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Empreendedorismo, inovação e comunicação: um estudo sobre a percepção do empreendedor brasileiro

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Academic year: 2021

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(1)

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

THIARLON DA SILVA FERREIRA

EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UM

ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DO EMPREENDEDOR

BRASILEIRO.

Ijuí / RS

(2)

THIARLON DA SILVA FERREIRA

EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UM

ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DO EMPREENDEDOR

BRASILEIRO.

Trabalho de conclusão de curso,

apresentado no Curso de Comunicação Social da UNIJUI, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Publicidade e Propaganda

Profª. Orientadora: NILSE MARIA MALDANER

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THIARLON DA SILVA FERREIRA

EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E COMUNICAÇÃO: UM

ESTUDO SOBRE A PERCEPÇÃO DO EMPREENDEDOR

BRASILEIRO.

Monografia apresentada ao Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

Data de aprovação:___/___/___

Banca Examinadora:

____________________________________ Profª Nilse Maria Maldaner (orientadora)

____________________________________ Profª Rúbia Schwanke

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AGRADECIMENTOS

Esta pesquisa teve diversos envolvimentos, diretos ou indiretos e, é à todas as pessoas envolvidas que agradeço. Agradeço aos amigos que de alguma forma, ou outra, contribuíram. Agradeço aos respondentes da pesquisa por manifestar suas opiniões que contribuíram para o direcionamento deste estudo. Agradeço ao namorado paciente e dedicado que não mediu esforços para prestar apoio quando precisei. Entretanto agradeço especialmente às pessoas que fizeram com que eu chegasse a este tema:

- Uma professora (orientadora) comunicadora, com uma contagiante paixão por ensinar.

- Uma mãe inovadora, que conseguiu despertar em mim a criatividade. - Um pai empreendedor, que foi exemplo em todas as ideias “inovadoras” e arriscadas que tive.

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“O homem é o mais fraco, mais patético, de todas as grandes feras. Ele não tem pelos e é pequeno, sem garras e lento. E ainda assim, o homem é capaz de encarar um leão, em sua própria toca. E conquistá-lo. Por meio de,

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RESUMO

Empreendedorismo, inovação e comunicação, são conceitos que devem estar relacionados para qualquer negócio ter sucesso. Foi partindo desta premissa que o presente estudo buscou investigar o que os pesquisadores destes temas expressavam sobre os mesmos, para então elaborar uma pesquisa exploratória e descobrir qual era percepção dos empreendedores brasileiro sobre os três assuntos e, posteriormente analisar o quão distante suas percepções estavam dos pesquisadores estudados. Desta forma, a teoria e a prática mostram-se semelhantes, entretanto foi possível perceber que para desempenhar a prática com melhor êxito é preciso primeiro estudar a teoria.

Palavras chave: Empreendedorismo, inovação, comunicação, criatividade, marketing.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Principais características dos empreendedores Quadro 2 – Condições de fazer negócio - BRIC

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BRIC – Brasil, Rússia, índia e China

CCMEI – Certificado da Condição de Microempreendedor Individual CE – Comissão Europeia

CNAE’s – Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação MEI – Micro Empreendedor Individual

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico Oslo – Orientações Gerais Sobre Inovação

P&D – Pesqusia e Desenvolvimento

RCPJ – Registro Civil das Pessoas Juridicas TAE – Taxa de Atividade Empreendedora

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processo empreendedor (modelo de Timmons) ...19

Figura 2 - Processo Empreendedor (modelo Moore 1986) ...20

Figura 3 - Processo empreendedor – modelo de Bygrave e Zacharakis ...21

Figura 4 - O mundo das mudanças nos negócios ...31

Figura 5 - Processo de Inovação – modelo AF ...44

Figura 6 - Análise do Questionário ...69

Figura 7 - Análise do Questionário ...69

Figura 8 - Análise do Questionário ...70

Figura 9 - Análise do Questionário ...71

Figura 10 - Análise do Questionário ...72

Figura 11 - Análise do Questionário ...72

Figura 12 - Análise do Questionário ...73

Figura 13 - Análise do Questionário ...74

Figura 14 - Análise do Questionário ...74

Figura 15 - Análise do Questionário ...75

Figura 16 - Análise do Questionário ...76

Figura 17 - Análise do Questionário ...76

Figura 18 - Análise do Questionário ...77

Figura 19 - Análise do Questionário ...79

Figura 20 - Análise do Questionário ...79

Figura 21 - Análise do Questionário ...80

Figura 22 - Análise do Questionário ...82

Figura 23 - Análise do Questionário ...83

Figura 24 - Análise do Questionário ...84

Figura 25 - Análise do Questionário ...85

Figura 26 - Análise do Questionário ...85

Figura 27 - Análise do Questionário ...86

Figura 28 - Análise do Questionário ...86

Figura 29 - Análise do Questionário ...87

Figura 30 - Análise do Questionário ...88

Figura 31 - Análise do Questionário ...88

(10)

Figura 33 - Análise do Questionário ...90

Figura 34 - Análise do Questionário ...90

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LISTA DE ANEXOS

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SUMÁRIO

INTRINTRODUÇÃO ... 13

1 EMPREENDEDORISMO... 15

1.1 Empreendedorismo: formação do conceito ... 15

1.2 Características do empreendedor ... 17

1.3 Processo Empreendedor ... 20

1.3 Brasil, Empreendedorismo e Inovação ... 26

2 INOVAÇÃO ... 32

Fonte: Pinkoon (2014, P.8). ... 32

2.1 Porque inovar ... 32

2.2 O que é inovação ... 37

2.3 Inovação, Invenção e Criatividade ... 40

2.4 Processos de Inovação ... 42

3 COMUNICAÇÃO INTEGRADA DE MARKETING ... 49

3.1 Publicidade e Propaganda: Uma história de Inovação e Estratégia... 49

3.2 Publicidade e/ou Propaganda ... 54

3.2.1 A Publicidade (Propaganda) nos negócios ... 56

3.2.2 Publicidade (propaganda) na mídia off-line ... 58

3.2.3 Publicidade (propaganda) na mídia on-line ... 60

3.3 Comunicação integrada de marketing ... 63

4 A PESQUISA ... 69

4.1 Metodologia ... 69

4.2 Análise da pesquisa: perfil dos respondentes e seus negócios ... 70

4.3 Análise da pesquisa: análise do diferencial ... 80

4.4 Análise da pesquisa: análise da comunicação ... 86

CONCLUSÃO ... 96

REFERÊNCIAS ... 99

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INTRODUÇÃO

Segundo Jefrry Timmons (1990 apud DORNELAS, 2008) “o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução Industrial foi para o século XX”, além deste, outros pesquisadores apontaram o empreendedorismo como o principal motivo de desenvolvimento de um país. As pesquisas desenvolvidas pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM), por exemplo, classificam o Brasil está entre os países com maior número de empreendedores.

O motivo pelo qual o empreendedorismo está ligado ao desenvolvimento econômico de um país é a inovação, que é um fator imprescindível para evolução. Os empreendimentos inovadores surgem da captação das necessidades e transformando-as em oportunidades, para Bel Pesce (2012, p.65) a regra para criar um novo negócio e clara:

Comece observando o que você gostaria que existisse ou fosse diferente neste mundo. O que realmente te incomoda? Várias empresas são criadas porque o fundador quer uma solução para um problema que vive todo dia e, aos poucos, repara que milhares de pessoas compartilham desse mesmo sofrimento. Toda vez que você fizer uma reclamação, tente também encontrar uma possível solução. E sempre que você pensar “como seria bom que tal coisa existisse”, pare e imagine: E se você criasse tal coisa?

Mesmo que o potencial empreendedor do Brasil se destaque, a mortalidade de empresas com menos de três anos de mercado é um fator presente na realidade dos novos negócios do país. Os motivos são diversos, como falta de conhecimento sobre gestão de empresas, falta de recursos, falta de apoio do governo. Sendo assim, esta pesquisa estudara maneiras de desenvolver novos negócios de forma a evitar a mortalidade precoce dos mesmos.

O estudo foi desenvolvido com a finalidade de investigar o empreendedorismo, a inovação e a comunicação. Fatores fundamentais para o sucesso de um negócio e assim desenvolver uma pesquisa exploratória referente a percepção dos empreendedores brasileiros sobre estes assuntos, analisando a diferenciação entre teoria e prática.

Os três primeiros capítulos apresentarão as explanações de autores sobre empreendedorismo, inovação e comunicação. Explorando as etapas, características históricas, mitos, chegando então a um consenso do conceito, qual papel este representa para um negócio e como desempenhá-lo. Também será apresentado de

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que forma estes três conceitos se relacionam, tornando-se fundamentais para desenvolvimento dos novos negócios.

No último capítulo será apresentado as respostas do formulário desenvolvidos traçando uma análise entre aproximação do que foi estudado com aquilo que foi respondido pelos participantes. A pesquisa contou com a participação de 66 respondentes por diversos estados do país. Que contribuíram significativamente para o direcionamento deste estudo.

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1 EMPREENDEDORISMO

Empreender é algo tão antigo quanto a civilização. Desde os primórdios o homem desenvolveu ações que permeiam o conceito desenvolvido por diversos pesquisadores ao longo dos séculos. Foi assim no período paleolítico quando o homem passou a utilizar a pedra como ferramenta de caça, e mais tarde no neolítico quando outro homem percebeu que ao polir a pedra poderia torná-la uma ferramenta mais eficaz. Foi a partir da tentativa de suprir necessidades, inovando, gerindo os recursos disponíveis e assumindo riscos que o homem evoluiu para um ser social, político, cultural, econômico e empreendedor.

1.1 Empreendedorismo: formação do conceito

Os primeiros registros acerca do termo empreendedorismo estão datados por volta do século XVIII. Segundo Guimarães (2002 apud FARIA, SILVA, 2006), a palavra deriva do verbo francês entreprendre, que anteriormente era relacionada as expedições militares, significava: assumir empreitada que exige esforço e muito empenho. Porém, Oliveira (2012) acrescenta que o economista francês Richard Cantillon, passou a utilizar o termo para designar aquelas pessoas que assumem riscos no processo de comprar serviços ou componentes por certo preço com a intenção de revendê-lo mais tarde com preço incerto.

A teoria de Cantillon foi desenvolvida a partir da observação dos comerciantes, fazendeiros, artesões e demais proprietários que adquiriam a mercadoria por um valor determinado e revendiam por um valor incerto, operando com o risco. Para Cruz (2005) Já naquela época o autor relacionava empreender a uma atividade de incertezas, especialmente quanto ao lucro. Foi responsável também, pela diferenciação entre o empreendedor e o capitalista, sendo o capitalista aquele que fornece o capital e, empreendedor aquele que assume riscos.

Definições mais profundas sob o conceito só ocorreram mais tarde, em 1840, através do francês Jean-Baptiste Say, considerado o pai do empreendedorismo. Em um contexto economicamente mais desenvolvido que o de Cantillon, Say ([18??] apud RISTA DE ECONOMIA, 2003, p.1) ampliou o conceito classificando como empreendedor aquele que “transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior

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rendimento”. Determinando ainda, requisitos necessários para o perfil, tais como ter conhecimento sobre o mundo e sobre os negócios.

Algumas décadas depois, em 1911, o economista Joseph Alois Schumpeter, deu novo significado ao conceito, segundo Degen (1989), Schumpeter alegou que o empreendedor é responsável pelo processo de destruição criativa, sendo o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros. Traçando desta forma, a associação do empreendedor enquanto um agente de inovação. Posteriormente o assuntou passou a despertar o interesse de diversos autores que foram aprimorando o conceito.

O avanço econômico das últimas três décadas deu vazão a um grande surgimento de empresas, despertando a necessidade de estudos e profissionalização desta diversidade de instituições no mercado. Atualmente o termo é utilizado para dar nome à relação entre empresas e seus líderes. Porém, mesmo com a popularização do conceito, o empreendedor ainda é confundido com o empresário, administrador ou investidor, assim como foi anteriormente com o capitalista.

Para Hampton (1991 apud Dornelas, 2008) os administradores diferem-se dos empreendedores em dois aspectos: o nível que eles ocupam na hierarquia, que define como os processos administrativos são alcançados, e o conhecimento que detêm, segundo o qual são funcionais ou gerenciais. Estes aspectos definem a responsabilidade que um administrador tem sob uma função, seção, setor ou departamento.

O empreendedor, não necessariamente, é o investidor. Segundo Zuini (2014) o Brasil tem cerca de 6.450 investidores-anjo, pessoas físicas que fazem investimentos do próprio capital em novas empresas com potencial crescente, este investimento não deve ser confundido com filantropia, o investidor entra como sócio minoritário da empresa. O número de anjos brasileiros é pequeno comparado ao número de outras nações, uma vez que a legislação do país não auxilia nem incentiva este tipo de atividade.

Sabendo que o empreendedor difere do administrador por suas responsabilidades com a empresa. Que o investidor é aquele que cede capital para o negócio começar. O empresário é o proprietário frente a empresa. Então, o que é o empreendedor? O empreendedor pode ser o empresário, o investidor e até mesmo o

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administrador, porém o empreendedor é, acima de tudo, “aquele que faz acontecer, se antecipa aos fatos e tem uma visão futura da organização” (DORNELAS, 2007, p.8).

1.2 Características do empreendedor

As pesquisas relacionadas ao empreendedorismo cresceram acentuadamente nas últimas décadas e, um dos focos mais importantes destas pesquisas é o empreendedor. Ao longo destes anos, no meio acadêmico e no senso comum, alguns mitos e verdades foram construídos acerca do ser empreendedor. Minello et al. (2011) disserta que a maioria dos estudos de novos empreendimentos está focado no sucesso, sendo limitadas as pesquisas sobre os insucessos.

Desta forma, o insucesso é algo para qual o empreendedor não está preparado. Este precisa adaptar o seu negócio às mudanças, seja por fatores de influência externa ou interna. Assim como modificar suas características e seu comportamento, o que interferirá diretamente no sucesso ou insucesso dos seus objetivos.

Outro mito difundido sobre o tema é de que para ser empreendedor, é preciso nascer empreendedor. Empreendedorismo é tanto um dom, quanto um talento a ser desenvolvido. Dornelas (2007) destaca que aqueles que não tiveram o privilégio de já nascer com esse dom, podem adquirir habilidades empreendedoras com o passar do tempo, mudar sua atitude em direção a um comportamento mais empreendedor, aprender técnicas de gestão essenciais para aplicar no negócio próprio e utilizar-se da própria experiência de vida para fazer acontecer.

Para Filion (1999, apud Minello et al., 2011) o comportamento empreendedor é um fenômeno regional, ou seja, ele é fruto da interação social, econômica, cultural. O autor insiste na ideia de que as pessoas tendem a tornar-se empreendedoras, caso convivam em um meio empreendedor. Por fim quando finalmente tornam-se empreendedores a natureza da atividade leva ao desenvolvimento de determinadas características como a tenacidade e a criatividade.

São estas características do comportamento do empreendedor que os estudos científicos analisam. Para Campos (201?) é uma procura por ações e atitudes que o diferencie do ser humano “normal” estruturando características pessoais de sucesso que norteiam aqueles que desejam trabalhar por conta própria. No Quadro 1

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podemos conferir uma análise de características que norteiam o comportamento empreendedor na perspectiva de diversos autores ao longo do século.

O Quadro 1 foi composto a parir da união de duas pesquisas que resumiram as revisões realizadas por diversos pesquisadores sobre o que se dizia a respeito dos empreendedores. As pesquisas foram desenvolvidas por Dornelas (2007) e Encontros Nacionais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Há muita semelhança nos resultados de algumas características que são mencionadas na maioria destas revisões, como por exemplo, “busca de realizações” e “assumir riscos”. Características estas que são consideradas atualmente íntimas do empreendedor.

Quadro 1 – Principais características dos empreendedores

Ano Autor Principais Características empreendedoras encontradas

1848 até 1934 Mill, Weber, Schumpeter Assumir riscos, autoridade formal, Inovação, iniciativa

1954 até 1964 Sutton, Hartman, McClelland, Davids, Pickle

Autoridade formal, assumir riscos, necessidade de realização, otimismo, relacionamento, poder, ambição, habilidade de comunicação.

1969 até 1974

Gould, Wainer & Rubin, Collins & Moore, Hornaday & Bunker, Palmer, Hornaday & Aboud, Draheim, Howell, Winter, Borland, Liles.

Percepção de oportunidade, realização, satisfação e prazer pelo que faz, inteligência, criatividade, iniciativa, liderança, desejo de ganhar dinheiro, desejo de reconhecimento, poder, tolerância às incertezas, histórico familiar, inovação,

1977 até 1982

Gasse, Timmons, DeCarlo & Lyons, Brockhaus,Hull, Bosley & Udell, Sexton, Hisrich & O’Brein, Mescon & Montanari, Welsch & White, Dunkelberg & Cooper.

Orientado a valores pessoais, autoconfiança, risco calculado, criatividade, inovação, realização, liderança, interesse em fama e dinheiro, autocontrole, perseverança, organização, otimismo

1983 até 1988

DimaggioLong, J. W. Carland, Marshall e Gartner, Aldrich, Auster, Bowen e Hisrich, Neider e Drucker.

Pró-ativo, inovador e tolerante ao risco, determinado, ambicioso, perseverante e Inovador.

1989 até 1994 Degen, Bowman-Upton, Filion, Macmillian, Amit, Timmons

Inovador e pró-ativo, independente, criativo, visionário e pró-ativo, tolerante ao risco, flexível.

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1995 até 2000

Pati, Lumpkin, Ferla, Drucker, Vieira, Viana, Dolabela, Morais, Bruyat, Julien, Sexton.

Pró-ativo, visionário, estrategista, interpessoal, corajoso, motivado, intuitivo, independente, organizado, líder e criativo, tolerante a risco, flexível, qualificado, determinado, motivado.

2001 até 2005

Dornelas, Gimenez, Gomes, Guimarães, Carvalho, Daros, Dantas, E. Souza.

Tolerante ao risco, perseverante, motivado, líder, comprometido (criar valor à sociedade), otimista, independente, habilidoso, planejador, flexível e criativo, inovador, autônomo,

habilidoso, perseverante, otimista, estrategista.

2006 até 2010

Souza, Fontanelle, Silveira, Corrêa, M. Oliveira, Lima, Gonçalves, D. Oliveira, S. Santos, Gosling, Tavares, Henry, Valadares,

Emmendoerfer, G. Silva, E. Soares, Leal, Guedes e Fabricio.

Tolerante ao risco, inovador, visionário, pró-ativo, interpessoal, ambicioso, planejador, organizado, criativo, perseverante, líder, comprometido (criar valor à sociedade), independente, autoconfiante, determinado, flexível, autônomo, objetivo, qualificado e otimista, estrategista.

Fonte: Dornelas (2007) e Encontros Nacionais da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração.

A primeira parte da pesquisa, até 1982, foi classificada como perfil do empreendedor tradicional e, a segunda parte, 1983 até 2010, perfil do empreendedor contemporâneo. É perceptível o número crescente de produções sobre o empreendedorismo, de toda forma, variadas características do empreendedor tradicional mantêm-se no contemporâneo. Além das semelhanças, existe outra quantidade significativa de características referentes ao ser empreendedor, o que ressalta a dificuldade de criar um conceito homogêneo sobre o mesmo.

A destruição criativa postulada por Joseph Schumpeter nos anos 30 é uma dessas proposições, como também é a proposição de Cantillon, que nos idos de 1700 definiu o empreendedor como um ser racional, que assume riscos e gerencia empreendimentos. O que se percebe é que em qualquer definição de empreendedorismo, encontram-se pelo menos os seguintes aspectos referentes ao empreendedor:

- Iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz.

- Utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive.

- Aceita assumir os riscos e a possibilidade de fracassar (DORNELAS, 2007 p.4).

Para Ferreira et al. (2011) o perfil empreendedor atual está mais dinâmico e complexo, exigindo uma infinidade de características, em maior ou menor importância,

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de acordo com o tipo de negócio. Embora não exista um consenso entre os autores sobre a figura do empreendedor, é possível identificá-lo, compreendê-lo ou tornar-se um.

1.3 Processo Empreendedor

O conjunto das características que compõem o perfil de um empreendedor não está designado por si só, ele acontece por uma série de fatores, internos e externos, que acabam condicionando ou despertando ações identificadas como empreendedoras. Cabe ao empreendedor aliar estas ações ao conhecimento já adquirido para melhor gerir o seu negócio.

A decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer aparentemente por acaso. Isso pode ser testado fazendo uma pergunta básica a qualquer empreendedor que você conhece: o que levou a criar sua empresa? Não se surpreenda se a maioria das respostas for: não sei, foi por acaso... Na verdade, essa decisão ocorre a fatores externos, ambientais e sociais, aptidões pessoais ou uma somatória de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e crescimento de uma nova empresa. (DORNELAS, 2008, p.31)

Ao aliar estas características, fatores e ações, dá-se origem a um novo negócio e este movimento é chamado de processo empreendedor. Para Timmons (1999 apud TEIXEIRA, 2011) o empreendedorismo é o processo de criar ou aproveitar uma oportunidade e persegui-la, independentemente dos recursos controlados. Este processo foi segmentado em etapas hierárquicas na tentativa de ilustrar e descrever sua esquemática.

Bygrave e Zacharakis (2010 apud TEIXEIRA, 2011), por exemplo, consideram o processo empreendedor como um processo dinâmico baseado no ciclo de vida em que as análises de fatores de sucesso na criação de uma empresa de recursos essenciais e início do negócio.Enquanto Smillor e Gil (1986 apud DORNELAS, 2008) destacam quatro fatores críticos que juntos resultam no sucesso do negócio: Talento (pessoas), Tecnologia (ideias), Capital (recursos) e Know how1 (conhecimento).

A Figura 1 refere-se ao processo de Timmons, este modelo difere-se dos demais processos por apresentar seus elementos conectados de forma cíclica. O

1 Termo utilizado para descrever o conhecimento prático sobre como fazer alguma coisa. (Wikipédia,

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balanceamento das variáveis apresentadas no processo são responsabilidades do empreendedor, resultando no sucesso ou insucesso da empresa.

Figura 1 – Processo empreendedor (modelo de Timmons)

Fonte: Dornelas (2007)

O Plano de Negócio é o centro do processo, rodeado por três fatores determinantes. O fator inicial é a oportunidade, Dornelas (2008) acrescenta que deve ser avaliada para que se tome a decisão de continuar ou não com o projeto. O fator seguinte é a equipe empreendedora, aqueles, além do empreendedor, que concretizam e desenvolvem este projeto em conjunto. Por fim, os recursos, fator fundamental para a realização do projeto.

O relacionamento entre a oportunidade e a equipe é dimensionado pela liderança do empreendedor, assim como as oportunidades e recursos podem variar de acordo com a comunicação exercida pelo mesmo, ainda a criatividade permeia o contato entre a equipe e os recursos. Este ciclo pode ser influenciado ainda, por diversos fatores externos, indiretamente associados ao empreendedor.

O modelo da Figura 2, é uma ilustração do processo descrito por Moore (1986 apud TEIXEIRA, 2011), baseia-se nos fatores que influenciam as etapas do processo desde a ideia até a criação do negócio. São 4 fases permeadas por uma diversidade de fatores pessoais, sociológicos, organizacionais e ambientais, que em conjunto às ações do empreendedor, resultarão na fase final de maturação da empresa.

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Figura 2 – Processo Empreendedor (modelo Moore 1986)

Fonte: Teixeira (2011).

A primeira etapa é a de inovação, é onde surge a ideia que dá origem a oportunidade de negócio. A influência do ambiente está aliada a esta etapa, que pode ter despertado a ideia a partir da percepção de uma necessidade ou ter sido inspirada em algum modelo de negócio. Os fatores de maior influência são os pessoais que podem ser classificados desde as expectativas do empreendedor quanto a realização pessoal ou, até mesmo, o apoio que este receberá de sua família.

Posteriormente ocorre o Evento Inicial, esta etapa caracteriza a concretização da ideia. Além das oportunidades existirem, o processo só avança quando o empreendedor realiza a tomada de decisão de implementação do planejado na etapa anterior. Os fatores de contato com esta fase são os mesmo da anterior, acrescidos aos fatores que motivaram a decisão, e a capacidade de relacionamento do empreendedor. Concorrentes e recursos também surgem como fatores ambientais.

Na etapa de Implementação surgem os fatores pessoais, onde o sucesso do negócio dependerá do conhecimento e das atitudes do empreendedor, somados aos anteriormente citados. A próxima etapa, de Crescimento, se assemelha a etapa antecedente, ambas estão sob os mesmos fatores ambientais associados ao relacionamento da empresa com clientes, fornecedores, competidores e demais

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públicos de contato. Porém nesta última etapa do processo de Moore, inicia a influência dos fatores organizacionais que se referem à estrutura da empresa.

Bygrave e Zacharakis (2010 apud TEIXEIRA, 2011) baseados nos modelos anteriormente apresentados desenvolveram um modelo mais composto ao incluir fatores que, até então, estavam em plano secundário no processo empreendedor. A partir deste modelo o marketing passa a ganhar importância enquanto etapa do processo de desenvolvimento de um negócio. O processo ilustrado na Figura 3está inserido em um ambiente que representa o mercado atual.

Figura 3 – Processo empreendedor – modelo de Bygrave e Zacharakis

Fonte: Teixeira (2011).

Assim como nos processos anteriores, o princípio está na ideia, porém nesta primeira etapa o empreendedor deve apenas pensar em ideias de possíveis negócios relacionadas às aptidões e gostos deste, para então partir para a análise de viabilidade. O reconhecimento de oportunidade deve ser feito em 5 dimensões: Clientes, Concorrentes, Estado e Meio Envolvente.

Quem é o cliente-chave da oportunidade de negócio deve ser a primeira questão a ser respondida, bem como a mais importante. Um outro aspecto a ter em conta na caracterização do mercado é que este não corresponde a grupos estáticos e em consequência devem ser analisadas as tendências que influenciam o seu comportamento de compra no futuro. Depois de caracterizado e analisado o mercado, estes autores referem que é necessário dimensioná-lo. Consideram que haver mercado suficiente para tornar um negócio rentável, claramente distingue as ideias de oportunidades. Este dimensionamento deve ser feito no presente e projetado para o futuro, considerando as tendências do mercado analisadas anteriormente. Nesta atividade do processo empreendedor é importante analisar quanto os clientes estão dispostos a pagar pelo produto e com que frequência o compram. Por último na avaliação de oportunidade, os autores recomendam a análise de toda a cadeia de valor da indústria onde o negócio se insere. É extremamente importante o empreendedor perceber como vai atingir o mercado, como o seu

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produto vai chegar ao cliente e qual o seu canal de distribuição (Teixeira, 2011, p.11).

Este modelo propõe a reflexão sobre o processo empreendedor de forma dinâmica, que pode ser ajustado a cada nova análise. Sobretudo, a importância de se pensar no consumidor além do número, mas como pessoa individualizada que potencialmente pode se fidelizar ao produto, ou não, variando de acordo com a disposição da empresa de adaptar-se as necessidades dele. A dimensão da concorrência, comumente, ignorada pelo empreendedor. Um dos motivos é fato de o empreendedorismo estar associado a ideias inovadoras, porém a concorrência pode ocorrer tanto de forma direta quanto indireta. É necessário entender o concorrente para então gerar a própria estratégia.

Analisar os concorrentes e os clientes auxilia a delimitar quem são os fornecedores, uma vez que fornecedores de valores mais elevados podem limitar a margem do negócio. O Estado pode influenciar diretamente no sucesso do negócio, sendo assim, o empreendedor deve estar a par dos incentivos fiscais e ajudas que pode obter no momento de calcular os custos. A análise de mercado se estende a nível global, as oportunidades devem ser analisadas no âmbito internacional.

Após estas etapas o empreendedor deve definir o seu modelo de negocio, este consiste em dois componentes, o modelo de custos e o modelo de receitas. Para Bygrave e Zacharakis (2010 apud TEIXEIRA, 2011), o modelo de custos representa como os recursos são gastos para a produção de bens ou serviços e incluem os custos dos bens vendidos e os custos operacionais. Por sua vez, o modelo de proveitos deve representar todas as fontes de receita do negócio.

Outra reflexão proposta pelo modelo é o fator de definição da estratégia. Nesta etapa deve-se optar por uma vantagem competitiva, que pode ser uma das seguintes versões: melhor, mais rápido, ou mais barato; acrescentando valor ao produto para que o mercado pague por ele. Os autores acreditam que a vantagem competitiva gera a cultura organizacional, que permeará todos os processos consequentes. Neste modelo a estratégia de inserção ao mercado deve ser considerada uma etapa de teses, aprendendo lições entre as fases, testando o produto no mercado, sem exagerar nos gastos.

A estratégia de marketing deve ser definida a partir da segmentação e posicionamento do mercado alvo. O empreendedor deve criar uma oferta, coloca-la

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no mercado e informar o mercado que a mesma está disponível. A descrição da estratégia de marketing, para Teixeira (2011), permite o recolhimento de informação sobre o mercado para validação da oportunidade identificada anteriormente. Esta recolha de informação pode ser feita através de estudos já publicados ou através de inquéritos e entrevistas.

As 3 etapas finais consistem na formação da equipe, elemento fundamental para o sucesso de uma empresa. A equipe fornece apoio moral e social, complementando as competências que faltam no empreendedor. O plano de negócio é a etapa onde será posto no papel aquilo que foi absorvido das etapas anteriores. O processo finaliza na busca de suporte financeiro para a concretização da empresa.

Os modelos estudados apresentam alguns fatores semelhantes e outros complementares. Todos os modelos apresentam a capacidade de identificar uma oportunidade, ou um ambiente preparado para receber um novo negócio, como aspecto relevante nos conhecimentos do empreendedor. A comunicação surge no modelo de Timmons como um elemento de influência dos fatores principais, porém, mais tarde, no modelo de Bygrave e Zacharakis, que ela ganha papel de destaque, inserida no contexto de marketing. O processo de Bygrave e Zacharakis apresenta elementos que anteriormente eram secundários como fatores principais. Além disso, demonstra que uma empresa não deve ser uma instituição voltada a si e sim, mesmo em um ambiente conturbado, estar focada e preocupada com seus públicos e seu potencial de extensão.

Outro fator que teve destaque nos processos, nas características e no desenvolvimento do conceito do empreendedorismo foi a inovação. No modelo de Moore a inovação apresenta-se como elemento principal e inicial do processo. Em Timmons ela surge da associação entre a equipe e os recursos por influência da criatividade. No último modelo, está implícita entre a etapa das ideias e a etapa das oportunidades. A inovação é a semente do processo empreendedor. Quando se fala de inovação, se fala de tecnologia, quando se fala de tecnologia, se fala de ideias. “As inovações tecnológicas têm sido o diferencial do desenvolvimento econômico mundial” (Dornelas, 2008, p.13).

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1.3 Brasil, Empreendedorismo e Inovação

O empreendedorismo no Brasil é apontado como a esperança de sobrevivência ao desemprego, ou uma solução para a falta de perspectiva de uma carreira promissora no mercado de trabalho. Porém, dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas) mostram que, nos últimos tempos, novas empresas são abertas devido a visualização de uma oportunidade no mercado. No Brasil, o empreendedorismo é classificado em dois seguimentos. O empreendedorismo por necessidade, que para Dornelas (2005) o candidato a empreendedor se aventura na jornada empreendedora mais por falta de opção, por estar desempregado e não ter alternativas de trabalho. Ou o empreendedorismo por oportunidade, onde o empreendedor visionário sabe aonde quer chegar, cria uma empresa com planejamento prévio, tem em mente o crescimento que quer buscar para a empresa e visa a geração de lucros, empregos e riquezas.

Em 2002, apenas 42% das pessoas abriam uma empresa por acreditar na demanda de mercado, enquanto os demais viam o empreendedorismo como necessidade, principalmente por não encontrar emprego. Em 2013, esse índice que mede o empreendedorismo por oportunidade subiu para 71%, o maior em 12 anos (ALVES, 2014).

Entretanto existe uma dualidade nas políticas públicas referentes ao auxílio e suporte a abertura de novas empresas. Segundo Cruz (2012), abrir uma empresa no Brasil pode levar até 119 dias, o excesso de burocracia dificulta a vida do empreendedor, em casos menos demorados, é possível finalizar todas as etapas em 49 dias. O custo médio para abertura é de R$ 2.038, valor que pode variar de um estado para o outro. No ano de 2008 os gastos para abrir empresas no país atingiram R$ 430 milhões, comparado a demais países pesquisados o Brasil ocupa uma posição de alto custo.

(...) Aqui a propaganda governamental se encarrega de adoçar a pílula com certas medidas de incentivo e facilitação para os negócios, mas, na prática, quando se aplicam medidas internacionais independentes... descobre-se que não estamos nada bem, seja na situação atual, na evolução recente, na comparação com os concorrentes e, esticando a corda, nas perspectivas para o futuro próximo (MEIRA, 2013, p.367).

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No Quadro 2, desenvolvido por Silvio Meira (2013) baseado em uma pesquisa do World Bank e IFC sobre as condições de fazer negócio em mais de 180 economias, podemos acompanhar um comparativo entre os países do BRIC.

Quadro 2 – Condições de fazer negócio - BRIC

País Rússia Brasil China Índia

Facilidade de fazer negócio (rank) 120 126 91 132 Começando um negócio (rank) 111 120 151 166 Procedimentos (número) 9 13 14 12 Tempo (dias) 30 119 38 29 Custo (% de renda per capta) 2,0 5,4 3,5 46,8 Capital mínimo (% de renda per capta) 1,6 0,0 100,4 149,6 Fonte: Meira (2013, p.369).

Os dados representados são de 2012, em 2013 o Brasil caiu para 130ª na categoria facilidade de fazer negócio. Isto não significa que o país tenha regredido, ele apenas estagnou, a sistemática de abertura de empresa é a mesma desde 2005. O tempo teve destaque na tabela, com uma diferença até três vezes maior que os outros países. Entretanto não é preciso nenhum capital mínimo para iniciar um negócio.

Abrir uma empresa em Cingapura exige três procedimentos, leva três dias, e o custo é 1/8 do brasileiro. Na Nova Zelândia, apenas um procedimento, em um único dia, a 1/13 do custo daqui. Isso, aliás, é o que se chama de custo Brasil. E não consta que qualquer destes países seja uma bagunça por causa da simplicidade ao abrir negócios, muito pelo contrário. A grande complicação nacional, por outro lado, os cartórios e excesso de processos em todos os lados da economia levam nossos candidatos a empreendedor a perder precioso tempo, energia e recursos que deveriam estar usando para... empreender (MEIRA, 2013, p.369).

O Blogueiro Marcos Rezende2 em conjunto com seu contador realizou o

levantamento do processo burocrático para abertura de um negócio. “Até o momento anterior a pesquisa que embasou este artigo, o processo de abertura de uma empresa

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para mim era: 1.Chamar um contador; 2.Pagar a eles os honorários; 3.Aguardar a liberação da empresa para funcionamento” (REZENDE, 2014).

O primeiro passo é a elaboração de um cronograma de trabalho, onde será definido a data de inicio das atividades da empresa, respeitando o tempo possível dentro da legislação vigente. Determina-se também, a capacidade de investimento para o processo. O processo burocratizado inicia a partir desta etapa:

- Definição dos dados básicos da empresa. Nesta etapa será definida a razão social, o endereço, o CNAE’s (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), quadro societário e tributação.

- Busca prévia do local. O espaço onde a empresa será instalada deve comportar as necessidades da mesma, como, por exemplo, um espaço para estoque se necessário.

- Confecção do contrato social. Nesta etapa será descrita a atividade da empresa, o endereço, o tipo de sociedade e as funções desempenhadas por cada participante, além de outros dados básicos necessários par ao registro da mesma na Junta Comercial (RCPJ) e Receita Federal (CNPJ).

- Alvará. Este documento é a autorização de funcionamento para qualquer tipo de empresa e, geralmente, é emitido pela prefeitura da cidade onde a empresa está registrada, as regras variam de acordo com cada prefeitura, podendo exigir vistoria do corpo de bombeiros ou da vigilância sanitária de acordo com as necessidades de cada negócio.

- Nota fiscal eletrônica. Esta etapa garante que a empresa possa operar e receber valores de seus clientes. Segundo o Portal da NF-e (2014), trata-se de um documento digital, para fins fiscais, que registra operações de circulação de mercadorias ou uma prestação de serviços, ocorrida entre as partes. Sua validade jurídica é garantida pela assinatura digital do remetente e a Autorização de uso fornecida pelo Fisco, antes da ocorrência do fato gerador.

Cabe ressaltar que a última etapa não é obrigatória a todas as empresas. Concluído o processo a empresa já pode iniciar suas atividades de operacionalização no mercado. E o empreendedor poderá reunir uma equipe, capitar recursos e por seu conhecimento em prática.

O processo para tornar-se MEI (Micro Empreendedor Individual) é menos burocratizado, sendo que o CNPJ, a Inscrição na Junta Comercial e o Alvará Provisório de Funcionamento convertem-se em um único documento, o Certificado da

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Condição de Microempreendedor Individual (CCMEI), que é obtido no momento do cadastro. Segundo a Cartilha do MEI, criada pela Câmara dos Deputados (2010), O MEI é aquela pessoa que trabalha por conta própria e, deseja legalizar sua situação com o governo, tornando-se um pequeno empresário. A renda máxima permitida do trabalho é de R$ 36.000.00 ao ano, o empreendedor não pode ser sócio de outra empresa, porém pode ter um empregado recebendo um salário mínimo, ou o piso da categoria que pertence.

O Brasil dispõe de alguns programas de apoio ao empreendedor, dando suporte técnico, prático e teórico. Os programas são responsáveis pela popularização de conceitos e capacitação do empreendedor. O Sebrae, por exemplo, é uma entidade privada sem fins lucrativos criado para dar apoio aos pequenos negócios do país. Surgiu em 1972 e se estende por todo território nacional, oferece suporte a todas etapas do negócio.

O Sebrae é agente de capacitação e de promoção do desenvolvimento, mas não é uma instituição financeira, por isso não empresta dinheiro. Articula (junto aos bancos, cooperativas de crédito e instituições de microcrédito) a criação de produtos financeiros adequados às necessidades do segmento. Também orienta os empreendedores para que o acesso ao crédito seja, de fato, um instrumento de melhoria do negócio (Site do Sebrae).

Existem ainda, outros programas de apoio ao empreendedor, Bispo (201?) cita como exemplo a Softex e o GENESIS (Geração de Novas Empresas de Software, Informação e Serviço) que foi criado para apoiar as empresas de informática que exportavam software. E também foi através desse programa que o plano de negócios (business plan) começou a se popularizar no Brasil. Por outro lado a Softex cede apoio à criação e desenvolvimento de softwares, e diferente do GENESIS, está ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Outro programa ligado ao MCTI, é o Start Up Brasil, lançado em março de 2013, com o intuito de apoiar micro e pequenas empresas no processo de inserção ao mercado, fomentando a inovação a auxiliando o empreendedor a encontrar a aceleradora3 adequada para o seu negócio.

(...) O objetivo principal do Programa Start-Up Brasil é desenvolver a inovação e o empreendedorismo, com os principais sujeitos, ações e projetos a fim de criar um ambiente favorável ao desenvolvimento acelerado das micro e

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pequenas empresas, posicionar e alavancar o empreendedorismo brasileiro internacionalmente nos âmbitos econômico, tecnológico e social de forma cada vez mais competitiva (SÁ, 2013, P.10).

Em 2000, o Brasil participou pela primeira vez das pesquisas da Global Entrepreneurship Monitor (GEM). As pesquisas buscam avaliar o nível de empreendedorismo de um determinado país, baseado no impacto da atividade empreendedora no produto interno bruto e na geração de empregos, também em fatores que restringem ou mobilizam a ação empreendedora. A principal medida da pesquisa é a Taxa de Atividade Empreendedora (TAE), que indica a proporção de empreendedores na população adulta.

No mesmo ano, 21 países estiveram envolvidos na pesquisa que apontou o Brasil como o primeiro país do mundo em iniciativa empreendedora. 1 a cada 8 pessoas no país estava iniciando um negócio, enquanto no Japão a relação era de uma para cada 100.

Porém como já foi relatado antes, 42% desses empreendedores brasileiros estavam classificados no empreendedorismo por necessidade. Segundo Campos [201?] 47% das empresas que surgem no país acabam fechando dentro de 42 meses, percentagem apenas inferior à Coréia e aos Estados Unidos. Nota-se então, o Brasil um país com potencial empreendedor, porém com empreendedores sem estrutura para manter o negócio no mercado.

Segundo no relatório referente ao ano de 2010, o Brasil alcançou 17,5%, a maior TAE desde que a pesquisa é realizada no país (2002). Como em todos os anos anteriores, o Brasil manteve uma TAE superior à média dos países nos quais a GEM é realizada. Este crescimento deve ser encarado como algo positivo, uma vez que o empreendedorismo contribui significativamente na economia.

O empreendedor é visto como motor da economia, como um agente de inovação e mudanças, capaz de desencadear o crescimento econômico. O empreendedorismo vai além de uma solução do problema do desemprego. A atividade empreendedora promove a iniciativa de liderar e coordenar o esforço no sentido do seu próprio crescimento econômico. Através da indução de atividades inovadoras, capazes de agregar valores econômicos e sociais, é possível alterar a curva de estagnação econômica e social (SCHUMPETER, 1934 apud MOSSATO [201?]).

O empreendedorismo está associado ao desenvolvimento pois promove o rompimento do fluxo da economia, tornando-a dinâmica, competitiva e criadora de

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novas oportunidades. Esta concorrência surge a partir das empresas inovadoras que geram novos produtos, ou serviços, substituindo ou aprimorando os até então apresentados no mercado. Mossato [201?] salienta que a dinâmica capitalista promove um permanente estado de inovação, mudança, substituição de produtos e criação de novos hábitos de consumo.

A inovação é um conjunto de novas funções evolutivas que alteram os métodos de produção, criando novas formas de organização do trabalho e, ao produzir novas mercadorias, possibilita a abertura de novos mercados mediante a criação de novos usos e consumos. As limitações do crescimento e desenvolvimento de uma economia estão na falta de pessoas capazes de empreender (SCHUMPETER, 1982 apud MOSSATO [201?]).

Para Drucker (1987 apud MOSSATO [201?]) a inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente. O desenvolvimento econômico está associado à geração de emprego e renda, além disso é o principal elo entre o desenvolvimento de inovação e a revitalização da economia.

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2 INOVAÇÃO

No momento em que o homem descobriu ferramentas que auxiliavam em sua caçada e, posteriormente aprimorando estas ferramentas para otimizar o tempo de caça, diminuir os riscos, e assim, garantir melhores condições de sobrevivência da espécie, ficaram explícitos os indícios de que o ser humano é um ser inovador. Esta inovação tem se aprimorado a partir de novas tecnologias que otimizam os processos e diminuem o tempo, custo ou até aumentam a qualidade dos resultados destes processos. Ações inovadoras têm provocado evoluções que vem ocorrendo cada vez mais rápido.

Figura 4 – O mundo das mudanças nos negócios

Fonte: Pinkoon (2014, P.8).

2.1 Porque inovar

Por ser fator pioneiro da evolução, a inovação tem ganhado seu destaque, uma vez que o sucesso da mesma está diretamente relacionado com o desenvolvimento financeiro e econômico, que também podem resultar em benefícios à sociedade. Ainda pode contribuir para melhorar a segurança, a saúde, a qualidade dos produtos e serviços. Pode baixar os custos de produção, criar novos mercados e aumentar a competitividade. Segundo InnoSkills [201?] as ideias e descobertas melhoram a nossa qualidade de vida. Em comparação com as gerações passadas, a

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inovação tem aumentado a nossa produtividade alterando nossos padrões e aspectos de vida.

A inovação não só traz mudanças, como também surge da mudança, este contexto de rápida evolução em que vivemos, traz consigo, desafios e oportunidades ao mundo dos negócios. A expansão e facilidade nos transportes, na comunicação, no acesso a informação e as tecnologias, integram o mundo resultando em uma realidade globalizada cada vez mais competitiva e desafiadora. InnoSkills [201?] ressalta que a inovação pode estimular um melhor desempenho ao gerar lucros, emprego e aumentar o crescimento e transações no mercado.

Atitudes inovadoras podem ainda, apresentar-se como contribuintes ao desenvolvimento sustentável de uma organização. O termo sustentabilidade remete à relação entre sociedade e sua base material e, seus efeitos sobre as gerações futuras, não focando apenas na relação entre a empresa e meio ambiente, mas as formas de uso e apropriação dos recursos disponíveis em geral. Para Allegreussi et al. (2008) sustentabilidade é o processo pelo qual as sociedades administram as condições materiais de sua reprodução, inclusive definindo os princípios que orientam a distribuição desses recursos.

Aos inovadores, o conservadorismo é apontado como comodidade, segundo Shimizu (2007 apud ALLEGREUSSI et al., 2008) um dos grandes problemas que as empresas enfrentam, e uma das razões pelas quais as empresas, após uma alavancada, não conseguem manter-se no mercado, é o comodismo. Porém a inovação não deve ocorrer por si só, inovar sem propósito é um desperdício de investimento. Uma inovação qualificada é uma inovação consciente, que tem como base causar melhorias na vida das pessoas.

O especialista em inovação, Lourenço Bustani (2012) aponta três vantagens para uma empresa inovar, são elas: garantir a sobrevivência do seu negócio; agregar relevância e significado; permitir relações de longo prazo. A partir destas, as empresas devem estar sempre em um processo de reinvenção, do contrário, correm o risco de banalizar, e tornarem-se desnecessárias ao propósito evolutivo da sociedade. Inovar está ligado a transformar necessidades em produtos, serviços e causas relevantes no mercado e na sociedade, desta forma, solidifica-se uma relação entre corporação e cidadão.

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Em 2001, a Apple não lançou o iPod para iniciar uma revolução, mas sim para solucionar o sofrimento de um dos seus clientes. Os tocadores de música digital da época, que se baseavam em chips de memória muito limitada, conseguiam armazenar somente algumas dezenas de músicas, não muito melhor do que um tocador de CDs portátil. Alguns produtos baseados em um novo disco rígido Fujitsu de 2,5 polegadas podiam armazenar potencialmente centenas de músicas, mas apresentavam um defeito fundamental: de modo torturante, as baixas velocidades do computador para o tocador. A Apple apresentou a solução: o FireWire4. (GALLO, 2010, p.114)

Steve Jobs era o homem frente à Apple na época. A relação entre os dois despertou o interesse de diversos pesquisadores, principalmente quanto as atitudes inovadoras presentes em diversos detalhes da empresa, seja no produto ou na comunicação, que conseguiram emplacar os lançamentos como desejos de consumo de pessoas por todo o mundo. Tanto no lançamento do iPod, como nos demais produtos, a Apple buscou maneiras de agregar valor à marca e construir uma relação sólida com seus consumidores a partir da percepção de necessidades dos mesmos.

Desta forma a Apple conseguiu destacar-se entre as demais marcas. Segundo a revista Forbes (g1, 2013), foi pela terceira vez consecutiva, a marca mais valiosa de 2013, com valor estimado quase duas vezes maior que as demais marcas. Vendeu 33,8 milhões de iPhones em um trimestre, mais 14,1 milhões de iPads, 4,6 milhões de Macs, e 3,5 milhões de iPods, assim como 30 bilhões de músicas no iTunes desde seu lançamento em 2003. Estes dados expressam o resultado efetivo de uma empresa que se baseia na inovação para gerar vantagem competitiva.

Quando as empresas obtiverem a capacidade de olhar para o mercado e perceber as necessidades existentes, até mesmo aquelas necessidades despercebidas até então, maior será o impacto causado nos clientes. Estas necessidades geram fontes de trabalho e fontes de receita. Moreira (2013) ressalta que a capacidade de inovação e de resposta às necessidades do mercado e dos clientes de uma empresa nesta área é, consequentemente, um ponto fulcral que fará toda diferença. Sobretudo se as soluções apresentadas puderem poupar dinheiro ou custos aos clientes.

De modo geral, as empresas enfrentam suas dificuldades no mercado globalizado, esta realidade determina que suas estratégias sejam traçadas para a manutenção de suas capacidades competitivas. Para Da Silva et al. (2003) isso exige

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que se assumam riscos e atendam as necessidades dos seus clientes, sejam consumidores finais ou empresas que necessitam do produto para dar continuidade em um processo.

A inovação dentro de uma empresa deve ser constante, agregando valor a um produto ou serviço novo, ou já existente. Torna-se assim, tarefa indispensável para organizações que buscam um diferencial a mais em relação a seus concorrentes. Shimizu (2007 apud ALLEGREUSSI et al., 2008) explana que a empresa é capaz de inovar consistente e efetivamente, de estar bem posicionada para recorrer a sua habilidade inovadora como vantagem competitiva.

A partir da constatação de Vasconselos e Cyrino (2000) a mudança, a inovação, o surgimento de novos concorrentes, são fenômenos comuns, que despertam a busca de pesquisadores por um modelo de equilíbrio que preserva a diferença de desempenho das empresas. Barney ([20--?] apud ALLEGREUSSI et al., 2008) complementa, ao citar que as empresas que possuem uma inovação que é difícil imitar, que é rara, e que possui recursos disponíveis nas escolhas e implementação de suas estratégias podem usufruir um período de vantagem competitiva sustentável e ficar acima do lucro médio do mercado.

A vantagem competitiva pode ser vista como um conjunto de características que auxiliam uma organização a ser diferente por obter mais valor sob o ponto de vista dos clientes, tornando-se assim, diferente da concorrência e, consequentemente, obtendo vantagens no mercado. A partir de Norton ([20--?] apud MIETHL et al., 2006) a vantagem competitiva pode ocorrer de duas maneiras:

a) uma estratégia de excelência operacional enfatiza o custo, a qualidade, a rapidez dos processos operacionais, os relacionamentos excelentes com os fornecedores e a velocidade e eficácia dos processos de suprimento e distribuição;

b) uma estratégia de liderança do produto exige um processo de inovação de ponta, que crie novos produtos com a melhor funcionalidade da categoria e os traga ao mercado rapidamente. Os processos de Administração do cliente podem focar na aquisição rápida de novos clientes a vantagem de movimentação inicial que um produto líder cria. (NORTON ([20??] apud MIETHL et al., 2006, P.5)

De maneira geral, as micro e pequenas empresas estão mais propícias às vantagens competitivas, uma vez que sua estrutura reduzida é fator de contribuição. Todavia, afirmar que micro e pequenas empresas investem mais em inovação que empresas grandes, é mito. A inovação depende de diversos fatores mais amplos que

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o tamanho da empresa. Porém a vantagem que as micro e pequenas empresas levam, segundo Da Silva et al. (2003) é sua estrutura, mais enxuta, que facilita aos seus colaboradores estarem em contato direto com a estrutura administrativa e gerencial da empresa, tornando-se mais fácil a troca de ideias em relação a novos produtos ou serviços que possam ser oferecidos.

Cabe ressaltar que a inovação não se encaixa facilmente num pacote único, criado, projetado e montado por um único indivíduo. Para Gallo (2010) “As novas ideias raramente são comercializadas sem uma equipe inspirada de entusiastas criativos e apaixonados, que transformaram essas ideias em realidade”. O autor ainda acrescenta que as ideias são estimuladas a partir de todos os membros de uma organização, estão por toda parte e são acessíveis a qualquer pessoa. Em outras palavras, as grandes ideias solitárias têm menos probabilidade de diferenciar sua marca em relação à concorrência.

Ainda que desenvolvida no coletivo, a inovação só acontece a partir de medidas, talentos e habilidades individuais. Segundo Estrin (2010) todos os estágios do processo de inovação exigem pessoas com um conjunto particular de talentos e habilidades. No núcleo encontram-se aquelas que têm paixão, curiosidade e inclinação para experimentação.

Para Steve Jobs ([201?] apud GALLO, 2010) a inovação não tem um processo definido, mas sim um segredo: a inspiração. É necessário que a equipe esteja inspirada, a partir de uma visão, um propósito tão irresistível que as pessoas não terão outra saída, se não, pegar carona. As competências são importantes, mas quando há paixão, os bons resultados surgem como consequência.

A partir desta premissa, faz-se necessário o líder, aquele que tem a função de estimular a paixão da equipe por ele, pela empresa e pelas funções que desempenham. Para Estrin (2010) toda inovação depende de uma dose certa de liderança, que atuará como catalizador de um canto a outro deste sistema. Neste contexto surge o intraempreendedor, aquele que fomenta a inovação dentro da empresa.

O intraempreendedor não necessariamente será o líder, mas enquadra-se nas características de apaixonado pela empresa, descritas por Jobs anteriormente. Dikitun (2011) ressalta que o intraempreendedor é aquele que está em constante observação em seu local de trabalho em busca de melhoria, seja na qualidade, na redução dos custos ou na otimização do processo. Este profissional permite que surjam diversas

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inovações que mantenham a competitividade no mercado, alinhadas à estratégia do negócio.

2.2 O que é inovação

Sabe-se que inovar é uma atividade necessária que traz consigo diversas possibilidades de benefícios à empresa, entretanto estes benefícios não se concentram somente na empresa, como se expandem até a sociedade, uma vez que a inovação provoca evolução, ou apresenta meios de adaptação ao mercado que está em constante mudança. A inovação traz melhorias na qualidade de vida das pessoas, sendo assim, é preciso compreender os conceitos explorados acerca do termo, para que seus objetivos sejam alcançados.

No meio acadêmico, os estudos sobre inovação têm se expandido na última década, porém os autores especialistas no assunto, não chegaram a um consenso específico do que é a inovação por si só. Drucker (2006 apud MIETHL, 2008) afirma que não existe ainda uma teoria sobre a inovação. Porém, há conhecimento suficiente para dizer quando e como se buscam oportunidades inovadoras e como se avaliam as chances de seu sucesso ou os riscos de seu fracasso.

As atividades de inovação variam de acordo com cada organização. Algumas apresentam projetos bem definidos, tais como a criação a implementação de um novo produto ou serviço, enquanto outras buscam aprimorar seus produtos ou processos operacionais. Qualquer um dos dois tipos de organizações pode ser inovador. Segundo InnoSkills [201?] uma inovação pode consistir na implementação de apenas uma alteração significativa, ou uma série de pequenas alterações que conjuntamente constituem uma mudança significativa.

De fato, a inovação nem sempre acarreta saltos gigantes adiante. A inovação gradual, passo a passo, também é inovação – e é tão necessária, ou até mais, que a versão radical. Isso é o que realmente torna um negócio sustentável. A inovação também deve ser entendida como desenvolvimento de uma cultura de inovação dentro da empresa, que é aquilo que permite produzir e levar ao mercado um fluxo constante de inovações menores e incrementais (BES, KOTLER, 2011, p.18).

Segundo InnoSkills [201?] acrescenta que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em conjunto a Comissão Europeia (CE), propuseram uma definição, que auxiliaria da interpretação e recolha de dados para o

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manual de Orientações Gerais Sobre Inovação (Oslo). No manual consta que a inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço), processo ou método de marketing novo ou significativamente melhorado ou um novo método organizacional em práticas de negócio, local de trabalho ou relações externas. Esta definição também é utilizada pelo Marco Legal da Inovação5 brasileiro.

A norte-americana Judy Estrin é cofundadora de sete empresas de tecnologia, diretora executiva de duas destas (JLABS e Cisco Systems), ainda compõe o conselho administrativo da Walt Disney e FeDex Corporation, e, acima de tudo, apaixonada por inovação. Estrin (2010) salienta que a inovação se principia da nossa capacidade de mudar. É sentir entusiasmo pelos próprios projetos, mas também estar aberto para distinguir possíveis problemas e fazer mudanças de rota necessárias. Afinal, é a habilidade de avaliar criticamente e de melhorar otimistamente que nos ajuda a produzir profissionais melhores, empresas melhores e países melhores.

A partir da explanação da autora, é possível perceber que inovação está associada à mudança, a percepção das necessidades e a paixão, antes apresentada por Jobs. Pode-se complementar o conceito anterior a partir de Schumpeter, que apresenta possibilidades de inovação em elementos internos a empresa como melhoria do processo ou redução dos custos ao apontar cinco fatores para que a mesma aconteça.

A inovação é um conjunto de novas funções evolutivas que alteram os métodos de produção, criando novas formas de organização do trabalho e, ao produzir novas mercadorias, possibilita a abertura de novos mercados através da criação de novos usos e consumos. A inovação pressupõe a entrada de cinco novos fatores: a introdução de um novo produto, a introdução de um novo método de produção, a abertura de um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de fornecimento de matéria, e a consumação de uma nova forma de organização de uma indústria (SCHUMPETER, 1988 apud GURGEL 2006).

Independente do contexto, empresarial ou não, a inovação é um fenômeno de construção social baseado na combinação e reutilização de conhecimentos anteriores, em contextos anteriores. Segundo Beira (2007) inovar não tem relação direta com despesas em desenvolvimento, mas com a disponibilidade de agentes capazes de fazer a transferência e readaptação de ideias em um novo contexto.

5 Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. LEI No 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004.

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Agentes capazes de movimentar ideias de realidades distantes. É na intersecção de mundos e conhecimentos diferentes que se criam as oportunidades de inovação.

O brasileiro Silvio Meira (2013) um dos fundadores do IKEWAI, rede de desenhos de novos negócios no Porto Digital, professor da UFPE e de Harvard, ressalta que a inovação é um ideal inconsciente, pois um case de sucesso ocorrido na Microsoft, por exemplo, não terá o mesmo efeito na Apple. Sendo assim a inovação aplicada em empresas diferentes, trará resultados diferentes. Partindo deste pressuposto, inovar é gerar insatisfação, para que uma mente descontente busque constantemente por melhorias adaptadas a sua realidade. Para Meira (2013, p.299) “inovação é sempre impermanente, imperfeita e incompleta”.

A inovação ocorre em ciclos, seu resultado é temporal, por isso é impermanente, ao invés de atingir um ponto final, chega-se a um novo ponto de partida, pois a medida que a empresa está mudando, o mundo está mudando. Uma vez que a inovação parte de um processo de insatisfação e que seu final é um novo início fomentado por esta insatisfação, torna-se um processo de final inalcansável, logo imperfeita. Por tanto, é incompleta, pois acontece focada em uma determinada faceta e algo, acabará ficando de lado, não se pode mudar tudo ao mesmo tempo.

Os conceitos apresentados anteriormente relacionam-se e complementam-se, apresentando a inovação como algo complexo e gigantesco e, até mesmo inalcançável ou de alto custo. Esta impressão pode ser desmistificado por Drucker ([20--?] apud MIETHL et al., 2006) ao salientar que a inovação não é um ideia brilhante, porém, uma ideia de melhorar processos dentro da organização e assim facilitar o dia a dia.

A inovação não tem nada a ver com a quantidade que você tem para pesquisa e desenvolvimento. Quando a Apple criou o Mac, a IBM estava gastando no mínimo, cem vezes mais em P&D. Não se trata de dinheiro. Trata-se de pessoas que você tem, como você é dirigido e o quanto você compreende (JOBS [20??] apud GALLO 2010, p.59).

Sendo assim, inovação não necessariamente é algo caro ou grandioso. Inovação é uma busca por mudanças e melhorias adaptando uma determinada organização às mudanças que ocorrem mundo afora, seja através da implementação de um novo produto, ou da mudança de um processo. Por fim inovação é paixão, um processo cíclico, ao qual só terão energia para continuar aqueles realmente engajados a ideia.

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2.3 Inovação, Invenção e Criatividade

Invenção e inovação comumente são usadas como sinônimos. É preciso esclarecer que, por mais que uma possa complementar a outra, elas não possuem o mesmo significado. Segundo Alberone (2013) uma invenção é algo novo, uma criação que traz um benefício coletivo e que leva à conquista de determinado objetivo. A roda, por exemplo, foi criada com o intuito de levar as pessoas a lugares distantes com maior facilidade. Ela atende a um objetivo específico e traz um benefício para a coletividade.

As invenções podem ser desenvolvidas em qualquer cenário, seja em empresas, universidades, centros de investigação. Podem ser apenas para o objetivo do inventor e não necessariamente representam melhorias. É possível ainda, que as invenções fiquem apenas no nível da teoria, não possuindo uma parte prática. Para InnoSkills [201?] se um inventor descobre a “grande invenção do século” e não consegue produzi-la, então essa invenção permanece desconhecida e – pelo menos no momento presente – inacessível a potenciais clientes.

Ao contrário da invenção, a inovação tem um objetivo relacionado ao mercado e nem sempre é algo novo, é a partir daí que as duas se relacionam e se complementam, quando uma torna-se o princípio da outra. Segundo Aires (2010) A invenção surge de um processo criativo, sem objetivo comercial definido. A partir do momento em que chegar à sociedade e produzir algum resultado. Aí sim, torna-se inovação.

Steve Jobs não inventou o computador pessoal, nem o tocador de MP3; no entanto, inovou esses dispositivos com o lançamento do Mac e do iPod. Ele não inventou os smartphones, nem inventou o tablete; contudo, inovou esses dispositivos com o lançamento do iPhone e do iPad. Steve Jobs não inventou a animação digital, nem foi o primeiro a vender computadores diretamente para os consumidores; no entanto, inovou essas ideias com a criação da Pixar e das Apple Stores. Embora poucas grandes empresas estejam tão intimamente associadas com seu fundador como a Apple, Jobs não é uma banda de um homem só. Ele sabe o que não sabe. Jobs “enxerga além do horizonte” e contrata pessoas – as melhores do setor – que têm inspiração para transformar o sonho em realidade. Cada inovação da Apple começa com uma visão grande e destemida e uma dose intensa de inspiração (GALLO, 2010, p.48).

Outro elemento que é comumente confundido com inovação é a criatividade. Assim como a invenção, este elemento também relaciona e complementa a inovação. A confusão entre os dois termos pode tornar-se um empecilho para a empresa.

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Assim procedemos a fim de clarear certas reflexões e buscar possíveis respostas ou, quem sabe, novas pistas que poderão configurar outros objetos de estudo, a exemplo de: *