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O estudo aqui presente visa a avaliação das condições de acessibilidade para as PDV, no CHVC, tendo como base o estudo do Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, as recomendações da ACAPO e os resultados das entrevistas realizadas.

Este estudo propôs-se assim a responder às questões relacionadas com legislação, no que concerne à projecção, renovação e reabilitação, dos espaços públicos, relativamente às PDV. Ou seja se esses espaços e a legislação pensam na PDV nos seus processos de planeamento, desenho e formulação. Analisando se as disposições do Decreto-Lei em questão impõem todas as necessidades das PDV.

O Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, faz a divisão das pessoas com necessidade de mobilidade especial em três categorias, as que se deslocam em cadeira de rodas, as que possuem dificuldades sensoriais e as que possuem mobilidade condicionada de um modo temporário, como sendo grávidas ou idosos. Desde logo, aqui vemos um grande erro, ao colocar as necessidades das pessoas cegas no mesmo contexto que as pessoas surdas, uma vez que as necessidades para cada um dos grupos são distintas em qualquer deslocação.

Tendo isso em consideração, foi inicialmente necessário perceber de que modo é realizada a interacção com o espaço publico pelas PDV. O Capitulo 2 baseia-se assim na temática da deslocação de PDV aprofundando as características e as orientações para que essa deslocação seja realizada em segurança.

Para a deslocação em segurança é necessário nos munirmos de informações provenientes de todos os sentidos, para assim haver a percepção caso algo se altere na rota. São os objectos os maiores transmissores de informações do espaço em redor, e sendo a sua estrutura igual para as PDV e para as pessoas que possuem boa visão, este mesmo objecto pode desempenhar funções diferentes de reconhecimento em cada pessoa. Conclui-se assim que as fontes de informação que permitem o reconhecimento são individuais e dependem da percepção do espaço por parte de cada um.

Dependendo do grau de conhecimento do espaço, da experiência da deslocação e da orientação, o número de elementos que servem como orientação aumenta assim como o grau de conhecimento da zona. Contudo os elementos presentes não possuem todos o mesmo grau de relevância para o reconhecimento espacial. Esses elementos são muito variados, e são

divididos em 5 categorias, a categoria dos elementos pequenos/médios directamente compreendidos como postes de electricidade e árvores, os elementos pequenos/médios dinâmicos como as esplanadas e carros de vendas, elementos grandes parcialmente compreendidos como os edifícios ou cruzamentos, os elementos dinâmicos essenciais como os autocarros ou pessoas a caminhar e por fim os elementos espaciais naturais/dinâmicos como a chuva ou as sombras. Em suma tudo o que é transmitido seja em que local for é útil como referência.

Contudo existem elementos que dificultam essa deslocação - os obstáculos. Estes estão presentes ao longo de todo o espaço público, e são um problema quando colocados na zona de passagem, dificultando ou impossibilitando a deslocação.

No capítulo 3, foi verificada a acessibilidade no CHVC, com base no Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, nas recomendações da ACAPO e o especificado pelos entrevistados. Para que isso fosse possível, inicialmente fez-se um questionário/entrevista que permitiu retirar conclusões quanto à deslocação e necessidades das PDV na zona de estudo. Seguiu-se a avaliação das ruas do CH, permitindo retirar conclusões relativamente as normativas do Decreto-Lei, e quanto à forma como as PDV foram consideradas neste.

Em resultado, verificou-se que os obstáculos que as PDV enfrentam nas deslocações no CHVC, são na sua maioria provocados pelos comerciantes, com a colocação de mobiliário urbano móvel em qualquer zona do passeio, não garantindo assim a delineação de uma zona fixa de passagem em toda a rua. Existe também algum mobiliário urbano fixo como floreiras, bancos, estátuas que constituem igualmente um obstáculo. De um modo geral, concluiu-se que poucas são as adaptações que as PDV necessitam nas suas deslocações do dia-a-dia, destacando-se de todas, a colocação de piso táctil nas passadeiras.

Na sua essência a zona de estudo, segue as disposições impostas pela legislação. Porém, essa mesma legislação é que não contempla nas suas normativas, elementos suficientes para atender às necessidades de deslocação específicas das PDV, deixando muitas lacunas por definir e legislar. No processo de formulação desta legislação, apenas foram atendidas as necessidades das PDV, quanto à especificação da utilização de piso de textura diferente e cor contrastante no patamar superior e inferior de escadas e rampas e em zonas cuja área é superior a 100m2 com a definição das principais zonas de atravessamento e o uso de sinal semafórico nas passagens de peões com grande trafego automóvel ou de PDV. Deixando todos os outros elementos do espaço publico ao critério de quem cria e reabilita áreas urbanas.

De todo este estudo, podemos dizer que as PDV se servem de todos os elementos do espaço para a sua orientação e reconhecimento do mesmo, nas deslocações. Contudo existem elementos que limitam ou dificultam essa passagem, são eles os obstáculos urbanísticos. Em geral o CHVC seguindo-se pelo Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto tem vindo a desenvolver um trabalho de remoção desses obstáculos. O Decreto-Lei não tem todas as necessidades das PDV inseridas nas suas normativas, limitando assim a utilização dos espaços públicos às PDV. Concluindo-se que apesar de a normativa ter melhorado, existe ainda trabalho a ser desenvolvido para combater todas as lacunas encontradas.