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Sabe-se que inovar é uma atividade necessária que traz consigo diversas possibilidades de benefícios à empresa, entretanto estes benefícios não se concentram somente na empresa, como se expandem até a sociedade, uma vez que a inovação provoca evolução, ou apresenta meios de adaptação ao mercado que está em constante mudança. A inovação traz melhorias na qualidade de vida das pessoas, sendo assim, é preciso compreender os conceitos explorados acerca do termo, para que seus objetivos sejam alcançados.

No meio acadêmico, os estudos sobre inovação têm se expandido na última década, porém os autores especialistas no assunto, não chegaram a um consenso específico do que é a inovação por si só. Drucker (2006 apud MIETHL, 2008) afirma que não existe ainda uma teoria sobre a inovação. Porém, há conhecimento suficiente para dizer quando e como se buscam oportunidades inovadoras e como se avaliam as chances de seu sucesso ou os riscos de seu fracasso.

As atividades de inovação variam de acordo com cada organização. Algumas apresentam projetos bem definidos, tais como a criação a implementação de um novo produto ou serviço, enquanto outras buscam aprimorar seus produtos ou processos operacionais. Qualquer um dos dois tipos de organizações pode ser inovador. Segundo InnoSkills [201?] uma inovação pode consistir na implementação de apenas uma alteração significativa, ou uma série de pequenas alterações que conjuntamente constituem uma mudança significativa.

De fato, a inovação nem sempre acarreta saltos gigantes adiante. A inovação gradual, passo a passo, também é inovação – e é tão necessária, ou até mais, que a versão radical. Isso é o que realmente torna um negócio sustentável. A inovação também deve ser entendida como desenvolvimento de uma cultura de inovação dentro da empresa, que é aquilo que permite produzir e levar ao mercado um fluxo constante de inovações menores e incrementais (BES, KOTLER, 2011, p.18).

Segundo InnoSkills [201?] acrescenta que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em conjunto a Comissão Europeia (CE), propuseram uma definição, que auxiliaria da interpretação e recolha de dados para o

manual de Orientações Gerais Sobre Inovação (Oslo). No manual consta que a inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço), processo ou método de marketing novo ou significativamente melhorado ou um novo método organizacional em práticas de negócio, local de trabalho ou relações externas. Esta definição também é utilizada pelo Marco Legal da Inovação5 brasileiro.

A norte-americana Judy Estrin é cofundadora de sete empresas de tecnologia, diretora executiva de duas destas (JLABS e Cisco Systems), ainda compõe o conselho administrativo da Walt Disney e FeDex Corporation, e, acima de tudo, apaixonada por inovação. Estrin (2010) salienta que a inovação se principia da nossa capacidade de mudar. É sentir entusiasmo pelos próprios projetos, mas também estar aberto para distinguir possíveis problemas e fazer mudanças de rota necessárias. Afinal, é a habilidade de avaliar criticamente e de melhorar otimistamente que nos ajuda a produzir profissionais melhores, empresas melhores e países melhores.

A partir da explanação da autora, é possível perceber que inovação está associada à mudança, a percepção das necessidades e a paixão, antes apresentada por Jobs. Pode-se complementar o conceito anterior a partir de Schumpeter, que apresenta possibilidades de inovação em elementos internos a empresa como melhoria do processo ou redução dos custos ao apontar cinco fatores para que a mesma aconteça.

A inovação é um conjunto de novas funções evolutivas que alteram os métodos de produção, criando novas formas de organização do trabalho e, ao produzir novas mercadorias, possibilita a abertura de novos mercados através da criação de novos usos e consumos. A inovação pressupõe a entrada de cinco novos fatores: a introdução de um novo produto, a introdução de um novo método de produção, a abertura de um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de fornecimento de matéria, e a consumação de uma nova forma de organização de uma indústria (SCHUMPETER, 1988 apud GURGEL 2006).

Independente do contexto, empresarial ou não, a inovação é um fenômeno de construção social baseado na combinação e reutilização de conhecimentos anteriores, em contextos anteriores. Segundo Beira (2007) inovar não tem relação direta com despesas em desenvolvimento, mas com a disponibilidade de agentes capazes de fazer a transferência e readaptação de ideias em um novo contexto.

5 Dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo e dá outras providências. LEI No 10.973, DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004.

Agentes capazes de movimentar ideias de realidades distantes. É na intersecção de mundos e conhecimentos diferentes que se criam as oportunidades de inovação.

O brasileiro Silvio Meira (2013) um dos fundadores do IKEWAI, rede de desenhos de novos negócios no Porto Digital, professor da UFPE e de Harvard, ressalta que a inovação é um ideal inconsciente, pois um case de sucesso ocorrido na Microsoft, por exemplo, não terá o mesmo efeito na Apple. Sendo assim a inovação aplicada em empresas diferentes, trará resultados diferentes. Partindo deste pressuposto, inovar é gerar insatisfação, para que uma mente descontente busque constantemente por melhorias adaptadas a sua realidade. Para Meira (2013, p.299) “inovação é sempre impermanente, imperfeita e incompleta”.

A inovação ocorre em ciclos, seu resultado é temporal, por isso é impermanente, ao invés de atingir um ponto final, chega-se a um novo ponto de partida, pois a medida que a empresa está mudando, o mundo está mudando. Uma vez que a inovação parte de um processo de insatisfação e que seu final é um novo início fomentado por esta insatisfação, torna-se um processo de final inalcansável, logo imperfeita. Por tanto, é incompleta, pois acontece focada em uma determinada faceta e algo, acabará ficando de lado, não se pode mudar tudo ao mesmo tempo.

Os conceitos apresentados anteriormente relacionam-se e complementam- se, apresentando a inovação como algo complexo e gigantesco e, até mesmo inalcançável ou de alto custo. Esta impressão pode ser desmistificado por Drucker ([20--?] apud MIETHL et al., 2006) ao salientar que a inovação não é um ideia brilhante, porém, uma ideia de melhorar processos dentro da organização e assim facilitar o dia a dia.

A inovação não tem nada a ver com a quantidade que você tem para pesquisa e desenvolvimento. Quando a Apple criou o Mac, a IBM estava gastando no mínimo, cem vezes mais em P&D. Não se trata de dinheiro. Trata-se de pessoas que você tem, como você é dirigido e o quanto você compreende (JOBS [20??] apud GALLO 2010, p.59).

Sendo assim, inovação não necessariamente é algo caro ou grandioso. Inovação é uma busca por mudanças e melhorias adaptando uma determinada organização às mudanças que ocorrem mundo afora, seja através da implementação de um novo produto, ou da mudança de um processo. Por fim inovação é paixão, um processo cíclico, ao qual só terão energia para continuar aqueles realmente engajados a ideia.