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2.4 Interacção da PDV com o Espaço Público

2.5.2. Abordagem Bibliográfica

Para a realização desta dissertação foi necessário sustentar as escolhas feitas em estudos realizados anteriormente sobre temáticas semelhantes, assim, são apresentados de seguida alguns desses estudos de base.

O estudo realizado por Gil (2009) sobre a temática da Mobilidade Pedonal no Espaço Publico – no caso de estudo e aplicação ao projecto em Sete Rios, tem como objectivo a avaliação da qualidade do espaço público no âmbito da sua acessibilidade e mobilidade pedonal.

A metodologia abordada encontra-se dividida em quatro etapas. A primeira aborda a definição geral relativamente ao espaço público, os elementos que o constituem e a sua evolução, através do estudo de temáticas como a evolução das cidades, mobilidade urbana e tipologias de espaço publico. Como segunda parte é abordada a problemática do movimento pedonal necessário ou opcional, sendo estudados temas como a acessibilidade, a mobilidade e os obstáculos e sua tipologias. Como terceira etapa é então feita a análise e comparação de dois casos, um bom, Parque das Nações e um mau, Sete Rios. Para isso em cada um dos casos é procedido ao enquadramento no contexto urbano, a verificação da situação actual do espaço, o relato da vida urbana, nas diversas horas do dia, e a análise dos elementos atractores, incentivadores e facilitadores do movimento pedonal e por fim os obstáculos existentes. Por fim como ultima etapa é então realizada uma proposta de melhoramento do espaço público tendo como base as conclusões retiradas das etapas anteriores.

Como conclusão deste estudo, retira-se que a qualidade do espaço público e a mistura de funções que ocorrem nesse mesmo espaço influenciam o modo como este é utilizado, sendo capaz de se observar diferentes comportamentos de acordo com o tipo de actividades

relacionadas, conduzindo à maior utilização desses espaços de acordo com as suas características físicas.

Outro estudo que serviu de base, foi o de Mendes (2009), que prevê a avaliação das condições de acessibilidade para pessoas com deficiência visual em edificações em Brasília, segundo as normas técnicas brasileiras.

Para essa avaliação a metodologia utilizada passou inicialmente pela escolha dos edifícios, para essa escolha foram atendidos vários critérios, tais como possuírem o maior número de itens que atendam às exigências da norma, viabilidade e autorização dos responsáveis para a vistoria e data de entrega da obra. Uma vez escolhidas as edificações, seguiu-se realização de uma ficha de avaliação da edificação, avaliando desde os materiais de acabamento até detalhes de projecto, que auxiliem a pessoa com deficiência visual a utilizar a edificação.

O passo seguinte passou pela percepção dos utilizadores com deficiência visual, para isso foram avaliados os mesmos itens apresentados na ficha para avaliação dos edifícios, permitindo destacar os itens mais relevantes. De seguida foi realizada uma entrevista com perguntas subjectivas, com o objectivo de serem apuradas as principais dificuldades de acessibilidade na cidade de Brasília, identificar o que auxilia a locomoção de PDV, os aspectos necessários para a acessibilidade de PDV nos edifícios e por fim conhecer o perfil do entrevistado. Por fim foi realizado um passeio acompanhado, com o objectivo de fornecer informações referentes às dificuldades e facilidades na deslocação, orientação, uso e comunicação.

Terminada esta metodologia, o autor estava capaz de retirar as suas conclusões, revelando que as condições de acessibilidade são as mínimas possíveis, não cumprindo as normas técnicas que garantem a acessibilidade, prejudicando a autonomia e a segurança.

O documento realizado por Aguiar (2010) faz o estudo da acessibilidade relativa dos espaços urbanos para peões com restrições de mobilidade. Este propõe um modelo de avaliação que seja capaz de mapear a acessibilidade relativa dos caminhos de peões, considerando as condições de mobilidade dos indivíduos com mobilidade pedonal condicionada.

O modelo que propõe foi desenvolvido com base em estudos urbanos e de transportes, que avaliam espaços de circulação de peões relativamente à sua acessibilidade. Essa avaliação é baseia-se nos critérios das limitações de deslocação a pé, no espaço disponível e na funcionalidade ou importância dos destinos, para isso é realizada a selecção de quatro grupos

e pessoas com diferentes capacidades de mobilidade, permitindo determinar os níveis de acessibilidade relativa e acordo com a escala e o nível de acessibilidade para cada um desses grupos.

Este modelo tem como base a aplicação do Método de Avaliação Multicritério tendo como complemento a proposta de Níveis de acessibilidade relativa, estes baseiam-se em critérios relativos ao individuo, ao ambiente e ao motivo que une o sujeito ao ambiente, envolvendo a avaliação de acessibilidade dos espaços.

Após a aplicação destes modelos as conclusões retiradas revelam que estes são adequados e promissores, uma vez que possibilitam a obtenção de indicadores ou indicies de acessibilidade relativa para que haja a caracterização das condições de mobilidade dos peões.

O estudo realizado por Nunes (2013) baseia-se na adaptação de espaços públicos a pessoas com mobilidade condicionada. Este, procura avaliar as dificuldades nas deslocações no espaço público, de modo a serem identificados e registados em itinerários para apresentação de propostas de melhoramento.

Para isso, a metodologia passa pela recolha de informações relativamente às características urbanísticas, físicas, funcionais e demográficas da zona em questão, seguindo- se a realização de um inquérito à população residente, esse divide-se em três partes, a primeira, pretende saber a frequência das deslocações aos vários serviços, a segunda parte pretende avaliar o nível de dificuldades encontradas nesses itinerários, através da classificação em 5 classes, por fim na terceira parte pretende saber os itinerários utilizados para aceder a esses equipamentos e serviços e o nível de dificuldades e obstáculos encontrados, segundo os critérios de passeios, atravessamento de ruas, percursos com escadas e rampas e outros.

Posteriormente foi realizado o levantamento das condições de acessibilidade nos 4 itinerários definidos com base nos critérios das normas regulamentares para a boa acessibilidade da população com mobilidade condicionada e o relatório para a execução do plano municipal de promoção de acessibilidade. Sendo os critérios avaliados, o nível de inclinação dos passeios, o rebaixamento e acesso a passeios adjacentes, o tipo e estado de pavimento para as passadeiras e qualificação e quantificação do estado do material de construção e segurança na passagem para escadas e rampas. Por fim, foi gerada uma matriz em ambiente SIG, com a exposição destes resultados obtidos.

Em conclusão deste estudo é revelado que existem inúmeros obstáculos que poem em causa a segurança e a circulação de cidadãos.

Após o estudo destas obras verifica-se que a base metodológica era muito semelhante entre elas. Ou seja, em todas elas, inicialmente, existe um trabalho de pesquisa relacionado com a temática, seguindo-se os estudos práticos obtidos ou através de entrevistas, questionários ou de avaliação pessoal, para que posteriormente seja feita a análise comparativa em relação ao que é apontado pelas PDV como necessidades importantes e aquilo que é executado na prática.

Uma vez que este estudo pretende verificar se o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto possui nas suas normativas todas as necessidades das PDV, a metodologia a abordar será semelhante, inicialmente será realizado um estudo teórico de aquilo que o Decreto-Lei em questão legisla para as PDV, seguindo-se um questionário/entrevista que vai permitir verificar quais as reais necessidades dessas pessoas nas deslocações do dia-a-dia no CH. Conduzindo à criação, segundo essas especificações relatadas e segundo o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto, de uma tabela de avaliação das ruas pertencentes à zona de estudo. Por fim após essa avaliação estaremos capazes de fazer a verificação se o Decreto-Lei avaliado contempla nas suas normativas todas as necessidades de acessibilidade da PDV.