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Eneagrama

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Capa e diagramação: Alexandre Brum Nova edição revisada

Quartet Editora

Rua São Francisco Xavier, 524 – Térreo 20550-900 – Rio de Janeiro/RJ Tel./Fax: (21) 2516-5353 glaucio@quartet.com.br www.quartet.com.br 2011 Impresso no Brasil

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Este livro é uma homenagem a Georges Ivanovich Gurdjieff, o homem que iniciou o resgate do Eneagrama para nosso tempo e dedicou sua vida ao desenvolvimento harmonioso do ser humano.

“Lembrem-se desses encontros e das observações que fizeram, porque é impossível estudar a ciência dos tipos a não ser encontrando tipos. Não há outro método. Tudo mais é imaginário.”

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Agradeço a todos aqueles que colaboraram na construção deste livro com seus depoimentos e vivências. Eles são a base desta obra e sem essa participação não valeria a pena tê-lo escrito.

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Introdução ao Eneagrama

O legado de Georges Ivanovich Gurdjieff . ...31 Algo sobre o valor objetivo de certos símbolos e as origens do Ene-agrama segundo Gurdjieff; Aplicação psicológica do EneEne-agrama nos ensinamentos de Gurdjieff; Os Três Grupos de Seres Humanos Básicos e os Quatro Grupos Superiores de Seres Humanos segundo Gurdjieff; A importância do estudo prático do Eneagrama para o auto-conhecimento; O Eneagrama dos nove Traços Principais; Definições de Gurdjieff para o estudo dos Traços Principais. Para além dos Nove Traços Principais. A questão dos “Eus”. O Eneagrama interior.

Parte I

Centro Físico ou Motor (Tipos 8, 9 e 1) . ...75

O Tipo 8: O eu que confronta . ...77 Então, vamos nos conhecer melhor ou não? O poder: a grande fascinação dos “guerreiros” do Eneagrama; Como e por que os Tipos 8 brigam desde cedo com “o mundo todo”; Para estar prote-gido do mundo, é necessário controlar tudo; Lealdade e proteção: algo valioso que se pode cobrar; Conquistando novos territórios... sem limites; O Traço Principal: o excesso e a luxúria aumentam a agressividade; Raiva e ação instintiva; A influência “negativa” dos parceiros eneagramáticos 7 e 9: gula e indolência; Insensibilidade e poder; Insensibilidade e violência: uma reflexão necessária; O Tipo 8 e o Tipo Intuitivo Extrovertido de Jung; Iniciando o processo de mudanças positivas; Desenvolvendo o positivo das influências 7 e 9; Observando os movimentos a favor e contra a seta (do 8 ao 5 e do 8 ao 2); Redescobrindo a simplicidade e a leveza da inocência: a virtude que conduz ao poder verdadeiro.

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preguiçosos? Esquecimento de Si Mesmo: eis causa do Traço Prin-cipal! Deixando de lado o mais importante; A dificuldade de estar presente; A questão do “território aberto” e “sem limites”; Iniciando o processo de mudanças positivas; Observando a raiva: a influência negativa dos parceiros 8 e 1; O negativo dos movimentos ao 6 e ao 3: reconhecendo o medo e a mentira; O Tipo 9 e o Tipo de Sensação introvertida de Jung; O positivo do movimento 9–6–3; A influência positiva dos parceiros 8 e 1; Lembrança de si mesmo: cultivando as virtudes do amor e da reta ação.

O Tipo 1: O eu que ordena . ...125 Ah, esses perfeitíssimos Tipos 1; O tipo1 e seu Traço Principal; Como surgiu sua máscara; O próprio “território”; O melhor modo de evitar as cobranças de perfeição; O surgimento da raiva e do ressentimento; Movimento em direção à angústia; rigidez interna/externa; A face oculta aparece; A divisão interna; Iniciando o processo de mudanças positivas; movimentos do 1 ao 4 e do 1 ao 7; 9 e 2: uma influência positiva ou negativa; O Tipo 1 eo Tipo de Pensamento Extrovertido de Jung; O cultivo da virtude e da serenidade.

Parte II

Centro Emocional (Tipos 2, 3 e 4) . ...153

O Tipo 2: O eu que ama . ...155

Existem seres mais amorosos que os Tipos 2? A sutileza do orgu-lho; A “Identificação” e o Traço Principal: “Ser para os outros” como manifestação do orgulho; “Ser para os outros” como consideração interna; Ah, esses importantes “outros”! A necessidade de atrair a

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a observação de si mesmo; Centrando-se na equanimidade do Ponto 4; 1 e 3: influências positivas e negativas; A humildade nos lembra nossa real importância.

O Tipo 3: O eu que compete . ...179

Aparentemente tudo está sempre bem com você, não? Como o aparente sucesso externo produz a falta da felicidade interna; Esquecendo as necessidades emocionais e sentindo-se superfi-cial; A “Identificação” e o Traço Principal – A vaidade é mentirosa; Aprendendo a mentir e a mentir-se; À procura da admiração e do reconhecimento alheios; Quanto mais vaidade mais narcisismo; As aparências enganam por isso o Tipo 3 gosta delas!; O Tipo 3 e o caráter mercantil de Fromm; O 3 como falso “exemplo” de vida certa; Procurando um “bode expiatório” para os fracassos; Para não ter a mesma sorte de Narciso; Iniciando o processo de mudanças positivas; Os movimentos no triângulo equilátero: verdadeiro sentir, verdadeira ação, verdadeira esperança; O que evitar e o que aprender com os parceiros 4 e 2; “A verdade os fará livres”: o desafio final.

O Tipo 4: O eu que idealiza . ...209 A dificuldade de ser feliz; Lembrando outros exemplos; A inveja que parece tristeza; O maravilhoso Krajcberg; A perda do para-íso; A insatisfação com o presente; Felicidade... só de longe, só desejada; A tristeza de não ser feliz no presente; O Tipo 4 e o Tipo Intuitivo Introvertido de Jung; Quando sofrer se transforma na arte de acabar com você; Iniciando o processo de mudanças positivas; A observação dos companheiros eneagramáticos 3 e 5; O negativo e o positivo dos movimentos aos Pontos 2 e 1; Trabalhando para conseguir ser equânime; Superando “o vício do sofrimento”; Aplique o conselho de Gurdjieff.

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O Tipo 5: O eu que pensa . ...241 Não quero invadir sua privacidade; A tendência ao isolamento ou a sutileza da avareza; Como surge o Traço Principal? O medo e as racionalizações (percebendo a dificuldade dos relacionamentos); Desconfiança demais! Somatizando o medo; Talvez “sumir do mapa” seja o mais correto! A tristeza de não poder sentir para não sofrer a tristeza de sentir; Uma boa desculpa: “antes só do que mal-acompanhado”; As armadilhas que separam os Tipos 5 da realidade; O Tipo 5 e o Tipo de Pensamento Introvertido de Jung;A perigosa invasão; Escrever é melhor que falar o que sinto; Iniciando o processo de mudanças positivas; Observando o negativo dos Pontos 4 e 6; As influências positivas dos pontos 4 e 6; Os movimentos 5 - 7 e 5 - 8; Enxergando a realidade tal qual ela é; O desapego: a virtude de ficar entregue; A diferença entre conhecimento vivo e conhecimento morto; A lição do geógrafo no Pequeno príncipe.

O Tipo 6: O eu que imagina . ...273

Medo: o Traço Principal, ou como uma espada pode virar uma ben-gala branca, segundo Woody Allen. Ambivalência: extrema covardia ou extrema ousadia; Os filhos do casal ambivalência-medo;O Tipo 6 e o Tipo de Sentimento Introvertido de Jung; Como surgiu o Traço Principal; Errar por medo do erro ou “Por que estão me castigan-do?”; O mundo oculto: motivo de rejeição e de atração; Iniciando o processo de mudanças positivas; Observando seus parceiros 5 e 7; Imaginação consciente: percebendo as “78 faces” da realida-de; Conquistando a virtude da coragem e desenvolvendo uma “fé consciente”; O valor da fé consciente.

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uma maneira de sentir liberdade; A decisão de ser um puer aeternus (eterna criança); Hedonismo ou como os Tipos 7 decidem não sofrer nunca; O Traço Principal – gula – e suas consequências;O Tipo 7 e o Tipo de Sensação Extrovertida de Jung; Uma mistura perigosa: gula e intemperança; A projeção para o futuro: os riscos do “sonhar acordado”; Iniciando o processo de mudanças positivas; Quando o movimento ao Ponto 1 aumenta seu narcisismo e excesso de autoconfiança; A necessidade de sentir-se “livre” e seus aspectos positivos e negativos; Seus parceiros 6 e 8 (tente pegar só o melhor deles!); Controlando o sentimento de “inferioridade”; Problemas com hierarquias e autoridades; Controlando a agressividade e a luxúria; Conquistando a virtude do equilíbrio; Relacionando liberdade e responsabilidade com o autoconhecimento.

Palavras Finais

O Eneagrama positivo e a possível evolução humana ...321

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Confesso-me honrado por receber do autor o pedido para escrever “um texto” para a reedição deste livro, o que faço com prazer. Ao mesmo tempo ainda me sinto surpreendidamente intrigado ao dar-me conta da sincronicidade da chegada do convite. Foi justamente quando eu aca-bava de reler a edição anterior, cujo exemplar ele me havia presenteado, com simpática dedicatória, quando nos conhecemos pessoalmente por ocasião do Io Congresso Brasileiro de Eneagrama, SãoPaulo/2006,

pro-movido pela IEA/Brasil – Associação Internacional de Eneagrama – da qual Khristian viria a ser presidente na gestão posterior. Daí para frente nos encontramos várias vezes e transformamos a empatia mútua inicial em consistentes laços de proximidade amiga, confiança, admiração e intercâmbio de ideais transformadores, visando melhorar a qualidade e o sentido da vida humana no planeta.

Para melhorar a qualidade de vida, faz-se necessária a elevação da consciência humana planetária cuja aceleração, já perceptível, se faz cada vez mais urgente e possível neste período de transição de milênios. Transição esta que coincide com o fechamento/abertura de ciclos de dimensões cósmicas, cujo alcance e consequências parecem estar muito além da possibilidade de compreensão da consciência ordinária que ainda prevalece entre os humanos. Daí a notória defasagem existente entre o vertiginoso avanço tecnológico da civilização atual globalizante e o baixíssimo nível de consciência coletiva e pessoal que permanece estagnada na dormência do esquecimento de quem somos, como somos, onde estamos, de onde viemos e para onde vamos.

A correria estressante do moderno jeito de “mal viver” trouxe em seu bojo o aumento da angústia, da violência, dos conflitos inter e in-trapessoais, da competição, do egoísmo, da perda de valores éticos e a consequente sensação incômoda de vazio existencial. Poucos indivíduos, em qualquer das camadas sociais, desde os mais ricos e sofisticados até o extremo oposto das camadas mais pobres, conseguem escapar da ar-madilha dos efeitos do “autoesquecimento” gerado pela engrenagem en-louquecedora que criou o estranho jeito de viver da civilização moderna

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Cada vez mais acentua-se o paradoxo que nos impede de gozar plenamente e com felicidade das conquistas crescentes da tecnologia altamente desenvolvida que, ao invés de bem-estar e melhor qualidade de vida, tem nos roubado de nós mesmos, sem nos deixar tempo nem motivação para nos dedicar ao desenvolvimento de nosso potencial humano e às inquietudes do espírito, ou da essência transcendente da vida que habita em nosso corpo. Cabe aqui uma paráfrase do que Ge-raldo Vandré denunciava em sua bela canção que continua tão viva hoje como quando foi criada nos idos anos sessenta. Refiro-me aos “indecisos cordões”, propensos a morrer sem ter vivido, ou “morrer pela pátria e viver sem razão”. Substitua-se a palavra “pátria” por civilização, trabalho, profissão, posse, dinheiro, consumo ou o que quer que seja, e mude-se o “viver sem razão” por vazio existencial, ausência de Ser, etc. e talvez sejamos capazes de escutar o chamado do refrão: “vem, vamos embora ...” que só labutar não é viver! “Quem sabe faz a hora” para se autoconhecer e cultivar seu próprio Ser.

A releitura da edição anterior me deu muito prazer, além de ampliar minha facilidade de compreensão do que já havia lido. Atribuo isto ao fato de ter conhecido o autor e interagido com ele, podendo perceber a profundidade de suas qualidades humanas, a solidez de seus conhecimen-tos e seu estilo de falar e comunicar-se. A leitura tornou-se então uma espécie de “conversa escrita” na qual Khristian permaneceu presente e inteiro, por seu estilo coloquial de escrever, ao mesmo tempo erudito e consistente, muito semelhante a seu jeito natural de falar. Entendi em seguida que na convergência de nossos pensamentos, pontos de vista, sonhos e esperanças, embora muitas razões pudessem ser comentadas, salientava-se uma que é suficiente em si mesma. É que, por muitos anos, ambos estivemos usando o Eneagrama como instrumento catalisador no caminho do autoconhecimento, e observado o efeito transformador que esta quase desconhecida e milenar sabedoria operava para melho-rar a qualidade de vida dos iniciados. Por certo que ambos sabíamos da existência um do outro, mas não nos conhecíamos, e nem estáva- mos conscientes da afinidade que permeava nosso jeito de trabalhar.

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esperança que nos fez preservar a pureza dos ensinamentos tal como haviam sido originados nos elos primordiais de sua origem secreta e de sua transmissão sutil através de milênios.

De minha parte, tive a sorte de receber ensinamentos diretamente de Claudio Naranjo, acompanhando-o muito de perto nos últimos trinta anos e reconhecendo-o como o legítimo elo atual da corrente de transmissão milenar desta sabedoria hermética que chegou ao Ociden-te primeiro através do trabalho de Gurdjieff na Europa e em seguida vetorizada por Oscar Ichazo, com grande impacto nas Américas. O bastão da maestria foi logo passado a Claudio Naranjo, um psiquiatra gestaltista, buscador e pesquisador incansável que desenvolveu e am-pliou pioneiramente e com brilhantismo ímpar aquilo que Ichazo havia introduzido em Arica, Chile apenas elementarmente no que se refere à aplicação do Eneagrama ao estudo da personalidade. Naranjo criou o que veio a ficar conhecido como Psicologia dos Eneatipos para a qual proveu ampla e completa descrição de toda a tipologia à qual Ichazo fez menção apenas dos seus fundamentos básicos nos tempos de Arica. Do massivo e ainda crescente interesse despertado pelo tema, que já dura quatro décadas, muitos nomes gabaritados foram se destacando em muitos lugares. Foge a meus propósitos contar aqui essa história, por isso não desenvolvo mais que este pequeno trecho. Sem deixar de dizer que embora Naranjo tenha feito reconhecimento público de que Oscar Ichazo foi sua “parteira espiritual” ele também afirma que no concernente ao Eneagrama como instrumento de estudo aplicável ao ser humano, foi pouquíssimo o que Ichazo lhe ensinou em comparação com tantas outras coisas que aprendeu dele. Desta forma, fica evidenciado que toda a descrição tipológica que viria circular em abundante número de livros, deve créditos a Naranjo, mesmo aqueles que não explicitam o devido reconhecimento.

Da parte de Khristian Paterhan C., por outro lado, o leitor verá neste livro a história contada por ele mesmo de como chegou ao Eneagrama. E reconheço-lhe o mérito da difícil tarefa que empreendeu com sucesso para extrair diretamente dos herméticos ensinamentos de Gurdjieff a base

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atipos foi de considerável ajuda para permitir-lhe entender as passagens habilmente disfarçadas e não sistemáticas de onde ele conseguiu extrair a mesma tipologia por meios tão originais. Tal reconhecimento apenas faz crescer minha admiração e respeito por sua integridade humilde e sincera, uma de suas notáveis qualidades humanas.

Imagino que o dito até aqui seja suficiente para justificar meu empe-nho para atender o pedido honroso que recebi do autor, e me dá opor-tunidade para acrescentar algo mais substancial sobre a convergência do trabalho que ambos viemos fazendo paralelamente ao longo de anos.

Só recentemente me dei conta que Khristian e eu fomos pioneiros da introdução do Eneagrama no Brasil, sem saber um do outro. Talvez tenhamos sido os dois primeiros, numa considerável sincronicidade e quase perfeita simultaneidade. Ambos começamos no início da década de oitenta. Ele desenvolvendo o que veio a ser seu prestigioso Instituto IDHI conforme menciona no livro, tornando-se uma referência nacio-nal confiável que tem ajudado a muita gente, com ênfase especial em sua atuação no meio empresarial por onde transita com desenvoltura profissional fluida e marcante.

Apenas um pouquinho antes (1984) eu tive a grata oportunidade de trazer Claudio Naranjo ao Brasil para um primeiro seminário longo. Daí para frente suas vindas anuais consecutivas, até hoje têm propiciado a um grande número de pessoas estudar o Eneagrama em profundidade e eu me tornei seu braço direito brasileiro na qualidade de discípulo e repre-sentante nacional. É disto que falarei em seguida. Aprendi diretamente dele tudo que pude absorver de nossa convivência estreita e colaboração longa e profícua. Dei alcance nacional a seu trabalho criando grupos de estudo de Eneagrama em muitas das principais cidades brasileiras. Criei o Instituto Eneasat do Brasil, um veículo administrativo para organizar e promover os ensinamentos da Escola SAT, sob a maestria de Naranjo, da qual passarei a falar na sequência.

A Escola SAT internacional não é uma instituição física/admi-nistrativa. Ela é a guardiã de um corpo de conhecimentos inserida nos moldes de uma Escola do Quarto Caminho que funciona à luz do

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para que a sabedoria do Eneagrama opere com mais inteireza e veloci-dade, maximizando seu potencial condutor do autoconhecimento levado a níveis ilimitados, pois ilimitado é o potencial de evolução possível ao ser humano que consiga alcançar a iluminação.

Os eventos através dos quais a Escola transmite seus ensinamentos consistem de módulos vivenciais periódicos e intensivos de imersão total. Em tal formato as obrigações mundanas do entorno sócio/ familiar/profissional, que todos temos que executar por razões de so-brevivência visando adequado grau de sucesso em nossas atividades regulares, podem ser realizadas sem interferir com a dedicação à busca das qualidades superiores de vida que são intrínsecas ao autoconheci-mento. Faz parte do aprendizado a necessidade de “aprender a apren-der”, expressão derivada de um aforismo da tradição eneagramática de linhagem Sufi que afirma que no caminho da evolução é preciso “aprender a estar no mundo sem ser do mundo”. Ou seja, estar to-talmente inserido e ter êxito nas responsabilidades mundanas, porém desapegadamente delas, conduzindo conscientemente o próprio destino independentemente das circunstâncias externas do entorno em que se vive. Portanto sem necessidade de renúncia ao mundo ou refúgio isolado com pretensos propósitos “espiritualizantes”. Talvez Gurdjieff estivesse inspirado nesta sintonia quando proferia algumas de suas afirmações chocantes, como por exemplo, “mosteiro não é refúgio de proteção para fracassados” ou ainda, a ênfase dada à necessidade de que o buscador da transcendência espiritual deveria ser primeiro um vencedor no mundo, capacitando-se para prover suas próprias neces-sidades mundanas com sobra suficiente para atender as necesneces-sidades básicas de pelo menos vinte pessoas mais.

A Escola SAT, moldada nos figurinos do Quarto Caminho intenciona propiciar o desenvolvimento harmônico do Ser integral, onde torna-se possível manter o equilíbrio da saúde corporal/emocional e simultane-amente cultivar-se e desenvolver a inteligência espiritual que é a meta principal que pode ser atingida no trabalho sobre si mesmo direcionado ao autoconhecimento.

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completo seria: Escola de Buscadores da Verdade – Teekers After Truth, no original inglês – cujas primeiras letras das três palavras formam a sigla que veio a ficar conhecida. Além da referência explícita a uma conhecida Ordem de linhagem Sufi ela contém outros significados relevantes.

O primeiro deles tem a ver com o prefixo sânscrito que antecede a trindade conhecida no hinduísmo como SaT – Chiti-Ananda, onde SAT tem o significado de existência absoluta, ou Ser Essencial Absoluto. Traduzindo-se para o contexto aportuguesado do autoconhecimento podemos então entender o significado da Escola como sendo uma escola do Ser, e/ou para o Ser, que contém uma proposta e uma oportunidade para o resgate do próprio Ser essencial que habita em todos nós. Por-tanto, está em consonância com mais uma das quatro recomendações da Unesco para orientar o conteúdo da educação moderna. Anteriormente já fizemos referência a “aprender a aprender”, que é outra das quatro recomendações atuais para serem ensinadas pela educação do século XXi. Talvez seja oportuno aqui mencionarmos as duas faltantes que são respectivamente “ensinar/aprender a fazer” e “ensinar/aprender a conviver”.

Uma delas (ensinar a fazer) é a única que em seu sentido convencional mais superficial é atendida, embora precariamente, pelo modelo educa-cional oficial da educação profissionalizante vigente entre nós. Ou seja, é certo que nosso sistema educacional se propõe ensinar a fazer, mas na prática está mais dedicado a transmitir informações para ensinar a passar em exames, até que o aluno consiga aprovar-se num certo número de provas suficientes para obter um diploma ou certificado profissional. Depois que consegue, podemos observar generalizadamente falando, que dificilmente alcança um estado de plenitude profissional onde sente que exerce sua vocação como expressão do seu Ser. É provável que viva enorme frustração ao dar-se conta que apenas venceu etapas necessárias à sobrevivência mundana e a intensidade do esforço continuado logo vai lhe custar a saúde e o sentido de viver. Mas ampliar a discussão disto foge ao escopo dos propósitos deste texto. O fazer prático, via de regra, tem que ser aprendido fora do contexto escolar e quase sempre

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com ou sem o respectivo diploma.

Entretanto, à luz das demais recomendações, parece óbvio que a Unesco pretende recomendar mais do que o significado profissio- nalizante do termo “fazer”. Basta lembrar certas afirmações de Gurd-jieff – também um Buscador da Verdade da Ordem Naquishbandi do Sufismo – para que se percebam os significados mais profundos desta recomendação. Ele afirma que o Homem, em seu estado ordinário de consciência não sabe fazer. Aliás, suas afirmações são mais radicais e pioram a situação, pois o que ele diz é que o Homem, em sua condição humana ordinária, é incapaz de realmente fazer qualquer coisa. Não sabe o que fazer pois foi condicionado apenas para reagir, tornando-se uma máquina automática e adormecida, e não ativa mas apenas reativa aos estímulos externos que não vem do núcleo do Eu superior. Uma pluralidade de pequenos “eus”, desconhecidos entre si, se alternam em sucessivos plantões que perpetuam o estado de sono da máquina huma-na ordinária, impedindo-a da habilidade de realmente fazer, o que só acontece quando os centros superiores do Eu estejam deliberadamente ativados. Ou seja, apenas quando o indivíduo se educa verdadeiramente até atingir um grau mínimo de consciência ativa ele se torna verdadei-ramente capaz de fazer por si próprio, cujo significado vai muito além da reatividade automática da dormência que caracteriza nossa condição humana “normal”. Estou aproveitando o livro de Khristian, tão soli-damente embasado nos ensinamentos de Gurdjieff, para atrever-me a mencionar este sentido mais profundo de “fazer”, pois em nossos bancos escolares seriam pouquíssimos os que talvez pudessem vislumbrar algum sentido no que acabei de escrever resumidamente. Declaro apenas, para completar, que esta conclusão vem da minha experiência como pro-fessor universitário. Penso, inclusive, que só uma pequena minoria de meus colegas professores estaria apta a compreender adequadamente o sentido deste parágrafo. A maioria, infelizmente, além da incapacidade de compreensão sequer teria interesse no tema e na forma que estou expondo. Não é à toa que Idris Shah, quando desistiu de seus grupos latino-americanos para os quais pretendia ensinar o Sufismo, afirmou

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A restante das quatro recomendações da Unesco refere-se a ensinar/ aprender a conviver de forma sadia. Mas como, dado que nosso siste-ma educacional incentiva a competição em graus altíssimos? Que dizer então do “bullying” e da violência que lastra nas escolas ocidentais em crescente e vertiginosa velocidade? Como alcançar um relacionamento pacífico e solidário entre os povos e nações, quando o próprio modelo educacional predominante prepara os jovens para o contrário disto? Nem as famílias, em larga extensão, são capazes de criar e incentivar valores de genuíno relacionamento pacífico e harmônico.

Que fazer, então? Certamente que esta pergunta não tem o mesmo significado da pergunta de Lenin na Rússia nos anos vinte do século passado. Nem sua resposta pode ser semelhante à que ele tentou. Mas, será que conseguiremos coletivamente sair deste labirinto abismal? Con-fesso que estou entre os que ainda não perderam a esperança, mas não vislumbro soluções fáceis. Por isso peço desculpas ao leitor por não me alongar mais na explicação dos outros significados aplicáveis à palavra SAT que dá nome a nossa Escola. Os que tiverem interesse podem en-contrar mais referências em outros livros meus, ou principalmente em vários dos muitos livros de Claudio Naranjo. Mais informações podem também ser encontradas no site da Fundação Cláudio Naranjo (www. fundacionclaudionaranjo.com) ou mesmo no site do Instituto EneaSat (www.eneasat.com.br).

Prefiro dedicar as linhas seguintes para tratar de aspectos mais subs-tanciais das atividades da Escola. Ao reconhecer que pertenço ao grupo dos que ainda não perderam a esperança, devo acrescentar que atribuo isso ao SAT. Os mais de trinta anos de exposição aos ensinamentos de Naranjo e as décadas de dedicação à Escola são os pilares onde minha esperança se afirma. Também não perdi o entusiasmo, entendido em seu significado etimológico mais remoto = “estar com Deus dentro”.

Ao longo dos setenta anos de minha vida o mundo deu muitas voltas e me fez passar por muitas curvas. Mas ambos, esperança e entusiasmo, permaneceram quase juvenis. Como nos tempos de estudante quando enfrentamos a ditadura militar mergulhados nos filões do marxismo.

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fui estudar na Inglaterra, ajudei a engrossar os cordões que sonhavam com os nobres ideais da frustrada Revolução Universitária, começada na França em maio de 1968 e rapidamente espalhada pelo mundo. Vejo hoje que a alternativa de ir estudar na Europa foi um presente que a vida me deu para não ter morrido ao lado de Che Guevara na aventura da Bolívia. Quase fui, se não tivesse “amarelado” na hora “H” decisiva de comprometer-me com a viagem acabaria sem volta.

Que os três parágrafos anteriores sirvam para a compreensão de um aspecto da Escola que introduzirei agora. Tem a ver com minhas inquietudes a respeito da educação atual e com a vontade de contribuir para mudar o mundo. São duas das sementinhas que ainda permanecem hibernadas bem no âmago de meu Ser.

A Escola SAT tem múltiplas vertentes, todas permeadas por um fio condutor invisível que os une. Por isso afirmo que nossos eventos acontecem sob a Luz da sabedoria guardada no Eneagrama.

Mencionarei apenas uma das vertentes. É a que vem ganhando corpo ao longo da última década. Ao público foi apresentada primeiramente por sucessivas conferências de Naranjo em muitos lugares, inclusive na UnB, acho que em 1998/99 com o título: “Uma Nova Educação Verda-deira para o Século Vinte e Um”. Em seguida viria seu livro, Mudar a

Educação para Mudar o Mundo, traduzido e publicado em português

pela editora Esfera, de São Paulo. Nasceu de uma experiência piloto que fizemos no Chile, em três módulos, durante o primeiro governo demo-crático que sucedeu a longa ditadura militar que derrubou o governo democrático e socialista do Presidente Allende. Reunimos professores universitários representantes de todas as universidades públicas chilenas selecionados e auspiciados pelo Ministério da Educação local.

A semente germinou em alguns países dos quais não falarei aqui. Atenho-me apenas ao Brasil. Coube a mim, em 2007/2008 implantar na capital de Rondônia um Projeto Piloto, também de três módulos, para cerca de 80 professores de educação primária e média selecionados e financiados pela prefeitura de Porto Velho, através de sua Secreta- ria Municipal de Educação (SEMED). Dirigi, como representante de

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de cada módulo. O relatório da experiência completa transformou-se num pequeno livro publicado pelo Instituto Eneasat com o título: SAT

na Educação – a experiência pioneira dos professores de Porto Velho e a humanização da educação. Foi uma experiência muito exitosa,

em-balada no sonho de humanizar os educadores para que humanizem a educação, pelo menos no entorno individual onde cada um atua. Fomos movidos pela certeza de que podemos (e devemos) ajudar a formar os formadores das novas gerações. Aliás, esta é uma das afirmações sempre presente nos projetos nascidos na vertente que tem ficado conhecida como SAT-Educação, ou SAT-educ, em vários países e lugares.

Uma experiência puxa outras e assim o SAT tem avançado na educa-ção, embora em ritmo mais lento que o desejável e necessário. A situa-ção calamitosa da educasitua-ção oficial tem crescido em ondas gigantes que prenunciam tissunames globais iminentes. Temos que sair fora dos mo-delos oficiais da “deseducação” acumuladora de informações, se nosso propósito é salvar os contingentes juvenis cujos sonhos foram reduzidos ao pesadelo de ter que ser aprovado no exame vestibular para poder conquistar um título profissional que lhe dê a ilusão de haver conquis-tado um lugar ao sol. Sol escaldante, inóspito e desértico de conteúdos humanizadores. Este é o resumo da situação prevalecente, embora os arautos das políticas e reformas “educacionais” sigam batendo na mesma tecla falida. Parecem ter uma obsessão quantitativa apoiada apenas em números estatísticos. De qualidade nada entendem, nem parecem inte-ressados. Por isso insistem em dar mais do mesmo, sem sequer perceber a infecção epidêmica intrínseca ao modelo que continuam defendendo, aplicando e fingindo que querem reformar apenas retocando curriculum e aumentando a informação. Nem se dão conta que hoje esta já está amplamente disponível na internet. O que realmente estão aumentando é a quantidade de analfabetos funcionais, que saem alfabetizados das escolas mas não sabem ler. Todos intoxicados pelo acúmulo da ingestão forçada de “mais do mesmo” indigerível e inabsorvível. O que a educação realmente precisa, além da quantidade numérica não é de reformas, mas sim de uma radical mudança de parâmetros.

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ver, harmonia pacífica nos relacionamentos, afetividade, intimidade confiante? Nada disso importa, pensam os políticos e os burocratas educacionais. Pensam que seria um luxo afrontante num país que se-quer tem escolas em quantidade suficiente. Portanto, há que investir recursos no básico e assim poder exibir números e estatísticas só de melhoras quantitativas. Como não sabem (ou não se interessam?) medir a qualidade, então tratam de vender a ilusão de que estão empenhados em melhorar o ruim. Não percebem (ou não querem perceber?) que o ruim já ultrapassou o péssimo, sem volta atrás. Tentar melhorar o ruim receitando mais do mesmo que está produzindo o mal só pode empurrar o que está mal para o péssimo. Qual será o nível seguinte? Será que alguém que tenha poder de decisão se interessaria em mudar os parâmetros educacionais para propor, por exemplo, a mudança na ênfase dada à medição do PIB (Produto Interno Bruto) por, digamos, FIT (felicidade interna total)? Ou IRC (índice de renda per capita) por IFP (índice de felicidade pessoal)? Parece que estamos longe de tais inquietudes, que são ausentes na cabeça dos poderosos e dos burocratas.

O conteúdo intrínseco da escola SAT, em qualquer de suas vertentes, é a Reeducação Permanente integral e humanizadora. Há umas quatro décadas a Unesco já sinalizava nesta direção. Só mais recentemente, en-tretanto, com as quatro recomendações, que comentamos, os caminhos foram alargados e pavimentados. Fora do sistema oficial dominante, sobretudo nas chamadas vias alternativas ou nas Escolas do Quarto caminho é que multidões crescentes buscam direcionamentos para encon-trar e percorrer as trilhas rumo ao novo e ao desconhecido. A maioria, entretanto, ainda se ilude e pensa que está percorrendo os trilhos soli-damente construídos de uma ferrovia imaginária. Embora estressados, famintos e sedentos, marcham com determinação e esforço admiráveis, conduzidos por miragens alucinantes que aparecem sempre um pouqui-nho à frente. Que acontecerá quando perceberem, massivamente, que a estrada solidamente construída que estão tentando percorrer os está levando do nada a lugar nenhum?

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tenha tido ao ler tudo que escrevi nas páginas anteriores. Esperando que você tenha gostado, então vou lhe dar uma dica secreta, pois sei que todo mundo gosta de segredos, principalmente quando os tornam públicos, fingindo guardá-los.

Meu segredo é o seguinte. No livro que você tem em mãos, você en-contrará tudo o que escrevi aqui e muito mais. Melhor ainda, o livro está bem escrito e é sumamente consistente. Espero que além de divertir com o estilo peculiar e cativante de Khristian Paterhan C., você se abra aos grandes segredos embutidos no tema desenvolvido tão magistralmente por ele. Mais ainda, que você se motive o suficiente para participar vi-vencialmente dos eventos periodicamente disponíveis que lhe conduzirão da simples compreensão teórica a níveis inimagináveis de compreensão interna transformadora. Compartilho com Khristian principalmente desta intenção de usar o Eneagrama como poderoso instrumento de verdadeira transformação, individual e coletiva. Que você faça bom proveito do que este livro lhe dirá, são meus genuínos desejos.

* Sociólogo e professor adjunto da Universidade de Brasília – UnB. Foi funcionário internacional das Nações Unidas, lotado na CEPAL, em Santiago, Chile, e no ILPES, no México. Assessor da OECD, em Paris. “Visiting Scholar” no Peace Research Institute, Oslo, Noruega, 1968, com publicações em revistas locais especializadas.

Introduziu o estudo da Psicologia dos Eneatipos no Brasil no princípio dos anos 80. Discípulo de Claudio Naranjo desde então. Ensina à luz do Eneagrama nas principais capitais brasileiras desde 1992. Já ministrou cursos na Austrália, Chile, México, Colômbia e Itália e participou de Congressos Internacionais na Espanha, França e Estados Unidos. Membro da equipe internacional de terapeutas da Escola SAT, organiza e coordena suas atividades no Brasil como representante de Claudio Naranjo. Fundador e diretor do Ins-tituto EneaSAT do Brasil é membro fundador e Presidente da IEA Brasil - International Enneagram Association.

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Antes de ensinar como utilizar melhor este livro devo advertir que, para compreender realmente o Eneagrama, não basta ler um ou vá-rios livros sobre o assunto. É fundamental participar de um ou vává-rios

workshops vivenciais, compartilhar e trocar experiências com pessoas

que possuam o mesmo Traço Principal (Tipo), ouvir o que pessoas com outros Tipos/Traços Principais dizem a respeito de si mesmas.

Sem vivência é impossível sentir e compreender toda a força e sabe-doria que esta ferramenta possui.

Se você está lendo sobre o assunto pela primeira vez, aconselho ler este livro da seguinte maneira:

1. Faça o Teste Simplificado disponível no site da Escola de Eneagrama, ou copie este link no seu browser: http://www.escolaeneagrama.com.br/ view/teste-de-eneagrama/

O resultado do Teste permitirá que você tenha uma visão inicial e básica do seu Tipo de Personalidade Eneagramático Principal que será aquele com maior número de respostas afirmativas. Quanto mais você for sincero(a) e honesto (a) nas suas respostas, mais serão as probabilidades de identificar rapidamente seu Traço ou Tipo de Personalidade Principal. Lembre-se de que dessa atitude depende que o Eneagrama se transforme em um “aliado” da sua evolução e crescimento pessoal e profissional. 2. Leia neste livro as descrições, depoimentos e orientações relaciona- das ao Tipo de Personalidade Eneagramático identificado. Caso tenha dúvidas entre dois Tipos, leia as descrições de ambos.

É muito provável que após a leitura desses Tipos escolhidos, você terá mais certeza sobre qual é o seu Traço ou Tipo Principal. Reflita sobre

seu Tipo e decida o que, em seu caso, você deveria começar a trabalhar

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Os Tipos de Personalidade Eneagramáticos estão agrupados de acor-do com o Centro ao qual pertencem, ou seja: os Tipos 8, 9 e 1 (Grupo de Seres Humanos cuja vida psíquica está relacionada com o Centro do Movimento ou Centro Físico); os Tipos 2, 3 e 4 (Grupo de Seres Humanos cuja vida psíquica esta relacionada com o Centro Emo cional) e os Tipos 5, 6 e 7 (Grupo de Seres Humanos cuja vida psíquica está relacionada com o Centro Intelectual).

3. Leia os Tipos que acompanham seu Tipo Principal-chamados de “asas”, “braços” ou “companheiros eneagramáticos”. Por exemplo, se você é um Tipo 3, leia as características dos Tipos 2 e 4 e veja como elas o influenciam. Se você é um Tipo 5, leia os Tipos 4 e 6 e assim por diante.

4. Leia as características dos Tipos relacionados com seus movimentos imediatos no Eneagrama. Por exemplo, se você é Tipo 5, o “movi- mento a favor da seta” é para Ponto 7 e o movimento contra a seta é para Ponto 8 do Eneagrama. Leia e reflita nestes Tipos Eneagramáti- cos e tente observar como se dá em você a influência deles, tanto positiva como negativamente.

5. Estude todos os Tipos. Lembre-se que no seu mundo interior estão todos os Nove “eus” eneagramáticos e que você deve conhecer cada um deles profundamente para torna-lhos seus aliados. Verifique que aspectos negativos dos outros Tipos se dão em você e quais aspectos positivos você deveria imitar e /ou fortalecer.

6. Inicie a Observação e Lembrança de si mesmo.

Lembre-se de que você não é a máscara (personalidade) e que pode aprimorar-se, aperfeiçoar-se e ser cada dia melhor como ser humano. 7. Comece a pôr em prática o Eneagrama. Participe de nossos treina- mentos, seminários e workshops vivenciais sobre este assunto. Pouco

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a pouco, com a prática você poderá identificar os Tipos Eneagramá- ticos de seus clientes, colegas de trabalho, amigos e parentes. Sua capacidade de comunicação interpessoal vai melhorar porque você será capaz de compreender como os “outros” interpretam a realida- de. Aprenda a tratar cada Tipo segundo suas características tipo- lógicas, despertando e estimulando o melhor de cada um e de cada situação.

8. Aprenda em nossos workshops e treinamentos como aplicar o Enea- grama nos seus negócios e/ou relacionamentos profissionais, pratican- do o melhor modo de se relacionar e negociar com cada tipo, anali- sando quais os aspectos positivos e negativos de cada um e geran- do uma comunicação mais produtiva. Lembre-se de que cada Tipo Eneagramático observa o mundo de um ângulo diferente. Aprenda a perceber quais as motivações de cada Tipo. Argumente de acordo com essas motivações e melhore seus relacionamentos pessoais, profissio- nais e comerciais.

Se você é empresário e deseja fazer um treinamento específico com os seus colaboradores, leia o Portfólio e depoimentos de clientes disponível no site: http://www.escolaeneagrama.com.br/view/home/

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(o homem que trouxe o Eneagrama para o Ocidente)

Esta introdução foi escrita para aqueles que desejam aprofundar nas origens filosóficas do Eneagrama. Caso você deseje, leia após ter feito o Teste Simplificado e/ou terminado a leitura do seu Tipo de Per-sonalidade.

Hoje em dia podemos afirmar que Georges Ivanovich Gurdjieff (1872-1949), criador do sistema de desenvolvimento humano conhecido internacionalmente como Quarto Caminho, foi um dos mais notáveis transpessoalistas modernos. Sua obra que, como alguém acertadamente escreveu, somente por ignorância é colocada nas prateleiras das cha-madas “obras esotéricas” (as quais ele sempre desprezou, advertindo sobre seus perigos e extravagâncias), se mostra, a cada ano que passa, mais atual e exata. Os livros que ele escreveu guardam, para quem os estuda, reflete e pratica, preciosos tesouros, frutos de uma das sínteses mais valiosas do conhecimento psicofilosófico do Oriente e do Ocidente. Não vou fazer aqui um resumo da sua biografia, nem escrever sobre o que já está escrito em centenas de livros e comentários, alguns dos quais traduzidos para o português e que cito na bibliografia.

O legado de G. I. Gurdjieff é hoje um dos mais importantes, espe-cialmente neste momento em que a humanidade precisa dar um “salto quântico” no seu desenvolvimento como espécie.

Foi ele quem trouxe ao conhecimento do Ocidente, há mais de 80 anos, a existência do Eneagrama, milenar símbolo-síntese criado por sábios de uma época esquecida na qual as ciências exatas e a “psicologia da possível evolução humana”, como a chamava Piotr Demianovich Ouspensky, um de seus mais notáveis discípulos, estavam ligadas.

Quem deseje conhecer e praticar a filosofia de vida ensinada por Gurdjieff e contida no Eneagrama, pode estabelecer contato com

a Escola de Eneagrama “Khristian Paterhan C.”, e/ou pesquisar

sobre outros grupos de trabalho de Quarto Caminho no Brasil e no mundo.

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Gurdjieff foi um profundo conhecedor das psicofilosofias e tradições antigas, e teve acesso, por meio de uma misteriosa ordem secreta cha-mada Sarmung, aos “fragmentos de um ensinamento desconhecido” (P.D.Ouspensky), cujas origens se perdem na noite dos tempos e se ligam com a extraordinária cultura sumério-babilônica, hoje reconhecida pelos historiadores como uma das mais avançadas da Antiguidade em termos culturais e científicos. Atualmente seus ensinamentos deveriam ser tratados com “espírito científico”, já que estamos em condições cul-turais de completar e compreender – para benefício da nossa espécie e graças aos níveis que temos atingido nos campos das ciências humanas e exatas – esse “quebra-cabeça” do conhecimento humano, do qual ele nos deixou tantos e valiosos “fragmentos”.

Com efeito, Gurdjieff afirmava que existiu, num remoto passado, um “Grande Conhecimento”, do qual faziam parte todas as ciências, artes e filosofias e de cuja existência pouco ficou registrado na história escrita da humanidade. O Eneagrama, segundo ele, fazia parte desse “Grande Conhecimento” que unificava todas as coisas.

Com o intuito de promover maiores níveis de consciência entre os seres humanos e tendo como objetivo incentivar “a unidade de todas as coisas”, Gurdjieff fundou na França, em 1922, o Instituto para o De-senvolvimento Harmonioso do Ser Humano, mediante o qual atualizou parte desses antigos ensinamentos.

Sua obra atraiu importantes personagens de todas as áreas do co-nhecimento humano, muitos dos quais inspirados pelos ensinamentos que revelou de uma forma incomum, os incorporaram às suas áreas de atuação profissional com excelentes e notáveis resultados.

Seu trabalho foi pioneiro no sentido de demonstrar objetivamente que existem níveis de consciência passíveis de serem desenvolvidos mediante práticas exatas. Muitos anos antes que se falasse sobre temas como “ecologia”, “psicossomática”, “relatividade”, “inteligência emo-cional”, “holismo”, “psicologia transpessoal” e outros assuntos que hoje se abordam cada vez com mais facilidade e objetividade, graças aos avanços das ciências, Gurdjieff já os tratava com uma profundidade que se mostra cada vez mais exata e completa.

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Tive o privilégio de conhecer sua proposta e o Eneagrama na déca-da de 80, no meu país, Chile, por meio de pessoas muito especiais que desejam permanecer no anonimato.

Desde então, nunca parei de pesquisar, trabalhar e difundir o legado deste homem notável e faço isso como ele ensinou, para pagar parte da minha “divida com a existência”.

Foi justamente com o objetivo de divulgar e dar um enfoque mais abrangente das ideias de Gurdjieff e da sua relação com outras linhas filosóficas do Oriente Antigo,1 que fundei em 1986 o Instituto para el Desarrollo Humano Integral, IDHI®, no Chile. Seis anos depois (1992) refundei-o aqui no Brasil, com o apoio de amigos muito especiais, alunos e discípulos. As atividades do IDHI® foram encerradas no ano 2005, para dar inicio a uma nova fase de trabalhos a través da atual Escola de Eneagrama “Khristian Paterhan” www.escolaeneagrama.com.br

e da minha empresa a “Upgrade Nine-Consultoria e Treinamento de Pessoal Ltda.”, “instrumentos” através dos quais possibilito o trabalho

de desenvolvimento humano, tanto pessoal quanto profissional, de todos aqueles que almejam o autoconhecimento e a realização integral como seres humanos.

Devo advertir que o Eneagrama não está atrelado a qualquer “tra-dição mística” nem é “propriedade” de qualquer escola ou instituição conhecida na atualidade. Sua natureza em termos de exatidão e objeti-vidade é única, e já se tem realizado estudos, teses e pesquisas empíricas, algumas das quais disponíveis na internet.

Nas últimas décadas, o trabalho de Gurdjieff sofreu ataques de setores interessados em provocar o “esquecimento” da sua obra, assim

1 As quais tive a oportunidade de aprender vivencialmente desde os 15 anos de idade Entre elas a Filosofia Vedanta Advaita, uma das principais linhas filosóficas da India, o Budismo, sistema psicofilosófico pelo qual Gurdjieff tinha uma especial simpatia, e o Hermetismo, filosofia milenar de origem egípcia, especialmente difundida na Europa durante a Idade Média e cujas origens estão relacionadas com as lendas ancestrais de Thot-Hermes.

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como em diminuir sua importância especialmente no que se refere aos seus conhecimentos sobre o Eneagrama. Não me parece estranho que se tenha combatido tanto o “sistema” de Gurdjieff nem que se tenham feito tantos esforços para desacreditá-lo, porque estas são as maneiras mais comuns de se tratar os grandes mestres e gênios.

Esses mesmos setores não podem evitar que os ensinamentos de Gurdjieff se tornem cada vez mais conhecidos e aplicados em diversos campos da atividade humana e no mundo todo. Um desses setores tentou – e ainda tenta – provar que Gurdjieff não teria ensinado as aplicações psicológicas do Eneagrama. Porém, uma análise fria e serena da sua obra pode demonstrar que ele não somente conhecia suas aplicações psicológicas profundamente, como também as utilizava para explicar outros fenômenos universais com total mestria, como o demonstra nos seu livro Relatos de Belzebu a seu neto, obra já traduzida para o portu-guês. Demonstrarei isto nesta introdução ao tema.

É importante advertir também que ninguém pode se atribuir a “inven-ção” do Eneagrama como ferramenta de desenvolvimento humano. Do mesmo modo que dizemos que Pitágoras “criou” “seu” famoso teorema e ficamos muito tranquilos sem perceber que estamos demonstrando uma tremenda ignorância, já que ele não criou esse teorema, apenas o “herdou” de pessoas que sabiam e o tinham conservado (dados sobre esse teorema existem na China muito antes de Pitágoras existir), assim também acontece com o Eneagrama cujos verdadeiros criadores são desconhecidos, calculando-se que exista, segundo o pesquisador J. G. Bennet,2 há uns 4. 500 anos ou mais.

Pela mesma razão, é importante cuidar para que este “patrimônio” científico-cultural da humanidade não seja “propriedade intelectual” de ninguém e sim um meio de desenvolvimento e unificação das ciências, artes e filosofias.

2 J.G.Bennet foi um notável discípulo de Gurdjieff nos Estados Unidos. Escreveu várias obras sobre o sistema filosófico conhecido como “Quarto Caminho” e uma sobre o Eneagrama, publicada no Brasil pela Editora Pensamento sob o título: O Eneagrama:

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Sobre a importante contribuição e atualização do Eneagrama, realizadas por Oscar Ichazo e Claudio Naranjo

Não posso deixar de mencionar aqui a importância da atualização e sistematização do Eneagrama feita pelo sábio boliviano, Dr. Oscar Icha-zo, e, especialmente as realizadas pelo internacionalmente prestigiado psiquiatra e escritor chileno, Dr. Claudio Naranjo, cuja contribuição e descrições dos Nove Eneatipos foi fundamental para que eu pudesse reconhecer os mesmos nos textos de Gurdjieff.

No Congresso de Eneagrama realizado em 2010 em Fortaleza e organizado pela International Enneagram Association - IEA do Brasil, no qual Naranjo recebeu uma merecida homenagem e reconhecimento público pela sua contribuição e obra com relação ao Eneagrama, tive a oportunidade de conversar com ele sobre minha defesa e argumentos de que Gurdjieff conhecia sim a “tipologia eneagramática”, fato que demonstrarei na continuação desta introdução. Aceitando meus argu-mentos, Claudio me disse: “Porém, você não haveria descoberto isso

sem a ajuda das minhas definições (dos Nove Tipos)”.

É isto é verdade! Foi a partir do seu notável trabalho e das descobertas de Ichazo, no inicio dos anos 70, no meu país, Chile, que muitos outros pesquisadores e estudiosos do comportamento humano, eu incluído, iniciaríamos importantes e valiosos estudos sobre o tema Eneagrama, um tema que está longe de ser esgotado quando se compreende que este símbolo milenar supera os limites de uma simples tipologia psicológica. Alguns desses estudos, trabalhos e obras já estão traduzidos para o português e são citados na bibliografia complementar.

Algo sobre o valor objetivo de certos símbolos e as origens do Eneagrama, segundo G. I. Gurdjieff

Gostaria, antes de começar, transcrever aqui algumas palavras de P. D. Ouspensky com as quais me identifico plenamente e que foram ditas por ele no início de uma série de palestras sobre o sistema do Quarto

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Caminho, as quais ficaram reunidas num volume que leva o mesmo título.

Ele declarou:

“Antes de começar a explicar-lhes de um modo geral sobre o que trata este sistema, e de falar sobre nossos métodos, quero gravar parti-cularmente nas suas mentes que as ideias e princípios mais importantes do sistema não me pertencem. Isto é o que os faz valiosos, porque, se me pertencessem, seriam como todas as outras teorias inventadas pelas mentes correntes: somente dariam uma visão subjetiva das coisas.”

Espero que o leitor, a partir de agora, lembre constantemente este importante esclarecimento.

No Capítulo XIV do livro Fragmentos de um ensinamento

desco-nhecido, Ouspensky nos revela, baseado em sua notável memória e em

notas tomadas durante encontros com Gurdjieff, as milenares origens do Eneagrama. Vou tentar sintetizar ao máximo o texto, citando apenas o necessário para o objetivo desta obra.

Primeiramente, Ouspensky nos lembra que Gurdjieff costumava falar de uma antiga “Ciência Objetiva” que não se baseava nos dados e experiências produtos de “estados subjetivos de consciência” e que

teria existido na terra há milhares de anos, fruto da experiência de seres altamente evoluídos.3 Esta “Ciência Objetiva” teria como uma de suas idéias centrais “a unidade de todas as coisas, a unidade na diversidade”. Os sábios que compreenderam a importância e profundidade destas ideias perceberam que a transmissão e conservação das descobertas feitas graças a esta “Ciência Objetiva” implicavam um grande esforço

3 Inspirado nesses e outros dados e nos Relatos de Belzebu a seu neto de Gurdjieff, escrevi

uma obra de ficção que trata, dentre outras coisas, da provável origem extra-terrestre do Eneagrama, que foi publicada sob o título “Apocalipse 21: Uma Visão do Bem Que Está Por Vir” (Quartet Editora).

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de síntese para conseguir preservá-las e transmiti-las às gerações futuras. Pensaram, então, num meio exato para atingir este importante objetivo. Descobrir esse meio deu, com certeza, muito trabalho a estes sábios, porque na “ciência objetiva, inclusive a ideia de unidade, só pertence à consciência objetiva”, nível no qual a realidade é observada tal qual

ela é e que, obviamente, não é um estado habitual entre nós.

Com efeito, Gurdjieff ensinava que esta nossa incapacidade de ob-servar a realidade tal qual ela é se devia ao fato de que grande parte da nossa existência, ou quase toda ela, vivemos num estado de “sono e sonho” ou “estado de consciência subjetiva” no qual é impossível “observar” e muito menos “sentir” a realidade tal qual ela é. Por esta razão, é extremamente difícil perceber essa “unidade de todas as coisas”, quando se está habituado a acreditar num “mundo fragmentado” e di-vidido em “milhões de fenômenos separados e sem ligação”, ainda que intelectualmente até “entendamos” que “algo” unifica tudo. Sabemos que, com efeito, o fato de não compreendermos esta unidade intrínseca de todas as coisas, é uma das principais causas da perigosa situação que temos provocado no equilíbrio ecológico do planeta, a razão dos ódios raciais, das injustiças sociais, dos conflitos e separatismos religiosos e políticos e de tantos outros nefastos efeitos produtos do que Buda cha-mou, “sentimento de separatividade” que afeta a psique humana.

Cientes destas nossas limitações, estes sábios decidiram que o único meio de transmitir seus conhecimentos objetivos era utilizando, entre outros recursos, símbolos especiais, os quais conteriam, graças a uma síntese matemático-psicológica exata, os principais dados dessa “Ciência Objetiva”. Ou seja, eles poderiam ser resgatados no futuro por aqueles que trabalhassem profunda e seriamente para conhecerem a si mesmos além das suas subjetivas e limitadas personalidades. Esta previsão foi acertada e, por esta razão, novamente o Eneagrama foi atualizado con-servando sua extraordinária exatidão matemática, cuja origem exata continua sendo ainda um mistério.

Os símbolos aos quais se referia Gurdjieff, “continham os diagramas

das leis fundamentais do universo e transmitiam não só a própria ciência, mas mostravam igualmente o caminho para chegar a ela. O estudo dos

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símbolos, da sua estrutura e significação, era parte muito importante dessa necessária preparação sem a qual não é possível receber a ciência objetiva, e era uma prova do porque uma compreensão literal ou formal dos símbolos se opõe à aquisição de qualquer conhecimento ulterior.

Os símbolos eram divididos em fundamentais e secundários; os pri-meiros compreendiam os princípios dos diferentes ramos da ciência; os segundos exprimiam a natureza essencial dos fenômenos em sua relação com a unidade.”

Entre as leis fundamentais sintetizadas nesses símbolos que “ex-primiam a natureza essencial dos fenômenos em sua relação com a unidade”, duas são de fundamental importância para compreender os ensinamentos de Gurdjieff: a “Lei de Três” e a “Lei de Sete”, conhecida também como “Lei de Oitava” por sua relação com a escala musical

e sua sequência dó, ré, mí, fá, sol, lá, si, dó que guarda dentro de si as

relações matemáticas, associadas ao som correspondente a cada nota musical.

“As leis fundamentais das tríades e das oitavas penetram todas as coisas e devem ser estudadas simultaneamente no homem e no universo”,

ensina Gurdjieff.

Porém, devido ao fato de existir num nível de consciência subjetiva, o homem precisa primeiro iniciar o estudo dessas duas leis em si mesmo, para depois compreender suas manifestações universais:

“Mas o homem é, para si mesmo, um objeto de estudo e de ciência mais próximo e mais acessível que o mundo dos fenômenos que lhe são exteriores. Por conseguinte, esforçando-se por atingir o conhecimento do universo, o homem deverá começar por estudar em si mesmo as leis fundamentais do universo.”

Por outro lado, o conhecimento dos símbolos e das leis fundamentais que eles guardam não pode ser apenas “teórico”, já que, nesse nível, os símbolos ainda estão sujeitos a interpretações errôneas devido à nossa forte subjetividade e ao nosso ainda baixo nível de consciência. Daí que, para compreendê-los profundamente, deve-se atingir um nível no qual as

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considerações subjetivas que provocam discussões e contradições sejam superadas completamente, o que exige um profundo conhecimento de si mesmo, único modo de compreender as leis fundamentais do universo, ou seja: “(...) a verdadeira compreensão dos símbolos não pode prestar-se a discussões”.

Para quem pretende atingir esse nível de compreensão, Gurdjieff adverte:

“(...) se alguém imagina poder seguir o caminho do conhecimento de si, guiado por uma ciência exata de todos os detalhes, ou se espera ad-quirir tal ciência antes de se ter dado o trabalho de assimilar as diretrizes que recebeu, no que concerne a seu próprio trabalho, engana-se; deve compreender, antes de tudo, que nunca chegará à ciência (objetiva) antes de ter feito os esforços necessários e que somente seu trabalho sobre si mesmo permitirá atingir o que busca. Ninguém lhe poderá dar o que ele ainda não possui; nunca ninguém poderá fazer por ele o trabalho que ele deveria fazer por si mesmo. Tudo o que outro pode fazer por ele é estimulá-lo a trabalhar e, desse ponto de vista, o símbolo compreendido como deve ser, desempenha o papel de um estimulante em relação à nossa ciência (objetiva)”.

A advertência de Gurdjieff mostra-se claramente necessária, já que, nos nossos dias e apesar de todos os nossos avanços e conhecimentos “teóricos”, ainda não compreendemos a importância de “leis básicas” como a de “causa e efeito”, por exemplo, pois, se as compreendêsse-mos, primeiro em relação a nós mesmos e, em seguida, em relação à natureza da qual somos parte, concluiríamos, sem ter que discutir e sem “subjetividades” de nenhuma espécie, que uma série de erros sim-plesmente não poderia ser cometida sob nenhum aspecto, se as aplicás-semos “objetivamente”. Porém, a maioria não tem consciência de que muitos “efeitos” indesejáveis e negativos só existem porque não somos conscientes dos nossos atos, ou seja, não “compreendemos” o que essa lei de “causa e efeito” implica, ainda que sejamos capazes de “decorá-la” quando passamos pelo colégio. Também vemos que essa falta de

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“compreensão” acontece inclusive em relação a signos simples, que são meios de expressar certos dados menos profundos que os contidos nos símbolos, porém, não menos importantes na prática. Assim, por exemplo, um sujeito pode “aprender”, por meio do Regulamento do Trânsito, que um cartaz ou painel de fundo amarelo com a figura em cor preta de uma criança que carrega livros significa:

“atenção-diminua-a-velocidade-do-seu- carro-porque-você-está-passando-por-um-local-próximo-a-uma-escola-e-crianças-menos-responsáveis-que-você-que-é-adulto-estão-por-perto, etc., etc.” Porém, o fato de este sujeito “aprender” a “interpretar” esse “sinal

de trânsito”, internacionalmente aceito, não implica necessariamente que compreendeu a necessidade de obedecê-lo, e pode vir a atropelar uma ou várias crianças que, “acidentalmente”, estejam perto da dita escola no dia em que ele não respeite esse “signo”. O “estímulo” para a compreensão foi dado, porém não foi “vivenciado” pelo sujeito que o recebeu.

Voltemos ao assunto dos símbolos e das chamadas “leis fundamen-tais”. Gurdjieff afirma, em outra parte do Capítulo XIV da citada obra de Ouspensky, que: “a lei de oitava conecta todos os processos do

uni-verso e, para aquele que conhece as oitavas de transição e as leis de sua estrutura (ou seja, a Lei de Três e a Lei de Sete), surge a possibilidade de um conhecimento exato de cada coisa ou de cada fenômeno em sua natureza essencial, bem como de todas as suas relações com as outras coisas e com os outros fenômenos”.

Então nos revela que, “para unir, para integrar todos os

conhecimen-tos relativos à lei da estrutura da oitava, existe um símbolo que toma a forma de um círculo cuja circunferência se divide em nove partes iguais, mediante pontos ligados entre si, numa certa ordem, por nove linhas”.

Ou seja, o Eneagrama.

Os sábios que deram origem a este símbolo-síntese não pertenciam, ensina Gurdjieff, a nenhuma das linhas de conhecimento “tradicional” conhecidas na atualidade: nem hebraica, nem egípcia, nem iraniana, nem hindu, nem qualquer outra conhecida. A despeito de respeitáveis tradições desejarem ser os “pais da criança”, como se diz aqui no Brasil, este símbolo “não poderia ser encontrado em nenhum de seus livros”, e, embora se atribua o Eneagrama aos respeitáveis místicos sufis e suas

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tradições orais, por exemplo, Gurdjieff sustenta que este símbolo “não é objeto de uma tradição oral”.

Quando discute as origens do Eneagrama Gurdjieff ensina:

“O ensinamento, cuja teoria expomos aqui, é completamente autôno-mo, independente de todos os outros caminhos e, até hoje [ou seja, até a data em que Gurdjieff o revelou aos seus discípulos], tinha permanecido inteiramente desconhecido. Como outros ensinamentos, utiliza o método simbólico e um de seus símbolos principais é a figura que mencionamos, isto é, o círculo dividido em nove partes.”

Observe que Gurdjieff está se referindo a um sistema de conhecimento a que ele teve acesso e no qual o Eneagrama é um, somente um, dos símbolos principais, o que significa que nesse sistema existem, ou exis-tiam, mais símbolos, alguns dos quais Gurdjieff revelou indiretamente por meio das suas exatas “Danças Conscientes”, que você pode apreciar no filme baseado em sua obra autobiográfica “Encontros com homens notáveis” dirigido por Peter Brook .

A descrição que Gurdjieff faz do Eneagrama nesse mesmo capítulo é a seguinte:

“Este símbolo toma a seguinte forma:

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O Círculo está dividido em nove partes iguais. A figura construída sobre seis desses pontos tem por eixo de simetria o diâmetro que desce do ponto superior. Esse ponto é o vértice de um triângulo equilátero construído sobre aqueles pontos, dentre os nove, que estão situados fora da primeira figura.”

Ampliando suas explicações matemáticas sobre este símbolo, Gurd-jieff diz:

“As leis da unidade refletem-se em todos os fenômenos. O sistema decimal foi construído sobre as mesmas leis. Se tomarmos uma unidade como uma nota que contém em si mesma uma oitava inteira, devemos dividir essa unidade em sete partes desiguais correspondentes às sete notas dessa oitava. Mas, na representação gráfica, a desigualdade de partes não é levada em consideração e, para a construção do diagra-ma, toma-se primeiro um sétimo, depois dois sétimos, depois três, quatro, cinco, seis e sete sétimos. Se calcularmos as partes decimais, obteremos: 1/7 = 0, 142857... 2/7 = 0, 285714... 3/7 = 0, 428571... 4/7 = 0, 571428... 5/7 = 0, 714285... 6/7 = 0, 857142... 7/7 = 0, 999999... = 1

Você pode observar que, com exceção da última dízima periódica, em todas as restantes “encontram-se presentes os mesmos seis algarismos, que trocam de lugar segundo uma sequência definida; de tal modo que, quando se conhece o primeiro algarismo do período, torna-se possível reconstruir o período inteiro”. Você também observou que nesses perío-dos “os números 3, 6 e 9 não estão incluíperío-dos (...) [porque eles] formam o triângulo separado – a trindade livre do símbolo”.

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Se você leitor prestou atenção à sequência definida segundo a qual os algarismos trocam seus lugares, está em condições de compreender o “movimento” que este símbolo representa, e que se conhece como “mo-vimento eneagramático externo” e se expressa por “setas” que indicam a direção desse “movimento” contínuo: 1 g 4 g 2 g 8 g 5 g 7 g 1 , e assim por diante:

1 2 4 5 7 8 Figura 2

Aqui o triângulo equilátero é considerado como uma “unidade” e os 6 “pontos” (1, 4, 2, 8, 5 e 7) lembram a “Lei de Sete” ou “Lei de Oitava” (6 + 1 = 7).

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Os números 3, 6 e 9 ficam nos vértices do triângulo e seu “movi-mento”, conhecido como “interno”, é: 9 - 6 - 3 - 9 - 6 - 3, etc. e são indicados com as “setas” correspondentes:

Figura 3

Estas indicações preliminares serão importantes quando considerar-mos os Tipos Eneagramáticos e seus movimentos psicológicos contra e/ ou a favor da seta de acordo com seu “Traço ou Defeito Principal”.

Ouspensky deixou registrado também que “Gurdjieff voltou ao Eneagrama em múltiplas ocasiões”.

Numa dessas ocasiões revelou que: “(...) é necessário compreender

que o Eneagrama é um símbolo universal. Qualquer ciência tem seu lugar no Eneagrama e pode ser interpretada graças a ele. E, sob este aspecto, é possível dizer que um homem só conhece realmente, isto é, só compreende aquilo que é capaz de situar no Eneagrama. O que não é capaz de situar no Eneagrama, não compreende. (....) Se um homem isolado no deserto traçasse o Eneagrama na areia, nele poderia ler as leis eternas do universo. E cada vez aprenderia alguma coisa nova, alguma coisa que ignorava até então.”

E mais: “(...) O Eneagrama é o movimento perpétuo, é esse perpetuum

mobile que os homens buscaram desde a mais remota antiguidade, sem-pre em vão. E não é difícil comsem-preender por que não podiam

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encontrá-lo. Buscavam fora de si o que estava dentro deles (...) A compreensão desse símbolo e a capacidade de utilizá-lo dão ao homem um poder muito grande (...).”

Gurdjieff também diz: “(...) A ciência do Eneagrama foi mantida

se-creta durante muito tempo e, se agora, de certo modo, está sendo tornada acessível a todos, é apenas sob uma forma incompleta e teórica, pratica-mente inutilizável para quem não tenha sido instruído nessa ciência por um homem que a possua. Para ser compreendido, o Eneagrama deve ser pensado como em movimento, como se movendo. Um Eneagrama fixo é um símbolo morto; o símbolo vivo está em movimento.”

Um dos “movimentos” do Eneagrama tem relação com os aspectos dinâmico-psicológicos que diferenciam os seres humanos uns dos outros como já foi mostrado. É sobre esse “movimento” que tratamos neste livro à luz dos ensinamentos de Gurdjieff.

A aplicação psicológica do Eneagrama nos ensinamentos de Gurdjieff

OS TRÊS CENTROS BÁSICOS: Como profundo conhecedor do Eneagrama, G. I. Gurdjieff baseou todo o seu método de desenvolvimento humano na aplicação deste símbolo milenar e nas leis das quais ele é a síntese: a “Lei de Sete” e a “Lei de Três”.

Baseado na “Lei de Três” presente no Eneagrama, ele dividia o ser humano, para facilitar o estudo e a compreensão de si mesmo, em três níveis ou “centros” básicos: Centro Intelectual, Centro Emocional e Cen-tro Motor. Como lembra Ouspensky, “tentava inicialmente ensinar-nos a distinguir essas funções, a encontrar exemplos e assim por diante”.

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No Eneagrama esses “centros” têm a seguinte localização: Figura 4 Centro Motor ou Centro do Movimento 11 22 44 55 77 88 3 6 9

Você pode observar como, para cada Centro, existe uma manifestação eneagramática “tripla” e um correspondente vértice do triângulo central. Os números associados ao Centro Motor são: 8, 9 e 1; os associados ao Centro Emocional são 2, 3 e 4; e, finalmente, os associados ao Centro Intelectual são 5, 6 e 7.

A localização dos Centros como se vê no gráfico não é aleatória. Obe-dece a uma ordem exata, revelada por Gurdjieff a seus alunos e que foi preservada por Ouspensky no Capítulo IX da obra citada. Não tratarei deste tema aqui por sua complexidade e porque só costumo falar sobre ele com quem já tem um certo tempo de prática com o Eneagrama.

Centro Emocional Centro

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Figura 5 Centro do Movimento Pé direito Pé esquerdo Mão direita Mão esquerda HCD (Centro Emocional) HCI (Centro Intelectual)

Relação dos Três Centros com nossa Bilateralidade Cerebral e os Três Cérebros

Antes de continuar, vou apresentar aqui uma nova visão do Eneagrama, que chamo de “O Eneagrama Invertido”. Ao contrário do que geralmente se divulga, descobri que no Eneagrama devemos observar o ser humano ao contrário (Figura 5): ou seja, no Centro Físico ou do Movimento (Pontos 8,9,1), localizamos o sistema diges-tivo, o reprodutor e pernas; no Centro Intelectual o lado esquerdo do corpo até o umbigo, abarcando os órgãos desse lado do corpo e o braço e mão esquerda (Pontos 6 e 7); e no Centro Emocional o lado direito do corpo até o umbigo, os órgãos desse lado do corpo e braço e mão direita (2,3). Por último, nos Pontos 4 e 5 devemos imaginar a cabeça, o cérebro, suas partes e hemisférios cerebrais: no Ponto 5 o Hemisfério Cerebral Esquerdo (HCI) e no Ponto 4 o Hemisfério Cerebral Direito (HCD).

Referências

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