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A EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE NA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES: ANÁLISE DE ALGUMAS QUESTÕES PRÁTICAS

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A EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE NA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES:

ANÁLISE DE ALGUMAS QUESTÕES PRÁTICAS

Daniela Miranda da Silva Miranda

Orientador

Professora Doutora Sara Leite

Coorientador

Mestre Sara Luís Dias

Dissertação apresentada

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Solicitadoria Empresarial Este trabalho inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri.

dezembro, 2018

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A EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE NA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES:

ANÁLISE DE ALGUMAS QUESTÕES PRÁTICAS

Daniela Filipa da Silva Miranda

Orientador

Professora Doutora Sara Luís Dias

Coorientador

Mestre Sara Luís Dias

Dissertação apresentada

ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave

para obtenção do Grau de Mestre em Solicitadoria Empresarial Este trabalho inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri.

dezembro, 2018

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DECLARAÇÃO

Nome: Daniela Filipa da Silva Miranda

Endereço eletrónico: danymiranda_1992@hotmail.com

Título da Dissertação: A Exoneração do Passivo Restante na Insolvência de Pessoas Singulares: Análise de Algumas Questões Práticas

Orientador: Professora Doutora Sara Leite Coorientador: Mestre Sara Luís Dias Ano de conclusão: dezembro, 2018

Designação do Curso de Mestrado: Mestrado em Solicitadoria Empresaria

Nos exemplares das Dissertações /Projetos/ Relatórios de Estágio de mestrado ou de outros trabalhos entregues para prestação de Provas Públicas, e dos quais é obrigatoriamente enviado exemplares para depósito legal, deve constar uma das seguintes declarações:

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO

APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO (indicar, caso tal seja necessário, nº máximo de páginas, ilustrações, gráficos, etc.), APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO EM VIGOR, NÃO É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DE QUALQUER PARTE DESTA DISSERTAÇÃO/TRABALHO

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave,04/12/2019

Assinatura: ________________________________________________

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A EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE NA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES: ANÁLISE DE ALGUMAS QUESTÕES PRÁTICAS

RESUMO

Numa altura em que o endividamento das famílias portuguesas tem vindo a crescer significativamente, também o número de insolvências de pessoas singulares tem aumentado.

No que concerne às pessoas singulares o Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas apresentou duas medidas inovadoras que têm como objetivo a proteção do insolvente: a Exoneração do Passivo Restante (art. 235º a 248º do CIRE) e o Plano de Pagamentos (art. 251º a 263º do CIRE).

A Exoneração do Passivo Restante tem como principal objetivo conceder ao devedor, pessoa singular, a exoneração dos créditos sobre a insolvência que não hajam sido integralmente pagos no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao encerramento deste, possibilitando-lhe um recomeço de uma vida livre de dívidas.

A efetiva obtenção do benefício da Exoneração do Passivo Restante pressupõe que após a submissão ao processo de insolvência o devedor permaneça por um período de cinco anos, designado de período de cessão, ainda adstrito ao pagamento dos créditos da insolvência que não hajam sido integralmente satisfeitos. Durante o período de cessão o devedor assume várias obrigações, sendo uma delas a de ceder o seu rendimento disponível a um fiduciário que afetará os montantes recebidos ao pagamento dos credores.

Acontece que terminado o período de cessão e tendo o devedor cumprido para com os credores da insolvência, todos os deveres que sobre ele recaíam é proferido o despacho de exoneração que liberta o devedor das dívidas que ainda se encontrem pendentes de pagamento, permitindo, assim, a sua reintegração plena na vida económica.

O objetivo deste trabalho será descrever e analisar o referido instituto da exoneração, enunciando problemas da sua aplicação e sugerindo soluções. Referiremos as principais referências bibliográficas e a posição dos Tribunais sobre as várias questões que a aplicação prática deste benefício tem levantado, procurando contribuir para a melhor compreensão deste instituto, da forma e efeitos da sua utilização pelos devedores singulares.

Palavras-chave: Insolvência de Pessoas Singulares, Exoneração do Passivo Restante, Indeferimento Liminar, Rendimento Disponível, Fiduciário

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THE EXEMPTION OF REMAINING LIABILITIES IN THE INSOLVENCY OF UNIQUE PEOPLE: ANALYSIS OF SOME PRACTICAL ISSUES

ABSTRACT

At a time when the indebtedness of Portuguese families has been growing increasing in a significant manner and also the number of insolvencies of singular people have been growing.

Regarding natural persons, “Insolvency and Business Recovery Code” proposed two innovative measures, whose purpose is to the protection of solvent: “exoneration of the remaining liability” (article 235º to 248º of the CIRE) and payment plans (article 251º to 263º of the CIRE).”

The main objective of the “exoneration of the remaining liability” is to grant the debtor, natural person, the exoneration of the claims on the insolvency proceedings that do not have been entirely paid in insolvency proceedings or in the five years after the closure of this, giving you a fresh start to a life free of debt.

The effective attainment of the benefit of “exoneration of the remaining liability” assumes that, after submission to the insolvency process, the debtor remains, for a period of five years, designated transfer period, still attached to the payment of claims from the insolvency that don't have been fully satisfied.

During the period of assignment the debtor assumes several obligations, one being to give your disposable income to a fiduciary that will affect the amounts received for the payment of creditors.

It turns out that over the period of assignment and having the debtor met with creditors of insolvency, all debtors who relied on it is delivered the order of exoneration that releases the debtor from the debts that are still pending payment, allowing, thus, your full reintegration in economic life.

The aim of this study is to describe and analyse the said Institute of exoneration, stating your application problems and suggesting solutions. We will refer to the main bibliographical references and the position of the Courts on the various issues that the practical application of this benefit has raised, looking to contribute to a better understanding of this Institute, in the manner and purpose of your use by borrowers.

Keywords: Insolvency of natural persons, exoneration of the remaining liability, preliminary injunction, disposable income and fiduciary.

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AGRADECIMENTOS

A realização desta dissertação representa o término de mais uma etapa académica, que apenas foi possível com o apoio e incentivo de determinadas pessoas a quem devo um agradecimento especial.

Agradeço à minha orientadora, Professora Doutora Sara Leite, por toda a sua orientação, total apoio, disponibilidade e por todos os ensinamentos que me transmitiu ao longo desta caminhada, sem nunca me deixar desistir.

À minha coorientadora, Mestre Sara Luís Dias, por todo o tempo dedicado, incentivo, ajuda, troca de opiniões, críticas e total colaboração que me permitiu solucionar dúvidas e problemas que se foram suscitando ao longo deste trabalho.

Á minha família, por acreditar em mim e nunca me deixar desistir, pelo incentivo, amizade, carinho e acima de tudo pela paciência demonstrada nos momentos mais difíceis, que me permitiram superar mais uma fase na minha vida.

Ao Ricardo, por todo o encorajamento e carinho que sempre me transmitiu ao longo desta caminhada, que foi sem dúvida um pilar essencial nesta caminhada.

Aos meus amigos, à Susana Valada, à Célia Borges, à Vânia Rodrigues, à Soraia Faria, à Cristina Fernandes, à Marina Fernandes, à Ângela Santos, à Vera Oliveira, ao Carlos Faria, ao Gonçalo Faria, à Natália Fernandes, à Marlene Silva, à Catarina Moreira e à Marta Silva pela amizade, companheirismo e por terem sempre palavras amigas que confortam qualquer pressão.

A todos vós, dedico todo este trabalho, obrigada por tudo, tenho-vos sempre no meu coração.

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LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

Esta secção é opcional. Deve ser discutido com o orientador a necessidade de incluir esta secção. Seguem- se alguns exemplos para ilustrar a formatação. Se utilizar esta secção, não se esqueça de remover este parágrafo e deve colocar por ordem alfabética. Se não a utilizar, selecione desde o início do título desta secção até ao início do título da secção seguinte e remova tudo. (tecla Del Windows ou Shift + Del Mac)

AA.VV. - Autores Vários Ac. - Acórdão

art. - artigo arts. - artigos CC - Código Civil cfr. - confira

CIRE - Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas CP - Código Penal

CPC - Código de Processo Civil CRCiv. - Código de Registo Civil CRCom. - Código de Registo Comercial CRP - Constituição da República Portuguesa EAJ - Estatuto do Administrador Judicial ed. - edição

FMI - Fundo Monetário Internacional LGT - Lei Geral Tributária

n.º - número n.ºs - números p. - página pp. - páginas

RCP - Regulamento das Custas Processuais reimp. - reimpressão

ss. - seguintes vol. - volume ex: - exemplo

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ÍNDICE

RESUMO ... I ABSTRACT ... II AGRADECIMENTOS ... III LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS ... IV ÍNDICE ... V

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO I - O REGIME ESPECIAL DA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES 3 1.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ... 3

CAPÍTULO II - EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE ... 7

1.1. CONCEITO E ANÁLISE DA SUA EVOLUÇÃO ... 7

1.2. DISPOSIÇÕES GERAIS ... 9

1.3. EFEITOS DA EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE ... 11

CAPÍTULO III – TRAMITAÇÃO... 15

1.1. O REQUERIMENTO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE ... 15

1.1.1 QUEM PODE REQUERER ...15

1.1.2 MOMENTO DE APRESENTAÇÃO DO REQUERIMENTO ...15

1.1.3 PRESSUPOSTOS DA CONCESSÃO DA EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE ...19

1.1.4. REQUISITOS ESPECIAIS DO REQUERIMENTO ...22

1.2. O DESPACHO DE INDEFERIMENTO LIMINAR DO PEDIDO ... 24

1.2.1. MOMENTO EM QUE É PROFERIDO ...24

1.2.2. FUNDAMENTOS DE INDEFERIMENTO LIMINAR DO PEDIDO ...26

1.2.2.1. DA ALÍNEA A) DO N.º 1 DO ARTIGO 238º DO CIRE ...29

1.2.2.2. DA ALÍNEA B) DO N.º 1 DO ARTIGO 238º DO CIRE ...30

1.2.2.3. DA ALÍNEA C) DO N.º 1 DO ARTIGO 238º DO CIRE ...32

1.2.2.4. DA ALÍNEA D) DO N.º 1 DO ARTIGO 238º DO CIRE ...32

1.2.2.5. DA ALÍNEA E) DO N.º 1 DO ARTIGO 238º DO CIRE ...40

1.2.2.6. DA ALÍNEA F) DO N.º 1 DO ARTIGO 238º DO CIRE ...41

1.2.2.7. DA ALÍNEA G) DO N.º 1 DO ARTIGO 238º DO CIRE ...42

1.3. DESPACHO INICIAL ... 43

1.3.1. PERÍODO DE CESSÃO ...44

1.4. CESSÃO DO RENDIMENTO DISPONÍVEL ... 54

1.5. OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR DURANTE O PERÍODO DA CESSÃO ... 61

1.6. CESSAÇÃO ANTECIPADA DO PROCEDIMENTO DE EXONERAÇÃO ... 64

1.6.1. REQUERIMENTO ...64

1.6.2. OS FUNDAMENTOS PREVISTOS NO ARTIGO 243º, N.º 1, DO CIRE ...66

1.7. DECISÃO FINAL DE EXONERAÇÃO/DE RECUSA DA EXONERAÇÃO ... 67

1.8. REVOGAÇÃO DA EXONERAÇÃO ... 68

CAPÍTULO IV - O FIDUCIÁRIO ... 73

1.1. A ESCOLHA DO FIDUCIÁRIO ... 73

1.2. A REMUNERAÇÃO E O REEMBOLSO DAS DESPESAS ... 73

1.3. O FIDUCIÁRIO E O RENDIMENTO CEDIDO ... 74

1.4. A FISCALIZAÇÃO DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DO DEVEDOR ... 77

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1.5. A FISCALIZAÇÃO DA ATIVIDADE DO FIDUCIÁRIO ... 78

1.6. A CESSAÇÃO DE FUNÇÕES ... 78

1.7. APRESENTAÇÃO DE CONTAS ... 79

1.8. RESPONSABILIDADE DO FIDUCIÁRIO ... 79

CONCLUSÕES ... 81

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 84

LISTA DE JURISPRUDÊNCIA ... 87

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INTRODUÇÃO

Ao longo da presente dissertação intitulada de “A Exoneração do Passivo Restante na Insolvência de Pessoas Singulares: análise de algumas questões práticas” pretendemos analisar a figura da exoneração do passivo restante, na insolvência de pessoas singulares, bem como as problemáticas que têm sido debatidas na doutrina e na jurisprudência, de forma a posteriormente apresentarmos as nossas conclusões.

A exoneração do passivo restante é um instituto jurídico que tem na sua base o modelo do fresh start que pode ser concedida quando os créditos da insolvência não hajam sido integralmente pagos no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao seu encerramento.

O instituto da exoneração do passivo restante tem como principal objetivo proteger os devedores, pessoas singulares, uma vez que após o decurso do prazo de cinco anos sobre o encerramento do processo de insolvência e verificadas determinadas condições previstas na lei determina o procedimento legal que o devedor pessoa singular obtenha uma segunda oportunidade para começar a sua vida económica, com o perdão de todas as dívidas que não foram entretanto pagas ao longo desses cinco anos , período esse, denominado de período de cessão.

Em primeiro lugar, procederemos ao estudo do regime especial da insolvência de pessoas singulares, apresentando algumas considerações iniciais ao tema.

Em seguida, dedicaremos a nossa atenção ao conceito de exoneração do passivo restante bem como a sua evolução.

Posteriormente, estudaremos a tramitação da exoneração do passivo restante, nomeadamente quem pode requerer a exoneração do passivo restante, o momento para a apresentação do requerimento, os vários pressupostos da concessão da exoneração do passivo restante e os requisitos especiais do requerimento.

Posto isto, daremos destaque para o despacho de indeferimento liminar do pedido de exoneração do passivo restante, onde nos debruçaremos sobre o momento em que este despacho é proferido e de, seguida analisaremos todos os fundamentos de indeferimento liminar, dando especial atenção ao conceito de prejuízo para os credores uma vez que tem sido alvo de divergência na doutrina e na jurisprudência.

Num quinto momento, procederemos ao estudo do despacho inicial, nomeadamente ao período de cessão, onde debatemos a partir de que momento começa a contar o período dos cinco anos. Para além disso, analisaremos ainda a questão se as pessoas singulares que se apresentem à insolvência beneficiam ou não da isenção de custas, que tem sido debatida nos Tribunais.

De seguida, passaremos para a cessão do rendimento disponível que é suscetível de diversos entendimentos, existindo algumas questões controversas. Além disso, analisaremos ainda o que é razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno do devedor e do seu agregado familiar.

Após essa abordagem, seguiremos para o estudo quanto ao fiduciário, nomeadamente, a escolha do fiduciário, a remuneração e o reembolso das despesas, o fiduciário e o rendimento cedido, debatendo, quanto a esta matéria, a quem devem ser entregues os rendimentos, se ao devedor que posteriormente os entrega ao fiduciário ou se diretamente ao fiduciário. Para além disso, analisaremos a fiscalização quanto ao cumprimento

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das obrigações do devedor e da atividade do fiduciário, a cessação de funções do fiduciário, a apresentação de contas e, por fim, a responsabilidade do fiduciário.

No ponto oitavo, abordaremos as várias obrigações do devedor durante o período de cessão.

Posto isto, trataremos da cessação antecipada do procedimento de exoneração do passivo restante, nomeadamente, quanto à apresentação do requerimento, os vários fundamentos previstos no art. 243º, n.º 1, do CIRE.

Posteriormente, analisaremos, por um lado, a decisão final de exoneração do passivo restante e, por outro lado, a decisão final de recusa de exoneração do passivo restante.

Terminado esse ponto, será dado destaque aos respetivos efeitos da exoneração do passivo restante.

E, para terminar, analisaremos a revogação da exoneração do passivo restante.

Em suma, depois de apresentadas as diversas posições da doutrina e da jurisprudência procuraremos encontrar soluções para as questões mais controversas.

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CAPÍTULO I - O REGIME ESPECIAL DA INSOLVÊNCIA DE PESSOAS SINGULARES

1.1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

A insolvência, historicamente, encontrava-se relacionada com a atividade e riscos do comércio associados a sociedades comerciais e outras pessoas coletivas. No entanto, o paradigma mudou, estendendo a sua aplicação às pessoas singulares, uma vez que, também estas se endividam, correm sérios riscos e ficam impossibilitadas de cumprir as suas obrigações.

A generalidade da população portuguesa encara o crédito de longo, médio ou curto prazo como meio preferencial para a concretização imediata de objetivos. O endividamento das famílias portuguesas e o consequente aumento do crédito ao consumo tem a sua correspondência no crescente aumento do crédito público relacionado com o investimento e para fins sociais, na medida em que, na sua essência, o crédito funciona para de uma certa forma “comprar” tempo. Na prática, com o recurso ao crédito é possível concretizar, no imediato, aquilo que apenas poderia ser feito decorrido algum tempo e depois de acumuladas poupanças. O crédito acabou por facilitar o acesso a determinados bens, permitindo que se utilize o dinheiro mutuado no imediato e se pague posteriormente e de forma fracionada.

Se em tempos o recurso ao crédito era encarado como um ato pontual e utilizado em última instância, nos dias de hoje faz parte do quotidiano da generalidade das famílias.

Até Setembro de 2004, as pessoas singulares ficavam vinculadas às dívidas que assumiam e que não podiam pagar de acordo com o que tivesse sido estipulado com a entidade credora, por tempo indeterminado1, ficando suscetíveis à agressão continuada ao seu património, enquanto acervo de garantia das suas obrigações2. No entanto, após esta data, com a entrada em vigor do Código de Insolvência e Recuperação de Empresas3, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 53/2004, de 18 de março e que entrou em vigor no dia 14 de setembro de 2004, também as pessoas singulares passaram a poder ser declaradas insolventes.

A insolvência de pessoas singulares merece, contudo, um tratamento distinto da insolvência de pessoas coletivas, uma vez que estão em causa pessoas humanas4, cuja dissolução, no âmbito do processo de insolvência, não é possível.

O CIRE prevê, assim, medidas especiais de proteção do devedor pessoa singular: a exoneração do passivo restante e o plano de pagamentos aos credores5.

1 Pelo menos até que a obrigação prescrevesse.

2 Cfr. MARTINS, Luís M., Recuperação de Pessoas Singulares, 2ª Edição, Volume I. Coimbra: Almedina, 2012, pp. 79-81.

3 Doravante CIRE.

4 Cfr. MARTINS, Alexandre de Soveral, Um Curso de Direito da Insolvência, 2ª Edição Revista e Atualizada. Coimbra: Almedina, 2016, p. 583.

5 Cfr. LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito da Insolvência, 7ª Edição. Coimbra: Almedina, 2017, p. 339 e CRISTAS, Maria Assunção, Exoneração do Devedor pelo Passivo Restante, in “Themis, Revista da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, setembro de 2005, Edição Especial, Novo Direito da Insolvência, p. 165.

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A exoneração do passivo restante, enquanto medida específica da insolvência das pessoas singulares, constitui uma inovação do CIRE6.

A relevância deste instituto, em termos jurídicos, sociais e económicos, nunca foi tanta como atualmente, em consequência da crise económica que se verifica nas economias europeias, o que se traduz num aumento crescente de declarações de insolvência de pessoas singulares e dos pedidos de exoneração do passivo restante.

Pela primeira vez, desde a entrada em vigor do CIRE, verifica-se que o número de insolvências de pessoas singulares supera o de pessoas coletivas, nomeadamente, de sociedades comerciais, abrangendo uma diversidade de situações que revela as dificuldades das famílias (insolvência de consumidores, ou particulares) e do pequeno tecido empresarial português (empresários em nome individual e sócios de pequenas e médias empresas, por meio das garantias pessoais e das relações contratuais com a própria sociedade)7.

Contudo, o sistema português tem sido fortemente criticado, não só pelos órgãos europeus, conforme se verifica pela análise do Memorando de Entendimento da Troika8, assinado entre o Estado Português, o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional9, bem como pela própria doutrina e jurisprudência nacionais, pondo em destaque a necessidade de alteração do regime relativo às pessoas singulares10. Por outro lado, a recomendação da União Europeia de março de 2014, no que respeita à recuperação e à insolvência menciona também a necessidade de redução do limite temporal de insolvências de pessoas singulares, designadamente no que se refere aos períodos de cessão aos credores.

Neste âmbito, averiguamos que o regime português da insolvência, ainda que com mais de uma década de vigência, continua a apresentar fragilidades a nível da aplicação das normas, principalmente em dois pontos:

por um lado, na interpretação dos requisitos de acesso à exoneração do passivo restante que primeiramente foi efetuada de forma bastante rígida pelos tribunais de primeira instância no sentido de limitar a sua aplicação e, por outro lado, na concessão dos rendimentos durante o período de cessão aos credores que, por norma, desvaloriza as verdadeiras necessidades dos insolventes, atribuindo um caráter punitivo, que não se coaduna com a finalidade do regime.

ANA FILIPA CONCEIÇÃO aponta, e em nosso entender bem, duas críticas negativas ao sistema criado pela lei portuguesa: por um lado, o insolvente fica desprovido de qualquer apoio durante o período de

6 Cfr. FERNANDES, Luís A. Carvalho/ LABAREDA, João, Coletânea de Estudos sobre a Insolvência, Reimpressão. Lisboa: Quid Juris, 2011, p. 275.

7 Cfr. CONCEIÇÃO, Ana Filipa, Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no Código de Insolvência e Recuperação de Empresas in SERRA, Catarina (coordenação), I Congresso de Direito da Insolvência. Coimbra: Almedina, 2013, p. 30.

8 As recomendações para alteração do regime das pessoas singulares encontram-se no Memorando de Entendimento da Troika, nos pontos 2.17 e 2.18 disponível in https://www.publico.pt/economia/memorando- da-troika-anotado e consultado em 17.06.2016.

9 Doravante FMI.

10 O ponto 2.17 do Memorando da Troika seguia no sentido de alterar o CIRE, de forma a facilitar a recuperação efetiva de empresas viáveis, com assistência técnica do FMI, para, entre outras, introduzir uma maior rapidez nos procedimentos judiciais de aprovação de planos de reestruturação. Por sua vez, o ponto 2.18 do Memorando da Troika visava a definição de princípios gerais de reestruturação voluntária extra judicial em conformidade com boas práticas internacionais.

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cessão, sendo-lhe difícil cumprir os seus propósitos sem aconselhamento técnico. Por outro lado, o processo é demasiado exagerado e estigmatizante, o que não se coaduna com um normativo que visa, ainda que secundariamente, proteger as pessoas singulares e a sua recuperação económica11.

11 Cfr. CONCEIÇÃO, Ana Filipa, A jurisprudência portuguesa dos tribunais superiores sobre exoneração do passivo restante – breves notas sobre a admissão da exoneração e a cessão de rendimentos em particular in Julgar online, 2016, pp. 1-4.

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CAPÍTULO II - EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE

1.1. CONCEITO E ANÁLISE DA SUA EVOLUÇÃO

O regime da exoneração do passivo restante não é mais do que a consagração no nosso ordenamento jurídico do princípio do fresh start12, difundido nos Estados Unidos e incorporado na legislação alemã da insolvência. Este instituto foi introduzido no nosso ordenamento jurídico pelo Decreto-Lei n.º 53/2004, de 18 de março13.

A exoneração do passivo restante corresponde à discharge da lei norte-americana, à Restschuldbefreiung da lei alemã e ainda à esdebitazione, introduzida na lei italiana pela reforma de 2005. As origens do instituto da exoneração encontram-se, contudo, no Direito inglês, sendo aí que se encontra a primeira referência à discharge14.

Na verdade, o que está subjacente ao fresh start é a ideia de que a reintegração socioeconómica do insolvente é um aspeto que importa salvaguardar em detrimento do integral cumprimento perante os credores da insolvência15.

Esta figura confere ao devedor, pessoa singular e dotado de boa-fé, a possibilidade de se libertar de algumas das suas dívidas que não tenham sido integralmente pagas no processo de insolvência ou nos cinco anos posteriores ao encerramento deste, permitindo, assim, a sua reabilitação económica1617.

O objetivo é conceder um novo começo às pessoas singulares, sem o peso da declaração da insolvência e dos efeitos que a mesma implica na situação financeira do devedor que mantenha a sua responsabilidade até à prescrição das suas obrigações18.

O regime da exoneração do passivo restante implica basicamente que, depois do processo de insolvência e durante algum tempo, os rendimentos do devedor sejam afetos à satisfação dos direitos de crédito remanescentes, produzindo-se, no final, a extinção dos respetivos créditos que não tenha sido possível cumprir

12 Segundo THOMAS, H. Jackson, The logic and limits of bankruptcy law, Harvard University Press, Washington D. C, 2001, p. 227 in FERREIRA, José Gonçalves, A Exoneração do Passivo Restante, 1ª Edição.

Coimbra: Coimbra Editora, 2013, p. 157, enquanto a insolvência se traduz na insusceptibilidade de o devedor cumprir as suas obrigações o fresh start, ou a ideia do recomeçar significa simplesmente que o património futuro do devedor não fica onerado com as suas dívidas do passado.

13 Cfr. Ponto 45 do Preâmbulo do Decreto-Lei n.º 53/2004, de 18 de março.

14 Cfr. SERRA, Catarina, O Regime Português da Insolvência, 5ª Edição. Coimbra: Almedina, 2012, p.

154.

15 PIDWELL, Pedro, Insolvência das Pessoas Singulares. O “Fresh Start”- será mesmo começar de novo?

O Fiduciário. Algumas Notas in Revista de Direito da Insolvência n.º 1. Coimbra: Almedina, abril, 2016, p.

197.

16 Cfr. Ponto 45 do Preâmbulo do Decreto-Lei n.º 53/2004, de 18 de março.

17 O Acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra de 7 de março de 2017, processo n.º 2891/16.4T8VIS.C1 (Relator: Jorge Manuel Loureiro), disponível em www.dgsi.pt decidiu que a exoneração do passivo restante corresponde a um instituto jurídico de exceção, uma vez que por via do mesmo se concede ao devedor o benefício de se libertar de algumas das suas dívidas e de por essa via se reabilitar economicamente, inteiramente à custa do património dos credores.

18 Cfr. LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito da Insolvência, op. cit., p. 340.

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por essa via durante tal período. Do exposto resulta que a intenção da lei é a de libertar o devedor das suas obrigações, isto é, dar ao sujeito a oportunidade de recomeçar do zero, de um fresh start 19.

A consecução da exoneração do passivo restante pressupõe, assim, que, após a submissão ao processo de insolvência, o devedor permaneça por um período de cinco anos – designado de período da cessão – ainda adstrito ao pagamento dos créditos da insolvência que não tenham sido inteiramente satisfeitos. Assim, durante esse período, o devedor assume, entre várias outras obrigações, a de ceder o seu rendimento disponível a um fiduciário que afetará os montantes recebidos ao pagamento dos credores. Terminado o período da cessão e tendo o devedor cumprido, para com os credores, todos os deveres que sobre ele impendiam é proferido um despacho de exoneração, que liberta o devedor das eventuais dívidas ainda pendentes de pagamento.

A respetiva ponderação dos requisitos impostos ao devedor e da conduta reta que ele teve indispensavelmente de adotar justificará, portanto, que lhe seja concedido o benefício da exoneração, permitindo, assim, a sua reintegração plena na vida económica. A aplicação do regime da exoneração do passivo restante é independente da de outros procedimentos extrajudiciais ou semelhantes destinados ao tratamento do sobreendividamento de pessoas singulares, nomeadamente daqueles que relevem da legislação especial relativa a consumidores 20.

Para que o devedor consiga beneficiar deste instituto, é importante que esteja de boa-fé, para que o seu regresso ao mercado seja permitido, liberto do seu passivo anterior. Para além das considerações económicas e tendo em conta que o insolvente é um importante agente de mercado, o modelo do fresh start assenta em pilares sociais e jurídicos21. Desta forma, tal como afirma o autor GARCIA-VICENTE, existem três ideias fundamentais para compreender a exoneração do passivo restante, nomeadamente o seu espírito, a socialização do risco e a prevenção da exclusão social22.

No que respeita ao espírito do fresh start este prende-se com o facto do insolvente de boa-fé não poder ser considerado como culpado da situação na qual se encontra, pretendendo, assim, afastar o estigma da situação de insolvência, que será inaceitável em sociedades abertas ao crédito. Deste modo, o devedor insolvente que não promova ativamente e de forma dolosa o seu endividamento e consequente incumprimento, mas antes se encontre numa situação limite em virtude de fatores alheios à sua decisão (por exemplo, desemprego e doença), deverá ser liberto das obrigações que não consegue sustentar.

Em segundo lugar, no que concerne à socialização do risco, entende-se que a existência de um mercado de crédito pressupõe a repartição do risco, fazendo com que este se distribua entre os devedores e os credores. Esta questão terá particular importância no âmbito dos credores bancários, que além de respeitar regras preventivas no momento da concessão dos créditos deverão suportar parte dos riscos relacionados com

19 Cfr. SERRA, Catarina, op. cit., p. 155.

20 Cfr. Proposta de Lei n.º 39/XII.

21 Cfr. CONCEIÇÃO, Ana Filipa, Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no Código de Insolvência e Recuperação de Empresas in SERRA, Catarina (coordenação), I Congresso de Direito da Insolvência, op. cit., pp. 47-48.

22 Cfr. VICENTE, José, ¿Un régimen especial para el concurso del consumidor? Notas sobre la liberación de deudas pendientes in Anuario de derecho concursal, n. º 20. Editorial Civitas, 2010, p. 218.

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o incumprimento, após períodos de expansão ou crescimento do consumo, fazendo com que o devedor, neste caso, o insolvente, possa exonerar-se de parte ou da totalidade das suas obrigações23.

De mais a mais, a própria dinamização do comércio e da vida económica do insolvente sai favorecida se este não ficar “eternamente” impossibilitado de atuar enquanto consumidor sem os receios e limitações decorrentes das dívidas que contraiu e não tem capacidade para pagar.

Por fim, importa promover a prevenção da exclusão social, evitando, assim, a marginalização da pessoa singular insolvente e o seu ingresso num estado prolongado de pobreza24. Desta forma, defende-se, também, que a concretização de normas que introduzam a exoneração do passivo restante, a conceder ao devedor de boa-fé, responderão ao imperativo constitucional defesa da dignidade humana, tal como previsto no art. 26º, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa25 e, em segundo lugar, da defesa do direito dos consumidores, prevista no art. 60º, da CRP, em especial, no que diz respeito à defesa dos seus interesses económicos, no caso de insolventes que preencham esta condição. Contudo, o direito não pode abster-se da regulação de meios que evitem que o insolvente de boa-fé assuma a totalidade do risco2627.

Porém, estas ideias terão de ser apaziguadas com a concretização legal deste modelo tal como patente no CIRE.

1.2. DISPOSIÇÕES GERAIS

O instituto da exoneração do passivo restante encontra-se regulado nos arts. 235º a 248º, do CIRE, os quais constituem o Capítulo I do Título XII do CIRE, denominado “Disposições Específicas da Insolvência de Pessoas Singulares”. No entanto, este título prevê dois regimes para a insolvência de pessoas singulares, por um lado, a exoneração do passivo restante (capítulo I) e, por outro lado, o plano de pagamentos (secção I do capítulo II).

23 Cfr. CONCEIÇÃO, Ana Filipa, Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no Código de Insolvência e Recuperação de Empresas in SERRA, Catarina (coordenação), I Congresso de Direito da Insolvência, op. cit., p. 48.

24 Cfr. MARQUES, Maria Manuel Leitão/NEVES, Vitor/FRADE, Catarina/LOBO, Flora/PINTO, Paula/CRUZ, Cristina, O Endividamento dos Consumidores. Coimbra: Almedina, 2000, p. 215.

25 Doravante CRP.

26 Cfr. CONCEIÇÃO, Ana Filipa, Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no Código de Insolvência e Recuperação de Empresas in SERRA, Catarina (coordenação), I Congresso de Direito da Insolvência, op. cit., pp. 48-49.

27 Do Acórdão do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem Back vs. Finlândia consultado em http://cmiskp.echor.coe.int retira-se que a discussão da constitucionalidade no âmbito destas medidas pode também abordar-se do ponto de vista dos credores, principalmente, no que concerne à violação do direito à propriedade privada, previsto no art. 62º, da CRP. Contudo, poderá defender-se que o que está em questão é a tutela efetiva da execução do crédito (direito relativo e não absoluto, como o direito à propriedade privada).

Esta questão levanta-se por via do princípio da proporcionalidade, tendo como objetivo equilibrar os interesses legalmente protegidos do devedor e do credor e afirmando-se que o valor das dívidas seria determinado pelo valor de mercado e não por qualquer regra de direito positivo, permitindo, assim, o seu perdão. De outro modo, subsiste também a ideia de que o perdão poderá não representar um grande prejuízo para os credores, na medida em que os mesmos já seriam de valor insignificante, perante o património do insolvente, como afirma LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito da Insolvência, op. cit,. pp. 305-306.

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Importa referir que, no direito português, a exoneração do passivo restante não é total, uma vez que nem todas as dívidas serão alvo de perdão, principalmente, as dívidas em relação às quais não é possível a chamada socialização do risco, tal como decorre do art. 245º, n.º 2, do CIRE. Em segundo lugar, a exoneração do passivo restante é especialmente uma solução liquidatória, na medida em que proceder-se-á à venda dos bens do devedor e, só quando estiver concluída tal liquidação, haverá lugar à abertura do período de cessão de cinco anos. De outro ponto de vista, os insolventes que não disponham de bens penhoráveis serão elegíveis para a exoneração do passivo restante mas serão igualmente sujeitos ao período de cessão, que a lei fixa em cinco anos, diluindo-se o efeito imediato do fresh start previsto em outros ordenamentos.

Independentemente do facto da exoneração do passivo restante implicar a perda dos bens do insolvente e do processo de insolvência seguir o seu curso normal, com suspensão dos poderes de administração e disposição, nos termos do art. 81º, do CIRE, e nomeação de um administrador de insolvência, trazendo maiores custos e um prolongamento do processo, a que se junta a hipótese de abertura do incidente de qualificação de insolvência, este mecanismo continua a ser aquele ao qual recorrem os insolventes pessoas singulares, em detrimento do plano de pagamentos28.

O plano de pagamentos obedece a uma forma legal e tem como principal objetivo regular o pagamento dos créditos sobre o devedor através de um plano de pagamentos aprovados pelos credores e sujeito a posteriores modificações, nos termos do art. 256º, n.º 4, do CIRE, e em alternativa à exoneração do passivo restante que é decidida pelo Juiz29.

No art. 238 º, n.º 1, do CIRE, não consta qualquer referência à prévia apresentação de um plano de pagamentos desacompanhada de declaração de que o devedor pretende a exoneração, no caso de o plano não ser aprovado, conforme o disposto no art. 254º, do CIRE 30.

O CIRE prevê duas formas de conclusão do processo de forma alternativa e não cumulativa, ou seja, por um lado, a exoneração do passivo restante e, por outro lado, o plano de pagamentos. A lei considera que fará mais sentido que o devedor considere mais vantajoso o plano de pagamentos do que a própria exoneração do passivo restante, uma vez que se pode considerar o plano de pagamentos menos lesivo31. Todavia, nem todas as pessoas singulares podem apresentar um plano de pagamentos, tal como resulta do exposto no art.

249º do CIRE.

Na verdade, o pedido de exoneração do passivo restante pode surgir num momento posterior ao da apresentação de um plano de pagamentos.

O plano de pagamentos pode ser apresentado pelo devedor, juntamente com a sua petição inicial (art.

251º, do CIRE) ou pode, ainda fazê-lo, no prazo da contestação (art. 253º, do CIRE). Também o pedido de

28 Cfr. CONCEIÇÃO, Ana Filipa, Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no Código de Insolvência e Recuperação de Empresas in SERRA, Catarina (coordenação), I Congresso de Direito da Insolvência, op. cit,. pp. 48-49.

29 Cfr. MARTINS, Luís M., Recuperação de Pessoas Singulares, op. cit., p. 188.

30 Cfr. MARTINS, Alexandre de Soveral, op. cit., p. 593.

31 Cfr. CONCEIÇÃO, Ana Filipa, Disposições específicas da insolvência de pessoas singulares no Código de Insolvência e Recuperação de Empresas in SERRA, Catarina (coordenação), I Congresso de Direito da Insolvência, op. cit., p. 50.

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exoneração do passivo restante pode ser apresentado juntamente com a petição inicial do devedor ou no prazo de dez dias posteriores à citação, sendo igualmente de dez dias o prazo para deduzir oposição, conforme o disposto no art. 30º, n.º 1, do CIRE. Contudo, não fica excluída a possibilidade de o devedor não fazer a declaração prevista no art. 238º, n.º 1, do CIRE. No entanto, não tendo o devedor apresentado o pedido de exoneração com a sua petição inicial ou no prazo de dez dias posteriores à citação, este pode apresentá-lo até terminar a assembleia de apreciação do relatório, com as consequências previstas no art. 236º, n.º 1, do CIRE.

E, novamente, pode dar-se o caso de formular o pedido sem a declaração imposta pelo art. 254º, do CIRE.

Todavia, não é difícil de aceitar que a prévia apresentação de um plano de pagamentos desacompanhada da declaração de que o devedor pretende a exoneração do passivo restante na hipótese de o plano não ser aprovado dê lugar a um despacho de rejeição do pedido.

Da leitura do n.º 1, do art. 239º, do CIRE resulta que, não havendo motivo para indeferimento liminar, de seguida haverá lugar a despacho inicial. Porém, não ocorrendo um dos fundamentos de indeferimento liminar previsto no art. 238º, do CIRE, pode ainda assim verificar-se motivo de rejeição do pedido quando a apresentação de plano de pagamentos desacompanhada de declaração de que o devedor pretende a exoneração na hipótese de o plano não ser aprovado (art. 254º, do CIRE) ou ainda, a decisão do juiz de rejeição do pedido apresentado no período intermédio (art, 236º, n.º 1, parte final, do CIRE) 32.

1.3. EFEITOS DA EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE

Sempre que o Juiz decide conceder a exoneração do passivo restante, advém como efeito a extinção dos créditos sobre a insolvência ainda subsistentes na data em que a decisão tem lugar. No que concerne à extinção referida esta compreende inclusivamente os créditos que não tenham sido reclamados e verificados33. Contudo, tal não afeta a existência e o montante dos direitos dos credores da insolvência contra os condevedores ou os terceiros garantes da obrigação. Por sua vez, os terceiros garantes da obrigação estão limitados no que respeita à possibilidade de agir contra o devedor em via de regresso, uma vez que apenas o podem fazer nos termos em que o credor da insolvência pudesse exercer contra ele os seus direitos, tal como prevê o art. 217º, n.º 4, do CIRE.

Ainda que o art. 245º, n.º 1, do CIRE, estabeleça que a exoneração do passivo restante importa a extinção de todos os créditos sobre a insolvência que ainda subsistam, a verdade é que o n.º 2, do mesmo preceito, revela que não é bem assim. Na prática, a exoneração não compreende os créditos por alimentos, as

32 Cfr. MARTINS, Alexandre de Soveral, op. cit., pp. 593-594.

33 Neste sentido, segue o Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 25 de janeiro de 2016, processo n.º 1634/14.1T8MTS-C.P1 (Relator: Carlos Gil), disponível em www.dgsi.pt, do qual que se extrai que do art.

245º, n.º 1, do CIRE resulta, diretamente, que a decisão final de exoneração do passivo restante implica a extinção de todos os créditos da insolvência que ainda não se mostrem satisfeitos, ainda que não tenham sido reclamados, tal como se extrai também desta norma que os créditos da insolvência que não tenham sido reclamados não se extinguem pelo facto de não terem sido reclamados. Para além disso, retira-se que a exoneração final do passivo restante não abrange, entre outros, os créditos de alimentos, tenham ou não sido reclamados.

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indemnizações devidas por factos ilícitos dolosos praticados pelo devedor e que tenham sido reclamadas nessa qualidade, os créditos por multas, coimas e outras sanções pecuniárias por crimes ou contraordenações e os créditos tributários3435

Esta ressalva vem minorar notavelmente o alcance da exoneração do passivo restante como instrumento de extinção da generalidade das dívidas do devedor. Porém, de um modo geral, a substração ao efeito exoneratório dos três primeiros grupos de créditos (que nem sempre existem ou, então quando existem, são pouco significativos na totalidade dos créditos) também se pode considerar, em princípio, justificada com base nos interesses que estão na base da sua constituição (presumivelmente o caráter alimentar das obrigações de alimentos, a especial censurabilidade das condutas geradoras das obrigações de indemnização e a especial natureza dos interesses em jogo nos casos das sanções pecuniárias por violação do Direito Penal ou do Direito de mera ordenação social), já a dos créditos tributários (que são, de mais a mais, muito frequentes e têm, na prática, uma grande extensão) pode perguntar-se se não representa uma generosidade excessiva da lei para com o Estado, se não configura uma discriminação infundada no universo dos credores.

A exclusão que causa maior estranheza é a dos créditos tributários. Supostamente o legislador terá ponderado os interesses em confronto e considerado que o interesse patrimonial de que é titular o ente público merece ser equiparado a um interesse público e prevalecer sobre o interesse do insolvente em retomar a sua vida livre dos anteriores vínculos. Na verdade, os créditos tributários sempre alcançaram de uma proteção reforçada, por isso, não pode dizer-se que esta seja uma medida isolada do legislador36.

A alínea d), do n.º 2, do art. 245º, do CIRE é possivelmente o caso mais paradigmático de manifestação do princípio geral da não disponibilidade do crédito tributário37 no processo de insolvência.

34 Cfr. MARTINS, Alexandre de Soveral, op. cit., p. 616.

35 No mesmo sentindo segue o Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, de 7 de julho de 2016, com o n.º de processo 853/15.8T8STS.P1, (Relator: Fernando Samões), disponível em www.dgsi.pt e segundo o mesmo e de acordo com o art. 245.º, n.º 2, al. b), do CIRE, a exoneração do passivo restante não compreende as indemnizações devidas por factos ilícitos dolosos praticados pelo devedor, que hajam sido reclamadas nessa qualidade. Os efeitos da exoneração do passivo restante, regulados neste artigo, reportam-se à sua concessão efetiva, nos termos do art. 244º, do CIRE, o qual prevê a decisão final do incidente de exoneração. Por sua vez, integra-se naquela alínea a indemnização paga pelo credor Fundo de Garantia Automóvel ao sinistrado de um acidente de viação de que foi responsável o devedor, enquanto condutor e proprietário de um veículo, por falta de seguro, já reconhecida por sentença transitada em julgado numa ação em que foi exercido o direito ao reembolso, por sub-rogação legal, e em que o crédito foi reclamado na insolvência.

36 Cfr. SERRA, Catarina, op. cit., pp. 166-168.

37 O princípio da indisponibilidade do crédito está previsto no art. 30º, n.º 2, da Lei Geral Tributária, o qual determina que «o crédito tributário é indisponível, só podendo fixar-se condições para a sua redução ou extinção com respeito pelo princípio da igualdade e da legalidade tributária». Da análise desta norma conclui- se que a Administração Tributária não pode discricionariamente alterar a relação jurídica tributária e, então, dispor livre e autonomamente dos seus créditos. Assim sendo, qualquer perdão e/ou redução do crédito tributário ou a concessão de moratórias no seu pagamento apenas pode ser prevista pela Assembleia da República ou pelo Governo, através de um decreto-lei autorizado, tal como determina o princípio da legalidade tributária, a que faz referência o dispositivo legal supra referido, constitucionalmente consagrado no n.º 2, do art. 103º e na alínea i), do n.º 1, do art. 165º, ambos da CRP. Estas medidas deverão respeitar, também, o princípio da igualdade (art. 13º, da CRP), na medida em que qualquer redução e/ou extinção da tributação apenas se poderá prever excecionalmente e por razões de justiça fiscal, em busca de um tratamento igualitário e uniforme para todos os contribuintes, na exigência, modificação ou extinção das suas obrigações tributárias,

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Dessa forma, verifica-se que, em muitos processos de insolvência de pessoas singulares, a Administração Tributária, quando beneficia de privilégios creditórios ou garantias reais, recebe pagamentos dos seus créditos durante o período de cessão, em detrimento da quase totalidade dos demais credores, podendo também, no final dos cinco anos, exigir os valores em dívida que ficarem por pagar.

Nessa medida, não podemos deixar de questionar até que ponto a exclusão dos créditos tributários se coaduna com o princípio da igualdade dos credores e com o próprio conceito de fresh start.

Contudo, enquanto não constar de lei expressa a possibilidade de perdão fiscal nestas situações, a Administração Tributária terá de continuar a atuar em conformidade com as disposições tributárias que preveem a indisponibilidade e impossibilidade de redução/extinção do crédito tributário38.

Ainda quanto à extinção de créditos, tem vindo a ser discutido se os créditos da Segurança Social também se consideram extintos ou se se enquadram na alínea concernente aos créditos tributários. Com efeito, o elenco previsto no art. 245º, n.º 2, do CIRE, é taxativo. Porém, tem vindo a ser efetuada uma interpretação extensiva da noção de “tributos” que nos é fornecida pela Lei Geral Tributária39, no sentido de que os créditos da Segurança Social também se encontram excluídos da exoneração do passivo restante, não sendo, dessa maneira, extintos com a concessão da exoneração40.

No que respeita aos créditos consequentes de obrigação de indemnização, o raciocínio do legislador não é claro. Contudo, após uma leitura mais atenta, entende-se que o legislador fundou exclusivamente a disparidade de tratamento na modalidade da culpa do lesante, ou seja, uma conduta dolosa é, em princípio, mais repreensível do que uma conduta meramente negligente e, por esse motivo, em caso de dolo o agente é

“castigado” com a subsistência da obrigação e em caso de culpa grave “agraciado” com a possibilidade de recurso à exoneração do passivo restante. Desta forma, a medida terá, assim, um claro efeito punitivo, o que não é de admirar tendo em conta a estreita ligação entre a exoneração e a conduta (a censurabilidade da conduta) do devedor. Por outro lado, está de harmonia com o princípio de que as ressalvas ao efeito da exoneração devem reduzir-se ao mínimo sob pena de se comprometer o propósito da exoneração do passivo restante. O regime aparenta ter-se concentrado na distinção entre ato doloso e ato não doloso e ter sido completamente indiferente às modalidades de responsabilidade civil.

Com efeito, a formulação ampla da lei permite considerar compreendidos pela norma os ilícitos contratuais e extracontratuais. Contudo, entende-se que é excessivo tratar mais favoravelmente os créditos de indemnização por ilícito contratual do que os créditos emergentes dos negócios jurídicos, ou seja, tratar mais

DIAS, Sara Luís, O Princípio da Indisponibilidade dos Créditos Tributários e os Processos Judiciais de Recuperação de Empresas in O Direito Constitucional e o seu papel na Construção do Cenário Jurídico Global, 1ª Edição. 2016, pp. 60-61.

38 DIAS, Sara Luís, O crédito tributário no processo de insolvência (Algumas considerações) in Revista Fiscal, Maio, 2013, p. 17.

39 Desta forma, o art. 3º, n.º 2, da Lei Geral Tributária prevê que “os tributos compreendem os impostos, incluindo os aduaneiros e especiais, e outras espécies tributárias criadas por lei, designadamente as taxas e demais contribuições financeiras a favor de entidades públicas”.

40 MARQUES, Letícia – O Regime Especial da Insolvência de Pessoas Singulares, 2013, p. 148.

Disponível em http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rfdulp/article/view/3260. [Consultado em 29-06-2016].

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favoravelmente os créditos de indemnização por incumprimento dos negócios jurídicos do que os créditos resultantes dos próprios negócios jurídicos. Perante o exposto, tem sido defendido que a norma seja interpretada restritivamente de forma a aplicar-se apenas aos ilícitos extracontratuais4142. Por sua vez, a responsabilidade extraconjugal pressupõe, além de tudo, uma lesão mais grave, respeitando, a maioria das vezes, a bens jurídicos como a pessoa e isso justifica certamente uma tutela diferenciada, que beneficie os créditos derivados deste tipo de responsabilidade no que respeita aos derivados de responsabilidade contratual.

Do exposto resulta que poder-se-ia pensar que houve falta de uniformidade de critérios na enumeração dos créditos que são excluídos da exoneração do passivo restante. Contudo, na realidade, a sua fonte legal é um elemento comum a todos eles. Os créditos que têm fonte legal são excluídos da exoneração. Por sua vez, os que derivam de contrato ou são de origem negocial ficam, em contrapartida, sujeitos a ela. Escondida atrás da regra estará a convicção de que, ao efetuar um negócio jurídico, os credores assumem uma parte no risco da insolvência do devedor, sendo que sempre que o risco se concretiza, devem participar nos sacrifícios que a situação impõe. Contrariamente, os credores que por força do seu crédito ter origem legal, não tiveram oportunidade de “avaliar” o devedor são “credores involuntários” e não devem ficar sujeitos aos efeitos da exoneração do passivo restante, quer isto dizer que o ordenamento não lhes pode impor os custos de uma insolvência com que eles podiam legitimamente contar, por não terem consentido na constituição da relação creditícia43.

41 Cfr. SERRA, Catarina, op. cit., pp. 166-167.

42 Carvalho Fernandes também critica o tratamento mais favorável, uma vez que aos créditos provenientes de condutas ilícitas e dolosas por parte do devedor, com origem contratual, em confronto com os de origem em negócio jurídico, FERNANDES, Luís A. Carvalho, A Exoneração do Passivo Restante na Insolvência das Pessoas Singulares no Direito Português in Coletânea de Estudos sobre a Insolvência, 2ª Edição. Lisboa: Quid Juris, 2013, p. 304.

43 Cfr. SERRA, Catarina, op. cit., pp. 167-168.

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CAPÍTULO III – TRAMITAÇÃO

1.1. O REQUERIMENTO DE EXONERAÇÃO DO PASSIVO RESTANTE

1.1.1 QUEM PODE REQUERER

A lei impõe o cumprimento de determinados pressupostos, para que o pedido de exoneração do passivo restante seja deferido.

O devedor é o único que pode requerer a exoneração do passivo restante, no entanto, tem que ser uma pessoa singular. Desta forma, tanto a pessoa singular empresária como a não empresária pode requer a exoneração do passivo restante44. Os requerentes poderão ser consumidores, mas também comerciantes ou profissionais independentes, como é o caso dos médicos, solicitadores, advogados, entre outros45.

1.1.2 MOMENTO DE APRESENTAÇÃO DO REQUERIMENTO

A primeira questão que a tramitação deste incidente levanta está relacionada com o momento em que o pedido de exoneração do passivo restante deve ser efetuado.

A solicitação da exoneração do passivo restante pode ser efetuada pelo devedor que se apresenta à insolvência na petição inicial, de acordo com o disposto nos arts. 236º, n.º 1, primeira parte e 18º, n.º1, ambos do CIRE. Contudo, no caso de a declaração de insolvência ser requerida por outro dos legitimados previstos no art. 20º, do CIRE, no ato de citação, o devedor, que seja pessoa singular, deve ser advertido de que tem a possibilidade de pedir a exoneração, conforme prevê o art. 236º, n.º 2, do CIRE. O pedido referido pode ser apresentado no prazo de dez dias posteriores à citação, de acordo com o disposto nos arts. 236º, n.º 1, primeira parte e 23º, n.º 2, alínea a), do CIRE. É também nesse período que o devedor pode apresentar a sua oposição à declaração de insolvência, conforme prevê o art. 30º, n.º 1, do CIRE. Parece-nos admissível que o pedido de exoneração do passivo restante possa constar daquela oposição ou que possa ser apresentado mesmo sem ser deduzida oposição46.

Segundo JOSÉ GONÇALVES FERREIRA não será necessário que o devedor deduza oposição para que possa, em simultâneo, peticionar a concessão do benefício da exoneração do passivo restante, uma vez que, o CIRE não prevê a tal condição cumulativa. No entanto, o devedor terá que, no prazo legal concedido para a oposição do requerimento inicial de insolvência, suscitar formalmente tal pretensão nos autos, podendo confessar ou não a sua situação de insolvência. Entende JOSÉ GONÇALVES FERREIRA que nada impede o

44 Cfr. MARTINS, Alexandre de Soveral, op. cit., p. 585.

45 Cfr. LEITÃO, Luís Manuel Teles de Menezes, Direito da Insolvência, op. cit., p. 341.

46 Cfr. MARTINS, Alexandre de Soveral, op. cit., p. 586.

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