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Curso Basico de Gestão Ambiental

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Academic year: 2021

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(1)

CURSO BÁSICO

DE GESTÃO AMBIENTAL

(2)

Entidades Integrantes do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae Associação Brasileira dos Sebraes Estaduais – Abase

Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Industriais – Anpei Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empre en dimentos de Tecnologias Avançadas – Anprotec

Confederação das Associações Comerciais do Brasil – CACB Confederação Nacional da Agricultura – CNA

Confederação Nacional do Comércio – CNC Confederação Nacional da Indústria – CNI

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC

Associação Brasileira de Instituições Financeiras de Desenvolvimento – ABDE Banco do Brasil S.A. – BB

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES Caixa Econômica Federal – CEF

(3)

Brasília, 2004

CURSO BÁSICO

DE GESTÃO AMBIENTAL

(4)

® 2004, Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Todos os direitos reservados.

A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610)

1ª edição

1ª impressão (2004): 3.000 exemplares Distribuição e informações:

Sebrae

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Sebrae/DF

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E-mail webmaster@df.sebrae.com.br Equipe Técnica

Newton de Castro James Hilton Reeberg Antonio de Souza Gorgonio Damião Maciel Guedes Róbson de Oliveira Nogueira Carmem Sílvia Treuherz Salomão Antônio José Rocha Andrade Capa

D&M Comunicação

Projeto gráfi co e editoração eletrônica Marcus Vinícius Mota de Araújo Revisão ortográfi ca

Mário Maciel

Esta publicação faz parte do Programa Sebrae de Gestão Ambiental.

Curso básico de gestão ambiental. – Brasília : Sebrae, 2004.

111p.

1. ISO 14001. 2. Gestão ambiental.

(5)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . 7

MÓDULO 1 . . . 9

1.1 O MEIO AMBIENTE . . . 9

1.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICADA GESTÃO AMBIENTALNO MUNDO . . . 10

1.2.1 DESENVOLVIMENTOS INTERNACIONAISDESDEOSANOS 70 . . . 10

1.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL . . . 11

1.4 AGENDA 21 (GLOBAL) . . . 12

1.4.1 OBJETIVOSDA AGENDA 21 BRASILEIRA . . . 12

1.5 CARTADA TERRA . . . 13

1.6 QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS . . . 14

1.6.1 A DESTRUIÇÃODA CAMADADE OZÔNIO . . . 15

1.6.2 EFEITO ESTUFA . . . 15

1.6.3 A PERDADA BIODIVERSIDADE . . . 16

1.6.4 CRESCIMENTO POPULACIONAL . . . 19

1.7 QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS . . . 20

1.8 OS GRANDES ACIDENTES AMBIENTAIS . . . 22

1.8.1 A POLUIÇÃODOS MARES . . . 23

MÓDULO 2 . . . 25

INTRODUÇÃO . . . 25

2.1 OSCINCOMENOSQUESÃOMAIS . . . 25

2.1.1 MENOS ÁGUA . . . 26

2.1.2 MENOS ENERGIA . . . 27

2.1.3 MENOS MATÉRIA-PRIMA . . . 28

2.1.4 MENOS RESÍDUOS . . . 29

2.1.5 MENOS POLUIÇÃO . . . 30

2.2 SISTEMADE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) . . . 34

2.2.1 CONCEITO . . . 34

2.2.2 POR QUE IMPLEMENTAR SISTEMASDE GESTÃO AMBIENTAL? . . . 35

2.2.3 COMENTÁRIOS INTRODUTÓRIOS . . . 35

2.2.4 INTRODUÇÃOCOMBASENA NBR ISO 14001 . . . 36

2.3 GESTÃO AMBIENTAL . . . 38

2.3.1 BENEFÍCIOSDEUM SISTEMADE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) . . . 38

MÓDULO 3 . . . 45

3.1 O QUEÉUM SISTEMADE GESTÃO AMBIENTAL? . . . 45

3.1.1 INTRODUÇÃO . . . 45

3.1.2 A ORIGEMDO SGA . . . 46

3.1.3 OBJETIVOS . . . 47

3.1.4 DEFINIÇÕES . . . 48

3.1.5 ELEMENTOS BÁSICOS . . . 49

3.2 COMODESENVOLVERUM SGA . . . 50

3.2.1 PLANEJAMENTO (PLAN) . . . 50

3.2.2 AÇÃO (DO) . . . 51

3.2.3 VERIFICAÇÃO (CHECK) . . . 51

3.2.4 APERFEIÇOAMENTO/MELHORIA (ACT) . . . 52

3.3 FUNÇÕESDAEMPRESAQUESERÃOENVOLVIDAS . . . 53

3.4 QUEMVAISUPERVISIONAROSISTEMA? . . . 53

(6)

MÓDULO 4 . . . 55

4.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL . . . 55

4.1.1 O QUEÉ AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL? . . . 55

4.2 METODOLOGIAPARAE AVALIAÇÃO AMBIENTAL INICIAL . . . 56

4.3 PLANEJAMENTO . . . 56 4.4 SELEÇÃODAEQUIPE . . . 57 4.5 PREPARAÇÃO . . . 57 4.6 REALIZANDOAAVALIAÇÃO . . . 58 4.7 ENTREVISTAS . . . 59 4.8 RELATÓRIO . . . 59

4.9 BASEPARAUMAPOLÍTICAAMBIENTAL . . . 60

MÓDULO 5 . . . 63

5.1 IDENTIFICAÇÃOEAVALIAÇÃODEASPECTOSEIMPACTOSAMBIENTAIS . . . 63

5.1.1 IDENTIFICAÇÃODE ASPECTOSE IMPACTOS AMBIENTAIS . . . 63

5.1.2 METODOLOGIAPARAIDENTIFICAREAVALIARASPECTOSEIMPACTOSAMBIENTAIS . . . . 63

5.1.3 IDENTIFICAÇÃODE IMPACTOS AMBIENTAIS SIGNIFICATIVOS . . . 64

5.1.4 DETERMINAÇÃODO GRAUDE SIGNIFICÂNCIADO IMPACTO AMBIENTAL . . . 65

ANEXOS . . . 67

BIBLIOGRAFIA . . . 75

EXERCÍCIO 1 – MÓDULO 1 – QUESTÕES AMBIENTAIS RELEVANTES . . . 77

EXERCÍCIO 2 – MÓDULO 2 – CONCEITOSDE GESTÃO AMBIENTAL . . . 79

EXERCÍCIO 3 – MÓDULO 3 – QUESTÕESAMBIENTAISDEUMAEMPRESA . . . 85

3.1 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – GRÁFICA . . . 86

3.2 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – BENEFICIADORADE GRANITO . . . 87

3.3 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – BENEFICIADORADE ALIMENTO . . . 88

3.4 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – METALÚRGICA . . . 89

3.5 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – CERÂMICA . . . 90

3.6 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – OFICINA MECÂNICA . . . 91

3.7 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – TECELAGEME ESTAMPARIA . . . 92

3.8 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – MADEIREIRA . . . 93

3.9 ANEXODO EXERCÍCIO 1 DO MÓDULO 3 – EMPRESA CURINGA . . . 94

EXERCÍCIO 4 – MÓDULO 4 – MODELOPARA ORIENTAÇÃODOS EXERCÍCIOS . . . 95

4.1 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – EMPRESA GRÁFICAE EDITORA . . . 97

4.2 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – EMPRESA BENEFICIADORADE GRANITO . . . 98

4.3 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – EMPRESA BENEFICIADORADE ALIMENTOS . . . 99

4.4 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – EMPRESA METALÚRGICA . . . 101

4.5 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – EMPRESA CERÂMICADE TIJOLOSE TELHAS . . . 102

4.6 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – OFICINA MECÂNICA . . . 104

4.7 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – TECELAGEME TINTURARIA . . . 106

4.8 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – INDÚSTRIA MADEIREIRA . . . 107

4.9 EXERCÍCIO: MÓDULO 4 – EMPRESA CURINGA . . . 108

EXERCÍCIO 5 – MÓDULO 5 – IDENTIFICAÇÃO, VALORAÇÃOE ORDENAMENTODOS IMPACTOS AMBIENTAIS . . . 109

(7)

INTRODUÇÃO

pessoas de diferentes formações, desde es-tudantes, empresários, engenheiros, médi-cos, biólogos, geógrafos, químimédi-cos, geólogos, administradores, economistas e professores de várias áreas do conhecimento, o Sebrae achou por bem socializar o conteúdo do cur-so para as demais pescur-soas, e espera que os usuários deste material possam empregá-lo da melhor forma possível em proveito da me-lhoria do desempenho ambiental das nossas organizações.

Ao fi nal de cada módulo propõe-se a rea-lização de um exercício, em grupo (formados por um número de 4 a 6 pessoas), para ser apresentado e discutido, em classe, como forma de melhor apreender o conteúdo teó-rico abordado. Para esses exercícios são uti-lizadas informações de organizações1 reais,

omitindo-se apenas a identifi cação delas. A experiência adquirida demonstra que o nú-mero ideal de alunos para este curso é de no máximo 25.

Todas as fi guras encontradas no texto es-tão disponibilizadas na forma de transparên-cias, no CD-ROM anexo, para que possam ser utilizadas por instrutores na aplicação deste curso. Elas estão separadas em cinco módulos, seguindo a seqüência do texto.

O

Curso Básico de Gestão Ambiental

do Sebrae é produto de uma prática que vem sendo desenvolvida desde 1996.

Seu conteúdo derivou originalmente do

kit de treinamento em gestão ambiental

de-senvolvido pela Unep intitulado

Environmen-tal Management System Training Resource Kit – UNEP/ICC/FIDIC, Version 1.0, january 1997. Essa publicação foi traduzida pelo

Se-brae, com a devida autorização, e utilizada como ponto de partida para a elaboração do referido curso.

Foi necessário adaptar os estudos de ca-sos para a realidade brasileira e, principal-mente, focar as micro e pequenas empresas, por se tratar do objeto de atuação do Sebrae. Outros recursos didáticos foram introduzidos à medida que novas experiências surgiram no decorrer do uso do material nos cursos que foram ministrados.

Depois de ministrado em 31 turmas for-madas nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Amapá, Pará, Santa Catarina, Alagoas, Goiás, Ser-gipe, Bahia, Maranhão, Rondônia e Distrito Federal, em que participaram mais de 800

1 A norma NBR ISO 14001/1996 (item 3.13) define organi-zação da seguinte forma: “companhia, corporação, firma, empresa, autoridade ou instituição, ou parte ou combina-ção destas, incorporada ou não, pública ou privada que tem função e estrutura administrativa própria”.

(8)
(9)

MÓDULO 1

IV) poluidor, a pessoa física ou jurídica, de

direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; e V) recursos ambientais: a atmosfera, as

águas interiores, superfi ciais e subter-râneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfe-ra, a fauna e a fl ora.

Já a Constituição Federal diz, em seu artigo 225, “Todos têm direito ao meio am-biente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qua-lidade de vida, impondo-se ao poder públi-co e à públi-coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras ge-rações”.

Portanto, com base nas defi nições acima, pode-se entender tanto a complexidade quanto a importância do meio ambiente para a sobrevivência das espécies, inclu-sive do homem, e do papel que temos na sua preservação.

É nesse sentido que consideramos a rele-vância do conceito de Desenvolvimento Sus-tentável e a signifi cância da implantação de sistemas de gestão em geral e, em específi -co, o Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Considera-se um sistema o conjunto de elementos interdependentes, interrelaciona-dos e interatuantes, coordenainterrelaciona-dos entre si, e que funcionam como um todo complexo, uma estrutura organizada. Por isso, nada impede que se implante um sistema de gestão am-biental mesmo que já existam outros siste-mas implantados, seja ele fi nanceiro, de qua-1.1 O Meio Ambiente

De acordo com a defi nição contida na norma NBR ISO 14001:1996, item 3.2, meio ambiente é a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar, água, solo, recursos naturais, fl ora, fauna, seres huma-nos e suas inter-relações.

Na Política Nacional de Meio Ambiente, Lei nº 6.938/1981, em seu artigo 3°, “Para os fi ns previstos nesta Lei, entende-se por: I) meio ambiente, o conjunto de condições,

leis, infl uências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas;

II) degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente

III) poluição, a degradação da qualidade am-biental resultante de atividades que dire-ta ou indiredire-tamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

b) criem condições adversas às ativida-des sociais e econômicas;

c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou

sa-nitárias do meio ambiente

e) lancem matérias ou energia em desa-cordo com os padrões ambientais es-tabelecidos;

(10)

lidade, saúde e segurança, responsabilidade social ou outro.

Um bom sistema agrega valor aos existen-tes e pode ainda ser integrado aos demais. 1.2 Evolução Histórica da Gestão

Ambiental no Mundo

T1M1

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GESTÃO AMBIENTAL NO MUNDO

1972: Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente Humano - Estocolmo

1984: Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento: Nosso Futuro Comum (1987) 1984: Programa de Atuação Responsável da Indústria Química

1991: A ISO discute o desenvolvimento de padrões ambientais 1991: 16 Princípios da Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável 1992: Rio 92 - Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento 1992: 27 Princípios da Carta da Terra

1994: Normas e esquemas: BS 7750, EMAS, ISO 1996: Norma ISO 14001

2002: Rio Mais 10

da ONU

Desenvolvimento Sustentável

“Desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações atenderem suas

próprias necessidades.”

1.2.1 Desenvolvimentos

Internacionais desde os anos 70 Na Europa Ocidental e nos Estados Uni-dos, e crescendo no mundo todo, a aborda-gem de controlar ou infl uenciar os impactos das atividades industriais na saúde humana e no meio ambiente sofreu uma transição sig-nifi cante. Inicialmente, nos anos 70 e começo dos anos 80 na Europa, os esforços concen-traram-se no desenvolvimento das estruturas legislativas e regulamentares, reforçados por uma estrutura de licenciamento ambiental. A resposta da indústria foi amplamente re-acionária. A indústria investiu em soluções tecnológicas superfi ciais para assegurar que estava de acordo com as regulamentações, sempre mais restritivas, e com as licenças de operação relacionadas a condicionantes ambientais, na busca de atender ao coman-do-controle da legislação ambiental cada vez mais rigorosa.

A combinação de negócios com aspec-tos ambientais em âmbito internacional co-meçou depois da Conferência das Nações Unidas de 1972 (Conferência de Estocol-mo), quando uma comissão independente

foi criada: a Comissão Mundial de Desen-volvimento e Meio Ambiente (Brundtland Comission). Esta Comissão encarregou-se da tarefa de reavaliar o meio ambiente no contexto do desenvolvimento e publicou seu relatório Nosso Futuro em Comum em 1987, que hoje é considerado um marco. Esse re-latório introduziu o termo Desenvolvimento Sustentável e incitou as indústrias a de-senvolverem sistemas de gestão ambiental efi cientes. O relatório foi assinado por mais de 50 líderes mundiais, que agendaram uma conferência geral para discutir a necessida-de do estabelecimento necessida-de ações a serem implementadas.

A ONU, conseqüentemente, decidiu orga-nizar a Conferência de Desenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas (Unced), também conhecida como ECO 92, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. Líde-res de governos, próceLíde-res comerciais, repre-sentantes de mais de cinco mil organizações não-governamentais, jornalistas internacio-nais e grupos privados de várias partes do globo se reuniram para discutir como o mun-do poderia mudar em direção ao desenvolvi-mento sustentável.

O resultado da ECO 92 foi a Agenda 21, um “consenso global e compromisso político do mais alto nível”, mostrando como os go-vernos, as empresas, as organizações não-governamentais e todos os setores da ação humana podem cooperar para resolver os problemas ambientais cruciais que ameaçam a vida no planeta.

O Secretário-Geral da Unced queria asse-gurar-se de que as corporações comerciais participariam no processo da discussão e da decisão fi nal. Ele, então, pediu a um líder in-dustrial suíço para ser seu conselheiro nas questões comerciais. Esse industrial fez seu papel, estabelecendo o Conselho Empresa-rial de Desenvolvimento Sustentável (CE-BDS). Este Conselho publicou um relatório importante intitulado Mudança de Rumo, mas também decidiu aproximar-se da ISO para discutir o desenvolvimento de padrões am-bientais.

(11)

Paralelamente a esses acontecimentos, a Câmara do Comércio Internacional (ICC) de-senvolveu a Carta Empresarial de Desenvol-vimento Sustentável em 1990, que foi lança-do no ano seguinte na Segunda Conferência Mundial de Gestão Ambiental das Indústrias (Wicem). A Carta Empresarial da ICC contém 16 princípios de gestão ambiental. Esta carta encontra-se nos anexos deste curso.

Em outra iniciativa, a indústria química, preocupada com sua imagem pública dete-riorada, lançou seu Programa de Atuação Responsável, começando no Canadá em 1984, cujos critérios condicionam à participa-ção como membro na Associaparticipa-ção das Indús-trias Químicas. Sua abordagem é fi rmemente baseada nos princípios de controle ambiental e de qualidade total, incluindo avaliação da saúde potencial e real, segurança e impactos ambientais das atividades e produtos, e do fornecimento de informações para as partes interessadas.

Desde a metade dos anos 80, e mais re-centemente nas economias emergentes e dinâmicas do Oriente e do Ocidente, o seg-mento empresarial está tomando uma atitude mais proativa e reconhecendo que a gestão ambiental, como iniciativa voluntária, pode intensifi car a imagem de corporação, aumen-tar os lucros e a competitividade, reduzir os custos e prevenir a necessidade de proposi-ção de emendas legislativas a serem toma-das pelas autoridades.

Uma evidência disso é vista na mudança para “produtos verdes”, com o aumento da “avaliação do ciclo de vida” – identifi car os impactos ambientais de um produto do “ber-ço ao ber“ber-ço”. Também têm sido produzidas inúmeras ferramentas de gestão ambiental, tais como auditoria ambiental e sistemas de gestão ambiental. Essas ferramentas, em sua maioria, começaram como iniciativas vo-luntárias dentro das companhias, mas agora afetam as políticas e regulamentações gover-namentais na União Européia, e põem em risco as políticas administrativas nacionais e internacionais de bancos e companhias de seguro.

A implementação de sistemas de gestão ambiental em empresas permanece voluntá-ria. No entanto, organizações em todo o mun-do estão estimanmun-do cuidamun-dosamente não só os benefícios fi nanceiros (identifi cação e re-dução de desperdícios, melhora na efi ciência da produção, novo potencial de marketing etc.) que podem surgir de tais atividades, mas também os riscos de não empregar soluções organizacionais e técnicas para problemas ambientais (acidentes, incapacidade de obter crédito bancário e investimento privado, per-da de mercado e per-da clientela).

Uma das atividades mais importantes nos últimos anos talvez seja o desenvolvimento de padrões no campo ambiental, principal-mente daqueles estabelecidos pela ISO. Es-sas atividades são essenciais se um SGA (e ações relacionadas) tem que ser aplicado no contexto de “campo de atuação nivelado”, como exigido por acordos internacionais de exportação e importação, incluindo a União Européia e a Mundial. Padrões desenvolvidos em nível nacional e europeu também afetam indústrias no mundo todo, sendo mais reco-nhecidos a BS 7750, da Grã-Bretanha desde outubro de 1996, substituída pela ISO 14001, e o EMAS (Environmental Management and

Auditing Scheme), da União Européia. Dados

de dezembro de 2003 estimam em 61.287 empresas certifi cadas pela ISO 14001 no mundo todo.2

1.3 Desenvolvimento Sustentável

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Mudança de paradigma

Diminuir pressão sobre os recursos naturais Gerar menos impactos nas atividades econômicas Apostar na continuidade das atividades

Assegurar a qualidade de vida para as gerações futuras

MARKETING PROJETO E DESENVOLVIMENTO MATÉRIA-PRIMA PROCESSO PRODUTIVO EMBALAGEM TRANSPORTE CONSUMO O CICLO DE VIDA DO PRODUTO COLETA E DESTINAÇÃO T2M1

(12)

Neste início do século 21, o homem pas-sa a assumir a mea culpa pelo paspas-sado de uso predatório dos recursos naturais. Fala de desenvolvimento sustentável, como forma de redimir-se dos danos causados ao meio am-biente em que vive.

Passar do discurso do desenvolvimento sustentável para a prática das ações ambien-tais diárias é um caminho que envolve mu-danças de comportamento, de procedimen-tos; demora tempo e custa dinheiro, que nem sempre está disponível para essa fi nalidade.

Falar de desenvolvimento sustentável é fa-lar de coisas novas, é rever conceitos. É fafa-lar de biotecnologia, de tecnologias limpas, de mudanças de padrões de produção e consu-mo, de reciclagem, de reuso, de reaproveita-mento e de outras formas de diminuir a pres-são sobre matérias-primas, e ao mesmo tempo reduzir os impactos causados pelos descartes de substâncias e objetos no meio ambiente.

É importante ressaltar que cada cidadão tem o dever de exercitar procedimentos de gestão ambiental onde quer que exerça suas atividades: no lar, no trabalho, nas institui-ções de ensino, nos ambientes de lazer e, também, nas ruas por onde passa. Dê sua contribuição de forma coerente e envide es-forços para que as crianças sigam rumo cer-to no caminho da sustentabilidade ambiental, como condição para a sobrevivência da pró-pria espécie humana no planeta Terra. Conceito de Desenvolvimento Sustentável

“É o desenvolvimento que satisfaz as ne-cessidades do presente sem comprometer a capacidade de as futuras gerações satisfaze-rem suas próprias necessidades” (Relatório

Brundtland – Nosso Futuro Comum, da

Co-missão Mundial de Meio Ambiente e Desen-volvimento – ONU).

1.4 Agenda 21 (Global)

A humanidade se encontra em momento de defi nição histórica. Defrontamo-nos com a

perpetuação das disparidades existentes en-tre as nações e no bojo delas, o agravamento da pobreza, da fome, das doenças e do anal-fabetismo, e com a deterioração contínua dos ecossistemas de que depende nosso bem-estar. Não obstante, caso se integrem as preocupações relativas a meio ambiente e desenvolvimento e a elas se dedique mais atenção, será possível satisfazer às neces-sidades básicas, elevar o nível da vida de todos, obter ecossistemas mais bem protegi-dos e gerenciaprotegi-dos e construir um futuro mais próspero e seguro. São metas que nação al-guma pode atingir sozinha; juntos, porém, podemos – numa associação mundial em prol do desenvolvimento sustentável.3

1.4.1 Objetivos da Agenda 21 brasileira4

A Agenda Global, assinada em 1992 por 179 chefes de Estado e de Governo, repre-sentou um caminho universal a ser seguido. A Agenda 21 Brasileira, demonstrando gran-de visão gran-de futuro, é produto da participação de cerca de 40 mil pessoas, representantes dos mais diversos segmentos da comunida-de brasileira. Essa Agenda lança o comunida-destino do Brasil no cenário internacional, como líder da conservação ambiental no planeta. Traça, para os próximos dez anos, 21 objetivos que, se implementados, colocarão a Nação na li-derança mundial do desenvolvimento susten-tável.

• Objetivo 1 – Produção e consumo susten-táveis contra a cultura do desperdício. • Objetivo 2 – Ecoefi ciência e

responsabili-dade social das empresas.

• Objetivo 3 – Retomada do planejamento estratégico, infra-estrutura e integração regional.

• Objetivo 4 – A energia renovável e a bio-massa.

3 Agenda 21, Capítulo 1, Preâmbulo, item 1.1

4 A Questão Ambiental no Distrito Federal, edição Sebrae DF, Brasília, 2004

(13)

• Objetivo 5 – Informação e conhecimento para o desenvolvimento sustentável. • Objetivo 6 – Educação permanente para

o trabalho e a vida.

• Objetivo 7 – Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS.

• Objetivo 8 – Inclusão social e distribuição de renda.

• Objetivo 9 – Universalizar o saneamento ambiental protegendo o ambiente e a saú-de.

• Objetivo 10 – A gestão do espaço urbano e a autoridade metropolitana

• Objetivo 11 – Desenvolvimento sustentá-vel do Brasil rural.

• Objetivo 12 – Promoção da agricultura sustentável.

• Objetivo 13 – Promover a Agenda 21 Lo-cal e o desenvolvimento integrado e sus-tentável.

• Objetivo 14 – Implantar o transporte de massa e a mobilidade sustentável.

• Objetivo 15 – Preservar a quantidade e melhorar a qualidade da água nas bacias hidrográfi cas.

• Objetivo 16 – Política fl orestal, controle do desmatamento e corredores de biodi-versidade.

• Objetivo 17 – Descentralização e pacto federativo: parcerias, consórcios e o poder local.

• Objetivo 18 – Modernização do Estado: gestão ambiental e instrumentos econômi-cos.

• Objetivo 19 – Relações internacionais e governança global para o desenvolvimen-to sustentável.

• Objetivo 20 – Cultura cívica e novas iden-tidades na sociedade da comunicação. • Objetivo 21 – Pedagogia da

sustentabili-dade: ética e solidariedade. 1.5 Carta da Terra5

O Sebrae acredita que o destino do planeta Terra é responsabilidade de todos: dos em-presários, dos seus colaboradores internos e externos, dos fornecedores, dos clientes e dos que, direta ou indiretamente, estão envolvidos com o sistema produtivo. Divulgar a Carta da Terra, portanto, é um dever.

“A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, reuni-da no Rio de Janeiro, de 3 a 14 de junho de 1992, reafi rmando a Declaração da Confe-rência das Nações Unidas sobre o Meio Am-biente Humano, adotada em Estocolmo em 16 de junho de 1972, e buscando avançar a partir dela, com o objetivo de estabelecer uma nova e justa parceria global por meio da estipulação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chave da socie-dade e os indivíduos, trabalhando com vistas à conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global do meio am-biente e desenvolvimento, reconhecendo a natureza interdependente e integral da Terra, nosso lar, proclama, em seus 27 princípios,

em linhas gerais e, resumidamente:

• Que para haver desenvolvimento susten-tável e atendermos as necessidades das gerações presentes e futuras, temos que estar em harmonia com a natureza;

• Que os Estados têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos;

• Que devemos lutar para erradicar a pobre-za e reduzir as disparidades;

5 A Questão Ambiental no Distrito Federal, edição Sebrae DF, Brasília, 2004

(14)

• Que os Estados devem cooperar para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre;

• Que os países em desenvolvimento e aqueles ambientalmente mais vulneráveis devem receber atenção especial;

• Que os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que têm em vista das pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente;

• A adoção de legislação ambiental efi caz, assim como da avaliação de impacto am-biental para atividades que possam vir a ter impacto negativo no meio ambiente; • A adoção do princípio da precaução para

proteger o meio ambiente;

• Que as populações indígenas têm um pa-pel fundamental na gestão do meio am-biente em virtude de seus conhecimentos e práticas tradicionais e,

• Que a guerra é, por defi nição, contrária ao desenvolvimento sustentável.

IMPACTOS AMBIENTAIS GLOBAIS QUE AFETAM A VIDA DE TODOS NO PLANETA

A destruição da camada de ozônio O efeito estufa

A perda da biodiversidade Crescimento populacional

T3M1

1.6 Questões Ambientais Globais

Os grandes problemas ambientais ultra-passam as fronteiras nacionais e são trata-dos de forma global, pois afetam a vida de todos no planeta. Isto explica, em parte, por que os países mais desenvolvidos colocam

barreiras à importação de produtos resultan-tes de processos prejudiciais ao meio am-biente.

A atividade industrial, principalmente, é responsável por expressiva parcela dos pro-blemas globais incidentes no meio ambiente. Você vai conhecer, a seguir, quais são as ameaças com que a humanidade se defron-ta.

Entenda melhor, também, o esforço das nações e da sociedade em geral para rever-ter o processo acelerado de degradação dos recursos naturais no mundo, que também tem como causas a explosão demográfi ca e as precárias condições de vida de grande parte da população, especialmente as do ter-ceiro mundo.

Existem questões ambientais de suma importância para a Humanidade, que se ca-racterizam como impactos ambientais negati-vos. Algumas dessas questões são descritas a seguir:

• o aumento da temperatura da Terra; • a diminuição das quantidades de espécies

vivas (conhecida como perda da biodiver-sidade);

• a destruição da camada de ozônio;

• a contaminação ou exploração excessiva dos recursos dos oceanos;

• a escassez, mau uso e poluição das águas;

• a superpopulação mundial;

• a utilização/desperdício dos recursos na-turais não renováveis (petróleo, carvão mi-neral, minérios);

• o uso e a ocupação inadequados e a de-gradação dos solos agricultáveis;

(15)

• a gravidade do aumento das doenças am-bientais, produzidas pelo desequilíbrio da estabilidade planetária; e

• a busca de novos paradigmas de produ-ção e consumo.

1.6.1 A Destruição da Camada de Ozônio

CAMADA DE OZÔNIO Estratosfera (15 - 50 Km) O + O = O

Absorve parte da radiação

CFCs: (fabricação de espumas e isopor, refrigeração, solventes para limpeza e aerossóis.) Destruição do O pelo cloro a 25 km da superfície Legislação: – instrumentos legais; e – protocolos internacionais 2 3 3 T4M1

Na atmosfera terrestre, entre 15 e 50km acima da superfície (estratosfera), a energia na forma de luz solar promove a dissociação do oxigênio molecular (O2) em oxigênio atô-mico (O).

O oxigênio atômico, na presença da luz solar e de substâncias químicas, combina-se com o oxigênio molecular (O2) formando o ozônio (O3). O ozônio seletivamente absor-ve parte da radiação solar, impedindo a inci-dência da maior parte dos raios ultravioleta e da radiação gama provenientes do Sol, que poderiam, ao atingir a superfície do planeta, provocar graves doenças nos seres vivos, em geral.

Os clorofl uorcarbonetos (CFCs) são com-postos químicos estáveis, com vida média de 139 anos, são muito usado pelas indústrias na fabricação de espumas, isopor, nas máquinas de refrigeração, nos aparelhos de ar-condicio-nado, como propelentes em aerossóis, como isolantes em transformadores elétricos e como solventes para a limpeza de placas de circui-tos elétricos. Por se tratar de producircui-tos voláteis de baixa densidade, com o tempo os CFCs chegam à estratosfera, onde são degradados

pela ação da energia solar, liberando átomos de cloro. Estes átomos reagem quimicamente com o ozônio, destruindo a molécula e dimi-nuindo sua concentração.

O mais grave é que esta reação química ocorre em cadeia, ou seja, cada átomo de cloro pode provocar a destruição de milhares de moléculas de ozônio, provocando danos irreversíveis à camada de ozônio, provocan-do o que se convencionou chamar de “buraco na Camada de Ozônio”.

Chama-se a atenção para o fato de que, embora o ozônio encontrado na atmosfera seja de extrema importância para a preserva-ção da vida no planeta, esse mesmo ozônio, se presente próximo à superfície, age como um poluente prejudicial aos seres vivos.

O Brasil tem participado ativamente dos foros internacionais, sendo signatário do Pro-tocolo de Montreal (1987) e do ProPro-tocolo de Quioto (1997). Tem assumido postura coe-rente com estes Protocolos, estabelecendo instrumentos legais apropriados para dar sua contribuição à manutenção e à melhoria da qualidade ambiental do planeta.

1.6.2 Efeito Estufa

EFEITO ESTUFA

Isolamento térmico natural Gases estufa naturais – Dióxido de arbono – CO

Vapor d´água

Aumento acelerado da temperatura média da Terra. Até ano 2100 aumento entre 0,06ºC e 0,8ºC por década Aumento no nível dos oceanos.

c

o ,

2

T5M1

O efeito estufa, em condições naturais, é um fenômeno climático de extrema importân-cia para a vida dos seres existentes, hoje, no planeta.

A temperatura da Terra manteve-se rela-tivamente constante por centenas de anos,

(16)

graças a um efeito de isolamento térmico natural (efeito estufa) que ocorre por meio do seguinte fenômeno: durante o dia ocorre elevação da temperatura, com a chegada da energia solar, e à noite uma diminuição, devi-da à irradiação de parte devi-da energia absorvidevi-da durante o dia, para o espaço. Nesse balanço térmico, gases e vapores, como o dióxido de carbono e o vapor d’água, têm importância fundamental, pois permitem a passagem de parte das ondas de calor provenientes do Sol e retêm parte da energia irradiada pela Terra em direção ao espaço.

Não fosse esse processo, a temperatura da Terra teria uma variação aproximada de +2.000ºC durante o dia e – 200ºC durante a noite. Desta forma, o acréscimo excessivo na quantidade de dióxido de carbono e de ou-tros poluentes da atmosfera poderia provocar maior retenção do calor, que seria irradiado para o espaço, causando um aquecimento gradual e progressivo da atmosfera terrestre, ocasionando um agravamento do efeito estu-fa. Este fenômeno pode provocar um aumen-to da temperatura na superfície da Terra.

O incremento acelerado da temperatura média da Terra vem ocorrendo desde a Re-volução Industrial, devido à maior concentra-ção de gases na atmosfera (principalmente o CO2 – dióxido de carbono), decorrente das seguintes atividades:

• combustão de petróleo, gás, carvão mine-ral e vegetal;

• emissão de gases pelas indústrias;

• desmatamento e queimada da cobertura vegetal; e

• fermentação de produtos agrícolas. Existem estudos que demonstram a ele-vação do nível dos mares em decorrência do aumento da temperatura global do planeta. Estima-se que as temperaturas possam va-riar entre 0,06ºC e 0,8ºC por década até o ano 2100 e que, em decorrência desse aque-cimento, o nível dos mares possa aumentar

de 1cm a 24cm por década no mesmo pe-ríodo.

Um aumento dos níveis dos oceanos, por menor e gradual que seja, provoca prejuízos incalculáveis em todo o mundo, visto que grande parte da população humana vive ao longo da linha litorânea. No Brasil, de acordo com dados do IBGE de 20006, o equivalente

a 23,93% da população vive na zona costei-ra.

1.6.3 A Perda da Biodiversidade

BIODIVERSIDADE Extinção da flora e fauna

5 a 10 milhões de espécies (1,7 milhões identificadas) 74% a 86% vivem em florestas tropicais úmidas 20% a 50% podem ser extintas em um século Ameaças à reprodução natural.

Brasil 524 (131) b 1.622 (>191) 468 (172) 517 (294) 3.131 (788) >3.000 África do Sul 247 (27) 774 (7) 299 (76) 95 (36) 1.415 (146) 153 Austrália 282 (210) 751 (355) 755 (616) 196 (169) 1.984 (1.350) 183 China 499 (77) 1.244 (99) 387 (133) 274 (175) 2.404 (484) 1010 Colômbia 456 (28) 1.815 (>142) 520 (97) 583 (367) 3.374 (634) >1.500 Equador 271 (21) 1.559 (37) 374 (114) 402 (138) 2.606 (310) >44 Estados Unidos 428 (101) 768 (71) 261 (90) 194 (126) 1.651 (388) 790 Filipinas 201 (116) 556 (183) 193 (131) 63 (44) 1.013 (474) 330 Índia 350 (44) 1.258 (52) 408 (187) 206 (110) 2.222 (393) 750 Indonésia 515 (201) 1.531 (397) 511 (150) 270 (100) 2.827 (848) 1.400 Madagascar 105 (77) 253 (103) 300 (274) 178 (176) 836 (630) 75 Malásia 286 (27) 738 (11) 268 (68) 158 (57) 1.450 (163) 600 México 450 (140) 1.050 (125) 717 (368) 284 (169) 2.501 (802) 468 Papua N. Guiné 242 (57) 762 (85) 305 (79) 200 (134) 1.509 (355) 282 Peru 344 (46) 1.703 (109) 298 (98) 241 (>89) 2.586 (342) 855

Rep. Dem. do Congo 415 (28) 1.094 (23) 268 (33) 80 (53) 1.857 (137) 962

Venezuela 288 (11) 1.360 (45) 293 (57) 204 (76) 2.145 (189) 1.250

País Mamíferos Répteis Aves Anfíbios Vertebrados, excetoos peixes água doce Peixes de

T6M1

A perda da biodiversidade é um fato incon-testável e que se agrava dia-a-dia. A destrui-ção de ecossistemas e a conseqüente extin-ção de espécies da fl ora e da fauna constitui-se em grave e irreversível problema global. Segundo estimativas conservadoras, existem entre 5 a 10 milhões de espécies de organis-mos no mundo; mas há quem calcule até 30 milhões. Destas, somente 1,7 milhões foram identifi cadas pelo homem.

Estima-se que 74% a 86% das espécies identifi cadas vivem em fl orestas tropicais úmidas, como a Floresta Amazônica. Alguns autores acreditam que entre 20% a 50% das espécies estarão extintas até o fi nal do sé-culo 21, vítimas da destruição dos ecossis-temas fl orestais e dos santuários ecológicos situados nas ilhas.

6 Fontes: Contagem da população 1996. Rio de Janeiro: IBGE, 1997. 2 v.; Censo demográfico 2000. Característi-cas da população e dos domicílios: resultados do univer-so. Rio de Janeiro: IBGE, 2001

(17)

Vale chamar a atenção para o fato de que a diminuição de populações, abaixo de um mínimo reprodutivo, para cada espécie, é um fator impeditivo à perpetuação da espécie. Nesses casos, cabe ao homem utilizar-se da biotecnologia e ajudar essas espécies a ultra-passarem a barreira do impedimento repro-dutivo e a recuperarem seu potencial biótico natural.

A proteção da diversidade biológica com-preende a proteção da variabilidade em di-versos níveis, como os ecossistemas e

ha-bitats, espécies e comunidades, genomas

e genes. A Convenção sobre Diversidade Biológica, ratifi cada pelo Brasil através do Decreto Legislativo de fevereiro de 1994, de-termina várias responsabilidades, entre as quais a identifi cação e o monitoramento de ecossistemas e habitats, espécies e comuni-dades que estejam ameaçadas, genomas e genes de importância social e econômica. O Brasil está incluído entre os países dotados da chamada megadiversidade, doze nações que abrigam 70% da biodiversidade total do

planeta. À importância, de âmbito global, da

conservação da biodiversidade no Brasil, soma-se sua relevância para a economia do país (http://www.ibge.gov.br/home/geografi a/ ambientais/ids/ids.pdf – p.101) – (Lista de es-pécies em extinção, ver Fontes: Ibama. Fau-na: lista ofi cial de fauna ameaçada de extin-ção. Disponível em: <http://www2.ibama.gov. br/fauna/extincao.htm>)

A extinção de ecossistemas e suas espé-cies constituintes provoca desequilíbrio na natureza, além de impedir o aproveitamento dos recursos naturais em benefício do ho-mem, na forma de matéria-prima, de alimento e de fármacos para a cura de suas doenças.

O desenvolvimento sustentável implica a preservação do meio ambiente em condições de equilíbrio, que depende, por sua vez, da conservação dos ecossistemas brasileiros7.

Ao lado de estratégias de proteção, tais como o controle do impacto das ações humanas, o

estabelecimento de áreas protegidas visa a vários objetivos, entre os quais se destaca a proteção à biodiversidade. São objetivos do Sistema Nacional de Unidades de Conserva-ção contribuir para a manutenConserva-ção da diversi-dade biológica e dos recursos genéticos no Território Nacional e nas águas jurisdicionais; proteger as espécies ameaçadas de extin-ção no âmbito regional e nacional; contribuir para a preservação e a restauração da diver-sidade de ecossistemas naturais; promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da na-tureza no processo de desenvolvimento; pro-teger paisagens naturais e pouco alteradas, de notável beleza cênica; proteger as carac-terísticas relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural; proteger e recupe-rar recursos hídricos e edáfi cos; recuperecupe-rar ou restaurar ecossistemas degradados; pro-porcionar meios e incentivos a atividades de pesquisa científi ca, estudos e monitoramento ambiental; valorizar econômica e socialmen-te a diversidade biológica; favorecer condi-ções e promover a educação e interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico; proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e va-lorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

De acordo com o Ministério de Meio Am-biente (MMA)8, “o Brasil dispõe, hoje, de um

quadro de unidades de conservação (UC) ex-tenso, sendo 2,61% constituídas de unidades de proteção integral (de uso indireto) e 5,52% de unidades de uso sustentável (de uso dire-to), totalizando 8,13% do território nacional. Importantes esforços têm sido empreendidos com a fi nalidade de ampliar as áreas prote-gidas. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, abre a possibilidade de criação de um sistema de unidades de conservação que integre, sob um só marco legal, as unidades de conservação das três

7 http://www.ibge.gov.br/home/geografia/ambientais/ids/ids.

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esferas de governo (federal, estadual e mu-nicipal).

Pela primeira vez no Brasil, o meio am-biente é visto não como uma restrição ao desenvolvimento, mas como um mosaico de oportunidades de negócios sustentáveis que harmonizam o crescimento econômico, a ge-ração de emprego e renda, e a proteção de nossos recursos naturais.”

A Floresta Amazônica é um dos princi-pais biomas predominantemente fl orestais do território brasileiro9. Em termos mundiais,

é a maior fl oresta tropical existente, corres-pondendo a 1/3 das reservas de fl orestas tropicais úmidas. Abriga grande número de espécies vegetais e animais, muitas delas endêmicas. Estima-se que detém a mais ele-vada biodiversidade e o maior banco genéti-co do mundo, 1/5 da disponibilidade mundial de água potável e patrimônio mineral ainda em parte desconhecido. Quatro milhões de km2 da Amazônia brasileira estão associados

a uma cobertura com fi sionomia fl orestal pri-mária. A área total desfl orestada na Amazô-nia é da ordem de 15% da superfície total. O processo de desfl orestamento acentuou-se nas últimas quatro décadas, concentrado nas bordas sul e leste da Amazônia Legal (Arco do Desfl orestamento). Algumas formações vegetais características desta região já estão sob risco de desaparecimento. O desfl oresta-mento é realizado, majoritariamente, para a formação de pastos e áreas agrícolas, decor-rendo também da extração predatória de ma-deira. Este indicador é útil para a avaliação do avanço das atividades agrossilvo-pastoris, e da ocupação antrópica em geral, nas áreas recobertas por fl orestas no norte do Brasil.

Já a Mata Atlântica corresponde ao segun-do maior conjunto de fl orestas tropicais úmi-das do Brasil, menor apenas que a Floresta Amazônica. Originalmente, este bioma se estendia do litoral nordestino ao Rio Grande Sul, adentrando pelo interior no Centro-Sul do país. Ao longo de sua área de

ocorrên-cia, a Mata Atlântica apresenta grande va-riabilidade fi sionômica e fl orística, possuindo elevada biodiversidade, com grande número de espécies endêmicas. A Mata Atlântica foi quase totalmente derrubada e substituída por áreas agrícolas, pastoris e urbanas. De sua área original (mais de 1 milhão de km2), restam hoje menos de 10% recobertos com fl orestas nativas, boa parte delas formações secundárias, de pequena extensão e restritas aos locais de relevo mais íngreme. Por conta disto, a Mata Atlântica é considerada como um dos biomas mais ameaçados de desa-parecimento no mundo. Assim como a Mata Atlântica, por sua localização, as formações vegetais costeiras (restingas e manguezais) foram muito alteradas desde a chegada dos colonizadores portugueses ao Brasil. Além de abrigarem muitas espécies exclusivas, ajudam a fi xar os solos das áreas costeiras e fornecem abrigo e alimentação à fauna estu-arina (manguezais).

Outros fatores importantes são aqueles de que os seres humanos necessitam para sobreviver dignamente na superfície do pla-neta, quais sejam água, saneamento básico, solo para cultivo, moradia, saúde, educação e lazer.

Mais de um bilhão dos habitantes da Terra não têm acesso a habitação segura e servi-ços básicos, embora todo ser humano tenha direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza. Essas pessoas desprovidas de quase tudo vivem, particu-larmente, em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.

A falta de saneamento básico, de abaste-cimento d’água e de coleta do lixo, além de signifi carem altos riscos para a saúde huma-na, são fatores de degradação do meio am-biente. Isto ocorre especialmente nos cintu-rões de miséria das grandes cidades, onde se aglomeram multidões de pessoas em es-paços mínimos, de precária higiene.

Estudos do Banco Mundial (1993) esti-mam que o ambiente doméstico inadequado é responsável por quase 30% da ocorrência

9 http://www.ibge.gov.br/home/geografia/ambientais/ids/ids. pdf

(19)

de doenças nos países em desenvolvimento. O Quadro 1 a seguir ilustra a situação.

Visto que apenas 0,6% de água no mundo são água doce disponível naturalmente, sua escassez – devido à distribuição geográfi ca que favorece algumas regiões e não favore-ce outras, seu mau uso e a poluição, caso não sejam combatidos, podem inviabilizar sociedades e mesmo nações inteiras. A água em quantidade e qualidade é fator de saúde pública, capaz de prevenir 80% das doenças humanas.

O solo agricultável é essencial para as-segurar o sustento da população mundial. É preciso conservá-lo e manejar melhor os insumos (adubos, pesticidas, água de irriga-ção), de modo a garantir a produção de ali-mentos no futuro.

A produção agrícola deve ser melhorada com a intensifi cação do uso das terras já cul-tivadas, evitando-se sua expansão para as terras marginais e a invasão de ecossistemas frágeis. Para isso, é preciso substituir as téc-nicas atuais de manejo, que têm provocado a degradação pela acidifi cação, erosão e salini-zação dos solos, por práticas não agressivas.

É preciso ter em mente que um centímetro de solo agrícola demora mais de 500 anos para se formar; se manejado inadequada-mente, pode acabar em um mês. Estima-se uma perda mundial de 30 bilhões de tone-ladas de solos agrícolas, por ano. Somente em Santa Catarina, a perda anual

calcula-Quadro 1. Causas principais de algumas doenças

Doenças Causas

Diarréias Falta de saneamento, de abastecimento d’água, de higiene Doenças tropicais Falta de saneamento, má disposição do lixo, foco de vetores de

doenças nas redondezas

Verminoses Falta de saneamento, de abastecimento d’água, de higiene Infecções respiratórias Poluição do ar em recinto fechado, superlotação

Doenças respiratórias crônicas Poluição do ar em recinto fechado Câncer do aparelho respiratório Poluição do ar em recinto fechado

da é da ordem de 12 milhões de toneladas anuais.

1.6.4 Crescimento Populacional Há muito tempo que os pesquisadores vêm demonstrando preocupação com o aumen-to da população no planeta, principalmente pelo comprometimento de sua estabilidade ambiental e pela exaustão dos seus recursos naturais. A Tabela 1 mostra uma projeção do aumento populacional no mundo, em bilhões de pessoas.

Tabela 1. Aumento populacional no mundo

População necessárioTempo

Ano em que atingiu ou atingirá (projeção) Primeiro bilhão 2.000.000 de anos 1830 Segundo bilhão 100 anos 1930 Terceiro bilhão 30 anos 1960 Quarto bilhão 15 anos 1975 Quinto bilhão 11 anos 1986 Sexto bilhão 9 anos 1995

Fonte: Nações Unidas, por Brown, Lester (1980)

É importante observar que essa projeção, feita há 24 anos, teve um nível de acerto bas-tante signifi cativo. A ONU confi rmou para o

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mês de outubro de 1999 o nascimento do sex-to bilionésimo ser humano no planeta Terra.

Entretanto, desde a publicação do relatório

Limites de Crescimento pelo Clube de Roma

em 1972, a comunidade internacional enten-deu ser necessário diminuir as taxas de cres-cimento populacional. Note-se a variação do crescimento populacional estimado em 1992, para o período 1965 – 2025, Tabela 2.

DEMONSTRAÇÃO GRÁFICA REAL E PROJETADA DO AUMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

0 2 4 6 8 10 1930 1960 1975 1999 2025 2040 Anos B ilh õ e sd eP e s s o a s T7M1

De acordo com as projeções, seguindo o padrão histórico do crescimento demográfi -co, a população mundial poderá passar dos 9 bilhões de habitantes em 2040. Grandes investimentos são necessários para aumen-tar a produção agrícola e para compensar a exaustão dos recursos não-renováveis, como os combustíveis fósseis (petróleo, gás natu-ral, carvão).

1.7 Questões Ambientais Nacionais

QUESTÕES AMBIENTAIS NACIONAIS

O Brasil apresenta características próprias Abriga 60% da Floresta Amazônica PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS A destruição da camada de ozônio As alterações climáticas

Os riscos à biodiversidade e à extinção de espécies A poluição dos mares e ecossistemas

Redução da mata atlântica, cerrado e caatinga

T8M1

O Brasil é um país que apresenta caracte-rísticas próprias por ter dimensões continen-tais, grandes variações em latitude e longi-tude, um mosaico de classes de solo, relevo diversifi cado, climas variando de úmido a semi-árido, grandes ecossistemas distintos e um sem-número de formas de uso e ocupa-ção do espaço, vinculadas à heterogeneida-de cultural do seu povo.

Nosso país tem ocupado posição de des-taque nas preocupações ambientais do mun-do inteiro, principalmente por abrigar 60% (sessenta por cento) da Amazônia Interna-cional, a grande reserva da biodiversidade no planeta.

Podemos destacar as seguintes preo-cupações nacionais:

Tabela 2. Variação do crescimento populacional estimado em 1992, para o período 1965 – 2025

Ano População total estimada Período crescimento (%)Taxa de

Tempo aproximado para dobrar a população (anos)* 1965 3.336 1965-70 2,06 34 1975 4.079 1975-80 1,73 40 1985 4.851 1985-90 1,74 40 1990 5.292 1990-95 1,73 40 1995 5.770 1995-2000 1,63 43 2000 6.261 2000-05 1,47 48 2025 8.504 2020-25 0,99 71

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• a destruição da camada de ozônio; • as alterações climáticas;

• os riscos à biodiversidade e a extinção das espécies;

• a poluição dos mares e ecossistemas con-tíguos à costa brasileira;

• redução da Mata Atlântica, além de outros dois grandes biomas, o Cerrado e a Caa-tinga.

Como em qualquer outro país do mundo, o Brasil também sofre as conseqüências do chamado efeito estufa, que provoca o aumen-to da temperatura terrestre. As causas, como vimos, estão relacionadas ao lançamento de gases na atmosfera, principalmente o dióxido de carbono, o metano, os óxidos de nitrogê-nio e os hidrocarbonetos halogenados.

Nesse tópico, o Brasil deve direcionar suas preocupações para as seguintes questões: • Como as mudanças da cobertura vegetal

na Amazônia, em particular o desmata-mento, podem alterar o equilíbrio climático na região e em outras áreas?

• Em que intensidade as emissões de fuma-ça e gases provocadas pelas queimadas, pelas indústrias, pelos meios de transpor-te e produção de energia no Brasil, con-tribuem para as alterações climáticas glo-bais?

• Como estas mudanças afetariam os ecos-sistemas naturais e os de produção agro-pecuária no território brasileiro?

• Que efeitos permaneceriam no ambiente, mesmo que as emissões de gases e o des-matamento no Brasil fossem controlados? Não existem ainda respostas defi nitivas para tais questões. Sabe-se que a Floresta Amazônica tem importância para o clima no mundo, mas não em que proporção. É preci-so que o País acompanhe os estudos em

an-damento e utilize a Amazônia em seu bene-fício, com a consciência da importância que tem a região em escala mundial.

Os fenômenos El Niño e La Niña, que ocor-rem devido ao aquecimento e ao resfriamen-to, respectivamente, das águas do Oceano Pacífi co, também infl uenciam nosso clima.

A biodiversidade ou diversidade biológi-ca pode ser compreendida como o conjunto formado pelos ecossistemas, as populações com suas espécies componentes e o patri-mônio genético que as caracterizam, portan-to, engloba todas as plantas, animais e mi-croorganismos, bem como os ecossistemas do qual fazem parte.

Recentes estudos conduzem à previsão de que o mundo perderá entre 2% e 7% das es-pécies nos próximos 25 anos, corresponden-tes à extinção de 8 mil a 28 mil espécies por ano, ou seja, de 20 a 75 espécies por dia.

As Américas do Sul e Central abrigam 51% das plantas tropicais existentes no mundo, enquanto a África e Madagascar respondem por 23%, e a Ásia, 26%.

Como exemplo cita-se a região de Cubatão, que apresentava, na época de seu ritmo mais intenso de industrialização (1950 a 1960), to-dos os atrativos para a implantação do pólo industrial em termos de proximidade do cen-tro consumidor, de porto marítimo de grande porte, de malha viária, de disponibilidade de mão-de-obra, água e energia elétrica.

Os aspectos ambientais foram pratica-mente ignorados nos processos de análises e nas decisões sobre a instalação de ativida-des industriais no município, o que provocou intensa degradação ambiental.

Além disso, os ataques à vegetação da Serra do Mar, provocados pelas atividades humanas e, particularmente, pelos efeitos fi totóxicos das emissões industriais (chuvas ácidas), tornaram suas encostas instáveis, criando riscos de deslizamentos sobre o com-plexo industrial.

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A partir de 1983, foi desencadeado o Pro-grama para a Recuperação da Qualidade Ambiental de Cubatão, como resposta às pressões sociais em curso. Em 1984, o Pro-grama aprovou vários planos individuais para controle ambiental nas indústrias.

Cubatão transformou-se, pela gravidade dos níveis de poluição e riscos para a popula-ção, em caso emblemático que atraiu intensa reação. Em 1986, o Ministério Público do Es-tado de São Paulo e uma entidade ambiental não-governamental ajuizaram ações civis pú-blicas contra 24 empresas poluidoras pelos danos causados à Serra do Mar.

Hoje, os resultados da aplicação do citado Programa mostram signifi cativa redução nos níveis de emissão de poluentes, diminuindo o número de ocorrências de alerta e emergên-cia na região, cuja incidênemergên-cia chegava ante-riormente a 17 vezes por ano.

O caso de Cubatão serve de exemplo de planejamentos feitos sem considerar as impli-cações dos aspectos e dos impactos ambien-tais de um empreendimento dessa natureza. Outros problemas ambientais que preocupam as autoridades e toda a população brasileira estão distribuídos ao longo de todo o território nacional, a saber:

• saneamento básico inadequado ou inexis-tente;

• crescimento populacional; • pobreza;

• urbanização descontrolada;

• consumo e desperdício de energia; • perda de solo agricultável;

• desertifi cação no Semi-Árido brasileiro; • práticas agrícolas inadequadas;

• substâncias tóxicas perigosas;

• inefi ciente gestão dos recursos hídricos; • mineração e garimpos predatórios; • processos industriais poluentes;

• poluição do ar em áreas metropolitanas; e • alteração da Mata Atlântica, da Caatinga

e do Cerrado, queimadas na Amazônia, ocupação e destruição de mangues em toda a costa, principalmente próximo aos limites urbanos.

1.8 Os Grandes Acidentes Ambientais

DESASTRES AMBIENTAIS

Impactos na flora e fauna Perdas sociais e econômicas

Petroleiro Exxon Valdez

T9M1

Os grandes acidentes ambientais que vêm ocorrendo em todo o mundo, além de provocar o extermínio local de grandes po-pulações de animais e plantas, têm atingido diretamente as populações humanas, tanto pela perda de vidas como pelas grandes per-das sociais e econômicas. Basta relembrar as tragédias de Minamata, Bhopal, Three Mile Island, Chernobyl, Exxon Valdez, o der-rame de 1.290m3 de óleo combustível na

Baia de Guanabara feito por um oleoduto da Refi naria Duque de Caxias, o afundamento do navio petroleiro Prestige, em novembro de 2002, com 70 mil toneladas de óleo, na costa da Espanha. Essa quantidade de óleo é duas vezes maior que a contida no Exxon

Valdez.

O acidente de Bhopal, ocorrido em Mady-ma Pradejh, na Índia, provocado pelo vaza-mento de trinta toneladas de metil isocianato de uma fábrica da Union Carbide, morreram,

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num primeiro momento, 3.323 pessoas e cerca de 35 mil tiveram o funcionamento de seus pulmões afetado em diversos níveis. Em decorrência desse acidente, a empresa teve que ressarcir, pelos danos causados às pessoas e ao meio ambiente, uma soma da ordem de dez bilhões de dólares.

Há acidentes que ocorrem no dia-a-dia, como o do césio, em Goiânia. A tragédia de Caruaru, com a contaminação de pacientes de hemodiálise, é também um acidente am-biental como tantos outros.

1.8.1 A Poluição dos Mares

A POLUIÇÃO DOS MARES

Águas poluídas escoam para o mar Declínio das zonas pesqueiras 500.000t/ano de óleo no mar Entre 1967 e 1983 foram lançados 90.000t de resíduos radioativos 14 bilhõeskg de lixo por ano

T10M1

A poluição do mar causada pelos des-pejos de rejeitos domésticos e industriais e materiais assemelhados e o escoamento de águas poluídas por insumos agrícolas, entre outros, vem aumentando de forma progres-siva, no mundo inteiro. Tudo isso, aliado ao excesso de pesca, está levando ao declínio diversas zonas pesqueiras regionais.

Calcula-se em 500 mil toneladas anuais o derrame de petróleo nos oceanos. Entre 1967 e 1983 foram lançadas 90 mil tonela-das de resíduos radioativos no mar pelos pa-íses industrializados, o que, ofi cialmente, não ocorre mais.

Quase 80% dos poluentes lançados nos mares concentram-se nas regiões costeiras que, além de ser altamente habitado, é um

habitat marinho vulnerável10. De acordo com

a Academia Nacional de Ciências dos EUA, estima-se que 14 bilhões de quilos de lixo são jogados (sem querer ou intencionalmen-te) nos oceanos todos os anos.

Outra questão importante que vem sen-do objeto de preocupação em tosen-do o munsen-do é a água de lastro. Estima-se que, somente na costa brasileira, são despejadas, anu-almente 40 milhões de toneladas de água de lastro, proveniente de diversas partes do mundo.

Responsáveis pelo transporte de mais de 80% dos materiais comercializados em todo o mundo, os navios translocam, anualmente, mais de 10 bilhões de toneladas de água de um local para outro, levando nesse volume cerca de três mil espécies de organismos vivos. Esses organismos, dispersos por dife-rentes pontos do bioma marinho e também fl uvial, causam problemas incomensuráveis em função de suas características adaptati-vas.

As autoridades buscam estabelecer me-didas internacionais de controle, para evi-tar que espécies exóticas de grande poder de adaptação se instalem em ecossistemas frágeis e provoquem desequilíbrios em seu funcionamento. Além de alterações nos ecos-sistemas, em geral essas espécies causam grandes prejuízos econômicos em todo o mundo.

Exercício 1

Para a fi xação do conteúdo abordado no Módulo 1, propõe-se a realização do exercí-cio apresentado na página 77.

10 http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base =./agua/salgada/index.html&conteudo=./agua/salgada/ artigos/poluicaomar.html

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MÓDULO 2

derão produtividade, o que fará alcançarem a competitividade que tanto almejam e neces-sitam.

Num primeiro momento, problemas como a prevenção e a redução dos desperdícios e da poluição são cruciais para a melhoria do desempenho ambiental das Micro e Peque-nas Empresas (MPEs).

Pode-se afi rmar, sem dúvida, que proce-dimentos simples de gestão ambiental enfo-cando os itens abaixo representam, no con-junto de mais de quatro milhões e meio de empresas brasileiras, um passo importante na busca do desenvolvimento sustentado. • Minimização do desperdício de água na

produção;

• Minimização do desperdício de energia por unidade de produção;

• Minimização das perdas de matéria-prima por unidade de produção;

• Minimização da geração de resíduos; e • Minimização da poluição.

Com essas “minimizações”, a produção de resíduos será reduzida (sólidos, líquidos e gasosos) e, conseqüentemente, será dimi-nuída a poluição dos ecossistemas.

A maior parte das atividades humanas, e, principalmente as ações empresariais, estão diretamente envolvidas com a questão do uso de recursos naturais, na forma de matérias-primas, geração de produtos e subprodutos. Cabe ao empresário atuar de modo a econo-mizar insumos e matérias-primas, como re-Introdução

Para as pequenas empresas, os conceitos das normas ISO série 14000 podem ser implementados a partir de Programas de Melhoria de Desempenho Ambiental (PMDA), com ênfase na Redução de Desperdícios.

T1M2

Diante dos problemas ambientais que a sociedade mundial e, particularmente, a co-munidade brasileira precisam equacionar, faz-se necessário o estabelecimento de programas capazes de contribuir para a mi-nimização da prática do desperdício. Neste sentido, foi instituído o Programa de Me-lhoria de Desempenho Ambiental (PMDA), com ênfase na redução do desperdício e da poluição, para que os micro e peque-nos empresários pudessem participar da melhoria dos seus processos produtivos e, conseqüentemente, do uso racional dos re-cursos naturais, transformando-se, assim, em agentes multiplicadores das boas prá-ticas ambientais.

2.1 Os cinco menos que são mais

A ação ambiental do Sebrae visa colocar os micro e pequenos empresários em condi-ções de competição no mercado, em face à globalização.

O engajamento dos micro e pequenos em-presários é feito pela internalização dos cinco principais pontos de economia que lhes

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ren-quisito para aumentar a competitividade dos negócios.

Entre os recursos naturais há que se des-tacar aqueles que são considerados não-re-nováveis, visto que foram formados em épo-cas geológiépo-cas anteriores à atual, como é o caso do petróleo, do carvão mineral e os mi-nérios em geral.

O uso desses recursos deve ser feito sem-pre com parcimônia, ao mesmo tempo que se procura um recurso alternativo para substituí-lo. O não-atendimento a esse requisito impli-ca a exaustão do recurso ou a inviabilidade do seu uso, pela relação custo-benefício que passa a representar.

A questão central que afeta os negócios é que os preços se elevam na medida em que a escassez dos produtos aumenta. Felizmen-te, com a crescente escassez de matérias-primas, aumenta a criatividade do homem e, conseqüentemente, surgem alternativas de uso sustentável dos recursos naturais.

A manutenção da oferta e do custo da ma-téria-prima é função da demanda, da efi ciên-cia da exploração (com maior ou menor tec-nologia) e, principalmente, da dimensão da reserva do recurso (minérios em geral).

Quanto aos recursos naturais renováveis, aqueles que se renovam naturalmente, ou que podem ser ajudados pelo homem (solos, água, plantas e animais, energia solar, eólica e de maré, entre outros) devem igualmente ser utilizados de forma correta, sempre se respeitando o seu potencial de exploração, de acordo com a prática do uso sustentável do recurso.

2.1.1 Menos Água

No caso específi co da água, há que se ressaltar que, embora seja considerada um recurso natural renovável, ainda assim é um recurso fi nito, dado que os processos na-turais de renovação (evaporação e evapo-transpiração, condensação, precipitação e fi ltragem no solo), em muitos lugares, estão

sendo mais lentos do que os processos hu-manos que promovem sua deterioração e, porque os processos artifi ciais de purifi cação da água servida são muito dispendiosos.

Menos água

recurso natural renovável, porém finito em 98,8%, da água doce disponível é subterrânea outros 1,2% são rios e lagos

5 MENOS QUE SÃO MAIS

Consumo de água em diversos tipos de indústria

Tipo de indústria Consumo (m3)

Têxtil 1.000 por tonelada de tecido Refinação do petróleo 290 por barril refinado Papel 250 por tonelada de papel Lavanderias 100 por tonelada de roupa Laminação de aço 83 por tonelada de aço Usinas de açúcar 75 por tonelada de açúcar Couros-Curtumes 55 por tonelada de couro Cervejarias 20 por tonelada de cerveja Fábrica de conservas 20 por tonelada de conserva Matadouros 3 por animal abatido Saboarias 2 por tonelada de sabão Laticínios 2 por tonelada de produto T2M2

Note-se a necessidade de melhoria dos processos industriais que utilizam como ma-téria–prima a água, como elemento de refri-geração, de geração de vapor e sobretudo como lavagem de máquinas e equipamen-tos. Essa água muitas vezes sofre altera-ção em suas características físico-químicas e torna-se agente poluidor dos solos e dos mananciais.

Quanto mais tecnologia limpa for aplicada aos processos produtivos, menor será o con-sumo de água, que tem como conseqüência imediata a redução dos efl uentes.

O Brasil perde cerca de 40% de sua água tratada canalizada em redes de distribuição defi cientes, o que acarreta enormes prejuízos de recursos, elevando custos que, invariavel-mente, são repassados ao consumidor.

Sabemos hoje que 97,2% de toda a água existente no planeta está nos oceanos (água salgada) e os 2,8% restantes têm distribuição desigual. Do total de 2,8% tiramos 2,14% das águas que formam as calotas polares e as geleiras, e o restante, isto é, 0,6% formam as águas dos rios (0,001%), dos lagos de água doce (0,009%), dos lagos da água salgada (0,008%) e das reservas subterrâneas de água (0,61%). De maneira geral, pode-se di-zer que apenas 0,6% de água no mundo são água doce e disponível naturalmente.

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Na realidade, as águas mais disponíveis são as superfi ciais dos rios e lagos, principal-mente os reservatórios artifi ciais. As águas subterrâneas dos aqüíferos, muitos deles profundos, são de difícil acesso. O Brasil pos-sui cerca de 13% da água doce disponível no planeta. Entretanto, a aparente abundância de água da região amazônica e do pantanal corresponde a apenas 0,001% de água doce que mais usamos. Outro aspecto relevante é que grande parte da água doce é subterrâ-nea e em volume muitas vezes maior que o das águas superfi ciais, isto é, dos rios e la-gos. No que diz respeito ao volume de água captada no Brasil, 70,1% são para uso agrí-cola, 20,0% para uso industrial, e 9,9% para abastecimento urbano.

Esta distribuição irregular da água leva-nos a nos preocuparmos com um uso mais ade-quado e não abusivo dela, sob pena de com-prometermos a vida das futuras gerações. O mau uso e a poluição dos recursos hídricos, caso não sejam combatidos, poderão inviabili-zar sociedades e mesmo nações inteiras.

Além disto, a água em quantidade e quali-dade não adequadas é fator de saúde públi-ca, podendo levar a várias doenças mostra-das no Quadro 1 da página 19.

O consumo global de água doce aumen-tou seis vezes entre 1900 e 1995 – mais do que duas vezes a taxa de crescimento po-pulacional. Cerca de um terço da população do mundo vive em países considerados com “escassez de água”, ou seja, gastam mais de 10% da água que possuem. A continuar esta tendência, duas entre três pessoas no plane-ta viverão nesplane-tas condições.

A produção industrial consome muita água. Assim sendo, uma empresa, ao adotar um sistema de gestão ambiental, deve preo-cupar-se em evitar desperdícios, fazendo campanhas preventivas com seus funcioná-rios e adotando medidas que minimizem es-tas perdas, o que reverterá em lucros.

Um sério problema causado pelo não-tra-tamento dos efl uentes líquidos das

indús-trias é a poluição dos mananciais hídricos por substâncias químicas tóxicas. Por outro lado, o esgoto doméstico leva para as águas nutrientes como o fósforo e o nitrogênio, os quais enriquecem estes ambientes, proces-so denominado de eutrofi zação, que torna a água eutrófi ca. Este processo leva à perda da transparência, induz a proliferação de algas que dão à água uma cor verde-azulada, além de favorecer a proliferação de plantas aquá-ticas superiores (macrófi tas) como o águapé (baronesa), alterando as propriedades físi-co-químicas da água. Além disto, os esgotos contaminam as águas com coliformes fecais (bactérias que podem causar danos à saúde humana), tornando o líquido inviável para o consumo.

Dois importantes instrumentos legais de-vem ser considerados no planejamento e gestão dos recursos hídricos visando a sua proteção e conservação. Um deles é a Re-solução Conama nº 20/86, que classifi ca a água e estabelece normas para o enquadra-mento de um manancial hídrico em termos de seu uso. O outro é a Lei n° 9.433/97 – a Lei das Águas brasileiras – que propõe um gerenciamento descentralizado e integrado, com participação da comunidade, das ba-cias hidrográfi cas. Neste contexto, interessa à empresa o conhecimento das questões li-gadas à outorga (licença de uso) e cobrança que são previstas na Lei n° 9.433/97, e que serão fatores relevantes na tomada de deci-são para implantar qualquer tipo de empre-endimento.

2.1.2 Menos Energia

Menos energia

– a geração é altamente impactante – uso racional

– 35% de perda na distribuição

– investimentos em melhores tecnologias 5 MENOS QUE SÃO MAIS

Referências

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