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Contribuições do ensino de geociências para a geoconservação do Geoparque do Araripe : uma abordagem usando o registro Paleobotânico atráves de jogos didáticos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Geociências

LUIS HENRIQUE MARINS NOGUEIRA NUNES

CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE GEOCIÊNCIAS PARA A CONSERVAÇÃO DO GEOPARQUE DO ARARIPE: UMA ABORDAGEM USANDO O REGISTRO

PALEOBOTÂNICO ATRAVÉS DE JOGOS DIDÁTICOS

CAMPINAS 2020

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LUIS HENRIQUE MARINS NOGUEIRA NUNES

CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DE GEOCIÊNCIAS PARA A

GEOCONSERVAÇÃO DO GEOPARQUE DO ARARIPE: UMA ABORDAGEM USANDO O REGISTRO PALEOBOTÂNICO ATRAVÉS DE JOGOS DIDÁTICOS

DISSERTA ÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO

DE GEOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE CAMPINAS PA RA OBTENÇÃ O DO TÍTULO DE M ESTRE EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIA S DA TERRA

ORIENTADOR(A): PROFA. DRA. FABIANA CURTOPASSI PIOKER-HARA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À

VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO LUIS

HENRIQUE MARINS NOGUEIRA NUNES E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. FABIANA CURTOPASSI PIOKER-HARA

CAMPINAS

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Marta dos Santos - CRB 8/5892

Nunes, Luis Henrique Marins Nogueira,

N922c NunContribuições do ensino de geociências para a geoconservação do Geoparque do Araripe : uma abordagem usando o registro Paleobotânico atráves de jogos didáticos / Luis Henrique Marins Nogueira Nunes. – Campinas, SP : [s.n.], 2020.

NunOrientador: Fabiana Curtopassi Pioker-Hara.

NunDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências.

Nun1. Geoparques. 2. Paleobotânica. 3. Jogos educativos. 4. Museus. 5. Paleontologia. I. Pioker-Hara, Fabiana Curtopassi. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Contributions of Geocience education to the conservations of

Araripe Geopark: : an approach using the Paleobotanical record through didactic games.

Palavras-chave em inglês: Geoparks Paleobotany Educational games Museums Paleontology

Área de concentração: Ensino e História de Ciências da Terra Titulação: Mestre em Ensino e História de Ciências da Terra Banca examinadora:

Fabiana Curtopassi Pioker-Hara [Orientador] Rosely Aparecida Liguori Imbernon

Carlos Eduardo Vieira Toledo

Data de defesa: 31-08-2020

Programa de Pós-Graduação: Ensino e História de Ciências da Terra Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)

- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0003-0733-8824 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/8936853134706278

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AUTOR: LUIS HENRIQUE MARINS NOGUEIRA NUNES

Contribuições do ensino de geociências para a geoconservação do Geoparque do Araripe : uma abordagem usando o registro Paleobotânico

atráves de jogos didáticos

ORIENTADOR: Profa. Dra. Fabiana Curtopassi Pioker-Hara

Aprovado em: 31 / 08 / 2020

EXAMINADORES:

Profa. Dra. Fabiana Curtopassi Pioker-Hara - Presidente Prof. Dra. Rosely Aparecida Liguori Imbernon

Prof. Dr. Carlos Eduardo Vieira Toledo

A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora consta no processo de vida acadêmica do aluno.

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DEDICATÓRIA

Dedico a todas as mulheres que tiveram coragem de enfrentar seus medos e de seguir adiante, quando muitas vezes pensaram que não poderiam mais.

A minha mãe por ter me criado sozinho, mas que sempre acreditou em mim, criando coragem para as horas tarde em que eu chegava em casa.

A Profa. Fabiana por ser essa pessoa corajosa e por sempre incentivar outras pessoas a terem coragem de seguir.

A Tia Tatá (in memorian), por sempre me mostrar que coragem e o amor são os melhores companheiros dessa jornada da vida.

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AGRADECIMENTOS

Durante todo trabalho percorrido até aqui, sempre pensei em como construir os agradecimentos. Que de certa forma cabe- me trazer de uma forma reflexiva sobre o trabalho construído durante esses anos e sobre a tra jetória de minha vida. Claro, tudo isto, não foi construído sozinho. Por isso dediquei esse espaço a elas, sendo que ninguém é mais ou menos importante.

Normalmente pessoas religiosas ou espiritualistas agradecem em primeiro lugar a Deus, e eu, de certa forma, não poderia ser diferente. Portanto, gostaria de agradecer a Ele por ter apresentado a Drª Profª, Mãe e Amiga Fabiana Pioker e por ter colocado essa maravilhosa, incrível e indescritível pessoa em meu caminho. Fez- me, de certa forma, com que eu persistisse, não desistindo de mim, mesmo em momentos singulares, quando nem eu mesmo acreditava ser possível continuar e chegar ao término deste mestrado. Aceitou- me como orientando e amigo não só nesse mundo carnal, mas no mundo espiritual. Fez- me acreditar que um mundo melhor só é possível quando vivenciamos o crescimento uns dos outros. Todas as pessoas que conhecem- me sabem que se não fosse a Fabi eu teria desistido no primeiro obstáculo encontrado pela frente. Hoje, concretizamos algo que muitas vezes pensei que seria impossível. Como diz Shakespeare: “Amigos são a família que a vida nos permitiram escolher!” Com isso agradeço a vida por permitir- me encontrar essa pessoa incrível .

Agradeço a minha a minha Vó Etelvina (in memorian), que me presenteou com a melhor mãe do mundo, Célia, que não teria chegado aonde eu cheguei, tenho certeza que não existiria alguém mais apropriada para ter paciências com minhas indecisões e as coisas que eu aprontava enquanto criança. Ela por sua vez me presenteou com um grande Irmão, Marcos Paulo e ele, com uma cunhada maravilhosa, a Mariana. Estes que tiveram paciência comigo durante minha infância e puderam fazer parte da minha educação, do meu caráter e da minha formação. Ensinaram- me que sonhos são possíveis e fizeram- me chegar até a Universidade de São Paulo e a Universidade Estadual de Campinas, apesar de todas as dificuldades que enfrentei durante o caminho, me davam todos os conselhos que eu sempre precisei, me orientando ao melhor caminho que poderia seguir.

Com carinho especial, agradeço a Professora Rosely Aparecida Liguori Imbernon que com seu abraço gostoso sempre cativou-nos com seu sorriso e determinação, por sempre acreditar em mim e ter apresentado a professora Fabiana

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Pioker, pois era a pessoa a quem eu tanto buscava na faculdade.

Aos Professores da Pós-Graduação do Instituto de Geociências da UNICAMP, principalmente aos professores Celso Dal Ré Carneiro e Pedro Wagner Gonçalves pelas ótimas experiências concedidas ao longo dessa jornada, como também pelos funcionários da secretaria da pós-graduação do IG da UNICAMP, que sempre ajudaram- nos em todos os momentos, até os que pareciam não ter solução.

Em especial a professora Joseli Maria Piranha pelos conselhos concedidos e por sempre cativar a todos que convivem com ela e que podem desfrutar de seus sorrisos, entusiasmo e esperança de encarar o mundo.

Agradeço aos professores da Graduação da EACH-USP. Sempre espelho- me neles e tenho grande apreço, carinho e amor.

Com um enorme carinho e em especial à professora Silvana Pires de Godoy, agradeço pela paciência que apresentou- me ao mundo da Botânica pelo qual apaixonei-me. Pelas dúvidas e pelas monitorias.

Ao Professor Pedro Dias de Oliveira, que me ajudou na formulação deste projeto, pela oportunidade de ser monitor e sua disciplina de diversidade vegetal durante a graduação me aproximando ainda mais dos conteúdos de Botânica.

Ao Professor Marcos Hara pelos grandes ensinamentos concedidos e pelas melhores aulas de Zoologia, e pela companhia dos cafés na na cantina.

Com um grande carinho a Professora Mary Elizabeth Cerruti Bernardes-de-Oliveira que proporcionou- me uma das melhores e inesquecíveis disciplinas que eu poderia ter realizado em minha vida sobre os fósseis de plantas. Onde pude apaixonar-me ainda mais na área de Paleobotânica.

A Professora Dra Miriam Sannomiya, por ter me incentivado ao caminho da pós-graduação e por toda a paciência ao ensinar química.

A assistente Social da EACH-USP, Ieda Reis e a “Tia do Bandeijão”, Marizelha Andrade Nascimento. Que me proporcionaram boas risadas e boas conversas no período da Universidade.

Agradeço às pessoas que acolheram- me em seus lares durante minha trajetória como nômade e fizeram- me perceber o quanto é importante ter um lugar para fugir e um lugar para dormir. Nesse contexto, agradeço a Eliana Maria de Lima, Sua Filha Ligia de Lima Gomes e sua Mãe Dona Maria das Neves Lima (in memorian) e Sua irmã Ana Maria de Lima Gama, que acolheram- me durante todo o tempo do mestrado, ouviram meus choros, minhas lamentações e que sempre tiveram paciência e

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aceitaram-me como parte de sua família, dando- aceitaram-me conselhos e orientações para o mundo material e para o mundo espiritual.

Aos meus amigos da Graduação. Sem eles, não poderia ter desfrutado das melhores e inesquecíveis experiências em cursar Licenciatura em Ciências da Natureza: Enyd Bentivoglio, Simone Messina, Dácia Barreto, Mônica Bandecchi, Gislaine Banchetti, Ana Laura, Vivi Caspetini e em especial e com um grande carinho Anna Cecília de Alencar Reis, que pode me ajudar e a contribuir com esse trabalho. Essas pessoas que direta ou indiretamente fizeram- me com que crescesse de forma conjunta, neste caminho universitário.

Não poderia de forma alguma esquecer uma grande companheira que sempre fez- me sorrir enquanto esteve neste mundo (e ainda me faz), Gilciani Banchetti Cordeiro (in memorian), que ajudou-me enveredando comigo no mundo dos cálculos, estatística, Funções e ainda ao término do curso, acolheu- me no Crusp, abrindo- me portas para novas possibilidades.

À Simone Harnik, grande conhecedora em Estatística, a quem eu tenho um carinho enorme.

À Natacha, que fez- me sucessivamente conhecer a majestosa Física Monalisa, o Grande Baterista e Físico Rafael “Lisandro”, a Bruna, Gabriel e Marla.

Em especial gostaria de agradecer aos amigos que me incentivaram ao caminho da fé e espiritualidade de diferentes religiões, Tatiane (Hladine), Bhaki, Bhummi, Gitanjali, Jambavati, Nando e Dana Keler, Teresa Ohara, Ana Marcia, Elza Kano. E minha grande amiga representante da comunidade Indigena dos Krenak, Shirley Krenak.

Aos meus amigos de Campinas e das viagens de ano novo: Leticia, Gabi, Mary, Alexandra, Vitor, Thalia, Jefferson, Val, Wilson, Kasue,

Aos meus companheiros da padaria que sempre serviram- me o melhor café, com o melhor sorriso do mundo: Jô, Dani, Bel, Gildo.

Agradeço aos amigos que acolheram- me em Juazeiro do Norte -CE, em especial os Pousada da Vó Otília (Priscilla e Dona Helena), que com carinho e atenção acompanharam- me em minha jornada no Geoparque do Araripe e nas visitas da Escola e nos Geossítios da Localidade.

Aos Professores, Coordenadores e a Direção da Escola Municipal de Ensino Fundamental Monsenhor Joviniano Barreto, pelo acolhimento, acompanhamento e a amizade construída durante todo o processo de realização do Jogo didático.

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Aos professores com quem trabalho ou trabalhei e que em pouco tempo conquistaram um espaço no meu coração: EMEF Mururés: Luísa, Fabi, Livia, Flávia, Adryadne, Thamiris, Eliana da Silva, Eliana Sousa, Simone, Valdir, Helena, Adriana, Jorge, Eliete, Cléo, Ana, Edilsa, Dayse, Nhussara. E de outros Professores de escolas por onde passei que aqui lembro- me com carinho: E. E. Maestro: Tania e Lucélia. Placidina: Edilson, Anafise.

E minha Grande professora do Ensino fundamental da Escola Estadual Gabriel Pereira, Profª. Miriam Azuma que teve toda a paciência comigo, quando eu era um aluno bem complicado e fez- me apaixonar pela área de Ciências.

Aos companheiros do Grupo de Pesquisa, coordenado pela Professora Fabi: Elen, Josi, Cibele, Elisabeth, Carol e em especial a Profa Dra Alessandra Rodrigues, pelas sugestões na banca de minha defesa.

Aos meus Familiares que sempre deram- me muito apoio em minha jornada: Tia Vera, Tia Vania, Madrinha Regina, Madrinha Leda, Tia Vera Lucia, Tia Fá, Tia Mô, Tia Nê, Tia Cida e meu pai Marivaldo e em especial minha Tia Catarina (Tia Tatá) (in memorian) e tia Carmita (in memorian) que com grande sorriso acolhedor sempre me davam bons conselhos, bons cafés e bolos e que tamanho era seus corações, que só cabia amor, alegria e perdão, se tornando as duas mulheres mais incríveis e amadas da minha família e que hoje devem estar reunidas tomando um bom café com um delicioso bolo de cenoura. Aos meus Padrinhos Edson (in memorian) e Nelson (in memorian), que foram os melhores padrinhos que alguém poderia ter, se tornando um grande exemplo de um bom pai, irmão e um bom amigo.

Desta forma, agradeço também, as Entidades Espirituais que sempre acompanharam e deram- me forças, orientações e broncas nas horas necessárias para a minha jornada nesse mundo. Agradeço aqui a todos que eu possa ter esquecido de alguma maneira e todos os professores e professoras que passaram em minha vida ensinando- me e incentivando-me seguir a melhor de todas as artes, a arte de ensinar.

“O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001”

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Medo, sobretudo o medo, te impossibilita, te paralisa e te impede muitas vezes que você avance, que você ande, que você cresça.

Por muitas vezes, ele te impede que você salte, que você voe e que você brilhe,

Mas ao enfrentar o medo, aquilo que antes te paralisava, lhe transforma em coragem e faz com que você muitas vezes, cresça, viaje, mude, transforme e avance.

A coragem ao oposto do medo, faz com que você conquiste o que antes você pensou inalcançado Luis Henrique Marins

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RESUMO

O Geoparque do Araripe (GA) é o único geoparque brasileiro reconhecido pela UNESCO e apresenta um importante acervo fossilífero datado do mesozóico. A despeito de sua importância científica, o acervo vem sendo dilapidado por atividades predatórias e contrabando e o próprio GA é pouco reconhecido pela população local. Esta dissertação tem por objetivo avaliar se a utilização de jogo didático pode contribuir para a divulgação do acervo paleobotânico oriundo do Geoparque do Araripe. Para a concretização desse objetivo, foi desenvolvido um catálogo contendo informações para facilitar a localização de fósseis de plantas coletados na região do Geoparque do Araripe, contendo respectivamente os nomes das espécies, o seu código de registro, em que acervo estão depositados e as referências sobre as informações desses fósseis. Baseado neste catálogo foi desenvolvido um jogo didático no estilo “Perfil®”, denominado: “Detetive Paleontológico”, que serviu também como um mecanismo para a divulgação e valorização do acervo paleobotânico da localidade. O catálogo em si é um facilitador dos conhecimentos paleobotânicos entre os pesquisadores e também um meio de divulgação do acervo científico do Geoparque. O jogo didático é voltado aos alunos do ensino fundamental, e explora conceitos de interpretação, morfologia, lógica, anatomia, história, geografia, biologia e geociências de forma interdisciplinar, através de dicas associativas da história do material fossilífero, da evolução do táxon e do local onde o exemplar encontra-se depositado. Esse jogo foi aplicado com alunos do ensino fundamental II - (6º ano ao 9º ano), em uma escola municipal de Juazeiro do Norte, localizada dentro do Geoparque do Araripe. Como forma de análise foi aplicado um questionário anterior e outro posterior ao jogo para identificar as relações estabelecidas pelos alunos na interação com o modelo didático. Concluímos que o jogo auxiliou a despertar o conhecimento sobre a existência e a importância do Geoparque do Araripe e de seu acervo paleobotânico entre os estudantes. E, ainda, contribuiu para uma melhor compreensão das modificações da flora do Planeta Terra ao longo do tempo geológico, configurando-se como um modelo didático eficaz para o ensino lúdico das geociências.

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ABSTRACT

The Araripe Geopark (GA) is the only Brazilian geopark recognized by UNESCO and has an important fossiliferous collection dating from the Mesozoic. Despite its scientific importance, the collection has been dilapidated by predatory activities and smuggling and GA itself is little recognized by the local population. This dissertation aims to assess whether the use of educational games can contribute to the dissemination of the knowledge of the paleobotanical collection from the Araripe Geopark. To achieve this goal, a catalog was made, aiming to facilitate the location of plant fossils collected in the Araripe Geopark region and containing respectively the species names, their registration code, in which collection they are deposited and references on the information from these fossils. Based on this catalog, a didactic game was developed in the “Perfil®” style, called: “Paleontological Detective”, which also served as a mechanism for the dissemination and enhancement of the local paleobotanical collection. The catalog itself is a facilitator of paleobotanical knowledge among researchers and also a means of disseminating the scientific collection of the Geopark. The didactic game is aimed at K -12 school students, and explores concepts of interpretation, morphology, logic, anatomy, history, geography, biology and geosciences in an interdisciplinary way, through associative hints of the history of fossiliferous material, the evolution of the taxon and the place where the specimen is deposited. This game was applied to K-12 students (6th grade to 9th grade) in a municipal school in Juazeiro do Norte, located within the Araripe Geopark. A questionnaire was applied before and after the game to identify the relationships established by students in the interaction with the didactic model. We concluded that the game helped to raise awareness about the existence and importance of the Araripe Geopark and its paleobotanical collection among students. It also contributed to a better understanding of the changes in the flora of Earth over geological time, configuring itself as an effective didactic model for the playful teaching of geosciences.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Réplicas de fósseis do Geoparque do Araripe...23 Figura 2 - Relações entre os conceitos e aspectos de geodiversidade, geoconservação e geoturismo...26 Figura 3 - Relação de propostas do Projeto Geoparques avaliadas, em avaliação e programadas ...31 Figura 4 - Mapa da localização das propostas avaliadas, em avaliação e programadas do Projeto Geoparques... ...32

Figura 5- Chapada do Araripe e geosítios ...33

Figura 6 – Mapa de localização do Geoparque do Araripe com indicação dos geosítios... ....34

Figura 7 – Coluna Estratigráfica da Bacia Sedimentar do

Araripe...38

Figura 8 – Imagem da página inicial do blog, contendo o jogo desenvolvido...46 Figura 9 – Imagem do página do blog, contendo os cartas dos museus, das plantas e dos fósseis da região do geoparque do Araripe...47 Figura 10 - Representações dos artesanatos dos fósseis de plantas do Geoparque do Araripe com o slogan do Geoparque... 48

Figura 11 - Gráfico 1 - Respostas sobre o surgimento de plantas no Planeta Terra antes e depois do jogo no 6º ano...53 Figura 12 - Gráfico 2 - Respostas sobre o surgimento de plantas no Planeta Terra antes e depois do jogo no 7º ano...54 Figura 13 - Gráfico 3 - Respostas sobre o surgimento de plantas no Planeta Terra antes e depois do jogo no 8º ano...55 Figura 14 - Gráfico 4 - Respostas sobre o surgimento de plantas no Planeta Terra antes e depois do jogo no 9º ano...56 Figura 15 - Gráfico 5 - Respostas sobre o tempo de existência do planeta Terra antes e depois do

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jogo no 6º ano... ...59 Figura 16 - Gráfico 6 - Respostas sobre o tempo de existência do planeta Terra antes e depois do jogo no 7º ano... ...60 Figura 17 - Gráfico 7 - Respostas sobre o tempo de existência do planeta Terra antes e depois do jogo no 8º ano...61 Figura 18 - Gráfico 8 - Respostas sobre o tempo de existência do planeta Terra antes e depois do jogo no 9º ano... ...62 Figura 19 - Gráfico 9 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças dos animais do passado e do presente antes e depois do jogo no 6º ano...67 Figura 20 - Gráfico 10 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças dos animais do passado e do presente antes e depois do jogo no 7º ano...68 Figura 21 - Gráfico 11 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças dos animais do passado e do presente antes e depois do jogo no 8ºano ...69 Figura 22 - Gráfico 12 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças dos animais do passado e do presente antes e depois do jogo no 9ºano...70 Figura 23 - Gráfico 13 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças das plantas do passado e do presente antes e depois do jogo no 6ºano ...73 Figura 24 - Gráfico 14 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças das plantas do passado e do presente antes e depois do jogo no 7ºano...74 Figura 25 - Gráfico 15 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças das plantas do passado e do presente antes e depois do jogo no 8ºano...75 Figura 26 - Gráfico 16 - Respostas sobre as semelhanças e diferenças das plantas do passado e do presente antes e depois do jogo no 9ºano...77 Figura 27 - Gráfico 17 - Respostas sobre a relação entre o clima do planeta Terra do passado e do presente antes e depois do jogo no 6º ano... 80 Figura 28 - Gráfico 18 - Respostas sobre a relação entre o clima do planeta Terra do passado e do presente antes e depois do jogo no 7º ano...81 Figura 29 - Gráfico 19 - Respostas sobre a relação entre o clima do planeta Terra do passado e

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do presente antes e depois do jogo no 8º ano...82

Figura 30 - Gráfico 20 - Respostas sobre a relação entre o clima do planeta Terra do passado e do presente antes e depois do jogo no 9º ano...83

Figura 31 - Gráfico 21 - Respostas sobre o clima da região do Araripe na relação do passado e do presente antes e depois do jogo no 6º ano...87

Figura 32 - Gráfico 22 - Respostas sobre o clima da região do Araripe na relação do passado e do presente antes e depois do jogo no 7º ano... 88

Figura 33 - Gráfico 23 - Respostas sobre o clima da região do Araripe na relação do passado e do presente antes e depois do jogo no 8º ano...89

Figura 34 - Gráfico 24 - Respostas sobre o clima da região do Araripe na relação do passado e do presente antes e depois do jogo no 9º ano... 90

Figura 35 - Gráfico 25 - Respostas dos alunos sobre seus conhecimentos acerca da Paleontologia antes e depois do jogo no 6º ano... 93

Figura 36- Gráfico 26 - Respostas dos alunos sobre seus conhecimentos acerca da Paleontologia antes e depois do jogo no 7º ano... 94

Figura 37 - Gráfico 27 - Respostas dos alunos sobre seus conhecimentos acerca da Paleontologia antes e depois do jogo no 8º ano... 95

Figura 38 - Gráfico 28 - Respostas dos alunos sobre seus conhecimentos acerca da Paleontologia antes e depois do jogo no 9º ano... 96

Figura 39 - Gráfico 29 – Apreciação sobre o jogo pelo 6º, 7º, 8º e 9º ano...99

Figura 40 - Gráfico 30 – Justificativa da apreciação sobre o jogo pelo 6º, 7º, 8º e 9º ano...99

Figura 41 - Gráfico 31 - Impressão positiva sobre o jogo para o 6º ano...102

Figura 43 - Gráfico 32 - Impressão positiva sobre o jogo para o 7º ano...103

Figura 43 - Gráfico 33 - Impressão positiva sobre o jogo para o 8º ano...104

Figura 44 - Gráfico 34 - Impressão positiva sobre o jogo para o 9º ano...105

Figura 45 - Gráfico 35 - Percepção dos alunos se gostaram das cartas do jogo no 6º, 7º, 8º e 9º ano... ...108

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Figura 46 - Gráfico 36 - Indicação de quais cartas os alunos do 6º ano gostaram...108

Figura 47 - Gráfico 37 - Indicação de quais cartas os alunos do 7º ano gostaram...110

Figura 48 - Gráfico 38 - Indicação de quais cartas os alunos do 8º ano gostaram...111

Figura 49 - Gráfico 39 - Indicação de quais cartas os alunos do 9º ano gostaram...112

Figura 50 - Gráfico 40 - Opiniões dos alunos do 6º, 7º, 8º e 9º ano se o jogo pode promover o interesse no Geoparque do Araripe...114

Figura 51 - Gráfico 41 - Justificativas do 6º ano sobre o jogo promover o interesse no Geoparque do Araripe ...115

Figura 52 - Gráfico 42 - Justificativas do 7º ano sobre o jogo promover o interesse no Geoparque do Araripe ...116

Figura 53 - Gráfico 43 - Justificativas do 8º ano sobre o jogo promover o interesse no Geoparque do Araripe ...117

Figura 54 - Gráfico 44 - Justificativas do 9º ano sobre o jogo promover o interesse no Geoparque do Araripe ... ...118

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...19

1.1 Problema de pesquisa ... ...20

1.2 Justificativa ...24

1.3 Objetivo ...24

2 CONSERVAÇÃO, GEODIVERSIDADE, GEOCONSERVAÇÃO E PATRIMÔNIO GEOLÓGICO ... ...26

2.1 Geoparque... ...27

2.1.1 Geoparque do Araripe... ...32

2.2 O registro fossilífero da região do Araripe ...37

2.3 JOGO COMO RECURSO DIDÁTICO ...39

2.3.1 Jogo como forma de ampliar os conhecimentos ...39

2.3.2 O jogo didático na Educação Geocientífica ... ...41

3. METODOLOGIA DE PESQUISA ...44

3.1 Elaboração do catálogo... ...44

3.2 Elaboração do jogo...45

3.2.1 O Jogo didático...45

3.3 Local da pesquisa...47

3.4 Etapas das aplicações didáticas ... ...47

3.5 Procedimento de coleta e análise de dados...49

4. RESULTADOS E ANÁLISES...52

4.1 Bloco 1 - Surgimento de plantas no Planeta Terra ...52

4.1.1 Perspectivas gerais sobre o bloco 1 ... .57

4.2 Bloco 2 - Tempo de formação do planeta Terra ...58

4.2.1 Perspectivas Gerais sobre o bloco 2 ... 64

4.3 Bloco 3 - Semelhança e diferença entre os animais do passado e da atualidade...63

4.3.1 Perspectivas Gerais sobre o bloco 3 ... 71

4.4 Bloco 4 - Semelhança e diferença entre as plantas do passado e da atualidade ...72

4.4.1 Perspectivas Gerais sobre o bloco 4... 78

4.5 Bloco 5 - Semelhança e diferença do clima no planeta Terra (passado e presente)... ...79

4.5.1 Perspectivas Gerais sobre o bloco 5...84

4.6 Bloco 6 - Clima da região do Araripe (passado e presente) ...86

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4.7 Bloco 7 - Conhecimento dos alunos sobre Paleontologia ... 92

4.7.1 Perspectivas Gerais sobre o bloco 7... ...97

4.8 Bloco 8 - Relação afetiva e opiniões dos alunos com o jogo ...98

4.8.1 Bloco 8 – Apreciação do Jogo pelos alunos... .98

4.8.1.1 Análise geral sobre a apreciação do jogo pelos alunos ...101

4.8.2 - Bloco 8 -Impressões positivas sobre o jogo ...102

4.8.2.1 Análise geral acerca das impressões positivas sobre o jogo ...105

4.8.3 - Bloco 8 - Interesse sobre as cartas do jogo ...107

4.8.3.1 Análise geral acerca do Interesse sobre as cartas do jogo ...113

4.8.4 - Bloco 8 - Considerações sobre se o jogo pode promover o interesse pela região...114

4.8.4.1 Análise geral acerca da promoção de interesse pelo Geoparque do Araripe a partir do envolvimento com o jogo ...118

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...120

REFERÊNCIAS ...122

APÊNDICE A (Artigo)... 131

APÊNDICE B (Diario de Campo)...145

APÊNDICE C (Questionário antes da aplicação do jogo)...153

APÊNDICE D(Questionário após a aplicação do jogo...154

APÊNDICE E(Grupo de Fichas de dicas dos fósseis, plantas atuais, e dos museus e ou acervos de paleontologia...155

APÊNDICE F (Grupo de Fichas dos Museus ou acervos de Paleontologia)... ...163

APÊNDICE G (Grupo de Fichas das ordens das Plantas atuais e das fichas de morfologia vegetal)... ...167

APÊNDICE H (Grupo de fichas dos fósseis de plantas coletados no Geoparque do Araripe para o jogo) ... ...170

APÊNDICE I (Tabuleiro adaptável para o jogo detetive paleontológico) ...174

APÊNDICE J (Fotos dos alunos da escola de Ensino Fundamental Joviniano Barreto jogando o jogo detetive paleontológico)... ...175

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1 – INTRODUÇÃO

O presente trabalho discute a valorização do Geoparque do Araripe por meio da elaboração e aplicação de material lúdico-didático e análise dos dados obtidos a partir desta pesquisa. Objetiva promover a aproximação do público escolar dos municípios do entorno ao Geoparque. O estudo está estruturado em seis capítulos. No primeiro capítulo, foi apresentado o problema de pesquisa, o objetivo e justificativa, salientando a importância dos jogos didáticos para o ensino de geociências, como também uma breve explicação sobre importância do Geoparque. Também foi comentada a sua correlação com os conceitos de Geodiversidade e Geoconservação, além de exemplificar sobre a paleobotânica e como ela pode contribuir para o ensino de geociências e valorização da geoconservação.

No segundo capítulo, buscou-se um aprofundamento teórico sobre o conceito de geoparque como proposta da UNESCO, exemplificando o Geoparque do Araripe e as propostas de implementações de Geoparques no Brasil. Ainda, relacionou-se estas propostas com a geoconrelacionou-servação, geodiversidade e o patrimônio geológico, ao passo que se apontou para a relevância da paleobotânica e dos fósseis. Por fim, fez-se uma breve descrição da chapada do Araripe e da Bacia do Araripe. Foi dialogado sobre a importância dos jogos didáticos na educação básica, especificamente sobre como materiais lúdicos voltados para o ensino pode gerar uma aprendizagem significativa. Dessa maneira, ao longo do texto, foi discutido o papel dos jogos no ensino de geociências, principalmente no ensino de paleobotânica.

No terceiro capítulo descreveu-se a metodologia usada nesse trabalho, evidenciando a elaboração do catálogo que identifica os locais de depósitos de 140 exemplares de fósseis vegetais coletados no Geoparque do Araripe, formas de elaboração do jogo didático, descrição da aplicação do mesmo, coleta e análise de dados das intervenções realizadas com turmas do Ensino Fundamental II (Apêndice B).

No quarto capítulo, descreveram-se os resultados e a análise de dados gerados a partir da aplicação do jogo didático. A interpretação dos dados foi realizada a

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partir de blocos temáticos criados em consonância com as questões elaboradas no questionário aplicado com os alunos do Ensino Fundamental. Por fim, no quinto capítulo, apresentaram-se as considerações finais de nossa pesq uisa, produzindo reflexões sobre a importância de criar novas metodologias de ensino para a aproximação do conhecimento científico aos educandos.

1.1 Proble ma

O reconhecimento da necessidade de práticas de conservação da natureza assume grande importância a partir da ênfase dada por pesquisadores do mundo inteiro à geodiversidade existente no Planeta Terra e sua relação direta com a biodiversidade. Sabemos que os estudos de geodiversidade compreendem o passado geológico, os minerais, rochas, fósseis e os processos naturais que ocorrem no cotidiano da sociedade, influenciando e gerando recursos que são utilizados pelo homem (BRILHA, 2005). Sendo assim, os processos naturais de interação das formações geológicas, a fauna, a flora e a relação das atividades humanas compreendem a geodiversidade como um todo (ARAÚJO, 2005).

Brilha (2005) problematiza que a geodiversidade deve ser considerada como recurso, uma vez que na sociedade contemporânea as populações exercem uma relação de dependência e realizam pouca reflexão sobre a sua utilização exacerbada, sabendo que a partir dela, ocorre desenvolvimento tecnológico, a utilização de combustíveis fósseis na produção de energia e a fabricação de materiais que são empregados no dia a dia. Nesse sentido, a tomada de consciência dos sujeitos é relevante para preservação do ambiente uma vez que as regiões de localização dos patrimônios naturais apresentam valor inestimável para toda sociedade.

Entende-se como geoconservação “a conservação e gestão do Patrimônio Geológico e processos naturais a ele associados” (BRILHA, 2005, p. 53). Nesse sentido, são necessárias algumas estratégias que visem a conservação de fatos geológicos que apresentam grande valor “científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outros” (ibidem, p. 52).

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Gray (2004; 2005) considera que a educação desempenha um papel relevante e valioso para a geoconservação, pois promove interesse pela conservação, o meio ambiente e pela história geológica do Planeta Terra. Principalmente, reforça o autor, quando educadores e educandos compreendem os princípios e processos geológicos em campo, quando interagem com exposições, identificam relevos, vêem fósseis e acompanham os processos ativos.

Para Brilha (2009), o trabalho pedagógico relacionado à geoconservação deve contemplar ações lúdico-recreativas, como jogos educativos, e ações formais, como aula de campo e laboratório. Nesse sentido, como reforça o autor, os Geoparques assumem importância educativa por proporcionar o contato direto com o ensino das Geociências, desde que sejam desenvolvidas estratégias intencionais para esse fim, integrando os aspectos físicos, biológicos e culturais. Compreendemos que as práticas pedagógicas pensadas e desenvolvidas com essa intencionalidade devam promover o interesse dos alunos em conhecer, vivenciar e sentir-se como parte integrante desse Geoparque. Compreendemos, portanto, que as ações de divulgação científica acerca do campo das Geociências valorizam os aspectos da geodiversidade.

A relevância de promovermos ações de divulgação e valorização de Geoparques compreende o contexto pelo qual eles são constituídos. Entendemos Geoparque como “estratégia territorial com limites definidos, destinado a práticas de geoconservação e desenvolvimento econômico sustentável das cidades envolvidas” (ONARY-ALVES et al, 2015). No Brasil, o Geoparque do Araripe, localizado nas regiões de municípios cearenses, caracteriza-se por ser uma iniciativa de geoconservação no âmbito nacional e considerado como primeiro e único Geoparque Brasileiro, que possui o selo da UNESCO (CORDEIRO & DE HOLANDA, 2014; NASCIMENTO, et al. 2008, MANTESSO-NETO, et al. 2008; DE AZEVEDO, 2007). Dentre os seus valores e potencial do patrimônio geológico, ressaltamos o patrimônio fóssil e, particularmente, os fósseis de angiospermas.

Mussa (2004) diz- nos em seu livro que os fósseis de plantas possibilitam reconstituir as floras do passado geológico, permitindo traçar uma perspectiva do presente e do futuro. A autora ainda comenta que a paleobotânica (área que estuda os fósseis de plantas) permite uma melhor identificação dos grupos vegetais e suas

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relações filogenéticas evolutivas, ao passo que o estudo em conjunto com a biogeografia possibilita a avaliação da distribuição geográfica e temporal das floras e consequentemente a reconstituição paleoambiental. Friis et al. (2001), por exemplo, aponta que a descoberta de fósseis de Nymphaeales (linhagem basal das angiospermas), plantas conhecidas como Vitória-régia e Flor de Lótus, impactou de maneira muito forte o conhecimento científico que se tinha sobre a idade mínima das angiospermas, fazendo com que parte considerável do conhecimento científico existente fosse reavaliado.

Compreendemos assim, como apontam Viana & Neuman (2002), que os fósseis de plantas do Geoparque do Araripe assumem um valor imprescindível para a comunidade científica, sendo seus vestígios paleontológicos com cerca de 120 milhões de anos, com um alto grau de diversificação e de preservação. Esse registro caracteriza-se como único e significativo para o entendimento e compreensão da evolução das Angiospermas tanto para a comunidade científica quanto para a população local (VIANA & NEUMAN, 2002). A despeito dessa importância, a população local não reconhece o valor de patrimônio fóssil do geoparque, e situações como a degradação de geossítios e o tráfico de fósseis são comuns. Assim, iniciativas educacionais vinculadas ao geoparque são fundamentais para seu reconhecimento e para a conservação do geopatrimônio.

Esforços vêm sendo feitos pelo governo local para promover o reconhecimento da importância do geopatrimônio da região. Por exemplo, durante os dias 6 a 9 de agosto de 2019 foi realizado o I Seminário Internacional Patrimônio da Humanidade Chapada do Araripe, com o objetivo de articular esforços para que a UNESCO reconhecesse a Chapada do Araripe como patrimônio Cultural e Natural da Humanidade. O evento envolveu diversas esferas governamentais dos estados do Ceará, Pernambuco, Piauí e Paraíba, como também os três níveis de Governo, Organismos Internacionais, Universidades, Organizações da Sociedade Civil e pesquisadores de Unidades Federadas. A partir desse Seminário foi desenvolvido uma “Declaração de Compromisso com a Chapada do Araripe”, permitindo que diversas esferas nacionais e internacionais, políticas e educacionais ampliassem seus horizontes em comum acordo,

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para que por meio do reconhecimento da população pudessem promover a geoconservação da localidade.

Dentre as atividades e as iniciativas educacionais que o Geoparque do Araripe promove, junto com Universidade Reginal do Cariri (URCA), encontram-se oficinas com reutilização de matérias recicláveis e reutilizáveis, réplicas de fósseis (Figura 1), biojóias, teatro de bonecos e livros de pano.

Figura 1 (Artesanatos baseados nos fósseis de plantas do Geoparque Araripe)

Fonte : Elaborado pelo autor, (2020).

Segundo o site oficial do Geoparque do Araripe1, desde 2011, foram realizadas mais de 497 oficinas, alcançando um público com mais de 15.000 participantes.

Bezerra (2013) comenta em seu trabalho sobre algumas atividades de educação ambiental com o objetivo de amenizar a realidade do Araripe, através de estratégias para solucionar problemas e os desafios que essa localidade encontra. Portanto, entendemos que devam ocorrer, cada vez mais, ações que visem valorizar a região do Geoparque do Araripe como forma de promover a geoconservação. Diante de todos os problemas enfrentados ao longo do percurso histórico, principalmente do tráfico de fósseis, acreditamos que somente ações de valorização, preservação e

1

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principalmente de educação científica possam minimizar a desvalorização da região. A educação, particularmente de geociências, pode promover aos estudantes o reconhecimento da importância do local e, portanto, aliá- los como defensores do patrimônio geológico ao passo que compreendam a importância do Geoparque em uma escala regional, nacional e global.

1.2 Justificativa

Consideramos que a relevância do nosso trabalho se dá pela importância

da valorização do Geoparque do Araripe, bem como dos fósseis de plantas dessa localidade e do seu reconhecimento pela população em seu entorno. Nesse sentido, podemos entender a importância das práticas educacionais realizadas pelo Geoparque do Araripe e da Universidade Regional do Cariri (URCA) como forma de aproximar as escolas e a comunidade em seu entorno, estabelecendo-se como uma ponte para desenvolver e valorizar a geoconservação.

O Jogo didático criado para esta dissertação estabelece-se com intuito de atingir os objetivos propostos, visando de maneira significativa auxiliar a prática docente dos professores, tanto para o ensino de ciências como para o sentido de pertencimento da população dessa localidade. Esse pertencimento contribui para que a população possa reconhecer não só o Geoparque, como também os fósseis de plantas que não são valorizados se comparados aos fósseis de animais coletados nessa região. Estamos propondo, portanto, o jogo didático como facilitador na promoção e valorização do Geoparque e, especificamente, dos fósseis de plantas da região. Neste sentido, esta pesquisa consolida-se como estratégia e como meio de promover o valor educativo da geodiversidade do Geoparque do Araripe, relacionando-se diretamente ao ensino de ciências no território formal de educação.

1.3 Objetivo

Compreendemos que as ações no âmbito educacional podem promover reflexões sobre os problemas relacionados à comercialização dos fósseis, à valorização do patrimônio, ao reconhecimento da importância das pesquisas científicas no Geoparque e gerar para os moradores o conhecimento e noções da existência do Geoparque do Araripe em suas vidas.. Assim, este trabalho assume como objetivo geral

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avaliar se a utilização de um jogo didático pode contribuir para a divulgação do acervo paleobotânico oriundo do Geoparque do Araripe, promovendo a sua valorização, a fim de contribuir para sua conservação. Como objetivos específicos temos:

a) Desenvolver um jogo didático baseado nos fósseis de plantas do Geoparque do Araripe;

b) Despertar noções mais claras da existência do Geoparque do Araripe paraos alunos e professores a partir do jogo didático;

c) Compreender como o material criado pode servir como modelo didático para trabalhar conteúdos de geociências no ensino fundamental II. Os objetivos são orientados pelas questões de pesquisa:

1- A construção de um Jogo didático baseado nos fósseis de plantas do Geoparque do Araripe pode contribuir para desenvolver uma noção mais clara da existência do Geoparque do Araripe despertando os alunos para sua conservação?

2- Materiais desenvolvidos baseados nos fósseis de plantas do Geoparque do Araripe podem servir como um modelo didático para trabalhar conteúdos de geociências no ensino fundamental de forma interdisciplinar?

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2 CONSERVAÇÃO, GEODIVERSIDADE, GEOCONSERVAÇÃO, PATRIMÓNIO GEOLÓGICO

Geodiversidade é um conceito relativamente novo, pois essa nomenclatura começou a ser utilizada a partir dos anos de 1990, sendo consolidada pouco a pouco nas últimas décadas e relacionando aos estudos da Geoconservação (SILVA, 2008). Silva (2008) comenta que os estudos conhecidos pela Geoconservação são caracterizados pela busca da preservação dos patrimônios naturais, incluindo paisagens naturais e geológicas, como também sítios paleontológicos. A seguir apresentamos uma esquema que relaciona os conceitos entre geodiversidade, geoconservação, Patrimônio Geológico e Geossítio, bem como seus múltiplos elementos constitutivos e seus aspectos educativos, científicos, cultural e turístico (Figura 2).

Figura 2 - Relações entre os conceitos e aspectos de Geodiversidade e Geoconservação Fonte: Extra ido de Araujo (2005) p. 41 .

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O meio abiótico é parte constitutiva da geodiversidade, que sustenta toda a vida sobre a Terra. As plantas, os animais e os fungos coexistem numa relação de dependência com a fertilidade do solo, com as rochas e os minerais que as formam e com os aquíferos, ou seja, sem a complexidade da geodiversidade, não poderia existir a vida em sua biodiversidade como conhecemos (MOCHIUTTI et al, 2012). A conservação da biodiversidade está intimamente ligada à conservação da Geodiversidade.

A Geoconservação tem como principal objetivo promover a valorização e o cuidado do patrimônio geológico. Entendemos que esse patrimônio é uma parcela da geodiversidade, representado pelo conjunto de sítios geológicos (Nascimento et al. 2008). Dessa forma, as ações de geoconservação prevêem o zelo de áreas vulneráveis e ameaçadas pelas atividades humanas. Como discutido por Nascimento et al. (2008), é a falta de conhecimento sobre o patrimônio geoló gico e, por seguinte, da geodiversidade, e da alteração dos sítios geológicos que se constituem em obstáculos para que ocorra a conservação.

Mochiutti et al (2012) comenta que podemos usar o patrimônio geológico como um forte mecanismo para ensinar os conhecimentos científicos de Ciências da Terra. As metodologias pedagógicas, através de atividades ao ar livre que incluem os estudos de meio, resoluções de problemas e trabalhos educacionais por projetos, podem ser muito relevantes para apropriação de conhecimentos em busca de aprendizagens mais significativas. No caso do Geoparque do Araripe, podem ser observadas as diversas manifestações culturais próprias da localidade. Dessa maneira, o conhecimento educativo gerado pelo Geoparque pode favorecer um traje to para a conservação do patrimônio Geológico, como no caso proposto neste trabalho, da criação do jogo didático construído baseado nos fósseis de plantas do Geoparque do Araripe, com o intuito de contribuir para o uso educacional na sua aproximação com o público local.

2.2 Geoparque

Sabemos que a Rede Global de Geoparque ( Global Geopark Network

-GGN) proposta pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a

Cultura (UNESCO) em conjunto com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), criaram a definição de Geoparque. Elas o definem como uma área geográfica

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representada e delimitada, visando à preservação e proteção do patrimônio geológico, por meio da educação e do desenvolvimento sustentável, com destaque para a Geoconservação (OLIVEIRA-SANTOS, 2017; CPRM, 2016; SCHOBBENHAUS &

DA SILVA, 2012; PEREIRA, 2010).

Brilha (2005, p. 115) em seu livro discute também sobre o significado de Geoparque:

Um Geoparque é uma área em que se conjuga a Geoconservação e o Desenvolvimento económico sustentável das populações que a habitam. Procuram-se estimular a criação de actividades económicas suportadas na Geodiversidade da Região, com o desenvolvimento empenhado das comunidades locais.

Dessa maneira, consideramos que um Geoparque possibilita realizar o desenvolvimento social, econômico e cultural de sua localidade, sendo necessária a preservação e valorização de sua geodiversidade. A UNESCO (2005) ainda apresenta outros valores acerca do território do Geoparque, como ecológico, arqueológico, cultural e a relevância de sua história geológica e antropológica. Tais fatores são necessários para a manutenção e preservação de um Geoparque, pois constituem a identidade local.

Além disso, Schobbenhaus & da Silva (2012) faz considerações importantes sobre os Geoparques a partir do valor dos sítios e da preservação do patrimônio geológico:

[...] são territórios abertos sem enquadramento legal, onde sítios geológicos de valor singular do ponto de vista científico, educativo, turístico e outros, criam os meios (geração de renda e empregos) para a preservação do patrimônio geológico. Além de difundirem o conhecimento científico, promovem ações educativas para a popularização das Geociências e dessa maneira dão suporte ao desenvolvimento sustentável através do geoturismo (SCHOBBENHAUS & DA SILVA, 2012, p. 18 ).

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Ao referir-se sobre a importância da geodiversidade de um Geoparque, Brilha (2005) aponta que se faz necessária a compreensão de como ocorre a construção, a valorização e a preservação desse espaço. Ao mesmo tempo, o autor aponta para a necessidade de pensar no valor que os sítios geológicos ou os geossítios possuem para compreendermos os conceitos básicos de geodiversidade. Dessa forma, assumimos que tais conceitos podem gerar um entendimento mais claro acerca da denominação de um Geoparque, compreendendo-o no caso da UNESCO ela afirma como:

Os Geoparques Globais da UNESCO são áreas geográficas unificadas e únicas, onde locais e paisagens de importância geológica internacional são gerenciados com um conceito holístico de proteção, educação e desenvolvimento sustentável. Um Geoparque Global da UNESCO usa seu patrimônio geológico, em conexão com todos os outros aspectos do patrimônio natural e cultural da área, para aprimorar a conscientização e a compreensão dos principais problemas que a sociedade enfrenta, como o uso sustentável dos recursos da Terra, mitigando os efeitos das mudanças climáticas e reduzindo riscos relacionados a desastres naturais. Ao aumentar a conscientização sobre a importância do patrimônio geológico da região na história e na sociedade de hoje, os Geoparques Globais da UNESCO proporcionam à população local um sentimento de orgulho em sua região e fortalecem sua identificação com a região.2

Entendemos que o valor científico de um Geoparque pode-nos apresentar os registros da história do nosso planeta, sendo que suas evidências como as rochas, minerais e fósseis, indicam-nos o tempo geológico, a dinâmica do planeta e seu funcionamento em uma visão sistêmica, bem como o entendime nto sobre a diversidade da fauna e flora nos dias atuais (SCHOBBENHAUS & DA SILVA, 2012; BRILHA et al., 2013; SILVA et al.,2016).

Consideramos, portanto, necessária a apresentação e representação do patrimônio não renovável como pertencente a toda humanidade, sendo que é a partir desse pressuposto que surge o conceito de Geoconservação, com intuito de entender as atuais necessidades globais e que possam ser estabelecidas estratégias de conservação

2

http://www.unesco.org/new/en/ natural-scienc es/environment/earth -sciences/unesco-global-geoparks/frequently-asked-questions/what-is-a-unesco-global-geopark/

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dos patrimônios geológicos (SCHOBBENHAUS & DA SILVA, 2012) e sua Geodiversidade que pode pertencer a algum Geoparque.

Dentre os 127 Geoparques que integram a GGN existe apenas um único no Brasil, especificamente no interior do nordeste Brasileiro, possuindo o selo da UNESCO e conhecido como Geoparque do Araripe (G.A.). Embora o conceito de Geoparque seja recente, cerca de vinte e sete países já possuem implementados em distintas localidades esses 127 Geoparques e entre outros países o interesse por esta questão está sendo crescente (BRILHA, 2012). No Brasil, existem algumas propostas enviadas para a UNESCO com grande potencial para se tornarem Geoparques. É de interesse nesse trabalho apresentar brevemente algumas dessas propostas que vem sendo consolidadas pouco a pouco, nesses últimos anos.

Visando sistematizar tal questão, o livro intitulado Geoparques do Brasil, propostas (SCHOBBENHAUS & SILVA, 2012) apresenta 19 propostas com grande potencial para o estabelecimento de futuros Geoparques pertencentes a Global Geopark Network (GGN) da UNESCO. Esse livro contém não só o levantamento dos Geoparques, como também o inventário dos geossítios que constituem uma porção do patrimônio geológico do Brasil. Além disso, são apresentadas outras vinte e oito propostas do Projeto Geoparques do Brasil, sendo que já foram avaliadas pela UNESCO ou estão em avaliação e ou programadas para serem avaliadas no futuro. Tais propostas são apresentadas na Figura 3 e em seguida apresentas por região na Figura 4.

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Figura 3 - Relação de propostas do Projeto Geoparques avaliadas, em avaliação e programadas

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Figura 4 - Mapa de localização das propostas avaliadas, em avaliação e programadas do Projeto Geoparques

Fonte: Ext raído de SCHOBBENHAUS & DE SILVA, (2012, p.18)

2.2.1 Geoparque do Araripe

A Chapada do Araripe possui nove geossítios (Figura 5), que conferem uma diversidade de paisagens e, consequentemente, de fauna e de flora. Sua cultura local, conhecida também como um centro da cultura popular nordestina Cearense, manifesta cantos, crenças e tradições únicas da região do Vale do Cariri. Existe também um forte encanto pelo calor humano que cativa as pessoas com a reciprocidade do carinho e acolhimento que os cidadãos Carirenses proporcionam ao visitante da região.

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FIGURA 5 - Chapada do Araripe e geosítios

Fonte : Extraído de Nascimento; Ruchkys e Mantesso-Neto, 2008, p. 46

Os interesses pela região do Araripe, conhecida como Vale Cariri, aguça a curiosidade dos visitantes de todo o Brasil, incluindo pesquisadores. Isso decorre por diversos aspectos, um deles é pela forte presença cultural tradicional típica do interior do nordeste e pela transformação social e econômica que a localidade oferece, além dos recursos naturais existentes na localidade.

A cidade mais populosa da região do Araripe é Juazeiro do Norte. Segundo o ultimo censo, a cidade possui população estimada em 274.207 habitantes para o ano de 2019 (IBGE, 2019). O Percentual das receitas oriundas de fontes externas chega a 75,6% (IBGE, 2015), podendo demonstrar a forte dependência da cidade com o turismo. Segundo Brule (2011), durante os meses de setembro a novembro a população de juazeiro pode chegar a duplicar devido ao forte turismo religioso ocasionado pelos romeiros de diversas partes do Brasil, principalmente do Estado de Alagoas, indo visitar a estátua do Padre Cícero e diversas igrejas da localidade.

Esse deslocamento pode construir um ambiente bastante abundoso e amistoso, propício para reflexões e questionamentos devido a interferência na vida das pessoas. De certa forma, as pessoas são comovidas pelas tradições, costumes locais, belezas naturais, religiosidades e pelas possibilidades de trabalho.

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O Geoparque do Araripe (Figura 6) está localizado na porção sul do estado do Ceará e entre os municípios de Juazeiro do Norte, Barbalha, Crato, Missão Velha, Santana do Cariri e Nova Olinda, sua área é de 3.796 km² que corresponde uma boa parte da Bacia Sedimentar do Araripe (VILAS-BOAS et al., 2012). Na figura 6, verificamos pela linha vermelha a delimitação do Geoparque do Araripe, sendo situado sobre uma parcela da Bacia do Araripe.

Figura 6 - Mapa da localização do Geoparque do Araripe delimitado com

linhamento em vermelho. Indicando os geossítios como pontos de interesse: 1)Colina do Horto; 2)Cachoeira de Missão velha; 3)Floresta Petrificada do Cariri; 4)Batateira; 5)Pedra Cariri; 6)Parques dos Pterossauros; 7) Riacho do Meio; 8) Ponte de pedra; 9)Pontal de Santa Cruz

Fonte : < http://geoparkararipe.urca.br/wp-content/uploads/2019/11/LIVRO-GEOPARK-ARARIPE-compactado.pdf> Acessado em 02 de julho de 2020

Entendemos que a localidade do Geoparque do Araripe como parte integrante da Bacia do Araripe é relevância para a compreensão da história geológica do Nordeste Brasileiro, localizada entre os Estados do Piauí, Pernambuco, Ceará e Paraíba (CHAGAS, 2006; VOLTANI, 2011). Reconhecida internacionalmente por sua importância paleontológica e histórica, os primeiros estudos na região foram feitos no

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século XIX, ainda durante o período imperial. Um extenso patrimônio paleontológico foi encontrado no local desde então, incluindo diversos grupos animais e vegetais. Essa grande diversificação deu-se pelas características ambientais favoráveis à manutenção da vida, bem como dos ciclos de deposição da Bacia, contribuindo para um registro fóssil excepcional e de forte valor científico (CARVALHO & SANTOS, 2005). A diversidade de formações geológicas foi um dos fatores que levou a UNESCO a reconhecer o Geoparque Araripe como primeiro e único integrante da Global Geopark Network - GGN), no Brasil, seja por seu valor histórico cultural e imaterial e ou pelos fatores da sua Geodiversidade que torna esse ambiente tão rico e exclusivo do mundo.

A Bacia do Araripe abriga um farto registro paleontológico, tanto de espécies de animais quanto de vegetais, tornando imprescindível a preservação da Bacia e do registro paleontológico da região. Como estratégia de preservação, foi desenvolvido pela Universidade Regional do Cariri (URCA) o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, abrigando uma extensa variedade de fósseis. Dentre eles estão diversas espécies de animais e vegetais, incluindo gigantescos troncos petrificados, consolidando como importante forma de resguardo dos principais registros fossilíferos do período do Cretáceo.

Dada a relevância paleontológica do G.A, a preocupação em proteger o patrimônio fóssil da região surge na década de 1970 devido à intensificação do comércio ilegal de fósseis (CARVALHO & SANTOS, 2005). Por iniciativa da Universidade Regional de Cariri , surgiu a ideia de criação do Geoparque Araripe.

De acordo com o site oficial do Geoparque3:

O Museu de Paleontologia da URCA foi fundado em 1985 e em 1991 ele foi doado para a Universidade Regional do Cariri, como parte de suas atividades voltadas a extensão. Com o objetivo de impulsionar trabalhos nas áreas de pesquisas voltadas para a paleontologia e divulgação da ciência, o museu oferece cursos, treinamentos, encontros, palestras, além de possuir um acervo bibliográfico específico, videoteca e recursos áudio visual.

3

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Após o inventário geológico e a articulação de parcerias para a realização de infraestrutura e de propostas de desenvolvimento sustentável junto à população, enviou-se o dossiê de candidatura à UNESCO em 2005, culminando no reconhecimento oficial do Geoparque em 2006 (OLIVEIRA, 2014).

Para Chagas (2006), o G.A também tem uma influência sobre a economia da localidade, pois esta caracteriza-se como uma barreira orográfica, que em conjunto com o reservatório de água formados pelos arenitos na porção superior influencia diretamente no clima da região. Por meio disso ocorre o abastecimento das fontes das bordas do G.A e principalmente aquelas voltadas para o vale do Cariri, tornando-o importante para o desenvolvimento populacional e agrícola do sul do Ceará.

Atualmente, o Geoparque conta com uma rede de parceiros que buscam aproximar a população das propostas de conservação do patrimônio geológico e paleontológico. Várias ações têm sido realizadas junto a crianças e jovens, desde atividades artísticas até projetos sobre recursos naturais realizados em parceria com as escolas e o Geoparque. Para Oliveira (2014) realizar essa articulação com a comunidade é um desafio constante, sendo que diversos projetos de articulação do território vêm sendo propostos. Nessa linha, nosso estudo apresenta uma proposta de aproximação do parque com a comunidade por meio de um diálogo entre passado e presente, utilizando o registro fóssil das angiospermas como forma de buscar a ligação afetiva da população com o conhecimento originado na região.

Entendemos que esses fatores valorizam a prática do Geoturismo ao passo que promove o desenvolvimento econômico da região, priorizando as atividades turísticas para os visitantes oriundos de outras regiões do país e do mundo, bem como, a promoção de atividades de labor para a população local. Nesse sentido, assumimos que deva ocorrer a valorização do Geoparque para a comunidade em seu entorno, não só como atração turística mas ressaltando a importância dos seus asp ectos culturais e educacionais.

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2.2.2 O registro fossilífero da região do Araripe

A importância geológica da Bacia do Araripe caracteriza-se por possuir registros fósseis desde a Era Paleozóica (VOLTANI, 2011) e período Siluriano (BARRETO et al. 2010) e com uma maior quantidade de registros fósseis no Cretáceo (VOLTANI, 2011). Em sua classificação, a Bacia do Araripe possui oito divisões (Figura 7) de formações definidas por formação Cariri, Brejo Santo, Missão Velha, Abaiara, Barbalha, Arapipina, Exu e Formação Santana (figura 3), está dividida em três membros: Crato, Ipubi e Romualdo (BEURLEN, 1962).

Essas divisões foram feitas por Beurlen em 1971, em que caracterizou o membro Crato como Inferior e constituinte de calcários laminados fossilíferos e siltitos laminados. O membro Ipubi fora classificado como intermediário, possuindo minerais evaporíticos e o membro Romualdo como superior com folhelhos, margas, calcíferas e siltitos (CHAGAS, 2006).

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Figura 7: Coluna estratigráfica

Fonte : < http://geoparkararipe.urca.br/wp-content/uploads/2019/11/LIVRO-GEOPARK-ARARIPE-compactado.pdf> Acessado em 02 de julho de 2020

A formação da Bacia do Araripe estaria ligada à formação do Atlântico Sul, constituídas por “meio-grábens assimétricos, separados por altos do embasamento e falhas” (CAMACHO, et al. 2017) e cujo tectonismo teria levado à formação de duas sub- Bacias, Feira Nova e Crato. A distribuição da sedimentação na Bacia ocorreu de forma que os sedimentos mais novos foram sendo depositados na direção da borda

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oeste, acompanhando o crescimento da Bacia (CARVALHO et al. 2012). Segundo os autores, as características de formação da Bacia propiciaram uma grande diversidade de materiais fósseis de diferentes momentos geológicos, sendo os mais antigos icnofósseis de invertebrados e vertebrados, localizados na Formação Cariri. E ainda, essa região apresenta- nos importantes fósseis de angiospermas que demonstram a evolução história e geológica da região.

2.3 JOGO COMO RECURSO DIDÁTICO

Neste trecho, abordaremos acerca do desenvolvimento de estratégias didáticas, especificamente o jogo como recurso didático. Ele ncaremos a fundamentação teórica que embasa o desenvolvimento e a utilização do jogo em sala de aula, bem como suas principais contribuições na educação em Geociências.

2.3.1 Jogo como forma de ampliar os conhecimentos

Sabemos que de forma mais ampla a característica essencial do jogo é a promoção do divertimento e do prazer por meio de características lúdicas (HUIZINGA, 1971). Cada jogo promove um espaço de criação cultural entre os sujeitos envolvidos (BROUGÈRE, 2015), ampliando a imaginação e a criatividade na atividade lúdica.

Ao ampliar a compreensão do jogo nos espaços educacionais, sejam eles formais ou não-formais de educação, percebemos o quão importante e valioso podem ser os jogos como recursos didáticos. Dessa forma, propomos o jogo "Detetive Paleontológico", como um aliado na promoção da aprendizagem de conhecimentos científicos por ser uma prática lúdica (CUNHA, 1988). O caráter pedagógico do jogo é entendido como ferramenta para promover a aprendizagem de novos conhecimentos e aprofundar naqueles que tiveram contato anteriormente, mediando as experiências dos alunos com a temática do jogo, bem como, poder promover a ação e reflexão do aluno. O jogo consolida-se como uma ferramenta relevante para a aprendizagem significativa, ao passo que promove meios distintos e alternativos de conhecimentos no âmbito da educação formal no processo de aprendizagem do educando (CAMPOS, et al. 2003).

Segundo Campos et al (2003), os jogos didáticos podem entrelaçar novos saberes para o aprendizado dos alunos, tornando-o, muitas vezes, um papel diferenciado

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e que podem complementar alguma lacuna que ocorreu durante todo o processo de aprendizagem dos conhecimentos. Campos, et al (2003) ainda esclarece que isso acontece devido à socialização dos conhecimentos prévios, como também na obtenção de novos conceitos para a formação de novos conhecimentos.

Nunes, et al. (2018), comenta que uma boa técnica para praticar as diversas habilidades e competências que os alunos necessitam atingir, é através de jogos didáticos, pois esses quando bem elaborados servem como um facilitador para alcançar a aprendizagem significativa tanto na Educação formal quanto para a não-formal. Um jogo didático pode estimular o lado cognitivo do educando por meio das diversas áreas do saber, estimulando a imaginação e os diversos sentidos do aluno para o conhecimento. Isso pode ocorrer em conjunto com o professor, num processo dialético em que professor e aluno aprendem juntos, desde o processo de criação à aplicação do jogo (NUNES, et al. 2018)

Zanon, et al. (2008) assume que o jogo pode desenvolver diversas habilidades e competências cognitivas necessárias para o processo de ensino e aprendizado como, por exemplo, a resolução de problemas, criatividade e raciocínio rápido. Outro ponto que consideramos de extrema relevância é o jogo como forma de promover a socialização em que por meio da convivência, interação e brincadeira. Os alunos adquirem e constroem o lado afetivo que o jogo proporciona, através das representações mentais e percepção das regras (ZANON et al, 2008). O jogo, portanto, pode ser um instrumento de trabalho educacional que possibilita desenvolver diversos aspectos dos sujeitos, desde o lado cognitivo e até mesmo a criatividade e motivação por determinado conteúdo científico.

Nesse sentido, os jogos podem ser facilitadores no processo de ensino e aprendizagem de temas considerados complexos. Por exemplo, Matos et al. (2015), aponta que os professores de ciências, normalmente evitam as aulas de Botânica. Isso, talvez, se deve pela insegurança sobre os determinados conteúdos ou nas dificuldades em desenvolver uma aula prática que possa ter a função de alcançar a realidade do educando. Em contrapartida, Kiya (2014) aponta que os professores alegam, em sua maioria, a falta de interesse dos alunos em apreender, apresentando dificuldades para que consigam fazer com que seus alunos despertem para o conhecimento e o gosto por estudar. A autora ainda apresenta como solução e alternativa para esses problemas a

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utilização de jogos didático, como uma estratégia que auxilia no ensino e aprendizagem dos alunos.

2.3.2 O jogo didático no ensino de Geociências

Partimos da ideia de que o jogo pode despertar o interesse do aluno pelo campo da educação das Geociências como, também, promover o primeiro contato com conhecimentos científicos pouco explorado e/ou observado por esse sujeito. Sendo assim, diante do caráter expressivo do jogo, entendemos q ue a elaboração desse recurso didático pode promover os primeiros contatos e reflexões pertinentes ao Geoparque do Araripe. Nesta pesquisa consideramos o jogo como excelente ferramenta para abordar, de forma lúdica, os fósseis do Geoparque do Araripe, enfatizando a relevância dos fósseis enquanto patrimônio cultural e social.

A elaboração de um jogo didático deve compreender elementos que possam desenvolver as suas competências, pensando a forma no qual o estudante relaciona-se e envolve-se na atividade lúdica, elabora e discute as ações, interpretam a temática do jogo e como é estimulado em diferentes aspectos. Sendo assim, o jogo didático tem como objetivo proporcionar aprendizagem por meio do lúdico, caracterizando-se como estratégia pedagógica para auxiliar no desempenho dos alunos em diversas disciplinas (CAMPOS, 2003). Consideramos que o termo jogo didático assemelha-se ao termo de jogo pedagógico apresentado por Kishimoto (1998) cujo entendimento refere-se ao objetivo central do jogo desenvolvido ser a função educativa, mas que deve relacionar a diversão e prazer ao mesmo tempo em que proporciona conhecimentos específicos como forma de ensino.

Nessa direção, entendemos que o jogo didático caracteriza-se como estratégia relevante para oferecer aos alunos abordagens e aprendizagns sobre o ensino de geociências. Dessa forma, consideramos que os conteúdos das áreas de ciências naturais provocam pouco interesse nos alunos, pois esses consideram conceitos de difícil compreensão, porém assumimos que o jogo contribui para despertar o interesse dos estudantes da Educação Básica pelo conhecimento científico (TEIXEIRA, et al., 2017).

Teixeira, et al. (2017) apresentam em seu artigo a carência de atividades lúdicas voltadas para o Ensino de Ciências e, especificamente, aos estudos de conceitos de Geociências na Educação Básica. Os autores apontam, a partir da categorização dos

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