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Análise sob a luz do direito da problemática jurídica da redução da maioridade penal:

Em se aprovando as mudanças é preciso verificar quais são os prejuízos que esta mudança pode vir a causar, principalmente na segurança jurídica que nossa Constituição federal nos da. Segundo Miguel Reale Júnior, um dos autores do Código Penal Brasileiro, a mera alteração jurídica que se propõe como solução à criminalidade juvenil, não reduzirá a criminalidade, mas sim ocorrerá o sacrifício do menor, sua efetiva degenerescência no meio policial. Ainda segundo ele a redução seria uma resposta simplória da sociedade através de seus representantes políticos, ao problema da criminalidade cometida pelos menores, pois os menores são submetidos a medidas socioeducativas onde ficam internados em locais aos quais a sociedade sabe que possuem condições degradantes e mesmo assim não se regeneram apenas com ameaças abstratas. Também na opinião de Reale, deve-se visualizar com mais abrangência as política de segurança pública e com relação aos

menores deve ser desta forma também, adotando medidas medidas socioculturais, pois há estudos que comprovam que em sociedades, lares violentos e que cujo seus jovens e crianças sofrem algum tipo de violência, isto serve de espelho para que o menor também pratique aquilo que o Estado não coibiu os seus cidadãos de fazer contra uma faixa-etária social em estado de vulnerabilidade e hipossuficiência relativa.

Conforme já destacado anteriormente o artigo 228 da nossa Constituição Federal, traz que são penalmente ininputaves os menores de 18 anos, visando assim, dar mais segurança jurídica ao sistema penal Brasileiro, optou-se pela presunção absoluta, através da inimputabilidade pelo sistema biológico para fixar a irresponsabilidade penal.

Sobre o artigo 288 da Constituição ser interpretado como clausula pétrea há quem lista uma das justificativas para que as cláusulas pétreas não sejam somente as citadas no artigo 60 do texto constitucional é que no julgamento da Adin 939- 7/DF, constata-se que o Supremo Tribunal Federal reconheceu o art. 150, inciso III, letra “b”, da Constituição da República, como autêntico direito e garantia fundamental do cidadão contribuinte. Neste contexto, o órgão guardião da Lei Maior consagrou o Princípio da Abertura Material do catálogo dos direitos fundamentais, que a doutrina já reconhecia. Assim, a abertura da cláusula material, esculpida no art. 5º, parágrafo 2º da Constituição, apontar-nos outros direitos e garantias fundamentais esparsos na Carta Política, dentre os quais a imputabilidade penal para os menores de dezoito anos, firmado no art. 228.

Além da discussão sobre a constitucionalidade há ainda barreiras tais com os tratados internacionais, pois segundo Michael Mohallem, em uma publicação no site da Gazeta do Povo, ele manifesta preocupação sobre a sociedade estar somente discutindo a constitucionalidade da PEC da Redução, pois o STF em 2008, durante julgamento de vários casos já estabeleceu que os tratados internacionais assumem status de norma constitucional e deveria ser analisado um possível atentado às convenções internacionais cujo Brasil seja signatário.

Vê-se também que no STF através de manifestações de seus ministros não há unanimidade, como exemplo tem-se o ministro Marco Aurélio de Mello que se pronunciou dizendo que a maioridade penal não é cláusula pétrea e que pode ser

alterada, porém ressaltou que não seria a melhor alternativa para a redução da criminalidade.

Por outro lado, o professor Michael, explica que hoje o jovem com até 18 anos tem uma garantia individual de ser tratado diferentemente por estar em uma condição peculiar de desenvolvimento e qualquer mudança na lei penal vai afetar este direito.

Segundo o jurista Rui Celso Reali Fragoso, especialista em direito constitucional, ele é a favor de ajustes no ECA para que as medidas de internação sejam aumentadas no caso de crimes violentos para que assim o estatuto não passe uma sensação de impunidade e injustiça à população. O jurista é a favor da redução pois acredita que é uma contradição a Constituição prever que aos 16 anos a pessoa pode votar e não pode ser responsabilizada pelos seus atos. Porém ele faz ressalvas quanto a eficiência de uma possível redução e diz que:

“Prender não significa diminuir a criminalidade. O que vai diminuir a criminalidade é o investimento em políticas educacionais e políticas de saúde”.

Outro jurista Guilherme Nunci, é enfaticamente contra a redução, sua opinião é de que “Não se cuida de punir quem já tem capacidade de entender o ilícito; para alguns, trata-se de uma política de vingança social: quem fez o mal deve pagar à altura”. Segundo ele é inoportuno fazer a mudança já que não há estudos que apontem que a redução traria benefícios e resolveria o problema, sua posição contraria à redução é relativa ao ponto de vista da eficácia da medida e não sobre o aspecto da sua inconstitucionalidade que segundo ele é uma norma como outras previstas na constituição e como tal sujeita a mudanças, porém elenca que o Estado é o primeiro descumpridor das regras e normas e não garante a eficácia na recuperação do indivíduo pois o sistema prisional esta superlotado e sem gestão eficiente, portanto, não seria eficiente colocar mais indivíduos em um sistema que não prova estatisticamente sua eficácia.

Pesquisas realizadas pelo Data Folha e publicado no site G1, mostra que 84% das pessoas que foram consultadas disseram ser favoráveis a redução da maioridade penal, 14% são contrário e 2% eram indiferentes ou não quiseram opinar, ainda segundo a pesquisa há opiniões de que apenas alguns tipos penais deveriam ser enquadrados pela redução, ou seja, os tipos penais que causam maior comoção social e que trazem prejuízos mais graves a sociedade. Porém a maioria, 67% opinaram que a medida deveria ser aplicada a todos os tipos penais que hoje são aplicados aos maiores de 18 anos.

Segundo alguns estudiosos do assunto, entre eles Mario Volpi (2001), há um não-equacionamento de forma firme sobre a quantidade de crimes cometidos por menores em relação a quantidade de crimes cometida por adultos. Segundo estudiosos há uma divulgação exagerada sobre crimes cometidos por menores o que faz com que a população forme opinião de que será uma solução eficiente a aprovação da redução da maioridade penal.

REFERÊNCIAS

Borges, Mariza monteiro. et al. Por que somos contrários à redução da maioridade penal. 1ª ed. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2015.

Kaufman, Artur. Maioridade Penal, Rev. Psiq. Clín. 31 (2);105-106, 2004; Filho, Dalton Figueiredo; Silva, Lucas; Lins, Rodrigo. A redução da maioridade penal diminui a violência? Evidências de um estudo comparado. OPINIÃO PÚBLICA, Campinas, vol. 22, n° 1, abril, 2016

Sarmento, Joana. Diminuição da Idade Penal: Decepção Social Joana Sarmento. Disponível: http://amarr.org.br/site/diminuicao-da-idade-penal-decepcao- social-juiza-joana-sarmento/

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do

Brasil. 45ª ed. Brasília: Edições Camara, 2015.

BRASIL. Código de Processo Penal (1940). Código Processo Penal. Diário

Oficial da União. Rio de Janeiro, 03 out. 1941. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm>. Acesso em 06 DE MAIO. 2019.

BRASIL. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências.Diário Oficial da União. Brasília,

13 jul. 1990. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em 06 maio 2019.

CAPEZ, Fernando. A Questão da Diminuição da Maioridade Penal.

Disponível em

:http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artig o_id=3714 . Acesso em 29 abr. 2019.

XV ERIC – (ISSN 2526-4230)