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Sistemas de logística reversa de embalagens de vidro pós-consumo

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Academic year: 2021

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SISTEMAS DE LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE VIDRO PÓS-CONSUMO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de Produção. Orientador: Prof.ª Dr.ª Mônica Maria Mendes Luna

Florianópolis 2018

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária

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SISTEMAS DE LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE VIDRO PÓS-CONSUMO

Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de “Mestre em Engenharia de Produção” e aprovada em sua forma final

pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Florianópolis, 24 de agosto de 2018.

________________________ Prof.ª Lucila Maria de Souza Campos, Dr.ª

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

________________________ Prof.ª Mônica Maria Mendes Luna, Dr.ª

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Paulo Augusto Cauchick Miguel, PhD

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________ Prof. Sebastião Roberto Soares, Dr. Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado à minha família e ao meu namorado.

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Primeiramente gostaria de agradecer ao meu pai, que sempre apoiou os meus estudos, assim como a minha mãe que, embora não esteja mais aqui, sempre incentivou a mim e meus irmãos a buscarem o conhecimento.

Gostaria também de agradecer a professora Mônica, minha orientadora, que por ter um grande apreço e dedicação pelo seu trabalho, nunca mediu esforços para contribuir no desenvolvimento deste estudo.

Agradeço também ao meu namorado pelo companheirismo e por sempre me ajudar quando preciso, assim como aos meus irmãos e amigos pelo apoio, e por estarem dispostos a ouvir as minhas reflexões sobre a dissertação.

Deixo aqui também os meus agradecimentos ao pessoal do NURES, pelos momentos de descontração e pelas reflexões construtivas. Agradeço ainda todas as pessoas que dedicaram um pouco do seu tempo e aceitaram disponibilizar informações para o desenvolvimento deste trabalho e também a CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo apoio financeiro durante o mestrado.

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Se a natureza fosse um banco, já teria sido salva (Eduardo Galeano)

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Os municípios brasileiros, visando atender a legislação, estão despendendo esforços para desviar as embalagens recicláveis dos aterros sanitários e recuperá-las. Apesar disso, os resultados desse empenho têm sido insatisfatórios, muitas vezes porque mudanças e melhorias nos sistemas de logística reversa (SLR) precisam ser realizadas. Há, no entanto, poucos estudos neste tema e a literatura é carente de contribuições voltadas ao planejamento desses sistemas, razão pela qual este trabalho se propõe a apresentar elementos que possam orientar o planejamento de SLR de embalagens de vidro pós-consumo, tendo em vista o grande potencial e as dificuldades envolvidas na recuperação do valor desse resíduo. Em outras palavras, nesta dissertação são apresentadas alternativas relativas à alguns aspectos que devem ser considerados no planejamento de SLR, e quais tendem a favorecer a logística reversa das embalagens de vidro pós-consumo, tendo em vista o contexto brasileiro. Com este objetivo, foi feita primeiramente uma revisão sistemática da literatura para identificar os aspectos que devem ser considerados no planejamento de SLR de embalagens pós-consumo em geral. Dentre os aspectos identificados, foram abordados neste trabalho, aqueles que envolviam decisões associadas ao projeto dos SLR de embalagens de vidro pós-consumo, isto é, aspectos que estão sob o controle dos tomadores de decisão como, por exemplo, a organização dos canais reversos e a definição dos sistemas de coleta e triagem a serem empregados para retornar esse resíduo à cadeia produtiva. A partir de pesquisas bibliográficas, documentais e de campo, foi possível constatar que a coleta e a triagem das embalagens de vidro exigem um maior controle por parte da municipalidade, para evitar que sejam encaminhadas aos aterros ou lixões, uma vez que há um baixo interesse no mercado de reciclagem por esse material. Em função disso, é recomendável que, ou os municípios realizem a coleta desse resíduo, ou sejam estabelecidos contratos com as organizações de catadores, baseados em termos de referência, caso estas sejam encarregadas por desempenhar tal função. Os resultados também apontam que, por ser um resíduo perfurocortante e as operações de coleta e triagem serem executadas, em sua maioria, manualmente no Brasil, o seu descarte deve ocorrer preferencialmente separado dos demais recicláveis.

Palavras-chave: Embalagens de vidro. Sistema de logística reversa.

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Brazilian municipalities, in order to comply with the legislation, are making efforts to divert recyclable packaging from landfills and to recover them. Despite this, the results of this effort have been unsatisfactory, often because changes and improvements in reverse logistics systems (RLS) need to be performed. There are, however, few studies on this topic and the literature is lacking in contributions to the planning of these systems, which is why this work proposes to present elements that can guide the planning of RLS of post-consumption glass packaging, in view of the great potential and the difficulties involved in recovering the value of this waste. In other words, this dissertation presents alternatives related to some aspects that should be considered in RLS planning, and which tend to favor the reverse logistics of post-consumption glass packaging, considering the Brazilian context. With this goal, a systematic review of the literature was first made to identify the aspects that should be considered in the planning of RLS of post-consumption packaging in general. Among the aspects identified, it was approached in this work, those that involve decisions related to the design of SLR of post-consumption glass packaging, that is, aspects that are under the control of decision makers, such as the organization of reverse channels and the definition of the collection and sorting systems to be used to return this waste to the production chain. Based on bibliographical, documentary and field research, it was possible to verify that, the collection and sorting of glass packaging require greater control by the municipality, to avoid those being sent to landfills or dumpsites, since there is a low interest for this material in the recycling market. Because of this, it is advisable that either the municipalities collect this waste, or contract with the waste pickers organizations, based on terms of reference, if they are responsible to perform such function. The results also point out that, since it is a sharpened waste, and the collection and sorting operations be performed mostly manually in Brazil, their disposal should preferably occur separately from the other recyclables.

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1. INTRODUÇÃO

Figura 1.1: Estrutura da dissertação ... 31

2. O PLANEJAMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM FOCO EM EMBALAGENS: UMA ESTRUTURA DE ANÁLISE DA LITERATURA

Figura 2.1: Esquema para análise do conteúdo dos trabalhos

selecionados ... 40

3. CANAIS REVERSOS DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS DE VIDRO NO BRASIL

Figura 3.1: Alternativas de canal reverso apresentadas por Pohlen e Farris (1992) ... 60 Figura 3.2: Alternativas de canal reverso apresentadas por Jahre (1995) ... 60 Figura 3.3: Cadeia reversa das embalagens de vidro nos Estados Unidos ... 61 Figura 3.4: Canais reversos de embalagens de vidro pós-consumo apresentado por Estival et al. (2006) ... 62 Figura 3.5: SLR objeto do Acordo Setorial de Embalagens em Geral . 70 Figura 3.6: Canais reversos voltados para a recuperação do valor das embalagens de vidro pós-consumo ... 80

4. LOGÍSTICA REVERSA DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS DE VIDRO: ALTERNATIVAS DE COLETA E SUAS

IMPLICAÇÕES

Figura 4.1: Pontos de coleta para sistemas de coleta ... 95 Figura 4.2: PEVs de vidro disponíveis em: (a) Berlim; (b) Ljubljana; e (c) Bruxelas; e (d) sistema de coleta “Fantastic Three” adotado em São Francisco, Estados Unidos ... 102 Figura 4.3: PEV exclusivo para o vidro em Florianópolis, Santa Catarina ... 103

5. LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE VIDRO PÓS-CONSUMO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS

Figura 5.1: Acondicionamento das embalagens de vidro (a) nos

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Figura 5.3: Evolução das quantidades de embalagens de vidro (a) coletadas nos PEVs de vidro e (b) processadas pela ACMR ... 134 Figura 5.4: Armazenamento e pré-triagem das embalagens de vidro na ACMR ... 135 Figura 5.5: Descarte inadequado em um PEV de vidro ... 140

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1. INTRODUÇÃO

Quadro 1.1: Relação entre os objetivos e capítulos da dissertação e os artigos resultantes ... 30 Quadro 1.2: Procedimentos metodológicos empregados na elaboração dos capítulos da dissertação ... 34

2. O PLANEJAMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM FOCO EM EMBALAGENS: UMA ESTRUTURA DE ANÁLISE DA LITERATURA

Quadro 2.1: Aspectos relacionados ao PSGR e autores que os abordam ... 50

3. CANAIS REVERSOS DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS DE VIDRO NO BRASIL

Quadro 3.1: Documentos consultados na pesquisa documental ... 63 Quadro 3.2: Organizações contatadas na pesquisa de campo e

instrumentos utilizados na coleta de dados ... 64 Quadro 3.3: Formas de inclusão dos catadores nos programas de coleta seletiva ... 76

4. LOGÍSTICA REVERSA DE RESÍDUOS DE EMBALAGENS DE VIDRO: ALTERNATIVAS DE COLETA E SUAS

IMPLICAÇÕES

Quadro 4.1: Principais métodos de separação utilizados para descartar e coletar as embalagens de vidro ... 97 Quadro 4.2: Modelos de MRFs implantadas no Brasil e suas

características ... 99 Quadro 4.3: Características dos sistemas de coleta e as implicações nos programas de reciclagem ... 112

5. LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE VIDRO PÓS-CONSUMO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS

Quadro 5.1: Documentos consultados na pesquisa documental ... 124 Quadro 5.2: Membros contatados na pesquisa de campo e instrumentos utilizados na coleta de dados ... 126 Quadro 5.3: Problemas ocasionados pelo vidro no manuseio e

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5. LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE VIDRO PÓS-CONSUMO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS

Tabela 5.1: Número de PEVs e quantidade coletada nesses, de dezembro de 2014 a abril de 2018 ... 132 Tabela 5.2: Indicadores de produção da ACMR (total e de vidro) ... 133

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ABIVIDRO – Associação Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro

ACMR – Associação de Coletores de Materiais Recicláveis CO2 – Dióxido de carbono

CVR – Centro de Valorização de Resíduos EPR – Extended Producer Responsibility h – horas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística kg – quilograma

m³ – metro cúbico min – minutos

MMA – Ministério do Meio Ambiente MRF – Materials Recovery Facility PAYT – Pay-as-you-throw

PET – Politereftalato de etileno PEV – Ponto de Entrega Voluntária

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

PSGR – Planejamento de sistema de gestão de resíduos PSLR – Planejamento de sistema de logística reversa RSU – Resíduos sólidos urbanos

SGR – Sistema de gestão de resíduos SLR – Sistema de logística reversa t – tonelada

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 27

OBJETIVOS ... 28 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ... 29 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 32

2 O PLANEJAMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO DE

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM FOCO EM EMBALAGENS: UMA ESTRUTURA DE ANÁLISE DA

LITERATURA ... 35

INTRODUÇÃO ... 35 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 36

2.2.1 Seleção de artigos ... 37 2.2.2 Definição de um esquema para classificação de conteúdo38

CLASSIFICAÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA ... 40

2.3.1 Mecanismos de incentivos ... 40 2.3.2 Mercado de recuperação de resíduos ... 42 2.3.3 Comportamento da população ... 43 2.3.4 Canais reversos ... 44 2.3.5 Sistemas de coleta e triagem ... 44 2.3.6 Atores e organização dos canais reversos ... 46 2.3.7 Políticas, práticas e planos de gestão de resíduos ... 47

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 49 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO ... 51

3 CANAIS REVERSOS DE RESÍDUOS DE

EMBALAGENS DE VIDRO NO BRASIL ... 53

INTRODUÇÃO ... 53 REFERENCIAL TEÓRICO ... 55

3.2.1 Os processos de recuperação do valor dos resíduos de embalagens de vidro ... 55 3.2.2 Aspectos a serem considerados na estruturação dos canais reversos ...58 3.2.3 Canais reversos identificados na literatura para recuperar o valor dos resíduos recicláveis ... 59

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 62 OS CANAIS REVERSOS DAS EMBALAGENS DE VIDRO PÓS-CONSUMO NO BRASIL ... 65

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3.4.2 Modelo de sistema de logística reversa proposto pela cadeia das embalagens em geral para cumprimento da legislação . 68 3.4.3 Canais reversos organizados pela indústria para o reúso de embalagens de vidro ... 70 3.4.4 Canais reversos voltados para reciclagem dos resíduos de embalagens de vidro com participação da indústria e do varejo .... 73 3.4.5 Canais reversos formados por atores formais e informais que manipulam resíduos de embalagens de vidro advindos da coleta municipal ... 74 3.4.6 Características e desafios na logística reversa das

embalagens de vidro no Brasil ... 79 3.4.7 Alternativas para viabilizar a logística reversa das

embalagens de vidro ... 83

DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS DO

CAPÍTULO ... 84

4 LOGÍSTICA REVERSA DE RESÍDUOS DE

EMBALAGENS DE VIDRO: ALTERNATIVAS DE COLETA E SUAS IMPLICAÇÕES ... 91

INTRODUÇÃO ... 91 METODOLOGIA ... 92 RESULTADOS ... 94

4.3.1 Sistemas de coleta voltados para reciclagem ... 94 4.3.2 Modelos de MRFs (centrais de triagem) ... 98 4.3.3 Sistemas de coleta e triagem adotados no Brasil e em outros países para os resíduos de embalagens de vidro ... 100 4.3.4 Implicações dos sistemas de coleta e triagem ... 105

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 115 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO ... 118

5 LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS DE VIDRO

PÓS-CONSUMO: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS ... 121

INTRODUÇÃO ... 121 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 122 MÉTODO DE PESQUISA ... 124 RESULTADOS ... 127

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5.4.1 Sistemas de coleta de resíduos de embalagens de vidro disponíveis em Florianópolis ... 127 5.4.2 Atividades e atores envolvidos na logística reversa dos resíduos de embalagens de vidro de Florianópolis ... 128 5.4.3 Legislação voltada para a logística reversa das embalagens de vidro em Florianópolis ... 137 5.4.4 Dificuldades na recuperação das embalagens de vidro geradas em Florianópolis ... 138

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 142 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO ... 146

6 CONCLUSÕES ... 147

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1 INTRODUÇÃO

A recuperação do valor dos resíduos recicláveis é uma questão que preocupa representantes de municípios, estados e países em todo o mundo e no Brasil não é diferente. Em 2010 foi aprovada a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (BRASIL, 2010), que visa fomentar a logística reversa dos resíduos de embalagens em geral (plástico, papel, vidro, metal), a qual resultou no estabelecimento de um Acordo Setorial entre a União e a cadeia de embalagem para implantar um sistema de logística reversa (SLR) para tais resíduos, e na elaboração de planos de gestão de resíduos por parte dos municípios, que também estão implementando programas de coleta seletiva.

Embora a PNRS tenha passado por um longo processo de discussão, que durou mais de 20 anos, a fase de implementação nas esferas federal, regional e local foi realizada de forma inadequada (CHAVES et al., 2014). Isso se reflete nos resultados insatisfatórios obtidos nos programas de coleta seletiva municipais pois, estima-se que apenas 7% resíduos passíveis de reciclagem tenham sido recuperados nos programas oficiais de coleta seletiva do país em 2016, e que os 93% restantes tenham sido dispostos em aterros ou lixões (BRASIL, 2018). Quanto ao Acordo Setorial para implantação do SLR de embalagens em geral, este privilegia aspectos econômicos relacionados à divisão dos custos da logística reversa, e pouco contempla ações concretas para o melhor reaproveitamento dessas embalagens a fim de evitar que sejam encaminhadas aos aterros. (DEMAJOROVIC; MASSOTE, 2017). Tendo em vista esse cenário, é possível perceber que há falhas no planejamento das ações voltadas para a implementação de SLR para os resíduos de embalagens no País, e a necessidade de mudanças e melhorias nesse sentido.

Na PNRS são apresentados os conteúdos mínimos a serem contemplados nos planos de gerenciamento de resíduos, porém faltam referências que possam auxiliar no planejamento desses planos. Além disso, conforme Chaves et al. (2014) destacam, os responsáveis pelo planejamento dos sistemas de gestão de resíduos municipais muitas vezes não possuem capacidade técnica para tal função, e a solução tem sido a contratação de empresas de consultoria que, muitas vezes, não conhecem as condições específicas locais e produzem planos de ações padronizados que estão muito longe das necessidades reais do local. A literatura acadêmica também carece de trabalhos que tragam informações sobre as alternativas disponíveis para viabilizar a logística reversa dos resíduos de embalagens e as suas implicações no Brasil. Portanto, trabalhos que

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tragam contribuições no sentido de orientar o planejamento de SLR de resíduos de embalagens são úteis.

A possibilidade de compartilhamento de instalações e operações para viabilizar a logística reversa dos resíduos recicláveis deve ser considerada nos planos de SLR, mas é também importante tratar das particularidades de cada tipo resíduo e considerar suas características, para que soluções adequadas venham a ser tomadas em relação ao retorno desses à cadeia produtiva (BING et al., 2016) pois, cada tipo de resíduo requer uma cadeia reversa adequada às características dos produtos devolvidos para otimizar a recuperação de seu valor (GUIDE JR et al., 2003).

Uma das embalagens que apresenta grande potencial de retorno à cadeia produtiva por meio de SLR, são as embalagens de vidro, as quais possuem a particularidade de manter todas suas características iniciais, mesmo após inúmeros ciclos de reúso ou reciclagem (GONZÁLEZ-TORRE; ADENSO-DÍAZ, 2002). Apesar disso, a recuperação desse resíduo não vem sendo devidamente explorada no Brasil, principalmente no que diz respeito à reciclagem. Isso porque existem algumas particularidades em relação ao vidro como, por exemplo, o seu baixo valor agregado, que desestimula a sua comercialização e, por consequência, a sua recuperação (DEMAJOROVIC et al., 2014), aumentando as chances desse resíduo ser disposto em aterros ou lixões. Em função disso e levando em consideração que o vidro possui algumas características únicas, que merecem atenção especial (CARR; KIM, 2017), trabalhos que forneçam subsídios para decisões relacionadas ao planejamento de SLR de embalagens de vidro são relevantes.

OBJETIVOS

Esta dissertação tem como objetivo geral identificar elementos a serem considerados no planejamento de sistemas de logística reversa de embalagens de vidro pós-consumo no Brasil. Para isso, foram definidos os seguintes objetivos específicos

a. Identificar aspectos relacionados às decisões do planejamento de SLR de embalagens em geral, bem como os aspectos relacionados ao seu contexto.

b. Indicar as alternativas relacionadas aos aspectos do planejamento de sistemas de logística reversa de embalagens de vidro.

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c. Identificar as vantagens e desvantagens relacionadas às diferentes alternativas e quais favorecem a logística reversa das embalagens de vidro pós-consumo no Brasil.

d. Analisar o SLR de resíduos de embalagens de vidro em um município, de acordo os aspectos identificados.

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação foi desenvolvida a partir de uma coletânea de artigos1, estando estruturada em seis capítulos, sendo o primeiro esta introdução, que conta ainda com os procedimentos metodológicos adotados para o seu desenvolvimento (seção 1.3). Os resultados da pesquisa são apresentados nos Capítulos 2, 3, 4 e 5, e no Capítulo 6 tem-se as conclusões da distem-sertação. Um panorama dos temas abordados nos capítulos, bem como a relação com os objetivos específicos desta dissertação e os artigos resultantes é apresentado no Quadro 1.1. Na Figura 1.1 é ilustrado como esta dissertação está estruturada, estando destacado na mesma, os aspectos abordados nesta dissertação.

Como se pode observar, no Capítulo 2 são apresentados os aspectos a serem considerados no planejamento de sistemas de logística reversa (PSLR) – indicados na Figura 1.1 –, os quais foram classificados em dois grandes grupos: (i) aspectos do contexto do PSLR e; (ii) aspectos que envolvem decisões em um projeto de SLR. Nesta dissertação, foram analisados apenas os aspectos que envolvem decisões em um projeto de SLR, ou seja, os aspectos que estão sob o controle dos tomadores de decisão, como por exemplo, a organização dos canais reversos e os sistemas de coleta e triagem empregados para retornar os resíduos à cadeia produtiva. A análise dos aspectos do contexto do planejamento não é feita nesta dissertação, sendo estes citados quando exercem influência direta nas decisões associadas ao projeto dos SLR, como por exemplo, no caso de deliberações legislativas. Os aspectos econômicos e financeiros, embora não estejam incluídos neste presente trabalho, devem ser considerados no PSLR pois, influenciam diretamente nas decisões a serem tomadas no projeto de um SLR.

1 Alternativa de elaboração de dissertação de mestrado conforme Resolução 002/PPGEP/2015, de 29/04/2015 do programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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Quadro 1.1: Relação entre os objetivos e capítulos da dissertação e os artigos resultantes.

Objetivo geral Objetivo específico Capítulo/Descrição Artigo resultante

Identificar elementos a serem considerados no planejamento de sistemas de logística reversa de embalagens de vidro pós-consumo no Brasil

a) Identificar aspectos relacionados às

decisões do planejamento de SLR de embalagens em geral, bem como os aspectos relacionados ao seu contexto

CAPÍTULO 2:

Identificado os aspectos a serem considerados no planejamento de SLR de resíduos de embalagens em geral

Artigo 1 (A1)

O planejamento de sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos com foco em embalagens: uma estrutura de análise da literatura

Apresentado e publicado nos anais do 8º Encontro Nacional da ANPPAS

b) Indicar as alternativas relacionadas

aos aspectos do planejamento de SLR de embalagens de vidro

c) Identificar as vantagens e desvantagens relacionadas às diferentes alternativas e quais favorecem a logística reversa das embalagens de vidro pós-consumo no Brasil

CAPÍTULO 3:

Identificado os atores e atividades envolvidas na LR dos resíduos de embalagens de vidro no Brasil, quais são os canais reversos existentes para retornar esse resíduo à cadeia produtiva e quais favorecem a logística reversa das embalagens de vidro

Artigo 2 (A2)

Canais reversos de resíduos de embalagens de vidro no Brasil (Reverse channels of glass packaging

waste in Brazil)

Submetido para International Journal of Physical Distribution & Logistics Management

b) Indicar as alternativas relacionadas

aos aspectos do planejamento de SLR de embalagens de vidro

c) Identificar as vantagens e desvantagens relacionadas às diferentes alternativas e quais favorecem a logística reversa das embalagens de vidro pós-consumo no Brasil

CAPÍTULO 4:

Descrito os sistemas de coleta e triagem existentes para retornar os resíduos de embalagens de vidro à cadeia produtiva e suas implicações no sistema de gestão de resíduos e na recuperação do vidro e dos demais recicláveis

Artigo 3 (A3)

Logística reversa de resíduos de embalagens de vidro: alternativas de coleta e suas implicações

Apresentado e publicado nos anais do 1º Congresso Sul-americano de Resíduos Sólidos e Sustentabilidade

d) Analisar o SLR de resíduos de

embalagens de vidro em um município, de acordo os aspectos identificados

CAPÍTULO 5:

Apresentado um estudo de caso no município de Florianópolis, analisando os aspectos abordados nos capítulos 3 e 4

Artigo 4 (A4)

Logística reversa de embalagens de vidro pós-consumo: um estudo de caso no município de Florianópolis

Submetido para Revista de Gestão Social e Ambiental

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No Capítulo 3 é feita a caracterização dos canais reversos voltados para a recuperação do valor dos resíduos de embalagens de vidro pós-consumo no Brasil, e a identificação de aspectos que influenciam na forma como os canais reversos estão estruturados atualmente, sendo identificada ainda, alternativas que podem contribuir para o desvio dos resíduos de embalagens de vidro dos aterros.

No Capítulo 4 são apresentadas as alternativas de coleta das embalagens de vidro, e os impactos dessas alternativas nas operações de coleta e triagem, e na recuperação do vidro e dos demais recicláveis.

Visando complementar as informações apresentadas nos capítulos anteriores e apresentar novos dados não disponíveis na literatura acerca da logística reversa das embalagens de vidro, foi desenvolvido um estudo de caso no município de Florianópolis, o qual é apresentado no Capítulo 5. Nesse capítulo em questão é feita a descrição de como ocorre a logística reversa dos resíduos de embalagens de vidro no município de Florianópolis, tendo em vista que esse município vem adotando diversas práticas para incentivar o retorno de embalagens de vidro à cadeia produtiva e reduzir os obstáculos envolvidos na logística reversa desse resíduo.

É importante destacar que esta dissertação não busca apresentar alternativas definitivas para se coletar, triar e organizar os canais reversos dos resíduos de embalagens de vidro, mas sim apresentar as alternativas potenciais e as mais adequadas para esse tipo de resíduo, tendo em vista as suas características, as características do mercado de reciclagem, e as circunstâncias nas quais a logística reversa desse resíduo, em geral, é executada.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Tendo em vista que esta dissertação foi elaborada a partir de uma coletânea de artigos, os procedimentos metodológicos são descritos ao longo dos capítulos, sendo apresentado nesta seção apenas um panorama geral de tais procedimentos. Para identificar quais aspectos devem ser considerados no PSLR e elaborar o Capítulo 2, foi feita uma revisão sistemática da literatura, com análise do conteúdo de artigos científicos que tratam de aspectos da logística reversa dos resíduos de embalagens de um modo geral. São abordados nesta dissertação apenas os aspectos que envolvem decisões em um projeto de SLR, sendo eles: os atores; os canais reversos e; os sistemas de coleta e triagem existentes para retornar os resíduos de embalagens de vidro à cadeia produtiva.

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Para discorrer sobre esses aspectos foram feitas principalmente pesquisas bibliográficas e documentais, mas também pesquisas de campo. No Capítulo 3, por exemplo, em que os atores e os canais reversos existentes no Brasil para retornar os resíduos de embalagem de vidro à cadeia produtiva são abordados, os dados foram obtidos a partir desses três tipos de pesquisa. Entre os documentos consultados se destacam os relatórios setoriais e de sustentabilidade de empresas participantes dos canais reversos dos resíduos de embalagens de vidro, artigos disponíveis em websites de algumas empresas e associações, bem como documentos legislativos. Quanto à pesquisa de campo, foram feitas entrevistas ou estabelecido contato com membros atuantes nos canais reversos dos resíduos de embalagens de vidro por telefone, e-mail, SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) e congressos, inclusive. A partir dos dados coletados nessas fontes, foi possível caracterizar os atores e os canais reversos existentes no Brasil para recuperar os resíduos de embalagens de vidro, bem como identificar as características e os desafios na logística reversa desse resíduo, e quais alternativas de organização dos canais reversos tendem a favorecer a logística reversa das embalagens de vidro pós-consumo. Destaca-se aqui, que no Capítulo 3 é apresentada a versão completa da pesquisa, a qual foi sintetizada para atender a formatação exigida pelo periódico na submissão do artigo resultante do capítulo.

Para desenvolver o Capítulo 4 foram feitas pesquisas bibliográficas e documentais, com análise de conteúdo de artigos científicos, relatórios oficiais de órgãos públicos e relatórios setoriais que abordavam aspectos relacionados à coleta e à triagem dos resíduos de embalagens de vidro. A partir dos dados obtidos foi possível identificar quais sistemas de coleta são mais adequados para as embalagens de vidro para o contexto brasileiro.

Por fim, para desenvolver o Capítulo 5, que conta com um estudo de caso para aprofundar as análises feitas nos capítulos anteriores, foi feita uma pesquisa documental, bem como pesquisa de campo com levantamento de dados primários junto aos membros que participam da logística reversa das embalagens de vidro de Florianópolis, bem como observações assistemáticas em alguns casos. Nesse capítulo em questão, foi possível identificar as principais dificuldades envolvidas na logística reversa dos resíduos de embalagens de vidro – com destaque para a coleta e a triagem – e apresentar as soluções adotadas pelo município de Florianópolis para mitigá-las. No Quadro 1.2 tem-se uma síntese dos procedimentos adotados no desenvolvimento dos capítulos, bem como os principais resultados desses.

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Quadro 1.2: Procedimentos metodológicos empregados na elaboração dos capítulos da dissertação.

Capítulo Aspecto abordado Procedimentos

metodológicos Resultados

CAPÍTULO 2

O planejamento de sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos com foco em embalagens: uma estrutura de análise da literatura

 Aspectos do PSLR  Revisão sistemática da literatura

Identificados os principais aspectos a serem considerados no PSLR de embalagens em geral, de acordo com os temas abordados na literatura acerca da logística reversa desses resíduos

CAPÍTULO 3

Canais reversos de resíduos de embalagens de vidro no Brasil

 Atores  Canais reversos

 Pesquisa bibliográfica  Pesquisa documental  Pesquisa de campo

Caracterizado os atores, atividades e canais reversos e identificadas as características e os desafios na logística reversa dos resíduos de embalagens de vidro, e quais alternativas de organização dos canais reversos tendem a favorecer a logística reversa das embalagens de vidro pós-consumo

CAPÍTULO 4

Logística reversa de resíduos de embalagens de vidro: alternativas de coleta e suas implicações

 Sistemas de coleta  Sistemas de triagem

 Pesquisa bibliográfica  Pesquisa documental

Identificado os sistemas de coleta mais adequados para os resíduos de embalagens de vidro, tendo em vista o cenário brasileiro

CAPÍTULO 5

Logística reversa de embalagens de vidro pós-consumo: um estudo de caso no município de Florianópolis

 Análise dos aspectos

abordados nos

Capítulos 3 e 4 a partir de um estudo de caso

 Pesquisa documental  Pesquisa de campo

Identificadas as principais dificuldades envolvidas na logística reversa dos resíduos de embalagens de vidro de Florianópolis e apresentadas as soluções adotadas pelo município para mitigá-las

(35)

2 O PLANEJAMENTO DE SISTEMA DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS COM FOCO EM EMBALAGENS: UMA ESTRUTURA DE ANÁLISE DA

LITERATURA2

RESUMO

Os resíduos sólidos urbanos (RSU) vêm recebendo atenção crescente, em especial nos países em desenvolvimento, devido aos volumes significativos gerado nos últimos anos. Além disso, a possibilidade de recuperação do valor desses, a aprovação de políticas de gestão de resíduos, e a participação significativa do setor informal nos canais reversos têm tornado mais complexa a gestão dos RSU. O presente artigo tem como objetivo, analisar o conteúdo de artigos científicos que tratem de aspectos relacionados ao planejamento de sistemas de gestão de resíduos, em especial de embalagens. As embalagens se caracterizam pela curta vida útil e por serem resíduos que podem ser reutilizados ou reciclados como forma de minimizar os impactos negativos que causam ao ambiente. Os resultados deste estudo incluem uma estrutura que orienta a análise dos trabalhos publicados, útil a pesquisadores e profissionais que atuam no planejamento de sistemas de gestão de RSU. Além disso, sugestões de pesquisas futuras são identificadas a partir das lacunas na literatura.

Palavras-chave: Planejamento. Gestão. Resíduos sólidos urbanos.

Embalagens. Recicláveis. INTRODUÇÃO

Os volumes de resíduos sólidos gerados nos centros urbanos, em especial nos países em desenvolvimento, vêm crescendo significativamente ao longo dos anos. O aumento na geração de resíduos pode ser atribuído ao crescimento populacional e ao desenvolvimento urbano (SONG et al., 2015), mas também a um modelo econômico de crescimento baseado no consumo, na maior disponibilidade, maior complexidade e fabricação rápida de bens (SILVA et al., 2017).

2 CAETANO, A. C. G.; LUNA, M. M. M. O planejamento de sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos com foco em embalagens: uma estrutura de análise da literatura. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPPAS, 8., 2017, Natal. Anais... Natal, 2017.

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Esse padrão de consumo, contudo, vem provocando o esgotamento dos recursos naturais, a poluição do meio ambiente, bem como gerando custos associados a adequada gestão desses resíduos (SONG et al., 2015). Mas, além dos impactos sociais e ambientais negativos, a gestão dos resíduos sólidos urbanos (RSU) constitui um desafio para as municipalidades, principais responsáveis pela coleta e destinação dos mesmos.

Dentre esses resíduos, as embalagens (metal, papelão, plástico e vidro) vêm merecendo atenção nos últimos anos, devido ao fato que diversos recursos são empregados para produzi-las, para que essas, rapidamente sejam descartadas (SONG et al., 2015). Como destaca Song et al. (2015), não existe um caminho simples para solucionar os problemas atuais dos resíduos sólidos, no entanto, alternativas ou procedimentos de solução podem ser identificados, por exemplo, a partir do levantamento de informações na literatura. No entanto, uma análise de estudos desenvolvidos na área permite constatar que os artigos de revisão, especialmente análises bibliométricas, estão voltadas à identificação de tendências na área (ver YANG et al., 2013 e CHEN et al., 2015).

Este artigo apresenta uma estrutura de planejamento para sistemas de gestão de resíduos voltados à recuperação de embalagens, fundamentado nos aspectos abordados na literatura. Por meio de uma revisão sistemática da literatura, os artigos que tratam de RSU domiciliares recicláveis e embalagens foram identificados, classificados e, após uma análise de conteúdo, organizados em uma estrutura que permite auxiliar pesquisadores e profissionais envolvidos com o planejamento de sistemas de gestão de resíduos nos centros urbanos.

Esta revisão está organizada em cinco seções, sendo a primeira, esta introdução. Nas demais têm-se: a descrição dos procedimentos metodológicos; a classificação e revisão da literatura; a discussão dos resultados e; as considerações finais.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A revisão de literatura constitui parte do processo de pesquisa e, como destaca Seuring et al. (2005), tanto auxilia na geração de novos temas quanto permite sintetizar os trabalhos existentes por meio da identificação de padrões, assuntos e aspectos abordados nos trabalhos publicados. Neste artigo uma revisão da literatura, e mais especificamente uma análise de conteúdo, foi realizada para identificar os principais aspectos concernentes à gestão de resíduos de embalagens. Algumas

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etapas, sugeridas por Seuring et al. (2005), foram adotadas: (i) coleta e seleção de artigos; (ii) definição do esquema de classificação do conteúdo; e (iii) análise dos artigos científicos e classificação segundo o esquema adotado.

2.2.1 Seleção de artigos

A seleção de artigos científicos na área de gestão de resíduos de embalagens, ou recicláveis domiciliares, para construção do portfólio de artigos desta revisão, seguiu as seguintes etapas: (i) definição das bases de dados a serem utilizadas; (ii) definição das palavras-chave e operadores lógicos a serem usados nas buscas nas bases de dados; (iii) aplicação de filtros e eliminação de documentos duplicados; (iv) leitura dos títulos e/ou resumos e; por fim, (v) leitura dos textos.

As bases de dados consideradas nesta revisão foram Scopus, Web of Science e Science Direct. As duas primeiras foram consideradas pela sua relevância (WEE; BANISTER, 2016) e, a última, devido à grande quantidade de material disponível relacionado ao tema deste trabalho, ou seja, gestão de resíduos. Inicialmente, definiu-se o seguinte comando de busca a ser aplicado nas bases de dados: (“packaging” OR “solid waste” OR “recyclable waste” OR “municipal waste” OR “household waste” OR “bottle*” OR “container*”) AND (“reverse logistics” OR “reverse channel*” OR “reverse flow*” OR “reverse supply chain*” OR “closed loop supply chain*” OR “closed-loop supply chain*” OR “reverse chain*” OR “circular economy”). Contudo, identificou-se que, aplicando esse comando nas bases de dados, alguns artigos relevantes, de conhecimento prévio, não estavam incluídos nos resultados da busca. Por esse motivo, um segundo comando foi considerado, a saber: ("solid waste management") AND ("reverse logistics" OR "reverse channel*" OR "reverse flow*" OR "reverse supply chain*" OR "closed loop supply chain*" OR "closed-loop supply chain*" OR "reverse chain*" OR "circular economy" OR "packaging" OR "recyclable"). Assim sendo, apenas artigos científicos e revisões em inglês e português, obtidos a partir de ambas as buscas foram considerados nesta revisão como portfólio inicial. As palavras-chave usadas foram buscadas nos títulos, resumos e palavras-chave dos trabalhos.

Para selecionar os trabalhos alinhados ao objetivo deste estudo, foi realizada uma leitura dos títulos, e quando necessário, dos resumos. Foram descartados trabalhos relacionados a resíduos orgânicos e industriais, análises técnicas de resíduos, estudos envolvendo análises de ciclo de vida ou composição gravimétrica de resíduos.

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Na etapa de leitura dos textos, alguns artigos foram descartados por não se enquadrarem na proposta deste estudo. Muitas vezes, isso ocorre quando os resumos dos trabalhos não descrevem adequadamente o seu conteúdo. Ao final dessa etapa, 62 artigos foram considerados nesta revisão para análise.

2.2.2 Definição de um esquema para classificação de conteúdo

Os principais temas abordados na literatura acerca da gestão de resíduos de embalagens e recicláveis domiciliares identificados nesta revisão, podem ser classificados em três grupos. Esses três grupos contemplam trabalhos que tratam de: i) aspectos relacionados ao contexto do planejamento de sistemas de gestão de resíduos (PSGR); ii) aspectos relacionados às decisões associadas ao projeto de um SGR; e iii) políticas, práticas e planos de gestão de resíduos, que consideram aspectos do contexto e de projeto de um SGR.

Os aspectos de contexto referem-se aos elementos que devem ser considerados no PSGR, pois exercem influência sobre esses sistemas, mas os tomadores de decisão não têm controle, dentre os quais citam-se: os mecanismos de incentivo; as características do mercado de recuperação de resíduos; e o comportamento da população.

Os mecanismos de incentivos representam medidas complementares de políticas de gestão de resíduos (MORLOK et al., 2017) adotadas para estimular a reciclagem (LOUGHLIN; BARLAZ, 2006) ou o reúso de resíduos provenientes dos centros urbanos. Na ausência desses mecanismos, a recuperação dos resíduos pode ocorrer em função das condições de mercado como, por exemplo, preço favorável da matéria-prima secundária ou busca pela “imagem verde” (LOUGHLIN; BARLAZ, 2006).

Embora não tenham sido identificados nesta revisão estudos abordando especificamente o mercado de recuperação de resíduos, esse também deve ser analisado no PSGR pois, como aponta Macdonald e Vopni (1994), investimentos consideráveis são muitas vezes realizados pelos governos, nos sistemas de coleta e processamento de resíduos, sem a garantia de que a oferta será absorvida pelo mercado.

O comportamento da população perante os mecanismos de incentivo e sistemas de coleta a serem adotados, é outro aspecto que deve ser levado em consideração no PSGR pois, uma vez que esses atores são “fornecedores” de matéria-prima secundária, sua participação efetiva no sistema de recuperação de resíduos é fundamental.

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No que se refere aos aspectos de decisão do projeto de um SGR, considera-se que esses incluem os elementos que estão sob controle dos tomadores de decisão, tais como: definição dos canais reversos a serem usados; escolha dos sistemas de coleta e triagem; e definição de quais atores participarão dos canais e como estes se organizarão.

A definição dos canais reversos é uma das primeiras decisões a ser tomada no projeto de um SGR e trata-se de uma decisão que deve ser definida com cautela, pois, envolve alocação de diversos recursos, inclusive financeiros. Além disso, determinará quais atores devem participar destes canais, os quais muitas vezes, devem incluir atores informais para atender exigências legais.

Relevante também é a definição de um sistema de coleta adequado, pois o preço da matéria-prima secundária é parcialmente determinado pelos custos dessa atividade, além da qualidade do material (JAHRE, 1995). A definição do sistema de triagem – se manual, automatizado ou semi-automatizado – constitui uma decisão do projeto de um SGR que é influenciada pelo volume e qualidade do material coletado, bem como pelas opções de tratamento dos resíduos. Assim, por exemplo, decisões de instalação de centros de triagem devem avaliar os riscos de ociosidade ou sobrecarga, bem como a possibilidade de comercialização do material tratado.

A escolha e definição dos papéis dos atores que participam dos canais reversos e sua forma de organização, visando a efetividade e eficiência do SGR de embalagens, é outro aspecto do PSGR tratado na literatura.

Entre os estudos que abordam aspectos relacionados ao contexto e ao projeto de um SGR, destacam-se aqueles que analisam políticas, práticas e planos de gestão de resíduos. Estes estudos são úteis por apresentarem os resultados obtidos (favoráveis ou não) sobre as práticas adotadas e/ou alternativas de melhoria de sistemas de gestão em determinadas regiões, os quais servem de referência para aqueles envolvidos em projetos de SGR. A Figura 2.1 mostra esquematicamente a estrutura descrita, a qual foi utilizada para classificação do conteúdo dos trabalhos analisados.

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Figura 2.1: Esquema para análise do conteúdo dos trabalhos selecionados.

Fonte: Elaboração própria com base na revisão da literatura. CLASSIFICAÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA

Com base no esquema descrito na seção anterior, os 62 artigos foram classificados de forma a permitir uma visão geral do tema.

2.3.1 Mecanismos de incentivos

Um grande número de artigos identificados na literatura trata dos mecanismos de incentivos que visam elevar as taxas de recuperação dos resíduos. Os autores, nesses trabalhos, destacam mecanismos regulatórios, econômicos, educacionais ou informativos.

Os mecanismos regulatórios, também conhecidos como instrumentos de comando e controle, visam estabelecer requisitos mínimos de desempenho para a recuperação de resíduos, os quais o poluidor busca atender, visto que está sob a ameaça de alguma penalidade (PEARCE; TURNER, 1993; LOUGHLIN; BARLAZ, 2006). Os mecanismos econômicos, por outro lado, são impostos, taxas, subsídios que incidem sobre os preços dos produtos, materiais ou opções de destinação (PEARCE; TURNER, 1993), podendo afetar principalmente os geradores de resíduos (como domicílios, comércios, empresas), os produtores (fabricantes de embalagens/produtos) ou ambos (MICHAELIS, 1995).

Um dos primeiros autores a abordar estes mecanismos é Fuller (1978), que descreve como alguns mecanismos impulsionam os canais

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reversos de resíduos domiciliares recicláveis. Mais recentemente tem-se o trabalho de Matter et al. (2015), em que o impacto dos incentivos políticos e de mercado sobre os vários atores que participam destes canais são tratados, sendo considerado tanto o setor formal quanto informal envolvido na gestão de RSU em Dhaka, Bangladesh.

Alguns trabalhos apresentam análises comparativas dos efeitos desses mecanismos, como é o caso de Pearce e Turner (1993) que identificam as vantagens e limitações desses mecanismos na gestão de resíduos sólidos, com destaque para os instrumentos econômicos aplicados às embalagens. Loughlin e Barlaz (2006) também comparam as políticas e as condições de mercado que impulsionam a reciclagem em alguns países na Europa, Ásia, Oceania, América do Norte e América do Sul, incluindo o Brasil. Loukil e Rouached (2012) apresentam uma discussão superficial desses mecanismos.

Tanto Michaelis (1995) quanto Bor et al. (2004) abordam as políticas que responsabilizam os produtores pelo retorno de seus produtos. No primeiro trabalho, o autor descreve e analisa, levando em consideração aspectos econômicos e de dificuldades de implementação, a política de “gestão de produtos” adotada na Alemanha para resíduos de embalagens, a qual tornou os produtores responsáveis pela logística reversa e destinação final de seus produtos, ou seja, adotou-se a responsabilidade estendida do produtor ou EPR (Extended Producer Responsibility). Bor et al. (2004), por sua vez, realiza um estudo em Taiwan sobre as taxas cobradas de produtores, importadores e varejistas para subsidiar a coleta e triagem de resíduos, bem como a indústria de reciclagem.

A EPR também foi objeto de análise dos estudos de Cahill et al. (2011) e Massarutto (2014). O primeiro realiza uma análise comparativa da implementação da EPR de embalagens e eletroeletrônicos em alguns países da Europa, visando identificar se a transferência da responsabilidade pela gestão desses resíduos para os produtores estava sendo bem-sucedida. Massarutto (2014), por sua vez, aborda questões relacionadas às expectativas da EPR e sua efetividade, ressaltando a capacidade limitada da EPR de induzir os fabricantes a adotar estratégias voltadas à minimização dos resíduos, tais como, o design verde.

Além dos artigos que tratam dos mecanismos econômicos que afetam os produtores, o foco de um outro grupo de artigos está nos geradores de resíduos, ou seja, a população. O sistema de cobrança de coleta dos resíduos, em especial o modelo PAYT (Pay-as-you-throw), que vincula o preço dos serviços à quantidade coletada nos domicílios é o que tem maior destaque na literatura. Hong (1999), Dahlén et al. (2007)

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e Morlok et al. (2017) analisam o impacto da adoção do modelo PAYT sobre a geração de resíduos sólidos e a separação de resíduos recicláveis na Coreia, em município sueco e em um condado alemão, respectivamente. Jaeger e Eyckmans (2015), por sua vez, avaliam o impacto sobre o volume de rejeitos gerados em municípios da região de Flandres, na Bélgica, decorrente de uma mudança na forma de cobrança dos serviços de coleta do sistema PAYT, de número de sacos para peso.

Diferentemente dos trabalhos anteriores, Loukil e Rouached (2012) sugerem a adoção de um mecanismo de incentivo, baseado em impostos e subsídios, no sistema de gestão de resíduos de embalagens na região de MENA (Middle East and North Africa).

Mecanismos educacionais e informativos são objetos de estudos de poucos trabalhos (GRODZIŃSKA-JURCZAK et al., 2006 e WILLMAN, 2015). Ambos mecanismos buscam disseminar informações acerca da gestão de resíduos, mas enquanto os mecanismos informativos visam orientar a população em relação a alguma prática, os mecanismos educacionais buscam, além de esclarecer as práticas adequadas no descarte de resíduos, conscientizar a população sobre os impactos dos resíduos para o meio ambiente e formar cidadãos comprometidos com a preservação dos recursos tanto por meio de campanhas ou de programas educacionais.

Essas diferenças podem ser identificadas nos trabalhos de Grodzińska-Jurczak et al. (2006) e Willman (2015). O primeiro analisa os efeitos de um programa educacional adotado na cidade de Jasło, na Polônia, que empregou a figura dos conselheiros domésticos para promover a participação da população nos programas de coleta seletiva do município. Willman (2015), por sua vez, avalia o impacto da distribuição de folhetos porta a porta, descrevendo uma nova iniciativa de reciclagem, na participação da população do município de Fairfield, nos Estados Unidos. Enquanto o primeiro estudo trata de ações voltadas à conscientização da população, o segundo aborda ações de orientações de programas.

2.3.2 Mercado de recuperação de resíduos

A busca feita nesta revisão não retornou artigos abordando especificamente o mercado de recuperação de resíduos, mas é importante ressaltar que, existem trabalhos que analisam tal aspecto, como é o caso do trabalho de Korzun et al. (1989), em que os autores analisam o impacto

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nos mercados de reciclagem, com um aumento de 30% no fluxo dos materiais recicláveis no Estado da Flórida, nos Estados Unidos.

2.3.3 Comportamento da população

A implementação de sistemas de coleta e de cobrança pela gestão de RSU são geralmente impostas pelas autoridades ou organizações envolvidas com a recuperação de resíduos, sem que haja participação pública no processo de tomada de decisão sobre sua implementação (MOH; ABD MANAF, 2017). Para que um sistema de recuperação de resíduos venha a apresentar resultados satisfatórios, contudo, é imprescindível a participação da população. Tendo em vista a importância desses atores para o sucesso de planos de gestão de RSU, alguns trabalhos têm como objetivo avaliar o comportamento da população, considerando cenários com diferentes configurações de sistemas de coleta e de cobrança.

Wang et al. (1997), Vicente e Reis (2008) e Starr e Nicolson (2015) identificam fatores que influenciam a participação da população nos programas de coleta seletiva. Wang et al. (1997) avaliam a relação entre a frequência de coleta, volume de materiais gerados e coletados e, ressaltam a necessidade de conhecer o comportamento da população, e a sua participação nos programas de coleta, para prever com mais acurácia a quantidade de recicláveis coletados. Vicente e Reis (2008) procuram avaliar a influência das atitudes, de incentivos, presença de crianças nos domicílios e informações veiculadas pela mídia sobre a participação nos programas de coleta seletiva. Com este objetivo, os autores aplicam um questionário a uma amostra de 2.000 domicílios de munícipios da região metropolitana de Lisboa, em Portugal, e constatam a importância das campanhas, em especial das ações de comunicação direta. Starr e Nicolson (2015) avaliam o comportamento da população do estado de Massachusetts, nos Estados Unidos, também avaliando o efeito de treze variáveis sobre a participação da população nos programas de coleta seletiva, dentre as quais, destacam-se: a aplicação do sistema de cobrança PAYT, considerado um dos fatores determinantes para a efetiva participação nestes programas; os sistemas e frequências da coleta nas residências; educação e idade e consciência da população em relação aos benefícios da reciclagem.

Feo e Polito (2015), por sua vez, procuram avaliar a percepção da população de Baronissi, província da Itália, sobre um sistema de coleta que funciona como um “supermercado reverso”. Neste sistema, a população entrega os materiais recicláveis em um ponto de entrega

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voluntária (PEV) centralizado, e em troca adquire vale compras a ser utilizado em lojas locais. Han et al. (2010) também apresentam os resultados de uma pesquisa de satisfação da população em relação aos sistemas de coleta seletiva adotado na Turquia.

2.3.4 Canais reversos

Um canal de distribuição representa uma rede de organizações e instituições combinadas, que desempenham as funções necessárias para vincular produtores e clientes finais (BOWERSOX et al., 2002). Para o caso dos canais reversos de resíduos de embalagens, tem-se a população como os produtores e os fabricantes que utilizam os resíduos pós-consumo em seus processos produtivos como clientes.

Dentre os trabalhos analisados nesta revisão, Fuller (1978) é o único que identifica as alternativas de canais pelos quais os resíduos sólidos retornam. O autor descreve e analisa três canais reversos de resíduos domiciliares recicláveis, quais sejam: (i) os próprios canais de distribuição, que, por exemplo, viabilizam o retorno de recipientes retornáveis por meio dos varejistas e distribuidores; (ii) os canais reversos organizados pelos fabricantes, que mantêm centros de coleta e processamento de resíduos para posterior encaminhamento às fábricas que utilizam esse material como matéria-prima secundária; e (iii) os canais reversos com centro de recuperação de RSU, que pode ser uma instalação pública ou privada, que processa e comercializa os materiais recicláveis ou os utiliza como combustível para produção de energia.

Embora não tratem de canais reversos, Rutkowski e Rutkowski (2015) destacam a participação de agentes informais nas atividades logísticas relativas à coleta e triagem de RSU, entre eles, catadores independentes ou coletivamente organizados em cooperativas e sucateiros. Paul et al. (2012) ainda enfatizam que, nos países em desenvolvimento, a contribuição desses para a recuperação de RSU é, muitas vezes, maior do que a do setor formal.

2.3.5 Sistemas de coleta e triagem

Os sistemas de coleta voltados para recuperação de resíduos representam os meios pelos quais esses materiais são transferidos da fonte geradora para o centro de recuperação (JAHRE, 1995). Diversos estudos descrevem e avaliam o desempenho de diferentes sistemas, como Jahre (1995) que apresenta modelos de sistemas de coleta de resíduos

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recicláveis, conceitos para classificar esses sistemas e o seu desempenho logístico. Além disso, o estudo traz considerações relacionadas aos princípios de postergação, ou separação após a coleta, e especulação, separação antes da coleta. Na classificação dos sistemas de coleta são usados critérios diversos, entre eles, pode-se citar: a responsabilidade pelo transporte inicial, se o consumidor leva os resíduos a um local específico, ou se a coleta é feita porta a porta, e o grau de separação de resíduos na fonte, em quais frações os resíduos são separados.

Bing et al. (2016) analisam o desempenho de diferentes configurações de rede logística de resíduos urbanos usando ferramentas de pesquisa operacional. Embora não seja objetivo do referido trabalho, os autores também apresentam diferentes modelos de coleta seletiva adotados por países-membro da União Europeia (UE).

Alguns trabalhos buscam analisar o desempenho de sistemas de coleta, como Chaves e Batalha (2006) que desenvolvem uma pesquisa para identificar se os clientes de uma rede de hipermercados no Brasil reconhecem e/ou utilizam os pontos de coleta de embalagens de bebidas, implementados nas suas lojas. Dahlén et al. (2007) comparam o desempenho de diferentes sistemas de coleta, adotados em seis municípios da Suécia, em relação à taxa de separação de recicláveis pela população. Também na Suécia, Miliute-Plepiene e Plepys (2015) analisam se a introdução da coleta seletiva de resíduos orgânicos tem influência na quantidade de resíduos sólidos gerados pela população de Vellinge, bem como na separação de resíduos de embalagens.

Testes-piloto de diferentes sistemas de coleta também são objeto de estudo dos trabalhos identificados na literatura, sendo a maior parte desenvolvidos na China. Zhuang et al. (2008), por exemplo, realizaram um teste-piloto de um sistema de coleta seletiva em uma área residencial do município de Hangzhou, na China, com o intuito de avaliar a possibilidade de replicação do sistema. Tai et al. (2011) avaliam os resultados de um programa piloto de coleta seletiva de RSM lançado em oito municípios chineses e, Xu et al. (2015) testam um novo modelo de coleta seletiva, baseado em incentivos, em uma comunidade chinesa, no município de Guiyang. Outro trabalho nessa área foi desenvolvido por Han et al. (2010), porém, na Turquia. No trabalho os autores descrevem a fase de implementação de sistemas de coleta seletiva no país e os resultados obtidos.

Em relação aos sistemas de triagem, Cimpan et al. (2015) apresentam uma revisão das tecnologias existentes nas instalações de processamento de resíduos. Essas instalações, também conhecidas como MRFs (Materials Recovery Facility), tratam os resíduos mistos que

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contêm materiais recicláveis separando-os em diferentes categorias e tipos de materiais por meio de sensores e combinações de processos mecânicos e pneumáticos, além da triagem manual.

2.3.6 Atores e organização dos canais reversos

Nos estudos sobre os atores envolvidos nos canais reversos de recuperação de resíduos há um destaque para o setor informal, mais especificamente para catadores de material reciclável. As condições socioeconômicas e contribuições sociais e ambientais das atividades realizadas por esse grupo são tratadas em vários estudos brasileiros (Souza et al., 2012; Barreto et al., 2015; Moura et al., 2016), bem como em outros países, podendo se citar, Yhdego (1991) na Tanzânia, e Vaccari e Perteghella (2016) na Bósnia-Herzegovina.

O setor informal é também tratado, de forma indireta, por Tremblay et al. (2010), que abordam questões relativas ao empreendedorismo social e geração de renda aos catadores, por meio de um estudo de caso em uma empresa de depósito de garrafas (United We Can), que atua em um dos bairros mais pobres de Vancouver, no Canadá. A organização dos canais, que se refere ao arranjo dos atores da cadeia e a forma de interação entre esses (BOWERSOX et al., 2002), é tema de diversos artigos. O trabalho de Wang et al. (2008), por exemplo, desenvolvido no Distrito de Haidian, na China, descreve a cadeia dos RSU, identificando os fluxos de materiais e as responsabilidades dos vários atores envolvidos. A maioria dos trabalhos, no entanto, destacam o papel do setor informal para a cadeia da reciclagem, como o caso de Paul et al. (2012), que apresentam as medidas adotadas no município de Iloilo, nas Filipinas, para integrar o setor informal à gestão dos RSU. De forma semelhante, Fei et al. (2016) propõe alternativas para o governo chinês promover a integração do setor informal no sistema de gestão dos RSU e Scheinberg et al. (2016), baseado em uma revisão da literatura, apresentam recomendações para incluir questões relativas ao trabalho informal nas diretivas da UE.

No Brasil também foram identificados estudos com enfoque no setor informal, como é o caso de Rutkowski e Rutkowski (2015), que descrevem as melhoras práticas de coleta seletiva solidária (CSS) nos municípios brasileiros, onde cooperativas de catadores passaram a atuar como operador no sistema de gestão de RSU e Rebehy et al. (2017), que sugerem um arranjo para o sistema de gestão de RSU, com micro cooperativas atuando de forma descentralizada, e analisam sua

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viabilidade econômico-financeira. Além destes, Coelho et al. (2011) propõem alternativas para organizar o sistema de logística reversa de garrafas PET no país e, Jesus e Barbieri (2013) buscam identificar como organizações de catadores estão inseridas em programas empresariais de logística reversa de embalagens.

2.3.7 Políticas, práticas e planos de gestão de resíduos

Muitas vezes os autores tratam tanto de questões relativas ao contexto quanto de características de um sistema de gestão de RSU em particular, e descrevem ou analisam políticas, práticas ou planos de gestão de resíduos adotados em determinadas regiões. Em alguns trabalhos, um panorama do sistema de gestão é apresentado, com o intuito de identificar suas vantagens e/ou deficiências, e aspectos relacionados à composição dos resíduos, sistemas de coleta adotados, opções de tratamento, financiamento do sistema e políticas regulatórias são examinados pelos autores. É o caso do trabalho desenvolvido por Wilson (2002), na região de Pamplona, na Espanha; Popović et al. (2013), no município de Belgrado, na Sérvia; e Jacobi e Besen (2011) no município brasileiro de São Paulo. Troschinetz e Mihelcic (2009), por sua vez, realiza levantamento em vinte e três países em desenvolvimento e identificam 12 fatores que influenciam os sistemas de reciclagem nesses países, dentre os quais se incluem: políticas governamentais, caracterização dos resíduos, sistema de coleta e separação, educação, mercado local de produtos reciclado, disponibilidade de área, dentre outros.

Trabalhos apresentando alternativas de melhoria para a gestão de resíduos também foram identificados, podendo se citar Grodzińska-Jurczak (2001) e Taşeli (2007), que apresentam alternativas de melhoria para a gestão de resíduos na Polônia e na Turquia, respectivamente, nos quais os aspectos relativos ao contexto eram semelhantes: ambos os países estavam buscando se adequar às exigências da UE para se tornarem membro desse bloco econômico e político. Além disso, pode se citar Shekdar (2009), que identifica questões relevantes para a gestão de RSU em países asiáticos e desenvolve um plano de ação, visando melhorias na gestão integrada de RSU, e Wang e Geng (2012), que a partir da análise de como os atributos da gestão integrada de RSU estavam sendo interpretados e implementados na cidade de Dalian, na China, identificam as mudanças necessárias para aprimorar esse sistema de gestão.

Descrições de casos de sucesso de sistemas de gestão são apresentadas nos trabalhos de: Fehr et al. (2010), que trata de um modelo de gestão de resíduos em um condomínio brasileiro, onde próprios

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condôminos se responsabilizaram pela destinação adequada dos resíduos recicláveis e orgânicos, por meio de parcerias com processadores desses materiais; Rudden (2007), que apresenta o plano de gestão de resíduos adotado na Irlanda, que viabilizou a redução da taxa de geração de resíduos encaminhados a aterros de 95% para 65%, em cerca de dez anos; e Silva et al. (2017), que apresentam três estudos de caso (São Francisco, Flandres e Japão) com o intuito de ilustrar diferentes abordagens para a gestão de RSU. Nessa mesma linha, Mannarino et al. (2016), por meio de um levantamento dos processos de tratamento e dos instrumentos adotados na política de gestão de RSU na Suíça, identificam alternativas que podem ser adotadas no Brasil.

Além disso, vale citar trabalhos que não se limitam a tratar de aspectos voltados para a reciclagem de resíduos, mas às possibilidades de redução dos volumes de resíduos gerados. Esse é o caso de Salhofer et al. (2008), que analisam o potencial das práticas de prevenção de resíduos de embalagens, dentre outros resíduos, na cidade de Viena, na Áustria, e mostram que há um potencial de redução da geração resíduos de embalagens de 1,4 % do fluxo total de RSU. Também com este foco, Song et al. (2015) destacam a importância da aplicação de práticas de Zero Waste (desperdício zero) e os requisitos necessários para implantar essa estratégia em municípios ou empresas, sugerindo uma abordagem sistemática para implementar as práticas Zero Waste.

Tendo em vista os diversos desafios que as autoridades locais, regionais, nacionais ou internacionais enfrentam na aplicação das políticas de gestão voltadas para a recuperação de resíduos, alguns trabalhos identificam barreiras e propõem alternativas de ação para os governos. Esse é o caso do trabalho desenvolvido por Macdonald e Vopni (1994), em que os autores citam barreiras e alternativas para atingir as metas e atender as políticas regulatórias adotadas em alguns países, tal como o desvio do fluxo de resíduos do aterro por meio da redução, reutilização e reciclagem. São tópicos abordados pelos autores: as estruturas de gestão, as formas de incentivar a coleta com separação na fonte e o mercado de recicláveis, bem como as dificuldades em se alocar o custo adicional desse desvio dos resíduos do aterro. Ainda relacionado às políticas regulatórias, Moh e Abd Manaf (2017) identificam os principais desafios para a separação de materiais recicláveis na fonte, uma vez que, por lei, a separação é obrigatória na Malásia.

No Brasil também foram identificados trabalhos analisando a influência das políticas, mais especificamente, da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010 no país. Chaves et al.

Referências

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