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Avaliação das ruas onde os entrevistados possuem maiores dificuldades em se

3.3 Avaliação das condições de acessibilidade do CHVC

3.4.5 Avaliação das ruas onde os entrevistados possuem maiores dificuldades em se

Os entrevistados do estudo foram unânimes em considerar a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra (21) e a Praça da República (33) como sendo os locais onde possuíam mais dificuldades em se deslocarem, deste modo, vai ser feita uma análise pormenorizada destes dois espaços, figura 76.

A Avenida dos Combatentes da G.G (21). é uma rua que possui um grau de acessibilidade de 53% correspondente a acessibilidade razoável. Possui passeios largos em toda a sua extensão e divididos em duas partes, uma zona de passagem junto aos edifícios que não possui obstáculos e outra logo a seguir até à berma onde estão arrumados os candeeiros, floreiras e bancos, figura 77.

Figura 76: Localização de Avenida dos Combatentes da G.G e Praça da República Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria

Tudo isto foi devidamente projectado e pensado, contudo, como se trata de uma rua com muita movimentação de pessoas e com um grande número de comerciantes, estes tendem a colocar os seus mobiliários junto à fachada do edifício, deixando a faixa para a passagem entre esses mobiliários ou junto à berma do passeio. Em toda a rua para além de a passagem ser complicada, também não existe coerência na definição da zona de passagem, tal como podemos ver nas figuras 78 e 79 seguintes.

Nesta mesma rua quando avaliamos as passagens de peões, estas constituem mais um problema, uma vez que não possuem qualquer guia ou diferença que permitam à PDV perceber da sua existência como vemos na figura 80 seguinte.

Figura 77: definição de zona de passagem e de colocação de mobiliário urbano.

Avenida dos Combatentes G.G. (21) Fonte: Elaboração própria

Figura 78: Definição de zona de passagem entre mobiliário urbano.

Avenida dos Combatentes G.G. (21) Fonte: Elaboração própria

Figura 79: Definição da zona de passagem junto à berma.

Avenida dos Combatentes G.G.(21) Fonte: Elaboração própria

Relativamente à Praça da República (33), esta possui um grau de acessibilidade de 48% correspondente a acessibilidade razoável.

Uma vez que se trata de uma praça este local é amplo e aberto, o que por si só constitui um obstáculo para as PDV. Esta praça possui esplanadas que se encontram afastadas da fachada dos edifícios permitindo a criação de uma faixa de passagem entre elas, figura 81, contudo na zona central deparamo-nos com vários obstáculos, como as floreiras e os bancos, uma vez que não existe a definição de um percurso de passagem com piso táctil. Este mobiliário ao estar colocado no centro, na zona de passagem, constitui um obstáculo, tal como vemos na figura 82.

Figura 80: Passadeira com piso adjacente igual ao restante passeio. Avenida dos Combatentes G.G. (21)

Por fim, um obstáculo apresentado por um entrevistado foi a falta de sinalização da zona de passagem pedonal, no Passeio das Mordomas da Romaria (22), uma vez que esta é atravessada pela Rua Cândido dos Reis. Nesta zona a estrada sobe até ao nível do passeio, permitindo a passagem em qualquer local dessa intersecção, contudo não existe sinalização ou definição de passadeira nessa zona como vemos nas figuras 83 e 84.

Figura 83: Localização do Passeio das Mordomas da Romaria (22) Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria

Figura 82: Mobiliário urbano na zona central de passagem.

Praça da República (33) Fonte: Elaboração própria Figura 81: Definição de faixa de passagem

livre de obstáculos. Praça da República (33) Fonte: Elaboração própria

Em conclusão, esta zona de estudo da cidade de Viana do Castelo, a nível geral tem uma classificação de 51% como tal considerada de acessibilidade razoável. Tal como foi dito anteriormente, muitos dos problemas que as PDV enfrentam nas deslocações do dia-a-dia são impostos pelos comerciantes, uma vez que ao nível de mobiliário urbano fixo existe a preocupação de o colocar em zonas específicas.

Terminado então o estudo quanto à acessibilidade no CH, vai ser dada continuidade à avaliação do Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, relativamente ao que se encontra posto em prática e ao que é definido pela ACAPO e pelos entrevistados.

3.5

Considerações entre Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto,

especificações da ACAPO e entrevistas

.

Nos temas anteriores, foi feita uma selecção dos artigos do Decreto-Lei em questão, que no espaço público legislavam as adaptações necessárias para as PDV.

Numa primeira análise verifica-se que o Decreto-Lei tem a sua articulação virada essencialmente para as pessoas que se deslocam em cadeira de rodas, isto porque são o tipo de pessoas que necessitam de maiores adaptações para serem capazes de ser autónomos e livres. Para essas pessoas um pequeno degrau constitui um obstáculo intransponível, logo requerem atenção especial.

No caso das PDV, esse problema normalmente não acontece, ou seja, um degrau não é uma barreira intransponível. Contudo não é por esse facto que estas pessoas devem ser esquecidas na hora de legislar, projectar e renovar as cidades e as leis.

Figura 84: Passagem pedonal no passeio das Mordomas da Romaria (22) Fonte: Elaboração própria

As adaptações que a PDV necessita nas suas deslocações são poucas e fáceis de colocar em prática desde que haja vontade e interesse. De um modo muito redutor a adaptação mais importante é a colocação de piso táctil em passadeiras, cruzamentos, escada e rampas e sempre que necessário ao longo do percurso da rua. Mas existem muitas outras que permitem e facilitam a deslocação destas pessoas. Assim sendo, avaliando ponto a ponto verificamos que:

Passeios:

Apesar de existir uma normativa que prevê a definição de uma largura livre não inferior a 1,5m, e as ruas possuírem na sua maioria essa largura, não existe a criação de uma faixa constante ao longo de toda a rua livre de obstáculos. Isto acontece porque a largura disponível, apesar de superior a 1,5m, varia a sua localização no passeio, ou seja em determinados locais essa largura livre é desde a fachada dos edifícios, em outros é desde a berma ou na zona central do passeio. Isto impossibilita que exista uma faixa constante em toda a rua. O piso direccional recomendado pela ACAPO para cruzamentos, em nenhuma situação é aplicado.

Passagens de peões:

As necessidades das PDV passam pela colocação de piso táctil na aproximação das passagens de peões, na zona central, a utilização de sinal sonoro em todas as passadeiras e sempre que justifique o sinal semafórico. De todas estas necessidades apenas uma está prevista na legislação em questão, que é de colocação de sinal semafórico sempre que justificativo, ficando por preencher a lacuna relativamente ao piso táctil.

Praças e locais abertos, zonas pedonais:

O Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, nada diz relativamente a normativas para estes espaços, assim, as necessidades referentes à colocação de faixas de orientação entre passadeiras e piso direccional na zona central ou a 2m do edificado, ficam por contemplar.

Escadas e rampas:

Apesar de o Decreto-Lei ser bastante explícito ao referir que o patamar superior e inferior devem estar providos de uma faixa de aproximação com cor e textura contrastantes e que deve existir corrimão, na prática isso não se verifica. Apenas um dos casos possuía piso com cor contrastante, mas sem textura. Os corrimãos não existem em situações de grande perigo. Mas os que existem tem boa superfície e não rodam.

As especificações apresentadas pela ACAPO, prevêem a existência de uma faixa que localize a zona de espera pelo transporte, porem na legislação nada é definido relativamente a essa temática e também nada existe no espaço do CH.

Mobiliário urbano:

Os inquiridos definem que o mobiliário devia estar colocado em zonas específicas de modo constante ao longe de toda a rua, mas na prática tal não acontece não existindo legislação que defina esses locais.

Especificações gerais:

As especificações gerais de interesse para as PDV prevêem a normalização de colocação de objectos salientes, definindo, as zonas, as distâncias e as dimensões dos mesmos para que sejam perceptíveis às PDV, ou caso não sejam perceptíveis, não condicionem a deslocação; prevêem a definição de pisos estáveis, duráveis, firmes e contínuos, revestimentos com cores nem muito claras nem muito escuras ou com superfícies polidas, e ainda grelhas e buracos que não podem ultrapassar os 0.02m. Todos eles permitem definir a colocação de pisos bons para a deslocação, prevenindo e impedindo quedas ou situações perigosas. Por fim a normalização de caldeiras de árvores com grelhas de protecção e os elementos vegetais pendentes e suas protecções sem interferirem nos percursos, permite prevenir situações de perigo para as PDV.

Em suma, o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, não prevê nas suas normativas legislação suficiente para fazer face a todas as necessidades que as PDV têm nas suas deslocações. Destacando-se de todas elas a não definição de piso diferenciado nas passadeiras e em praças ou locais abertos.

Com o estudo realizado podemos concluir que a zona pertencente ao CH, no geral está de acordo com o que o Decreto-Lei dispõe relativamente ao espaço público e à definição de percursos acessíveis.

Viana do Castelo tem vindo a fazer um esforço para tornar á sua cidade capaz de receber todas as pessoas independentemente das suas limitações, quanto à deslocação, tendo especial atenção às acessibilidades na hora de projectar, renovar e reabilitar os espaços, para que isso seja possível, tem dado cumprimento à normativa em vigor.

Um exemplo disso mesmo é o facto de quase 100% das passadeiras se encontrarem de acordo com a lei, com os devidos rebaixamentos, mas também a adaptação de ruas que

permitem a transformação de passeios em zonas de passagem largas e amplas, permitindo tanto a colocação de mobiliário urbano como a passagem de pessoas.

O município tem dado especial atenção ao peão, colocando-o como o principal utilizador desta zona de estudo, para isso, tem limitado o acesso aos veículos, tornando o seu interior quase exclusivamente pedonal. Tem como linhas directoras as dispostas no Decreto- Lei.

Encontramos na Avenida Capitão Gaspar Castro, uma zona fora da área de estudo, que foi alvo de obras de remodelação recentemente. Apesar de na lei não constar o uso de piso táctil, este foi colocado em todas as passagens pedonais, nos cruzamentos, onde possui uma zona de encontro com todas as opções de trajecto, e ao longo de todo o percurso, exemplos disso podemos ver nas figuras 59 e 60 seguintes.

Figura 85: Localização da Avenida Capitão Gaspar Castro (esquerda). Passadeira com piso táctil (direita) Avenida Capitão Gaspar Castro

Fonte: Base imagem aérea Bing Maps, alteração elaboração própria (esquerda); elaboração própria (direita)

Figura 86: Cruzamento com piso táctil. Avenida Capitão Gaspar Castro

Capitulo.4 - Conclusões e trabalhos futuros