frontier, with production related to the fast growing Agribusiness, corn is increasingly exposed to areas that had previously no cultivation,

Nesse estudo, consideramos apenas as áreas onde a quebra de safra está correlacionadas com eventos extremos. O mapa ao lado mostra a