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2.4 Interacção da PDV com o Espaço Público

2.5.3 Metodologia para Avaliação das Condições de Acessibilidade

Concluídos os estudos teóricos relativos à acessibilidade e às especificações e características das PDV nas suas deslocações, é necessário estabelecer a metodologia para a obtenção dos resultados pretendido.

Este trabalho está dividido em três partes. Numa fase inicial com a realização de uma entrevista/questionário a algumas PDV que usualmente se deslocam na nossa área de estudo permitindo perceber quais as dificuldades e as boas práticas que encontram nas suas deslocações no CH.

Num segundo ponto, e partindo das especificações apontadas pelos questionados, será feita a avaliação da acessibilidade no CH.

Por fim, como terceiro e último ponto deste estudo teremos a verificação do estabelecido no Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto com o efectuado ou não em Viana do Castelo, bem como com o que os nossos entrevistados dizem ser importante.

2.5.3.1 Entrevista/Questionário

O ponto inicial da concepção desta entrevista/questionário foi a procura de pessoas com deficiência visual, mas com uma vida activa e frequentadoras a nossa zona de estudo.

Com essa escolha feita, foi criada uma declaração de autorização (anexo 1), na qual é dada uma explicação dos objectivos bem como dos direitos que o entrevistado possui. Esta autorização prevê o sigilo do nome ou de qualquer outro dado identificador do entrevistado. Após a concordância por parte do entrevistado, é assinada, ficando uma versão em posse de cada um dos intervenientes.

Para a concepção do inquérito teve que se definir os objectivos e o conhecimento que se pretende adquirir com os mesmos. E posteriormente estruturar questões capazes de fornecer as informações e o conhecimento necessários para o estudo.

Após esta pequena explicação da entrevista, podemos dizer que as perguntas elaboradas são de resposta por escolha múltipla ou por resposta aberta. Todas as perguntas com resposta por escolha múltipla possuem a opção “outra” que permite que sejam explicados ou acrescentados pontos de vista que o entrevistado ache pertinentes para a questão colocada. As respostas dadas são todas elas de opinião pessoal do entrevistado.

Assim, fazendo uma explicação da elaboração do inquérito, podemos dizer que numa primeira fase, as questões são pessoais, tais como a idade, sexo e habilitações literárias. Também nesta primeira fase se questiona a época em que passou a ter a deficiência, de forma a premir fazer uma melhor caracterização do entrevistado, bem como averiguar se existe memória visual da área urbana de estudo anterior à deficiência, tabela 1.

Tabela 1: Primeira fase da entrevista/questionário

1. Entrevista numero:

2. Sexo: Masculino Feminino

3. Idade: 4. Habilitações literárias: a. Nunca frequentou b. 1º ciclo c. 2º ciclo d. 3º ciclo e. Secundário

f. Grau académico, qual?

5. Possui trabalho remunerado? _________________________________________

6. Condição Visual: (Descrição do nome da deficiência e as limitações visuais que o

entrevistado possui que podem influenciar as suas necessidades e dificuldades de acessibilidade) ______________________________________________________

“aquisição” da deficiência visual. Descrição se o entrevistado possui deficiência desde nascença ou foi adquirida posteriormente, de modo a esclarecer a sua percepção espacial, necessidades e acessibilidade espacial) ___________________

8. Sabe ler Braille

a. Sim b. Não c. Um pouco

Fonte: Elaboração própria

Na segunda parte da entrevista as perguntas elaboradas estão relacionadas com a interacção com o espaço público em geral. Questionando-se quais os meios de auxílio que possui, quais as principais barreiras no dia-a-dia bem com os materiais e equipamentos dispensáveis e indispensáveis para um espaço seguro, tabela 2.

Tabela 2: Segunda fase da entrevista/questionário

9. Desloca-se com o auxilio de:

a. Bengala b. Cão guia c. Pessoa d. Outro, qual?

10. Quais as principais barreiras que encontra na deslocação no seu dia-a-dia?

a. Passadeiras

b. Mobiliário Urbano, qual? Ex: floreiras, bancos, cabines telefónicas, paragem autocarro, mupis, vendas de lojas, degraus de acesso casas, esplanadas, rampas

c. Circulação – pisos, desníveis, grelha, outros, quais? d. Mudança de direcção

e. Desorientação f. Outro, qual?

11. Quais os materiais e equipamentos que considera importantes para se descolar em

segurança no espaço público? a. Bengala

b. Cão guia c. Pessoa

d. Sinalização sonora e. Piso táctil

f. Placas toponímicas em braille ou alto-relevo g. Outro, qual?

12. Quais os itens que ajudam a sua deslocação no espaço público?

a. Piso táctil durante todo o percurso

c. Piso táctil só nas passadeiras

d. Sinalização sonora nos cruzamentos com outras ruas e. Sinalização sonora só em passadeiras

f. Faixa livre de obstáculos ao longo de toda a rua g. Outro, qual?

13. Quais os itens que dificultam a sua deslocação no espaço público?

a. Piso desnivelado e irregular

b. Não existência de piso táctil na aproximação de passadeiras c. Não existência de sinalização sonora nas passadeiras d. Não existência de piso táctil ao longo do percurso

e. Não existência de piso táctil no cruzamento de outras ruas f. Não existência de sinalização sonora no cruzamento de ruas g. Não existência de placas toponímicas em braile ou alto-relevo h. Mobiliário urbano

i. Rampas e degraus de acesso a habitações j. Outro, qual?

14. A deslocação no passeio é realizada:

a. Junto à fachada dos edifícios b. No centro do passeio

c. Junto à berma

Fonte: Elaboração própria

Na terceira fase, são realizadas as questões direccionadas ao CH, tais como a caracterização das ruas em que possui mais dificuldade em se deslocar e quais os maiores obstáculos na sua deslocação e segurança, tabela 3.

Tabela 3: Terceira fase da entrevista/questionário

15. O que acha da acessibilidade em geral no centro Histórico de Viana do Castelo?

a. 1- Muito má b. 2- Má c. 3- Boa

d. 4- Bastante boa e. 5- Óptima

16. O espaço público no centro histórico foi pensado na pessoa com deficiência Visual?

a. 1- Discordo totalmente b. 2- Discordo

c. 3- Concordo

d. 4- Concordo plenamente

17. O que acha indispensável de existir no centro histórico que facilite a deslocação

a. Rebaixamentos em todas as passadeiras e mudanças de passeio b. Piso táctil em todo o percurso

c. Piso táctil nas passadeiras

d. Piso táctil no cruzamento com outras ruas e. Sinalização sonora

f. Faixa livre de obstáculos ao longo de toda a rua g. Outro, qual?

18. O que acha dispensável de existir?

a. Rebaixamentos em todas as passadeiras e mudanças de passeio b. Piso táctil em todo o percurso

c. Piso táctil nas passadeiras

d. Piso táctil no cruzamento com outras ruas e. Sinalização sonora

f. Faixa livre de obstáculos ao longo de toda a rua g. Outro, qual?

19. Do que tem receio ao se deslocar no centro histórico?

a. Desorientação b. Violência c. Obstáculos d. Outro, qual?

20. Como tem percepção da existência de ruas transversais à deslocação? ___________

21. Qual o local no centro histórico que possui mais dificuldades em se deslocar e

porquê?_____________________________________________________________

22. Que exigências faria a quem projecta as cidades? ____________________________

23. Como reconhece se o local onde se desloca é seguro para a deslocação?__________

24. O que auxiliaria a deslocação num local desconhecido? _______________________

Fonte: Elaboração própria

Por fim, é pedido aos entrevistados para deixarem alguma sugestão, para, deste modo, poderem acrescentar algo que considerem pertinente e de interesse para o estudo relativamente às suas deslocações no espaço público, para evitar que fiquem esquecidas situações importantes na deslocação, tabela 4.

Tabela 4: Quarta fase da entrevista/questionário

25. Sugestões.

2.5.3.2 Tabelas de Avaliação das condições de Acessibilidade no CHVC

Para avaliação das condições de acessibilidade no CHVC, foram criadas tabelas de avaliação, tendo como suporte as especificações do Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto e as recomendações da ACAPO. Posteriormente à realização das entrevistas serão acrescentados nestas tabelas, os itens que os entrevistados identificam como importantes na sua navegação. Uma vez finalizadas, estas vão permitir verificar se o que está previsto e dito nestes três elementos se encontra posto em prática.

Estas tabelas encontram-se divididas de acordo com a zona a ser avaliada. Se é o passeio, a passagem de peões, se é praça, local aberto ou zona pedonal, quando às escadas e as rampas, paragens de autocarro, mobiliário urbano e por fim as especificações gerais da rua.

Cada uma destas secções encontra-se dividida no máximo em três partes correspondentes cada uma delas ao que foi estudado anteriormente, seja, no Decreto-Lei, as recomendações da ACAPO e os resultados obtidos da entrevista às PDV.

A avaliação das ruas é realizada considerando cada rua como um todo. São qualificadas nos diversos itens com o valor de 0 quando se trata de algo qua não existe mas devia existir, e de 1 até 5 correspondentes a algo que existe, com avaliação entre “muito mau” e “muito bom”. Posto isto, as tabelas 5 – 10 seguintes apresentam as tabelas de avaliação que serão utilizadas após a actualização com as recomendações dos PDV.

Tabela 5: Tabela de avaliação dos passeios

Avaliação

segundo Zona a avaliar no passeio Qualificação

Dec. Lei

Percurso acessível

Largura não inferior a 1,5m

Elementos e textura de pavimento que forneçam indicações dos principais percursos de atravessamento

Altura livre de obstáculos

ACAPO Cruzamentos Piso direccional em ângulos rectos Fonte: Elaboração própria

Tabela 6: Tabela de avaliação das passagens de peões de superfície

Avaliação segundo Zona a avaliar na passagem de peões de superfície Qualificação

Dec. Lei

Altura do lancil não superior a 0,02m Pavimento adjacente rampeado

Zona de intersecção não inferior a 1,2m e inclinação não superior a 2% Caso haja

semáforos

Accionamento manual a altura entre 0,8m e 1,2m Sinal verde tempo suficiente para permitir a travessia inteira ou até à zona de intersecção

ACAPO

Perfis Faixa de aproximação junto ao limite do passeio e faixa de presença que atravessa o passeio

Aplicação

Toda a largura da passagem de peões

Com os sinais luminosos a faixa de aproximação e a faixa de presença forma a letra L

Separadores centrais

Piso de alerta em toda a zona do separador ou com duas tiras de alerta

Passagem de peões desfasados devem existir guardas metálicas que sirvam como guia Fonte: Elaboração própria

Tabela 7: Tabela de avaliação das praças, locais abertos e zonas pedonais

Avaliação

segundo Zona a avaliar nas praças, locais abertos e zonas pedonais Qualificação

ACAPO

Linha de orientação central ligando duas passadeiras Zonas pedonais, piso direccional a 2m da linha dos edifícios Fonte: Elaboração própria

Tabela 8: Tabela de avaliação das escadas e rampas

Avaliação

segundo Zona a avaliar nas escadas e rampas Qualificação

Dec. Lei

Patamar superior e inferior com faixa de aproximação com material de revestimento de textura e cor diferente e contrastante

Corrimão

Altura livre de obstáculos não inferior a 2m

Não utilização em patamares intermédios Fonte: Elaboração própria

Tabela 9: Tabela de avaliação das paragens de autocarros

Avaliação

segundo Zona a avaliar nas paragens de autocarros Qualificação

ACAPO Tira que encaminha o peão ao local mais apropriado para esperar pelo

transporte Fonte: Elaboração própria

Tabela 10: Tabela de avaliação quanto às especificações gerais

Avaliação

segundo Avaliação quanto às especificações gerais Qualificação

Dec. Lei

Objectos salientes entre os 0,7m e 2m de altura a menos de 0,01m da parede

Objectos salientes assentes em pilares ou colunas não devem projectar-se mais de 0,3m se estiverem a uma altura compreendida entre os 0,7m e os 2m

Pisos devem ser estáveis, duráveis, firmes e contínuos

Revestimentos de pisos devem ter cores nem muito claras nem escuras e não serem polidos

Tapetes, passadeiras ou alcatifas dever ser fixos

Grelhas, buracos ou frestas existentes não podem ultrapassar os 0,02m de diâmetro

Mudanças de nível abruptas devem ser evitadas, contudo caso existam devem ser combatidas com bordo baleado ou chanfrado ou por rampa Os corrimãos não devem possuir superfícies abrasivas, extremidades projectadas perigosas ou arestas vivas

Os corrimãos não devem rodar, nem serem interrompidos, devendo permitir sempre o deslizamento da mão

Caldeiras das árvores ao nível do piso devem ser revestidas por grelhas de protecção ou assinaladas com separador

Os elementos vegetais pendentes e as suas protecções não devem interferir com os percursos

Capitulo. 3 - Estudo de Caso de Viana do Castelo

Viana do Castelo é chamada de “Princesa do Lima”, por ser nela que o rio Lima chega à sua Foz. É a cidade atlântica mais ao norte de Portugal que se situa entre o mar e as montanhas.

Esta cidade localiza-se no norte de Portugal continental na província do Minho, no distrito de Viana do Castelo. Este concelho é limitado a norte pelo concelho de Caminha a leste por Ponte de Lima, a sul por Barcelos e Esposende e a oeste pelo Oceano Atlântico, e possui uma área total de 2255km2, figura 7. A sede deste concelho é então a cidade de Viana do Castelo, que do ponto de vista administrativo esta dividido em 40 freguesias numa área total de 314km2.