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Ao longo do presente artigo, buscou-se demonstrar a desproporcionalidade das penas contidas no artigo 273 do Código Penal e seus parágrafos, em comparação com outros crimes mais graves previstos no mesmo diploma legal e na legislação esparsa. Para tal, na primeira parte do artigo foi trazido um breve escorço

histórico do princípio da proporcionalidade, analisando sua origem, conceito, aplicação na seara penal, bem como seus elementos.

Posteriormente, a pesquisa debruçou-se sobre o conceito de pena, sendo o Estado o detentor do jus puniendi, bem como sobre a função social e as teorias da pena. Com isso, foi possível identificar que é necessário os tipos penais cumpram efetivamente ao fim a que se destinam, qual seja, prevenção, punição e ressocialização do infrator da norma penal, daí a necessidade de penas proporcionais às condutas praticadas, em prol do Estado Democrático de Direito e da dignidade humana.

Por fim, analisou-se especificamente as condutas dolosas tipificadas no artigo 273 do Código Penal e seus parágrafos (falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B). Comparou-se as penas dos crimes em estudo com outros tipos penais igualmente ou até mais graves, inclusive, outros crimes hediondos. É o caso do crime de estupro (art. 213 do Código Penal) que possui pena inferior àquela contida no caput do artigo 273 do mesmo codex (seis a dez anos), mesmo com o agente possuindo dolo específico de atingir a integridade física e psíquica de outrem, e tantos outros exemplos, que para configurar o crime se exige a prática de violência, tais como: extorsão mediante sequestro, favorecimento à prostituição ainda que de vulnerável ou criança, homicídio simples e outros.

Nesse contexto, a essência do princípio da proporcionalidade da pena, está na busca do equilíbrio entre o delito praticado e a pena imposta, em prol da dignidade humana e do Estado Democrático de Direito.

Diante de todo o contexto levantado, analisando inclusive casos práticos em julgamento nos Tribunais Superiores, pode se afirmar que o tipo penal previsto no artigo 273 do Código Penal é inconstitucional, conforme entendimento atual do

Superior Tribunal de Justiça, bem como da doutrina majoritária, razão pela qual deve haver a revisão da pena do tipo penal em estudo, com o fito de readequá-lo ao ordenamento jurídico brasileiro. O artigo não defende a descriminalização das condutas do tipo legal, ao contrário. Todavia, se faz necessário a aplicação de uma pena justa, amoldada à conduta, readequando a parte secundária do tipo penal, com a finalidade de atender a função social dentro da teoria mista adotada pelo Código Penal, qual seja, retributiva, preventiva e ressocializadora.

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