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Mobilidade pedonal urbana de pessoas com deficiência visual: estudo de caso do Centro Histórico de Viana do Castelo

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Academic year: 2021

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Mobilidade Pedonal Urbana de Pessoas com Deficiência Visual

Estudo de Caso do Centro Histórico de Viana do Castelo

Dissertação de Mestrado em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade

Humanas

Marta Morais Araújo

Orientador: Professor Ricardo Jorge Bento Co-Orientador: Professor Doutor Luís Manuel Ramos

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Mobilidade Pedonal Urbana de Pessoas com Deficiência Visual

Estudo de Caso do Centro Histórico de Viana do Castelo

Dissertação de Mestrado em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade

Humanas

Marta Morais Araújo

Orientador: Professor Ricardo Jorge Bento

Co-Orientador: Professor Doutor Luís Manuel Ramos

Composição do Júri:

___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

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Mobilidade Pedonal Urbana de Pessoas com Deficiência Visual

Estudo de Caso do Centro Histórico de Viana do Castelo

Dissertação apresentada por Marta Morais Araújo à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade Humanas, elaborado sob a orientação do Professor Ricardo Jorge e Silva Bento e co-orientação Professor Doutor Luís Manuel Ramos.

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Um agradecimento muito especial à Paula Pereira e à Sofia Parente por toda a ajuda e disponibilidade dispensada.

Aos meus orientadores, o Professor Ricardo Bento e o Professor Luís Ramos pela disponibilidade e compreensão.

À minha família, pai, mãe, irmã e namorado Marco pela ajuda, paciência, força, encorajamento e apoio demonstrados durante todo o período de realização deste estudo.

Agradecimento também a todos os que estiveram dispostos à participação neste estudo, pela disponibilidade e abertura demonstrados.

E por fim, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização desta dissertação.

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mas também das mentalidades. Essa mudança de mentalidades permitiu que as pessoas com deficiência pudessem sair de casa sem serem olhadas de lado ou marginalizadas, tal como acontecia no inicio do século.

Com essa renovação, os portadores de deficiência, passaram a desempenhar um papel activo na sociedade na qual estão inseridos. Contudo, para que essa inserção seja realizada da melhor forma, é necessário que o meio envolvente tenha capacidade de receber essas mesmas pessoas.

Para que isso seja possível, é imperativo que inicialmente se perceba quais as características de cada pessoa com deficiência. Do grupo de pessoas com deficiência vamos dar especial importância às pessoas cegas ou com baixa visão, uma vez que estas necessitam de características de acessibilidade mais específicas, que muitas vezes são esquecidas, na hora de remodelar ou projectar as cidades, acabando assim por limitar a deslocação das pessoas com deficiência visual.

Como seguimento do estudo relativamente às necessidades das pessoas com deficiência visual (PDV), vão ser focadas as necessidades relativamente à acessibilidade no espaço público. No caso deste estudo a acessibilidade será com base no espaço público da zona do Centro Histórico da cidade de Viana do Castelo (CHVC) tendo como metodologia a criação de uma entrevista/questionário que permitirá fazer a ponte entre as especificações que as PDV apontam como importantes nas deslocações no espaço publico e o que está disposto no Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto. Seguindo-se da avaliação as ruas do CHVC, para posteriormente ser apurado se estão previstas no Decreto-Lei prevê no seu diploma todas as necessidades das PDV.

Em conclusão verifica-se que o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto não prevê todas as necessidades específicas das PDV, prejudicando a sua autonomia e segurança.

Palavras-chave:

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also in mentality. This change in mentality allowed the disabled people to leave the house without being looked aside or marginalized, as it did at the beginning of the century.

With this renewal, the disabled have come to play an active role in the society in which they live. However, for this role to be performed, it is necessary that the environment is capable of receiving these same persons.

To make this possible, it is imperative that initially we understand the characteristics of each disabled person. Of the group of people with disabilities we will give particular importance to the blind and low vision people , since these require more specific features of accessibility that are often forgotten , when remodeling or designing the cities, eventually limiting the displacement of persons with visual impairment .

As a follow up to the study, the needs of people with visual disabilities (PVD), will be focused the needs regarding accessibility in the public space. In this study the accessibility will be based on the public space of the historic center of the city of Viana do Castelo (HCVC) having as a methodology the creation of an interview / questionnaire that will allow to bridge the gap between the specifications that the PVD indicate as important when traveling on public space and what is laid down in Decree -Law 163/2006 of 8 August. Followed the evaluation of the streets of HCVC, later will be determined whether this Decree -Law provides all the needs of PVD.

In conclusion, its verified that the decree – law 163/2006 of 8 of August does not provide any specific needs of PVD, undermining their autonomy and security.

Keywords :

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Resumo ... 7 Abstract ... 8 Índice de tabelas ... 11 Índice de figuras ... 13 Capitulo. 1 - Introdução ... 1 1.1 Enquadramento ... 1 1.2. Problemática ... 2 1.2.1 Objectivos ... 4 1.3 Metodologia ... 5 1.4 Estrutura ... 6

Capitulo. 2 – Acessibilidade Urbana de Cidadãos com DV ... 9

2.1 Mobilidade Pedonal Acessível ... 9

2.1.1 Acessibilidade urbana... 9

2.1.2 Mobilidade pedonal acessível ... 11

2.2 Pessoa com Deficiência ... 14

2.2.1 Deficiência Visual ... 15

2.3 Legislação para a Acessibilidade em Portugal ... 16

2.4 Interacção da PDV com o Espaço Público ... 17

2.4.1 Representação Espacial por PDV ... 18

2.4.2 Orientação Independente ... 18

2.4.3 Entendimento da Estrutura Espacial Urbana ... 20

2.4.4 Confiança no Reconhecimento das Estruturas Urbanas ... 21

2.4.5 Escolha de Elementos de Referência... 22

2.4.6 Representação Mental do Espaço ... 24

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2.5.2. Abordagem Bibliográfica ... 30

2.5.3 Metodologia para Avaliação das Condições de Acessibilidade ... 33

Capitulo. 3 - Estudo de Caso de Viana do Castelo ... 41

3.1 Caracterização da População Residente ... 41

3.1.2 A Cidade de Viana do Castelo ... 45

3.2 As Dificuldades de Mobilidade Pedonal Urbana no CHVC segundo PDV ... 47

3.2.1 Conclusões gerais das entrevistas... 55

3.3 Avaliação das condições de acessibilidade do CHVC ... 56

3.3.1 Resultados da Avaliação de Acessibilidade ... 59

3.4.5 Avaliação das ruas onde os entrevistados possuem maiores dificuldades em se deslocar 95 3.5 Considerações entre Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, especificações da ACAPO e entrevistas. ... 99

Capitulo.4 - Conclusões e trabalhos futuros ... 103

4.1 Conclusão ... 103

4.2 Trabalhos futuros ... 105

Capitulo. 5 – Referências Bibliográfica ... 107

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Tabela 1: Primeira fase da entrevista/questionário... 34

Tabela 2: Segunda fase da entrevista/questionário... 35

Tabela 3: Terceira fase da entrevista/questionário ... 36

Tabela 4: Quarta fase da entrevista/questionário ... 37

Tabela 5: Tabela de avaliação dos passeios ... 38

Tabela 6: Tabela de avaliação das passagens de peões de superfície ... 39

Tabela 7: Tabela de avaliação das praças, locais abertos e zonas pedonais ... 39

Tabela 8: Tabela de avaliação das escadas e rampas ... 39

Tabela 9: Tabela de avaliação das paragens de autocarros ... 40

Tabela 10: Tabela de avaliação quanto às especificações gerais ... 40

Tabela 11: Evolução populacional em Viana do Castelo, por idade ... 42

Tabela 12: população residente segundo o tipo de deficiência ... 43

Tabela 13: Percentagem populacional com deficiência ... 43

Tabela 14: População residente com mais de 15 anos, com deficiência perante a actividade económica ... 44

Tabela 15: População maior de 15 anos, com deficiência de acordo com o meio de subsistência ... 44

Tabela 16: Definição do elemento de auxílio na deslocação ... 48

Tabela 17: Definição da zona de deslocação no passeio ... 50

Tabela 18: Qualificação do grau de acessibilidade do CHVC ... 50

Tabela 19: Qualificação se o CH foi projectado a pensar na PDV ... 51

Tabela 20: Tabela de avaliação dos passeios ... 56

Tabela 21: Tabela de avaliação das passagens de peões de superfície ... 57

Tabela 22: Tabela de avaliação das praças, locais abertos e zonas pedonais ... 57

Tabela 23: Tabela de avaliação das escadas e rampas ... 58

Tabela 24: Tabela de avaliação das paragens de autocarros ... 58

Tabela 25: Tabela de avaliação quanto ao mobiliário urbano ... 58

Tabela 26: Tabela de avaliação quanto às especificações gerais ... 58

Tabela 27: Qualificação das ruas quanto aos passeios ... 59

Tabela 28: Qualificação das passagens de peões ... 65

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Tabela 32: Qualificação do mobiliário urbano ... 80 Tabela 33: Qualificação das ruas segundo especificações gerais... 85 Tabela 34: Tabela anexo, Grau de acessibilidade de cada rua ... 112

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Figura 1: Dimensões de referência da deslocação a pé. (ABNT NBR 9050, 2004) ... 12

Figura 2: Largura mínima do peão com elementos. (Marques, 2005, adaptado de Martins D., 2010) ... 12

Figura 3: Definição de largura útil e bruta de um passeio. (HCM, 2000) ... 14

Figura 4: Piso de alerta ... 29

Figura 5: Piso direccional ... 29

Figura 6: Piso cautelo ... 29

Figura 7: Enquadramento geográfico de Viana do Castelo em Portugal Continental Fonte: PASEVC ... 41

Figura 8: Gráfico representativo da evolução da população em Viana do Castelo. Fonte: INE, Censos 2011 ... 42

Figura 9: Planta e definição da zona de estudo do CH Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 46

Figura 10: Fotografia da Praça da República Fonte: Elaboração própria . ... 53

Figura 11: Fotografia da Avenida dos Combatentes G.G. Fonte: Elaboração própria. ... 53

Figura 12: Fotografia do Passeio das Mordomas da Romaria Fonte: Elaboração própria ... 53

Figura 13: Classificação dos passeios quanto ao percurso acessível Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 61

Figura 14: Fotografia de percurso acessível. Praça da República (33) Fonte: Elaboração própria ... 61

Figura 15: Classificação dos passeios quanto à largura não inferior a 1,5m Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 62

Figura 16: Exemplo de passeio sem 1,5m. Rua do Gontim (59) Fonte: Elaboração própria .. 62

Figura 17: Exemplo de passeio com 1,5m. Passeio das Mordomas da Romaria (22) Fonte: Elaboração própria ... 62

Figura 18: Classificação dos passeios quanto à faixa livre de obstáculos Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria... 63

Figura 19: Fotografia de rua sem faixa livre de obstáculos. Avenida dos Combatentes da Grande Guerra (21) Fonte: Elaboração própria ... 63

Figura 20: Fotografia de rua com faixa livre de obstáculos. Rua Nova de Santana (29) Fonte: Elaboração própria ... 63

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Elaboração própria ... 64 Figura 23: Classificação das passagens de peões quanto à altura de lancil não superior a 0,02m Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria... 65 Figura 24: Classificação das passagens de peões quanto ao pavimento adjacente rampeado Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 66 Figura 25: Fotografias de passadeiras sem e com rebaixamento nas zonas de passagem. Fotos em cima (esquerda para a direita): Duas primeiras Avenida Luís de Camões (59), Rua General Luís do Rego (06) Fotos em baixo (esquerda para direita):Passeio das Mordomas da Romaria (22), Rua Nova de São Bento (56), Praça General Barbosa (02) Fonte: Elaboração própria .. 66 Figura 26: Passadeira com piso adjacente diferente do passeio. Rua Martim Velho (54) Fonte: Elaboração própria ... 67 Figura 27: Passadeira com piso adjacente igual ao passeio. Avenida dos Combatentes G.G. (22) Fonte: Elaboração própria... 67 Figura 28: Zona central em piso diferente da estrada. Alameda João Alves C. (20) Fonte: Elaboração própria ... 67 Figura 29: Classificação das passagens de peões com zona de intersecção não inferior a 1,2m e inclinação não superior a 2% e com semáforos quanto à altura de accionamento entre 0,8m e 1,2m e sinal verde tempo suficiente para permitir a travessia inteira ou até à zona de

intersecção Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 68 Figura 30: fotografia de passagem de peões com semáforo. Avenida Campo do Castelo (01) Fonte: Elaboração própria ... 68 Figura 31: Classificação das passagens de peões quanto ao piso com textura e cor contrastante na aproximação Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 69 Figura 32: Passeio com piso diferente na zona da passagem de peões. Alameda João Alves Cerqueira (Esquerda, (20)), Avenida Conde Carreira (Direita, (04)) Fonte: Elaboração própria ... 69 Figura 33: Sinal luminoso na passadeira. Alameda 5 de Outubro (61) Fonte: Elaboração própria ... 70 Figura 34: Pilaretes na zona adjacente e na zona central à passagem de peões. Rua Martim Velho (direita, (54)), Alameda João Alves Cerqueira (esquerda, (20)) Fonte: Elaboração própria ... 70

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alteração elaboração própria ... 71 Figura 36: Fotografia de Praça sem linha de orientação central a ligar passagens de peões. Largo de São Domingos (10) Fonte: Elaboração própria... 72 Figura 37: Classificação das praças, locais abertos e zonas pedonais quanto ao piso

direccional a 2m da linha dos edifícios Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 72 Figura 38: Fotografia de ruas com piso direccional a 2m dos edifícios. Rua do Loureiro

(esquerda, (18)), Rua Manuel Espregueira (direita, (11)) Fonte: Elaboração própria ... 73 Figura 39: Mapa de classificação das escadas e rampas quanto ao patamar superior e inferior com faixa de aproximação com material de revestimento de textura e cor diferente e

contrastante e quanto ao piso de cautela no topo e no fundo em toda a largura da escada Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 74 Figura 40: Mapa de classificação das escadas e rampas quanto ao corrimão Fonte: Base

imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 74 Figura 41: Escadarias de acesso a Parque subterrâneo. Avenida dos Combatentes G.G. (21) Fonte: Elaboração própria ... 75 Figura 42: Escadaria para passagem subterrânea. Avenida D. Afonso III (31) Fonte:

Elaboração própria ... 76 Figura 43: Escadaria de acesso a passagem subterrânea. Rua E. Navarro (24) Fonte:

Elaboração própria ... 76 Figura 44: Escadaria próxima ao rio Lima. Praça da Liberdade (62) Fonte: Elaboração

própria ... 77 Figura 45: Escadaria para combater desnível. Rua de St. António (26) Fonte: Elaboração própria ... 77 Figura 46: Rampa de acesso ao rio Lima. Alameda 5 de Outubro (61) Fonte: Elaboração própria ... 78 Figura 47: Escadas e rampa Praça 1ª de Maio (29) Fonte: Elaboração própria ... 78 Figura 48: Mapa de classificação de paragens de autocarro quanto à tira de encaminhamento do peão ao local mais apropriado para a espera do transporte. Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 79

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Figura 50: Mapa de Classificação de mobiliário urbano, quanto aos pilaretes e mecos com cores contrastantes Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 81 Figura 51: Pilaretes sem e com cor contrastante. Rua Cândido dos Reis (esquerda, (28)), Praça da Liberdade (direita, (62)) Fonte: Elaboração própria ... 81 Figura 52: Mapa de classificação do mobiliário urbano fixo em zonas específicas Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 82 Figura 53: Mobiliário urbano fixo bem colocado em zonas específicas. Rua Nova de Santana (esquerda, (29)), Avenida Conde Carreira (direita, (06)) Fonte: Elaboração própria ... 82 Figura 54: Mobiliário urbano fixo mal colocado. Alameda 5 de Outubro (61) Fonte:

Elaboração própria ... 83 Figura 55: Mapa de classificação do mobiliário urbano móvel em zonas específicas Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 83 Figura 56: Mobiliário urbano móvel bem colocado. Avenida dos Combatentes da G.G. (21) Fonte: Elaboração própria ... 84 Figura 57: Mobiliário urbano móvel mal colocado. Avenida dos Combatentes G.G. (21) Fonte: Elaboração própria ... 84 Figura 58: Mobiliário urbano móvel junto à fachada do edifício Fotos em cima: Avenida Combatentes G.G. (21) Fotos em baixo (esquerda para direita): Avenida dos Combatentes da G.G. (21), Rua Prior do Crato (46), Rua da Picota (32) Fonte: Elaboração própria ... 85 Figura 59: Mapa de classificação de objectos salientes entre 0,7m e 2m de altura a menos de 0,01m da parede Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 86 Figura 60: Fotografia de elementos entre os 0,7m e 2m a mais de 0,01m da parede. Avenida Conde Carreira (04) Fonte: Elaboração própria ... 86 Figura 61: Mapa de classificação de objectos salientes assentes em pilares ou colunas Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 87 Figura 62: Fotografia elementos assentes em pilaretes a mas de 0,3m. Avenida dos

Combatentes da G.G. (21) Fonte: Elaboração própria ... 87 Figura 63: Mapa de classificação quanto ao piso estável, durável, firme e contínuo Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 88 Figura 64: Fotografia do piso estável durável firme e continuo Alameda João Alves C. (61) Fonte: Elaboração própria ... 88

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Figura 66: Mapa de classificação quanto às grelhas, buracos ou fresas existentes que não podem ultrapassar os 0,02m de diâmetro Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 89 Figura 67: Fotografia de grelha Praça da República (33) Fonte: Elaboração própria ... 89 Figura 68: Mapa de classificação das caldeiras das árvores ao nível do piso quanto ao

revestimento por grelhas de protecção ou assinaladas com separador Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria... 90 Figura 69: Caldeira da árvore com protecção. Rua Nova de Santana (29) Fonte: Elaboração própria ... 90 Figura 70: Caldeira da árvore sem protecção. Avenida Rocha Paris (27) Fonte: Elaboração própria ... 90 Figura 71: Mapa de classificação de elementos vegetais pendentes, quanto às suas protecções que não devem interferir com os percursos Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 91 Figura 72: Fotografia de elemento vegetal pendente com protecção a não interferir com o percurso. Avenida dos Combatentes G.G. (21) Fonte: Elaboração própria ... 91 Figura 73: Passeio próximo ao rio Lima. Alameda João Alves Cerqueira (20) Fonte:

Elaboração própria ... 92 Figura 74: Zona de perigo junto ao rio Lima. Praça da Liberdade (esquerda (62)), Alameda 5 de Outubro (direita (61)) Fonte: Elaboração própria... 93 Figura 75: Classificação das ruas segundo o grau de acessibilidade Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 94 Figura 76: Localização de Avenida dos Combatentes da G.G e Praça da República Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 95 Figura 77: definição de zona de passagem e de colocação de mobiliário urbano. Avenida dos Combatentes G.G. (21) Fonte: Elaboração própria ... 96 Figura 78: Definição de zona de passagem entre mobiliário urbano. Avenida dos Combatentes G.G. (21) Fonte: Elaboração própria ... 96 Figura 79: Definição da zona de passagem junto à berma. Avenida dos Combatentes G.G.(21) Fonte: Elaboração própria ... 96

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Figura 81: Definição de faixa de passagem livre de obstáculos. Praça da República (33) Fonte: Elaboração própria ... 98 Figura 82: Mobiliário urbano na zona central de passagem. Praça da República (33) Fonte: Elaboração própria ... 98 Figura 83: Localização do Passeio das Mordomas da Romaria (22) Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria ... 98 Figura 84: Passagem pedonal no passeio das Mordomas da Romaria (22) Fonte: Elaboração própria ... 99 Figura 85: Localização da Avenida Capitão Gaspar Castro (esquerda). Passadeira com piso táctil (direita) Avenida Capitão Gaspar Castro Fonte: Base imagem aérea Bing Maps,

alteração elaboração própria (esquerda); elaboração própria (direita) ... 102 Figura 86: Cruzamento com piso táctil. Avenida Capitão Gaspar Castro Fonte: Elaboração própria ... 102

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Capitulo. 1 - Introdução

1.1 Enquadramento

A sociedade possui uma grande diversidade humana, sendo essa diversidade considerada a sua riqueza.

Hoje em dia, muitas pessoas ainda acreditam que as decisões relativas ao bem-estar do indivíduo e à sua sociedade assentam nas diferenças pessoais como a raça ou o sexo. Negar que a diversidade humana é enriquecedora de cultura e, consequentemente, que cada indivíduo se desenvolve no seu âmbito, é negar a capacidade inata de que todos somos dotados para aprender e beneficiar das novas situações. (ECA, 2003)

Aceitar essa diversidade, é aceitarmo-nos por aquilo que somos e que nos personaliza, tanto o que é positivamente considerado pela sociedade, como a bravura e a bondade, tal como o que é menos socialmente aceite, como, temores, necessidades e ideias diferentes. (ECA, 2003)

É então nas cidades que encontramos a maior diversidade de pessoas e de bens, sendo de grande importância que se desenhe e equipe essas mesmas cidades sem barreiras, adequando as suas utilizações para todos os grupos de cidadãos independentemente das suas condições de mobilidade.

A criação de melhores condições de mobilidade e acessibilidade cumprem um desígnio urbano da dimensão humana: abrir caminho a uma consistente coesão social. Sendo o aperfeiçoamento e a reorganização da urbis, as condições fundamentais para o desenvolvimento materialmente justo, sustentado e integrador da cidade. (Marques, 2009)

Segundo Moniz (2009), durante anos as cidades edificaram-se sem cuidar das acessibilidades e crescendo de forma desgovernada, criando constrangimentos para as pessoas com mobilidade condicionada. Dando origem a uma grande mudança de paradigmas, onde no processo de integração o meio social envolvente tem a obrigação de se adaptar à pessoa que nele habita.

A cidade de Viana do Castelo, apercebendo-se do seu crescimento sem que existissem políticas de ordenamento do território e tendo o peão como utilizador principal, alterou a sua política urbana, de forma a devolver o centro da cidade ao seu maior utilizador, o peão.

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Para isso foram criadas prioridades, passando a ser a mobilidade pedonal o melhor meio de percorrer a zona do Centro Histórico de Viana do Castelo (CHVC). Tornando-se assim numa cidade pedonal através da definição de áreas interditas/restritas ao trânsito automóvel, estreitamento das faixas de rodagem e adopção de sentidos únicos de circulação.

Estando esta cidade a fazer tantos esforços para a mobilidade pedonal, era importante que não existisse discriminação a nenhum dos grupos de mobilidade pedonal condicionada.

Tendo em mente o geral esquecimento das Pessoas com Deficiência Visual (PDV) quando se legisla e remodela as cidades, foi de todo interesse verificar quais as condições de acessibilidade para essas pessoas no Centro Histórico (CH) desta cidade e posteriormente sermos capazes de retirar conclusões relativamente às normas e adaptações postas em práticas. Em suma, verificar se essas normativas e adaptações são suficientes para combater as necessidades que as PDV têm nas suas deslocações pedonais.

1.2. Problemática

As cidades na Idade Média foram criadas inicialmente, tendo como ponto de partida as necessidades e características do seu utilizador principal, o peão, sendo essa a base do desenvolvimento. As ruas eram pensadas no peão e as praças nos vários usos, como vendas de mercadorias e desfiles. Sendo esse o princípio basilar da formação e desenvolvimento do espaço público.

Porém o crescimento natural das cidades foi restringido devido às limitações dos transportes locais e regionais, começando a dar-se uma reviravolta com o surgimento dos novos padrões de mobilidade, e com o desenvolvimento industrial, surgiram os primeiros conflitos no espaço urbano. A mobilidade entre cidades, e nelas passou a ser facilitada com os veículos motorizados, fazendo com que as cidades expandissem os seus horizontes.

Estamos pois perante uma situação em que a mobilidade depende essencialmente do automóvel, tendo como consequência o aumento exponencial do tráfego motorizado, associado à crescente urbanização da população e ao crescimento urbano difuso e fragmentado dos principais centros urbanos. (Silva, 2008)

Todo este desenvolvimento tem como consequência a crise no espaço público urbano, tal como a dinâmica da propriedade privada, a ocupação praticamente exclusiva do espaço de circulação por parte do automóvel, a oferta comercial cada vez mais inexistente (comércio tradicional) e a passar a estar concentrada em grandes superfícies, a insegurança. Em consequência, mais recentemente, tem-se tentado salvar e recuperar o espaço público,

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principalmente nos centros históricos, mas frequentemente esta tentativa tem tornado os centros históricos num espaço segregado e fragmentado. (Gil, 2009)

Dizemos então que durante anos as cidades foram evoluindo e sendo construídas de forma desmedida, sem serem cuidadas as acessibilidades, tendo crescido de forma desgovernada. A agressividade com que isso se desencadeou, deu origem a graves problemas de desorganização do espaço público, tendo como consequências a incapacidade dessas cidades receberem todo o tipo de pessoas, sendo mais penalizadas aquelas que possuíam dificuldades na deslocação.

Quando as cidades se aperceberam dos erros que estavam a ser cometidos, começaram a devolver o papel de utilizador principal ao peão, e assim foram criados melhoramentos quanto à sua organização e acessibilidade.

Iniciou-se a implementação de acessibilidade nos espaços comuns da comunidade, o espaço público, tendo como preocupação as diferenças de mobilidade que a diversidade de pessoas impõe. A projecção da acessibilidade nas cidades e nos Decretos-Lei que a legislam, tem como alvo principal, dentro da categoria de pessoas com mobilidade pedonal condicionada, os peões que se deslocam de cadeira de rodas, porém existe um outro grupo de pessoas que tem necessidades específicas para se deslocarem nas cidades que são muitas vezes esquecidas, são os portadores de deficiência visual.

Apesar de representarem cerca de 19% da população portuguesa, as PDV tendem a ser esquecidas na hora de planear e desenhar os espaços. É necessário fazer a verificação relativamente à forma como as PDV são consideradas na hora de legislar e quando essa norma existe quais são os critérios utilizados e as especificações existentes.

Para que isso seja possível é indispensável que inicialmente haja a percepção das necessidades que as PDV possuem nas suas deslocações para posteriormente se proceder à verificação desses critérios, assim como dos dispostos no Decreto-Lei, no espaço publico.

Posto isto, seremos capazes de compreender se a legislação prevê todas as necessidades dessas pessoas fazendo a averiguação se o que existe é suficiente e atende a todas essas necessidades das PDV. Ou seja verificar se as carências das PDV na deslocação no espaço público são combatidas com as disposições do Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto.

No final deste estudo seremos capazes de responder a várias questões relacionadas com esta temática, sendo elas:

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 Quais os factores mais importantes para as PDV na deslocação no espaço publico?

 Quais os critérios para a avaliação das condições de acessibilidade numa cidade para as PDV?

 As repostas que existem na legislação contemplarem todas as necessidades das PDV?

1.2.1 Objectivos

Tendo como ponto de partida o melhoramento das condições de acessibilidade das PDV no CHVC e uma vez que esta cidade tem vindo a desempenhar ao longo dos últimos anos, um bom papel quanto ao melhoramento da sua acessibilidade, através da criação de equipas multidisciplinares que têm como objectivo a promoção e garantia de acessibilidade na cidade, bem como a realização de projectos que incentivam à inserção social das pessoas com deficiência em geral, é necessário definir e especificar concretamente quais os objectivos desta dissertação.

Assim, como objectivos gerais temos a avaliação e apresentação de propostas para a temática da mobilidade urbana no centro histórico da cidade de Viana do Castelo por parte de pessoas com deficiência visual e como objectivos específicos temos:

 Definição das características de mobilidade das PDV.

 Estudo das especificações existentes no Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto e nas recomendações da ACAPO

 Criação de um modelo de questionário/entrevista para realizar a pessoas com deficiência visual que se encontram em Viana do Castelo, de modo a perceber quais são as reais necessidades quando se deslocam na zona de estudo.

 Avaliação das ruas de centro histórico de acordo com as especificações dos questionados, permitindo analisar o que está feito nesse sentido.

 Avaliação do Decreto-Lei referido anteriormente, relativamente ao que o público-alvo diz ser importante na deslocação, permitindo verificar se a lei contempla essas necessidades.

 Discussão dos resultados obtidos, fazendo a comparação entre o que está disposto e posto em prática e o que é realmente importante para a PDV.

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1.3 Metodologia

No presente trabalho, a Metodologia apresentada divide-se em quatro etapas, sendo elas:

 Revisão Bibliográfica. Nesta fase será feita a verificação teórica das várias temáticas relativas a este estudo, permitindo fazer uma melhor caracterização e enquadramento teórico, o reconhecimento de estudos similares que possam auxiliar, melhorar e refutar o presente estudo, por fim apurar as disposições existentes no Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto e nas recomendações da ACAPO, permitindo sintetizar aquilo que expõem como fundamental par as PDV.

 Elaboração e aplicação de uma entrevista/questionário. Estes questionários são realizados a PDV, e tem como principal objectivo perceber quais as necessidades e problemas que estas pessoas possuem nas suas deslocações no dia-a-dia, para isso dividem-se em quatro grupos de perguntas, primeiro, é procedida à caracterização do entrevistado, que posteriormente permite fazer a caracterização da amostra; em segundo são realizadas perguntas relacionadas com a interacção do espaço publico em geral, para sermos capazes de perceber quais os elementos que ajudam essa deslocação; como terceira parte são realizadas perguntas específicas da interacção com a zona de estudo, para haver a percepção das dificuldades e bons exemplos que encontram nessa zona; por fim como quarta parte, é pedido que os entrevistados deixem, caso desejem, sugestões, para que assim possam acrescentar algo que possa ter ficado esquecido ou que achem pertinente relativamente a esta temática.

 Verificação prática das acessibilidades na zona de estudo. Inicialmente são criadas tabelas de avaliação, segundo as especificações presentes vistas anteriormente do Decreto-Lei, das recomendações da ACAPO e referidas pelos entrevistados. Essas tabelas encontram-se divididas relativamente à zona que esta ser avaliada ou seja, se é o passeio, se é a passeira ou escadas e rampas. De seguida, é feita a avaliação prática de todas as ruas pertencentes à zona de estudo, percorrendo cada uma delas, permitindo uma melhor avaliação. Posteriormente, os resultados obtidos são analisados e transformados em tabelas e em mapas de classificação, seguindo-se da discussão dos trabalhos obtidos.

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 Conclusões do estudo. Como ponto final deste estudo, é feita a discussão dos resultados obtidos, fazendo as observações e conclusões relativamente ao que se pretendia, ou seja, a verificação se o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto apresenta nas suas normativas todos os elementos que permitam a criação de espaços públicos capazes de receber e de dar autonomia às PDV.

1.4

Estrutura

A estrutura apresentada neste estudo divide-se em 4 capítulos, o capitulo 1 a introdução, capitulo 2, Acessibilidade Urbana de PDV, capitulo 3, Mobilidade Pedonal Urbana no CHVC e por fim o capitulo 4 de Conclusão e Trabalho Futuro.

No capítulo 1 tal como o nome indica é feita a introdução teórica do que vai ser falado neste estudo, para isso é realizado o enquadramento, a definição da problemática, dos objectivos e a metodologia a abordar para atingir esses objectivos. Com estes pontos estaremos capazes de perceber o que se pretende com o estudo e quais os processos a desenrolar para a fundamentação e obtenção de dados.

O capítulo 2 corresponde ao desenvolvimento de uma pesquisa teórica para caracterização dos cidadãos com mobilidade condicionada, permitindo averiguar as particularidades e características do cidadão com deficiência com particular atenção à DV. Desta pesquisa será feita uma abordagem ao modo como as PDV interagem com o espaço público, para posteriormente ser feita a avaliação das condições de acessibilidade a partir das predisposições presentes no Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto relativamente à acessibilidade no espaço publico, nomeadamente a via publica e os percursos acessíveis, seguindo-se a análise às recomendações da ACAPO relativas à utilização de piso táctil nesses espaços. Por fim, com base em todos estes elementos é criada uma entrevista/questionário, para ser realizada a PDV, para se perceber quais as necessidades e problemas que estas pessoas encontram nas suas deslocações.

Passamos posteriormente, ao capítulo 3, o estudo do caso. Terá início com a caracterização de Viana do Castelo e da área de estudo, seguindo-se da realização da entrevista/questionário, permitindo verificar quais as necessidades das PDV nas suas deslocações. Com os resultados obtidos, será feita a avaliação do espaço público segundo as especificações dadas pelos entrevistados, permitindo também averiguar se as normas existentes no Decreto-Lei em vigor são postas em práticas. Posteriormente será feita então a análise da legislação, verificando se o que os questionados dizem ser fundamental

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corresponde ao que está verdadeiramente disposto na Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto e dito pela ACAPO.

Como capítulo final, o capitulo 4, segue-se a conclusão, que terá como orientação os resultados obtidos no estudo, seguindo-se da apresentação de propostas para trabalhos futuros.

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Capitulo. 2 – Acessibilidade Urbana de Cidadãos com DV

2.1 Mobilidade Pedonal Acessível

2.1.1 Acessibilidade urbana

As cidades ergueram-se como resposta às necessidades que os primeiros agregados populacionais sentiram de se protegerem contra as ameaças vindas do exterior. Sendo o desenvolvimento das cidades determinado pelas exigências sociais.

Deste modo a cidade é por excelência, o lugar onde o homem pode encontrar a sua mais expressiva dimensão. É o lugar de exponenciais fontes de informação, múltiplas formas de comunicação, absoluta mobilidade, diversidade de culturas e formações, oportunidades de ofertas e infinitas possibilidades de relações sociais. Lugar de encontros, culturas, religiões, mas também memorias, ideias, atitudes e aprendizagem. Em síntese, a cidade é a polis por excelência, da própria democracia. (Teles, 2009)

Contudo, a forma como estas cidades se desenvolvem tem consequências directas na sensibilização social. Um meio físico que exclui um determinado grupo de indivíduos, conduz a que a população, na sua generalidade, e considerada como um todo, os exclua da sua vida diária.

Existe então um grupo de pessoas para o qual essa exclusão foi durante anos vivenciada, impedindo-os de qualquer permanência ou convívio em sociedade, são essas pessoas as pessoas com deficiência.

De forma a alterar essa exclusão, foram criados conceitos capazes de a combater, eis que surge, então, o conceito de acessibilidade. A acessibilidade veio adaptar políticas de forma a serem previstas condições de deslocação, permanência e oportunidades iguais para todos, independentemente das suas necessidades ou diversidades

A acessibilidade significa então, a inclusão e extensão do uso do edificado por parte de todo o cidadão, de forma a obterem um modo de vida o mais autónomo possível e a poderem integrar uma sociedade mais igualitária.

Segundo Ramos (2009), esta traz vantagens para todos os cidadãos, para a comunidade e para o Estado, uma vez que:

 Permite o exercício pleno da cidadania e participação activa nos diversos domínios de actividade da sociedade;

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 Assegura ao maior número possível de cidadãos a possibilidade de oportunidades;

 Contribui para que os espaços e serviços ofereçam condições de segurança e conforto;

 Assegura com menores encargos uma vida mais autónoma e independente de todos os cidadãos.

Promover a acessibilidade dos edifícios e dos espaços públicos com ganhos de funcionalidade, é garantir melhor qualidade de vida para todos os cidadãos. Assegurando autonomia, derrubam-se preconceitos e favorecem-se práticas inclusivas para todos, mas principalmente para as pessoas com deficiência, com incapacidades e com dificuldades de mobilidade. (Portugal, 2009)

Segundo Ostroff (2001), a acessibilidade deve ser uma exigência para as decisões de projecto, por isso, não deve ser só considerada após a tomada de decisões. Vários critérios devem ser observados para que todos os níveis de escala urbana sejam atendidos.

Ainda segundo o mesmo autor, o conceito de acessibilidade tornou-se mais compreendido devido ao melhor entendimento da palavra “barreira”. Neste caso, barreira é considerado um obstáculo físico que de algum modo restringe a mobilidade, não permite o uso confortável e seguro do espaço bem como dos seus componentes. Podemos deste modo dizer que a acessibilidade é a possibilidade, condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização autónoma e em segurança dos espaços.

Mas quais são esses espaços? Para além do espaço pertencente à esfera pessoal de cada pessoa, existe um outro onde há convivência e relações interpessoais - o espaço público, sendo necessário que esse espaço público seja acessível, e capaz de receber todos os seus utilizadores.

Entendendo-se por espaço público de uma cidade, o sistema de espaços públicos livres, tais como os jardins, as praças, as ruas e também os elementos morfológicos visíveis nesses espaços. Deste espaço fazem parte, a paisagem urbana, assim como as fachadas dos edifícios que fazem a transição entre o público e privado. (Gehl, 2006)

Deste modo, pode ser assumido que o espaço público é toda a envolvente, que pode ser de natureza individual ou colectiva, mas onde se prevê que estejam incluídas todas as exigências de mobilidade pedonal.

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2.1.2 Mobilidade pedonal acessível

No seu mais simples e directo conceito, a mobilidade pode ser definida como sendo uma mera deslocação, ou segundo Bonnet et al. (2000), é a relação social ligada à alteração de lugar, ou seja, é a variedade de modos como os membros de uma sociedade alternam sucessivamente a ocupação de locais.

Ainda segundo o mesmo autor, quando se fala em mobilidade no interior de uma cidade esta diz respeito à estrutura espacial fundamental do espaço urbano. A possibilidade de um cidadão se ligar com o restante espaço urbano, constitui um importante factor na sua mobilidade sem que isso signifique que se desloca para todos os locais acessíveis, a todo o instante.

Encarada como sendo o melhor meio de transporte no interior das cidades, bem como para pequenas distâncias que se prolonguem para fora destas, a mobilidade pedonal diz respeito à forma mais elementar de deslocação das pessoas. (Magalhães, 2010) É uma actividade capaz de ser realizada por todos os grupos sociais, religiões e culturas, tendo como condicionantes a idade e a condição física dos peões, e o estado e a aparência das ruas.

A deslocação a pé tem, por si só, um número elevado de características que o tornam o meio de transporte quase ideal. É característico pelo facto de permitir uma grande liberdade de movimentos, assim como a definição de diferentes percursos, tendo como meta um mesmo ponto. (Pita, 2003) É definido também pela grande facilidade de mudança de direcção e de velocidade, onde cada um pode parar onde, quando e pelo tempo que desejar.

Outra vantagem deste tipo de deslocação é o facto de necessitar de menos espaço de travessia, quando comparado com os outros meios de transporte, assim como menores necessidades relativamente a infra-estruturas, porém estas não podem ser esquecidas, nem tidas em menor linha de conta.

É assim, importante definir e qualificar as pessoas que possuem mobilidade condicionada (PMC). Segundo o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto as PMC estão divididas em três grupos: as pessoas que se deslocam em cadeiras de rodas, incapazes de andar ou que não conseguem percorrer grandes distâncias; pessoas com dificuldades sensoriais, sendo as pessoas cegas ou surdas; e por ultimo o grupo das pessoas que tem mobilidade condicionada temporariamente, como grávidas crianças e idosos.

(30)

Para além disso é necessário compreender que para a mobilidade pedonal todo o peão independentemente da condição de mobilidade que possui ocupa um determinado espaço. Na figura 1 podemos então ver as dimensões de referência para todos os peões que se deslocam a pé, e na figura 2, a largura mínima que cada peão ocupa com a utilização de elementos de dimensionamento.

Figura 1: Dimensões de referência da deslocação a pé. (ABNT NBR 9050, 2004)

a = 0,90m; em

estrangulamentos pontuais

“apertados” (postes de

iluminação, sinais de trânsito)

b = 1,20m; em estreitamentos

locais curtos (5,00 a 10,00m de extensão)

c = 1,50m; em zonas estreitas

extensas ao longo de uma rua (mínimo)

d = 2,20m; altura livre de

obstáculos

Figura 2: Largura mínima do peão com elementos. (Marques, 2005, adaptado de Martins D., 2010)

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Segundo Fernandes (2010), no projecto de espaços para a circulação de peões, os espaços para circulação pedonal constituem os “arruamentos” destinados aos peões, devendo permitir a realização de percursos em condições de segurança pessoal e rodoviária com rapidez e conforto.

Para que isso seja possível, os passeios e as vias pedonais devem formar um sistema homogéneo e articulado, de modo a que o peão em situação alguma necessite de recorrer à faixa de rodagem destinada aos veículos motorizados, com excepção dos locais de atravessamento de ruas. Deste modo é fundamental a existência de passeios com características adequadas. Devendo possuir uma largura bruta e útil, previamente definidas e adequadas.

Na concepção de qualquer espaço pedonal há que adequar a área disponível às suas diferentes utilizações, sejam elas de circulação, de espera, de visualização de montras ou conversas de grupo. Existem vários obstáculos, tais como elementos do mobiliário urbano, vegetação, entre outros, que impedem, pelo menos localmente, a utilização pelos peões de todo o espaço que lhes deveria estar disponível.

Além da existência desses obstáculos, o peão tende a evitar circular muito próximo da berma dos passeios ou das fachadas dos edifícios, principalmente se estes tiverem montras. Podemos assim dizer que a largura útil, corresponde ao espaço efectivamente disponível para a deslocação e realização de actividades dos peões. E é o valor da largura útil e não o da largura bruta, correspondente à largura total do passeio, que deve ser utilizado para a avaliação dos níveis de serviço em diversos troços da infra-estrutura, figura 3. (Fernandes, 2010)

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Figura 3: Definição de largura útil e bruta de um passeio. (HCM, 2000)

Existe um grupo de pessoas para o qual a mobilidade pedonal acessível tem maior importância, uma vez que sem ela, vêem as suas deslocações condicionados e limitados pela estrutura urbana, são as pessoas com deficiência.

2.2

Pessoa com Deficiência

Podemos dizer, que a deficiência faz parte da condição humana. Quase todas as pessoas terão uma deficiência temporária ou permanente em algum momento de suas vidas e, aqueles que sobrevivem ao envelhecimento enfrentarão dificuldades cada vez maiores com a funcionalidade dos seus corpos. (World Report on Disability, 2011)

Podemos dizer, que as respostas dadas à deficiência têm mudado desde os anos 70, tendo sido estimuladas, em parte, por organizações de pessoas que possuem algum tipo de deficiência. (Campbell J. el al., 1996 & Charlton J., 1998), bem como pela crescente tendência de encarar a deficiência como uma questão de direitos humanos. (QuinnG et al, 2002)

A deficiência não é mais do que a ausência ou disfunção de uma ou várias estruturas psicológicas, fisiológicas e/ou anatómicas que definem o ser humano, podendo estas ser de origem congénita ou adquirida.

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Segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde a “pessoa com deficiência é aquela que em resultado da conjugação de uma anomalia ou perda das funções ou estruturas do corpo, incluindo as psicológicas, com o meio envolvente, enfrenta dificuldades especificas susceptíveis de lhe limitar a actividade ou restringir a participação na vida social económica e cultural”.

Dentro dos vários tipos de deficiência, este estudo terá como base a Deficiência Visual (DV) e consequentemente as Pessoas com Deficiência Visual (PDV). Foi escolhido este grupo de pessoas uma vez que tendem a ser esquecidas na hora de legislar e renovar as cidades, ficando assim com as suas deslocações condicionadas, mas também porque representam uma expressiva parte da população portuguesa. Segundo o INE cerca de 19% da população ou tem muita dificuldade (892.860 cidadãos) ou não consegue ver (27.659 cidadãos), mesmo com o auxílio de óculos ou lentes de contacto.

2.2.1 Deficiência Visual

A deficiência visual corresponde à perda ou redução da resposta visual, de modo permanente, a qual impossibilita a correcção ou melhoria com a utilização de óculos de ver, lentes de contacto ou qualquer intervenção médica. Este tipo de deficiência pode ter como origem problemas congénitos tais como o glaucoma congénito, malformações oculares congénitas ou cataratas congénitas, ou ser de origem adquirida, ou seja, é obtida com a ocorrência de traumas oculares, cataratas, glaucoma ou problemas associados a outras doenças como por exemplo a diabetes.

A ACAPO - Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, divide as pessoas com deficiência visual em dois grandes grupos, o grupo de pessoas cegas e o de pessoas amblíopes.

As pessoas cegas caracterizam-se pelo facto de não possuírem qualquer potencial visual, mas que por vezes podem ter percepção da luminosidade. No caso da amblíopia, também conhecida por baixa visão, os seus portadores caracterizam-se por possuírem uma reduzida capacidade visual, seja qual for a sua origem, e que não melhora mesmo com qualquer tipo de correcção óptica. (ACAPO, 2013)

Quando se fala de mobilidade por parte de pessoas com deficiência visual temos que ter em mente que estas estão expostas a situações constantes de risco, assim necessitam sempre de ajuda de outras para a identificação de ruas, itinerários, avisos, e obstáculos, que surgem na deslocação.

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No sentido de dar mais autonomia às pessoas com deficiência visual nas suas deslocações diários, existem três ajudas fundamentais, são elas:

 O Cão Guia, que consiste na ajuda de um cão devidamente treinado que conduz o seu dono em segurança nas deslocações que pretende fazer

 A Bengala, que é considerada como a extensão dos sentidos, uma vez que permite ter melhor percepção táctil, de segurança de protecção e de informação relativamente às condições do solo do percurso bem como de alguns obstáculos no ambiente

 O Guia Humano, é um método muito mais dependente, uma vez que esta sujeita à disponibilidade de outra pessoa, originando uma autonomia limitada, contudo é o tipo de guia que dá maior segurança à PDV.

Apesar de estas ajudas serem essenciais, se as acessibilidades e as necessidades não estiverem presentes em legislação própria não existe forma de estas pessoas assegurarem os seus direitos. Em Portugal têm vindo a ser desenvolvidas políticas legislativas que garantem que esses princípios de acessibilidade são aplicados e entram em vigor. Só assim passa a estar garantido o direito à acessibilidade e consequentemente o direito de oportunidades por parte de todos os cidadãos.

2.3

Legislação para a Acessibilidade em Portugal

Com o objectivo de uniformizar, bem como impor a acessibilidade nos espaços, no ano de 2006, o governo português aprovou o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, que surgiu em revogação do anterior em vigor, o Decreto-Lei 123/97 de 22 Maio. O Decreto-Lei em vigor, passou assim a normalizar, entre outros, a definição de percursos acessíveis.

O Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, tem como objectivo dar continuidade ao anterior e corrigir as imperfeições que nele constavam assim como melhorar os mecanismos de fiscalização, com maior eficácia sancionatória, aumentando os níveis de comunicação e de responsabilização dos diversos agentes envolvidos nestes procedimentos, bem como introduzir novas soluções, de acordo com a evolução técnica, social e legislativa entretanto verificada.

O Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto está dividido em quatro capítulos, sendo eles, a via pública, os edifícios e estabelecimentos em geral, os edifícios, estabelecimentos e instalações com usos específicos e por fim os percursos acessíveis. Uma vez que este estudo está assente nas especificações e necessidades apenas no espaço publico, como sendo as ruas,

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as praças e os jardins, não incluindo o edificado mesmo que publico, apenas vamos estudar o capitulo correspondente à via publica e os percursos acessíveis.

Apesar de a legislação prever algumas normas tendo como público-alvo a pessoa com deficiência visual, existem ainda muitas lacunas. Com o objectivo de implementar e combater essas falhas a ACAPO, criou as suas próprias recomendações quanto ao uso de pavimento táctil na via pública, que serão igualmente estudadas posteriormente.

2.4

Interacção da PDV com o Espaço Público

Quando a visão não desempenha um papel preponderante na deslocação, assim como na interacção com o mundo, os outros sentidos ganham importância, permitindo combater essa ausência.

O tacto ganha um papel de destaque nessa interacção com o mundo em redor, basta permitir que as mãos tenham vontade própria e deixa-las explorar tudo o que alcancem. Através dessa permissão e dessa exploração a pessoa é capaz de reconhecer as características dos objectos tal como os olhos, ou seja permite determinar qual a sua estrutura, o seu material, a forma e as irregularidades. É através desse toque que a PDV, sente o mundo a ser consolidado e a ganhar forma à sua volta. O sentir através das mãos é assim, uma forma importante no reconhecimento dos espaços como forma de obter informações, porém não é o único elemento importante para as PDV.

Quando falamos da orientação, é o sistema de coordenação que oferece a informação relativa à posição do corpo e direcção do movimento. O processo de caminhar e controlar os movimentos deve-se ao reconhecimento de direcções e posições que cada individuo possui. Esse reconhecimento depende de três referências espaciais, que segundo Roger (1996), são:

 Visual - responsável pela orientação e observação

 Inercio-gravitacional - orientação da aceleração corporal

 Egocêntrica - responsável pelo conhecimento sobre a posição de parte do corpo Nas condições ditas “normais”, as informações obtidas destes três referenciais são redundantes, ou seja, quando andamos conseguimos ter percepção de forma constante da posição do nosso corpo em relação ao espaço, bem como a direcção do nosso movimento. Somos capazes de distinguir, por exemplo, entre o lado direito e o esquerdo.

Já para a PDV, é a audição selectiva que permite um maior conhecimento relativamente à localização individual, através dos sons que são reflectidos.

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Diz-se então que a audição é um sentido importante para a orientação e compreensão do espaço em redor, uma vez que fornece informação da distância através do reflexo dos sons, do movimento do corpo, da acústica do espaço, do tipo de espaço, se é aberto ou fechado bem como se é um local rodeado com árvores ou natureza.

2.4.1 Representação Espacial por PDV

A representação espacial por PDV varia de acordo com a altura em que a pessoa deixou de ver. Se uma pessoa deixou de ver depois de ter tido a experiência visual e a percepção do mundo através da visão, é totalmente diferente da representação em relação às pessoas cuja deficiência tem origem congénita.

Segundo Karlsson (1996), a compreensão é obtida através das experiências sensoriais, em conjunto com o processo congénito de cada pessoa e por fim pela compreensão em termos de conhecimento pessoal. É distinguida assim a imagem de cada pessoa de acordo com a experiência pessoal, podendo dividir-se em três modos, segundo o mesmo autor em:

 Experiência visual com sentido da visão relativamente intacto;

 Experiência visual baseada ou formada de uma visão muito fraca

 Experiência visual de pessoas com cegueira congénita que nunca tiveram percepção visual.

Podemos dizer que, para que haja uma percepção visual de um objecto é necessário que haja um processo de aprendizagem, onde a pessoa toca e sente o objecto, e posteriormente faz a sua representação mental.

Importante de salientar que as pessoas com DV são capazes de captar e construir um objecto através de varias sensações que este lhe transmite contudo, objectos nos quais não consegue tocar ou sentir, essa percepção é feita apenas com base no que lhes é relatado, imaginando assim com base no conhecimento adquirido anteriormente em outras vivências.

2.4.2 Orientação Independente

Sermos capazes de perceber as complexas qualidades e usos do espaço, não significa apenas sermos capazes de nos localizarmos no espaço e no tempo, mas também de nos localizarmos através do estabelecimento de relações entre os objectos que o constituem e as actividades que lá se desenvolvem.

Podemos dizer que a orientação no espaço pode assumir diferentes formas, como o caminhar em linha recta, controlar a direcção e as distâncias, procura e reconhecimento de

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elementos no espaço, interpretação de informação verbal ou de mapas, em suma, significa saber onde e identificar espaços, definição de rotas e tomada de decisões, que vão permitir a deslocação até aos locais desejados.

Segundo Dischinger (2000), o processo de orientação espacial depende de dois tipos de esferas que ligam o mundo com a pessoa em si, sendo elas:

 Esfera individual- quadros de referência pessoal

o Percepção das condições - o quê e como é percebido, percepção da organização e memorização no espaço.

o Conhecimento espacial - baseado nas vivências o Acções intencionais - intenções pessoais, exploração

 Esfera do mundo - estrutura e informação do ambiente, relação entre objectos e o espaço

o Configuração espacial com elementos fixos e dinâmicos - organizados segundo as leis naturais e valores culturais

o Relação entre os espaços - normas e regras sociais.

Para que uma PDV se movimente e se oriente num espaço, todos os sentidos devem estar em atenção permitindo estar em constante alerta, para qualquer alteração na sua rota, mas também devem ter sempre no pensamento qual a sua localização permitindo assim que não se desoriente no percurso.

Para que não haja desorientação a pessoa deve ter sempre noção do tempo em relação aos movimentos que faz, desenvolvendo uma memória sequencial que lhe permite estimar mais ou menos distâncias. Deve também ter noção do movimento do corpo, permitindo reconhecer as distâncias no espaço, assim como em que direcção deve ou não caminhar.

A orientação independente é realizada com maior conforto e segurança em caminhos ou percursos habituais, uma vez que permitem não só memorizar a sequência de intersecções e obstáculos como também do ritmo e duração do caminho. Por estes factores a interrupção do movimento pode causar distúrbios na orientação, uma vez que o seu ritmo e atenção são interrompidos.

É necessário que a pessoa tenha plena consciência de onde está, para assim ser capaz de decidir para onde e como deseja ir.

Dependendo do conhecimento do espaço, da experiência na deslocação e da orientação, o número de elementos que podem servir de orientação e de representação espacial vai aumentando com o grau de conhecimento. Contudo, os elementos presentes não

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possuem um mesmo grau de relevância, sendo uns mais importantes do que outros como referência para o reconhecimento espacial.

Para que a PDV seja capaz de se orientar e compreender os espaços à sua volta, os outros sentidos tem um papel preponderante, permitindo diferentes condições de percepção, dadas com a relação entre a pessoa e o meio envolvente.

Podemos dizer que quando a visão não esta presente os restantes sentidos naturalmente fornecem informações dos diferentes espaços, assim como outros elementos espaciais tomam o lugar de referência, por ex.: as mudanças de ar, cruzamento com outras ruas.

Para ser capaz de identificar os elementos espaciais de referência para a orientação da PDV é necessário fazer a distinção entre o que são atributos que se manifestam e os discretos. Os primeiros são aqueles que possuem propriedades que permitem logo um reconhecimento do espaço, já os discretos são aqueles que nem sempre são percebidos de forma consciente.

Para a orientação no espaço é necessário que os indivíduos compreendam as relações entre eles próprios, outros indivíduos e o espaço em redor.

A impossibilidade de obter informação visual reduz o número de referências acessíveis, mas não reduz a existência de diferentes qualidades da informação obtida através de elementos no espaço.

2.4.3 Entendimento da Estrutura Espacial Urbana

Uma das situações mais difíceis para a PDV é a orientação nos ambientes urbanos. Para terem a experiência inicial e aprenderem as ruas, os caminhos, os espaços, a PDV é normalmente acompanhada por outra pessoa que a guia e orienta. Para a deslocação ser feita de forma independente têm que memorizar as relações com o espaço, em termos de distância, direcções e referências, mas também o tempo e duração da viagem, o ritmo.

Segundo Dischinger (2000), os elementos que podem dar informações espaciais às pessoas cegas não são necessariamente diferentes daqueles que são usados como meio de orientação pelos outros utilizadores do espaço publico, contudo existem elementos que podem desempenhar diferentes papéis na percepção espacial.

Ainda segundo o mesmo autor, alguns elementos do espaço público podem ser responsáveis pelo entendimento da estrutura do espaço, enquanto que outros podem ser essenciais para o reconhecimento da identidade dos espaços. Mas também existem elementos que podem passar despercebidos pelo utilizador e outros que constituem barreiras para a orientação e deslocação. Assim, é muito importante perceber que o entendimento da estrutura

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espacial urbana é um complexo processo, que é definido em diferentes níveis, sendo eles a experiência, a memória e o conhecimento.

Deste modo, as principais diferenças na orientação sem visão são o permanente estado de atenção e consciência das informações que vão surgindo no decorrer do percurso assim como a diferença entre os elementos que podem ou não fornecer informação importante na deslocação. Esta informação não permite apenas o reconhecimento do espaço ou da rua, mas também da estrutura dinâmica de toda a zona urbana.

Para melhorar a orientação e o entendimento do espaço urbano por PDV é necessário distinguir as referências espaciais para a orientação. Ou seja, as referências que dão informação relativamente à identidade da rua e sobre a situação de cada ponto específico ao longo dessa mesma rua, são as referências espaciais locais. As referências que suportam o entendimento das relações entre essa rua e as áreas em redor são as de referências estruturais espaciais para a orientação. Estas para além de permitirem o reconhecimento do local facilitam a organização mental dos espaços. (Dischinger, 2000)

No entanto não é só a partir dos objectos que o entendimento da estrutura espacial urbana é conseguido, mas também de outros elementos que não fazem parte do domínio da visão. Como particularidade de cada um, temos a percepção dos cheiros, os sons, as texturas, luminosidade, correntes de ar, bem como outros elementos que possam estimular os restantes sentidos.

Podemos concluir que a análise do espaço público bem como as suas fontes de informação que permitem o entendimento, são individuais e dependem do modo como o utilizador percebe o mundo que o rodeia, como nos diz Santos (1988), relacionamo-nos com as coisas a partir da relação entre a paisagem e a vida que a anima.

2.4.4 Confiança no Reconhecimento das Estruturas Urbanas

Os elementos de um espaço podem oferecer diferentes graus de confiança quando nos deslocamos. Para as PDV esse atributo é ainda mais importante ao nível da sua orientação.

Segundo Spencer et al. (1989), o reconhecimento das estruturas urbanas assenta no reconhecimento de locais, ruas, e mini mapas dos locais, que posteriormente evoluem para o entendimento geral do ambiente em redor. Defende também que o mesmo conhecimento espacial não segue uma ordem definida, sendo baseada na memória de cenas sequenciais do ambiente. Sendo assim, cada pessoa usa diferentes estratégias para o reconhecimento do

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espaço em redor, que pode não implicar, necessariamente, o reconhecimento de ruas ou marcos por uma ordem sequencial.

Porém, o facto de ser capaz de reconhecer uma rua, não quer dizer expressamente que já é capaz de entender as relações existentes no espaço entre os diversos elementos. É necessário fazer a distinção e identificação espacial dos elementos em relação a outros. Para sermos capazes de nos orientar satisfatoriamente não basta o reconhecimento de uma rua, mas sim, sermos capazes de nos relacionar com as restantes ruas da malha urbana.

Spencer et al. (1989) divide os marcos para o reconhecimento espacial em três tipos, dependendo da sua constante no tempo, sendo eles:

 Permanentes – permanecem na sua localização por longos períodos de tempo sem interferência relevante dos seus atributos, permitem assim o reconhecimento dos espaços. Ex: monumentos

 Cíclicos – elementos que variam com o tempo. Ex: árvores de folha caduca

 Dinâmicos – elementos que existem naquele local por pouco período de tempo, mas que podem afectar as características do espaço. Ex: sol e vento

Normalmente a relação com o grau de importância e confiança para a orientação e o grau de permanência no espaço é alternado com a ausência da visão. Mesmo que os dinâmicos possam parecer menos importantes para o reconhecimento de um espaço, do que os permanentes, estes tendem a ser muito importantes para as PDV no reconhecimento dos locais. Ex.: uma PDV pode sentir-se mais segura a atravessar a rua ao ouvir o caminhar de outra pessoa, mesmo que não haja contacto.

Dizemos assim que os elementos dinâmicos e cíclicos podem ser essenciais para o reconhecimento dos espaços e identificação e entendimento da estrutura urbana, mesmo que não estejam permanentemente presentes.

2.4.5 Escolha de Elementos de Referência

Ser capaz de escolher quais os elementos que podem constituir uma referência válida para a PDV não basta, é necessário procurar elementos que possuam atributos que possam ser compreendidos de forma independente. As PDV avaliam os elementos de modo a entenderem como podem ser “usados” da melhor forma para o reconhecimento, mas também recebem informação de outras pessoas, normalmente informações funcionais, onde nem sempre essas pessoas têm percepção que as transmitem.

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Segundo o testemunho a partir de Dischinger (2000), é transmitido que tudo o que é público seja em que lugar for, é útil como referência. Um restaurante, uma escola, uma igreja, são úteis como referência, ou seja, qualquer ponto diferente dos demais serve como referência, porém salienta também que as situações más são aquelas que se situam em zonas residenciais, nas quais não existe qualquer ponto comercial ou que se diferencie, de modo a poder ser usado como referência.

Para facilitar este entendimento podemos fazer uma classificação para os variados elementos no espaço que constituem o ambiente de acordo com o seu significado e segurança, como elementos de referência. Estes elementos devem ter em atenção a compreensão individual de como obter a potencial informação presente no espaço público, mas devemos ter sempre em atenção que a informação dos espaços não pode ser analisada em separado dos seus usos sociais. Os elementos são divididos em:

 Elementos pequenos/médios, que podem ser directamente compreendidos e usados como elementos permanentes de referência para a orientação. Ex.: postes de electricidade, árvores.

 Elementos pequenos/médios com características dinâmicas, que não podem ser referências espaciais, mas que podem ser usados como elementos de referência para a orientação e entendimento do espaço. Ex.: esplanadas, carros de vendas.

 Elementos grandes, só podem ser parcialmente compreendidos, mas que são fundamentais como referências, orientação e entendimento do espaço urbano. Ex.: edifícios, cruzamentos

 Elementos dinâmicos essenciais, são parcial ou totalmente experimentados, mas não podem constituir referencias para a orientação, mesmo que sejam essenciais para o reconhecimento dos espaços, podem também contribuir para compreender as ruas e a estrutura urbana. Ex.: autocarros, pessoas a caminhar.

 Elementos espaciais naturais/dinâmicos essenciais, podem ser total ou parcialmente entendidos em algumas das suas qualidades, ajudando no suporte da orientação local como referência dinâmica, reforçando o conhecimento obtido por outras fontes. Ex.: chuvas, sombras.

Contudo devemos ter noção que a última distinção depende das aptidões para a orientação individual e os conceitos espaciais, bem como o contexto dos relacionamentos entre a organização espacial e a ocupação humana dos espaços.

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Tabela 7: Tabela de avaliação das praças, locais abertos e zonas pedonais  Avaliação
Tabela 10: Tabela de avaliação quanto às especificações gerais  Avaliação
Figura 8: Gráfico representativo da evolução da população em Viana do  Castelo. Fonte: INE, Censos 2011
Tabela 15: População maior de 15 anos, com deficiência de acordo com o meio de subsistência
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Referências

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